Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO A síndrome do desconforto respiratório do adulto (SDRA) pode ser chamada de Síndrome da angústia respiratória do adulto (SARA). É definida como uma resposta grave de insuficiência respiratória a diversas formas de agressão aos pulmões. É uma patologia que conduz a um aumento da permeabilidade dos capilares pulmonares e consequentemente edema pulmonar, o qual independe da patologia cardíaca. É um tipo de insuficiência respiratória aguda, de natureza inflamatória, de barreira constituída pelo epitélio alveolar e endotélio que determina a forção de um edema alveolar rico em proteínas. É caracterizada por uma inflamação do parênquima pulmonar, porém segundo consenso Euro-Americano, SARA é classificada por: o Início agudo. o Infiltrados pulmonares bilaterais à radiografia torácica, de origem não cardiogênico. o Fração PaO²/FiO² ≤300mmhg. o PEEP ≥5cm/H²O². Condições clínicas associadas à SDRA: o Causas pulmonares: Pneumonia. Aspiração. Contusão pulmonar. Embolia gordurosa. Embolia amniótica. Toxicidade pelo oxigênio. Síndromes pulmão-rim. Quase afogamento. Inalação tóxica. Lesão de reperfusão. o Causas extrapulmonares: Sepse. Choque circulatório. Politrauma. Múltiplas transfusões. Pancreatite aguda. Circulação extracorpórea. Uso abusivo de drogas. CIVD (coagulação intravascular disseminada). Queimaduras. Traumatismo craniano. Eclampsia. Mediadores inflamatórios da SDRA: o IL-1. o IL-6. o IL-8. o TNF-α. o Fator de ativação plaquetária. o Leucotrienos. o Proteases. o Interferon-β. o Espécies reativas do oxigênio. o Peróxido de hidrogênio. o Superóxido. o Hidroxila. o Moléculas de adesão. o Produtos de coagulação. o Fatores estimuladores de colônias. Estágios da SDRA: o Fase exsudativa (até 4 dias): Edema alveolar e intersticial. Congestão dos capilares. Destruição dos pneumócitos tipo 1. Desnudamento da membrana basal. Formação de membranas hialinas. o Fase proliferativa precoce (3 a 10 dias): Aumento dos pneumócitos tipo 2. ATLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Infiltração celular nos septos alveolares. Organização das membranas hialinas. o Fase proliferativa tardia (7 a 10 dias): Espessamento do septo alveolar. Infiltração do septo alveolar por fibroblastos, plasmócitos e histócitos. Fibrose das membranas hialinas e dos septos alveolares. Perda da arquitetura pulmonar. Classificação de SARA: o PaO²/FiO² > 200 ≤ 300: SARA leve. o PaO²/FiO² >100 ≤ 200: SARA moderada. o PaO²/FiO² ≤ 100: SARA grave. Radiografia paciente com SARA: o Opacidades bilaterais e ausência de derrama pleural ou sinais de atelectasias. O ar alveolar é separado do sangue capilar por: o Uma camada de líquido que recobre o alvéolo e que contém surfactante. o O epitélio alveolar. o Uma lâmina basal epitelial. o Um estreito espaço intersticial entre o epitélio alveolar e a membrana capilar. o A lâmina basal do capilar. o A membrana endotelial do capilar. FISIOPATOLOGIA Lesão da membrana alvéolo-capilar → Extravasamento de líquido com alto teor de proteínas para espaços intersticiais e alvéolos → Estreitamento das pequenas vias aéreas e complacência pulmonar reduzida → Diminuição na capacidade residual funcional e hipoxemia grave e aumento do trabalho respiratório → Infiltrado inflamatório, sangue, líquido → SDRA. Complicações: o Hipoxemia refratária: A administração de oxigênio 100% leva a pouca ou nenhuma mudança da PaO² devido ao shunt intrapulmonar significativo. o Elevação da pressão de pico e redução da complacência. o Pulmão rígido: Dificuldade na movimentação do ar para dentro e para fora dos pulmões. o Hipertensão pulmonar. Metas da VMI na SDRA: o A meta é adaptar os volumes de ar corrente com base na mecânica pulmonar do paciente, em vez de normalizar a gasometria arterial. o Prevenção de novas lesões ao pulmão. o Manutenção da oxigenação pulmonar. o Otimização da distribuição de oxigênio aos tecidos. Altos volumes correntes, associados a altas pressões de platô (representando a pressão alveolar), devem ser evitados em pacientes com SDRA. Volume baixo (≤6 ml/kg de peso corporal O que costuma evitar a entrada de fluido no pulmão? o Pressão hidrostática. o Pressão osmótica coloidal. o Integridade da membrana capilar. Na SARA, a membrana capilar está rompida, resultando em movimentação de fluidos e substâncias com alto peso molecular dentro dos capilares para o interstício e para o espaço alveolar. De que forma a membrana rompida na SARA afeta as trocas gasosas? o Acúmulo de fluido e proteínas no pulmão. o Lesão às células responsáveis pelas trocas gasosas e inativação do surfactante. o Intensifica o colapso nos alvéolos. o ↓Volume pulmonar. o ↓Complacência intrapulmonar. o Shunts V/Q (shunt em áreas perfundidas e não ventiladas). ATLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA predito) e manutenção da pressão de platô ≤30 cmH²0 são recomendados). Cautela no recrutamento: o Suspeitar ou diagnóstico de HIC. o Instabilidade hemodinâmica ou hipovolemia. o Insuficiência coronária aguda. o Arritmias graves. o Fístulas ou bolhas pulmonares. o Suspeita de pneumotórax não drenado. o Hipertensão portal ou HDA recente. Outras estratégias em casos refratários: o Utilização da posição prona. Considerando que as unidades alveolares colapsadas ocorrem principalmente nas porções pendentes dos pulmões. A perfusão ocorre também de forma gravitacional, embora haja evidência de que o número de unidades alveolares seja heterogêneo. Como as áreas não ventiladas (colapsadas) recebem mais perfusão há um efeito shunt (ocorre perfusão, mas não ventilação, não havendo troca gasosa). o Uso de óxido nítrico inalatório. O óxido nítrico é um vasodilatador endógeno. Quando utilizado por via inalatória até 20 ppm, proporciona redução da resistência vascular pulmonar. Até 60 % dos pacientes respondem ao óxido nítrico utilizado por, no mínimo, 24h, porém de forma transitória (48h). o Oxigenação por membrana extracorpórea (EMCO). O objetivo é melhorar a oxigenação dos pacientes e remover o CO². ECMO na tentativa de manter a oferta de oxigênio sistêmico e permitir a redução das pressões nas vias aéreas e da fração inspirada de oxigênio. Essa técnica de suporte extracorpóreo possibilita a proteção pulmonar por meio da ventilação com pressão positiva em baixa frequência associada à remoção extracorpórea de CO². o Surfactante. É um complexo lipoproteico produzido pelos pneumócitos tipo II que diminui a tensão superficial dos alvéolos e, assim, aumenta a complacência pulmonar. Em casos de SDRA/LPA, há redução quantitativa e qualitativa do surfactante endógeno. o Corticoides. A SDRA é caracteristicamente uma doença inflamatória, justificando, do ponto de vista fisiopatogênico, o uso de corticoides. Os resultados contraditórios em alguns estudos são provavelmente relacionados às doses e ao tempo de início e término da corticoterapia. Foram observadas redução da taxa de mortalidade, do período de uso de VM, do tempo de internação em CTI. o Ventilação de alta frequência. O uso desse tipo de ventilação objetiva melhorar a oxigenação. É realizada por meio de equipamentos específicos, com frequência respiratória podendo atingir 150 ventilações por minuto. A aplicação da ventilação de alta frequência pode permitir a mesma troca gasosa (oxigenação), promovendo menos lesão à microestrutura pulmonar.
Compartilhar