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Apostila Vestcon de Administrativo (J Wilson Granjeiro)

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J. WILSON GRANJEIRO 
CURSO 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Apresentação 
 
A partir da experiência como professor em cursos preparatórios, constatei que 
não havia no mercado uma obra completa de Direito Administrativo tão objetiva e de 
fácil assimilação. Preocupado com isso, juntei apontamentos de aulas e exercícios de 
provas que resolvia e comentava em sala para idealização deste trabalho. 
O rico material que coligi durante 20 anos dedicados ao magistério incentivou-
me a reuni-lo numa obra que propicie um perfeito aprendizado do Direito 
Administrativo brasileiro, e que agora foi adaptada para o curso online. 
 
Lembre-se: “O mais importante para o homem é crer em si mesmo. Sem esta 
confiança em seus recursos, em sua inteligência, em sua energia, ninguém alcança o 
triunfo a que aspira”. 
Sucesso! 
O autor 
 
INTRODUÇÃO 
 
GOVERNO, ESTADO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
CONCEITO DE ESTADO 
O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado: 
I – corporação territorial dotada de um poder de mando originário; 
II – comunidade de homens, fixada sobre um território com poder de 
mando, ação e coerção; 
III – pessoa jurídica territorial soberana; 
IV – pessoa jurídica de direito público interno; 
V – entidade política, ou seja, pode elaborar as suas próprias leis. 
GOVERNO 
É o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais. É o complexo de funções 
estatais básicas. É a condução política dos negócios públicos. Na verdade, o 
Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos supremos do Estado, ora se 
apresenta nas funçõesoriginárias desses Poderes e órgãos como manifestação da 
Soberania. A constante, porém, do Governo é a sua expressão política de 
comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da 
ordem jurídica vigente. O Governo atua mediante atos de Soberania ou, pelo 
menos, de autonomia política na condução dos negócios públicos. 
 
 
Elementos do Estado 
O Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo, 
Território e Governo soberano. Povo é o componente humano do Estado; 
Território, a sua base física; Governo soberano, o elemento condutor do Estado, 
que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização 
emanado do Povo. Não há nem pode haver Estado independente sem Soberania, 
isto é, sem esse poder absoluto, indivisível e incontrastável de organizar-se e de 
conduzir-se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir as suas 
decisões, inclusive, pela força, se necessário. A vontade estatal apresenta-se e se 
manifesta através dos denominados Poderes de Estado. 
Poderes de Estado 
Os Poderes de Estado, na clássica tripartição de Montesquieu, são o 
Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas 
funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). 
Esses Poderes são orgânicos e estruturais (diversamente dos poderes 
administrativos, que são incidentais e instrumentais da Administração), a cada 
um deles correspondendo uma função que lhe é atribuída com precipuidade. 
Assim, a função do Poder Legislativo é a elaboração, discussão e aprovação da 
lei; a função do Poder Executivo é a conversão da lei em ato individual e concreto 
(função administrativa); e a função do Poder Judiciário é a aplicação coativa da 
lei aos litigantes (função judicial). Os Poderes praticam atos administrativos, 
ainda que restritos à sua organização e ao seu funcionamento, e, em caráter 
excepcional, admitido pela Constituição, desempenham funções e praticam atos 
que, a rigor, seriam de outro Poder. O que há, portanto, não é a separação de 
Poderes com divisão absoluta de funções, mas, sim, a distribuição das três 
funções estatais precípuas entre órgãos independentes, mas harmônicos e 
coordenados no seu funcionamento, mesmo porque o poder estatal é uno e 
indivisível. 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
• Entidades componentes do Estado Federal 
A organização político-administrativa do Brasil compreende a União, os 
Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios. 
Estas entidades são autônomas, cabendo à União exercer a soberania do 
Estado brasileiro no contexto interno e à República Federativa do Brasil, pessoa 
jurídica de direito público externo, o exercício de soberania no plano internacional. 
• Competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios 
A União, pessoa jurídica de direito público interno, exerce os poderes que 
objetivam a garantia da soberania e defesa nacionais; a manutenção de relações com 
países estrangeiros, a participação em organismos internacionais e a promoção do 
desenvolvimento econômico-social do País, bem como a garantia da cidadania e dos 
direitos individuais dos cidadãos. 
 
Destacam-se, ainda, dentre outras atribuições de caráter administrativo 
da União, as seguintes: 
– declarar guerra e celebrar a paz; 
– assegurar a defesa nacional; 
– elaborar e executar planos nacionais e regionais de desenvolvimento econômico e 
social; 
– organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do 
Distrito Federal e dos Territórios, bem como as Polícias Civil e Militar e o Corpo de 
Bombeiros do Distrito Federal; 
– manter o serviço postal e o Correio Aéreo Nacional; 
– organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; 
– emitir moeda. 
Cabe à União, privativamente, legislar sobre matérias específicas das quais 
destacam-se as seguintes: 
– Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Eleitoral, Agrário e do Trabalho; 
– população indígena; 
 
– águas, energia (inclusive nuclear), informática, telecomunicações e radiodifusão; 
comércio exterior e interestadual; 
– nacionalidade, cidadania, naturalização e direitos referentes aos estrangeiros; 
– seguridade social; 
– diretrizes e bases da educação nacional; 
– normas gerais de licitação e contratação para a Administração Pública nas diversas 
esferas de governo e empresas sob seu controle; 
– serviço postal; 
– desapropriação. 
 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuem 
competências comuns, que são exercidas de modo a que cada unidade restrinja-se 
a um determinado espaço de atuação. 
Dentre estas competências destacam-se as seguintes: 
– conservação do patrimônio público; 
– saúde e assistência públicas; 
 
– proteção dos bens de valor histórico, das paisagens naturais notáveis e dos sítios 
arqueológicos; 
– acesso à educação, à cultura e à ciência; 
– proteção ao meio ambiente e controle da poluição; 
– combate às causas da pobreza e da marginalização, promovendo a integração dos 
setores desfavorecidos. O art. 24 da Constituição Federal possibilita à União, aos 
Estados e ao Distrito Federal legislarem de forma concorrente em matérias 
específicas. 
 
Neste âmbito, a União limita-se a estabelecer normas gerais. Os Estados e o 
Distrito Federal exercem competências legislativas complementares, atendendo, cada 
um, às suas peculiaridades. 
Nos termos das competências concorrentes, os Estados e o Distrito Federal 
adaptam-se à legislação federal vigente. Cabe à União, aos Estados e ao Distrito 
Federal legislar, de forma concorrente, sobre: 
– Direito Tributário, Financeiro, Penitenciário, Econômico e Urbanístico; – orçamento; 
– produção e consumo; 
– florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, proteção do meio ambiente 
e controle da poluição; 
– proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico e paisagístico; 
– educação, cultura, ensino e desporto; 
– previdência social, proteção e defesa à saúde; 
– proteção à infância e à juventude.Aos Municípios, compete legislar sobre assuntos 
de interesse local e ainda suplementar a legislação federal e estadual, no que couber. 
 
Ao Distrito Federal, são atribuídas as mesmas competências reservadas aos 
Estados e Municípios. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
CONCEITOS 
Segundo Hely Lopes Meirelles: “Conjunto harmônico de princípios jurídicos que 
regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, 
direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”. 
José Cretella Júnior entende por Direito Administrativo “o ramo do Direito 
Público interno que regula a atividade e as relações jurídicas das pessoas públicas e a 
instituição de meios e órgãos relativos à ação dessas pessoas”. 
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o Direito Administrativo é “o ramo do Direi-
to Público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas 
que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que 
exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza 
política”. 
Diógenes Gasparini vê o Direito Administrativo como uma “sistematização de 
normas doutrinárias de direito, conjunto harmônico de princípios jurídicos” destinadas 
a ordenar a estrutura e o pessoal (órgãos e agentes) e os atos e atividades da 
Administração Pública, praticadas ou desempenhadas enquanto Poder Público. 
Para nós, Direito Administrativo é o complexo de posições jurídicas e princípios 
que disciplinam as relações da Administração Pública (órgãos e entidades) e seus 
agentes públicos na busca do bem comum. 
OBJETO 
Para Hely Lopes Meirelles, a caracterização e a delimitação do objeto do Direito 
Administrativo estão nas atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e 
imediatamente os fins desejados pelo Estado. 
José Cretella Júnior diz que o Direito Administrativo tem como objeto a 
administração, isto é, “os serviços públicos são o objeto do Direito Administrativo”. 
 
FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
Segundo o saudoso Hely Lopes Meirelles, o Direito Administrativo possui 
quatro fontes: a lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes, sendo a lei a 
principal, formal e primordial. 
 
I – A lei, em sentido amplo, é a fonte primária do Direito Administrativo, 
abrangendo esta expressão desde a Constituição até os regulamentos executivos. E 
compreende-se que assim seja, porque tais atos, impondo o seu poder normativo aos 
indivíduos e ao próprio Estado, estabelecem relações de administração de interesse 
direto e imediato do Direito Administrativo. 
II – A doutrina, formando o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Direito 
Positivo, é elemento construtivo da Ciência Jurídica à qual pertence a disciplina em 
causa. A doutrina é que distingue as regras que convêm ao Direito Público e ao 
Direito Privado, e mais particularmente a cada um dos sub-ramos do saber jurídico. 
Ela influi não só na elaboração da lei, como nas decisões contenciosas e não 
contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Administrativo. 
III – A jurisprudência, traduzindo a reiteração dos julgamentos num mesmo 
sentido, influencia poderosamente a construção do Direito, e especialmente a do 
Direito Administrativo, que se ressente de sistematização doutrinária e de codificação 
legal. A jurisprudência tem um caráter mais prático, mais objetivo que a doutrina e a 
lei, mas nem por isso se aparta de princípios teóricos que, por sua persistência nos 
julgados, acabam por penetrar e integrar a própria Ciência Jurídica. Outra 
característica da jurisprudência é o seu nacionalismo. Enquanto a doutrina tende a 
universalizar-se, a jurisprudência tende a nacionalizar-se, pela contínua adaptação da 
lei e dos princípios teóricos ao caso concreto. Sendo o Direito Administrativo menos 
geral que os demais ramos jurídicos, preocupa-se diretamente com a Administração 
de cada Estado, e por isso mesmo encontra, muitas vezes, mais afinidade com a 
jurisprudência pátria que com a doutrina estrangeira. A jurisprudência, entretanto, 
não obriga quer a Administração, quer o Judiciário, porque não vigora entre nós o 
princípio norte-americano do stare decises, segundo o qual a decisão judicial superior 
vincula as instâncias inferiores para os casos idênticos. 
IV – O costume, em razão da deficiência da legislação, a prática administrativa 
vem suprindo o texto escrito, e sedimentada na consciência dos administradores e 
administrados, a praxe burocrática passa a suprir a lei, ou atua como elemento 
reformativo da doutrina. 
Ao lado da lei, a principal fonte de qualquer direito, os autores enumeram 
outros: 
• a analogia, a eqüidade, os princípios gerais do Direito, os tratados internacio-
nais, a instrução e a circular. 
Sistema Administrativos 
 
Sistema Administrativos (ou mecanismos de controle) 
 
 São sistemas de controle exercidos sobre os atos administrativos (legais ou 
ilegítimos) editados pela Administração Pública. 
 
 
Sistema Francês ou X Sistema Inglês, Judicial Contencioso 
 ou Uno 
Administrativos 
ou Duo 
Há dualidade de Jurisdição: 
- a justiça comum (Juízos) 
- a justiça administrativa (tribunais 
administrativos) 
 
- Adotado no Brasil 
- Somente se faz coisa julgada na via judicial 
- Inafastabilidade da apreciação judicial 
- Princípio de segurança jurídica (nenhum ato ou 
ameaça de direito escapa da apreciação 
judicial). Todos os letígios serão resolvidos pela 
justiça comum, pelo poder judiciário 
Efeito vinculante = Decisão Judicial superior 
vincula as instâncias inferiores 
 
 
Regime Jurídico 
 Conjunto de regras, princípios e fundamentos que se identificam com o Direito 
Público ou com o Direito Privado (Determinado por Lei) 
 
 Regime Jurídico de Direito X Regime Jurídico 
 Privado Administrativo 
- Empresas Públicas 
- Sociedade de economia mista Art. 
173 C.F. 
- A Administração age, em regra, no 
mesmo nível do particular 
- Supremacia do interesse público, sobre o 
particular (privilégios e prerrogativas) 
- Indisponibilidade do interesse público 
(impenhorabilidade, inalie- 
nabilidade,imprescritibilidade) 
- Unilateralidade, imperatividade, auto-
executoriedade, presunção de legitimidade, etc. 
Ex.: Autarquias 
 
 
 
 
 
 
 
 
Administração Pública 
 
 Administração Pública em sentido formal, subjetivo ou orgânico 
 
 Compreende órgãos, agentes e entidades (pessoas jurídicas) tendentes à 
realização das atividades administrativas ... 
– Compõem e conceito de Administração Pública subjetivo os poderes 
legislativos e judiciários e seus agentes quando no exercício de atividade 
administrativa. 
 
Administração Pública em sentido material, objetivo ou funcional. 
 
Compreende ao exercício de atividade administrativa 
– Típica do poder Executivo 
– Atípica dos demais poderes 
Atividades: 
– Fomento 
– Polícia Administrativa 
– Serviços Públicos 
– Intervenção 
 
Codificação do Direito Administrativos 
– Não há 
– Codificado: Licitações e contratos (Lei 8.666/93) 
 Estatuto dos Servidores Públicos Civis (Lei 8.112/90) 
 
 
Interpretação do Direito Administrativo 
 
Pressupostos: 
1) a desigualdade jurídica entre a Administração e os 
administrados(prevalência do interesse público sobre o interesse particular) 
 
2) Presunção relativa de legitimidade dos atos administrativos 
 
3) Poderes discricionários para a Administração atender os interesses públicos 
- limite: a norma legal 
- finalidade: o bem comum 
 
Princípios Administrativos 
 
1 - Basilares ou primados 
 A supremacia do interesse público sobreo interesse privado 
 A indisponibilidade do interesse público pela administração. 
 
2 - Legalidade 
 Impessoalidade 
 Moralidade 
 Publicidade 
 Eficiência 
 
3 – Fundamentais 
 Planejamento 
 Coordenação 
 Descentralização 
 Delegação de competência 
 Controle 
 
 
TEORIA GERAL DO ATO ADMINISTRATIVO 
 
Conceitos 
 
Segundo Hely Lopes Meirelles: “Ato administrativo é toda manifestação unilateral 
de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim 
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, 
ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. 
 
J. Cretella Junior apresenta uma definição partindo do conceito de ato 
jurídico. Segundo ele, ato administrativo é “a manifestação de vontade do 
Estado, por seus representantes, no exercício regular de suas funções, ou por 
qualquer pessoa que detenha, nas mãos, fração de poder reconhecido pelo 
Estado, que tem por finalidade imediata criar, reconhecer, modificar, resguardar 
ou extinguir situações jurídicas subjetivas, em maté-ria administrativa”. 
Para Celso Antonio Bandeira de Mello é a “declaração do Estado (ou de 
quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um concessionário de serviço 
público) no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante 
providências jurídicas complementares da lei, a título de lhe dar cumprimento, e 
sujeitos a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”. 
Tal conceito abrange os atos gerais e abstratos, como os regulamentos e 
instruções, e atos convencionais, como os contratos administrativos. 
 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ato administrativo é “a declaração 
do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com 
observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo 
Poder Judiciário”. 
A distinção deste último conceito dos demais é que nele só se incluem os 
atos que produzem efeitos imediatos, excluindo do conceito o regulamento, que, 
quanto ao conteúdo, se aproxima mais da lei, afastando, também, os atos não 
produtores de efeitos jurídicos diretos, como os atos materiais e os enunciativos. 
Traços Característicos do Ato Administrativo: 
I – posição de supremacia da Administração; 
II – sua finalidade pública (bem comum); 
III – vontade unilateral da Administração. 
Fatos Administrativos 
É a realização material do ato administrativo, ou seja, é a conseqüência do 
ato administrativo. Não goza de presunção de legitimidade. Não podendo ser 
revogado, nem anulado. 
Exemplo: A Portaria criando uma nova rotina em um Órgão Público é um ato 
administrativo e a sua implementação é o fato administrativo. 
O fato administrativo pode ser definido também como aquele evento que 
ocorrendo no âmbito da Administração Pública traz conseqüência para o Direito 
Administrativo. 
Exemplo: A morte do servidor que implica vacância de cargo 
público. 
 
Requisitos (elementos ou pressupostos) de validade 
Na doutrina de Hely Lopes Meirelles, são cinco os requisitos necessários à 
validade dos atos administrativos, 3 vinculados (Competência, Finalidade e 
Forma) e 2 discricionários (Motivo e Objeto). 
Competência 
Nada mais é do que a delimitação das atribuições cometidas ao agente que 
pratica 
o ato. É intransferível, não se prorroga, podendo, entretanto, ser avocada ou 
delegada, 
se existir autorização legal. 
Em relação à competência, aplicam-se, pois, as seguintes regras: 
I – decorre sempre da lei; 
II – é irrenunciável, seja pela vontade da Administração, seja por acordo 
com terceiros; 
III – pode ser objeto de delegação de avocação, desde que não se trate de 
competência exclusiva conferida por lei. 
Agente competente é diferente de agente capaz, aquele pressupõe a 
existência deste – todavia, capacidade não quer dizer competência, já que este 
“não é para quem quer, mas, sim, para quem pode”. 
 
O ato praticado por agente incompetente é inválido por lhe faltar um 
elemento básico de sua perfeição, qual seja o poder jurídico para manifestar a 
vontade da Administração. 
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: 
I – a edição de atos de caráter normativo; 
II – a decisão de recursos administrativos; 
III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. 
(Lei nº 9.784/99) 
 
Finalidade 
É o resultado que a Administração pretende atingir com a prática do ato e 
efeito mediato, enquanto o objeto é imediato. 
Não se confunde com o motivo porque este antecede a prática do ato, 
enquanto a finalidade sucede a sua prática, já que é algo que a Administração 
quer alcançar com sua edição. 
Há duas concepções de finalidade: uma, em sentido amplo, que corresponde 
à consecução de um resultado de interesse público (bem comum) outra, em 
sentido estrito, é o resultado específico que cada ato deve produzir, conforme 
definido em lei. 
É o legislador que define a finalidade do ato, não existindo liberdade de 
opção para o administrador. 
Infringida a finalidade do ato ou a finalidade pública, o ato será ilegal, por 
desvio de poder (ex.: desapropriação para perseguir inimigo político). 
Forma 
No Direito Administrativo, o aspecto formal do ato tem muito mais 
relevância que no Direito Privado, já que a observância à forma e ao 
procedimento constitui garantia jurídica para o administrador e para a 
Administração. É pela forma que se torna possível o controle do ato 
administrativo. 
Apenas a título de esclarecimento, advirta-se que, na concepção restrita da 
forma, considera-se cada ato isoladamente e, na concepção ampla, considera-se 
o ato dentro de um procedimento (sucessão de atos administrativos da decisão 
final). 
A observância à forma não significa, entretanto, que a Administração esteja 
sujeita a formas rígidas e sacramentais. O que se exige é que a forma seja 
adotada como regra, para que tudo seja passível de verificação. Normalmente, as 
formas são mais rigorosas quando estão em jogo direito dos administrados (ex.: 
concursos públicos, licitações e processos disciplinares). 
Até mesmo o silêncio significa forma de manifestação de vontade, quando a 
lei o prevê. 
Forma é o elemento exteriorizador do ato administrativo, o modo pelo 
qual o mesmo se apresenta. 
 
 
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma 
determinada senão quando a lei expressamente a exigir. 
§ 1º Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, 
com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável. 
86 
§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será 
exigido quando 
houver dúvida de autenticidade. 
§ 3º A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita 
pelo órgão 
administrativo. 
§ 4º O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e 
rubricadas. 
(Lei nº 9.784/99) 
Motivo ou Causa 
É a situação fática ou jurídica cuja ocorrência autoriza ou determina a 
prática doato. Não deve ser confundido com motivação do ato que é a exposição 
dos motivos, istoé, a demonstração de que os pressupostos de fato realmente 
existiram. 
Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o administrador fica vinculado 
aosmotivos declinados para a prática do ato, sujeitando-se à demonstração de 
sua ocorrência, mesmo que não estivesse obrigado a explicitá-los. 
Quando o motivo não for exigido para a perfeição do ato, fica o agente com 
afaculdade discricionária de praticá-lo sem motivação, mas se o tiver, vincula-se 
aosmotivos expostos passando a valer o ato se todos os motivos alegados forem 
verdadeiros. 
 
Teoria dos Motivos Determinantes 
Tal teoria relaciona-se com o motivo do ato administrativo. 
Segundotal teoria, a validade do ato se vincula aos motivos indicados como 
seufundamento, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam sua 
nulidade. 
Por outras palavras, quando a Administração motiva o ato, mesmo que a lei 
nãoexija a motivação, ficará ela vinculada ao motivo declinado e o ato só será 
válido se osmotivos forem verdadeiros. 
Ex.: exoneração ad nutum sob alegação de falta de verba. Se, logo após a 
exoneração, nomear-se outro funcionário para o mesmo cargo, o ato será nulo 
por vício quanto ao motivo. 
Objeto ou Conteúdo 
É o efeito imediato que ato administrativo produz, enuncia, prescreve ou 
dispõe. 
Assim como o ato jurídico, requer objeto lícito, possível, certo e moral. 
Visa a criar, a modificar ou a comprovar situações jurídicas concernentes a 
pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público. Por ele a 
Administraçãomanifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente 
situações preexistentes. 
 
ATRIBUTOS (OU CARACTERÍSTICAS) 
Os atos administrativos, como manifestação do Poder Público, possuem 
atributosque os diferenciam dos atos privados e lhes conferem características 
peculiares. 
São atributos do ato administrativo: presunção de legitimidade, 
imperatividade eauto-executoriedade. 
Presunção de Legitimidade 
Esta característica do ato administrativo decorre do princípio da legalidade 
que informa toda atividade da Administração Pública. 
 
 
Além disso, as exigências de celeridade e segurança das atividades 
administrativas justificam a presunção da legitimidade, com vistas a dar à 
atuação da Administração todas as condições de tornar o ato operante e 
exeqüível, livre de contestações por parte das pessoas a eles sujeitas. 
A presunção de legitimidade autoriza a imediata execução ou operatividade 
do ato administrativo, cabendo ao interessado, que o impugnar, a prova de tal 
assertiva, não tendo ela, porém, o condão de suspender a eficácia que do ato 
deriva. 
Somente através do procedimento judicial ou na hipótese de revisão no 
âmbito da Administração, poderá o ato administrativo deixar de gerar seus 
efeitos. 
Aliás, os efeitos decorrentes do ato nascem com a sua formação, ao cabo de 
todo 
o iter estabelecido nas normas regulamentares, depois de cumpridas as 
formalidades intrínsecas e extrínsecas. 
Ao final do procedimento estabelecido em lei, o ato adquire a eficácia, 
podendo, no entanto, não ser ainda exeqüível, em virtude da existência de 
condição suspensiva, como a homologação, o visto, a aprovação. 
 
Somente após cumprida a condição, adquirirá o ato a exeqüibilidade, 
ornando-se operante e válido. A eficácia é, tão-somente, a aptidão para atuar, ao 
passo que a exeqüibilidade é a disponibilidade do ato para produzir 
imediatamente os seus efeitos finais. A perfeição do ato se subordina à 
coexistência da eficácia e exeqüibilidade, requisitos obrigatórios. 
 
Imperatividade 
A imperatividade é um atributo próprio dos atos administrativos normativos, 
ordinatórios, punitivos que impõe a coercibilidade para o seu cumprimento ou 
execução. 
O descumprimento do ato sujeita o particular à força impositiva própria do 
Poder Público, ou seja, à execução forçada pela Administração ou pelo Judiciário. 
A imperatividade independe de o seu destinatário reputar válido ou inválido 
o ato, posto que somente após obter o pronunciamento da Administração ou do 
Judiciário é que poderá furtar-se à obediência da determinação administrativa. 
Auto-Executoriedade 
Consiste na possibilidade de a própria Administração executar seus próprios 
atos, impondo aos particulares, de forma coativa, o fiel cumprimento das 
determinações neles consubstanciadas. 
Este atributo é mais específico, próprio, se exterioriza com maior freqüência 
nos atos decorrentes do poder de polícia, em que se determina a interdição de 
atividades, demolição de prédios, apreensão e destruição de produtos 
deteriorados. 
Tais atos, evidentemente, reclamam uma atuação eficaz e pronta da 
Administração, não podendo, por isso, a sua execução ficar à mercê da 
manifestação ou da autorização de outro poder ou de outros órgãos. 
 
A auto-executoriedade, no entanto, sofre limitações, eis que não se aplica às 
penalidades de natureza pecuniária, como as multas decorrentes de infrações a 
obrigações tributárias. 
Também a utilização deste atributo administrativo fica a depender de a 
decisão que se pretenda executar ter sido precedida de notificação, acompanhada 
do respectivo auto circunstanciado, através dos quais se comprove a legalidade 
de atuação do Poder Público. 
O administrado, porém, não poderá se opor à execução do ato, alegando 
violação de normas ou procedimentos indispensáveis à validade da atuação 
administrativa. Eventual irresignação deverá ser endereçada ao Poder Judiciário, 
através de procedimentos próprios e, obtida a liminar, ficará o ato com sua 
execução sobrestada até final julgamento da lide. 
 
Classificação atos administrativos 
Os atos administrativos são classificados, quanto aos seus destinatários, em 
atos gerais e individuais; quanto ao seu alcance, em atos internos e externos; 
quanto ao seu objeto, em atos de império e de gestão e de expediente; quanto 
ao seu regramento, em atos vinculados e discricionários. 
Quanto aos Destinatários 
• Atos Gerais 
São os que possuem caráter geral, abstratos, impessoais, com finalidade 
normativa alcançando a todos quantos se encontrem na situação de fato 
abrangida por seus preceitos. 
Tais atos se assemelham às leis, revogáveis a qualquer tempo, não 
ensejando a possibilidade de ser invalidados por mandado de segurança, através 
do Poder Judiciário, salvo se de suas normas houver ato de execução violador de 
direito líquido e certo. 
Os atos gerais se sobrepõem aos individuais, ainda que emanados da 
mesma autoridade. 
Os efeitos externos de tais atos só se materializam com a sua publicação no 
órgão de divulgação da pessoa jurídica que os editou, salvo nas prefeituras que 
não os possua, hipótese em que a publicidade será alcançada com a sua afixação 
em local acessível ao público. 
• Atos Individuais 
São os que se dirigem a destinatários certos e determinados, criando uma 
situação jurídica particular. 
Tais atos podem alcançar diversas pessoas, sendo que normalmente criam 
direitos subjetivos, circunstância que impede a administração de revogá-los, 
conforme resulta extreme de dúvida do verbete nº 473, da Súmula do STF. 
Entretanto, a Administração pode anular atos individuais quando verificada a 
ocorrência de ilegalidade na sua formação, uma vez que o ato nulo não gera 
direitos. 
Quando de efeitos externos, tais atos entram em vigor a partir de sua 
publicação, podendo a publicidade limitar-se ao âmbito da Administração, quando 
se tratar de atos de efeitos internos ou restrito a seus destinatários. 
Exemplos de atos individuais: decreto de desapropriação, decreto de 
nomeação. 
 
Quanto ao Alcance 
• Atos Internos 
O ato administrativo interno é aquele cuja eficácia se limita e se restringe ao 
recesso das repartições administrativas e, por isso mesmo, incide, normalmente, 
sobre órgãos e agentes da Administração. 
O ato interno pode ser geral ou especial, normativo, ordinatório, punitivo e 
de outras espécies, conforme as exigências do serviço público. 
Sua publicidade fica restrita à repartição, prescindindo, desta forma, de 
publicação em órgão oficial, bastando a cientificação direta dos interessados. 
Normalmente, não geram direitos subjetivos, por isso que, via de regra, são 
insuscetíveis de correição através de mandado de segurança. 
• Atos Externos 
São todos aqueles que atingem administrados, contratantes, e, em casos 
especiais, os próprios servidores públicos. 
A característica de tais atos é que a publicidadese constitui em elementos 
essenciais e indispensáveis à sua validade, por isso que só produzem efeitos após 
a publicação no órgão oficial. 
Quanto ao Objeto 
• Atos de Império 
São aqueles em que a Administração se vale de sua supremacia para impor 
aos administrados e aos destinatários, em geral, o seu cumprimento obrigatório. 
Tais atos podem ser gerais ou especiais, internos ou externos, mas sempre 
unilaterais, expressando a vontade onipotente do Estado e o seu poder de 
coerção. 
Exemplos de atos de império: a desapropriação e a interdição de atividades. 
• Atos de Gestão 
São os que a Administração pratica sem se valer da supremacia do Poder 
Público. 
Tais atos, em regra, são de natureza privada, em que as partes – 
administração e administrados – se posicionam em um mesmo patamar, de 
forma que inexiste superioridade entre eles. 
Exemplo: contrato de locação; aquisição de imóvel. 
Eventual procedimento administrativo que anteceda a prática do ato não lhe 
retira esta característica, posto que na sua executoriedade a Administração 
exterioriza sua vontade obedecendo aos ditames do Direito Privado. 
• Atos de Expediente 
São os atos que se destinam a impulsionar os processos administrativos, 
com vistas à decisão da autoridade superior, da qual emana a vontade da 
Administração. 
A prática de tais atos está deferida a servidores subalternos, sem poder 
decisório, os quais apenas fazem tramitar os papéis no âmbito da repartição, sem 
serem vinculantes ou possuírem forma especial. 
 
 
Classificação atos administrativos 
 
Quanto ao Regramento 
• Atos Discricionários e Vinculados (Discricionariedade e 
Vinculação) 
No desempenho de suas funções, a Administração dispõe de certos poderes 
que lhe asseguram a supremacia sobre o particular, para que possa perseguir 
seus fins. 
O principal postulado de toda atividade administrativa, como veremos mais 
adiante, é o princípio da legalidade, que limita os poderes do Estado, de forma a 
impedir os abusos e arbitrariedades. São os chamados poderes regrados ou 
vinculados. 
• Atos Vinculados ou Regrados 
São aqueles nos quais a Administração age nos estritos limites da lei, 
simples-mente porque a lei não deixou opções. Ela estabeleceu os requisitos da 
prática do ato, sem dar ao administrador a liberdade de optar por outra forma de 
agir. Por isto é que se diz que, diante do poder vinculado, surge para o 
administrador um direito subjetivo de exigir da autoridade a edição do ato. 
Em outros casos, bastante freqüentes, o regramento não atinge (nem pode 
atingir) todas as situações que a atuação administrativa pretende. Nestes casos, 
a lei deixa certa margem de liberdade de decisão diante do caso concreto, 
podendo o administrado optarpor várias soluções possíveis, perfeitamente válidas 
e lícitas. É o chamado poder discricionário. 
Atos discricionários são aqueles em que o poder de atuação administrativa, 
conferido pela lei, permite ao administrador optar por uma ou outra solução, 
segundo critérios de oportunidade, conveniência, justiça e eqüidade. Mesmo 
nestes casos, a atuação do administrador não é livre, porque ele se vincula, 
obrigatoriamente, à competência, finalidade e forma (elementos vinculados). 
Daí porque discricionariedade não deve ser confundida com arbitrariedade 
(esta ultrapassa os limites da lei). 
Sob o ponto de vista prático, a discricionariedade justifica-se, quer para 
evitar o automatismo, quer para suprir a impossibilidade de o legislador prever 
todas as situações possíveis que o administrador terá de enfrentar. A dinâmica do 
interesse público exige a maleabilidade de atuação. 
A discricionariedade é previamente legitimada pelo legislador. 
Segundo a professora Di Pietro, normalmente, a discricionariedade existe: 
a) quando a lei expressamente a confere à Administração, como ocorre no 
caso de remoção ex officio do servidor; 
b) quando a lei é omissa, já que não pode prever todas as situações 
supervenientes à promulgação, autorizando a autoridade agir com certa 
liberdade; 
c) quando a lei prevê determinada competência, mas não estabelece a 
conduta a ser anotada (ex.: poder de polícia). 
Se a lei nada estabelece a respeito, a Administração escolhe o momento que 
lhe pareça mais adequado para atingir a consecução de determinado fim. 
Em relação aos elementos do ato administrativo, advirta-se: 
– o sujeito é sempre vinculado; só pode praticar o ato aquele que tiver 
competência; 
– no que diz respeito à finalidade, também prevalece a vinculação e não-
discricionariedade. Ressalva seja feita no caso da finalidade em sentido amplo, 
correspondente ao interesse público. Neste caso, pode-se dizer que a finalidade é 
discricionária, pois ela se refere a conceitos vagos e imprecisos. No sentido 
estrito, a finalidade é sempre vinculada; 
 
– no que tange à forma, os atos são geralmente vinculados porque a lei 
previa-mente a define. Eventualmente, a lei prevê mais de uma forma possível 
para praticar o mesmo ato; 
– no motivo e no conteúdo do ato é que localiza, comumente, a 
discricionariedade. 
O motivo será vinculado quando a lei, ao descrevê-lo, usar expressões 
precisas, que não dão margem a qualquer tipo de interpretação. Ex.: 
aposentadoria do servidor com 35 anos de contribuição ou 70 anos de idade. 
Será discricionário o motivo quando a lei não o definir, deixando-o a critério 
da Administração (ex.: exoneração do servidor nomeado para cargo em 
comissão); ou quando a lei define o motivo, porém, com noções vagas, 
imprecisas, deixando a apreciação a critério da conveniência e oportunidade do 
Administrador (ex.: punição do servidor por falta grave ou procedimento 
irregular). 
O mesmo se diga em relação ao conteúdo. 
Costuma-se dizer que o ato vinculado é analisado apenas sob o aspecto da 
legalidade e que o ato discricionário deve ser analisado sob o aspecto da 
legalidade e do mérito administrativo, que diz respeito à conveniência diante do 
interesse público. 
Segundo Seabra Fagundes, “o mérito se relaciona intrínseco, à sua 
valorização sob critérios comparativos”. Em suma, é o aspecto relativo à 
conveniência e oportunidade. 
 
 
Classificação atos administrativos 
 
Quanto à Formação 
• Atos Simples 
São aqueles que decorrem da declaração de vontade de um único órgão, 
seja ele singular ou colegiado. Ex.: licença de habilitação para dirigir automóveis 
ou a deliberação de um conselho. 
• Atos Complexos 
São os que resultam da manifestação de dois ou mais órgãos 
(independentes), cuja vontade se funde para formar um ato único. As vontades 
são homogêneas e se unem para formar um só ato. Ex.: a nomeação de um 
ministro do STF. 
• Ato Composto 
Por seu turno, resulta da manifestação da vontade de dois ou mais órgãos, 
sendo a vontade de um instrumental em relação à de outro, que edita o ato 
principal. Se no ato complexo, fundem-se vontades num só ato, no ato composto, 
há dois atos, um principal e outro acessório. 
Atos que dependem de autorização, aprovação, proposta, parecer, laudo 
técnico, homologação, etc., são, geralmente, compostos. 
Ex.: uma autorização que dependa do visto de uma autoridade superior. 
Quanto ao Conteúdo 
• Constitutivo 
É o que cria uma situação jurídica individual para seus destinatários, em 
relação à Administração. Ex: nomeação de funcionário. 
• Ato Extintivo 
Põe termo a situações jurídicas individuais. Exs.: cassação de autorização, 
encampação de serviço de utilidade pública. 
• Ato Declaratório 
Visa a preservar direitos, reconhecer situações preexistentes, ou mesmo 
possibilitar seu exercício. Exs.: expedição de certidão, apostila de título de 
nomeação. 
• Ato Alienativo 
É o que opera a transferência de bens ou direitos de um titular a outro. Em 
geralreclama autorização legislativa. Ex.: venda de imóvel da Administração a 
particular. 
• Ato Modificativo 
É o que tem por fim alterar situações preexistentes, sem suprimir direitos ou 
obrigações. Ex.: mudança de horário, de percurso ou de local de reunião. 
• Ato Abdicativo 
É aquele cujo titular abre mão de um direito. É irretratável e incondicional. 
Ex.: a renúncia. 
Quanto à Eficácia 
• Ato Válido 
É aquele que provém de autoridade competente para praticá-lo e contém 
todos os requisitos necessários à sua eficácia. 
• Ato Nulo 
É o que nasce afetado de vício insanável por ausência ou defeito substancial 
em seus elementos constitutivos ou no procedimento formativo. 
A nulidade pode ser explícita – a lei comina expressamente, indicando os 
vícios que lhe dão origem – e virtual, que decorre da infringência de princípios 
específicos de direito público, reconhecidos por interpretação das normas 
concernentes ao ato. 
A nulidade tem efeito ex tunc, ou seja, alcança o ato desde o seu 
nascimento, ressalvados, entretanto, direitos de terceiros de boa-fé. 
O ato anulável (aquele com vício sanável e que não causou prejuízos a 
terceiros ou ao erário) admite a convalidação. 
• Ato Inexistente 
É o que possui, apenas, a aparência de ato administrativo, mas não o é. 
Normal-mente é praticado com usurpação de função pública ou assiste no campo 
do impossível jurídico, na esfera dos comportamentos que o Direito normalmente 
inadmite, isto é, dos crimes. 
Ex.: instrução baixada por autoridade policial para que subordinados 
torturem presos. 
 
Espécies 
Quanto à espécie, os atos administrativos se dividem em: normativos, 
ordinatórios, negociais, enunciativos e punitivos. 
 
Atos Normativos 
São os decretos, regimentos, resoluções, deliberações e regulamentos. 
Contêm um comando geral do Executivo, visando à completa aplicação da lei. 
Seu objeto é explicar a lei. 
Decreto: ato administrativo de competência exclusiva dos Chefes do Poder 
Executivo, destinados a prover situações gerais e individuais, abstratamente 
previstas de modo expresso, explícito ou implícito pela Administração. 
Decreto regulamentar ou de execução é o que explica a lei, facilitando sua 
execução, aclarando seus mandatos e orientando sua aplicação. 
Regulamento: ato administrativo posto em vigência por decreto, para 
explicar os mandamentos da lei. 
Regimento: ato administrativo de atuação interna, dado que se destina a 
reger o funcionamento de órgãos colegiados ou de corporações legislativas. 
Resolução: ato administrativo normativo expedido pelas altas autoridades 
do Executivo (não pode ser expedida pelo Chefe do Executivo, que só pode 
expedir decretos) ou pelos presidentes dos Tribunais, órgãos legislativos e 
colegiados administrativos para disciplinar matéria de sua competência específica. 
São inferiores aos regulamentos e regimentos. Existe resolução individual. 
Ordinatórios 
Visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional 
de seus agentes. 
Exs.: instruções, circulares, portarias, ordens de serviços, ofícios, 
despachos, etc. 
Negociais 
São aqueles que contêm uma manifestação de vontade do Poder Público 
coincidente com a pretensão do particular. 
Exs.: licenças, autorizações, aprovações, admissões, homologações, vistos, 
etc. 
Enunciativos 
São aqueles atos em que a Administração se limita a certificar ou atestar um 
fato ou emitir opinião sobre determinado assunto. 
Exs.: certidões, atestados e pareceres. 
Punitivos 
Contêm uma sanção imposta pela Administração àqueles agentes que 
infringem disposições disciplinares dos serviços públicos. 
Exs.: multas, interdições, embargos de obras, interdições de atividades, 
suspensão, etc. 
 
 
 
 
Invalidação dos atos administrativos (ou modos de des-
fazimento) 
Revogação 
Segundo Di Pietro, “é o ato administrativo pelo qual a Administração 
extingue um ato válido, por razões de oportunidade e conveniência”. 
A revogação não retroage, já que o ato foi editado em conformidade com a 
lei, seus efeitos se produzem a partir da própria revogação – são ex nunc. Isso 
significa que a revogação respeita os efeitos já produzidos pelo ato, porque o ato 
é válido. Enquanto a anulação pode ser feita pelo Judiciário ou pela própria 
Administração, a revogação é privativa da Administração, não sendo lícito ao 
Judiciário conhecer da oportunidade e conveniência. Isso não significa que a 
revogação deva ser feita fora dos limites da lei. 
� – Não podem ser revogados os atos vinculados, porque nesses casos não 
há oportunidade e conveniência a apreciar. 
� – Não podem ser revogados os atos que exauriram seus efeitos. Ex.: se a 
Administração concedeu afastamento, por dois meses, à funcionária, a revogação 
será impossível. 
� – A revogação não pode atingir meros atos administrativos, como 
certidões, atestados, votos, cujos efeitos decorrem da lei. 
� – Também não podem ser revogados os atos que geram direitos 
adquiridos, con-forme está expresso na Súmula nº 473, do STF. 
� – Também não são passíveis de revogação atos que integram um 
procedimento, pois, a cada novo ato ocorre a preclusão com relação ao anterior. 
 
Anulação 
É o “desfazimento do ato administrativo por razões de ilegalidade” (Di 
Pietro). 
Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulação 
produz efeitos retroativos à data em que foi emitido (efeito ex tunc). 
Pode a anulação ser feita pela própria Administração Pública, com base no 
seu poder de autotutela sobre os próprios atos. Nesse sentido, vejam as 
seguintes Súmulas do STF: 
“346. A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios 
atos.” 
“473. A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de 
vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-
las, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos 
adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.” 
Também o Judiciário pode anular o ato, mediante provocação do 
interessado, que pode utilizar-se quer de ações ordinárias, quer de remédios 
constitucionais de controle judicial da Administração Pública (mandado de 
segurança, habeas data, mandado de injunção, ação popular). 
A anulação, feita pela própria Administração, independe da provocação do 
interessado, já que ela tem o poder-dever de zelar pela inobservância do 
princípio da legalidade. 
Discute-se, na doutrina, se a Administração está obrigada a anular o ato ou 
apenas a faculdade de fazê-lo. 
 
A Administração tem, em regra, o dever de anular os atos ilegais, mas pode 
deixar de fazê-lo, em determinadas circunstâncias, quando o prejuízo resultante 
da anulação puder ser maior do que o decorrente da manutenção do ato ilegal. O 
interesse público é que norteará a decisão. 
Convalidação 
A convalidação – ou aperfeiçoamento ou sanatória – é o processo de que se 
vale a Administração para aproveitar atos administrativos com vícios superáveis, 
de forma aconfirmá-los no todo ou em parte. É admissível o instituto da 
convalidação dos atos administrativos anuláveis, aqueles que apresentam 
defeitos sanáveis e no qual se evidencie e não acarreta em lesão ao interesse 
público nem prejuízos a terceiros.* 
O instituto da convalidação tem a mesma premissa pela qual se demarca a 
diferença entre vícios sanáveis e insanáveis, existente no direito privado. A 
grande vantagem em sua aceitação no Direito Administrativo é a de poder 
aproveitar-se atos administrativos que tenham vícios sanáveis, o que 
freqüentemente produz efeitos práticos no exercício da função administrativa. 
Por essa razão, o ato que convalida tem efeitos ex tunc, uma vez que 
retroage, em seus efeitos, ao momento em que foi praticado o atooriginário. 
Não se convalidam atos: 
1 – nulos, aqueles com vícios insanáveis; 
2 – que causaram prejuízos ao erário ou a terceiros; 
3 – com vícios de finalidade; 
4 – com vícios de matéria (competência exclusiva). 
A convalidação será feita pela própria Administração. Requer motivação e 
produz efeitos ex tunc. 
 
SINOPSE 
 
ATO ADMINISTRATIVO 
Conceito 
É toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública, objetivando: 
a) adquirir; 
b) resguardar;c) transferir; 
d) modificar; 
e) extinguir; 
f) declarar um direito ou impor uma obrigação a si própria ou administrado. 
 
Requisitos/elementos ou pressupostos de validade 
a) Vinculados: 
I – competência; 
II – finalidade; 
III – forma legal ou própria. 
 
b) Discricionários: 
IV – motivo ou causa; V – objeto ou 
conteúdo. 
Atributos ou características 
Presunção de Legitimidade Auto-
Executoriedade Imperatividade 
Classificação 
Quanto ao destinatário: 
a) gerais; b) individuais. 
Quanto ao alcance: 
a) internos; b) externos. 
Quanto ao objeto: 
a) de império; b) de gestão; c) de 
expediente. 
Quanto ao regramento: 
a) discricionário; b) vinculado. 
Quanto à formação: 
a) simples; b) composto; c) 
complexo. 
 
Quanto à validade: 
a) válido; 
b) nulo; 
c) inexistente. 
 
INVALIDAÇÃO 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
CONCEITOS 
 
É o conjunto de entes (órgãos e entidades) constituídos pelo Poder Público 
(Estado) para a consecução do bem comum. 
É o conjunto de órgãos, entidades e funções instituídos para a consecuçãodos 
objetivos do Governo, quais sejam: a satisfação dos interesses públicos em 
geral e a prosperidade social. 
NATUREZA 
É a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e 
interesses da coletividade. Como tal, impõe-se ao administrador público a 
obrigação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da moral administrativa 
que regem a sua atuação. Ao ser investido em função ou cargo público, todo 
agente do poder assume para com a coletividade o compromisso de bem servi-la, 
porque outro não é o desejo do povo, como legítimo destinatário dos bens, 
serviços e interesses administrados pelo Estado. 
 
FINS 
O bem comum da coletividade administrada. Toda atividade do administrador 
público deve ser orientada para esse objetivo. Se dele o administrador se afasta 
ou des-via, trai o mandato de que está investido, porque a comunidade não 
institui a Administração senão como meio de atingir o bem-estar social. Ilícito e 
imoral será todo ato administrativo que não for praticado no interesse da 
coletividade. 
O fim, e não a vontade do administrador, domina todas as formas de administra-
ção. 
Os fins da Administração consubstanciam-se, portanto, na defesa do interesse 
público, assim entendidas aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas 
por toda a comunidade administrada, ou por uma parte expressiva de seus 
membros. O ato ou contra-to administrativo realizado sem interesse público 
configura desvio de finalidade. 
 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO 
Legalidade 
Significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, 
sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se 
pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a 
responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. 
Na Administração Pública, não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na 
administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração 
Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza ou permite. A lei para o particular 
significa “pode fazer assim”; para o administrador público, significa “deve fazer 
assim”. 
Exceções ao princípio de legalidade: 
Medida Provisória; Atos de Gestão, aqueles em que o Poder Público comparece 
em condições de igualdade com o particular, fazendo tudo que a lei não proíbe. 
Moralidade 
O agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve, 
necessariamente, distinguir o bem do mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, 
não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que 
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o 
inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o 
desonesto. 
A moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, 
segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o 
bem comum. 
A moralidade administrativa está intimamente ligada ao conceito do “bom admi-
nistrador” que “é aquele que, usando de sua competência legal, se determina não 
só pelos preceitos vigentes, mas também pela moral comum”. Há de conhecer, 
assim, as fronteiras do lícito e do ilícito, do justo e do injusto nos seus efeitos. 
Impessoalidade ou Finalidade 
Nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador 
público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente 
aquele que a norma de Direito indica, expressa ou virtualmente, como objetivo 
do ato, de forma impessoal. 
E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato admi-
nistrativo: o interesse público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-
se-á à invalidação por desvio de finalidade, que a nossa lei da ação popular 
conceituou como o “fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na 
regra de competência” do agente. 
 
Desde que o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com 
finalidade pública, o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de 
praticálo no interesse próprio ou de terceiros. 
Dispositivo Constitucional: 
Art. 37. 
.................................................................................................................. 
 
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos 
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela 
não podendo 
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de 
autoridades ou 
servidores públicos. 
À Administração Pública é permitido praticar tão-somente, atos voltados para o 
interesse público. Veda-se, com isso, a edição de atos destituídos desse fim ou 
préordenados para satisfazer interesses privados, a exemplo da desapropriação 
de benspara doá-los a particular ou como medida de mera perseguição política. É 
o que se denomina desvio de finalidade quando o ato desatende ao fim precípuo 
da lei. Assim, o ato que favorece ou persegue interesses particulares é nulo por 
desvio de finalidade ou de poder, conforme prescreve o art. 2º, parágrafo único, 
e, da Lei Federal nº 4.717/65, Lei da Ação Popular. 
Publicidade 
É a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos 
externos. Daí por que as leis, atos e contratos administrativos, que produzem 
conseqüências jurídicas fora dos órgãos que os emitem, exigem publicidade para 
adquirirem validade universal, isto é, perante as partes e terceiros. 
A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e 
moralidade. Por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a 
publicação, nem os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quando a lei 
ou o regulamento a exige. 
Em princípio, todo ato administrativo deve ser publicado, porque pública é a 
Administração que o realiza, só se admitindo sigilo nos casos de segurança 
nacional, investigações policiais ou interesse superior da Administração a ser 
preservado em processo previamente declarado sigiloso. 
Eficiência 
É o mais moderno princípio de Administração Pública que já não se contenta em 
que os seusagentes desempenhem suas atividades apenas com legalidade e 
moralidade (ética); exigindo resultados positivos para o Serviço Público e 
satisfatório atendimento das necessidades da comunidade, de seus membros. 
Eficiência consiste em realizar as atribuições de uma função pública com compe-
tência, presteza, perfeição e rendimento funcional, buscando, com isso, superar 
as expectativas do cidadão-cliente. 
A Reforma Administrativa Federal (Emenda Constitucional n° 19/98), ao consa-
grar o princípio da eficiência administrativa, recomenda a demissão ou dispensa 
do servidor público comprovadamente ineficiente e desidioso no exercício da 
função pública. 
 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO 
 
Continuidade 
Os serviços públicos essenciais não podem parar, porque as demandas sociais 
não param. Não se admite a paralisação dos serviços de segurança pública, de 
distribuição de justiça, de saúde, funerários, etc. Por essa razão, não se concebe 
a greve nos serviços dessa natureza e em segurança da comunidade. A 
Constituição da República, no art. 37, VII, dispõe que o direito de greve será 
exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Para os militares, a 
greve está proibida, conforme prescreve o art. 42, IV, CF. Assim, se para os 
servidores públicos civis o exercício do direito de greve depende de 
regulamentação, o mesmo não é necessário em relação aos servidores militares, 
dada a clara vedação que, a esse respeito, lhes impôs a Constituição Federal. 
Indisponibilidade 
Os bens, direitos, interesse e serviços públicos não se acham à livre disposição 
dos órgãos públicos, a quem apenas cabe curá-los, ou do agente público, mero 
gestor da coisa pública. Aqueles e este não são seus senhores ou seus donos, 
cabendo-lhes por isso tão-só o dever de guardá-los e aprimorá-los para a 
finalidade a que estão vincula-dos. O detentor dessa disponibilidade é o Estado. 
Por essa razão, há necessidade de lei e licitação para alienar bens públicos ou 
outorga de concessão de serviço público, para relevar a prescrição. 
Autotutela 
AAdministração Pública está obrigada a rever os seus atos e contratos em relação 
ao mérito e à legalidade. Cabe-lhe, assim, retirar do ordenamento jurídico os atos 
inconvenientes e inoportunos e os ilegais. Os primeiros por meio da revogação e 
os últimos mediante anulação. 
O art. 53 da Lei nº 9.784/99 estabelece, in verbis: “a Administração deve anular 
seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por 
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”. 
Supremacia do Interesse Público 
No confronto entre os interesses públicos e particulares há de prevalecer o inte-
resse público. 
A aplicabilidade desse princípio, não significa o total desrespeito ao interesse 
privado, já que a Administração deve obediência ao direito adquirido, à coisa 
julgada e ao ato jurídico perfeito, consoante prescreve a Constituição Federal 
(art. 5º, XXXVI). 
Igualdade 
A Constituição Federal, no art. 5º, estabelece que, sem distinção de 
qualquernatureza, todos são iguais perante a lei. É o princípio da igualdade ou 
isonomia. Assim, todos os iguais em face da lei também o são perante a 
Administração Pública. Todos, portanto, têm o direito de receber da 
Administração Pública o mesmo tratamento, se iguais. Se iguais nada pode 
discriminá-los. Impõe-se aos iguais, por esse princípio, um tratamento impessoal, 
igualitário ou isonômico. É princípio que norteia, sob pena de ilegalidade, não só 
a Administração Pública direta como a indireta. O concurso público e a licitação 
são exemplos de procedimentos que consagram este princípio. 
 
Motivação 
Motivar significa justificar a decisão oferecendo as causas e os preceitos legais 
que autorizam a prática dos atos administrativos. Segundo o art. 50 da Lei nº 
9.784/99 “os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos 
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: 
I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; 
II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 
III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; 
IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; 
V – decidam recursos administrativos; 
VI – decorram de reexame de ofício; 
VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de 
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; 
VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de 
administração”. 
 
 
Princípios fundamentais da administração pública federal 
A Reforma Administrativa de 1967 (Decreto-Lei nº 200) estabeleceu os princípios 
fundamentais, com a preocupação maior de diminuir o tamanho da máquina 
estatal, simplificar os procedimentos administrativos e, conseqüentemente, 
reduzir as despesas causadoras do déficit público. 
São princípios fundamentais da Administração Pública federal: planejamento, 
coordenação, descentralização, delegação de competência e controle. 
Planejamento 
A finalidade precípua da Administração é a promoção do bem-estar social, que a 
Constituição traduz na elaboração e execução de “planos nacionais e regionais de 
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”. 
Bem-estar social é o bem comum da coletividade, expresso na satisfação de suas 
necessidades fundamentais. 
Desenvolvimento é prosperidade. Prosperidade econômica e social; prosperidade 
material e espiritual; prosperidade individual e coletiva; prosperidade do Estado e 
de seus membros; prosperidade global, enfim. Diante dessa realidade, podemos 
conceituar 
o desenvolvimento nacional como o permanente aprimoramento dos meios 
essenciais à sobrevivência dos indivíduos e do Estado, visando ao bem-estar de 
todos e ao conforto de cada um na comunidade em que vivemos. Assim, o 
desenvolvimento nacional é obtido pelo aperfeiçoamento ininterrupto da ordem 
social, econômica e jurídica; pela melhoria da educação; pelo aumento da riqueza 
pública e particular; pela preservação dos direitos e garantias individuais; pelo 
aprimoramento das instituições; pela manutenção da ordem interna e pela 
afirmação da soberania nacional. Todavia, esses objetivos não podem ser 
deixados ao acaso e, para sua consecução, necessitam da tranqüilidade que 
advém da segurança interna e externa. 
 
Planejamento é o estudo e o estabelecimento das diretrizes e metas que deverão 
orientar a ação governamental, através de um plano geral de Governo, de 
programas globais, setoriais e regionais de duração plurianual, do orçamento-
programa anual e da programação financeira de desembolso, que são seus 
instrumentos básicos. Na elaboração do plano geral, bem como na coordenação, 
revisão e consolidação dos programas setoriais e regionais, de competência dos 
Ministros de Estado nas respectivas áreas de atuação, o Presidente da República 
é assessorado pelo Conselho de Governo. Toda a atividade da Administração 
federal deve ajustar-se à programação aprovada pelo Presidente da República e 
ao orçamento-programa, vedando-se a assunção de compromissos financeiros 
em discordância com a programação de desembolso. 
Segurança nacional, atualmente denominada defesa nacional pela Constituição de 
1988 (art. 21, III) é a situação de garantia individual, social e institucional que o 
Estado assegura a toda a Nação para a perene tranqüilidade de seu povo, pleno 
exercício dos direitos e realização dos objetivos nacionais, dentro da ordem 
jurídica vigente. 
Os assuntos relacionados com a defesa nacional competem aos Conselhos da 
República e de Defesa Nacional (Constituição Federal, arts. 89 a 91). 
Coordenação 
O princípio da coordenação visa a entrosar as atividades da Administração, de 
modo a evitar a duplicidade de atuação, a dispersãode recursos, a divergência de 
soluções e outros males característicos da burocracia. Coordenar é, portanto, 
harmonizar todas as atividades da Administração, submetendo-se ao que foi 
planejado e poupandoa de desperdícios, em qualquer de suas modalidades. 
Da aplicação permanente, a coordenação impõe-se a todos os níveis da Adminis-
tração, através das chefias individuais, de reuniões de que participem as chefias 
subordinadas e de comissões de coordenação em cada nível administrativo. Na 
Administração superior a coordenação é, agora, da competência da Secretaria 
Geral da Presidência da República, nos termos do art. 3º, II, do Decreto nº 
99.180, de 15/3/90. 
Como corolário do princípio da coordenação, nenhum assunto poderá ser subme-
tido à decisão presidencial ou de qualquer outra autoridade administrativa 
competente sem ter sido previamente coordenado, isto é, sem ter passado pelo 
crivo de todos os setores nele interessados, através de consultas e 
entendimentos que propiciem soluções integrais e em sincronia com a política 
geral e setorial do Governo. 
A fim de evitar a duplicação de esforços e de investimentos na mesma área geo-
gráfica, admite-se a coordenação até mesmo com órgãos das Administrações 
estadual e municipal que exerçam atividades idênticas às dos federais, desde que 
seja inviável a delegação de atribuições àqueles órgãos. Com isso, além de 
economizar recursos materiais e humanos, faculta-se aos Estados e Municípios a 
integração nos planos governamentais, deles haurindo benefícios de interesse 
local. 
Em outras disposições do Estatuto da Reforma, prevêem-se medidas especiais de 
coordenação nos campos da Ciência e da Tecnologia, da Política Nacional de 
Saúde, do Abastecimento Nacional, dos Transportes e das Comunicações, 
abrangendo as atividades de todos os interessados nesses setores, inclusive 
particulares. 
 
Princípios fundamentais da administração pública federal 
 
Descentralização 
Descentralizar, em sentido comum, é afastar do centro; descentralizar, em senti-
do jurídico-administrativo, é atribuir a outrem poderes da Administração. O 
detentor dos poderes da Administração é o Estado, pessoa única, embora 
constituída dos vários órgãos que integram sua estrutura. Despersonalizados, 
esses órgãos não agem em nome próprio, mas no do Estado, de que são 
instrumentos indispensáveis ao exercício de suas funções e atividades típicas. A 
descentralização administrativa pressupõe, portanto, a existência de uma pessoa, 
distinta da do Estado, a qual, investida dos necessários poderes de 
Administração, exercita atividade pública ou de utilidade pública. O ente descen-
tralizado age por outorga do serviço ou atividade, ou por delegação de sua 
execução, mas sempre em nome próprio. 
 
Diversa da descentralização é a desconcentração administrativa, que 
significa repartição de funções entre os vários órgãos 
(despersonalizados) de uma mesma Administração, sem quebra de 
hierarquia. Na descentralização a execução de atividades ou a prestação de 
serviços pelo Estado é indireta e mediata; na desconcentração é direta e 
imediata. 
Ao lado da descentralização e da desconcentração ocorrem também, como téc-
nicas de descongestionamento administrativo, a delegação (de execução de 
serviço ou de competência) e a execução indireta, as quais, conforme suas 
características, ora se aproximam da descentralização, ora da desconcentração. 
Todavia, delas diferem principalmente porque são efetivadas por intermédio de 
atos administrativos, mediante previsão legal, enquanto a descentralização e a 
desconcentração realizam-se, normalmente, por lei. 
Feitas essas considerações, verifica-se que o legislador da Reforma Administrati-
va, após enquadrar na Administração indireta alguns entes descentralizados, 
deixando de lado, porém, os concessionários de serviços públicos e as entidades 
paraestatais conhecidas por fundações governamentais e serviços sociais 
autônomos, propõe, sob o nome genérico de descentralização, tomado o termo 
na sua acepção vulgar, um amplo descongestionamento da Administração 
federal, através da desconcentração administrativa, da delegação de execução de 
serviço e da execução indireta. 
A desconcentração administrativa opera desde logo pela distinção entre os ní-
veis de direção e execução. No nível de direção, situam-se os serviços que, em 
cada órgão da Administração, integram sua estrutura central de direção, 
competindo-lhe primordialmente as atividades relacionadas com o planejamento, 
a supervisão, a coordenação e o controle, bem como o estabelecimento de 
normas, critérios, programas e princípios a serem observados pelos órgãos 
enquadrados no nível de execução. A esses últimos cabem as tarefas de mera 
rotina, inclusive as de formalização de atos administrativos e, em regra, de 
decisão de casos individuais, principalmente quando localizados na periferia da 
Administração e em maior contato com os fatos e com os administrados. Como 
bem observa Nazaré Teixeira Dias, a desconcentração administrativa traduz “a 
orientação geral da Reforma no sentido de prestigiar a ação dos órgãos de 
periferia, facilitar seu funcionamento e repor a estrutura central de direção 
superior no plano que lhe cabe, liberando-a da massa de papéis, impeditiva de 
sua atividade de cúpula”. 
A delegação da prestação de serviço público ou de utilidade pública pode ser feita 
a particular – pessoa física ou jurídica – que tenha condições para bem realizá-lo, 
sempre através de licitação, sob regime de concessão ou permissão. Esses 
serviços também podem ser executados por pessoa administrativa, mediante 
convênio ou consórcio. Os signatários dos convênios ficam sujeitos ao poder 
normativo, fiscalizador e controlador dos órgãos federais competentes, 
dependendo a liberação dos recursos do fiel cumprimento dos programas e das 
cláusulas do ajuste. 
 
A execução indireta das obras e serviços da Administração, mediante contratos 
com particulares, pessoas físicas ou jurídicas, tem por finalidade aliviá-la das 
tarefas executivas, garantindo, assim, a melhor realização das suas atividades 
específicas (planejamento, coordenação, supervisão e controle), bem como evitar 
o desmesurado crescimento da máquina administrativa. É estimulada e 
aconselhada sempre que, na área de atuação do órgão interessado, a iniciativa 
privada esteja suficientemente desenvolvida e capacitada para executar o objeto 
do contrato, precedido de licitação, salvo nos casos de dispensa previstos em lei 
ou inexigibilidade por impossibilidade de competição entre contratantes. 
 
Princípios fundamentais da administração pública federal 
 
Delegação de Competência 
A delegação de competência, princípio autônomo, forma de aplicação do “princí-
pio da descentralização”, é também simples técnica de descongestionamento da 
Administração, como se viu acima. 
Pela delegação de competência, o Presidente da República, os Ministros de Estado 
e, em geral, as autoridades da Administração transferem atribuições decisórias a 
seus subordinados, mediante ato próprio que indique com a necessária clareza e 
conveniente precisão a autoridade delegante, a delegada e o objeto da 
delegação. O princípio visa a assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, 
situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender. 
Considerando que os agentes públicos devem exercer pessoalmente suas atribui-
ções, a delegação de competência depende de norma que a autorize, expressa ou 
implicitamente. As atribuições constitucionais do Presidente da República, por 
exemplo, só podem ser delegadas nos casos expressamente previstos na 
Constituição. 
A delegação de competência tem caráter facultativo e transitório, apoiando-se em 
razões de oportunidade e conveniência e na capacidade de o delegado exercer a 
contento as atribuições conferidas,de modo que o delegante po-de sempre 
retomar a competência e atribuí-la a outrem ou exercê-la pessoalmente. 
Observamos, finalmente, que só é delegável a competência para a prática de atos 
e decisões administrativas, não o sendo para o exercício de atos de natureza 
política como são a proposta orçamentária, a sanção e o veto. Também não se 
transfere por delegação o poder de tributar. 
Controle 
O controle das atividades administrativas no âmbito interno da Administração é, 
ao lado do comando, da coordenação e da correção, um dos meios pelos quais se 
exercita o poder hierárquico. Assim, o órgão superior controla o inferior, 
fiscalizando o cumprimento da lei e das instruções e a execução de suas 
atribuições, bem como os atos e o rendimento de cada servidor. Todavia, o 
princípio do controle estabelecido na Lei da Reforma Administrativa tem 
significado mais amplo, uma vez que se constitui num dos três instrumentos da 
supervisão ministerial, a que estão sujeitos todos os órgãos da Administração 
federal, inclusive os entes descentralizados, normalmente não submetidos ao 
poder hierárquico das autoridades da Administração direta. Esse controle, que, 
quanto às entidades da Administração indireta, visa, em especial, à consecução 
de seus objetivos e à eficiência de sua gestão, é exercido de vários modos, como 
adiante se verá podendo chegar até a intervenção, ou seja, ao controle total. 
 
No âmbito da Administração direta, prevêem-se, especialmente, os controles de 
execução e observância de normas específicas, de observância de normas 
genéricas e de aplicação dos dinheiros públicos e guarda de bens da União. 
Em cada órgão, o controle da execução dos programas que lhe concernem e o da 
observância das normas que disciplinam suas atividades específicas são feitos 
pela chefia competente. Já, o controle do atendimento das normas gerais 
reguladoras do exercício das atividades auxiliares, organizadas sob a forma de 
sistemas (pessoal, orçamento, estatística, administração financeira, contabilidade 
e auditoria e serviços gerais, além de outros, comuns a todos os órgãos da 
Administração, que, a juízo do Poder Executivo, necessitem de coordenação 
central), é realizado pelos órgãos próprios de cada sistema. Finalmente, o 
controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União 
compete ao órgão próprio do sistema de contabilidade e auditoria, que, em cada 
Ministério, é a respectiva Secretaria de Controle Interno. 
Estabelecidas as formas de controle das atividades administrativas, devem ser 
suprimidos todos os controles meramente formais, como determina, 
acertadamente, o Decreto-Lei nº 200/67, que prevê também a supressão 
daqueles cujo custo seja evidentemente superior ao risco decorrente da 
inexistência de controle específico. 
A Administração federal é constituída na forma de uma pirâmide, cujos compo-
nentes são mantidos no devido lugar pelo poder hierárquico e em cujo ápice 
coloca-se o Presidente da República; ficando logo abaixo os Ministros de Estado, 
seus auxiliares diretos. 
Assim, o Presidente da República é o chefe supremo, exercendo o poder hierár-
quico em toda sua plenitude, por isso que o Estatuto da Reforma lhe confere 
expressamente o poder de, por motivo de relevante interesse público, avocar e 
decidir qualquer assunto na esfera da Administração federal, o que faz dele o 
controlador máximo das atividades administrativas. 
Os Ministros de Estado detêm o poder-dever de supervisão sobre todos os órgãos 
da Administração direta ou indireta enquadrados em suas respectivas áreas de 
competência, ressalvados aqueles sob a supervisão direta e imediata do 
Presidente da República, tais como: 
a) o Conselho de Governo; 
b) o Advogado-Geral da União; 
c) a Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica; 
d) a Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência 
da República; 
e) o Gabinete da Presidência da República; e 
f) a Controladoria Geral da União. 
Junto à Presidência da República funcionarão, como órgãos de consulta do Presi-
dente da República: 
a) o Conselho da República; 
b) o Conselho de Defesa Nacional e outros. 
 
 
As três espécies de administração pública 
Considere os seguintes conceitos constantes do Plano Diretor da Reforma do 
Aparelho do Estado: 
 
Administração Pública Patrimonialista – No patrimonialismo, o aparelho do 
Estado funciona como uma extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, 
servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos são considerados 
prebendas. A res publica não é diferenciada das res principis. Em conseqüência, a 
corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração. No 
momento em que o capitalismo e a democracia se tornam dominantes, o 
mercado e a sociedade civil passam a se distinguir do Estado. Neste novo 
momento histórico, a administração patrimonialista torna-se uma excrescência 
inaceitável. 
 
Administração Pública Burocrática – Surge na segunda metade do século 
XIX, na época do Estado liberal, como forma de combater a corrupção e o 
nepotismo patrimonialista. Constituem princípios orientadores do seu 
desenvolvimento a profissionalização, a idéia de carreira, a hierarquia funcional, a 
impessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional-legal. Os controles 
administrativos, visando evitar a corrupção e o nepotismo, são sempre a priori. 
Parte-se de uma desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos 
que a eles dirigem demandas. Por isso, são sempre necessários controles rígidos 
dos processos, como por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no 
atendimento a demandas. 
Por outro lado, o controle – a garantia do poder do Estado – transforma-se na 
própria razão de ser do funcionário. Em conseqüência, o Estado volta-se para si 
mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade. A 
qualidade fundamental da Administração Pública burocrática é a efetividade no 
controle dos abusos; seu defeito, a ineficiência, a auto-referência, a incapacidade 
de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos como clientes. Este defeito, 
entretanto, não se revelou determinante na época do surgimento da 
Administração Pública Burocrática, porque os serviços do Estado eram muito 
reduzidos. O Estado limitava-se a manter a ordem e administrar a justiça, a 
garantir os contratos e a propriedade. 
Administração Pública Gerencial – Emerge na segunda metade do século XX, 
como resposta, de um lado, à expansão das funções econômicas e sociais do 
Estado, e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da 
economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra os problemas 
associados à adoção do modelo anterior. A eficiência da Administração Pública – a 
necessidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços, tendo o 
cidadão como beneficiário – torna-se, então, essencial. A reforma do aparelho do 
Estado passa a ser orientada predominantemente pelos valores da eficiência e 
qualidade na prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma 
cultura gerencial nas organizações. 
AAdministração Pública Gerencial constitui um avanço e, até certo ponto, um 
rompimento com a Administração Pública Burocrática. Isto não significa, 
entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a Administração 
Pública Gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora 
flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão 
segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e 
universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o 
treinamento sistemático. A diferença fundamental está na forma de controle, que 
deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na 
rigorosa profissionalização

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