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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 3 – mod XII – Marina Cefaleias Cefaleias - Dor de cabeça geralmente causada por uma anormalidade grave subjacente, devido a cefaleias primárias, como enxaqueca, cefaleia tensional, em salva e hemicrania paroxística. EPIDEMIOLOGIA - 90% dos adultos tem dor de cabeça em algum momento. Mais de 75% das crianças relatam uma dor significativa por volta dos 15 anos. - Pcte com enxaqueca transformada e cefaleia diária são os que tem grande risco para perda de dias de trabalho. - Se um parente de 1° grau tiver uma dor de cabeça, o risco aumenta até 4x. FISIOPATOLOGIA - A sensibilidade dolorosa da cabeça é veiculada por meio das vias aferentes trigeminais primárias que inervam os vasos sanguíneos, mucosas, músculos e tecidos. - As fibras nervosas atingem o gânglio trigeminal, tendo sua terminação no núcleo sensitivo principal do nervo trigêmeo e seu núcleo da raiz espinhal, sendo o mais importante o subnúcleo caudalis. - Esse subnúcleo recebe aferentes de vasos meníngeos, regiões sensíveis da dura-máter e mesmo da medula cervical superior que se projetam para o tálamo medial e lateral através do trato espinotalâmico, diencéfalo e tronco encefálico. - Com isso, as informações nociceptivas talâmicas ascendem para o córtex sensorial e outras áreas do cérebro. - Dor de cabeça secundária estimula a via nociceptiva por meio de processos como inflamação e compressão. As cefaleias primárias ocorrem espontaneamente, com envolvimento de mediadores químicos. Aura: É um distúrbio focal neurológico visual, sensorial ou motor, associada ou não a dores de cabeça, ocorrendo quando a uma depressão alastrante cortical causa a despolarização das membranas neuronais, tanto de neurônios como de células da glia podendo causar constrição e dilatação dos vasos sanguíneos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Pacientes com dor de cabeça podem descrevem com grande variação o tipo de dor, sendo normalmente como latejante em faixa ou contínua, sendo moderada a grave, com interferência nas atividades diárias. OBS: Geralmente a dor é definida como unilateral, mas pode ser bilateral também. Além disso, frequentemente a enxaqueca é associada a outros sinais e sintomas, sendo os mais comuns: DIAGNÓSTICO - A avaliação da dor de cabeça é baseada em cinco elementos do histórico: 1. Histórico familiar: determinar se ocorre predisposição genética. 2. Histórico de vida da dor de cabeça: determinar se a dor é nova ou evoluiu ao longo da vida. 3. Histórico da crise, que fornece as características clínicas da dor de cabeça. 4. Histórico médico e psiquiátrico, sendo usado para determinar a existência de comorbidades que podem causar ou piorar a dor de cabeça. 5. Histórico de fármacos e drogas, usado para determinar se a dor pode ser ocasionada de efeitos colaterais de medicamentos ou drogas ingeridas. - Com a coleta dos cinco elementos históricos, para definir o tipo de dor de cabeça, usa-se informações como: Tipo de dor Duração da dor Características que acompanham a dor OBS: A avaliação depende diretamente de achados clínicos, caso ocorra um histórico típico sem qualquer razão para avaliação posterior e os achados no exame sejam normais, não é necessária avaliação adicional. - Caso a dor de cabeça seja aguda, a TC é a melhor opção para avaliação de hemorragia aguda como causa de dor, enquanto que a RM é a melhor alternativa para avaliação de dores de cabeça persistentes à procura de lesões focais, evidências de hipertensão ou hipotensão intracraniana, hemossiderina e anormalidades congênitas de malformação. TRATAMENTO - Depende do tipo e gravidade da dor, iniciando de leve a grave, sendo acompanhada por medicamentos: - Para dores leves: analgésicos simples como acetaminofeno, ácido acetilsalicílico e AINEs são suficientes. - Em dores moderadas a graves, os pacientes podem utilizar terapias específicas para enxaquecas, como triptanas (sumatriptana, zolmitriptana, rizatriptana, almotriptana, entre outros), ergóticos (diidroergotamina, tartarato de ergotamina), isometepteno e a combinação de naproxeno com sumatriptana. MEDICAÇÃO PREVENTIVA PARA AS CEFALEIAS - Náuseas e vômitos - Fotofobia - Fonofobia - Cefaléia em salvas - Semiptose - Rinorreia - Sd. de Horner - Edema facial EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 Beta-bloq: propanolol. Enxaqueca, alguém com HAS. BCC: verapamil, anlodipino. Cefaleia em salvas. AINES: naproxeno, Ibuprofeno. Enxaqueca, cefaleia tensional, enxaqueca menstrual. Antidepressivo tricíclico: amitriptilina, nortriptilina. Enxaqueca, cefaleia tensional, sono ruim. Anticonvulsivantes: topiramato, valproato. Enxaqueca, cefaleia em salvas. Enxaqueca - É uma modalidade de cefaléia primária herdada, sendo tipicamente unilateral, com intensidade moderada a intensa que se agrava com atividade física de rotina. - Em muitos casos é associada a náuseas e vômitos, acompanhada de fotofobia e fonofobia, e em alguns casos ocorre com aura (sintomas neurológicos visual, sensorial ou motor). EPIDEMIOLOGIA - É uma doença relativamente comum, tendo uma prevalência quase triplicada em mulheres, iniciando geralmente na puberdade em ambos os sexos, prevalentemente em brancos. - Em relação à faixa etária, a maior prevalência ocorre entre os 25 e 55 anos. OBS: A enxaqueca com aura afeta cerca de 5% da população adulta, sendo 90% delas auras visuais. - Condições de comorbidade que podem ser associadas à enxaqueca incluem epilepsia, AVC, depressão, ansiedade, infarto do miocárdio, forame oval patente, síndrome de Raynaud, síndrome do intestino irritável e fibromialgia. A menstruação e a ovulação podem aumentar a frequência de dor de cabeça. FISIOPATOLOGIA - Acredita-se que a aura de enxaqueca seja devido à depressão alastrante cortical, que é associada a uma breve redução no fluxo seguida por hiperemia, enquanto que a dor ocorre pela estimulação dos aferentes trigeminais da dura-máter. Fisiopatologia da Enxaqueca → Trata-se de uma doença claramente genética dividida em dois tipos: 1. A enxaqueca hemiplégica familiar tipo 1 (FHM1) causada por mutações no gene CACNA1A, que se localiza no cromossomo 19, responsável pela codificação dos canais de cálcio neuronais dependentes de voltagem. 2. Já a enxaqueca hemiplégica familiar tipo 2 (FHM2) ocorre por conta de uma mutação no gene ATP1A2 que está localizado no cromossomo 1 que codifica a subunidade catalítica alfa-2 da enzima ATPase sódio- potássio. OBS: Apesar de existirem ligações com muitos loci genéticos para as formas mais comuns de enxaqueca, provavelmente, ocorrem múltiplas interações de genes com fatores ambientais. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Geralmente a enxaqueca inicia com um pródromo (sinal que antecipa a dor), que pode persistir durante horas a alguns dias, sendo geralmente uma dificuldade de concentração ou fadiga. - Em relação às características da dor, é variável, podendo ser: - Unilateral ou bilateral - Latejante - Com intensidade moderada a grave - Com piora com atividades. - Acompanhada ou não de náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e som. - Outras características clínicas menos comuns incluem dor no pescoço, ocasionalmente tontura, osmofobia e dificuldade para pensar. - Enxaqueca pode ser visual, sensitiva ou com afasia e vertigem. Aura de enxaqueca sem dor de cabeça começa com um distúrbio neurológico. DIAGNÓSTICO - É baseado no histórico do paciente, sendo realizada a diferenciação entre dor de cabeça tensional através da intensidade, em que geralmente dores moderada a grave trata-se de enxaqueca. Atenção: Pacientes com histórico sugestivo de dor secundária devem passar por uma avaliação aprofundada com ressonância magnética. TRATAMENTO - O tratamento se baseia em tratara dor de cabeça aguda e prevenção de crises de enxaqueca subsequentes. - Para o tratamento agudo é realizado um passo a passo com o tratamento iniciando com um agente analgésico não específico, evoluindo para uma terapia analgésica, seguida de opióides e terapia específica e agressiva para enxaqueca. - OBS: O tratamento é estratificado conforme o tipo de dor, sendo único para cada paciente, podendo variar o uso de medicamentos e dias de incapacidade. - Para ataques leves, geralmente são tratados com sucesso com analgésicos de venda livre como: ○ Acetaminofeno ou AINES (aspirina, Ibuprofeno ou cetoprofeno) ■ Em gravidez usa-se acetaminofeno. - Para cefaleias moderadas pode ser utilizado uma combinação de: ○ Acetaminofeno, mucato de isometepteno (vasoconstritor leve) e dicloralfenazona (um sedativo leve) EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 ■ Pode ser associado a agentes anti-náusea como proclorperazina e metoclopramida. - Opióides como N-acetil-paminofenol com codeína, ou butorfanol, beneficiam alguns pacientes, mas não devem ser usados para dores de cabeça primárias, recorrente e crônicas, apesar de algumas vezes serem a única opção durante a gravides ou em pacientes com doença vascular grave. - Quando usados opioides, deve se cuidar em alertar o paciente com os riscos associados a dor de cabeça de rebote e a dependência. - Para cefaleias moderadas a intensas, pode ser usada uma das seguintes opções: ○ Diidroergotamina, administração intranasal de 1 a 2 mg ○ Sumatriptana via oral (25 a 100 mg), intranasal (20 mg) ou subcutânea (4 a 6 mg) ○ Naratriptana, ou outros medicamentos do grupo das triptanas, como zolmitriptana, rizatriptana, frovatriptana entre outros. OBS: Pode ser utilizado também ergotamina na dose de 2 mg sublingual para início da crise, sendo eficaz se houver nausea associada e vasoconstrição periférica toleráveis. - Em ataques muito intensos, é recomendado o uso de: ○ Diidroergotamina, na dose de 1 mg por via subcutânea ou 0,5 a 1 mg intravenoso, porém requer um antiemético associado (prometazina) antes do uso intravenoso. ○ Ou proclorperazina intravenosa, 10 mg, sendo cuidado com grávidas pois trata-se de um agente abortivo vasoativo. PREVENÇÃO - O tratamento preventivo é frequentemente recomendado quando as dores de cabeça interferem nas atividades diárias por três ou mais dias por mês, dores de cabeça graves ou prolongadas, ou a enxaqueca é complicada por eventos como infarto cerebral. - Nesses casos pode ser utilizado as seguintes drogas profiláticas, CITADAS ACIMA NAS MEDICAÇÕES PROFILÁTICAS. PROGNÓSTICO - O prognóstico para os pacientes é variável, sendo que em muitos pacientes, as dores costumam diminuir com a idade, restando, geralmente, apenas a aura de enxaqueca sem dor. Cefaleia do tipo tensional - A cefaleia do tipo tensional é definida como uma dor de cabeça bilateral, não pulsátil, sem náuseas ou vômitos associados, sendo que o paciente pode ter fotofobia ou fonofobia, mas não ambos ao mesmo tempo e não ocorre piora da dor com atividade. EPIDEMIOLOGIA - A prevalência varia entre 14 a 93 indivíduos para cada 100 mil por ano quando se trata de cefaléia tensional episódica e 8 para cada 100 mil quando crônica. - Em relação ao sexo, ocorre uma prevalência em mulheres, independentemente de idade, raça e nível educacional, sendo mais comum em países ocidentais. FISIOPATOLOGIA - É o tipo de dor menos compreendida, ocorrendo provavelmente por conta de uma sensibilidade miofascial aumentada. - Os fatores genéticos são incertos, podendo existir enxaqueca e cefaléia do tipo tensional juntas, o que exclui a possibilidade de alterações nos mesmo genes. - Embora as dores de cabeça tensionais não sejam devidas à emoções ou a contração muscular, os desencadeamentos são relacionados, sendo causada por estresse, fadiga e falta de sono principalmente. OBS: Em mais de 50% dos casos ocorrem comorbidades emocionais, como depressão e ansiedade. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Dores de cabeça tensional geralmente são de intensidade leve a moderada durando de alguns minutos a alguns dias, sendo por isso a maioria dos pacientes não procura atendimento. - Em geral as dores são episódicas, ocorrendo em menos de 15 dias por todo o mês, mas podem ser crônicas quando correm por mais de 15 dias. - Nos pacientes com dor do tipo crônica, um terço contínuo como crônica ao percorrer da vida, enquanto que o restante evolui para episódica. OBS: O uso excessivo de medicamentos pode piorar a dor de cabeça DIAGNÓSTICO - As dores de cabeça que podem ser equivocadamente confundidas e diagnosticada como cefaléia do tipo tensional incluem enxaqueca, hemicrania contínua, cefaléia persistente e diária de início súbito e dores causadas por tumores cerebrais, dor por hipertensão (ou hipo) intracraniana, sendo que a melhor forma de diferenciar entre as várias dores é através de um bom histórico patológico. TRATAMENTO - Geralmente este tipo de dor é tratado com sucesso com Acetaminofeno (650 a 1.000 mg) ou algum AINE (aspirina, 900 a 1.000 mg; Ibuprofeno, 200 a 800mg). - Para alguns pacientes, a combinação entre acetaminofeno e cafeína desempenham um papel efetivo no tratamento, porém o uso de analgésico por mais de três dias por semana pode piorar as dores de cabeça. PREVENÇÃO - A cefaléia do tipo tensional crônica pode se beneficiar com o tratamento profilático com amitriptilina (iniciando EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 com 10 mg na hora de dormir até o máximo de 100 mg), nortriptilina (25 a 100 mg à noite) ou fluoxetina (10 a 20 mg/dia), para evitar possíveis eventos desencadeantes de dor. - Relaxantes musculares e fisioterapia ou acupuntura também são úteis. PROGNÓSTICO - As cefaleias tensionais tem um prognóstico variável, sendo que adolescentes e dois ou mais fatores psiquiátricos têm um pior prognóstico. Cefaléia em salvas e outras cefaleias do trigêmino - autonômicas - As cefaleias trigêmino-autonômicas, que inclui a cefaléia em salvas, são dores de cabeça unilaterais associadas a sinais autonômicos ipsilaterais. - Já as hemicranias paroxísticas, também cefalalgias trigêmeas autonômicas, se caracterizam por ataques de dor de cabeça que duram cerca de 5 a 30 minutos, sendo geralmente unilaterais e ocorrendo com mais frequência em mulheres. EPIDEMIOLOGIA - As cefaleias em salvas são as mais comuns cefalalgias, ocorrendo em até 400 indivíduos para cada 100.000 por ano, tendo uma frequência maior em homens (3:1 até 7:1), com início geralmente entre os 20 e 30 anos de idade. - Já a hemicrania paroxística ocorre em até 380 pessoas a cada 100.000 por ano, afetando geralmente mulheres (2:1) com início em qualquer idade. FISIOPATOLOGIA - Ao que tudo indica, ocorre uma predisposição genética para as cefaleias em salvas, sendo que estudos de imagem como tomografia e ressonância magnética mostram uma ativação do hipotálamo posterior inferior no início das cefalalgias trigêmino-autonômicas. - Além disso, ocorre ativação também do complexo trigêmino-vascular e do sistema craniano autonômico. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - De forma geral, as crises de dor na cefaléia em salvas são quase sempre unilaterais, sendo raros os casos bilaterais, com acompanhamento de sinais autonômicos ipsilaterais, como lacrimejamento e hiperemia conjuntival, congestão nasal, rinorreia, semiptose, miose, rubor e edema palpebral. - Geralmente o paciente relata que a dor é atrás ou acima dos olhos ou na têmpora, podendo incluir dor na testa, bochecha, dentes ou maxilar, como excruciante ou “em punhaladas”, com a dor piorando gradativamente até um limiar, seguido de um término abrupto. OBS: Difere de enxaqueca pois geralmente os pacientes com cefaleias em salvas andam e são incapazes de sentarou deitar, enquanto que na enxaqueca o paciente repousa para melhorar o quadro. - Já na hemicrania paroxística a dor tem uma curta duração, entre 2 a 30 minutos, ocorrendo unilateralmente ao redor dos olhos, temporal ou região maxilar, sendo precipitada por movimentos da cabeça. - Características anatômicas semelhantes a cefaléia em salvas podem ocorrer, porém a hemicrania possui uma ocorrência muito maior que a cefaléia em salvas, podendo ter até 40 episódios por dia. DIAGNÓSTICO - Para cefaléia em salvas, o diagnóstico é feito com critérios que incluem: Dor forte unilateral orbitária, supraorbitária ou temporal Persistência de 15 a 180 minutos Com ocorrência de até oito vezes ao dia Associado a pelo menos um dos fatores autonômicos: o Hiperemia conjuntival ipsilateral ou lacrimejamento o Congestão nasal ou rinorreia o Edema palpebral o Transpiração facial e na testa o Miose com ou sem semiptose o Inquietação ou agitação - Já a hemicrania paroxística, é diagnosticada pela dor unilateral persistente, com cinco ou mais vezes ao dia, tendo uma ou mais das características autonômicas. OBS: Procedimentos de imagem, como ressonância ou tomografia, são indicados para todos os pacientes com cefaléia em salvas ou outras cefalalgias trigêmino- autonômicas, pois essas cefaleias podem ser secundárias a outras lesões, como infecção, malformação vascular ou neoplasias. TRATAMENTO - Por serem doenças de curso breve, medicamentos orais não são muito efetivos, uma vez que levam muito tempo (Às vezes até mais que a dor) para serem eficazes. Com isso, a melhor alternativa passa a ser o uso de sumatriptana ou zolmitriptana nasal spray ou sumatriptana subcutânea (4 a 6 mg). PREVENÇÃO - Em cefaléia com salvas pode ser utilizado medicações preventivas no início de uma salva, podendo ser usado verapamil 240 a 480 mg como primeira opção. Outra opção é o uso de lítio, em 300 mg duas vezes ao dia. - Outra alternativa é o uso de corticosteróides (prednisona 40 mg/dia, ou dexametasona 4 mg duas vezes ao dia) que agem rapidamente evitando a cefaléia. OBS: Abordagens cirúrgicas, como estimuladores do nervo grande occipital, estimulação hipotalâmica e procedimentos ablativos são eficientes para pacientes recorrentes. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - Já na hemicrania paroxística pode ser utilizado indometacina diária (até 50 mg três vezes ao dia). - Mas caso o paciente não tolera o medicamento, pode ser usado bloqueadores dos canais de cálcio, como o verapamil. Cefaléia crônica diária - Não é um transtorno específico, porém pode ser definida como uma dor de cabeça presente por mais de 15 dias em um mês. Essas dores podem ser enxaqueca crônica, cefaléia do tipo tensional crônica, cefaléia persistente e diária de início súbito, cefaléia em salvas crônicas ou hemicrania contínua. EPIDEMIOLOGIA - Cerca de 5% da população geral sofre de cefaléia crônica diária, sendo o tipo mais comum a tensional. - Fatores desencadeadores como infecção prévia, traumatismo craniano leve ou evento estressante da vida são presentes em até 60% dos pacientes. OBS: Alguns fatores de risco importantes são o uso excessivo de medicação, depressão, sexo feminino e obesidade. FISIOPATOLOGIA - Não se conhece a causa exata da cefaléia crônica diária, porém acredita-se que ocorra por anormalidades centrais e periféricas, visto que ocorre um aumento da sensibilização central associada a estruturas dolorosas em torno da cabeça. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Trata-se de uma cefaléia diária persistente, com característica bilateral, não pulsátil, variando de leve a moderada, podendo estar associada a fotofobia, fonofobia ou náuseas, tendo um caráter incapacitante. - Frequentemente é associada à comorbidades psiquiátricas, em especial depressão e ansiedade. DIAGNÓSTICO - Se baseia no histórico patológico, sendo importante identificar e determinar o tipo de cefaléia, sendo o mais importante excluir as causas secundárias, incluindo a cefaléia pós-traumática, dores de cabeça associadas a doenças vasculares e hipotensão intracraniana por exemplo. - Ressonância magnética e exames laboratoriais, como VHS (em idosos principalmente) são recomendados para pesquisa. TRATAMENTO - A causa mais comum de cefaléia crônica diária é o uso excessivo de medicamentos, sendo assim o tratamento consiste na reeducação medicamentosa do paciente, retirando os medicamentos gradualmente se possível. - Além disso, é importante o tratamento da depressão ou ansiedade, caso presentes. - Tratamentos específicos para enxaqueca aguda, especialmente diidroergotamina intravenosa (até 2 mg) são úteis para encerrar crises de enxaqueca quando presente. PREVENÇÃO - Os medicamentos úteis para prevenção incluem os antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, anticonvulsivantes, betabloqueadores e bloqueadores de canais de cálcio. Causas Secundárias De Cefaléia Arterite temporal - Também chamada de arterite de células gigantes, se caracterizando por um processo inflamatório comumente visto em idosos. EPIDEMIOLOGIA - Tem uma incidência de aproximadamente 12 para cada 100 mil indivíduos em idade geral, possuindo um aumento para 51 casos a cada 100 mil em indivíduos com mais de 80 anos, afetando principalmente mulheres (3:1), com maior ocorrência em indivíduos brancos. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA - A dor de cabeça é, em geral, contínua, generalizada e ocasionalmente latejante, com as têmporas dolorosas e com piora ao realizar atividades da vida diária, como mastigar ou pentear o cabelo. DIAGNÓSTICO - É feito com base em exames laboratoriais, confirmando elevação do VHS e proteína C reativa, além de detecção de células gigantes em uma amostra de biópsia da artéria temporal. TRATAMENTO - Feito com corticoesteroides. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 Hipertensão intracraniana - Pode ocorrer de forma primária, sendo idiopática geralmente ou secundária, se desenvolvendo por conta de uma trombose venosa central, processos expansivos intracranianos, hidrocefalia ou outros processos intracranianos. EPIDEMIOLOGIA - Na forma idiopática, ocorre em cerca de 20 indivíduos a cada 100 mil, entre a idade de 15 a 55 anos geralmente, que são obesos, sendo geralmente em mulheres. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - É caracterizada por cefaléia em mais de 90% dos indivíduos, sendo que desses, 90% são obesos. Outros sintomas incluem zumbido pulsátil, obscurecimentos visuais transitórios e visão dupla. DIAGNÓSTICO - É feito com base na presença de características clínicas, bem como sinais de hipertensão, como papiledema. - É necessário a ressonância magnética para excluir causas secundárias, como trombose. TRATAMENTO - É realizado com acetazolamida em doses de 500 a 1.000 mg/dia quando idiopática. A perda de peso é benefica quando o paciente for obeso. Hipotensão intracraniana - É caracterizada pela dor de cabeça quando o paciente fica em decúbito dorsal e pior quando o paciente está em posição ereta, podendo ser primária (espontânea) ou secundária a alguma causa subjacente, como punção lombar. EPIDEMIOLOGIA - É uma patologia rara, tendo uma incidência de 5 casos a cada 100 mil pessoas por ano. FISIOPATOLOGIA - A causa mais importante é a perda de líquor, que se dá geralmente por laceração da dura-máter, em especial na região lombar em torno de estruturas císticas chamadas de cistos de Tarlov. - Qualquer fístula, em qualquer ponto dos envoltórios do sistema nervoso central, pode determinar a síndrome de hipotensão liquórica devido a perda do líquor. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - A hipotensão intracraniana é caracterizada ṕr cefaleia postural, com localização variável, podendo ser associada a visão dupla por herniação dorombencéfalo e estar junto com zumbidos, náuseas e vômitos. DIAGNÓSTICO - Feito através de ressonância magnética que mostra o realce dural com injeção do contraste gadolínio, com espessamento da dura-máter ou por meio da aferição da pressão de saída na punção lombar menor que 5 cmH2O. TRATAMENTO - É baseado no repouso do paciente no leito, sendo administrado cafeína e líquidos para reposição volêmica. Neuralgia trigeminal - É uma condição “terrivelmente dolorosa” provocada por estímulos sensoriais na distribuição do nervo trigêmeo. EPIDEMIOLOGIA - Acredita-se que ocorra em 4 a cada 100 mil indivíduos por ano, sendo comumente em pessoas entre 50 e 70 anos, com uma predisposição elevada em mulheres (5:1). - Quando em indivíduos jovens, esclerose múltipla pode ser associada a condição. - Em indivíduos mais velhos, uma dobra vascular no sistema vertebrobasilar pode causar a síndrome por compressão do trigêmeo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - A dor da neuralgia do trigêmeo é caracteristicamente aguda, com característica penetrante e semelhante a choque elétrico na distribuição do nervo trigêmeo: - V1, quando ocorre dor ao redor do olho e testa - V2, quando ocorre dor na bochecha - V3, quando ocorre dor no queixo ou dentes inferiores - Sendo que a associação mais comum é entre V2 e V3. - Além disso, os paroxismos são curtos, com duração de minutos apenas, sendo que a intensidade varia de paciente para paciente, podendo ser até uma dor surda e interictal contínua, porém na maioria das vezes é exclusivamente paroxistica. - A dor pode ser desencadeada por atos diários simples, como tocar a face, escovar o dente, estimulação por corrente de ar ou mastigar alimentos. DIAGNÓSTICO - É realizado através da história patológica da doença, sendo enquadrado os sinais e sintomas conforme o paciente relata a dor, sendo o principal o tempo e o tipo de dor. TRATAMENTO - Pode ser tratada com medicamentos ou cirurgia. - Os medicamentos incluem carbamazepina (400 a 1.200 mg) como primeira opção, podendo ser usado clonazepam, ácido valpróico, gabapentina, entre outros. - Já o tratamento cirúrgico inclui a descompressão microvascular, que pode aliviar os sintomas e preservar função sensorial. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7
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