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Cefaléias - Tut 3

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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 
 
Tutorial 3 – mod XII – Marina 
Cefaleias
Cefaleias 
- Dor de cabeça geralmente causada por uma 
anormalidade grave subjacente, devido a cefaleias 
primárias, como enxaqueca, cefaleia tensional, em salva 
e hemicrania paroxística. 
EPIDEMIOLOGIA 
- 90% dos adultos tem dor de cabeça em algum 
momento. Mais de 75% das crianças relatam uma dor 
significativa por volta dos 15 anos. 
- Pcte com enxaqueca transformada e cefaleia diária são 
os que tem grande risco para perda de dias de trabalho. 
- Se um parente de 1° grau tiver uma dor de cabeça, o 
risco aumenta até 4x. 
FISIOPATOLOGIA 
- A sensibilidade dolorosa da cabeça é veiculada por 
meio das vias aferentes trigeminais primárias que 
inervam os vasos sanguíneos, mucosas, músculos e 
tecidos. 
- As fibras nervosas atingem o gânglio trigeminal, tendo 
sua terminação no núcleo sensitivo principal do nervo 
trigêmeo e seu núcleo da raiz espinhal, sendo o mais 
importante o subnúcleo caudalis. 
- Esse subnúcleo recebe aferentes de vasos meníngeos, 
regiões sensíveis da dura-máter e mesmo da medula 
cervical superior que se projetam para o tálamo medial e 
lateral através do trato espinotalâmico, diencéfalo e 
tronco encefálico. 
- Com isso, as informações nociceptivas talâmicas 
ascendem para o córtex sensorial e outras áreas do 
cérebro. 
- Dor de cabeça secundária estimula a via nociceptiva por 
meio de processos como inflamação e compressão. As 
cefaleias primárias ocorrem espontaneamente, com 
envolvimento de mediadores químicos. 
Aura: É um distúrbio focal neurológico visual, sensorial 
ou motor, associada ou não a dores de cabeça, 
ocorrendo quando a uma depressão alastrante cortical 
causa a despolarização das membranas neuronais, tanto 
de neurônios como de células da glia podendo causar 
constrição e dilatação dos vasos sanguíneos. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Pacientes com dor de cabeça podem descrevem com 
grande variação o tipo de dor, sendo normalmente como 
latejante em faixa ou contínua, sendo moderada a grave, 
com interferência nas atividades diárias. 
OBS: Geralmente a dor é definida como unilateral, mas 
pode ser bilateral também. 
Além disso, frequentemente a enxaqueca é associada a 
outros sinais e sintomas, sendo os mais comuns: 
DIAGNÓSTICO 
- A avaliação da dor de cabeça é baseada em cinco 
elementos do histórico: 
1. Histórico familiar: determinar se ocorre predisposição 
genética. 
2. Histórico de vida da dor de cabeça: determinar se a 
dor é nova ou evoluiu ao longo da vida. 
3. Histórico da crise, que fornece as características 
clínicas da dor de cabeça. 
4. Histórico médico e psiquiátrico, sendo usado para 
determinar a existência de comorbidades que podem 
causar ou piorar a dor de cabeça. 
5. Histórico de fármacos e drogas, usado para 
determinar se a dor pode ser ocasionada de efeitos 
colaterais de medicamentos ou drogas ingeridas. 
- Com a coleta dos cinco elementos históricos, para 
definir o tipo de dor de cabeça, usa-se informações como: 
 Tipo de dor 
 Duração da dor 
 Características que acompanham a dor 
OBS: A avaliação depende diretamente de achados 
clínicos, caso ocorra um histórico típico sem qualquer 
razão para avaliação posterior e os achados no exame 
sejam normais, não é necessária avaliação adicional. 
- Caso a dor de cabeça seja aguda, a TC é a melhor 
opção para avaliação de hemorragia aguda como causa 
de dor, enquanto que a RM é a melhor alternativa para 
avaliação de dores de cabeça persistentes à procura de 
lesões focais, evidências de hipertensão ou hipotensão 
intracraniana, hemossiderina e anormalidades 
congênitas de malformação. 
TRATAMENTO 
- Depende do tipo e gravidade da dor, iniciando de leve a 
grave, sendo acompanhada por medicamentos: 
- Para dores leves: analgésicos simples como 
acetaminofeno, ácido acetilsalicílico e AINEs são 
suficientes. 
- Em dores moderadas a graves, os pacientes podem 
utilizar terapias específicas para enxaquecas, como 
triptanas (sumatriptana, zolmitriptana, rizatriptana, 
almotriptana, entre outros), ergóticos (diidroergotamina, 
tartarato de ergotamina), isometepteno e a combinação 
de naproxeno com sumatriptana. 
MEDICAÇÃO PREVENTIVA PARA AS CEFALEIAS 
- Náuseas e vômitos 
- Fotofobia 
- Fonofobia 
- Cefaléia em salvas 
- Semiptose 
- Rinorreia 
- Sd. de Horner 
- Edema facial 
 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 
 
Beta-bloq: propanolol. Enxaqueca, alguém com HAS. 
BCC: verapamil, anlodipino. Cefaleia em salvas. 
AINES: naproxeno, Ibuprofeno. Enxaqueca, cefaleia 
tensional, enxaqueca menstrual. 
Antidepressivo tricíclico: amitriptilina, nortriptilina. 
Enxaqueca, cefaleia tensional, sono ruim. 
Anticonvulsivantes: topiramato, valproato. Enxaqueca, 
cefaleia em salvas. 
Enxaqueca 
- É uma modalidade de cefaléia primária herdada, sendo 
tipicamente unilateral, com intensidade moderada a 
intensa que se agrava com atividade física de rotina. 
- Em muitos casos é associada a náuseas e vômitos, 
acompanhada de fotofobia e fonofobia, e em alguns 
casos ocorre com aura (sintomas neurológicos visual, 
sensorial ou motor). 
EPIDEMIOLOGIA 
 - É uma doença relativamente comum, tendo uma 
prevalência quase triplicada em mulheres, iniciando 
geralmente na puberdade em ambos os sexos, 
prevalentemente em brancos. 
- Em relação à faixa etária, a maior prevalência ocorre 
entre os 25 e 55 anos. 
OBS: A enxaqueca com aura afeta cerca de 5% da 
população adulta, sendo 90% delas auras visuais. 
- Condições de comorbidade que podem ser associadas 
à enxaqueca incluem epilepsia, AVC, depressão, 
ansiedade, infarto do miocárdio, forame oval patente, 
síndrome de Raynaud, síndrome do intestino irritável e 
fibromialgia. A menstruação e a ovulação podem 
aumentar a frequência de dor de cabeça. 
FISIOPATOLOGIA 
 - Acredita-se que a aura de enxaqueca seja devido à 
depressão alastrante cortical, que é associada a uma 
breve redução no fluxo seguida por hiperemia, enquanto 
que a dor ocorre pela estimulação dos aferentes 
trigeminais da dura-máter. 
Fisiopatologia da Enxaqueca → Trata-se de uma 
doença claramente genética dividida em dois tipos: 
1. A enxaqueca hemiplégica familiar tipo 1 (FHM1) 
causada por mutações no gene CACNA1A, que se 
localiza no cromossomo 19, responsável pela codificação 
dos canais de cálcio neuronais dependentes de 
voltagem. 
2. Já a enxaqueca hemiplégica familiar tipo 2 (FHM2) 
ocorre por conta de uma mutação no gene ATP1A2 que 
está localizado no cromossomo 1 que codifica a 
subunidade catalítica alfa-2 da enzima ATPase sódio-
potássio. 
OBS: Apesar de existirem ligações com muitos loci 
genéticos para as formas mais comuns de enxaqueca, 
provavelmente, ocorrem múltiplas interações de genes 
com fatores ambientais. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 - Geralmente a enxaqueca inicia com um pródromo (sinal 
que antecipa a dor), que pode persistir durante horas a 
alguns dias, sendo geralmente uma dificuldade de 
concentração ou fadiga. 
- Em relação às características da dor, é variável, 
podendo ser: 
- Unilateral ou bilateral 
- Latejante 
- Com intensidade moderada a grave 
- Com piora com atividades. 
- Acompanhada ou não de náuseas, vômitos, 
sensibilidade à luz e som. 
- Outras características clínicas menos comuns incluem 
dor no pescoço, ocasionalmente tontura, osmofobia e 
dificuldade para pensar. 
- Enxaqueca pode ser visual, sensitiva ou com afasia e 
vertigem. Aura de enxaqueca sem dor de cabeça começa 
com um distúrbio neurológico. 
DIAGNÓSTICO 
 - É baseado no histórico do paciente, sendo realizada a 
diferenciação entre dor de cabeça tensional através da 
intensidade, em que geralmente dores moderada a grave 
trata-se de enxaqueca. 
Atenção: Pacientes com histórico sugestivo de dor 
secundária devem passar por uma avaliação 
aprofundada com ressonância magnética. 
TRATAMENTO 
- O tratamento se baseia em tratara dor de cabeça aguda 
e prevenção de crises de enxaqueca subsequentes. 
- Para o tratamento agudo é realizado um passo a passo 
com o tratamento iniciando com um agente analgésico 
não específico, evoluindo para uma terapia analgésica, 
seguida de opióides e terapia específica e agressiva para 
enxaqueca. 
- OBS: O tratamento é estratificado conforme o tipo de 
dor, sendo único para cada paciente, podendo variar o 
uso de medicamentos e dias de incapacidade. 
- Para ataques leves, geralmente são tratados com 
sucesso com analgésicos de venda livre como: 
○ Acetaminofeno ou AINES (aspirina, Ibuprofeno ou 
cetoprofeno) 
■ Em gravidez usa-se acetaminofeno. 
- Para cefaleias moderadas pode ser utilizado uma 
combinação de: 
○ Acetaminofeno, mucato de isometepteno 
(vasoconstritor leve) e dicloralfenazona (um sedativo 
leve) 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 
 
■ Pode ser associado a agentes anti-náusea 
como proclorperazina e metoclopramida. 
- Opióides como N-acetil-paminofenol com codeína, ou 
butorfanol, beneficiam alguns pacientes, mas não devem 
ser usados para dores de cabeça primárias, recorrente e 
crônicas, apesar de algumas vezes serem a única opção 
durante a gravides ou em pacientes com doença vascular 
grave. 
- Quando usados opioides, deve se cuidar em alertar o 
paciente com os riscos associados a dor de cabeça de 
rebote e a dependência. 
- Para cefaleias moderadas a intensas, pode ser usada 
uma das seguintes opções: 
○ Diidroergotamina, administração intranasal de 1 a 2 mg 
○ Sumatriptana via oral (25 a 100 mg), intranasal (20 mg) 
ou subcutânea (4 a 6 mg) 
○ Naratriptana, ou outros medicamentos do grupo das 
triptanas, como zolmitriptana, rizatriptana, frovatriptana 
entre outros. 
OBS: Pode ser utilizado também ergotamina na dose de 
2 mg sublingual para início da crise, sendo eficaz se 
houver nausea associada e vasoconstrição periférica 
toleráveis. 
- Em ataques muito intensos, é recomendado o uso de: 
○ Diidroergotamina, na dose de 1 mg por via subcutânea 
ou 0,5 a 1 mg intravenoso, porém requer um antiemético 
associado (prometazina) antes do uso intravenoso. 
○ Ou proclorperazina intravenosa, 10 mg, sendo cuidado 
com grávidas pois trata-se de um agente abortivo 
vasoativo. 
PREVENÇÃO 
- O tratamento preventivo é frequentemente 
recomendado quando as dores de cabeça interferem nas 
atividades diárias por três ou mais dias por mês, dores de 
cabeça graves ou prolongadas, ou a enxaqueca é 
complicada por eventos como infarto cerebral. 
- Nesses casos pode ser utilizado as seguintes drogas 
profiláticas, CITADAS ACIMA NAS MEDICAÇÕES 
PROFILÁTICAS. 
PROGNÓSTICO 
- O prognóstico para os pacientes é variável, sendo que 
em muitos pacientes, as dores costumam diminuir com a 
idade, restando, geralmente, apenas a aura de 
enxaqueca sem dor. 
Cefaleia do tipo tensional 
- A cefaleia do tipo tensional é definida como uma dor de 
cabeça bilateral, não pulsátil, sem náuseas ou vômitos 
associados, sendo que o paciente pode ter fotofobia ou 
fonofobia, mas não ambos ao mesmo tempo e não ocorre 
piora da dor com atividade. 
EPIDEMIOLOGIA 
 - A prevalência varia entre 14 a 93 indivíduos para cada 
100 mil por ano quando se trata de cefaléia tensional 
episódica e 8 para cada 100 mil quando crônica. 
- Em relação ao sexo, ocorre uma prevalência em 
mulheres, independentemente de idade, raça e nível 
educacional, sendo mais comum em países ocidentais. 
FISIOPATOLOGIA 
 - É o tipo de dor menos compreendida, ocorrendo 
provavelmente por conta de uma sensibilidade miofascial 
aumentada. 
- Os fatores genéticos são incertos, podendo existir 
enxaqueca e cefaléia do tipo tensional juntas, o que 
exclui a possibilidade de alterações nos mesmo genes. 
- Embora as dores de cabeça tensionais não sejam 
devidas à emoções ou a contração muscular, os 
desencadeamentos são relacionados, sendo causada 
por estresse, fadiga e falta de sono principalmente. 
OBS: Em mais de 50% dos casos ocorrem comorbidades 
emocionais, como depressão e ansiedade. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 - Dores de cabeça tensional geralmente são de 
intensidade leve a moderada durando de alguns minutos 
a alguns dias, sendo por isso a maioria dos pacientes não 
procura atendimento. 
- Em geral as dores são episódicas, ocorrendo em menos 
de 15 dias por todo o mês, mas podem ser crônicas 
quando correm por mais de 15 dias. 
- Nos pacientes com dor do tipo crônica, um terço 
contínuo como crônica ao percorrer da vida, enquanto 
que o restante evolui para episódica. 
OBS: O uso excessivo de medicamentos pode piorar a 
dor de cabeça 
DIAGNÓSTICO 
 - As dores de cabeça que podem ser equivocadamente 
confundidas e diagnosticada como cefaléia do tipo 
tensional incluem enxaqueca, hemicrania contínua, 
cefaléia persistente e diária de início súbito e dores 
causadas por tumores cerebrais, dor por hipertensão (ou 
hipo) intracraniana, sendo que a melhor forma de 
diferenciar entre as várias dores é através de um bom 
histórico patológico. 
TRATAMENTO 
 - Geralmente este tipo de dor é tratado com sucesso com 
Acetaminofeno (650 a 1.000 mg) ou algum AINE 
(aspirina, 900 a 1.000 mg; Ibuprofeno, 200 a 800mg). 
- Para alguns pacientes, a combinação entre 
acetaminofeno e cafeína desempenham um papel efetivo 
no tratamento, porém o uso de analgésico por mais de 
três dias por semana pode piorar as dores de cabeça. 
PREVENÇÃO 
 - A cefaléia do tipo tensional crônica pode se beneficiar 
com o tratamento profilático com amitriptilina (iniciando 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 
 
com 10 mg na hora de dormir até o máximo de 100 mg), 
nortriptilina (25 a 100 mg à noite) ou fluoxetina (10 a 20 
mg/dia), para evitar possíveis eventos desencadeantes 
de dor. 
- Relaxantes musculares e fisioterapia ou acupuntura 
também são úteis. 
PROGNÓSTICO 
- As cefaleias tensionais tem um prognóstico variável, 
sendo que adolescentes e dois ou mais fatores 
psiquiátricos têm um pior prognóstico. 
Cefaléia em salvas e outras cefaleias do 
trigêmino - autonômicas 
- As cefaleias trigêmino-autonômicas, que inclui a 
cefaléia em salvas, são dores de cabeça unilaterais 
associadas a sinais autonômicos ipsilaterais. 
- Já as hemicranias paroxísticas, também cefalalgias 
trigêmeas autonômicas, se caracterizam por ataques de 
dor de cabeça que duram cerca de 5 a 30 minutos, sendo 
geralmente unilaterais e ocorrendo com mais frequência 
em mulheres. 
EPIDEMIOLOGIA 
 - As cefaleias em salvas são as mais comuns cefalalgias, 
ocorrendo em até 400 indivíduos para cada 100.000 por 
ano, tendo uma frequência maior em homens (3:1 até 
7:1), com início geralmente entre os 20 e 30 anos de 
idade. 
- Já a hemicrania paroxística ocorre em até 380 pessoas 
a cada 100.000 por ano, afetando geralmente mulheres 
(2:1) com início em qualquer idade. 
FISIOPATOLOGIA 
 - Ao que tudo indica, ocorre uma predisposição genética 
para as cefaleias em salvas, sendo que estudos de 
imagem como tomografia e ressonância magnética 
mostram uma ativação do hipotálamo posterior inferior no 
início das cefalalgias trigêmino-autonômicas. 
- Além disso, ocorre ativação também do complexo 
trigêmino-vascular e do sistema craniano autonômico. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 - De forma geral, as crises de dor na cefaléia em salvas 
são quase sempre unilaterais, sendo raros os casos 
bilaterais, com acompanhamento de sinais autonômicos 
ipsilaterais, como lacrimejamento e hiperemia 
conjuntival, congestão nasal, rinorreia, semiptose, miose, 
rubor e edema palpebral. 
- Geralmente o paciente relata que a dor é atrás ou acima 
dos olhos ou na têmpora, podendo incluir dor na testa, 
bochecha, dentes ou maxilar, como excruciante ou “em 
punhaladas”, com a dor piorando gradativamente até um 
limiar, seguido de um término abrupto. 
OBS: Difere de enxaqueca pois geralmente os pacientes 
com cefaleias em salvas andam e são incapazes de 
sentarou deitar, enquanto que na enxaqueca o paciente 
repousa para melhorar o quadro. 
- Já na hemicrania paroxística a dor tem uma curta 
duração, entre 2 a 30 minutos, ocorrendo unilateralmente 
ao redor dos olhos, temporal ou região maxilar, sendo 
precipitada por movimentos da cabeça. 
- Características anatômicas semelhantes a cefaléia em 
salvas podem ocorrer, porém a hemicrania possui uma 
ocorrência muito maior que a cefaléia em salvas, 
podendo ter até 40 episódios por dia. 
DIAGNÓSTICO 
 - Para cefaléia em salvas, o diagnóstico é feito com 
critérios que incluem: 
 Dor forte unilateral orbitária, supraorbitária ou 
temporal 
 Persistência de 15 a 180 minutos 
 Com ocorrência de até oito vezes ao dia 
 Associado a pelo menos um dos fatores 
autonômicos: 
o Hiperemia conjuntival ipsilateral ou 
lacrimejamento 
o Congestão nasal ou rinorreia 
o Edema palpebral 
o Transpiração facial e na testa 
o Miose com ou sem semiptose 
o Inquietação ou agitação 
- Já a hemicrania paroxística, é diagnosticada pela dor 
unilateral persistente, com cinco ou mais vezes ao dia, 
tendo uma ou mais das características autonômicas. 
OBS: Procedimentos de imagem, como ressonância ou 
tomografia, são indicados para todos os pacientes com 
cefaléia em salvas ou outras cefalalgias trigêmino-
autonômicas, pois essas cefaleias podem ser 
secundárias a outras lesões, como infecção, 
malformação vascular ou neoplasias. 
TRATAMENTO 
 - Por serem doenças de curso breve, medicamentos 
orais não são muito efetivos, uma vez que levam muito 
tempo (Às vezes até mais que a dor) para serem 
eficazes. Com isso, a melhor alternativa passa a ser o 
uso de sumatriptana ou zolmitriptana nasal spray ou 
sumatriptana subcutânea (4 a 6 mg). 
PREVENÇÃO 
- Em cefaléia com salvas pode ser utilizado medicações 
preventivas no início de uma salva, podendo ser usado 
verapamil 240 a 480 mg como primeira opção. Outra 
opção é o uso de lítio, em 300 mg duas vezes ao dia. 
- Outra alternativa é o uso de corticosteróides 
(prednisona 40 mg/dia, ou dexametasona 4 mg duas 
vezes ao dia) que agem rapidamente evitando a cefaléia. 
OBS: Abordagens cirúrgicas, como estimuladores do 
nervo grande occipital, estimulação hipotalâmica e 
procedimentos ablativos são eficientes para pacientes 
recorrentes. 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 
 
- Já na hemicrania paroxística pode ser utilizado 
indometacina diária (até 50 mg três vezes ao dia). 
- Mas caso o paciente não tolera o medicamento, pode 
ser usado bloqueadores dos canais de cálcio, como o 
verapamil. 
 
Cefaléia crônica diária 
- Não é um transtorno específico, porém pode ser 
definida como uma dor de cabeça presente por mais de 
15 dias em um mês. Essas dores podem ser enxaqueca 
crônica, cefaléia do tipo tensional crônica, cefaléia 
persistente e diária de início súbito, cefaléia em salvas 
crônicas ou hemicrania contínua. 
EPIDEMIOLOGIA 
 - Cerca de 5% da população geral sofre de cefaléia 
crônica diária, sendo o tipo mais comum a tensional. 
- Fatores desencadeadores como infecção prévia, 
traumatismo craniano leve ou evento estressante da vida 
são presentes em até 60% dos pacientes. 
OBS: Alguns fatores de risco importantes são o uso 
excessivo de medicação, depressão, sexo feminino e 
obesidade. 
FISIOPATOLOGIA 
 - Não se conhece a causa exata da cefaléia crônica 
diária, porém acredita-se que ocorra por anormalidades 
centrais e periféricas, visto que ocorre um aumento da 
sensibilização central associada a estruturas dolorosas 
em torno da cabeça. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 - Trata-se de uma cefaléia diária persistente, com 
característica bilateral, não pulsátil, variando de leve a 
moderada, podendo estar associada a fotofobia, 
fonofobia ou náuseas, tendo um caráter incapacitante. 
- Frequentemente é associada à comorbidades 
psiquiátricas, em especial depressão e ansiedade. 
DIAGNÓSTICO 
- Se baseia no histórico patológico, sendo importante 
identificar e determinar o tipo de cefaléia, sendo o mais 
importante excluir as causas secundárias, incluindo a 
cefaléia pós-traumática, dores de cabeça associadas a 
doenças vasculares e hipotensão intracraniana por 
exemplo. 
- Ressonância magnética e exames laboratoriais, como 
VHS (em idosos principalmente) são recomendados para 
pesquisa. 
TRATAMENTO 
 - A causa mais comum de cefaléia crônica diária é o uso 
excessivo de medicamentos, sendo assim o tratamento 
consiste na reeducação medicamentosa do paciente, 
retirando os medicamentos gradualmente se possível. 
- Além disso, é importante o tratamento da depressão ou 
ansiedade, caso presentes. 
- Tratamentos específicos para enxaqueca aguda, 
especialmente diidroergotamina intravenosa (até 2 mg) 
são úteis para encerrar crises de enxaqueca quando 
presente. 
PREVENÇÃO 
 - Os medicamentos úteis para prevenção incluem os 
antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da 
recaptação de serotonina, anticonvulsivantes, 
betabloqueadores e bloqueadores de canais de cálcio. 
Causas Secundárias De Cefaléia 
Arterite temporal 
 - Também chamada de arterite de células gigantes, se 
caracterizando por um processo inflamatório comumente 
visto em idosos. 
EPIDEMIOLOGIA 
 - Tem uma incidência de aproximadamente 12 para cada 
100 mil indivíduos em idade geral, possuindo um 
aumento para 51 casos a cada 100 mil em indivíduos com 
mais de 80 anos, afetando principalmente mulheres (3:1), 
com maior ocorrência em indivíduos brancos. 
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA 
 - A dor de cabeça é, em geral, contínua, generalizada e 
ocasionalmente latejante, com as têmporas dolorosas e 
com piora ao realizar atividades da vida diária, como 
mastigar ou pentear o cabelo. 
DIAGNÓSTICO 
 - É feito com base em exames laboratoriais, confirmando 
elevação do VHS e proteína C reativa, além de detecção 
de células gigantes em uma amostra de biópsia da artéria 
temporal. 
TRATAMENTO 
 - Feito com corticoesteroides. 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 
 
Hipertensão intracraniana 
 - Pode ocorrer de forma primária, sendo idiopática 
geralmente ou secundária, se desenvolvendo por conta 
de uma trombose venosa central, processos expansivos 
intracranianos, hidrocefalia ou outros processos 
intracranianos. 
EPIDEMIOLOGIA 
 - Na forma idiopática, ocorre em cerca de 20 indivíduos 
a cada 100 mil, entre a idade de 15 a 55 anos geralmente, 
que são obesos, sendo geralmente em mulheres. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 - É caracterizada por cefaléia em mais de 90% dos 
indivíduos, sendo que desses, 90% são obesos. Outros 
sintomas incluem zumbido pulsátil, obscurecimentos 
visuais transitórios e visão dupla. 
DIAGNÓSTICO 
 - É feito com base na presença de características 
clínicas, bem como sinais de hipertensão, como 
papiledema. 
- É necessário a ressonância magnética para excluir 
causas secundárias, como trombose. 
TRATAMENTO 
 - É realizado com acetazolamida em doses de 500 a 
1.000 mg/dia quando idiopática. A perda de peso é 
benefica quando o paciente for obeso. 
Hipotensão intracraniana 
- É caracterizada pela dor de cabeça quando o paciente 
fica em decúbito dorsal e pior quando o paciente está em 
posição ereta, podendo ser primária (espontânea) ou 
secundária a alguma causa subjacente, como punção 
lombar. 
EPIDEMIOLOGIA 
- É uma patologia rara, tendo uma incidência de 5 casos 
a cada 100 mil pessoas por ano. 
FISIOPATOLOGIA 
- A causa mais importante é a perda de líquor, que se dá 
geralmente por laceração da dura-máter, em especial na 
região lombar em torno de estruturas císticas chamadas 
de cistos de Tarlov. 
- Qualquer fístula, em qualquer ponto dos envoltórios do 
sistema nervoso central, pode determinar a síndrome de 
hipotensão liquórica devido a perda do líquor. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 - A hipotensão intracraniana é caracterizada ṕr cefaleia 
postural, com localização variável, podendo ser 
associada a visão dupla por herniação dorombencéfalo 
e estar junto com zumbidos, náuseas e vômitos. 
DIAGNÓSTICO 
 - Feito através de ressonância magnética que mostra o 
realce dural com injeção do contraste gadolínio, com 
espessamento da dura-máter ou por meio da aferição da 
pressão de saída na punção lombar menor que 5 
cmH2O. 
TRATAMENTO 
 - É baseado no repouso do paciente no leito, sendo 
administrado cafeína e líquidos para reposição volêmica. 
Neuralgia trigeminal 
- É uma condição “terrivelmente dolorosa” provocada por 
estímulos sensoriais na distribuição do nervo trigêmeo. 
EPIDEMIOLOGIA 
 - Acredita-se que ocorra em 4 a cada 100 mil indivíduos 
por ano, sendo comumente em pessoas entre 50 e 70 
anos, com uma predisposição elevada em mulheres 
(5:1). 
- Quando em indivíduos jovens, esclerose múltipla pode 
ser associada a condição. 
- Em indivíduos mais velhos, uma dobra vascular no 
sistema vertebrobasilar pode causar a síndrome por 
compressão do trigêmeo. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- A dor da neuralgia do trigêmeo é caracteristicamente 
aguda, com característica penetrante e semelhante a 
choque elétrico na distribuição do nervo trigêmeo: 
- V1, quando ocorre dor ao redor do olho e testa 
- V2, quando ocorre dor na bochecha 
- V3, quando ocorre dor no queixo ou dentes inferiores 
- Sendo que a associação mais comum é entre V2 e V3. 
- Além disso, os paroxismos são curtos, com duração de 
minutos apenas, sendo que a intensidade varia de 
paciente para paciente, podendo ser até uma dor surda 
e interictal contínua, porém na maioria das vezes é 
exclusivamente paroxistica. 
- A dor pode ser desencadeada por atos diários simples, 
como tocar a face, escovar o dente, estimulação por 
corrente de ar ou mastigar alimentos. 
DIAGNÓSTICO 
- É realizado através da história patológica da doença, 
sendo enquadrado os sinais e sintomas conforme o 
paciente relata a dor, sendo o principal o tempo e o tipo 
de dor. 
TRATAMENTO 
- Pode ser tratada com medicamentos ou cirurgia. 
- Os medicamentos incluem carbamazepina (400 a 1.200 
mg) como primeira opção, podendo ser usado 
clonazepam, ácido valpróico, gabapentina, entre outros. 
- Já o tratamento cirúrgico inclui a descompressão 
microvascular, que pode aliviar os sintomas e preservar 
função sensorial. 
 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7

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