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ATLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO As síndromes hipertensivas da gestação (SHDG) são complicações que aumentam a incidência de morbimortalidade materna e perinatal. Juntamente com as infecções e as hemorragias, está entre as três causas de morte materna sendo essa a primeira no Brasil. Hipertensão arterial: o PAS de 140 mmhg ou superior. o PAD de 90 mmhg ou superior. Classificação das SHDG: o Pré-eclâmpsia: Leve/moderada. Grave. o Eclâmpsia. o Hellp Síndrome. o Superposição de pré-eclâmpsia. o Acidente vascular cerebral. Fisiologia da gestação normal: o A partir da 4° semana aumento do volume sistólico. o Aumento do plasma > aumento eritrocitário. o Aumento do débito cardíaco de 30 a 50 %. o Aumento dos fatores de coagulação. o Queda plaquetária. PRÉ-ECLÂMPSIA Ocorre após a 20° semana de gravidez. Anteriormente a esse período se chama Moléstia Trofoblástica. A pré- eclâmpsia é predominantemente uma patologia da primigesta. A etiologia da pré-eclâmpsia permanece desconhecida, mas acredita-se que seja da necrose das artérias espiraladas. Fisiopatologia: o Hipóxia placentária. o Produção de radicais livres. o Resposta inflamatória. o Apoptose placentária. o Liberação de debris na circulação. o Ativação plaquetária/endotelial. Obs.: Uso de ondansetrona nas primeiras semanas de gestação está associado a defeitos de fechamento orofacial. Alterações renais: A lesão mais característica é a endoteliose capilar glomerular, uma tumefação das células endoteliais que oblitera a luz dos capilares. Essa lesão é responsável por: o Proteinúria. o Oligúria. o Anúria. o Redução do fluxo plasmático da filtração glomerular. Alterações vasculares: A vasoconstricção determina resistência ao fluxo sanguíneo e aumento da pressão arterial. O vasoespasmo está relacionado com destruição endotelial juntamente com a hipóxia dos tecidos circunvizinhos que leva à necrose. o Há reatividade reduzida à angiotensina II e à noradrenalina, diminuída produção de óxido nítrico que é vasodilatador que leva a resistência vascular aumentada. Há diminuição da perfusão e aumento da pressão arterial. Alterações cardiovasculares: Ocorre hemoconcentração, podendo evoluir para edema agudo de pulmão. A hipovolemia poderá aparecer mesmo com perdas hemorrágicas habituais na hora do parto. A atividade contrátil miocárdica raramente é alterada. Alterações hepáticas: Na síndrome HELLP já necrose hemorrágica do tipo periportal, com depósito de material fibrinóide nos sinusóides responsáveis pelo aumento das enzimas hepáticas e dor no quadrante superior direito do abdome. Em casos raros, pode haver hematoma subcapsular que leva à rotura hepática. Alterações cerebrais: Pode haver edema, necrose hemorrágica, hemorragia difusa, trombos plaquetários ATLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA intravasculares e convulsões como efeito desses outros indicadores, descolamento da retina normalmente unilateral e com perda da visão e, raramente, amaurose. Alterações sanguíneas: Embora raramente acentuada, a trombocitopenia é a alteração hematológica mais comum. Ela ocorre quando há uma quantidade menor ou igual a 100.000 plaquetas por mm³. Em casos graves, pode causar hemorragia cerebral e hepática subcapsular, além de sangramento excessivo no parto. Alterações hidroeletrolíticas: Na gestante com pré- eclâmpsia, há retenção de sódio e água em quantidades superiores às da gestante normal. Isso causa edema de caráter generalizado que leva a um aumento insólito do peso materno e é mais comum nos dedos das mãos e na face. Alterações no sistema renina-angiotensina- aldosterona: A atividade da renina plasmática e a concentração de renina no plasma estão diminuídas na pré-eclâmpsia, assim como níveis de aldosterona e angiotensina II também. Alterações uteroplacentárias: A circulação uteroplacentária está reduzida entre 40 e 60%, o que explica grandes enfartes placentários, crescimento retardado da placenta, descolamento prematuro da placenta e determinantes de sofrimento fetal crônico. o Pode ocorres isquemia placentária causando queda de estrogênios. Toda a atividade uterina está aumentada e o útero fica mais sensível à ocitocina, gerando hipersistolia. Diagnóstico: Cada grávida tem que se beneficiar dos exames com avaliações de risco no pré-natal. Medir a pressão. Interpretação: o HAS após 20 semanas, primigesta tem 90% de chance de ser pré-eclâmpsia. o HAS antes 20 semanas ou que persiste 12 semanas o pós-parto = HAS crônica/essencial. o Pré-eclâmpsia antes de 20 semanas – Neoplasia trofoblástica. A forma leve: É diagnosticada quando há hipertensão precedida pelo edema visível ou oculto (aumento brusco de peso) e, excepcionalmente, por discreta proteinúria (traços ou menos de 0,5%). A forma grave: o Trombocitopeina grave (plaquetas < 100.000mm³). o Anemia hemolítica microangiopática. o Icterícia e/ou elevação das provas de função hepática. o Crescimento intra-uterino retardado. o Presença de esquizócitos. o Desidrogenase lática aumentada (LDH). o Creatinina maior ou igual 2mg/dl. o Hemorragias, papiledema e exsudato retinianos. Tratamento: Consiste na interrupção da gravidez e na prevenção das complicações maternas. Se não tratada, há maior risco de morte fetal e neonatal. O retardamento do parto pode ser adotado para se obter maior maturidade fetal. Tal conduta deve ser considerada se: o O feto for prematuro abaixo de 34 semanas. o A pressão arterial for apenas pouco elevada. o Não houver outros sinais de gravidade materna. o Não houver sofrimento fetal. A pré-eclâmpsia não remite espontaneamente. A doença piora com o tempo. Manter a monitorização e vigilância materna e fetal. Independentemente da idade gestacional, a interrupção da gestação deve ser considerada em vigência de sofrimento fetal. 1° Sofrimento fetal. 2° Eclâmpsia. 3° HELLP. ATLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA O estabelecimento de conduta frente à pré-eclâmpsia deve levar em consideração duas variáveis, idade gestacional e gravidade do quadro. Desta forma, três eventualidades devem ser analisadas: A. Pré-eclâmpsia leve no pré- termo. B. Pré-eclâmpsia leve no termo. C. Pré-eclâmpsia grave no pré- termo e termo. Via de parto: Indicação obstétrica – não ultrapassar 40 semanas. Corticoides: Usar entre 28ª / 34ª semana. O uso de corticoide reduziu: o Óbitos fetais. o Síndrome do desconforto respiratório neonatal. o Hemorragia intraventricular. o Enterocolite necrotizante. o Necessidade de suporte ventilatório. o Admissão em UTI neonatal. o Sepse neonatal precoce. Hipotensores: 1. Metildopa: 750 mg a 2g. 2. Hidralazina: 50 a 200 mg/dia. 3. Beta-bloqueadores: 10 a 30 mg/dia. 4. Nifedipina: 20 a 60 mg/dia. 5. Clonidina: 0,10 ; 0,15 e 0,20mg. Sulfato de magnésio: É a droga mais utilizada que diminui o número de convulsões. o Somente deve ser administrada quando houver presentes reflexo patelar, frequência respiratória maior ou igual a 16 irpm e diurese maior ou igual a 100mh/4h. Iminência de eclampsia: o Corresponde ao quadro de pré-eclâmpsia grave, caracterizado clinicamente por sinais de encefalopatia hipertensiva, dor no epigástrio e hipocôndrio direito. o Eclampsia é o aparecimento de convulsões seguidas ou não de coma, não atribuíveis a outras causas, em paciente com pré-eclâmpsia. o Assim, fica claro que não existe eclampsia sem pré- eclâmpsia. ECLÂMPSIA É a manifestação de convulsões e/ou coma não relacionada a outras alterações cerebrais em pacientes com sinais e sintomas de pré-eclâmpsia durante o ciclogravídico-puerperal. Tratamento: Manutenção das funções vitais maternas (hipertensão). Controle das convulsões. Colocar a paciente em posição semi-sentada com a cabeça virada para um dos lados. Há dois esquemas de administração do sulfato de magnésio: o Esquema de Zuspan: 4g a 6g via endovenosa com administração lenta (10min) como procedimento de ataque e 1g via endovenosa por hora para procedimento de manutenção, por 24h. o Esquema de Pritchard. Cuidados que devem sempre ser observados: o A aplicação da dose intravenosa deve ser efetuada lentamente (20 a 30 min). o Na aplicação intramuscular, deve-se primeiramente proceder rigorosamente antissepsia. A solução não deve ser totalmente aplicada no mesmo ponto: a agulha deve ser mobilizada de modo a espalhar o líquido em “leque”. A aplicação deve ser profunda e pode-se associar a lidocaína para diminuir a dor. o A administração da manutenção deverá ser suspensa caso a FR tenha <16 irpm, os reflexos patelares estejam completamente abolidos ou a diurese <100ml durante as 4h precedentes. ATLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA O gluconato de cálcio a 10% atua como antídoto. É indispensável manter sempre à mão uma ampola de 10ml, para aplicação imediata no caso de eventual parada respiratória, apesar de raramente ocorrer quando devidamente observadas as normas de aplicação e vigilância do sulfato de magnésio. Na recorrência de convulsões, utilizam-se mais 2g IV e aumenta-se a velocidade de infusão do sulfato de magnésio. Na persistência delas, com crises subentrantes, pode-se optar pela fenil-hidantoína, segundo o esquema: o Ataque: 350mg + SG 5% 250ml IV em gotejamento até completar a dose total de 750mg. o Manutenção: 100mg 8/8h IV e, a seguir, 100mg 8/8h VO, até a alta. Tratamento hipotensor: o Vários medicamentos são propostos, sendo o mais aceito a hidralazina. o Hidralazina em dose 5 a 20mg IV em bolus, intermitente em intervalos de 20min (1 ampola= 20mg; diluir em 9ml de SF 0,9% e aplicar 2,5ml ou 5mg). o Como alternativa, administra-se em infusão contínua venosa (20mg de hidralazina diluídos em 500ml de soro glicosado a 5%). Complicações: o Em caso de reflexo patelar ausente, suspender o uso de sulfato de magnésio e reavaliar a presença do reflexo a cada 15 min antes de se administrar a próxima dose. Fenitoína: Quando usada, pode apresentar pneumonia e maior intensidade de intubação e de internação em UTI. SÍNDROME HELLP A síndrome HELLP se refere ao paciente com pré- eclâmpsia grave que apresenta hemólise (H), níveis elevados de enzimas hepáticas (EL) e número baixo de plaquetas (LP). Seus sinais e sintomas se confundem com a da pré- eclâmpsia grave. Incluem dor epigástrica no quadrante superior direito, náuseas e mal-estar. As formas leves podem passar desapercebidas se não for feita a correta avaliação laboratorial. Ela não pode ser prevenida, mas a detecção precoce aumenta as chances de sobrevivência da mãe e do feto. As gestantes devem ser aconselhadas a iniciar precocemente o acompanhamento pré-natal, tem um número maior de consultas. Tratamento: o Não há tratamento específico. Alguns autores recomendam antecipar o trabalho de parto, apesar de a prematuridade ser um fator de morbidade encontrado nos casos de pré-eclâmpsia grave. Se a paciente estiver com menos de 32 semanas de gestação e os sintomas não forem severos, o médico pode optar pela abordagem conservadora com monitoração. Conduta: Implica na correção e/ou manutenção das condições maternas. o Punção de veia calibrosa. o Instalação de cateter pressão venosa central. o Sonda vesical de demora. o Monitorização dos sinais vitais. o Correção da CIVD (coagulação intravascular disseminada). o Plasma fresco congelado. o Crioprecipitado. o Concentrado de plaquetas. o Concentrado de hemácias. o A conduta obstétrica é a antecipação do parto, cuja via é de indicação obstétrica, independentemente da idade gestacional e uma vez avaliadas as condições maternas. UTI materna: ATLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA o A gestante hipertensa crônica em muito se beneficia com o uso de medicamentos. o A sedação e principalmente a terapêutica hipotensora são primordiais para um bom resultado materno e perinatal. o Os IECAS estão totalmente proscritos entre as gestantes pois levam à morte fetal, insuficiência renal fetal e crescimento retardado. Sua utilização deve ser restrita aos casos que obtiveram controle durante a gestação com outras drogas, e que no puerpério continuam hipertensas. o Os diuréticos devem ser utilizados de acordo com o caso. As pacientes que já estiveram em uso antes da gestação deverão continuar sempre, lembrando a queda fisiológica do 2° trimestre. As pacientes renovasculares diurético-dependentes serão extremamente beneficiadas com a continuidade da droga.
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