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04 - Fred Didier (Aula LFG)

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�LFG – PROCESSO CIVIL – Aula 04 – Prof. Fredie Didier – Intensivo I – 16/02/2009
COMPETÊNCIA
I - CONCEITO
Competência é palavra que se usa em vários ramos do direito. No direito constitucional estudamos as competências legislativas, no direito administrativo estudamos a competência como requisito do ato administrativo (competência da autoridade).
Competência é, do ponto de vista teórico, sempre uma limitação de poder. Competência é limite de poder. Competência é a quantidade de poder atribuída a um determinado órgão. Portanto, é um limite, uma quantidade. Como o objeto do nosso estudo é a jurisdição, competência para nós será a jurisdicional, ou seja, a quantidade de poder jurisdicional atribuída a um determinado órgão.
II – PRINCÍPIOS DA COMPETÊNCIA
Há dois princípios que regem a competência jurisdicional. Na verdade, são princípios da competência,qualquer que seja ela, inclusive a jurisdicional:
1) 	Princípio da TIPICIDADE DA COMPETÊNCIA 
A competência precisa ser típica, estar garantida ou prevista em texto legislativo. Normalmente, a competência é expressa. Ou seja, há texto expresso que atribui competência. Só que existe competência implícita. Por que tem que existir competência implícita. Não pode faltar órgão competente. Não pode haver uma situação em que não há órgão competente porque não há vácuo de competência. Não há nenhuma situação em que, vc, dominando toda legislação, chega à conclusão que ninguém é competente. E como sempre haverá um órgão competente, se não houver regra expressa pra alguém vc terá que extrair uma regra de competência de outra já existente. Não há regra, mas a competência é garantida. Exemplo: Na CF não há nenhuma regra que atribua competência ao STF para julgar embargos de declaração (que não tem nem previsão constitucional). Só que todo mundo sabe que o STF julga embargos de declaração de suas decisões. Essa regra não está escrita em lugar nenhum. Mas é implícita. Se o STF tem competência para julgar determinadas causas, tem competência, implicitamente, para julgar os embargos de declaração eventualmente opostos nessas causas. Daí ser possível falar em competência implícita, já que não pode ser possível exaurir toda competência possível.
2) 	Princípio da INDISPONIBILIDADE DA COMPETÊNCIA 
As regras da competência são indisponíveis. O órgão jurisdicional não pode alterar suas próprias regras de competência e não pode abdicar de sua competência. Como ele também não pode querer julgar a causa de outro juiz. O órgão não pode dispor das regras de competência. As regras de competência são postas e é o legislador que pode criar regras de alteração de competência. Só o legislador pode fazer isso. O órgão jurisdicional não pode. Para ele, essas regras são indisponíveis. O órgão julgador fica vinculado às regras de competência criada pela lei.
Kompetenz-Kompetenz – Há ainda um terceiro principio que rege a competência e que merece registro. Uma vez caiu num concurso e muitos não sabiam do que se tratava: Kompetenz-Kompetenz (para o professor, Princípio da COMPETÊNCIA MÍNIMA ou da COMPETÊNCIA ATÔMICA – acabou de inventar esse termo – atômica vem de átomo: não tem como dividir) – esse princípio diz o seguinte: todo juiz é juiz da sua competência. O que significa isso? Todo juiz tem a competência sempre, de examinar a própria competência. O que significa dizer que por mais incompetente que o sujeito seja, a ele sempre restará uma competência, qual é, a competência de se dizer a competência, uma espécie de competência mínima. Causa trabalhista perante o juiz federal: o juiz federal é incompetente. Mas é competente para se dizer incompetente. 
III – DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA
A competência é determinada pela lei. Como é que se distribui a competência no Brasil?
Em primeiro lugar, pela Constituição. É ela que faz a primeira grande distribuição para a competência do Brasil. O primeiro corte de competência se dá por ela. A Constituição cria cinco Justiças, que são, nada mais nada menos, que cinco grandes grupos, cinco grandes organizações de órgãos jurisdicionais. Já é o primeiro corte. Pega a jurisdição brasileira e a distribui em cinco grandes grupos:
Justiça Federal
Justiça dos Estados
Justiça do Trabalho
Justiça Militar
Justiça Eleitoral
A desportiva não é jurisdição. É equivalente jurisdicional. Justiça desportiva é um tribunal administrativo. A Justiça dos Estados tem competência residual. O constituinte estabelece a competência das outras quatro e o que não for da Competência das outras quatro é da competência estadual. A Justiça estadual fica com o que sobra da competência das outras justiças. As outras Justiças são administradas pela União, mas não são chamadas de Justiça Federal. Embora as quatro sejam compostas por funcionários federais, Justiça Federal com esse nome, é só uma das partes. A Estadual e a Federal são Justiças comuns. Isso porque são Justiças para uma generalidade de causas. Muito diferente da Justiça Eleitoral, Militar e do Trabalho que são especializadas.
Essa primeira grande repartição feita pelo constituinte gera uma primeira dúvida que devemos esclarecer: 
“Se um órgão jurisdicional não tem competência constitucional, ele é um juiz incompetente ou um não-juiz?”
Feita a pergunta, vamos trabalhar com um exemplo: imagine uma causa trabalhista proposta na Justiça Eleitoral. É um exemplo bizarro, mas que serve para fins didáticos. Para alguns autores, como Ada Pelegrini Grinover, nesses casos, o órgão jurisdicional é um não-juiz. O que significa isso? Ele é tão juiz quanto eu. Para ela, órgão jurisdicional que aprecia uma causa fora da sua Justiça é um não-juiz. Então, o juiz do trabalho que julga uma causa eleitoral é tão juiz quanto eu. Para Ada, o juiz só é juiz em sua Justiça. Se ele julga uma causa de outra Justiça, o que ele decide é uma não-decião, uma não-sentença, inexistente. E por ser inexistente pode ser impugnada a qualquer tempo, não fazendo coisa julgada.
Não é esse o pensamento majoritário. Mas é o pensamento de Ada e, portanto, temos que saber. O pensamento majoritário entende que o caso é de juiz incompetente. Ele não é um não-juiz. Até por conta do princípio da competência atômica ou da competência mínima. Sempre há a competência de dizer incompetente. O juiz do trabalho profere decisão jurisdicional ao se dizer incompetente para a causa eleitoral. É importante registra o pensamento minoritário, mas de prestígio porque um dos adeptos é Ada Pelegrini.
Feita a distribuição pela Constituição, termos leis federais e leis estaduais que cuidam de distribuir a inda mais a competência. As leis estaduais, cuidando, obviamente, da justiça dos estados. Então, há uma nova etapa da distribuição da competência, ora por lei federal, ora por lei estadual. Lembrando que ainda há as Constituições estaduais, que organizam as jurisdições em cada Estado, portanto, distribuem competência também.
Ainda há a distribuição da competência feita pelos regimentos internos dos tribunais. Só que é preciso ter cuidado. O regimento interno do tribunal não cria a competência para o tribunal. O regimento interno do tribunal pega a competência já atribuída ao tribunal pelas leis, pela Constituição, e distribui essa competência internamente. O papel do regimento interno é essa: distribuir a competência internamente, entre os órgãos do tribunal. O regimento interno é norma que distribui internamente uma competência que a lei já atribuiu. Isso salvo o Regimento Interno do STF. A CF de 1969 dava ao STF competência legislativa para legislar sobre os processos que iam para o Supremo. E editou o Regimento Interno de 1980. Então, o STF sempre entendeu que seu regimento era lei. O problema é que a Constituição mudou e não há mais a regra prevista na de 1969. então, qualquer um de nós diria que o Regimento Interno diria que não pode ser recebido como lei. Mas os Ministros do STF não interpretam dessa forma, mas que o seu regimento foi recepcionado como lei. Então, o regimento do Supremo que fora lei, numa época em que poderia mesmoter sido, continua lei porque o STF entendeu que tem natureza de lei. Então, o Regimento Interno do STF é um ser esdrúxulo.
Distribuída a competência pela legislação (em sentido muito amplo), desde a CF até o regimento interno de um tribunal, remanesce uma dúvida. Imagine que vc é locador e quer despejar o inquilino. Qual é o Juízo competente? Despejo é juiz estadual. Aí a lei de organização judiciária daquele Estado e vê competente para julgar aquele despejo é uma vara cível. Mas há 30 varas cíveis. A partir daí, a lei não diz mais nada. O que ela diz é que o seu despejo pode ser processado em uma das trinta varas cíveis de salvador. E aí para. Na legislação só se chega até aqui. Chega a um ponto que o legislador não responde a última pergunta: qual é o juízo competente para a sua causa. O legislador responde quais são todos aqueles que teoricamente podem julgar a causa. Então, dentre todos os competentes é preciso saber qual dentre todos aqueles irá julgar a sua causa. Então é preciso chegar a esse último momento, o momento em que se sai da lei e se vai para a concretização. Esse momento se chama determinação da competência, que é o quarto ponto da nossa aula.
IV – DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA OU FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Qual é o juízo competente para um determinado caso concreto? Pela legislação, só saberemos qual é o juízo que pode ser o competente, até chegar o momento que essa regra se concretize.
Quem cuida do tema é o art. 87, do CPC. É ele que determina como é que se identifica o juízo competente para o caso concreto. Esse artigo é um dos mais importantes da aula de hoje.
“Art. 87 - Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.”
Vamos examiná-lo por partes: “Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta.” - O legislador estabeleceu o momento que vc saberá qual é o juízo da sua causa e o momento é a data da propositura da ação. Nessa data, vc saberá qual é o juízo competente para a sua causa. O problema é saber: qual é a data da propositura da ação. 
A ação se considera proposta na data da distribuição ou, não havendo necessidade de distribuição (e não há necessidade da distribuição quando houver apenas uma vara e um juiz), na data do despacho inicial. 
Isso está no art. 263, do CPC. Esse é o momento que vc sabe qual é o juízo competente para a sua causa. 
Voltando ao art. 87: “São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente” - Essa segunda parte do artigo estabelece a chamada regra da perpetuação da jurisdição. O que é isso? Identificado o juízo competente para a causa, é lá que a causa será julgada. Pouco importa o que aconteça depois. Fatos supervenientes não deslocarão a causa para outro juízo. Por isso se diz que são irrelevantes as modificações de estado de fato e de direito ocorridas posteriormente. Ou seja, se cabe competência, ali ela se perpetua. Essa regra tem o nítido propósito de dar estabilidade ao processo, para que não fique como um nômade, pulando de comarca em comarca sempre que ocorresse uma coisinha nova. Se fosse assim, não haveria decisão ou demoraria demais para chegar. Essa é uma regra de estabilização, dentre outras várias regras de estabilização.
Exemplo: entre nós prevalece a regra de que a causa tem que ser demandada no foro do réu, no domicílio do réu. Vc propõe uma ação em Salvador porque o réu mora em salvador. O réu muda para Manaus. Se não houvesse essa regra, o processo iria atrás do réu. Para evitar esse processo saltimbanco, vem essa regra de estabilização.
A perpetuação é regra de estabilidade, pouco importa o que aconteça depois. O problema é que o art. 87 não acabou. Tem uma parte final: “salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.” Esse trecho final estabelece duas exceções, duas hipóteses em que se quebra a perpetuação da jurisdição. O que a gente vai estudar a partir de agora são situações excepcionais em que a causa vai sair do juízo em que se perpetuou e vai para outro juízo.
A primeira hipótese é um pouco óbvia: a supressão do órgão judiciário. É óbvio que se o órgão foi extinto, as causas deverão ser redistribuídas. Os tribunais de alçada foram extintos. As causas que ali tramitavam foram deslocadas. Isso é simples. 
A segunda hipótese é mais complexa: também haverá deslocamento (porque não haverá perpetuação) se houver mudança de competência em razão da matéria ou de hierarquia. Se por um fato superveniente o juízo perde competência em razão da matéria ou da hierarquia, a causa tem que sair dali e ir para o juízo que agora tem competência em razão da matéria ou da hierarquia. Se um fato superveniente tira a competência, a causa tem que sair dali e ir para o novo juízo.
Atenção: a gente até agora não examinou o que é competência em razão da matéria e em razão da hierarquia. Então vcs vão ter que acreditar em mim. Onde se lê: competência em razão da matéria ou da hierarquia, leiam, competência absoluta. Ou seja, se houver mudança de competência absoluta, haverá a quebra da perpetuação da jurisdição. Competência em razão da matéria ou da hierarquia são exemplos de competência absoluta. A jurisprudência disse que esse rol é exemplificativo. Não apenas nesses casos, mas em qualquer caso de competência absoluta. Se houver uma mudança de competência absoluta, qualquer que seja o caso, a competência será transferida de juízo. Veremos essa matéria (competência absoluta) daqui a pouco. 
Neste momento o que temos que saber: se houver mudança superveniente da competência absoluta haverá a quebra da perpetuação. Exemplo clássico: a causa da Justiça estadual que envolvia acidente de trabalho teve que ser deslocada para a Justiça do Trabalho em 2004. Depois da E-45 houve uma ampliação da competência da Justiça do Trabalho. Causas que antes tramitavam na Justiça estadual foram deslocadas para a Justiça do Trabalho. Ora, por que as causas foram remetidas? Porque houve uma mudança superveniente de competência absoluta, em razão da matéria. O estadual não tinha mais competência para julgar aquela matéria. Mas se o juiz estadual já tivesse julgado a causa, não tinha que remeter. Isso é verdade? Sim. Se ele já julgou a causa, vai remeter para quê? Se ele julgou a causa quando ele era competente, tá valendo. Por isso, a jurisprudência, corretamente, disse que as causas já julgadas por juízes estaduais ao tempo em que eram competentes, ficam na justiça estadual. Aquelas não julgadas devem ser remetidas. O que é correto.
Atenção: o art. 87, que é aquele que fixa a competência e cria a perpetuação da jurisdição, tem um pressuposto que não está dito mas que deve ser sempre lembrado: qual ´q o pressuposto da aplicação do art. 87? Esse artigo pressupõe que o juízo onde a causa se perpetuou é competente. Porque se esse juízo é incompetente, não vai se perpetuar ali. Se eu proponho a causa no juízo incompetente, a outra parte vai alegar incompetência. Só se perpetua se o juízo onde a causa for proposta for competente. Caso contrário, não haveria nada haver regra de competência. Então, o art.87 pressupõe que se o juiz recebeu a causa, ele será o julgador, caso causa superveniente que altere sua competência absoluta.
V – CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA
	1ª)	 Classificação da Competência: ORIGINÁRIA e DERIVADA
	Originária é a competência para conhecer e julgar a causa pela primeira vez, originariamente. É a competência para fazer o primeiro exame da causa. A originária costuma ser dos juízos de primeiro grau, dos juízos singulares. A regra é a de que se proponha a ação perante o juiz singular, de primeiro grau. Essa é a regra. Embora haja casos de ações de competência originária de um tribunal, que podem tramitar originariamente em um tribunal. É o caso da ação rescisória de sentença, como é o caso do mandadode segurança contra ato de juiz.
	Derivada é a competência para julgar recurso. Ou seja, é a competência para julgar em um segundo momento. Por isso é derivada. Qual é a regra? A regra é a de que a competência derivada é sempre do tribunal. E que tem exceção. Há casos que são raros, mas existem, de juízes de primeira instância com competência recursal. Na execução fiscal, em causas de até 50 ORTN's (não existe mais, mas é algo em torno de R$ 500,00), o recurso contra a sentença é julgado pelo próprio juiz da causa. É esquisito, mas é assim. É o caso de competência derivada para juiz de primeira instância. Esse recurso tem um nome esquisito: embargos infringentes de alçada. Por que alçada? Porque tem essa indicação de valor da causa.
	Não achem que nos juizados especiais, porque a turma recursal é composta por juízes, então é caso de competência de juiz. Quem tem competência derivada do juizado é a turma recursal, que é outro órgão. O órgão não é o juiz que forma turma, mas a turma recursal em si. Não é porque o juiz de primeiro grau forma a turma, há competência derivada desse juiz. Porque a competência derivada, como dito, é da turma. 
	Quando o juiz é convocado para o tribunal, ele atua no tribunal como se fosse um desembargador. Não é caso de juiz com competência derivada, mesmo porque quando ele atua no tribunal quem julga é a Câmara do Tribunal. Ela que é o órgão competente. Se a câmara é composta por juízes de 1º grau convocados, isso é irrelevante.
	
	2ª) 	Classificação da Competência: ABSOLUTA e RELATIVA
Essa segunda classificação é mais importante.
Uma regra de competência absoluta é criada para atender ao interesse público. E, por isso, é uma regra que se submete a um regime jurídico bastante rigoroso. Exemplo: o desrespeito a essa regra, a uma regra de competência absoluta, pode ser constatado ex officio. O juiz, de ofício, pode reconhecer a sua incompetência absoluta. 
Qualquer das partes pode alegar a qualquer tempo a incompetência absoluta. E quando o professor fala “a qualquer” tempo, está falando a qualquer tempo enquanto o processo tiver pendente. Não é qualquer tempo para todo o sempre. É a qualquer tempo enquanto o processo estiver pendente. E pode alegar a incompetência absoluta por qualquer forma. Não há uma forma preestabelecida. Qualquer das partes pode alegar a incompetência absoluta, enquanto o processo estiver pendente, por qualquer forma estabelecida.
Já uma regra de competência relativa é uma regra para atender ao interesse de uma das partes. E por conta disso, só o réu pode alegar a incompetência relativa. O juiz não pode, de ofício, reconhecer a sua incompetência relativa. Tem até uma Súmula, a 33, do STJ. E o réu tem que fazer isso no primeiro momento que lhe couber falar nos autos, sob pena de preclusão. Ou seja, sob pena de o juiz inicialmente incompetente tornar-se competente porque o réu aceitou. O juiz que era relativamente incompetente. O réu não alegou. A incompetência relativa desaparece e o juiz se torna competente. 
Pela legislação brasileira, o réu tem que alegar incompetência relativa por meio de exceção de incompetência relativa. Isso significa que a exceção é uma petição escrita formal que gera um incidente processual. A exceção de incompetência relativa é um incidente processual formal, com petição escrita. É uma formalidade (completamente desnecessária, diga-se de passagem) que o legislador criou para o réu alegar incompetência relativa. Enquanto a absoluta pode ser alegada de qualquer maneira (não há forma pré-estabelecida), para a relativa, há forma preestabelecida, com alguns requisitos, que vai gerar um incidente. Isso é o que está na lei. Se cair no concurso uma defesa do réu para alegar incompetência relativa, é preciso fazer uma exceção de incompetência relativa (peça separada).
A jurisprudência do STF se deparou com vários casos em que o réu alegava incompetência relativa em sua contestação. Ao invés de seguir o que manda o código e alegar por exceção, ele alegava no bojo da contestação. O juiz dizia que nem examinava porque pela lei, só posso examinar por meio de exceção. Isso foi bater no STJ que disse o seguinte: é possível alegar incompetência relativa alegada em contestação, desde que não cause prejuízo ao autor. Duro é imaginar um caso em que isso cause prejuízo ao autor. Isso não existe. Alegar em contestação não dá para causar prejuízo ao autor. A formalidade só se justifica para proteger alguém. Como lidar com isso no concurso? Se vier: “a incompetência relativa se alega por exceção.” Isso é verdade. Letra do Código. Mas já caiu em prova de marcar: “a incompetência relativa pode ser alegada em contestação se isso não causar prejuízo ao autor.” Verdade também. Nesse caso, o texto da questão se refere à jurisprudência cuja construção FD considera correta. Nem sempre a questão de concurso fala que se refere a texto de jurisprudência. 
A incompetência, qualquer que seja ela, absoluta ou relativa, não gera extinção do processo. Isso significa que quando o juiz reconhece a sua incompetência ele não extingue o processo, mas remete os autos ao Juízo competente. O reconhecimento da incompetência leva à remessa dos autos ao Juízo competente. É uma forma de aproveitamento do ato muito boa. O Código é muito claro: tem que remeter.
Mas há dois casos (antes eram três) em que a incompetência gera a extinção do processo. São casos tão excepcionais que talvez nem merecessem ser mencionados. A lei do juizado diz que a incompetência do Juizado gera a extinção. É uma característica do sistema do juizado. O segundo caso, bastante razoável, é da incompetência internacional. Isso é o seguinte: eu proponho uma ação no Brasil, mas a ação deveria ter sido proposta na Austrália. Não tem sentido nenhum o juiz remeter os autos à Austrália. Então, a incompetência internacional gera a extinção do processo. Houve um caso que desapareceu: antes, o Regimento Interno do STF dizia que nos casos de incompetência do Supremo, ele extinguia o processo e não remeter. Até que chegou um caso (e foi por isso que eles mudaram), um mandado de segurança que levou três anos para ser julgado, onde eles se declararam incompetentes e extinguiram o processo. Aí, um Ministro disse: se a gente extinguir o processo aqui, três anos depois, ele não vai mais nem poder propor o MS no lugar certo. Ia perder prazo por culpa nossa. Então, excepcionalmente, remeteram o ato ao tribunal competente. Depois disso, mudaram o regimento. 
Só há uma diferença entre o reconhecimento da incompetência da absoluta e da relativa. Ambas geram a remessa ao juízo competente, mas a incompetência absoluta (só ela) gera, ainda, a anulação dos atos decisórios. Atos decisórios (só os decisórios) já praticados por Juízo absolutamente incompetente são nulos. Uma liminar dada por um juiz relativamente incompetente continua produzindo efeitos mesmo que depois os autos sejam remetidos a um outro juízo. 
(fim da 1ª parte da aula)
As regras de competência absoluta não podem ser modificadas por conexão ou continência (ver adiante o que é conexão e continência), nem podem ser alteradas pela vontade das partes.
As regras de competência relativa podem ser alteradas por conexão ou continência e também pela vontade das partes. A modificação voluntária das regras de competência relativa pode ocorrer de maneira tácita ou expressa. A forma tácita é o silêncio do réu. É a não oposição da exceção de incompetência. Se ele faz isso, mantém silêncio, tacitamente está aceitando a modificação de competência. Há casos de modificação expressa de regras de competência relativa. É o chamado foro de eleição ou cláusula de escolha de foro ou foro contratual. 
Foro de eleição ou cláusula de escolha de foro ou foro contratual – Duas pessoas, ao celebrar um negócio jurídico, podem escolher onde as causas relacionadas àquele negócio terão de tramitar. É a escolha do território, do foro, da unidade territorial. Não é a escolha do fórum porque há cidades que tem mais de um fórum, como SP. Percebam que essa clausula serefere às causas relativas ao negócio, que são aquelas relacionadas ao cumprimento do negócio, à resolução do negócio, à interpretação do negócio. O foro de eleição tem que ser escrito. Não há foro de eleição oral e nada impede que haja mais de um foro de eleição. Imagine um contrato celebrado por pessoas que moram em lugares distintos, uma em SP e a outra no RJ. Nada impede que façam o contrato e estipulem que se a pessoa em SP quiser propor uma ação contra a pessoa que mora no RJ, propõe no RJ e a que mora no RJ, propõe em SP. Nada impede que façam isso. É uma forma de proteger ambas as partes. Foro de eleição é manifestação de autonomia privada. 
Em relação ao foro de eleição há uma grande dúvida. Freqüentemente ocorre que em contrato de adesão em relação de consumo, haja cláusula de foro de eleição, mas é um contrato de adesão. Não é porque o contrato é de adesão que não pode haver cláusula de foro de eleição. Há cláusulas lícitas, razoáveis sobre foro de eleição nesse tipo de contrato. Seria estranho fazer o curso em Salvador e assinar contrato contendo foro de eleição em Manaus. Não dá para estudar esse assunto de maneira enviesada, achando que não pode haver foro de eleição em contrato de adesão. Pode! Mas pode ser que esse foro seja abusivo. Da mesma forma que pode haver o foro de eleição em contrato de adesão abusivo. E quando há essa abusividade é que surge a discussão. Foro de eleição se relaciona à competência relativa (duas pessoas optam em demandar em algum lugar). Quando o CDC disse que cláusulas abusivas em contrato de consumo são nulas, os juízes passaram a reconhecer isso de ofício. 
No início da década de 90, o consumidor de Fortaleza fazia um contrato de adesão com uma empresa em Porto Alegre, dizendo que o foro de eleição é Porto Alegre. O consumidor não pagava a dívida e a empresa executava esse sujeito em Porto Alegre. O juiz de Porto Alegre, percebendo que se tratava de contrato de adesão de consumo, percebendo que o consumidor morava em Fortaleza, concluía tratar-se de cláusula abusiva e, baseado no permissivo do CDC, reputava nula essa cláusula e remetia os autos a Fortaleza, domicílio do consumidor. Isso começou a acontecer no Brasil todo. O juiz, diante de uma cláusula de consumo proposta pelo fornecedor, anulava o foro de eleição por abusivo, remetia para o domicílio do consumidor. Aí surgiu uma dúvida: isso não é regra relativa? Sendo competência relativa, pode o juiz remeter de ofício? Sendo competência relativa ele pode declinar de ofício? Nesse caso, excepcionalmente, o juiz está declinando de ofício um caso de incompetência relativa. O Brasil todo discutindo isso, foi bater no STJ que disse que nesse caso, admitiu a possibilidade de o juiz, constatando a abusividade da cláusula do foro de eleição remeter os autos ao domicílio do consumidor. Ao consagrar esse entendimento, o STJ deixou de aplicar a Súmula 33 que dizia que o juiz não pode conhecer de ofício de incompetência relativa. Mas no caso de consumo, isso foi excepcionado. Caiu no concurso: “a incompetência relativa não pode ser conhecida de ofício, salvo se decorrente de nulidade de foro de eleição em contrato de consumo.” Isso está certo de acordo com a Jurisprudência do STJ.
O tempo passa e vem a reforma do código, acrescentando o § único ao art. 112, do CPC:
“§ único. A nulidade da cláusula de eleição de foro em contrato de adesão pode ser declarada de ofício pelo juiz que declinará de Competência para o juiz de competência do réu.”
O legislador consagrou o entendimento jurisprudencial com uma diferença: é que a jurisprudência foi criada para os contratos de adesão de consumo e o legislador generalizou para todo e qualquer contrato de adesão (até porque é regra do CPC e não do CDC). Em qualquer contrato de adesão o juiz pode de ofício anula-la e remeter de ofício ao domicílio do réu.
Seria ótimo se pudéssemos parar por aqui. Contudo, o legislador colocou mais uma regra, que é o art. 114, que foi reescrito:
“Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais.”
Olha a diferença: o juiz pega a causa, vê que o foro é abusivo. Anula o foro e remete ao domicílio do réu. Se o juiz não vê nada e manda ouvir o réu que vem e não fala nada, preclui. O juiz pode controlar de ofício, mas se não fizer isso e ouvir o réu e o réu não falar nada, preclusão. É uma situação sui generis. Por quê? Porque é um caso em que o juiz pode conhecer de ofício, mas não pode conhecer a qualquer tempo, daí o hibridismo da regra. Porque a gente aprendeu que quando o juiz pode conhecer de ofício, ele pode fazê-lo a qualquer tempo. Aqui, ele pode de ofício, mas não a qualquer tempo. É regra nova, que não pode ser ignorado. Esta regra mais se assemelha a regra de competência relativa. Digamos que seja uma regra de competência relativa com uma pequena variação genérica (pode conhecer de ofício em um momento).
VI – CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO DO JUÍZO COMPETENTE
A doutrina, de um modo geral identifica três critérios de determinação de juízo competente, isso é muito difundido. Esses três critérios convivem entre si, de modo que todo juiz vai ter que aplicá-los. Em qualquer caso, a competência terá que ser examinada de acordo com esses três critérios que não se excluem.
1º) 	Critério: OBJETIVO
É aquele que distribui a competência conforme a demanda, de acordo com aquilo que foi levado ao judiciário. Demanda é o problema que foi levado ao judiciário. Toma-se por base a demanda para identificar qual é o juízo competente. Por isso é um critério objetivo. Leva em conta a demanda para saber o juízo competente. 
A demanda tem três elementos: partes, pedido e causa de pedir. 
Importante: O critério objetivo leva em consideração à demanda. Como a demanda tem três partes (parte, pedido e causa de pedir), o critério objetivo se subdividiu em três sub-critérios. Aí fica fácil. Se o critério objetivo se relaciona com a demanda que tem três elementos, cada três sub-critérios objetivos se relaciona com cada um dos elementos da demanda.
Em relação à pessoa: competência em razão da pessoa. 
Em ralação ao pedido surgiu a competência em razão do valor da causa.
Em relação à causa de pedir surgiu a competência em razão da matéria.
Vamos entender quais são essas três espécies de competência que se relacionam com o objeto da demanda: 
Competência em razão da pessoa – é a competência definida pela presença de um dos sujeitos litigantes. A presença de um sujeito litigante torna o juízo, um juízo competente. É uma competência definida pela parte cuja presença faz com que o juízo seja competente. É o que acontece com boa parte das regras de competência da Justiça Federal. Presente um ente federal em juízo, a justiça federal é competente. A presença da pessoa faz com que o juízo seja competente. 
A competência em razão da pessoa é absoluta. 
O mais famoso caso de competência em razão da pessoa, o mais comum é a competência das varas privativas da Fazenda Pública. Praticamente em toda grande comarca, há vara privativa da Fazenda Pública. Se a FP é parte, a causa tem que tramitar naquela vara privativa. Atenção (essa parte é um pouco difícil): não é toda comarca que tem vara de fazenda pública. Uma pequena comarca do interior, não terá vara privativa de FP. Terá vara única que abrange todas as matérias, de intervenção à execução fiscal. O que começou a acontecer na prática: Na Bahia há varas privativas da FP em Salvador. O cidadão era demandado em Cocos, cidade do interior baiano que fica a 1000 km de Salvador. Lá é vara única. O Estado da Bahia demandava em Cocos e disse um dia: juiz de Cocos, vc não pode me processar porque sou Fazenda Pública e o processo tem que ir pra Salvador. O juiz discordou, sob o argumento de que como aquela comarca não tinha vara privativa, seria demandado na Vara única de cocos. Isso foi bater no STJ. 
Súmula 206 do STJ: A existência de vara privativa, instituída por lei estadual não alteraa competência territorial resultante das leis de processo.
Isso quer dizer que se eu tenho que demandar o Estado em determinado território que não tem Vara da Fazenda Pública, demando na vara comum. O fato de haver vara de FP em uma comarca e não ter em outra, não significa que todas as causas que envolvam a FP tenham que ir para essa comarca. Salvador não atrai todas as causas do Estado da Bahia. As causas que tramitam contra o Estado da Bahia em Salvador são atraídas para a Vara de Fazenda Pública. O Estado não tem o direito à vara privativa. Se ela existir, a causa vai pra lá. É isso o que significa a Súmula 206, rotineiramente cobrada em concurso.
Competência em razão do valor da causa – Todo mundo sabe que há juízos que tem Competência em razão do valor da causa, que é um critério para ser levado em consideração para atribuir Competência. O caso mais famoso é do Juizado. E no juizado essa competência estabelece um teto: nos estaduais, 40 salários mínimos. Significa que não posso demandar nos juizados especiais estaduais causas acima de 40 salários mínimos. Se eu demando no juizado pedindo 80 milhões vc diria que o juizado é incompetente, cabendo a extinção do processo. Num análise primeira, o processo seria extinto. Mas se vc demandou lá, a regra é que vc está abrindo mão do excedente. Para não discutir competência, para não ter que extinguir o processo, supõe que, como o autor demandou no Juizado, está abrindo mão do excedente ao teto de 40 salários mínimos. É uma técnica interessante para não ter que extinguir por incompetência. Pouca gente sabe disso. Você pode pedir 3 trilhões de dólares no Juizado e demanda. Se chegar na audiência de conciliação por mil reais e se vc fizer a conciliação por 1 milhão de mil reais, vale a conciliação porque não há teto para a conciliação. Há teto para a condenação. Eu posso pedir o quanto quiser, te tiver acordo, ele pode ser feito em qualquer valor. O que não pode ser feito é o juiz condenar acima do teto. Tem muito atendente de juizado que se nega a aceitar pedido acima de 40 salários. Não pode negar porque, e se tiver acordo? 
Competência em razão da matéria – Essa é uma competência em razão da natureza da relação jurídica discutida: Competências em causas de família, de consumo, causas cíveis... O que define a competência aqui não são os sujeitos e nem o valor, mas sim a natureza do que se discute. É o caso das justiças especializadas. É possível combinar esses critérios? Claro. Por exemplo: Vara da Fazenda Pública: competência em razão da pessoa. Vara da Fazenda Pública só para questões tributárias. Só para questões de servidores. Competência em razão da pessoa cumulada com competência em razão da matéria. Se especializa ainda mais.
Tudo isso é apenas o primeiro critério, que é o objetivo e seus sub-critérios: pessoa, matéria e valor. Pergunta do concurso: existe relação entre o critério objetivo e os elementos da ação?” Toda. Como se explica? A ação tem três elementos, para cada elemento da ação há um sub-critério objetivo. Aí é relacionar.
2º) 	Critério: FUNCIONAL
O processo contém várias funções para o órgão jurisdicional. O órgão jurisdicional, durante o processo, tem que realizar diversas funções. Parece bobagem, mas é muita coisa: receber a petição inicial, ouvir o réu, julgar... São várias funções a ser exercidas durante o processo. O legislador pega essas funções que devem ser exercidas ao longo do processo e as distribui entre os diversos órgãos. E cada função que se exerce no processo é uma competência: para receber a causa, para citar o réu, pra colher prova, para julgar... São competências funcionais, Competências para exercer funções dentro de um processo. Pense num processo como um todo e as diversas funções quase exercem nele. As diversas funções são distribuídas. A competência funcional não tem nada a ver com a matéria ou com a pessoa. É a competência para exercer uma função dentro de um determinado processo.
A competência funcional é absoluta e costuma ser dividida pela doutrina em competência funcional vertical e competência funcional horizontal. Essa é uma divisão clássica.
Competência funcional vertical – essa divisão de competência visualizada entre duas instâncias diferentes. Primeira e segunda instâncias. Quando há distribuição de Competência entre instâncias, trata-se de competência vertical. É o que acontece com a competência originária e derivada. A idéia de competência originária e derivada é uma distribuição de competência funcional. Vertical porque a distribuição é feita entre duas instâncias. 
Competência funcional horizontal – A distribuição da competência funcional pode se dar na mesma instância. Na mesma instância o legislador redistribui as funções, sem que haja mudança de instância. Na mesma instância o legislador distribui a função. É a competência funcional horizontal. Exemplo do processo penal porque é mais fácil. É o exemplo do júri. Mesma instância: Cabe ao juiz pronunciar e ao júri condenar. Competência para pronúncia e competência para absolvição e condenação. São competências funcionais distintas na mesma instância. Se o júri condena, volta para o juiz dosar a pena. As diversas funções estabelecidas por órgãos diferentes na mesma instância. É uma competência funcional horizontal porque feita na mesma instância.
3º) 	Critério: TERRITORIAL
É saber onde a causa deve ser processada. A competência territorial é, em regra, uma competência relativa. Por que em regra? Porque há casos de competência territorial absoluta, ou seja, competência territorial que se submete a todo o regime da competência absoluta. São casos excepcionais.
Atenção: a lei pode criar uma competência territorial absoluta. Olha o que aconteceu: algumas pessoas que aprenderam que competência territorial é relativa, diante de regra de competência territorial absoluta, não aceitavam e passaram a chamá-la de competência funcional. Isso não faz o menor sentido, mas o cara lia aquela regra, via que era absoluta e não aceitava aquela regra territorial absoluta. E concluía que, se era territorial não poderia ser absoluta e como a situação não se encaixava em nenhum outro critério, começou a chamar de competência funcional que é absoluta. Começou a surgir um problemaço: diante de uma regra de competência territorial absoluta, a doutrina começa a chamar de competência territorial. Há, então, duas correntes terminológicas: Aquela que diante de uma regra de competência territorial absoluta diz que ela é funcional e aquela que diz que não, que é territorial absoluta. E sempre há os ecléticos que dizem o seguinte: que se trata de regra territorial funcional. É um híbrido. Os autores mais novos já não discutem mais isso: é territorial absoluta, excepcional, que foge do padrão e ponto. 
Sabendo da existência dessa discussão, vcs vão entender o que aconteceu com a lei de ação civil pública. diz o art. 2º, da lei nº 7.347/85:
“Art. 2º As ações previstas nesta lei serão propostas no foro do local onde ocorreu o dano (portanto, competência territorial), cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.”
Vc lê esse artigo e fica sem entender nada porque essa lei foi feita por autores que seguem aquela linha segundo a qual uma competência absoluta não pode ser territorial. O que o art. 2º quer dizer? Que a competência do foro do local do dano é absoluta e vc jamais pode errar! É o tipo da questão que não se erra no concurso público. Não se pode errar: competência do foro do local do dano na ACP é absoluta. O legislador chama de funcional, mas vc sabe que é absoluta.
A Lei de ACP é mais antiga, de 1985. De lá pra cá houve evolução da legislação brasileira nesse tema, a começar pelo fato que a Lei de ACP só se refere ao dano, onde ocorreu o dano. E se a ação for preventiva? A gente viu na aula passada que é possível uma ação antes do dano. Então, é preciso ler corretamente: onde ocorrer ou deva ocorrer o dano. É preciso interpretar historicamente porque a CF garantiu a tutela antes do dano. Então eu posso entrar com a ACP preventiva.O tempo foi passando e chegamos ao ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (que é de 1990): 
“Art. 209. As ações previstas neste artigo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou a omissão cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa.”
Já é uma redação muito mais técnica. 5 anos depois, Constituição no mesmo caminho. E não fala mais na bobagem da competência funcional. Já é aqui, nitidamente, um artigo escrito com outro apuro técnico e 5 anos depois. Já não compete o barbarismo de chamar de competência funcional. E já prevê a ação preventiva.
Chegamos ao Estatuto do Idoso, uma lei de 2003:
“Art. 80. As ações previstas neste capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta.”
É o caso de competência territorial absoluta. E a própria lei chama de absoluta.
Mas aqui tem um problema: Desde 1985: na ação coletiva envolvendo idoso o local do dano tem competência absoluta. É um padrão da nossa legislação onde na ação coletiva, a competência territorial é absoluta e o Estatuto do Idoso segue esse padrão. Só que o problema é que o idoso quer propor ação no juizado. Interpretação correta quando se tratar de ação individual: o direito tem o direito de propor em seu município, se assim quiser. É direito dele. Exatamente como acontece com as causas de consumo onde o consumidor tem o direito de demandar em seu domicílio. Se eu, consumidor, quero propor ação em Porto Alegre, eu posso. Mas seu eu tenho direito de demandar no meu domicílio. No estatuto do idoso, se for ação coletiva, segue-se o padrão: local onde houve idoso. Se for individual, o idoso tem o direito de demandar em seu município, mas não é competência absoluta. O idoso pode demandar no local do réu.
Nós vimos que há casos de competência territorial absoluta, excepcionais porque a regra é de que a competência territorial seja relativa. Por isso, vamos estudar as duas regras básicas de competência territorial:
1ª Regra básica (geral):	A ação tem que ser proposta no domicílio do réu (art. 94, 						do CPC) no caso das ações pessoais e todas as ações reais 					mobiliárias.
Essa regra geral se aplica para todas as ações pessoais. O que é uma ação pessoal? É a que versa sobre direito pessoal. Se a ação veicula direito pessoal é ação pessoal. E também se aplica aos casos de ações reais mobiliárias, ou seja, se eu tenho uma ação que verse sobre bem móvel, domicílio do réu. Se eu tenho ação pessoal (móvel ou imóvel), domicílio do réu. Isso é a regra. O direito real pode recair sobre móvel ou sobre imóvel. Se eu falo de ação real, vc só pensa em invasão de terra. Só. Não consegue pensar numa usucapião de uma caneta. Isso é ação real mobiliária. Isso em concurso público é tragédia. “fale sobre a intervenção do MP na ação de usucapião.” a candidata começou a falar na ação de imóvel. Só que a pergunta foi na ação de usucapião. Mas ela não falou na usucapião de bem móvel. Hoje ela é juíza, mas não passou para o MP. Há um problema no nosso cérebro com relação a isso. Pensou em ação real, só pensa em imóvel. Não se sabe por que algumas pessoas pensam que avião é imóvel. O professor assegura que já viu aviões se mexerem. O que acontece é que o avião pode ser hipotecado. Então, vira imóvel porque pode ser hipotecado? O avião é imóvel sujeito a registro e pode ser hipotecado em razão do seu valor prefere se dar um regime de garantia próprio da hipoteca e não do penhor. 
2ª Regra básica (geral): 	Para as ações reais imobiliárias o foro é o da situação da 						coisa.
Despejo. É ação imobiliária, só que não é ação real. É ação pessoal e se funda em contrato de locação. Cuidado. Não pense que é porque se tem imóvel no meio que será foro de situação da coisa. É o foro de situação da coisa se for imóvel e direito real sobre imóvel. Porque se for direito pessoal sobre imóvel, vale o domicílio do réu. É um outro defeito que a gente tem, de achar que toda ação envolvendo imóvel é real. Pode ser imobiliária e ser pessoal. Para cair no foro de situação da coisa, tem que ser real.
O legislador permite outros dois foros além do da situação da coisa. Ele diz: ação real imobiliária tem que ser proposta no foro de situação da coisa. Ponto. Mas também pode ser proposta em dois outros foros e aí cria três foros competentes. Situação da coisa, foro de eleição ou domicílio do réu. O legislador diz: ação real imobiliária: situação da coisa. Mas também pode ser foro de eleição e domicílio do réu. E não acabou aí. Em sete situações só pode ser na situação da coisa. Não tem as duas outras opções. Nesses sete casos em que a ação imobiliária tem que tramitar na situação da coisa, não há as duas outras opções, a competência é absoluta. 
E é isso que pega na hora da prova. O examinador coloca lá na questão um caso concreto. Não vai dizer que é ação real e nem que é imobiliária. O juiz declina da competência e aí pergunta se está certo ou errado. Vc pensa que a competência territorial é relativa e, se ele declinou, vc acha que está errado. Só que se ele declinar nesses sete casos, ele está certo porque nesses sete casos, a competência territorial é absoluta. O professor estuda os sete casos da seguinte maneira e desenvolveu um método para gravar: fez um time de futebol de salão: “propriedade no gol. Zaga: posse e servidão. No meio-campo: nunciação de obra nova e direito de vizinhança. No ataque: demarcação e divisão de terra. Nessas sete ações reais imobiliárias a competência é absoluta. Ou seja: o que está fora: usufruto não está, enfiteuse não está. Outras ações reais, envolvendo outros direitos reais, não estão aqui. 
Dica: O Código de Nelson Néri, na parte que cuida das ações possessórias, traz uma tabela grande com todas as ações reais, dizendo o que é ação real, objetivo, prazo, legitimados, etc. Também explica o que é ação demolitória, usucapião, reintegração de posse, nunciação de obra nova. Ele cita as ações reais e seus nomezinhos estranhos e insuportáveis que vez por outra aparecem. FD sugere que copiemos a tabela que ele não pode reproduzir no livro dele por razões óbvias, mas aquela tabela está ótima. A tabela pega duas páginas do livro. Sensacional para concurso público. Os nomes das ações reais são cheios de graça. Está no art. 95, do CPC.
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