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Ana Laura Octávio - TXXII TRAUMATOLOGIA FORENSE – ASFIXIOLOGIA ASFIXIA - Supressão da respiração decorrente de energia físico-química, produzindo impedimento da penetração do ar atmosférico na árvore respiratória (inibição da hematose). - Com esse agente físico-químico (sólido, líquido) que bloqueia as vias respiratórias (fator físico), é gerado a inibição da hematose – diminuição do oxigênio e aumento de gás carbônico (fator químico), levando a acidose respiratória e hipóxia dos tecidos. - A morte é gradual e dolorosa, sendo um homicídio qualificado/crime hediondo. CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS 1. ASFIXIA POR OBSTRUÇÃO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS - Constrição cervical: ▪ Enforcamento. ▪ Estrangulamento. ▪ Esganadura (mãos). OBS.: Estruturas comumente passiveis de lesão nas asfixias por constrição cervical: osso hioide, cartilagem tireóidea, cartilagem cricóide, artérias carótidas, veia jugulares, artérias vertebrais e vertebras cervicais. - Sufocação direta: ▪ Oclusão dos orifícios respiratórios (narinas, boca). ▪ Oclusão das vias respiratórias (laringe, faringe – aspiração de corpo estranho, vômitos ou introdução de instrumentos dentro da boca). 2. ASFIXIA POR RESTRIÇÃO AOS MOVIMENTOS DO TÓRAX (sufocação indireta) - Compressão direta da caixa torácica. - Fraturas costais múltiplas. - Paralisia dos músculos respiratórios. 3. ASFIXIA POR MODIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE - Confinamento: não entra ar atmosférico ou é escasso. - Soterramento. - Afogamento (líquido bloqueia a entra de ar na via respiratória). 4. ASFIXIA POR FADIGA MUSCULAR - Crucificação. TRÍADE ASFIXICA 3 sinais presentes em todas as modalidades de asfixia. 1. Sangue escuro – ausência de oxigênio e maior concentração de gás carbônico (exceção no afogado que fica mais claro, em razão da diluição). Ana Laura Octávio - TXXII 2. Congestão poli visceral (sinal de Étienne Martin) ▪ Vísceras estão cheias de sangue. ▪ Esforço para respirar: vísceras aumentam a atividade. 3. Equimose ou mancha de Tardieu ▪ Regiões conjuntivas, subpleural e subpericárdica. ▪ Indica esforço/luta para respirar (rompimento de pequenos vasos sanguíneos). ▪ Presente tanto nas vítimas quanto nos sobreviventes. SINAIS EXTERNOS - Máscara equimótica de Morestin: ▪ Rosto e tórax arroxeado (extremamente cianótico). ▪ Encontrada em cadáveres e em vítimas de tentativas de asfixia. - Cogumelo de espuma: ▪ Face congesta e arroxeada. ▪ Pode estar presente ou não nas narinas e boca (pode-se limpar). ▪ Presente obrigatoriamente na laringe, traqueia e brônquios. ▪ Indica que a vítima estava viva ao tempo da submersão. ▪ Resultante de mistura de gás, saliva e proteínas alveolares. - Escoriações reproduzindo as palpas digitais, unhas. FASES DA ASFIXIA 1ª FASE (fase anestésica/cerebral) – duração de 1 minuto e meio, náuseas, dispneia, angústia perda de consciência. Hipoxemia, individuo faz esforço para receber oxigênio. 2ª FASE (fase convulsiva) – duração de 2 minutos, contração dos músculos respiratórios e da face, hipertensão arterial e convulsão. 3ª FASE – respiração lenta, insuficiência cardíaca direta, esgotamento da vítima. 4ª FASE (fase terminal) – duração de 5 minutos, bradicardia, arritmia, óbito. OBS.: Se for salva, pode apresentar sequelas no SNC. SUFOCAÇÕES - Asfixia provocada por mecanismos que obstaculizam a entrada de ar nos pulmões, não sendo produzida pela submersão nem pela constrição cervical. SUFOCAÇÕES DIRETAS - Obstáculos mecanismos nas aberturas aéreas (nariz, boca, faringe, laringe). 1. Oclusão acidental - RN dormindo com os pais (RN não tem reflexo). - Panos, travesseiros. Ana Laura Octávio - TXXII - Aspiração de corpos estranhos (balas, moedas, brinquedos pequenos). - Ataque epilético. - Embriaguez nos adultos. 2. Oclusão criminosa - Envolver a cabeça da vítima com panos. - Sacolas plásticas. - Travesseiros no rosto. SUFOCAÇÕES INDIRETAS - Impossibilidade de realizar movimentos do tórax devido a força ou peso excessivo que lhe impede. 1. Compressão homicida 2. Compressão acidental ESGANADURA - Obstrução cervical pela mão. - Forma de asfixia provocada pela constrição do pescoço diretamente pela mão . - Sempre pensar em homicídio, infanticídio, crimes sexuais. SINAIS EXTERNOS - Contusões no pescoço: equimoses, escoriações e hematomas. - Estigmas ungueais. - Lesões de defesa nas mãos e antebraços. - Equimoses de Tardieu (pequenas manchas arredondadas de sangue coagulado). - Cogumelo de espuma. SINAIS INTERNOS - Tríade asfixia. - Cogumelo de espuma. - Fraturas ósseas. - Fraturas de cartilagem. - Lesões vasculares. ESTRANGULAMENTO - Constrição cervical por um laço (força externa). - Causa da morte: homicida, suicida, acidental (homicídio é a primeira hipótese). - Disposição do laço na região cervical: horizontal transversa. - Presença de sulco na região cervical no mesmo sentido do laço. SINAIS EXTERNOS Ana Laura Octávio - TXXII - Sulco de Bonnet: ▪ Transversal/horizontal. ▪ Completo (mesmas característica em toda circunferência – mesma profundidade, largura etc.). ▪ Único ou múltiplo (depende do número de voltas do laço). ▪ Sem presença de sinal de nó. ▪ Não apergaminhado/enrugado. ▪ Inferior a cartilagem tireóidea. SINAIS INTERNOS - Tríade asfixia. - Cogumelo de espuma. - Fraturas ósseas. - Fraturas de cartilagem. - Lesões vasculares. ENFORCAMENTO - Asfixia na qual a contrição do pescoço se faz por um laço que é acionado pelo próprio peso da pessoa. - A hipótese sempre é suicídio. TIPOS - Completo: vítima fica totalmente suspensa no ar, nenhuma parte do corpo está apoiada em alguma superfície. - Incompleto: a vítima se encontra parcialmente suspensa, parte do corpo s encontra apoiado em alguma coisa. - Típico: nó se encontra localizado na região cervical posterior. - Atípico: nó se encontra localizado na região cervical anterior ou lateral. OBS.: Assim, tem-se 4 tipos de enforcamento. SINAIS EXTERNOS - Cianose facial. - A cabeça pende para o lado oposto do nó. - Sulco de Bonnet: ▪ Ascendente/oblíquo. ▪ Único. ▪ Desaparece a nível do nó. ▪ Profundidade variável (mais profundo no lado oposto do nó). ▪ Bordas desiguais. ▪ Apergaminhado. ▪ Superior a cartilagem tireóidea. Ana Laura Octávio - TXXII SINAIS INTERNOS - Triada asfixia. - Cogumelo de espuma. - Fraturas ósseas. - Fraturas de cartilagem. - Lesões vasculares. AFOGAMENTO - Modalidade de asfixia, no qual o indivíduo é introduzido em meio líquido ou semilíquido e ocorre penetração deste líquido nas vias respiratórias. - Hipótese de acidente. - Período da morte: ▪ Em água doce – entre 4 e 5 minutos. - Essa água, ao atingir o sangue, provoca uma hemodiluição com destruição das hemácias (hipoxia imediata). ▪ Em água salgada – entre 8 e 12 minutos. - Saída de líquido do sangue para o espaço alveolar (hemoconcentração – hipoxia mais lenta). - 80% dos casos “quase afogados” apresentam acidose metabólica severa, podem apresentar falha multissitêmica (mal prognostico neurológico). CLASSIFICAÇÃO - Afogado azul: verdadeiro afogado, com sinais de asfixia (morreu por asfixia). - Afogado branco: previamente morte, sem sinais de asfixia (morreu por outra causa). SINAIS EXTERNOS - Temperatura baixa da pele. - Enrugamento da pele (mão de lavadeira). - Pele anserina (pele de ganso – “arrepiado”, pelos eretos). - Cogumelo de espuma. - Retração do mamilo, escroto e pênis. OBS.: Após muito tempo em água, a digital dos dedos desaparece (água quente faz a digital voltar – quente e não fervendo). - Dentes rosados: entra sangue para a região interna do dente. SINAIS INTERNOS Dois sinais de indicam afogamento: 1. Presença de águanas vias respiratórias, digestivas e ouvido médio (obrigatório nas 3 regiões). 2. Presença de corpos estranhos no líquido das vias aéreas. - Diluição do sangue (hidremia). - Tríade asfixia: sangue claro, diluído. Ana Laura Octávio - TXXII - Cogumelo de espuma (obrigatório). - Manchas de Paltauf: exclusivas do afogamento, rompimento de vasos sanguíneos subpleurais (iguais, só que de maior tamanho). - Sinal de Wydler: período agônico – líquido nas vias digestivas (individuo perde consciência e abre a boca). MICROSCOPIA - Pode se encontrar fragmentos de corpos estranhos. - Rompimento dos segmentos alveolares (pela entrada de líquido – enfisema aquoso).
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