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Contabilidade Andreia Marques Maciel A pr es en ta çã o Contabilidade A contabilidade é, para os administradores, uma das principais ferramentas que auxiliam no processo de tomada de decisão. É por meio dela que os resultados das ações e estratégias adotadas são demonstrados e transformados em valores monetários. Mesmo aqueles gestores que não possuem relação direta com o departamento financeiro percebem a necessidade de entender os “números” da empresa para ter condições de discu- tir e avaliar esses resultados. Diante disso, este curso de Contabilidade busca principalmente apresentar uma visão geral deste tema para que você, como usuário, possa entender e utilizar ao máximo as informações transmitidas por essa ciência. Caso você tenha interesse, um aprofundamento poderá ser feito seguindo as bibliografias indicadas no final de cada tema. Para termos condições, no final deste estudo, de interpretar as informa- ções contidas nos relatórios contábeis, estudaremos este assunto dividido em sete unidades. Na primeira unidade veremos a importância e o objetivo da Contabilidade com foco na obtenção de informações úteis no processo de tomada de decisão. A unidade dois tem como objetivo apresentar alguns detalhes do princi- pal relatório contábil: o Balanço Patrimonial e as suas especificidades. Na unidade três será apresentada a dinâmica das alterações que ocorre nesse relatório de acordo com as operações básicas. No tema quatro será apresentado outro importante relatório contábil: a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e como pode ser evidenciado o desempenho da empresa e a eficiência dos gestores em obter lucro. Na unidade cinco aprenderemos como as contas são classifi- cadas (Patrimoniais e de Resultado) e como se dá o encerra- mento de Receita e Despesa. A unidade seis apresentará por meio da Demonstração do Resultado do Exercício como se dá a apuração do lucro (bruto, operacional, antes do IR e do lucro depois do IR, do lucro líquido). 4 Contabilidade U nU Ua Ue U Para finalizar, a unidade sete apresenta o Custo da Mercadoria Vendida e Resultado da Conta com Mercadorias (RCM) e, também, como se dá a contabilização de compra e venda e como pode ser realizado o controle de estoque e quais os métodos e diferenças existentes entre eles. U nU Ua Ue U A Contabilidade e os demonstrativos financeiros Na primeira unidade veremos a importância e o objetivo da Contabilidade com foco na ob- tenção de informações úteis no processo de tomada de decisão. Vamos lá? Objetivos da sua aprendizagem • Conhecer a importância e os objetivos da Contabilidade com foco na obtenção de informações úteis no processo de tomada de decisão. • Identificar os usuários e o que eles procuram na Contabilidade. • Mostrar quais são as regras seguidas na elaboração dos relatórios contábeis. • Conhecer os conceitos iniciais do Balanço Patrimonial e demonstrar para que serve e como utilizar a Contabilidade como administrador. Você se lembra? Você se lembra de uma situação do seu dia a dia em que seja necessário utilizar a Contabilidade? Claro que sim. Existem muitas situações, desde as mais simples às mais complexas. As pessoas e as empresas necessitam da Contabilidade. Por exemplo: Na fila de um banco, aguardando para ser atendido, você já deve ter ouvido pessoas ao seu redor comentando sobre o saldo de suas contas, o valor das tarifas do banco e outros. Bem, a Contabilidade tem um papel importantíssimo nesse entendimento. 6 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o U.U ImportâncUa e objetUvo Ua ContabUlUUaUe Atuando como administrador (a), você certamente terá como atri- buição analisar a rentabilidade do seu departamento, fazer uma análise comparativa da sua empresa com o setor que ela atua, tomar uma decisão de modernizar as máquinas, controlar (incluindo também cortar) os cus- tos, entre muitas outras. Inevitavelmente, você precisará das informações fornecidas pela Contabilidade. Para uma melhor utilização da Contabilidade, é necessário também um conhecimento da importância dessa ciência e dos seus princípios. Para entendermos bem como é utilizada e qual é o objetivo da Contabilidade veremos um caso adaptado de Ribeiro, 2003, que contextualizará o assun- to e que irá propiciar a apresentação dos conceitos iniciais. Suponha, neste momento, que você pretende se tornar comerciante. Você irá constituir uma empresa para comprar e vender artigos esportivos (roupas, tênis e acessórios) e até já tem o nome da loja: Ventura. Depois de passar pela fase de decidir qual o tipo de negócio você quer ter, surgem as suas primeiras dúvidas: — Eu vou constituir uma empresa com o quê? O que preciso ter para montar o meu negócio? Você precisa de um capital. — O que é capital? Capital é um valor em dinheiro que você usará para comprar tudo o que precisa para constituir (montar) o seu negócio. Consideraremos, então, que você possui R$ 40.000 em dinheiro e que esse valor será suficiente para iniciar suas atividades comerciais. Pronto! Esse montante de R$ 40.000 em dinheiro é seu capital inicial. — Pois bem, agora que eu já tenho no bolso R$ 40.000 em dinheiro separado para iniciar meu negócio, qual será o próximo passo? Antes de você começar a comprar alguma coisa é preciso providen- ciar o local para se instalar. — Local? Você precisa de um estabelecimento que poderá ser uma casa, uma sala, uma loja num shopping etc. Tendo decidido onde se instalar, você assinará um contrato de loca- ção do imóvel, preferencialmente,situado num local privilegiado da sua cidade. Com a assinatura do contrato de locação, você não precisou pagar nenhum dinheiro hoje, mas se comprometeu a pagar o valor de R$ 800 7 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o mensais pelo aluguel, e o valor referente a esse mês será pago no dia 10 do mês seguinte e assim sucessivamente. — Agora que já tenho o capital e o ponto comercial, o que farei? Você precisará procurar um escritório de Contabilidade para provi- denciar a legalização da sua empresa. — Legalização da minha empresa? Sim. Essa legalização consiste no registro da sua empresa em vários órgãos públicos, para que ela adquira personalidade jurídica. — E o que é personalidade jurídica? Veja bem: você é uma pessoa física, é uma pessoa natural. Quan- do você nasceu, seus pais providenciaram o seu registro no Cartório de Registro Civil. A Certidão de Nascimento foi o primeiro documento que comprovou a sua existência perante a sociedade, dando-lhe condições de exercer a sua cidadania. As empresas, em geral, sob o ponto de vista legal, também são consideradas pessoas – não de existência física, mas de exis- tência jurídica. Para que as empresas adquiram a personalidade jurídica e possam exercer suas atividades mercantis, precisam ser registradas em vários órgãos públicos. — E em quais órgãos públicos devo registrar minha empresa? Tratando-se de empresa comercial, como é o caso da sua empresa de artigos esportivos, o registro deverá ser feito em, pelo menos, seis órgãos públicos: Junta Comercial do Estado, Secretaria da Receita Federal, Pre- feitura Municipal, Secretaria da Fazenda do Estado, Previdência Social e Sindicato de Classe. — E como efetuarei esses registros? O contador do escritório que você escolheu preencherá os documen- tos e os formulários, recolherá taxas e entregará a documentação exigida em cada um desses órgãos. Suponhamos que, após 30 dias, sua empresa já esteja constituída e com CNPJ – Código Nacional de Pessoa Jurídica – comprovandoque ela está devidamente registrada. Daqueles R$ 40.000 representativos do seu capital inicial, você pagou R$ 2.000 ao escritório de Contabilidade o qual, além de providenciar a lega- lização da sua empresa, comprou livros fiscais, mandou confeccionar talo- nários de notas fiscais e adquiriu um equipamento emissor de cupom fiscal. — Agora que minha empresa está devidamente cadastrada nos ór- gãos públicos competentes, qual deverá ser o próximo passo? 8 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Para abrir as portas do seu estabelecimento comercial, você precisa- rá comprar os móveis e os utensílios necessários para equipar a sua loja. — Móveis e utensílios? Compreendem os bens adquiridos para uso próprio. Suponha que tenha adquirido os seguintes bens: duas vitrines, quatro balcões, dez pra- teleiras, um computador, cinco cadeiras, um sofá e quatro espelhos. Por todos esses bens você pagou R$ 12.000, em dinheiro. — E os artigos esportivos para a venda? Pois bem, agora você deverá adquirir as mercadorias. — O que são mercadorias? A palavra mercadoria é muito utilizada nos meios comerciais e serve para representar todos os bens que a empresa comercial compra para revender. Presumi-se, então, que você adquiriu R$ 30.000 em mercadorias, R$ 20.000 você pagou à vista, em dinheiro, e R$ 10.000 você comprou a prazo, para pagar após 60 dias. Pronto! Agora sua empresa está instalada, montada. Você já gas- tou parte do seu capital inicial, contraiu uma Obrigação (a dívida de R$ 10.000 com o fornecedor das mercadorias) e, a partir desse momento, já pode abrir as portas de sua loja e começar a trabalhar. Ah! Eu já ia me esquecendo. No dia 10, você pagou R$ 800 do aluguel (mesmo antes de começar a funcionar). Também foi preciso fazer alguns reparos no imóvel (parte elétrica, hidráulica, alvenaria e pintura) para que fique bem apresentável e, para isso, você contratou uma empresa que presta serviços e pagou R$ 2.200 em dinheiro. Recapitulando tudo o que aconteceu até aqui, responda às seguintes perguntas: 1. Qual é o valor de capital da sua empresa? 2. Quanto, em dinheiro, você gastou até o presente momento e qual o seu saldo em caixa? 3. Qual é o valor de estoques de mercadorias da sua empresa? 4. Qual é o valor das suas Obrigações? Certamente, com rápidos cálculos, você encontrou a resposta a to- das essas perguntas. Confira: 1. O valor do capital é R$ 40.000. 2. Os gastos foram: R$ 2.000 – Contador para registro da empresa R$ 12.000 – Bens (móveis e utensílios) 9 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o R$ 2.200 – Manutenção do imóvel R$ 800 – Aluguel do imóvel R$ 20.000 – Mercadorias pagas à vista R$ 37.000 – Total de gastos Assim, o saldo em caixa é de R$ 3.000 (R$ 40.000 capital inicial - R$ 37.000 gastos) 3. O valor do estoque de mercadorias é de $30.000. 4. A Obrigação (dívida) que tenho a pagar é: $10.000 para os fornecedores. Agora que sua empresa existe e poderá começar a funcionar, a mi- nha pergunta para você é: Qual é o principal objetivo do seu negócio? Certamente você responderá que é a obtenção de lucros. Para isso, você precisará vender as mercadorias não é mesmo? Para que ocorram as transações comerciais, você precisará constan- temente comprar as mercadorias dos seus fornecedores, que poderão ser à vista ou a prazo, bem como vendê-las aos seus clientes, também podendo ser à vista ou a prazo. Vamos, desta forma, raciocinar nos colocando no lugar da empresa (pessoa jurídica). Quando você (empresa) faz uma compra de mercadorias a prazo do seu fornecedor, você gera uma obrigação de pagar esse fornecedor, uma vez que ele já lhe entregou a mercadoria. Por isso, a palavra fornecedores nos relatórios emitidos pela contabilidade está ligada à obrigação de pagar (para o fornecedor) uma compra feita a prazo. No caso da venda para um cliente a prazo, quem tem a obrigação de pagar é o cliente, a você (empresa) resta o direito de receber esse valor uma vez que já entregou a mercadoria. Retomando: • Se você (empresa) compra a prazo, você tem uma obrigação com seu fornecedor. • Se você (empresa) vende a prazo, você tem um direito de rece- ber dos seus clientes. As pessoas que vão se relacionar com a sua empresa, direta ou indi- retamente, são conhecidas nos meios comerciais por terceiros. São muitos os acontecimentos que ocorrem na empresa: recebimen- to de correspondências, organização das prateleiras, cotações de preços, vendas à vista e a prazo para clientes, compras à vista e a prazo dos forne- cedores, empréstimos bancários, entre muitos outros. 10 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Os acontecimentos que interferem no patrimônio da empresa, aque- les que aumentam ou diminuem a riqueza da mesma, são conhecidos por fatos administrativos. Neste caso, são eles: vendas à vista (para clientes), vendas a prazo (para clientes), compras à vista e a prazo (dos fornecedo- res), empréstimos bancários. São esses fatos administrativos que a Conta- bilidade deve captar, registrar, acumular, resumir e interpretar. Já os acontecimentos que não interferem no patrimônio da empre- sa são conhecidos por atos administrativos. São atos administrativos no nosso exemplo, o recebimento de correspondências, a organização das prateleiras e as cotações de preços. Esses atos não mudam a situação do patrimônio da empresa e não são registrados na Contabilidade. Imagine então que, passados dois anos desde a constituição da sua empresa, eu fui visitar você. Daquela pequena loja só restou o nome: Ven- tura. Você ampliou o seu negócio: comprou o imóvel que alugava; cons- truiu um prédio com academia de ginástica; salas para nutricionistas, fi- sioterapeutas, ortopedistas e, no último andar, uma lanchonete para maior conforto dos clientes. Além, é claro, de uma loja enorme com grandes gal- pões para estocar mercadorias. Também conseguiu ampliar seu negócio e montou filiais nas cidades da região. Possui mais de 10 mil clientes cadas- trados e 200 fornecedores, sendo alguns do exterior, dos quais compra as mercadorias importadas. A quantidade de funcionários também cresceu; hoje são mais de 100. Movimenta contas- -correntes em oito bancos dife- rentes e, a todo momento, existem na sua loja muitos clientes comprando à vista e a prazo, pagando prestações etc. Diante desse maravilhoso sucesso da sua empresa, faço as seguintes perguntas (sempre me referindo a você como representante da empresa): 1. Qual é o valor do capital da sua empresa hoje? 2. Quanto você gastou em dinheiro até o presente momento, con- siderando desde o dia em que constituiu a sua empresa e qual é o saldo em caixa? 3. Qual é o valor do estoque de mercadorias? 4. Qual o montante em dinheiro você possui depositado neste momento, considerando todas as contas-correntes bancárias da empresa? 5. Se parte do seu dinheiro está aplicado no mercado financeiro, qual é o montante dessas aplicações e quais são elas? 6. Quais são as suas dívidas e para quem você deve? 11 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o 7. Quanto você deve aos fornecedores de mercadorias e quanto terá que desembolsar amanhã, na próxima semana, neste mês e daqui a três meses? 8. Quantos clientes você tem que são pontuais e quantos são inadimplentes? 9. Quanto você tem para receber de seus clientes ainda hoje, amanhã, daqui a dez dias e no próximo mês?10.Quanto vale o patrimônio da empresa hoje? 11.Quanto você já apurou de lucro, ou será que já apurou prejuí- zo em seu negócio? Certamente, você não conseguirá responder a essas perguntas com a mesma rapidez que respondeu às perguntas que fiz quando sua empresa era recém constituída. Acredito que você já pode perceber que há a necessidade de se manter um controle do patrimônio da sua empresa e é exatamente aí que a Contabilidade entra em cena. A Contabilidade é, de forma geral, um sistema de informações que controla o patrimônio de uma entidade contábil (pessoa jurídica ou pes- soa física). Essas entidades podem ser entendidas como qualquer tipo de organização de pessoas ou grupos de pessoas que queiram explorar uma atividade econômica. Não importa se é uma indústria, uma prestadora de serviços ou um comércio. Todos os tipos de empresas são atendidas pela Contabilidade. Não somente as que visam ao lucro, mas também empresas sem fins lucrativos e filantrópicas (creches, asilos, santas casas etc.), organizações não gover- namentais (as tão famosas ONG’s), os municípios, Estados e todo o setor público. Quando essas entidades (empresas) se utilizam da Contabilidade é possível saber como o dinheiro investido está sendo usado e como ocorreu a evolução do patrimônio da empresa com o passar do tempo. Para isso, a Contabilidade tem como objetivo: captar todos os fatos administrativos (lembrando que são aqueles fatos que afetam o patrimô- nio) ocorridos na empresa; registrar esses fatos; acumular esses fatos num sistema; resumir o que ocorreu num determinado período e demonstrar esse resumo o qual será interpretado pelas pessoas que utilizam a Contabi- lidade. Dessa forma, a Contabilidade estará fornecendo informações úteis que vão ajudar no processo de tomada de decisão. 12 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o captar registrar acumular resumir interpretar U.2 UsuárUos Ua ContabUlUUaUe Os usuários são as pessoas que se utilizam das informações contá- beis com algum interesse. Os interesses desses usuários são os mais varia- dos, dentre eles, podemos destacar: Quem são O que procuram Proprietários (sócios): têm interesse no futuro e no sucesso da empresa; tendem a ser cautelosos nas finanças. • Ver como a empresa está em com- paração aos anos anteriores e a con- corrência. • Garantir que o dinheiro que eles aplicaram está seguro. Investidores (acionistas): investem dinheiro ou têm ações da empresa; sua análise costuma ser detalhada. • Informações sobre a empresa que permita comparações com outras, de modo que dê pra escolher entre elas. • Indicações de que o lucro aumentará. Quem empresta dinheiro: faz emprés- timos a serem pagos em até 12 meses (curto prazo) ou acima de 12 meses (longo prazo). • Indícios de que a empresa será capaz de pagar os juros das dívidas. • Os bens da empresa, caso a dívida não seja paga, e o negócio sofra uma crise. Concorrentes: estão interessados na atuação financeira da empresa e nas estatísticas empresariais dos rivais. • Aumento de vendas, da parcela de mercado, de lucros líquidos e da efici- ência total da empresa. • Informações sobre a estrutura de custos. Gerentes/empregados: trabalham para a empresa e dependem dela para rece- ber os seus salários. • Garantir que a empresa continue a operar com competitividade. • Números que reflitam o seu esforço e competência durante o ano. Clientes/fornecedores: precisam saber se estão lidando com empresas finan- ceiramente sólidas e respeitadas. • Continuidade de fornecimento e ne- gócios sem desistências. • Capacidade de a empresa pagar pe- las mercadorias compradas e entregar as mercadorias no prazo. Funcionários do fisco/governo: exa- minam os relatórios financeiros para ver se são aceitáveis e precisos; verifi- cam o montante de impostos devidos. • Relatórios bem preparados seguindo a legislação. • Solidez nas contas, quando compa- radas às de empresas similares. 13 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Quem usa as informações contábeis? Os usuários das informações contábeis são pessoas físicas e jurí- dicas que as utilizam para registrar e controlar a movimentação de seus patrimônios bem como aqueles que, direta ou indiretamente, tenham esse controle; na apuração do resultado; na avaliação da situação patri- monial; econômica e financeira; na análise do desempenho e do desen- volvimento da entidade, como titulares (empresas individuais), sócios, acionistas (empresas societárias), gerentes, administradores, governo (Fisco), fornecedores, clientes, bancos etc. Contabilidade básica, Editora Saraiva E, para que todos esses usuários possam tirar informações confiá- veis dos relatórios, a Contabilidade segue as regras básicas apresentadas no tópico a seguir. U.3 Regras básUcas Ua ContabUlUUaUe A questão é: quais são as regras que a Contabilidade segue para conseguir demonstrar a situação patrimonial de uma empresa? Falaremos aqui, de forma geral, porque, apesar de ser um assunto muito importante no ensino da Contabilidade, o nosso objetivo é aprender a Contabilidade para sermos bons usuários e não responsáveis pelo processamento e divul- gação dos resultados contábeis. Neste estudo, veremos essas regras, conforme apresentado por Araújo e Assaf (2004) e Marion (2005) na figura 1, como num edifício dividido em três partes: alicerce (fundação, base), paredes (constitui cada compartimento) e telhado. 14 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Objetividade Custo Histórico Denominador Comum Monetário Realização da Receita Confrontação da Despesa Essência sobre a Forma Materialidade Consistência Conservadorismo Entidade Contábil Continuidade Postulados, Princípios e Convenções Figura 1 – Regras da Contabilidade. ARAÚJO E ASSAF, 2004, p.17 Neste edifício, primeiro analisaremos a base que é formada por duas premissas aceitas sem questionamentos, ou seja, não é preciso provar que elas existem, todos já consideram a existência dessa base como uma rea- lidade. Na ilustração, podemos observar essas duas premissas, chamadas postulados contábeis, como sendo: entidade contábil e continuidade. Em Contabilidade, o primeiro pressuposto é de que existe uma pes- soa (física ou jurídica – que é a empresa) para a qual será feita a contabi- lidade. Essa pessoa é chamada entidade contábil. No caso apresentado, a empresa comercial Ventura é uma entidade contábil, representando o primeiro postulado contábil. Os sócios ou proprietários da empresa são entidades contábeis (nesse caso, pessoa física) distintas da pessoa jurídica que é a empresa. Assim, não se deve misturar a contabilidade da empresa com a contabilidade dos sócios (são pessoas diferentes – uma é jurídica outra é física). Também consideramos que a entidade contábil, no caso a Ventura, não tem prazo determinado para fechar. Ou seja, partimos da premissa de que a Ventura é um empreendimento que vai ter continuidade por um período in- determinado, daí o nome do segundo postulado contábil: continuidade. Esses dois pressupostos, que são chamados de postulados contábeis, sustentam as paredes da nossa construção. Essas paredes são as regras 15 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o básicas que orientam sobre como devem ser feitos os registros contábeis e são denominadas princípioscontábeis: custo histórico, denominador comum monetário, realização da re- ceita, confrontação da despesa e essência sobre a forma. Os princípios contábeis norteiam a elaboração da Contabilidade propriamente dita. O telhado é para nosso edifício uma cobertura que está abrigando toda a construção. Da mesma forma, temos os limites de atuação do profissional contábil que serve para to- dos os seus trabalhos. Essas regras, conhecidas como convenções são: objetividade, materia- lidade, consistência e conservadorismo. Seguindo todas essas regras, a Conta- bilidade é capaz de fornecer relatórios que possibilitam o acompanhamento das mudan- ças no patrimônio da empresa. Um outro ponto importante é que são seguidas as mesmas regras para todas as empresas, isso indica que os relatórios contábeis de empresas diferentes também podem ser comparados. U.4 RelatórUos contábeUs Você pode estar pensando... Será que depois de estudar esse tópico, já vou começar a analisar os relatórios? Ainda não! Antes de iniciar a aná- lise, você precisa saber quais são os principais relatórios, o objetivo deles e conhecer bem todas as contas que aparecem nesses relatórios, como será visto no próximo tema. Os relatórios contábeis (terminologia preferida pelos contadores) ou relatórios financeiros (terminologia utilizada pela Lei das Sociedades por Ações – Lei das S.A.’s) são o resumo dos dados captados, registrados e acumulados que a contabilidade organiza. Para as empresas que são do tipo Sociedades Anônimas – S.A.’s – a lei prevê que alguns relatórios de- vem ser obrigatórios e publicados em um jornal de grande circulação. Essa publicação deve ocorrer a cada período de 12 meses, ou seja, todo ano as empresas S.A.’s devem publicar as demonstrações contábeis. Na maioria das vezes, esse período, chamado na Contabilidade de exercí- cio social, coincide com o ano civil (janeiro a dezembro), mas, em alguns Informações detalhadas sobre esse assunto podem ser vistas de forma simples e prática no livro: MARION, J. C. Contabilidade empre- sarial. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2005. 16 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o casos, essa data pode variar, começando em março, por exemplo, mas sempre com duração de 12 meses. As S.A.’s podem ter ações cotadas na bolsa de valores, ou seja, ela capta recursos junto ao público em geral, ou pode recorrer somente aos próprios donos da empresa. Se ela possui ações na bolsa, deve publicar o relatório a cada seis meses com o objetivo de manter os seus acionistas (que investiram dinheiro em suas ações) bem informados, para que pos- sam tomar a decisão de manter o investimento ou mudar de empresa. Para o Imposto de Renda, é considerado o exercício social como o mesmo do ano civil (1º janeiro a 31 de dezembro). Também por determi- nação do Imposto de Renda, as empresas que são Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada (muito comuns e conhecidas por Ltda.), embora não sejam obrigadas a publicar os seus relatórios, deverão estrutu- rar as suas demonstrações da mesma forma que as S.A.’s. Como você observará a seguir, as demonstrações contábeis são divi- didas em dois grupos: Relatórios Contábeis Obrigatórios Exigidos pela Lei das Sociedades por ações Lei 11.638/2007 Não Obrigatórios Não exigidos Sociedade anônima Deverão ser publicados BP DRE DFPAc BP DRE Ltdas. Não precisam ser publicados Doar Figura 2: Relatórios contábeis Dentre as demonstrações obrigatórias, qual a única diferença entre as empresas do tipo S.A.’s e as Ltdas.? Nas publicações, além das demonstrações contábeis, também estão as Notas explicativas. Como o próprio nome já indica, são anotações sobre determinadas contas, explicando com mais detalhes aquele valor e dando informações adicionais que não podem ser vistas nas demonstrações. Ima- gine uma conta de empréstimos de uma empresa. Lá estão acumulados os 17 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o valores de vários empréstimos que possuem taxas diferentes, períodos de pagamento diferentes (15 meses, 24 meses, 10 anos...), e para saber esses detalhes, é preciso conferir nas notas explicativas. A disposição dos rela- tórios nas publicações é a seguinte: Demonstrações financeiras Balanço Patrimonial Demonstração doResultado do Exercício Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados Notas Explicativas: Demonstração dos Fluxos de Caixa Demonstração do Valor adicionado Figura 3: Demonstrações financeiras Mas você pode me perguntar: — Como vou usar os relatórios con- tábeis para tomar decisões sobre o futuro, se eles (com exceção dos orça- mentos) só retratam o passado? Pois bem, vamos tomar como exemplo uma decisão que você em algum momento tenha que tomar: recebeu uma proposta de trabalho, mas, para isso, precisa se mudar para outra cidade que você não conhece. Você certamente irá refletir antes de tomar essa decisão, porque essa mudança provocará reflexos em toda sua vida daqui para frente. Um dos caminhos para você tomar essa decisão é, primeiramente, analisar se você está dis- posto a se mudar e sob quais condições. Se estiver disposto, deverá se in- formar sobre a cidade (se atende às suas necessidades) e sobre a empresa em que vai trabalhar (suas expectativas para o futuro). Essas informações você poderá conseguir com alguém que já viveu lá e irá lhe contar como era (passado); na Internet, estão os dados (clima, população, renda per ca- pita etc.) atuais, mas que também refletem uma situação passada. E sobre 18 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o a empresa, você pode conversar com pessoas que já trabalham lá e vão lhe contar suas experiências, mas você também pode fazer uma análise do de- sempenho dessa empresa nos últimos anos e conhecer a políticas que ela segue. A partir desses dados você consegue montar um cenário de como é viver nessa cidade e trabalhar nessa empresa (a partir de dados passados), incluir suas expectativas e necessidades e tomar a decisão, visualizando o futuro. Veja que você precisou das informações do passado para tomar uma decisão sobre para o futuro. É assim que a contabilidade ajuda os administradores: fornecendo informações sobre o passado para que sejam analisadas e projetados os resultados das decisões a serem tomadas com uma probabilidade menor de erros. Não podemos nos esquecer de que a empresa está sujeita a in- terferências externas (mercado, governo, economia mundial) que também devem ser consideradas. Enfim, esses relatórios (obrigatórios e os não obrigatórios) são muito importantes para o sucesso da empresa como suporte ao processo de tomada de decisão. Veremos com mais detalhes essas informações que a contabilidade fornece de maneira resumida e aprenderemos a ana- lisar as principais demonstrações no decorrer desse curso. Antes vere- mos os conceitos básicos da principal demonstração contábil: o Balanço Patrimonial. U.5 ConceUtos UnUcUaUs Uo Balanço PatrUmonUal Para compreender o Balanço Patrimonial, inicialmente é necessário conhecer um conceito básico demonstrado nesse relatório: origens = apli- cações. Todas às vezes que recebemos um dinheiro, originado do nosso trabalho ou de um empréstimo que fizemos no banco, utilizamos esse valor em alguma coisa. Ou seja, nenhuma parte desse dinheiro fica perdi- da sem que você saiba onde foi utilizada. Na empresa, também é assim: todo o recurso que entra é aplicado (utilizado) nela mesma e, por meio da contabilidade, é feito esse controle. Enfim, acontabilidade controla o pa- trimônio (riqueza) da empresa. Você pode estar pensando... — Mas se o dinheiro para a abertura da empresa (capital ini- cial) ainda não foi utilizado para comprar ou pagar nada, onde ele está aplicado? 19 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o No caixa da empresa. O caixa também é uma forma de aplicação do recurso. Isso porque, quando nos referimos ao Balanço Patrimonial, o ter- mo aplicação indica onde o dinheiro foi colocado ou em que ele foi usado. Não propriamente que foi feita uma aplicação financeira que renda juros. Retomando o conceito de que todas as origens de recursos possuem aplicações, graficamente podemos ilustrar esse conceito na seguinte fi- gura, demonstrando o patrimônio de uma entidade (para quem é feita a contabilidade). Patrimônio de uma entidade APLICAÇÕES dos recursos ORIGENS dos recursos Total das aplicações de recursos = total das origens de recursos No Balanço Patrimonial está demonstrado exatamente de onde veio o dinheiro da empresa, ou seja, as origens dos recursos e onde esses recursos foram aplicados. Os tipos de origens de recursos ou de capital são: capital de terceiros (pessoas que não são as proprietárias do negócio) e capital pró- prio (proprietários da empresa e os lucros gerados pela própria empresa). Tipos de origens de recursos Empréstimos/financiamentos em bancos Compras a prazo dos fornecedores Outras contas a pagar Capital de terceiros é exigido no prazo e precisa ser devolvido Sócios ou acionistas (capital inicial) Resultados da atividade da empresa (lu- cros) Capital próprio não precisa ser devolvido; não será exigido Esses recursos (capital) obtidos de terceiros e dos sócios/empresa são aplicados em bens e direitos da empresa. Os bens são as instalações, 20 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o as máquinas, os equipamentos, os veículos, o dinheiro (moeda no caixa), os estoques, entre outros. Os direitos são as contas a receber dos clientes, os investimentos em ações que a empresa possua, os depósitos em contas bancárias (direito do saque), entre outras. Ambos possuem a característica de serem mensuráveis monetariamente. Patrimônio de uma entidade BENS e DIREITOS Capital de terceiros Capital próprio Aplicações Origens Quando uma empresa faz um financiamento e compra uma máqui- na, a origem do recurso ($) é o capital de terceiros (banco que fez o finan- ciamento) e a aplicação é a máquina (considerado um bem da empresa). No caso da empresa que usa o capital inicial e os lucros para a com- pra de novas instalações (prédio), a origem do recurso é o capital próprio (dos sócios) e a aplicação é o prédio adquirido. Tendo compreendido essa lógica da Contabilidade, podemos passar a aplicá-la ao relatório contábil mais importante que é o Balanço Patri- monial. Transferindo esses conceitos para o Balanço, temos as seguintes denominações: Denominação no balanço patrimonial Representa... Origens Capital de terceiros Passivo todas as obrigações (dívidas) que a empresa possui. Capital próprio Patrimônio líquido a riqueza líquida da empre- sa, recursos que ela não deve a ninguém, são próprios (ca- pital inicial e lucros) Aplicações Bens e direitos Ativo as aplicações que a empresa possui em bens e direitos 21 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Seguindo a mesma lógica contábil, sempre visualizaremos o Balan- ço Patrimonial com a seguinte estrutura: Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Aplicações Origens Bens e Direitos Capital de terceiros Capital Próprio Se estamos seguindo a mesma lógica, podemos aqui deduzir a equa- ção básica da contabilidade. TOTAL DAS APLICAÇÕES DE RECURSOS = TOTAL DAS ORIGENS DE RECURSOS SE: ENTÃO... ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO O Balanço Patrimonial é uma demonstração resumida e estática (como uma foto) da situação financeira e patrimonial da empresa em um determinado momento. A maioria dos países adota essa forma de repre- sentação: valores Ativos do lado esquerdo e Passivos (dívidas com tercei- ros ou capital de terceiros) com o Patrimônio Líquido (capital próprio) do lado direito. 22 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o De acordo com o artigo 178 da Lei no 6.404/76, “No Balanço, as contas serão classificadas segundo os elemen- tos do patrimônio que registram e agrupadas de modo a facilitar o co- nhecimento e a análise da situação financeira da companhia”. Esse artigo da lei deixa claro que a demonstração deverá ser obje- tiva e clara para quem estiver fazendo uso da informação contábil e, que o objetivo da Contabilidade é o de facilitar o conhecimento da situação financeira da empresa e mais, servir como informação de apoio a analise financeira dessa empresa. U.6 Observações quanto à nova LeU Uas S.A.’S Pela nova Lei das Sociedades por Ações ou Lei das SA’s de número 11.638/07 que substituiu a antiga Lei de número 6.404/76, os relatórios contábeis obrigatórios foram modificados, sendo que, a partir de 2008, a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) não é mais obrigatória para as sociedades anônimas. A mesma Lei 11.638/07 definiu a obriga- toriedade de duas outras demonstrações conside- radas até então não obrigatórias: Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração de Valor Adicionado (DVA). No final deste tema, poderemos retomar os seguintes conceitos: Contabilidade: sistema de informações que controla o patrimônio de uma entidade contábil (pessoa jurídica ou pessoa física) e fornece da- dos para auxiliar o processo de tomada de decisão. Objetivos da Contabilidade: captar os fatos que afetam o patrimô- nio da empresa, registrar esses fatos, acumulá-los num sistema resumido em relatórios e interpretá-los para que sejam utilizados no processo de tomada de decisão. Capital inicial: montante de recursos que os sócios/acionistas in- vestiram na empresa. Entidade contábil: pessoa (física ou jurídica – que é a empresa) para a qual será feita a contabilidade. Para uma breve apresentação da história da contabilidade, da sua origem pré-histórica até o desenvolvi- mento no Brasil e o impacto da tecnologia assista ao vídeo: http://www.youtube.com/ watch?v=qw5wbbPwXTg. 23 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Relatórios contábeis (financeiros): resumo dos dados captados, registrados e acumulados que a contabilidade organiza. Relatórios contábeis obrigatórios para as empresas S.A. com ações negociadas na bolsa de valores: Balanço Patrimonial, Demons- tração do Resultado do Exercício, Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados e Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos. Conceito básico do Balanço Patrimonial: total das origens = total das aplicações. Equação básica da contabilidade: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido. Capital de terceiros = Passivo: representa todas as dívidas que a empresa possui com instituições financeiras, funcionários, fornecedores, governo etc. Capital próprio = Patrimônio Líquido: recursos investidos na em- presa pelos proprietários (capital social) e recursos gerados pela atividade (lucros); representa a riqueza líquida da empresa.AtUvUUaUes – Questões para reflexão 01. O Sr J.Z.T está muito satisfeito com sua riqueza acumulada até o mo- mento (meados de 2006). Dois automóveis importados avaliados em......................... Um apartamento com cinco suítes avaliado em.................. Uma casa de campo avaliada em........................................ Um título de clube avaliado em.......................................... Dinheiro no bolso................................................................ Depósitos em vários bancos............................................... Ações da Petrobrás............................................................. Títulos a receber................................................................. Salários a receber até o final do ano (31/12/2006)............. Aparelhos elétricos e eletrônicos avaliados em.................. 1.800.000 10.900.000 8.000.000 1.200.000 500.000 1.100.000 900.000 1.680.000 2.600.000 1.120.000 24 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Vamos calcular a riqueza líquida do Sr J.Z.T. sabendo que ele possui as seguintes obrigações: Dívida com o Sistema Financeiro de Habitação (SFH)...... Empréstimos em diversos banco......................................... Títulos a pagar..................................................................... Contas a pagar até o final de 2006...................................... Financiamento da casa de campo........................................ Prestações do título do clube a pagar.................................. Prestações em grandes magazines....................................... 9.600.000 8.600.000 2.800.000 2.500.000 3.800.000 800.000 900.000 Na resolução desse exercício, separe o que é bem do que é direito no Ativo e o Passivo e Patrimônio Líquido montando um Balanço para o Sr. J.Z.T. Balaço patrimonial 25 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o 02. A empresa Santa Bárbara apurou R$ 200.000 de capital de terceiros e R$ 186.000 de capital próprio. Qual é o total do seu Ativo? 03. Admitindo-se que o Ativo de uma empresa é de R$ 250.000 e o Pas- sivo R$ 230.000, qual é o seu patrimônio líquido? Qual é o montante de origem e aplicação? 04. A empresa Água Viva apresentou o seguinte Balanço Patrimonial em 31/12/2006. Ativo Passivo Caixa 200 Duplicatas a receber 300 Estoques 500 Depósitos em bancos 1.000 Máquinas 100 Imóveis 1.000 Fornecedores 100 Impostos a recolher 1.000 Outras dívidas 100 Patrimônio líquido Capital 400 Lucros acumulados 1.500 Total 3.100 Total 3.100 A partir desses dados, separe os bens dos direitos. Bens: Direitos: 26 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o 05. A empresa Bemviver S.A. possui um capital de terceiros que é exa- tamente o dobro do Patrimônio Líquido. O capital próprio, por sua vez, é exatamente o montante de bens da empresa que é igual a R$ 5.000. Preen- cha o Balanço Patrimonial abaixo: Balanço Patrimonial Cia bemviver Ativo Valores Passivo + PL Valores Bens Passivo Direitos Patrimônio Líquido Total Total 06. Indique, nos itens relacionados abaixo, o que é Ativo (A), Passivo (P) e Patrimônio Líquido (PL). ( ) Caixa ( ) Obras de arte ( ) Depósitos em bancos ( ) Capital próprio ( ) Empréstimos bancários ( ) Capital de terceiros ( ) Estoques ( ) Duplicatas a pagar ( ) Capital ( ) Imóveis para aluguel ( ) Duplicatas a receber ( ) Empréstimos concedidos aos sócios ( ) Impostos a pagar ( ) Contas a receber ( ) Equipamentos ( ) Instalações ( ) Investimentos em empresas coligadas ( ) Contas a pagar ( ) Lucros acumulados ( ) Financiamentos ( ) Salários a pagar ( ) Fornecedores ( ) Prédios ( ) Máquinas ( ) Terrenos ( ) Veículos AtUvUUaUe prátUca Busque em jornais da sua região (ou estado) uma publicação dos relatórios contábeis. Falaremos sobre ela durante a esta disciplina. 27 A Contabilidade e os demonstrativos financeiros – Unidade 1 EA D - Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Reflexão Nessa primeira unidade você conheceu a importância e os objetivos da Contabilidade com foco na obtenção de informações úteis no processo de tomada de decisão; conheceu os usuários e o que eles procuram na con- tabilidade, quais são as regras seguidas na elaboração dos relatórios con- tábeis; conheceu os conceitos iniciais do Balanço Patrimonial e, também, para que serve e como utilizar a contabilidade como administrador. LeUtura recomenUaUa Balanço Social O balanço social nada mais é do que um demonstrativo publicado pela empresa reunindo um conjunto de informações sobre os planos, projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos stakeholders da organização, isso é, empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas clientes, fornecedores, empresas parceiras, terceiros e demais envolvidos que direta ou indiretamente se favore- cem dos processos desenvolvidos pela instituição, o mesmo também pode ser compreendido como um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exer- cício da responsabilidade social corporativa, podendo ou não ser utilizado para campanhas publicitárias que fortalece o nome e a marca da organização. Com o aumento da preocupação da população mundial com o meio ambiente e com a sociedade que cerca as companhias, muitas empresas estão demonstran- do a interação neste meio através das seguintes demonstrações: No ano de 1997, o sociólogo Betinho, lançou no Brasil uma campanha pela divul- gação voluntária do B.S. No ano de 1998, o Ibase lançou o selo Balanço Social Stakeholder (em português, parte interessada ou interveniente), é um termo usado em administração que refere-se a qualquer pessoa ou en- tidade que afeta ou é afetada pelas atividades de uma empresa. O termo foi usado pela primeira vez pelo filósofo Robert Edward Freeman. Segundo ele, os stakeholders são um elemento essencial ao planejamento estratégico de negócios. De maneira mais ampla, compreende todos os envolvidos em um processo, que pode ser de caráter temporário (como um projeto) ou duradouro (como o negócio de uma empresa ou a missão de uma organização). Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Stakeholder 28 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Ibase/Betinho, conferido anualmente às empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido pela entidade. * Balanço Ambiental – Reflete a postura da empresa em relação aos recur- sos naturais, compreendendo gastos com a preservação, proteção e recupera- ção; Investimentos com equipamentos, tecnologias e campanhas voltadas para a área ambiental. Podem também ser demonstradas as quantidades comparativas de poluentes produzidos entre um período e outro. * Balanço de Recursos Humanos – Visa mostrar o perfil da força de trabalho, remuneração, benefícios recebidos e gastos com treinamento de fun- cionários, além da discriminação dos gastos em benefícios da sociedade na qual está inserida, como centros de recreaçãoe entidades assistenciais. Fonte: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Demonstra%C3%A 7%C3%B5es_cont%C3%A1beis&action=edit§ion=11 Na próxUma unUUaUe Na próxima unidade, serão apresentados alguns detalhes do prin- cipal relatório contábil: o Balanço Patrimonial e como são agrupadas as contas nesse relatório e quais as relações existentes para analisá-lo. U nU Ua Ue 2 Balanço patrimonial A presente unidade tem como obje- tivo apresentar alguns detalhes do prin- cipal relatório contábil: o Balanço Patrimo- nial. E, ainda, o objetivo de compreender como são agrupadas as contas nesse relatório e quais as relações existentes para que você, num próximo tema, tenha condições de analisá-lo. Vamos lá! Objetivo da sua aprendizagem Compreender a estruturação das contas contábeis. Aprender a aplicabilidade e a utilidade de cada conta contábil e grupos de contas. Apresentar as principais modificações da legislação brasileira perti- nentes à contabilidade. Esta unidade contém os seguintes tópicos: grupo de contas (Ativo, Passivo e PL), principais deduções, classificação de algumas contas e observações quanto à Nova Lei das S.A.’s. Você se lembra? Salientamos que no dia a dia nos deparamos com relatórios em envolvem números e que necessitam de ser compreendidos. Por exemplo: “Quando o seu gerente lhe abordou afirmando que precisava de uma folga finan- ceira melhor para realizar determinado projeto”. Este é com certeza um problema que muitos dos alunos já ouviram no ambiente empresarial em que desempenham suas atividades. A folga financeira reflete a capaci- dade em honrar os compromissos financeiros assumidos. 30 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o 2.U Grupos Ue contas Imagine se todas as contas na Demonstração fossem colocadas de maneira desordenada? Estariam juntos veículos e caixa, clientes e equi- pamentos.Você não conseguiria fazer nenhuma análise, ou se conseguisse seria depois de muito trabalho para ordenar e agrupar as contas que pos- suem as mesmas características. Para que não seja necessário todo esse esforço, assim como nas outras demonstrações, no Balanço Patrimonial (BP) são seguidas aqui no Brasil as regras estabelecidas pela Lei das S.A.’s (6.404/76) e Lei 11.638/07. De acordo com essas leis, as contas do BP devem ser agrupadas de maneira a facilitar o entendimento e a análise do usuário. Conheceremos então quais são e como são feitos esses agru- pamentos no Ativo e Passivo. 2.U.U AtUvo O Ativo compreende todos os bens e direitos da empresa, conforme já visto nos conceitos iniciais. Mas, para constar no BP da empresa, não basta ser um bem ou direito, deve ter simultaneamente as seguintes carac- terísticas: • Ser de propriedade da empresa: o caso de serviços contratados de ter- ceiros ou de imóveis alugados não preenchem essa característica, uma vez que não estão registrados como propriedade da empresa. • Ser mensurável em dinheiro: alguns itens são difíceis de serem men- surados monetariamente sem que haja controvérsias, esse é o caso das marcas, por isso, elas geralmente não constam do Balanço Patrimo- nial. • Promover benefícios presentes e futuros: de acordo com essa caracte- rística os produtos em estoque que foram danificados por algum mo- tivo (enchentes, por exemplo) não mais promoverão benefícios pre- sentes nem futuros e devem ser retirados do valor total dos estoques contido no Balanço Patrimonial (baixados como perda, nesse caso). O Ativo pode ter a característica tanto de bens constituídos de ma- téria (Ativo Tangível), por exemplo, máquinas, estoques, veículos, como também pode ser um bem que não tenha matéria corpórea (Ativo Intangí- vel) como é o caso das marcas e patentes. Mas não é essa característica a razão da divisão das contas em grupos. O agrupamento das contas é feito de acordo com o que se quer demonstrar em cada grupo. Confira esses objetivos na próxima tabela. 31 Balanço patrimonial – Unidade 2 EA D – P ro ib id a a re pr od uç ão – © U ni S EB I nt er at iv o Grupos e subgrupos do Ativo Demonstram Ativo Circulante Nesse grupo, são classificadas todas as contas que representam os bens e os direitos, os quais, pela sua natureza, estão em constante circulação. Correspon- dem aos recursos aplicados em elementos que estão em frequente movimento, por exemplo, a conta Caixa, que a todo instante está sendo movimentada (entra e sai dinheiro); isso ocorre também com as contas de estoque, bancos, conta-movimento etc. Ativo Não Circulante Nesse grupo, você encontra classificada todas as con- tas que apresentam a aplicação de recursos em direitos realizáveis a longo prazo, como em bens de uso e em bens imateriais. Os direitos realizáveis a longo prazo são aqueles cujos vencimentos ocorram após o término do exercício social seguinte ao do Balanço. Subgrupos do Ativo Não Circulante Investimento São as aplicações de caráter per- manente que geram rendimentos não necessários à manutenção da atividade principal da empresa. Imobilizado Abarca itens de natureza perma- nente que serão utilizados para a manutenção da atividade básica da empresa. Intangível Não possuem características físi-cas e são de difícil avaliação. Como você pode observar, primeiro são agrupadas as contas que se transformarão em dinheiro mais rapidamente (contas mais líquidas), isto é, pela ordem decrescente do grau de liquidez, por exemplo, caixa, contas a receber, e depois aquelas onde isso ocorrerá em prazos mais longos ou Liquidez é um conceito econômico que considera a facilidade com que um Ativo pode ser convertido no meio de troca da economia, ou seja, é a facilidade com que ele pode ser convertido em dinheiro. O grau de agilidade de conversão de um investimento sem perda significativa de seu valor mede sua liquidez. Ativo é tanto mais líquido quanto mais fácil for para transformá-lo em dinheiro vivo, ou seja, a liquidez pode ser entendida como a medida de interesse que o mercado tem em negociar esse Ativo. Ela pode variar conforme o investimen- to feito na empresa, suas perspectivas e as conjunturas econômicas nacional e internacional. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Liquidez 32 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o nem ocorrerá (imóveis, máquinas e equipamentos). Essa ordem também é obedecida nas contas do Passivo apresentadas a seguir. 2.U.2 PassUvo e PatrUmônUo LíquUUo A palavra Passivo indica, no Balanço Patrimonial, todas as obrigações, dívidas e financiamentos que serão cobrados (exigidos) da empresa confor- me o prazo determinado. Quando essas dívidas possuem prazo para serem pagas de até 12 meses, são classificadas no Passivo Circulante (da mesma forma que no Ativo, o termo circulante indica o curto prazo – até 12 meses). Se o prazo para saldar essas dívidas for maior que 12 meses, as contas passam a ser classificadas no grupo Exigível a Longo Prazo (longo prazo é acima de 12 meses). Ou seja, o termo já indica que as contas que estiverem nesse grupo serão exigidas, mas num prazo maior que 12 meses. As contas do longo prazo não possuem um prazo máximo pré-determina- do, podendo ser de um, vinte ou até trinta anos dependendo das condições negociadas (financiamento de máquinas, por exemplo, geralmente possui prazo de pagamento maior que três anos). O terceiro grande grupo do BP é o Patrimônio Líquido. Apesar de não indicar uma dívida, na legislação esse grupo também é considerado como Passivo, mas como Passivo Não Exigível. Ou seja, o Patrimônio Líquido, que compreende o capital dos sócios e os resultados obtidos na empresaé visto como uma obrigação para com os sócios. Nesse momento você pode estar pensando... — Mas, a empresa deverá devolver todo o capital que os sócios in- vestiram em uma data definida? Não! Se houvesse uma data determinada para que os sócios retiras- sem todo o capital investido, a empresa provavelmente fecharia. Porém, como já vimos no tema 1 (1.3 Regras básicas da Contabilidade), a empresa deve manter sua continuidade. Isso indica que a obrigação da empresa para com os sócios é de se manter e crescer e não de devolver num determinado momento todo valor que os sócios investiram (capital inicial). Por isso, o Patrimônio Líquido é tratado na legislação societária como Passivo Não Exigível: é uma obrigação de continuidade, não vai ser exigido da empresa que o dinheiro seja devolvido aos sócios numa determinada data. 33 Balanço patrimonial – Unidade 2 EA D – P ro ib id a a re pr od uç ão – © U ni S EB I nt er at iv o Como já visto anteriormente, a contabilidade controla o patrimônio da empresa. O termo patrimônio indica o conjunto dos bens, direitos e obrigações (reveja o item 1.5). Vamos entender, em um exemplo, como definiremos o Patrimônio Líquido. Imagine que um amigo seu possua uma casa que foi comprada por R$ 300.000, dois carros no valor total de R$ 50.000 e um rancho que foi comprado por R$ 100.000. Você pode pensar que ele é rico. Mas, para ele conseguir comprar tudo isso, fez três financiamentos e, hoje, ele ainda pos- sui dívidas referentes a esses financiamentos no valor de R$ 350.000. Pode parecer que seu amigo possui uma boa condição patrimonial, no entanto, na realidade, a riqueza líquida do seu amigo é de R$ 100.00. Essa é a verdadei- ra riqueza que ele possui. Da mesma forma, temos o Patrimônio Líquido de uma empresa que demonstra exatamente a riqueza líquida que ela possui. Assim, se a empresa possui Ativos no valor de R$ 500.000 e Passivos (dí- vidas) no valor de R$ 200.000, o Patrimônio Líquido dela é de R$ 300.000. Utilizamos aqui a equação básica que foi demonstrada no item 1.5: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo Podemos ter ainda a situação em que o Patrimônio Líquido é nega- tivo. Ou seja, as dívidas da empresa (Passivo) são maiores que todos os bens e direitos que ela possui. Nesse caso, o Patrimônio Líquido passa ser denominado “Passivo a descoberto”. Essa situação é vista normalmente em empresas que já estão com sérios problemas financeiros (quase indo à falência). E, mesmo que ela consiga vender tudo o que possui, o dinhei- ro não será suficiente para pagar todas as dívidas. Mas, não trataremos aqui de empresas que se encontram nessa situação extrema. Para ilustrar, você pode buscar informações sobre o caso da empresa Varig antes de ser comprada pela Gol. Ela chegou a essa situação extrema de ter o Passivo a descoberto, ou seja, suas dívidas superavam o valor dos bens e direitos. A partir do conhecimento de todos os grupos do Balanço Patrimo- nial, podemos ter uma visão geral do Balanço Patrimonial. Colocando algumas contas como exemplos em cada grupo e subgrupo do Balanço Patrimonial, poderemos visualizar o relatório da seguinte forma: 34 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o Balanço patrimonial Ativo Passivo Ativo circulante Caixa 9.000 Bancos (conta-movimento) 4.000 Duplicatas a receber 15.000 Estoques 100.000 Ativo não circulante Títulos a rebeber 7.000 Investimentos Ações de outras empresas 10.000 Obras de arte 5.000 Imobilizado Edificações 200.000 Móveis e utensílios 90.000 Máquinas e equipamentos 180.000 Passivo circulante Fornecedores 8.000 Salários a pagar 13.000 Impostos a pagar 2.000 Empréstimos 82.000 Passivo não circulante Financiamentos 125.000 Total do passivo 230.000 Patrimônio líquido Capital social 350.000 Lucros acumulados 40.000 Total do patrimônio líquido 390.000 Total do ativo 620.000 Total do passivo + PL 620.000 O Balanço Patrimonial é a representação gráfica que reflete, numa determinada data, a situação financeira e patrimonial da empresa, ou seja, é a fotografia da empresa em um determinado instante. A elaboração do Balanço pode ser mensal, semestral e anual. O Balanço Patrimonial se constitui de duas colunas. O lado direito de- nominado de Passivo e Patrimônio Líquido e o lado esquerdo de Ativo. A contabilidade trata do patrimônio da empresa ou entidade em dois grupos que já foram citados: o Ativo e o Passivo. 2.2 PrUncUpaUs DeUuções O Balanço Patrimonial que você aprendeu até agora contém somen- te contas que se somam para chegar ao valor total dos grandes grupos: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. No entanto, existem algumas contas que deduzem (diminuem) o valor de outras contas que já estão no relató- rio. Veremos a seguir esses casos. 2.2.U DeUuções Uo AtUvo As seguintes contas deduzem o valor da conta duplicatas a receber (contas a receber ou ainda denominada de clientes): 35 Balanço patrimonial – Unidade 2 EA D – P ro ib id a a re pr od uç ão – © U ni S EB I nt er at iv o • Provisão para Devedores Duvidosos (PDD): corresponde às contas de uma parte dos clientes que são maus pagadores, ou seja, a empresa vende a prazo, mas já está contando que uma parte dessas vendas não será recebida. Essa empresa possui um histórico do percentual das vendas não recebidas em períodos anteriores. Esse mesmo percentual é aplicado nos valores a re- ceber dos clientes calculando assim a PDD que aparecerá no Ba- lanço Patrimonial diminuindo os valores a receber de clientes. Por exemplo: a empresa possui um valor das vendas a prazo de $100.000, mas já constatou que em períodos anteriores 2% do valor não foram recebidos, então ela aplica esse percentual nos valores a receber atuais, chegando a uma provisão para devedo- res duvidosos (PDD) de R$ 2.000. Fica assim demonstrado no item Ativo Circulante: Ativo circulante Caixa 4.000 Bancos (conta movimento) 10.000 Duplicatas a receber 100.000 Provisão para devedores duvidosos (2.000) Estoques 150.000 Total do Ativo Circulante 262.000 • Duplicatas descontadas: quando a empresa precisa de dinhei- ro e não possui disponível ela pode negociar o recebimento antecipado das vendas a prazo que ela fez para os seus clientes. Para isso, o representante da empresa deve entrar em contato com o(s) banco(s) que costuma trabalhar e propor um desconto de duplicatas. O banco irá cobrar uma taxa de desconto para antecipar o valor que a empresa precisa, descontando dos va- lores que ela tem a receber dos clientes (duplicatas a receber). Assim, quando o cliente pagar uma duplicata que já foi nego- ciada (recebida, descontada) antecipadamente pela empresa com o banco (duplicata descontada) o valor dessa duplicata será de propriedade do banco. Se o cliente não pagar, a empresa deverá reembolsar o bancoque descontou (pagou antecipado) essa duplicata. Por isso, a empresa deve ter sempre o cuidado 36 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o de fazer esse tipo de operação com duplicatas de clientes que são bons pagadores. Essa operação é como o desconto de che- ques, mas o documento é uma duplicata. Ela gera uma dimi- nuição (redução) no valor a receber dos clientes que consta no Balanço Patrimonial. Por exemplo: considerando ainda aquele valor total a receber de R$ 100.000, a empresa possui uma duplicata de um bom cliente no valor de R$ 5.000 e precisa antecipar esse dinheiro. O banco cobra uma taxa de 4% (juros) para descontar essa duplicata, ou seja, do valor total da duplicata será descontado juros de 4% e a empresa receberá o valor líquido de R$ 4.800 que entrará na sua conta do banco. No Balanço Patrimonial ficará demonstrado, conforme visto no quadro a seguir, e o valor da taxa de desconto (juros de R$ 200) é considerado uma despesa financeira e aparecerá em outro relatório que estudaremos nos próximos temas. Ativo circulante Caixa 4.000 Bancos (conta movimento) 14.800 Duplicatas a receber 100.000 Provisão para devedores duvidosos (2.000) Duplicadas descontadas (5.000) Estoques 150.000 Total do Ativo Circulante 261.800 Outro grupo que possui dedução no Ativo é no subgrupo Não Cir- culante, especificamente no subgrupo Imobilizado. Nesse subgrupo, estão classificadas as instalações, máquinas, equipamentos, veículos etc. que estão sujeitos a um desgaste natural pelo uso ou pela deterioração tecnoló- gica. Esses desgastes fazem com que haja uma diminuição do potencial de benefícios futuros gerados por esses Ativos. Ou seja, um veículo após 10 anos de uso não possui o mesmo potencial relativo de desempenho, e isso fica demonstrado no Balanço Patrimonial pela conta depreciação acumu- lada que diminui (deduz) os valores desses Ativos. 37 Balanço patrimonial – Unidade 2 EA D – P ro ib id a a re pr od uç ão – © U ni S EB I nt er at iv o Na legislação fiscal do Imposto de Renda, existe uma previsão di- ferente de taxa anual de depreciação relacionada a cada tipo de bem. Por exemplo, móveis e utensílios, máquinas e equipamentos são depreciados a uma base de 10 % ao ano; veículos e ferramentas 20%, e prédios, 4% ao ano. Se considerarmos um ano de uso para todos os itens do Imobilizado teríamos o seguinte resultado desse subgrupo após esse período de uso: Ativo não circulante Investimentos ... ... Imobilizado Edificações 200.000 Móveis e utensílios 90.000 Máquinas e equipamentos 180.000 Depreciação acumulada (35.000) Total do Imobilizado 435.000 2.2.2 DeUuções Uo PatrUmônUo LíquUUo O Patrimônio Líquido demonstra as aplicações dos sócios e os resultados gerados na atividade da empresa. Existem, nesse grupo, dois casos especiais que representam uma dedução do seu valor, são eles: • Prejuízos acumulados: ao contrário do que ocorre quando a empresa obtém lucro que é somado ao valor do capital próprio, quando o resultado é negativo há uma diminuição (dedução) do Patrimônio Líquido. • Ações em tesouraria: as empresas de capital aberto (conhe- cida por Sociedade Anônima – S.A.) negociado em bolsa de valores possuem o valor do seu capital social divido em ações e comprado por diferentes pessoas. Se a empresa adquirir no- vamente um pouco dessas ações, que estão sendo negociadas no mercado (bolsa de valores), o valor de compra dessas ações aparecerá no Balanço Patrimonial na conta denominada ações em tesouraria e deixa de representar uma origem de recurso para representar uma aplicação de recurso. 38 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o BM&FBovespa S/A - Bolsa de valores, mercadorias e futuros (BM&FBovespa) é a principal bolsa de valores, administran- do os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado. A diferença entre esses mercados está nas regras de negociação estabelecidas para os ativos registrados em cada um deles. As bolsas de valores são também os centros de negociação de valores mobiliários, que utilizam siste- mas eletrônicos de negociação para efetuar compras e vendas desses valores. No Brasil, atualmente, as bolsas são organizadas sob a forma de sociedade por ações (S/A), reguladas e fiscalizadas pela CVM. As bolsas têm ampla autonomia para exercer seus poderes de autorregu- lamentação sobre as corretoras de valores que nela operam. Todas as corretoras são registradas no Banco Central do Brasil e na CVM. Por exemplo: se a empresa possuir um capital social de R$ 100.000 dividido em 100.000 ações, o valor de cada ação é R$ 1. Se a empresa comprar 6.000 ações, isso representará R$ 6.000 que deixará de ser oriun- do de sócios, ou seja, diminui o valor do capital negociado em bolsa. É como se ela devolvesse para alguns sócios (acionistas) a parte deles e não oferecesse esse valor do capital (em ações) para outros possíveis com- pradores. Ela estaria retendo essas ações na sua tesouraria (departamento financeiro), por isso a denominação ações em tesouraria. No Balanço Patrimonial, poderíamos destacar estas contas que de- duzem o Patrimônio Líquido da seguinte forma: Patrimônio líquido Capital social 100.000 Ações em tesouraria (6.000) Prejuízos acumulados (10.000) Total do patrimônio líquido 84.000 2.3 ClassUfUcação Ue algumas contas Para entender a classificação das contas no Balanço Patrimonial e ter condições de analisá-lo, basta aplicar os conceitos básicos dos grandes grupos de contas desse relatório apresentados neste tema. Além das contas vistas anteriormente que reduzem algum grupo do Balanço Patrimonial, outras contas que podem gerar algumas dúvidas na sua classificação são: 39 Balanço patrimonial – Unidade 2 EA D – P ro ib id a a re pr od uç ão – © U ni S EB I nt er at iv o • Despesas antecipadas: são aquelas despesas que já foram pa- gas pela empresa, mas o produto/serviço comprado ainda não foi entregue. Assim, o que gera para a empresa é o direito (lado do Ativo) de receber esse produto/serviço, ficando assim clas- sificada no Ativo Circulante se não estiver especificado o prazo em que a empresa irá receber o que comprou, ou no Realizável a Longo Prazo, quando estiver especificado o prazo entre pa- rênteses na frente da conta (LP ou Longo Prazo). Por exemplo: despesas antecipadas com seguros, também chamada de segu- ros a vencer, e despesas antecipadas com assinaturas de jornais/ revistas classificadas no Ativo, porque foram pagas, gerando para a empresa o direito de usufruir do seguro e de receber os jornais já pagos antecipadamente. • Impostos a compensar: essa conta indica os valores pagos a mais para o governo a título de impostos e que agora podem ser compensados, ou seja, também gera um direito (lado do Ativo) para a empresa de compensar esse valor. Deve ser classificada no Ativo, podendo ser Circulante ou Longo Prazo conforme especificado na conta. • Adiantamentos de clientes: quando ocorre de os clientes pa- garem pela mercadoria e a empresa não entregá-la no ato da compra gera-se para a empresa a Obrigação (lado do Passivo) de entregar essa mercadoria. Por isso, essa conta é classificada no Passivo, podendo também ser Circulante ou LongoPrazo, conforme especificado na conta. Não é possível aqui listar todas as diferentes contas que podem constar do Balanço Patrimonial, mas certamente você terá condições de classificar essas contas, partindo dos conceitos abordados até o momento, e poderá praticar isso nos exercícios propostos. 2.4 Observações quanto à Nova LeU Uas S.A.’s A Lei das Sociedades Anônimas 11.638/07, já citada no tema ante- rior, modificou a forma de classificação dos Ativos. Os Ativos agora passam a ser classificados em Ativos Circulantes e Ativos Não Circulantes. Os Ativos não Circulantes passam a possuir os seguintes grupos: Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobiliza- 40 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o do e Intangível. O Ativo Diferido foi eliminado pela Medida Provisória 449/2008, passando os itens que o compõem a ser baixados para o resul- tado ou reclassificados para um novo subgrupo de Ativos Não Circulantes chamado Ativo Intangível. O Ativo Intangível será composto por bens incorpóreos, incluindo fundo de comércio. No final deste tema, podemos retomar os seguintes conceitos: Ativo = aplicações: compreende todos os bens e direitos da empresa. Características dos bens e direitos que constam do Ativo: ser de propriedade da empresa; mensurável em dinheiro; promover benefícios presentes e futuros. Ativo tangível: composto por massa corpórea (máquinas, estoques, veículos) Ativo intangível: não possui matéria corpórea (marcas, patentes, capital intelectual). Passivo = Capital de terceiros: todas as obrigações, dívidas e finan- ciamentos que serão cobrados (exigidos) da empresa. Patrimônio Líquido = Capital próprio: aplicações dos sócios e os resultados gerados na atividade da empresa. Curto prazo = Circulante: até 12 meses Longo prazo = Acima de 12 meses Contas que deduzem o Ativo: Provisão para Devedores Duvidosos (PDD); Duplicatas descontadas; Depreciação acumulada. Contas que reduzem o Patrimônio Líquido: prejuízos acumula- dos; ações em tesouraria. Despesas antecipadas: se referem ao direito de receber o produto/ serviço já pago antecipadamente e deve ser classificado no Ativo Circu- lante ou Longo Prazo (dependendo do prazo). Impostos a compensar: se referem ao direito de compensar um imposto pago a maior para o governo e deve ser classificado no Ativo Cir- culante ou Longo Prazo (dependendo do prazo). Adiantamento de clientes: se referem a obrigação de entregar ao cliente o produto que já foi pago antecipadamente para a empresa e deve ser classificado no Passivo Circulante ou Longo Prazo (dependendo do prazo). 41 Balanço patrimonial – Unidade 2 EA D – P ro ib id a a re pr od uç ão – © U ni S EB I nt er at iv o AtUvUUaUes – Questões para reflexão 01. empresa Eslovênia apresentou os seguintes dados em 31/12/2006 (em R$ mil): Caixa 1.000 Fornecedores 4.000 Capital 500 Contas a pagar 800 Duplicatas a receber 900 Estoque 500 Lucros acumulados 1.000 Máquinas 800 Salários a pagar 900 Móveis e utensílios 4.000 Monte o Balanço Patrimonial da empresa Eslovênia: 42 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o 02. As contas apresentadas no relatório a seguir não se encontram classi- ficadas em seus grupos dentro do Ativo, Passivo e Patrimônio Líqui- do. Analise essas contas, conforme os conceitos apresentados neste tema, e responda às questões seguintes. Balanço Patrimonial – Ultraexpert S.A. Ativos Valores Passivos e PL Valores Caixa 30.000,00 Fornecedores 30.000,00 Banco 180.000,00 Contas a pagar 8.000,00 Duplicatas a receber 80.000,00 Salários a pagar 15.000,00 Estoques 30.000,00 Encargos sociais a pagar 7.500,00 Títulos a receber 10.000,00 Impostos a pagar 9.700,00 Empréstimos a coligadas (LP) 5.000,00 Financiamento (LP) 175.000,00 Veículos 30.000,00 Capital social 219.800,00 Móveis 10.000,00 Lucro ou Prejuízo acumulado 210.000,00 Terreno / Edifícios 100.000,00 Máquinas / Equipamentos 200.000,00 Total 675.000,00 Total 675.000,00 a) Total de origens______________________________________ b) Total de aplicações____________________________________ c) Total de bens________________________________________ d) Total de direitos______________________________________ e) Total do Ativo Circulante_______________________________ f) Total do Ativo Não Circulante____________________________ g) Total do Passivo Circulante______________________________ h) Total do Passivo Não Circulante__________________________ i) Total de Patrimônio Líquido_____________________________ j) Total de capital de terceiros______________________________ k) Total do capital próprio_________________________________ 43 Balanço patrimonial – Unidade 2 EA D – P ro ib id a a re pr od uç ão – © U ni S EB I nt er at iv o 03. A partir das contas relacionadas a seguir, prepare os Balanços Patri- moniais das empresas Fazbem S.A. e Beledone S.A., classificando as contas em seus respectivos grupos. a) Dados da empresa Fazbem S.A. Conta Valor (R$) Adiantamentos de clientes 52.100 Fornecedores 97.500 Caixa e bancos 45.000 Impostos a compensar (prazo acima de 12 meses) 14.000 Aplicações financeiras 135.800 Provisão para devedores duvidosos 10.000 Despesas antecipadas com assinaturas de jornais 5.000 Aplicações Financeiras (resgatáveis após 2 anos) 200.000 Financiamentos (prazo de 20 anos) 125.400 Ações de empresas coligadas 5.600 Clientes 120.000 Imóveis para uso 840.000 Lucros acumulados 13.800 Capital social 996.000 Empréstimos bancários 75.800 Dividendos a distribuir 19.000 Estoques 50.000 Impostos a pagar 25.800 44 Contabilidade Pr oi bi da a r ep ro du çã o – © U ni S EB I nt er at iv o b) Dados da empresa Beledone S.A. Conta Valor (R$) Caixa e bancos 41.138 Móveis e equipamentos 767.563 Clientes 158.379 Ações de outras cias. 480 Empréstimos bancários (prazos acima de 5 anos) 453.232 Aplicações financeiras 287.161 Provisão para devedores duvidosos 3.168 Impostos a pagar 16.085 Aplicações financeiras (resgatáveis após 2 anos) 348.674 Capital social 523.663 Lucros acumulados 6.611 Fornecedores 110.151 Estoques 219.134 Obrigações sociais 54.133 Despesas antecipadas com seguros 47.180 Empréstimos bancários 644.244 Clientes (recebíveis após 12 meses) 36.007 Financiamentos (prazo de 20 anos) 94.429 45 Balanço patrimonial – Unidade 2 EA D – P ro ib id a a re pr od uç ão – © U ni S EB I nt er at iv o Reflexão Nesta unidade você aprendeu a estruturação das contas contábeis; a aplicabilidade e a utilidade de cada conta contábil e grupos de contas (Ativo, Passivo e PL) e suas principais deduções e observações quanto à Nova Lei das SA’s. LeUturas recomenUaUas O fim da Babel contábil na empresas Nesta primeira década do Século XXI, a contabilidade das empresas brasileiras passou por mudanças significativas, o que gerou inúmeras dúvidas não só entre os contadores e técnicos em contabilidade, mas também entre demais os usu- ários da informação contábil, em especial os pequenos investidores, os quais, na maioria dos casos, não possuem o conhecimento necessário para prever os impactos tributários, fiscais, econômicos e financeiros que essas alterações irão gerar nos Balanços Patrimoniais e nas demais demonstrações contábeis. A lei no 11.638/07 e o seu recente “epílogo”, a lei no 11.941/09, modificaram uma parte significativa da estrutura normativa que rege a contabilidade brasileira, no entanto, a redação legal vaga e, por muitas vezes,
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