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1 Este capítulo aborda temas relacionados às decisões do mercado consumidor, entendendo que o consumidor procura fazer suas esco- lhas, maximizando sua satisfação, e levando em consideração sua res- trição orçamentária. Você irá aprender conceitos como utilidade total e marginal, e as curvas de preferências, como medidas de satisfação do consumidor, que servem de base para entender as escolhas dos indi- víduos na hora de comprar um bem ou serviço específico. Serão apre- sentados também entendimentos sobre restrições orçamentárias que limitam as escolhas finais das pessoas, e que determinam, por exemplo quanto ou o que um consumidor pode comprar. Capítulo 4 Comportamento do consumidor 2 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .A partir desses conhecimentos, o objetivo é também entender como variações de preço e renda podem afetar as escolhas de consumo dos indivíduos. Assim, o foco desse capítulo é compreender as preferências do consumidor a partir de seu comportamento, suas escolhas, as restri- ções em relação a renda e preço. Vamos à aula!? 1 Preferências do consumidor e o conceito de utilidade O comportamento do consumidor, em microeconomia, refere-se à como os indivíduos se comportam para satisfazer suas vontades de consumo. Mas falar em satisfação, significa entender sentimentos, de- sejos subjetivos, variáveis de difícil mensuração. Resumidamente, po- de-se afirmar que comportamento do consumidor considera que cada indivíduo procura maximizar sua satisfação pessoal, em relação ao consumo, a cesta de bens e serviços, em outras palavras maximizando sua utilidade. A teoria do consumidor procura, assim descrever como os consumidores alocam sua renda, entre diferentes bens e serviços, pro- curando maximizar o próprio bem-estar (PINDYCK; RUBINFELD, 2010). IMPORTANTE Utilidade é uma medida de satisfação do indivíduo, e o comportamento do consumidor é determinado pela maximização de suas utilidades. A relação entre os bens e serviços que as pessoas consomem e a quantidade total de utilidade gerada determinam as funções utilida- de, que são determinadas pelos diferentes gostos dos consumidores. Quando falamos de gosto trata-se de uma questão pessoal, por esse motivo as funções de utilidade são diferentes. Por exemplo, alguém que gosta de consumir cerveja e prefere comer comida pronta, tem funções utilidade com aparência diferente da uma pessoa que prefere alimenta- ção natural, e não consome bebidas alcoólicas (KRUGMAN, 2014). 3Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Os consumidores são assim, movidos por escolhas, e estas são ba- seadas em como atingir o máximo de satisfação com suas decisões, le- vando em consideração o que dará mais prazer em consumir. Como por exemplo, prefere comer carne vermelha ou peixe, ou se prefere gastar o salário com roupa, ou poupar para uma viagem de fim de ano. IMPORTANTE Os gostos das pessoas movem seus comportamentos, e são represen- tados pela função utilidade. A função utilidade é uma representação gráfica de uma curva, que mostra a variação na utilidade total de um produto, em relação a quan- tidade, e podemos supor que a unidade utilizada seja “útil” (KRUGMAN, 2014). Para compreender melhor este conceito, vamos considerar um exemplo de consumo de batatas fritas em um almoço no estilo buffet livre, que a, hipotética, Claudia pode se servir à vontade, e sua satisfação aumenta, juntamente com o aumento do consumo de batatas fritas. Figura 1- Utilidade total de Claudia Fonte: Adaptado de Krugman (2014). Utilidade total (utils) Quantidade de batata frita Função utilidade 0 70 1 60 50 40 30 20 10 2 3 4 5 6 7 8 9 4 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .O que é possível de se observar neste exemplo é que, apesar da uti- lidade total ser representada por uma curva crescente, o aumento na utilidade total do consumo de uma batata frita a mais, vai diminuindo quanto mais Claudia consome. Assim, a cada batata frita a mais adi- cionada, resulta em menos utilidade total do que o anterior. Por essa razão a curva de utilidade marginal é decrescente, como mostrado nos gráficos a seguir (KRUGMAN, 2014). Figura 2- Utilidade marginal de Claudia Fonte: Adaptado de Krugman (2014). Assim, conclui-se que a utilidade total de Claudia depende do nú- mero de batatas fritas, do mesmo modo a utilidade marginal também depende do quanto é consumido. IMPORTANTE O princípio da utilidade marginal decrescente refere-se ao fato de que a satisfação adicional que o consumidor consegue ao adquirir uma uni- dade adicional de um bem/serviço decresce à medida que a quantida- de total consumida do bem/serviço aumenta. Assim, quanto mais se consome um bem/serviço, tanto mais uma unidade adicional do bem/ Utilidade marginal por batata frita Quantidade de batata frita Curva da utilidade marginal 16 1 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 2 3 4 5 6 7 8 9 5Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. serviço acrescenta menos à satisfação do consumidor. Por exemplo, supondo que o cliente esteja em um rodízio de carne, o primeiro pedaço que come, adora, assim sua utilidade é alta. A medida que consome mais e mais carne, a satisfação, e o prazer é cada vez menor, por isso a utilidade marginal da carne é decrescente, nesse caso. 2 Restrição Orçamentária e renda do consumidor Qual é o grande limitador para o consumo das pessoas? É a renda, que é limitada, de cada indivíduo que restringe o que é comprado. Assim, o consumidor deve escolher o pacote de consumo que não supere sua renda, e esse limite de gastos é chamada de restrição orçamentária do consumidor. E o conjunto de todos os pacotes de consumo é definida como possibilidades de consumo, que vão depender preços dos bens e serviços e da renda de cada consumidor. 2.1 Diferentes tipos de bens Os bens podem ser classificados de acordo com o comportamento do consumidor, em relação à variação de preços de mercado e sua ren- da disponível. Basicamente, podem ser separados em: bens normais; bens inferiores; bens complementares; bens de consumo saciado; e bens substitutos. Quando estamos diante do chamado bem normal, sua quantidade demandada varia, coeteris paribus, na mesma direção da variação da renda do consumidor. Ou seja, se o consumidor ficar com mais recur- sos financeiros, comprará produtos de maior qualidade, em geral, mais caros. Nesse caso, se a renda aumenta, a quantidade demandada tam- bém cresce, e vice-versa. E no caso de um bem superior ou de luxo, a quantidade demandada, coeteris paribus, tem uma variação maior que 6 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .as variações na renda do consumidor. Como acontece, quando se ga- nha um salário maior, e, por exemplo, compra-se carro de luxo, roupas de grife, ou viagens de primeira classe (VASCONCELLOS, 2012). Já os bens inferiores são aqueles que deixamos de consumir, porque temos mais recursos e iremos adquirir bens mais confortáveis. Esses bens são exceções ao fato de que, quando as pessoas têm mais recur- sos financeiros, normalmente, estão mais propensas a adquirir um bem independente de seu preço. Como por exemplo, quando um cidadão deixa de andar de ônibus para tomar taxi. O bem inferior é assim, um tipo de bem, cuja quantidade demandada varia, coeteris paribus, inver- samente a mudanças na renda do consumidor. Nesse caso, se a renda crescer, mesmo assim a quantidade demandada desse bem cai, e vice- -versa (VASCONCELLOS, 2012). Outro tipo de bem são os chamados bens complementares, que são aqueles cuja variação do consumo de um bem é proporcional ao consu- mo de outro, afetados pela variação na renda, e são bens consumidos conjuntamente. Nesse caso, há uma relação inversa entre a demanda de um bem e o preço de outro, como quando o preço da gasolina afeta a compra dos carros, ou o preço das gravatas, e a quantidade demandada de camisas sociais. Existe também os bens de consumo saciado, quando a renda dos consumidores não afeta a procura do bem. Eles são bens essenciais, básicos, e, quando a renda aumenta, não afeta praticamente o consumo dos produtos, tais como feijão, arroz, sal, farinha e açúcar. Outro caso ocorre, quando a demanda de um bem/serviço pode ser afetada pelos preços de outro tipo de produtos. Assim, há uma relação direta entre a quantidade consumida de um bem, e o preço de outro, coeteris paribus. Quando isso ocorre são chamados de bens substitutos ou concorren- tes, e acontece no caso de quando há um aumento do preço da carne vermelha, há uma tendência a substituí-la pela carne de frango. 7Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2.2 Restrição orçamentária Suponhamos que um consumidor, Sammy, tenha um pacote de con- sumo, e para simplificar, seja composto de dois produtos, mexilhões e batatas, como no exemplo de Krugman (2014), esquematizado no grá- fico abaixo. Nesse exemplo, a quantidade de batatas é apresentada no eixo vertical, e a quantidade de mexilhões é medida no eixo horizontal. A reta decrescente do gráfico, mostra vários grupos de combinação dos dois produtos, dado a renda de Sammy. Todas as combinações de con- sumo incluídas na reta e abaixo dela, até os eixos vertical e horizontal, podem ser consumidas. Já os pacotes de consumo, acima dessa linha, são impossíveis de serem comprados. Essa linha, que é inclinada para baixo, é chamada de linha do orçamento. Gráfico 3 - Linha de Orçamento Fonte: Adaptado de Krugman (2014). Pacote de consumo Quantidade de mexilhões (quilos) Quantidade de batatas (quilos) A B C D E F Quantidade de mexilhões (quilos) Linha do orçamento de Sammy A B C D E F 0 1 2 3 4 5 Quantidade de batatas (quilos) 10 8 6 4 2 0 0 432 51 10 8 6 4 2 Pacotes de consumo acessíveis Pacotes de consumo inacessíveis Pacotes de consumo acessíveis que absorvem toda a renda de Sammy 8 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Considerando que a renda semanal de Sammy para gastar com alimentação seja de $20, e cada mexilhão custe $4 o quilo, e o quilo das batatas, $2. As combinações de quantidade dos dois produtos que Sammy pode consumir, qualquer que seja sua escolha o máximo de gasto que ele pode ter, equivale a seguinte fórmula: Assim, a linha do orçamento mostra todos os pacotes de consumo disponíveis para Sammy quando ele gastar sua renda total, e sua incli- nação é decrescente. Por exemplo digamos que que Sammy esteja utili- zando toda renda, no ponto B da linha do orçamento, se quiser consumir mais mexilhões deve consumir menos batatas, e pode se mover para um ponto C, por exemplo, que tem uma combinação de mais mexilhões, e menos batatas (KRUGMAN, 2014; VARIAN, 2018). PARA SABER MAIS Considerando a linha de orçamento de um consumidor, quando se con- some mais de um produto em detrimento de outro, o custo de opor- tunidade é o de consumir menos do outro produto. Como no caso de Sammy, quando ele deixa de consumir mexilhões, o custo de oportuni- dade é consumir menos batatas. Ainda considerando os dados disponíveis na tabela e gráficos, por exemplo, quando Sammy consome o que representa o ponto D no gráfico, significa que está consumido 3 quilos de mexilhão e 4 quilos de batata, e está dentro de sua restrição orçamentária. O custo total dessa escolha é: (4 kg de batata × $ 2,00 por quilo)+(3 kg de mexilhão × $ 4,00 por quilo) $ 8,00+$ 12,00=$ 20,00 Observa-se então que Sammy escolheu uma combinação dentro de seu orçamento, assim, o pacote D está dentro de sua restrição orça- mentária, de acordo com sua renda mensal de $20. Todos os outros 9Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. pontos, as combinações, que ficam na linha são pacotes onde Sammy gastaria o total da sua renda. 3 Curvas de indiferença Um outro conceito importante dentro da microeconomia refere-se a curva de indiferença, que é uma representação gráfica, uma linha que mapeia diferentes pacotes, cestas de consumo que resultam na mes- ma quantidade de utilidade total para o consumidor. Em outras palavras, nessa linha gráfica, o indivíduo é indiferente entre os pacotes, entre as combinações de produtos que se encontram na mesma curva de in- diferença. Assim, para o consumidor, existe uma curva de indiferença que se refere a cada nível de utilidade total possível (KRUGMAN, 2014; VASCONCELLOS, 2015; VARIAN, 2018). IMPORTANTE A curva de indiferença é um instrumental gráfico utilizado para ilustrar as preferências do consumidor, sendo um lugar geométrico que representa a somatória de combinações de cestas de bens que proporcionam ao consumidor o mesmo nível de bem-estar (VASCONCELLOS, 2015). Supondo um exemplo de uma consumidora, Marlene, que tem sua curva de indiferença representada pela curva a seguir, que mostra pa- cotes, cestas de consumo que geram 450 utils (unidades de utilidade) para ela. Ainda nesse exemplo, o pacote de consumo de Marlene se resume a refeições em restaurantes e viagens. Neste caso, a curva de indiferença representada no mostra diferente pacotes de consumo que geram 450 utils para qualquer combinação dos dois produtos represen- tados no eixo horizontal e vertical do gráfico, quantidade de refeições em restaurante, e viagens. 10 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s daL ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Figura 4 - Curva de indiferença Fonte: Adaptado de Krugman (2014). IMPORTANTE Como as preferências das pessoas são únicas, os mapas de curva de indiferença dos diferentes consumidores, nunca são iguais. Várias curvas de indiferença de um mesmo consumidor são conhe- cidas como mapa das curvas de indiferença, e representam diferentes funções de utilidade, que, por sua vez representam diferentes cestas de produtos, como mostrado na próxima figura. Quantidade de refeições em restaurante Viagem Curva de indiferença, I 0 80 90 543 61 2 8 9 107 70 60 50 40 15 30 A B 450 utils 11Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 5 - Mapa de uma curva de indiferença Fonte: Adaptado de Krugman (2014). Acompanhando este exemplo, podemos analisar a relação das três curvas de indiferença, I1, I2, e I3, e diferentes pacotes de consumo, como por exemplo as combinações de quantidade de produtos representadas por A, B, C e D. O que se pode entender com essa representação gráfica é que to- dos os pacotes de uma mesma curva resultam o mesmo número de utils. No entanto, se o consumidor muda de curva de indiferença para a direita, por exemplo seu nível de utilidade aumentará, e os pacotes de consumo da nova curva trarão maior satisfação para o consumidor. Por exemplo, no ponto D da curva de indiferença I3 estará consumindo 45 refeições, juntamente com 4 viagens. Um conjunto de consumo maior que na curva I2, no ponto A, por exemplo, com 30 refeições consumidas Quantidade de refeições em restaurante Viagens 0 90 432 51 987 106 80 70 60 45 30 15 10 A D B C I1 I2 I3 519 utils 450 utils 391 utils 12 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .e 3 viagens. Assim, o consumidor prefere qualquer pacote nas curvas de indiferença mais à direita (KRUGMAN, 2014). 3.1 Propriedades das curvas de indiferença Pode-se destacar algumas características comuns a todas curvas de indiferença: 1. O que existe em relação às características gerais das curvas de indiferença é que elas nunca se cruzam, porque cada pacote de consumo se refere a um único nível de utilidade total. 2. Quanto mais distante a curva da origem, maior o nível de utilidade total ela indica, pois quanto mais para direita maior a quantidade dos dois bens. 3. A inclinação das curvas de indiferença é decrescente. Isso ocorre, pois, a única forma de uma pessoa poder consumir mais de um bem A, por exemplo, é consumir menos de B, mantendo a mesma utilidade total. 4. As curvas de indiferença são convexas. Em uma representação gráfica, ao mover em um ponto da curva referente a uma com- binação de um pacote de produtos, para cima e para direita, a curva de indiferença fica menos inclinada, assim tem uma forma convexa, ou seja, o arco vai em direção à origem. Esse fato ocorre, uma vez que a utilidade marginal do consumidor é decrescente, como dito no tópico anterior, e por esse motivo o consumo de uma unidade adicional de um bem gera um crescimento menor na utilidade total, comparado com a unidade anterior consumida (KRUGMAN, 2014; VARIAN, 2018) PARA SABER MAIS Taxa Marginal de Substituição é o nome dado a inclinação da curva de indiferença, e refere-se a taxa de troca de um bem por outro, manten- 13Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. do o consumidor no mesmo nível de satisfação e bem-estar (VASCON- CELLOS, 2015). 4 Restrição da renda, consumo e utilidade Suponhamos agora, que Marlene, do exemplo anterior, tenha uma res- trição orçamentária representada pela linha BL no seguinte gráfico. Neste exemplo, essa restrição é equivalente a uma renda de $2400 mensal. Figura 6 - Pacote de consumo ótimo Fonte: Adaptado de Krugman (2014). Essa reta cruza o eixo vertical, em 80 unidades de refeições, e em 16 viagens. As curvas I1, I2, e I3 são curvas de indiferença, e os pacotes de Quantidade de refeições em restaurante Viagens 0 80 864 102 161412 70 60 50 40 30 20 10 A C B Pacote de consumo ótimo I3 I2 I1 BL 14 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .consumo, como B e C, não são ótimos, uma vez que o consumidor pode se mover para uma curva de indiferença mais alta, tendo mais utilidade. Quando o indivíduo consome 40 refeições e faz 8 viagens, ele atinge o ponto ótimo, que é o local onde a linha do orçamento tangencia uma cur- va de indiferença. Esse momento é quando é alcançado o equilíbrio do consumidor, uma vez que atingido essa combinação de produtos não há incentivos para o consumidor comprar mais de um produto ou outro, uma vez que atingiu o máximo de satisfação, dada sua renda e preços. 5 Efeitos da variação da renda do consumidor e do preço dos produtos Considerando a restrição orçamentário de um consumidor, as varia- ções de sua renda e dos preços dos produtos exercem um efeito sobre a escolha ótima de sua cesta de consumo. 5.1 Efeito da variação do preço Considerando ainda o mesmo exemplo do consumo de Marlene, su- ponhamos que haja um aumento de preço das viagens, mas sua renda e preço das refeições em restaurante continuam os mesmos. Quando isso acontece, o preço relativo das viagens em relação às refeições em restaurantes aumenta, consequentemente a linha orçamentária piora, fazendo o consumidor optar por uma outra combinação de quantidade de produtos. No próximo gráfico é possível observar as linhas orçamentárias, a original (BL1) e a nova (BL2), decorrente do aumento do preço da mora- dia, mantendo a renda constante. A linha de orçamento (BL1) cruzou o eixo vertical em 80 refeições em restaurante, e o eixo horizontal em 16 viagens. Com a nova restrição orçamentária, a linha do orçamento (BL2) cruza o eixo vertical em 80 refeições, mas o eixo horizontal diminui para 15Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 4 viagens, uma vez que o aumento no preço das viagens diminui seu po- der de compra (KRUGMAN, 2014). A escolha ótima será a cesta/pacote ótimo de consumo que proporciona a maior satisfação para o consumi- dor dentro do seu limite orçamentário. Figura 7 - Efeitos de um aumento de preço na linha do orçamento Fonte: Adaptado de Krugman (2014). 5.2 Efeito da variação da renda No caso de haver uma variação na renda do consumidor, como por exemplo o indivíduo recebe um aumento de salário, ou ganha uma he- rança, e, mantendo o preço relativo dos produtos constante, o efeito da renda também altera a linha do orçamento. Suponha que a renda Quantidade de refeições em restaurante Viagem 0 80 864 101 2 161412 70 60 50 40 3020 10 A BL1 Pacote de consumo original 2 ... reduz o consumo... 1. Um aumento no preço relativo das viagens gira a linha do orçamento BL2 C I2 I1 Pacote de consumo novo 3 ... e aumenta o consumo de refeições em restaurantes 16 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .de Marlene caia de $2.400 para $1.200, mesmo com os preços cons- tantes em $30 por refeição em restaurante $150 por viagens. Nessa nova situação, o número máximo de viagens que ela pode adquirir pas- sa para 8, e o número máximo de refeições em restaurante reduz para 40. Graficamente, há um deslocamento da linha do orçamento paralelo para esquerda conforme figura abaixo, de BL1 para BL2. PARA SABER MAIS O deslocamento ocorre em paralelo, pois a inclinação da linha do orça- mento permanece inalterada quando a renda varia. Em outro exemplo, se a renda do consumidor crescer para $3.000, o indivíduo tem mais dinheiro para pagar um máximo de 100 refeições e viajar 20 vezes (pontos que a reta cruza os eixos vertical, e horizontal), havendo um deslocamento da linha do orçamento paralelo para direita, de BL1 para BL3. Assim, as possibilidades de consumo de Marlene cres- cem (KRUGMAN, 2014; VASCONCELLOS, 2015). Figura 8 - Efeito de uma variação na renda na linha do orçamento Fonte: Adaptado de Krugman (2014). 16 40 Viagens Quantidade de refeições em restaurante 80 100 8 20 BL3BL1 BL2 Um queda na renda resulta em um deslocamento paralelo para dentro da linha do orçamento Um aumento na renda resulta em um desloca- mento paralelo para fora da linha do orçamento 17Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerando agora que Marlene obteve uma variação direta na ren- da (alteração no nível de renda, e o preço relativo constante). A figura abaixo apresenta as diferentes linhas do orçamento, e, a escolha de consumo ótimo, considerando uma renda de $2.400 por mês (BL1), a linha de seu orçamento, e o ponto de consumo ótimo com uma renda de $1.200 por mês (BL2). Considere os preços constantes ($150 por viagem e $30 por quantidade de refeições). O ponto A é a cesta/pacote de consumo ótimo de Marlene, consi- derando uma renda de $2.400. Já, o ponto B é o pacote de consumo ótimo, considerando uma renda de $1.200. O ponto de cesta de con- sumo ótimo ocorre no ponto que a linha do orçamento tangencia a curva de indiferença. Figura 9 – Efeitos da variação nos pacotes de consumo Fonte: Adaptado de KRUGMAN, 2014 Quantidade de refeições em restaurante Viagens 0 80 864 102 161412 70 60 50 40 30 20 10 A BL1 Pacote de consumo ótimo com renda de $ 1.200,00 BL2 I2 I1 B Pacote de consumo ótimo com renda de $ 2.400,00 1 Uma queda na renda desloca a linha do orçamento para dentro, ... 2 ... resultando em uma queda no consumo de viagens... 3 ... e uma queda no consumo de refeições em restaurante 18 Estratégias econômicas empresariais Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Considerações finais Neste capítulo abarcamos os assuntos relacionados ao compor- tamento do consumidor, compreendendo suas preferências a partir de seu comportamento, tais como suas escolhas, e restrições em relação a renda e preço. Dentro desses ensinamentos, o conceito de Utilidade sur- ge como medida da satisfação do consumidor. Como os consumidores sempre procuram atingir o máximo de satisfação, eles sempre tentam maximizar sua utilidade. Assim, a função utilidade do consumidor repre- senta graficamente a relação entre o pacote de consumo de um consumi- dor e a utilidade total gerada pelos produtos escolhidos por ele. Outra representação gráfica aprendida refere-se a curva da utilida- de marginal, que ilustra a utilidade marginal de consumir uma unidade a mais de um bem ou serviço. Considerando o consumo da maioria dos indivíduos, e da maior parte dos bens e serviços, deve se respeitar o princípio da utilidade marginal, determinando que a cada unidade a mais consumida, tem-se menos acréscimo à utilidade total comparado com a unidade anterior acrescentada. Por fim, tem-se o conhecimento sobre restrição orçamentária, que pressupõe que o gasto total do consumidor com um bem ou serviço não deve ser maior que sua renda. Para que isso ocorra, o conjunto de combinação de produtos deve respeitar a restrição orçamentária, resul- tando em diferentes possibilidades de consumo. Assim, o consumidor, considerando suas restrições orçamentárias e de preços é capaz de or- denar e classificar suas preferências, escolhendo a cesta ótima que lhe dará a melhor satisfação. Referências KRUGMAN, P. Microeconomia. São Paulo: Atlas, 2014. E-book VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro E Macro. São Paulo: Atlas, 2015. E-book 19Comportamento do consumidor M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. VASCONCELLOS, M. A. S.; PINHO, D. B.; TONETO JR., R. Introdução à economia: São Paulo: Saraiva, 2012. Edição digital. VARIAN, H. Microeconomia: Uma abordagem moderna. São Paulo: Atlas, 2018. E-book. _GoBack
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