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Antieméticos e Procinéticos 1 Antieméticos e Procinéticos Procinéticos → São medicamentos que organizam o movimento, estimulando a motilidade gastrointestinal no sentido oral-anal. → Quais os tipos de movimentos no TGI? Propulsivos: longitudinais. De mistura: contrações circulares. Movimentos de esfíncteres: relaxamento e contração. → O que desencadeia esses movimentos? Reflexos locais: neurônios do sistema nervoso entérico - plexos submucoso e mioentérico. SNA: parassimpático estimula e simpático reduz os movimentos. SNC: ação central. → Os neurônios que fazem parte do plexo submucoso são neurônios aferentes que funcionam como quimioceptores e mecanoceptores. Fazem sinapse com neurônios no plexo mioentérico. → Camada muscular circular: mais relacionada a movimentos de misturas. → Camada muscular longitudinal: movimentos propulsivos. Antagonistas Dopaminérgicos (D2) → Receptores D2: presentes no trato digestivo alto (parte distal do esôfago, esfíncter pilórico e parede do estômago). Também estão presentes no SNC, na substância negra e nas vias nigro-estriatais, que são regiões relacionadas ao início do movimento. O mal de Parkinson ocorre por degeneração dessa região, por isso estão presentes tremores. Dopamina também está relacionada ao sistema de recompensa. Antieméticos e Procinéticos 2 Excesso de dopamina causa delírios e alucinações, como ocorre na esquizofrenia. A dopamina é o principal inibidor da liberação da prolactina. → Os antagonistas bloqueiam o receptor D2 de dopamina, os quais são receptores inibitórios que atuam reduzindo a liberação de acetilcolina. → Metoclopramida (Plasil), domperidona (Motilium) e bromoprida. → Efeitos: aumentam a motilidade da parte final do esôfago, aumentam a pressão no esfíncter esofágico inferior e aceleram o esvaziamento gástrico. → Indicações: DRGE, gastroparesia diabética, lactação pós-parto, náuseas e vômitos, antiemético, radiografia contrastada do intestino. → Efeitos colaterais: O Plasil é menor e mais lipossolúvel, podendo ultrapassar a barreira hematoencefálica com mais facilidade e agir no sistema extrapiramidal (tálamo, o cerebelo, os gânglios da base, a substância negra e o núcleo subtalâmico) causando alguns efeitos colaterais (reação extrapiramidal: tremores, discinesias ...). Com a domperidona, esse tipo de efeito é muito raro. Tanto a metoclopramida e a domperidoa são considerados galactogogos, podendo auxiliar na produção de leite materno, mas o Plasil tende a ser mais efetivo para este resultado por sua maior lipossolubilidade. Na mulher que não é puérpera, o aumento da prolactina causa galactorreia e alterações no ciclo menstrual. Nos homens, a prolactina causa disfunção erétil e ginecomastia. Domperidona pode causar hipotensão e arritmias ventriculares. Agonistas Serotoninérgicos → Receptores serotoninérgicos estão bastante presentes no trato digestivo médio (intestino delgado e início do intestino grosso). → É o principal neurotransmissor liberado pelas células intestinais (entero-cromafins), estimulando neurônios do sistema nervoso entérico, podendo ocasionar efeitos inibitórios ou excitatórios, a depender do tipo de receptor ativado. → A liberação de serotonina estimula o peristaltismo e o processo de secreção. → O principal uso é para constipação. → Prucaloprida e Tegaserode. A prucaloprida é utilizada por mulheres com constipação em que os laxantes convencionais não apresentaram efeitos significativos. Tegaserode é utilizado por pessoas com síndrome do intestino irritável. → Efeitos colaterais: diarreia, náusea, vômitos, dor abdominal. Agonistas da Motilina → A motilina é um neurotransmissor produzido pelas células M do intestino, tendo por função estimular a motilidade do duodeno e o relaxamento do esfíncter pilórico. Assim, acelera o esvaziamento gástrico e age como um enterocinético (também age um pouco no esôfago). Antieméticos e Procinéticos 3 → A eritromicina (macrolídeo) estimula os receptores M. → Indicação de uso: gastroparesia diabética e ílio paralítico. → Efeitos colaterais: diarreia, disbiose, colite pseudomembranosa (C. difficile), seleção da microbiota (resistência bacteriana). → Os macrolídeos são inibidores do CYP3A4, podendo ocasionar interações medicamentosas. → O uso de eritromicina pode causar taquifilaxia (dessensibilização do receptor ou do mecanismo de transdução de sinal; o efeito não volta após o aumento da dose). Outros Análogo da Somatostatina → Octreotida. → Utilizado por quem tem gigantismo e acromegalia para reverter os efeitos do GH. → Também age aumentando a motilidade da região final do intestino; porém, seu uso é bem restrito nesses casos, sendo indicado quando a pessoa apresenta doença inflamatória intestinal (uso off-label). Outros Fármacos → Clonidina: é capaz de melhorar sintomas gastroparéticos e acelerar o esvaziamento gástrico em pacientes com gastroparesia diabética associada a neuropatia autonômica. A clonidina é um agonista alfa-adrenérgico (simpatolítico de ação central) usado como anti-hipertensivo que, em pessoas normais, inibe a motilidade gastrintestinal e provoca retardo do esvaziamento gástrico. Esta observação indica que a clonidina pode ser uma alternativa terapêutica para a gastroparesia diabética. → BCC: reduzem a atividade contrátil do músculo cardíaco e músculo liso, reduzindo a entrada de cálcio nas células durante a excitação elétrica ou química da membrana celular. Com isso, podem diminuir a motilidade intestinal, podendo causar constipação. Porém, no caso da acalasia, pode melhorar os sintomas. → Toxina botulínica: age seletivamente no terminal nervoso periférico colinérgico, inibindo a liberação de acetilcolina. Ela pode ser utilizada para tratar gastroparesia, causada por pressões pilóricas elevadas que retardam o esvaziamento gástrico, por meio da injeção da toxina no piloro. → Baclofeno: agonista muscarínico que estimula os receptores M3, era utilizado para tratar DRGE e gastroparesia; atualmente é utilizado para diminuir a espasticidade do músculo esquelético de pessoas com EM, ELA, paraplegia, entre outros. Pode causar vômitos, diarreia, constipação. Análogos do GLP-1 → Peptídeo produzido pelas células L do intestino; aumenta durante a refeição. → Contrai o esfíncter pilórico, reduzindo o esvaziamento gástrico. → Usados para tratamento de obesidade. → Pode causar náuseas e vômitos. → Liraglutida, dulaglutida … Antieméticos e Procinéticos 4 Antieméticos → Quem controla o vômito é o centro emético, que está localizado no bulbo do tronco encefálico, especificamente na formação reticular parte lateral. → O processo do vômito envolve o controle da PA, da FR, da salivação, dos músculos abdominais e do diafragma, fechamento da glote, entre outros, tudo isso controlado pelo centro emético. → O centro emético é influenciado por várias outras estruturas centrais e periféricas, e isso envolve uma enorme variedade de neurotransmissores. → Cada tipo de vômito envolve uma determinada região do sistema nervoso e determinados neurotransmissores. Por isso, existem fármacos diferentes para cada tipo de náusea. Por exemplo, a cinetose é o enjoo relacionado a distúrbios do movimento. Os receptores relacionados são o M1 e H1, por isso se utiliza anti-histamínicos, como Dramin, para cinetose. Substâncias transportadas pelo sangue ou pelo liquor, como fármacos (quimioterápicos, opioides, levodopa), podem causar êmese por ativarem a zona do gatilho quimiorreceptora (uma região que apresenta BHE mais permeável). Ali existem receptores M1, NK1, D2, 5-HT3, CB1 (endocanabinoides). Neste caso, podem ser usados antagonistas da serotonina, antidopaminérgicos, anti-colinérgico. Irritantes locais presentes no TGI são detectados por quimioceptores (neurônios do plexo submucoso), estimulando-os; com isso, esse estímulo é levada ao SNC pelo nervo vago, podendo alcançar a zona do gatilho quimiorreceptor, que ativa o centro do vômito. Estímulos sensoriais (visão, olfato, dor)também podem ativar vias que levam a náuseas e vômitos. → A náusea em si é diferente da êmese porque envolve regiões acima do centro emético que incluem a ínsula, os giros cingulado anterior, corticorbital, somatosensorial e córtex pré-frontal. → A serotonina é um dos principais neurotransmissores envolvidos na êmese, depois vem a dopamina, a histamina e a acetilcolina. Antieméticos e Procinéticos 5 → Algumas etiologias de náuseas são melhores tratadas pela fármacos que atinjam a causa base. Por exemplo, êmese por opioides pode ser tratada com antagonista de opioides; náusea por ansiedade e medo pode ser tratada com benzodiazepínicos; náusea por quimioterápico pode ser tratada em associação com corticosteroides (quimioterápicos podem causar degranulação de mastócitos, liberando histamina, que causa sintomas alérgicos e age nos receptores H1 do SNC). Antagonistas Serotoninérgicos 5-HT3 → É a classe mais efetiva para o tratamento de náusea e vômitos pós-operatórios e induzidos por quimioterapia. Porém, são mais efetivos para vômitos agudos do que para náusea aguda. Não são úteis para vômitos tardios. → Ondasetrona (Vonau) , granisetrona, palonosetrona (pró-droga, só IV). → Atuam nos receptores 5-HT3 do núcleo do trato solitário, da zona do gatilho quimiorreceptora, do centro emético, do estômago e intestino. → Indicações: quimioterapia (principal indicação), pós-operatório, hiperêmese gravídica (preferência por anti-histamínico, mas se não der certo, utiliza-se os antagonistas 5-HT3). Não são úteis para cinetose. → Efeitos colaterais: cefaleia, constipação, tonturas, prolongamento do intervalo QT. → Farmacocinética: Administração: via oral, IM e IV. Metabolismo: CYP1A12, CYP3A4 (metaboliza mais de 50% dos fármacos) e CYP2D6 (muito polimorfismo). Quem tem insuficiência hepática pode utilizar com segurança. → Corticosteroides (como dexametasona e metilprednisona) podem ser usados em associação com antagonistas 5-HT3 para tratar a êmese induzida por quimioterapia ou radioterapia. Antagonistas Dopaminérgicos (D2) → Metoclopramida e domperidona: atuam na zona do gatilho quimiorreceptora e no núcleo do trato solitário. → Antipsicóticos: apresentam efeito antiemético por agirem também nos receptores do TGI. 1ª geração: Haloperidol, clorpromazina → apresentam efeitos anticolinérgicos e anti- histamínico. Efeitos colaterais: sedação (anti-histamínico); boca seca, retenção urinária (anticolinérgico); secreção de prolactina pelo hipotálamo e efeitos extrapiramidais (por agirem na substância nigroestriatal). 2ª geração: Olanzapina, droperidol, levomepromazina → não apresentam efeitos anticolinérgicos e anti-histamínico. A Olanzapina é um antipsicótico atípico que é antagonista do receptor de dopamina e de serotonina. Por isso pode ser usada para prevenção de náusea e vômitos tardios associados a quimioterapia. Antieméticos e Procinéticos 6 Efeito colaterais: causam menos sedação, boca seca, retenção urinária; mas podem causar mais efeitos extrapiramidais. Anti-Histamínicos (H1) → Prometazina (Fenergan), Difenidramina, Meclizina, Dimenidrinato (Dramin), Cinarizina. → São de primeira geração: lipossolúveis, podendo ultrapassar a barreira hematoencefálica, causando sedação; também apresentam efeitos anti-colinérgicos, causando boca seca, midríase, fotofobia, retenção urinária; também são alfa-bloqueadores, podendo causar hipotensão postural em idosos. → Melhores fármacos para cinetose, podendo ser usados também para vômitos no pós- operatório e para náusea e vômitos em grávidas. Dramin B6 Outros Fármacos Antimuscarínicos → Escopolamina: por ser lipossolúvel consegue passar a BHE; é um ótimo antiemético, mas não é usado para este fim por conta da enorme quantidade de efeitos colaterais (a forma de adesivo transdérmico apresenta menos efeitos). Útil para cinetose. → O Buscopan (N-Butil-Brometo de Escopolamina) por ser muito grande e menos lipossolúvel não consegue passar a BHE, e não é útil para náuseas. → Efeitos adversos: boca seca, midríase, fotofobia, retenção urinária. Benzodiazepínicos → Lorazepam e Diazepam. → Servem para vômitos relacionados à ansiedade. Canabinoides → Nabilona. → Apresentam efeito antiemético por agirem no núcleo do trato solitário e na zona do gatilho quimioorreceptora → Nenhum fármaco com registro ativo no Brasil para este uso. → Apresentam vários efeitos colaterais e podem causar dependência. Opioides → Antagonista de opioide: Naloxona. → Se um paciente se intoxicou com opioides, ou se eles forem usados em procedimentos cirúrgicos, pode ocasionar náuseas e vômitos; para cortar este efeito, usa-se a Naloxona. Antagonistas de Receptores de Neurocininas (NK1) → A substância P é uma neurocinina. Antieméticos e Procinéticos 7 → Aprepitanto e Fosaprepitanto (pró-droga, só via IV). → São usados juntamente com os antagonistas 5-HT3 e corticoides para evitar vômitos induzidos por quimioterapia e radioterapia, especialmente vômitos tardios. → Interações medicamentosas: drogas quimioterápicas (irinotecana, vincristina, vimblastina …). → Metabolismo: CYP3A4. Inibe este citocromo, diminuindo a metabolização de cetoconazol, ciprofloxacino, claritromicina, ritonavir, verapamil, quinidina. → Fosaprepitano pode aumentar o INR da varfarina.
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