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SUS-Sistema-Único-de-Saúde-1-P-1

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SUS-SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
 
 
 
 
2 
 
FACUMINAS 
 
 A história do Instituto Facuminas , inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação.Com isso foi criado a Facuminas , como entidade oferecendo serviços 
educacionais em nível superior. 
 A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, 
aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da 
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação 
de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da 
humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
 A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente 
para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa 
forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, 
primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço 
oferecido. 
 
 
 
 
 
3 
SUMÁRIO 
 
SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICA .......................................................................................................4 
1 - CONHEÇA A HISTÓRIA E COMO FUNCIONA O SUS ..................................................................5 
1.1 - Como funciona o SUS? .........................................................................................................5 
2 - O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ..................................................................................................7 
3 - HÁ PEDRAS NO MEIO DO CAMINHO DO SUS ........................................................................10 
4 - SAÚDE PÚBLICA, REDE BÁSICA E O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO( ADAPTADO) ...............12 
4.1 - Introdução ..........................................................................................................................12 
4.2 - O Desenvolvimento da Saúde Pública ................................................................................13 
4.3 - As Posições Político-Ideológicas e a Rede Básica ...............................................................18 
4.4 - Discussão ............................................................................................................................20 
5 - O SUS PODE SER SEU MELHOR PLANO DE SAÚDE .................................................................23 
5.1 - O plano de saúde de todos os brasileiros ...........................................................................24 
5.2 - Você paga duas vezes, e ainda não fica satisfeito ..............................................................26 
5.3 - Conheça melhor o SUS, um direito de todos .....................................................................27 
5.4 - O SUS já provou que pode dar certo ..................................................................................28 
Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz, 2002................................................................28 
5.5 - Não são poucas as dificuldades do SUS ..............................................................................29 
5.6 - Está tudo na Constituição. Só falta cumprir. ......................................................................31 
Referências.................................................................................................................................34 
 
 
 
 
 
4 
SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICA 
“Não Há prova maior de insanidade do que fazer a mesma 
Coisa dia após dia e esperar resultados diferentes” 
(Albert Einstein) 
Caro aluno, parabéns pela escolha! Começamos agora uma jornada de sucesso 
e muito aprendizado, lembrando que você já é um vencedor pois o conhecimento é um 
bem que melhora nossa autoestima, nossa vida profissional e, principalmente, enriquece 
a nossa alma sem que ninguém possa tirá-lo de nós, ou seja, uma vez adquirido é um 
tesouro atemporal em nossa existência. 
 
(Professora Mestre, Liliana Martino) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/abril/17/AF-Carta-Usuarios-
Saude-site.pdf 
 
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/abril/17/AF-Carta-Usuarios-Saude-site.pdf
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/abril/17/AF-Carta-Usuarios-Saude-site.pdf
 
 
 
 
5 
1 - CONHEÇA A HISTÓRIA E COMO FUNCIONA O SUS 
Muita gente já ouviu falar no SUS, o Sistema Único de Saúde de nosso país. O 
SUS é um sistema, composto por muitas partes e, por mais diferentes que pareçam, tem 
uma finalidade comum: cuidar e promover a saúde de toda a população, melhorando a 
qualidade de vida dos brasileiros. 
O SUS existe há pouco tempo. Surgiu como resposta à insatisfação e 
descontentamento existente em relação aos direitos de cidadania, acesso, serviços e 
forma de organização do sistema de saúde. Nos anos 70 e 80, vários médicos, 
enfermeiros, donas de casa, trabalhadores de sindicatos, religiosos e funcionários dos 
postos e secretarias de saúde levaram adiante um movimento, o "movimento sanitário", 
com o objetivo de criar um novo sistema público para solucionar os inúmeros 
problemas encontrados no atendimento à saúde da população. O movimento orientava-
se pela ideia de que todos têm direito à saúde e que o governo, juntamente com a 
sociedade, tem o dever de fazer o que for preciso para alcançar este objetivo. 
A Constituição Federal de 1988 determinou ser dever do Estado garantir saúde a 
toda a população. Para tanto, criou o Sistema Único de Saúde. Em 1990, o Congresso 
Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que detalha o funcionamento do Sistema. 
Portanto, o SUS resultou de um processo de lutas, mobilização, participação e esforços 
desenvolvidos por um grande número de pessoas. 
1.1 - Como funciona o SUS? 
O SUS é um sistema público, organizado e orientado no sentido do interesse 
coletivo, e todas as pessoas, independente de raça, crenças, cor, situação de emprego, 
classe social, local de moradia, a ele têm direito. 
As diferentes situações de vida dos vários grupos populacionais geram 
problemas de saúde específicos, bem como riscos e/ou exposição maior ou menor a 
determinadas doenças, acidentes e violências. Isto significa, portanto, necessidades 
diferenciadas, exigindo que as ações da gestão do sistema e dos serviços de saúde sejam 
orientadas para atender a essas especificidades. Entretanto, como o SUS oferece o 
mesmo atendimento a todas as pessoas, algumas não recebem o que necessitam, 
enquanto outras têm além do satisfatório, o que aumenta as desigualdades. No SUS, 
 
 
 
 
6 
situações desiguais devem ser tratadas desigualmente. Baseia-se, portanto, no princípio 
da equidade. 
Este é um grande desafio. Muito tem que ser feito para que todos possam ter 
saúde. O Governo deve concentrar esforços e investir mais onde há maior carência. O 
SUS tem o papel de cuidar de todas as necessidades da área da saúde. E cuidar da saúde 
não é apenas medicar os doentes ou realizar cirurgias, é preciso garantir vacinas à 
população, dar atenção aos problemas das mulheres, crianças e idosos, combater a 
dengue e outras doenças. Este é o princípio de integralidade, ou seja, realizar todas as 
ações necessárias para a promoção, proteção e recuperação da saúde de todos. 
Todos sabem, porém, que, para ter boa saúde, é preciso ter boa alimentação, 
possuir uma casa, morar num local com rede de esgoto, luz e água, trabalhar, ter um 
meio de transporte bom e barato, desfrutar de programas de lazer. Assim, para que as 
pessoas tenham uma boa qualidade de vida, não depende apenas do setor saúde. 
Compreende-se que "os níveis de saúde da população expressam a organização social e 
econômica do país". Ou seja, há o reconhecimento de que os indicadores de saúde das 
pessoasdevem ser tomados para medir o nível de desenvolvimento do país e do bem-
estar da população. 
O Sistema Único de Saúde tem seus serviços administrados pelos governos 
federal, estaduais e municipais e por organizações cujo objetivo é garantir a prestação 
de serviços gratuitos a qualquer cidadão.Em locais onde há falta de serviços públicos, o 
SUS realiza a contratação de serviços de hospitais ou laboratórios particulares, para que 
não falte assistência às pessoas. Desse modo, esses hospitais e laboratórios também se 
integram à rede SUS, tendo que seguir seus princípios e diretrizes.Devido às 
significativas diferenças existentes entre as várias regiões e municípios brasileiros, o 
Ministério da Saúde criou formas de descentralizar a prestação dos serviços públicos de 
saúde, repassando responsabilidades diferenciadas aos diferentes municípios. A 
mudança foi grande, pois ocorreu a unificação de comando, representada pela 
transferência ao Ministério da Saúde de toda a responsabilidade pela saúde no plano 
federal. Da mesma forma nos estados e municípios, onde a responsabilidade fica a cargo 
das respectivas secretarias estaduais e municipais de saúde. Sob outro aspecto, o 
princípio da universalidade representou a inclusão de todos no amparo prestado pelo 
SUS, ou seja, qualquer pessoa passa a ter o direito de ser atendidos nas unidades 
 
 
 
 
7 
públicas de saúde, lembrando que antes apenas os trabalhadores com carteira registrada 
faziam jus a esses serviços. 
Nem sempre é possível ao município executar sozinho todos os serviços de 
saúde. Pequenos municípios carecem de recursos humanos, financeiros e materiais, e 
sua população é insuficiente para manter um hospital ou serviços especializados. Por 
isso, a descentralização dos serviços implica também na sua regionalização. Num país 
imenso como o nosso, para evitar desperdícios e duplicações faz-se necessário organizar 
os serviços, visando dar acesso a todos os tipos de atendimento. 
O sistema de saúde é ainda um sistema hierarquizado: compõe-se de várias 
unidades interligadas, cada qual com suas tarefas a cumprir. Num primeiro nível, estão 
os centros de saúde, que todos podem procurar diretamente; em seguida, há outros 
estabelecimentos que ofertam serviços mais complexos, como as policlínicas e 
hospitais. Quando necessário, as pessoas serão encaminhadas para eles, sempre 
referenciadas a partir dos centros de saúde. Para os casos de urgência e emergência, há 
um pronto-socorro próximo. 
É bem verdade que o SUS, como não poderia deixar de ser, está em constante 
processo de aperfeiçoamento. A promoção da saúde à população estará sofrendo sempre 
transformações pois, como as sociedades são dinâmicas, a cada dia surgem novas 
tecnologias que devem ser utilizadas para a melhoria dos serviços e das ações de saúde. 
Além disso, temos também como condição essencial para um melhor funcionamento do 
SUS a participação e mobilização social em seus trabalhos. Podemos dizer que a sua 
participação é a alma do SUS. 
Texto produzido pela Área Técnica da Promoção da Saúde - Ministério da Saúde, 
AGO/2016 
2 - O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
O Sistema Único de Saúde é uma nova formulação política e organizacional para 
o redirecionamento dos serviços e ações da saúde. É assim definido por seguir a mesma 
doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a 
responsabilidade das três esferas do governo: federal, estadual e municipal. Não se trata 
de um serviço ou uma instituição, mas um sistema que significa um conjunto de 
unidade, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos 
 
 
 
 
8 
integrantes do sistema referem-se, ao mesmo tempo, às atividades de promoção, 
proteção e recuperação da saúde. 
Baseado nos preceitos constitucionais, a construção do SUS se norteia pelos 
seguintes princípios doutrinários: 
Universalidade: é a garantia de atenção à saúde, por parte do sistema, a todo e 
qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito ao acesso a 
todos os serviços de saúde, inclusive àqueles contratados pelo poder público. Saúde é 
direito de todos e dever do governo, seja ele municipal, estadual ou federal. 
Equidade: é assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a 
complexidade que cada caso requeira, more o cidadão onde morar. Todo cidadão é igual 
perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades até o limite do que o sistema 
pode oferecer. 
Integralidade: é o reconhecimento na prática dos serviços que: 
cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; 
as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um 
todo indivisível e não podem ser compartimentalizadas; 
as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, 
formam também um todo indivisível configurando um sistema capaz de prestar 
assistência integral; 
o homem é um ser integral, bio-psico-social, e deverá ser atendido com esta 
visão integral por um sistema de saúde também integral, voltado a promover, proteger e 
recuperar sua saúde. 
 Os princípios que regem sua organização são: 
Regionalização e hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis 
de tecnologia crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com definição da 
população a ser atendida Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma 
determinada população todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo 
tipo de tecnologia disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade. O acesso 
da população á rede deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção, que 
devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam 
os serviços de saúde. Os demais deverão ser referenciados para os serviços de maior 
complexidade tecnológica. 
 
 
 
 
9 
 Resolubilidade: é a exigência de que, quando um indivíduo busque 
atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço 
correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível de sua 
competência. 
Descentralização: é entendida como uma redistribuição das responsabilidades 
quanto ás ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia 
de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. 
Deverá haver uma profunda redefinição das atribuições dos vários níveis de governo 
com um nítido reforço do poder municipal sobre a saúde - o que é denominado 
municipalização da saúde. 
Participação popular: é a garantia de que a população, através de suas entidades 
representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do 
controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Essa 
participação deve se dar nos Conselhos de Saúde, com representação paritária de 
usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de serviço. Outra forma de 
participação são as conferências de saúde, periódicas, para definir prioridades e linhas 
de ação sobre a saúde. 
Complementariedade do setor privado: a constituição definiu que quando o 
setor público não for suficiente para prestar os serviços necessários devem ser 
contratados serviços privados, desde que sejam seguidas as regras do direito público e 
as diretrizes do SUS e sejam priorizadas as entidades não-lucrativas ou filantrópicas. 
Gestores são as entidades encarregadas de fazer com que o SUS seja implantado 
e funcione adequadamente dentro das diretrizes doutrinárias, da lógica organizacional e 
seja operacionalizado dentro dos princípios anteriormente citados. Haverá gestores nas 
três esferas de governo, sendo a nível federal o Ministério da Saúde, a nível estadual a 
Secretaria Municipal de Saúde e a nível municipal a Secretaria Municipal da Saúde. 
O financiamento do SUS vem de recursos da Seguridade Social(30%), verbas 
do tesouro nacional e do orçamento da união que é destinado á saúde (cerca de 3%). 
Todos estes recursos juntos constituirão o Fundo Nacional de Saúde que será 
administrado pelo Ministério da Saúde e controlado e fiscalizado pelo Conselho 
Nacional de Saúde. Esses recursos serão divididos em duas partes: uma será retida para 
o investimento e custeio das ações federais e a outra será repassada para as secretarias 
de saúde estaduais e municipais, de acordo com critérios definidos em função da 
 
 
 
 
10 
população, necessidade de saúde e rede assistencial. Em cada estado os recursos 
repassados pelo Ministério da Saúde serão somados aos alocados pelo próprio governo 
estadual e desse montante, uma parte ficara retida para as ações e os serviços estaduais, 
enquanto outra será repassada aos municípios. Finalmente, caberá aos próprios 
municípios destinar a parte adequada de seu próprio orçamento para as ações e serviços 
de saúde de sua população e gerir os recursos federais e estaduais repassados a ele para 
o custeio das ações e serviços de saúde de âmbito municipal. 
A legislação básica do SUS é: 
Constituição federal de 1988; 
 Lei 8080/setembro de 1990; 
 Lei 8142/ dezembro de 1990; 
 Normas Operacionais Básicas ( NOBS ) 01/91, 01/93, 01/96; 
 Norma Operacional de Assistência – NOAS-SUS 01/2000. 
3 - HÁ PEDRAS NO MEIO DO CAMINHO DO SUS 
Fui convidado para organizar um número temático sobre o Sistema Único de 
Saúde. Senti-me agradecido e honrado. A eleição do assunto é oportuna, pois, de fato, 
precisamos repensar o SUS também sob uma ótica objetiva, sistemática e científica. 
Que nossos desejos e utopias não sirvam como venda a ocultar o óbvio: há pedras no 
meio do caminho! 
Por isso, é importante este número temático que tem objetivo de atualizar e 
difundir diferentes interpretações sobre o SUS. Ele focaliza o SUS na prática, suas 
realizações e limites e busca contextualizar seus problemas no marco histórico das 
políticas sociais brasileiras. 
Vivemos em uma época em que há imensos obstáculos estruturais (pedras) à 
construção do bem-estar social. Talvez essa seja a marca que irá caracterizar no futuro 
esse nosso tempo: a incapacidade, apesar da produção exponencial de riqueza, de 
assegurar bem-estar às pessoas. As políticas públicas estão em crise, são consideradas 
fora de moda. Construiu-se um discurso bastante difundido, repetido como um 
cantochão sinistro, sobre a quase auto-suficiência do mercado. E essa é uma pedra no 
caminho do SUS. 
 
 
 
 
11 
O SUS é um sistema público, descentralizado e com gestão participativa, mas é 
integrado por uma rede intricada de serviços e de servidores públicos, ainda que 
bastante penetrada por componentes da sociedade civil: conselheiros, prestadores, 
organizações não governamentais, opinião pública, etc. Boa parte das sugestões sobre 
como organizar e gerir esse sistema parte do discurso único - em decorrência, é pobre e 
reduzido de construir "agenda", "regulação" e "avaliação", na suposição de que com 
esses conceitos estaria dada a boa "governança". Infelizmente, esses termos 
tecnocráticos não dão conta da gestão de um sistema público, não privatizado, ainda que 
com interações importantes com entidades privadas. Faltam-nos elementos para a tarefa 
concreta de planejar e gerir diretamente uma rede complexa, falta-nos política de 
pessoal, falta-nos incorporar avaliação à gestão e falta-nos subordinar a avaliação aos 
objetivos e metas do sistema. 
Falta um mundo de coisas! Falta pensar outra estrutura administrativa para o 
SUS: continuar a reforma política para dentro do Sistema, criar uma nova legislação 
sobre suas organizações e sobre o modo como poderiam se relacionar. Há o obstáculo 
do financiamento, há projetos pelo meio do caminho, mas, sobretudo, há, creio, uma 
falha entre nós, atores sociais, usuários, governantes e sujeitos ou vítimas desse 
processo: no fundo, no duro da batata, não pensamos e agimos como se o SUS fosse 
nosso espaço vital encarregado de co-produzir saúde. A classe média e as empresas 
fogem pela saúde suplementar; os governantes, para programas focais; a mídia, 
raramente nomeia o SUS: fala em fila, hospitais, entretanto ignora o sistema, sequer 
menciona o controle social e a gestão participativa; os pesquisadores são segmentados e 
empurrados para temas da moda: governança, avaliação, integralidade, promoção, 
humanização. Raramente logramos realizar alguma "meta-análise" que articule alhos 
com bugalhos. 
Mesmo assim, há esse número da revista Ciência & Saúde Coletiva, houve o XII 
Congresso de Saúde Coletiva e está havendo a "refundação" do CEBES. Pedras e 
obstáculos no meio do caminho são para serem contornados ou destruídos, desde que se 
almeje seguir pela trilha da não-violência, da solidariedade, da defesa da vida e do 
planeta. 
Gastão Wagner de Sousa Campos 
Editor convidado Ciênc.Saúde coletiva vol.12 no.2RiodeJaneiro Mar./Apr. 2007. 
 
 
 
 
12 
4 - SAÚDE PÚBLICA, REDE BÁSICA E O SISTEMA DE SAÚDE 
BRASILEIRO( ADAPTADO) 
4.1 - Introdução 
Este artigo focaliza o desenvolvimento da saúde pública no Brasil com o intuito 
de analisar os problemas com os quais se depara o processo atual de municipalização 
dos serviços de saúde. Argumenta-se que a postura neoliberal ou conservadora tornou-
se incapaz de articular uma proposta viável para o sistema de saúde. Por outro lado, a 
proposta reformista concentra sua atenção no sistema de saúde e sua administração, 
tendo como modelo a postura positivista das ciências naturais e administrativas. 
Argumenta-se que apenas uma mudança radical no paradigma da medicina, na qual a 
dimensão coletiva e social predomina sobre a dimensão biológica e individual, 
permitiria conciliá-la com as necessidades de saúde da população. 
Tivemos objetivo principal focalizar o desenvolvimento da saúde pública e do 
sistema de saúde no Brasil, buscando contribuir para a compreensão dos principais 
problemas que marcam o momento atual. Será argumentado que o processo de 
municipalização dos serviços de saúde, em grande medida estimulado por princípios 
contidos no paradigma (o termo "paradigma" é empregado de acordo com o conceito de 
Kuhn (1975), ou seja, como um mapa que governa a percepção do cientista no sentido 
de conformar a ele os fatos e as descobertas) social da medicina, encontra-se, 
presentemente, num estágio crucial do seu desenvolvimento. Observa-se, neste sentido, 
que, sob uma nova fachada de racionalidade administrativa, o paradigma mecanicista se 
impõe sobre o paradigma social da medicina. Este artigo defende o ponto de que é 
necessário ir além de uma mera reforma administrativa e, no interior de uma concepção 
social de medicina, encontrar tecnologias (o termo "tecnologia" é empregado no sentido 
usado por Gonçalves (1986), ou seja, como um instrumental contido principalmente na 
formação do especialista, e não somente como um aparelho externo a ele) que, ao 
organizar o sistema de saúde, a tornem prática. 
Embora os fatos históricos apresentados na primeira parte deste artigo sejam de 
conhecimento comum e já tenham sido divulgados (Merhy, 1991), sua apresentação 
justifica-se por fornecer uma visão resumida do processo e permitir focalizar o 
momento atual a partir de uma dimensão histórica. 
 
 
 
 
13 
4.2 - O Desenvolvimento da Saúde Pública 
A história da Saúde Pública brasileira inicia-se no começo do século com Emílio 
Ribas, em São Paulo, e Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. No interior da escola 
pasteuriana, estes cientistas tinham como meta superar a teoria miasmática a partir da 
introdução da teoria bacteriológica, considerada mais adequada para organizar a 
intervenção no campo da saúde. Nesta perspectiva, tanto a saúde como a doença 
passaram a ser vistas como um processo coletivo, resultado da agressão externa que o 
corpo biológico (fisiologicamente harmônico) sofria de um meiosocial/natural 
insalubre. A descoberta e o isolamento dos indivíduos doentes contagiantes, o 
saneamento do meio, a destruição dos vetores biológicos e a proteção dos sadios 
consistiam nos principais objetivos desta perspectiva. Para instrumentalizar as ações de 
saúde, adotava-se a bacteriologia e a engenharia sanitária. Secundariamente, utilizava-se 
a medicina, entendida como muito limitada e pouco eficaz. 
O modelo assistencial público tinha na campanha e na polícia sanitária seus 
meios principais de efetivação. Para pôr em prática esta política, foram organizadas leis, 
códigos e decretos. Além disso, foram também organizados institutos de pesquisa, 
laboratórios e serviços sanitários como braços auxiliares. Os principais aspectos 
administrativos e programáticos situavam-se no âmbito estadual, com alguns resíduos 
no nível municipal. Via de regra, os pensadores da política de saúde eram funcionários 
públicos e, como tal, compartilhavam das perspectivas que os grupos oligárquicos 
adotavam para as questões sociais, tendo em vista servir ao processo agroexportador e 
legitimar o Estado. 
A partir da teoria bacteriológica, novas ideias foram se organizando e 
desembocaram, na década de 10, na formação de um movimento em saúde pública que 
ficou conhecido como "médico-sanitário". Esta perspectiva foi influenciada pela escola 
norte-americana de saúde pública, que tinha em Baltimore seu núcleo mais ativo, 
através da associação entre a Fundação Rockefeller e a John Hopkins University. 
Nesta época, já se buscava no Brasil uma ação social que saneasse a zona rural, a 
fim de constituir um povo saudável, racialmente forte, permitindo, ao mesmo tempo, a 
ocupação do interior do país, considerada vital para a integração nacional. A chamada 
Liga do Saneamento caracterizou-se, neste sentido, por criticar os excessivos urbanismo 
 
 
 
 
14 
e regionalismo da política de saúde então vigente. Este movimento tinha em Belisário 
Pena e Artur Neiva os seus mais significativos representantes. 
No decorrer da década de 20, a corrente médico-sanitária tornou-se hegemônica, 
organizando-se principalmente nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro, São 
Paulo, Belo Horizonte, Recife, entre outros. Dois núcleos foram especialmente ativos: o 
paulista, influenciado por Paula Souza e Borges Vieira (médicos sanitaristas formados 
pela John Hopkins University, com bolsas da Fundação Rockfeller), e o dos "jovens 
turcos", sanitaristas vinculados ao Departamento Nacional de Saúde Pública, no Rio de 
Janeiro, que defendiam a especialidade na carreira médica na área de saúde pública e o 
trabalho integral nas instituições estatais. Estes núcleos chegaram a organizar cinco 
congressos durante a década de 20 (os Congressos Brasileiros de Higiene) e tiveram tal 
influência no desenvolvimento da política de saúde no Brasil que sua presença se fez 
marcante até a reforma administrativa da década de 60/70, no interior da Secretaria de 
Saúde do Estado de São Paulo. 
A base deste modelo pressupunha o processo saúde-doença como um fenômeno 
coletivo, porém determinado, em última instância, pelo nível individual. O conceito de 
"consciência sanitária" permitia compreender como o meio insalubre atingia os 
indivíduos. Medicina e saúde pública eram entendidas como campos distintos; a 
primeira para curar através da clínica, patologia e terapêutica, e a segunda para prevenir 
doenças, prolongar e promover a saúde através da higiene e da educação sanitária. O 
setor privado, entendido sob o ângulo "caritativo", deveria ser controlado pelo serviço 
público. Não havia qualquer conflito com a organização liberal, predominante no 
período. O modelo tecno-assistencial desta proposta centrou-se na construção de 
serviços regionais permanentes de saúde pública (os centros e postos de saúde) 
comandados por especialistas — os sanitaristas — em tempo integral. 
Durante a fase de transição 30/37, a saúde pública praticamente reduziu-se à 
atuação campanhista pelo conjunto do país. Sob a influência da Liga de Saneamento, 
foram favorecidas as ações verticais permanentes. Este foi um período que viabilizou a 
construção dos serviços médicos previdenciários, abrindo um outro setor socialmente 
significativo no conjunto das ações de saúde. 
Os "jovens turcos" foram marcando passagem pelas instituições na luta por uma 
reforma que levasse à criação de um ministério da saúde e de secretarias estaduais de 
saúde, experiência, aliás, já vivida pelo estado da Bahia em 1925. Assim ocorreu com a 
 
 
 
 
15 
Reforma Federal de 1937, que permitiu a criação dos departamentos nacionais de 
combate a problemas específicos, como a malária, a febre amarela e a saúde das 
crianças. Quando, na década de 40, tiveram a oportunidade (diante dos problemas 
colocados pela situação da Segunda Guerra Mundial e as relações do governo brasileiro 
com o norte-americano) de organizar um serviço que permitisse a ocupação de regiões 
importantes para a produção de borracha e minérios, implementaram a Fundação 
Serviço de Saúde Pública (Sesp). O ideário original desta corrente foi mantido mesmo 
com a incorporação de novos recursos médicos, como, por exemplo, o antibiótico, que 
foi "retraduzido" sob a mesma ótica "tecnológica". A esta experiência seguiu-se a 
criação, em 1953, do Ministério da Saúde e, em 1956, do Departamento de Endemias 
Rurais, que herdou um conjunto de projetos realizados nos departamentos verticalizados 
específicos, como o da malária, existente desde 1939. 
No estado de São Paulo, a exemplo do que ocorria em outros estados, a 
Fundação Sesp tentou influenciar a constituição da Secretaria Estadual de Saúde, em 
1948. Neste processo, os vários grupos articulados a esta proposta saíram frustrados, 
pois consideraram que seus objetivos foram desvirtuados pela presença de interesses 
políticos menores que se sobrepuseram aos técnicos. No entanto, com a reforma da 
organização dos serviços de saúde no estado, em 1968, consideraram atingidos seus 
objetivos. 
No pós-guerra, sem alterar as estratégias básicas da corrente "médico-sanitária", 
novos elementos foram sendo incorporados, como, por exemplo, o uso da medicina 
clínica pela saúde pública, que encontrava suporte teórico na concepção de Leavell& 
Clarck (1967), que preconizavam a união do conjunto das ações de saúde num esforço 
comum de prevenção e cura. Com isso, o modelo passou a introduzir a clínica nos 
programas de saúde, dentro de uma perspectiva multicausal do processo saúde-doença. 
Esta concepção permitiu que as ações de saúde se tornassem parte de uma atividade 
globalmente planejada. 
Desde o final dos anos 40 já era evidente uma inversão dos gastos públicos, 
favorecendo a assistência médica em relação à saúde pública. Nos anos 60, a dicotomia 
assistência médica-saúde pública radicaliza-se no interior de um modelo institucional 
que mostrava ações pontuais e desordenadas, incapazes de conter a miséria e as 
péssimas condições de saúde da população brasileira. 
 
 
 
 
16 
Tomando como ponto de reflexão a falência das perspectivas "campanhistas" e 
"norte-americanas", Mario Magalhães introduziu, numa perspectiva desenvolvimentista, 
a integração e o planejamento das ações de saúde. Como presidente da Sociedade 
Brasileira de Higiene, em 1962, e como secretário-geral da III Conferência Nacional de 
Saúde (cujo tema era a municipalização dos serviços de saúde), em 1963, ele capitaneou 
um esforço no sentido de reinterpretar a organização dos serviços de saúde no interior 
do conjunto dos problemas brasileiros. 
A ideia mais intensamente propagada neste período é que a doença e a miséria 
só seriam controladas com o desenvolvimento econômico. No campo da saúde 
propriamente dito, propunha-se um padrão tecnológico mais racional, de menor custo, 
integrado em seus vários campos de atuação e sem a influência das leis de mercado. 
Esta perspectiva rompia com a dicotomiaentre assistência médica e saúde pública, 
subordinando aquela à lógica desta. Previa-se, para isso, a implantação de serviços 
permanentes (contendo ações médicas e sanitárias), municipalizados e controlados pelo 
Estado segundo uma hierarquia de complexidade tecnológica. A ação federal deveria 
ocorrer no sentido de normatizar as ações, racionalizar as atividades e ajudar os 
municípios que ainda não tivessem condições de organizar seus próprios serviços. 
Pela primeira vez discutiu-se, no país, um modelo tecno-assistencial baseado na 
integração das ações coletivas e individuais de saúde, cujo ponto de apoio seria 
constituído a partir de serviços básicos de saúde permanentes, elaborados de acordo 
com um planejamento governamental. Pela primeira vez, também, levantou-se a questão 
da organização dos serviços médicos privados. 
A derrota destas propostas, em 1964, abriu um outro capítulo que vingou na 
estruturação de um modelo centrado na assistência médica comercializada, que passava 
pelo setor previdenciário, sendo a saúde pública reduzida a um braço auxiliar. Na 
realidade, promoveu-se uma completa separação entre o campo da assistência médica e 
o da saúde pública, com maciços investimentos no primeiro e o sucateamento do 
segundo. Neste novo contexto, foi implementado um projeto privatizante e 
medicalizante. Somente em algumas regiões renasceram experiências no campo da 
saúde pública que merecem alguma atenção, como o "campanhismo", a nível federal, e 
as ações médico-sanitárias, em alguns estados, principalmente o de São Paulo, com o 
Secretário Walter Leser, em 1968 e 1974. 
 
 
 
 
17 
Este modelo pós-64, sobejamente analisado no que se refere às questões da 
assistência médica previdenciária, foi exposto a um conjunto severo de críticas que 
permitiram um repensar de todo o sistema. O movimento sanitário, constituindo um 
campo de saber, criando espaços para uma política alternativa e um trabalho de difusão 
ideológica, teve um importante papel neste sentido. A criação dos departamentos de 
medicina preventiva e do Centro de Estudos Brasileiros de Saúde foi o principal agente 
de difusão desta nova consciência. Pretendia-se uma reforma sanitária que, adequada 
aos limites financeiros impostos pela crise econômica, efetivamente pudesse oferecer 
melhores condições de saúde à maioria da população. 
Em 1974, a reorganização da estrutura institucional do Ministério da Previdência 
e Assistência Social não se fez acompanhar de medidas que alterassem o modelo 
privado prestador de serviços e que tocassem no chamado complexo médico-industrial. 
Pelo contrário, a busca de extensão com baixo custo, através do projeto da Pronta Ação, 
ampliou a base financeira disponível para o setor privado. No entanto, a instituição do 
Sistema Nacional de Saúde, em 1975, abriu efetivamente um novo espaço de atuação a 
partir da assistência médica individual e de medidas de alcance coletivo voltadas às 
populações de baixa renda. 
A partir de 1977, quando se estendeu o atendimento de urgência a qualquer 
indivíduo, previdenciário ou não, os chamados "estouros" orçamentários no sistema 
previdenciário passaram a ocorrer com maior freqüência, acentuando a urgência de se 
imprimir uma maior racionalidade ao sistema de saúde. Os planos de governo Programa 
Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-Saúde) e Conselho Consultivo de 
Administração da Saúde Previdenciária (Conasp) vieram como tentativas de imprimir 
uma maior racionalidade ao sistema de saúde. Este último, em particular, propunha a 
descentralização do sistema de assistência médica através da criação de uma única 
"porta de entrada", integrando, numa rede básica de serviços públicos de saúde, a 
capacidade instalada já existente no Instituto Nacional de Assistência Médica da 
Previdência Social (Inamps), nos estados e nos municípios, entrando a rede privada 
apenas onde não existissem unidades estatais. 
A municipalização dos serviços de saúde passou a ser entendida como o único 
meio que permitiria, ao mesmo tempo, maior racionalização administrativa, controle 
financeiro e participação democrática da comunidade no gerenciamento do sistema, em 
oposição à excessiva centralização do modelo anterior. Esperava-se, também, que este 
 
 
 
 
18 
novo sistema estimulasse o desenvolvimento de uma medicina mais holística, gravitasse 
em torno dos verdadeiros problemas de saúde da comunidade e provesse uma melhor 
organização do sistema, tornando menos oneroso o serviço de saúde. Este processo 
permitiu experimentar modelos tecnológicos e assistenciais alternativos, baseados na 
medicina comunitária, que, embora marcados pelo baixo custo, mostraram algum 
sucesso no interior das instituições públicas (Somarriba, 1978). 
O aprofundamento da crise econômico-financeira da Previdência Social acelerou 
a reforma no setor saúde, principalmente a partir das Ações Integradas de Saúde (AIS), 
em 1982. As AIS efetivamente produziram um deslocamento relativo de recursos 
financeiros da Previdência para o setor público prestador de serviços de saúde e 
promoveram uma integração das ações setoriais. Este processo acentuou-se com a 
estruturação do Sistema Unificado Descentralizado de Saúde (Suds) e com a formação 
do Sistema Único de Saúde (Sus). Com a implementação do primeiro, ocorreu um 
deslocamento das responsabilidades de gestão dos serviços de saúde para o nível 
estadual, permitindo uma efetiva descentralização administrativa. Com a implementação 
do segundo, através da nova Constituição Federal, ocorreu a descentralização, a nível 
municipal, da gestão dos serviços públicos de saúde. 
4.3 - As Posições Político-Ideológicas e a Rede Básica 
A partir dos anos 70, duas posições político-ideológicas organizaram-se em 
torno da disputa por um novo modelo de política social de saúde: a conservadora e a 
reformadora. 
A posição conservadora pouco tinha a dizer sobre a organização assistencial ou 
tecnológica da rede básica, uma vez que defendia uma lógica de mercado para a 
organização dos serviços de saúde cujo eixo tecnológico principal era a assistência 
médica baseada no produtor privado. Neste modelo, a intervenção estatal só se 
justificaria para cuidar ou dos que ficavam fora do sistema, por não terem "capacidade 
social" de se integrarem ao mercado, ou das questões que não interessavam nem ao 
produtor privado nem ao seu modelo tecno-assistencial. Assim, o Estado atuaria de 
modo "caritativo", dando assistência social aos mais necessitados e/ou excluídos, ou 
interviria em questões coletivas com os tradicionais instrumentos da saúde pública, 
como a campanha e a educação sanitária em massa. 
 
 
 
 
19 
Nesta vertente, o campo tecnológico fundamental manifesta-se na área médica 
através da incorporação dos mesmos padrões que se adaptam às medicinas dos países 
"mais centrais", nos quais vingaram os modelos baseados na especialização médica e na 
intensa absorção de insumos e equipamentos para a realização do "ato médico" 
ordenado pela lógica comercial capitalista (Donnangelo, 1976). Para as ações coletivas, 
sobram as tecnologias tradicionais, retiradas fragmentariamente da bacteriologia, como 
a campanha, e da perspectiva médico-social que preconiza a necessidade de educação 
sanitária em alguns postos de serviços de saúde. 
Pode-se apontar como interessados neste modelo tanto os grupos médicos que 
defendem a organização empresarial e/ou liberal quanto alguns funcionários das 
instituições públicas de serviços de saúde. Dentre estes últimos, são ressaltados os 
ministros e suas equipes técnicas dos três primeiros governos militares, dentre os quais 
destaca-se Leonel Miranda, que, em 1968, elaborou um plano nacional de saúde 
centrado na privatização total da assistência à saúde (Melo, 1977). 
Já a posição reformadora preconiza a constituição de uma rede básica de 
serviços públicos de saúde descentralizada e universalizada, ou seja, queatenda à 
população coberta ou não pela previdência social. Internacionalmente legitimada pela 
Conferência de Alma-Ata, promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 
postula-se o combate à dicotomia das ações de saúde, técnica e institucionalmente, 
através formação de serviços de saúde regionalizados e hierarquizados de acordo com 
sua complexidade tecnológica e da unificação das ações a nível ministerial. 
Torna-se estratégica, nesta concepção, uma rede básica de saúde que funcione 
como porta de entrada de um sistema mais amplo e que obedeça à hierarquia 
tecnológica da assistência à saúde, classificada em primária, secundária e terciária. 
Neste esquema, os insumos e equipamentos correspondem a padrões quantificáveis de 
abrangência e resolutividade dos problemas de saúde. As instituições que detivessem 
maior grau de complexidade tecnológica passariam, então, a constituir as retaguardas 
que completam a resolução dos problemas de saúde. Esta estratégia visa a organização 
de uma rede de atenção primária pelos estados e municípios como um primeiro passo 
para o controle do sistema de saúde como um todo. 
Nesta perspectiva, os problemas de saúde seriam passíveis de um 
enquadramento segundo o paradigma biologicista e naturalista, no qual a doença 
começaria gradativamente e iria se tornando complexa, até constituir um quadro 
 
 
 
 
20 
biológico dramático, em termos de vida e morte orgânica. Ações médicas, específicas e 
inespecíficas, interviriam antes do quadro patológico se desenvolver ou, gradualmente, 
a partir de seu desenvolvimento. Isto é, a intervenção ocorreria do momento mais 
simples, em termos clínico-terapêuticos, para o mais complexo, quando, então, haveria a 
incorporação de uma grande quantidade de insumos e equipamentos. 
Ainda que haja uma perspectiva epidemiológica e um sentido coletivo a partir de 
ações educativas e de higiene nesta postura, ela encontra-se mais próxima de um 
enfoque clínico do que de um enfoque populacional. Centrada na ótica médica e na 
teoria dos sistemas que se tomam como ciências exatas, esta perspectiva pressupõe que 
o planejamento das ações baseado na relação custo/eficácia seria não só possível, mas 
fundamental. 
Desde a Reforma de 1968, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo já tinha 
adotado uma postura que trouxe avanços significativos às questões de planejamento das 
ações e dos serviços de saúde, além da incorporação da assistência médica como 
instrumental de saúde pública. Ela trouxe para o interior dos programas a serem 
executados pelos centros e postos de saúde os parâmetros da epidemiologia (da multi-
causalidade das doenças) e do planejamento das ações, tornando estratégico o 
equacionamento da relação entre eficiência e eficácia das ações técnicas programadas, 
tendo em vista os recursos disponíveis e as necessidades "epidemiologicamente" 
detectadas. 
A implantação deste modelo, no entanto, chocou-se com a contradição entre a 
extensão de cobertura que ele implicava e o padrão de gasto maior do que 
historicamente vinha ocorrendo (Braga & Paula, 1981). Isto fez com que a proposta não 
se reproduzisse igualmente pelo território nacional e só vingasse, ainda que em termos 
relativos, em estados e regiões mais ricos, que puderam equacionar melhor este 
obstáculo. 
4.4 - Discussão 
O desenrolar dos acontecimentos na área da saúde, a partir da década de 70, 
mostra profundas reformas que, mais do que nunca, merecem ser dimensionalizadas e 
criticadas em função de um melhor controle democrático de seu processo. O 
desenvolvimento da Reforma Sanitária significou uma derrota definitiva da proposta 
conservadora baseada no predomínio da medicina privada. Mesmo os países ricos e 
 
 
 
 
21 
desenvolvidos tiveram que rever em profundidade esta perspectiva, a partir da 
constatação de que ela é extremamente onerosa para o Estado e produz poucos 
resultados em termos de saúde. Assumindo, portanto, que não há possibilidade de 
retorno nesta questão, pretende-se concentrar a atenção na posição reformadora 
discutida acima e levantar algumas questões sobre o seu modelo tecnológico. 
Ao se observar concretamente a rede básica de serviços de saúde presente no 
contexto atual da maioria dos municípios mais desenvolvidos, em termos sócio-
econômicos, do país, os principais pontos que se destacam referem-se, de um lado, ao 
sucesso significativo no que diz respeito à implantação de uma rede de serviços 
municipalizada e universalizada e, de outro, à extrema dificuldade de se libertar do 
predomínio da clínica individual, baseada no paradigma biológico, em favor da lógica 
da saúde pública. Embora o discurso da Reforma Sanitária incorporasse uma 
perspectiva mais holística da saúde e da medicina, na qual a dimensão clínica deveria se 
submeter ao controle de critérios coletivos e sociais no âmbito da saúde, os fatos 
acabaram por confirmar a dificuldade de se implementar tal proposta. 
O que se observa, neste sentido, é uma redução do problema saúde-doença a 
uma questão de organização racional (custo/eficácia) das ações médicas, auxiliadas 
pelas ações coletivas, na qual a rede básica de serviços de saúde se transforma numa 
verdadeira triagem dos problemas de saúde, a partir do eixo "queixa/procedimento", 
descaracterizando a dimensão coletiva do processo saúde-doença e realizando, em nome 
da unificação das ações de saúde, uma "deslavada" medicalização (Gonçalves, 1986). 
A Reforma Sanitária posta em prática pode até gerar, em alguns casos, uma rede 
que não caia na medicina aviltada própria do pronto atendimento e que realize uma 
assistência médica primária com um razoável grau de resolutividade. Mesmo assim, 
porém, o eixo central desta rede/porta de entrada é baseado não na unificação efetiva 
das ações, mas na redução medicalizante do conjunto destas ações. 
Diante deste quadro, o grande desafio da medicina passou a ser a superação da 
forma degradante do pronto atendimento, através da reconciliação entre uma clínica que 
dimensione o caráter individual e subjetivo da doença e o saber contido na 
epidemiologia e na medicina social e coletiva. Neste novo modelo, as ações de saúde, 
embora incorporem a assistência médica, não podem mais estar centradas na medicina. 
Todo um leque de questões envolvendo o meio ambiente, a vigilância sanitária e 
 
 
 
 
22 
epidemiológica e uma perspectiva holística do ser humano e da saúde deve estar 
acoplado organicamente na concepção de sistema de saúde. 
O esforço para a integração entre clínica e saúde pública num mesmo programa 
de saúde envolvendo ações individuais e coletivas de prevenção e de cura concorre para 
melhorar a prática clínica e legitimar o programa de saúde pública. Neste esquema, o 
ensinamento ao doente sobre sua doença é considerado um ato terapêutico tão 
importante quanto administrar medicamentos. A integração da medicina coletiva com a 
clínica produz, inevitavelmente, a necessidade de interação de uma equipe multi-
disciplinar de trabalho envolvendo vários profissionais. O trabalho em equipe 
contribuiria para uma melhor percepção da demanda e sua relação com os programas de 
saúde, adaptando o sistema médico a novos problemas decorrentes do modo de vida. 
Um outro ponto importante, amplamente expresso na VIII Conferência Nacional 
de Saúde, diz respeito à dimensão que deverá assumir a rede básica de serviços de saúde 
a partir do nível de complexidade tecnológica que poderá absorver. É questionável, 
neste sentido, a noção de que ela seria apenas a "porta de entrada" de um sistema de 
saúde, caso haja a pretensão de transformá-la em um lugar essencial para que se realize 
a integralidade das ações individuais e coletivas, numa abrangência que pressupõe o 
conjunto das práticas sociais que determinam a qualidade de vida. 
É evidente que a tecnologia adequada para a implementação de tal proposta 
teria, em vários aspectos, que ser "inventada", não bastandoincorporar o que já se 
acumulou em outras experiências, em particular as que agregaram simplesmente a 
assistência médica à saúde pública no mesmo lugar institucional. 
Um fator, no entanto, é fundamental para se começar a pensar nas novas 
tecnologias necessárias para uma rede básica que supere as inconsistências encontradas 
no presente modelo: o predomínio dos aspectos coletivos e sociais da medicina em 
relação à clínica individual e seu paradigma centrado na biologia e no hospital, numa 
nova concepção de saúde e doença. É evidente que uma rede básica com este perfil teria 
que incorporar alta tecnologia, enquanto saber que engendra instrumentos e formas 
organizacionais, para que atingisse uma capacidade efetiva de descoberta e solução dos 
casos individuais/coletivos. Além disso, esta rede teria que ser planejada e organizada 
levando-se em conta um eficiente e eficaz sistema de retaguarda, sem o qual a 
base/origem não funcionaria a contento. 
 
 
 
 
23 
Uma nova base tecnológica para a implementação desta proposta exigiria uma 
mudança radical no paradigma dominante da medicina e da saúde, baseado nos 
princípios positivistas, envolvendo os aspectos clínicos e epidemiológicos que 
tradicionalmente são vistos como neutros e capazes de realizar um equacionamento dos 
problemas de saúde a níveis individual e coletivo. Neste novo modelo de medicina e 
saúde, um pressuposto fundamental se destaca, qual seja, a consideração de que a 
dimensão social configura e dá sentido à dimensão biológica. Trata-se de um paradigma 
científico cujos contornos exigem uma dimensão tecnológica que seja desenvolvida a 
partir de um novo enfoque nas causas (sociais) das doenças e nas condições (sócio-
ambientais) que promovem a saúde (Queiroz, 1987). 
Se assumirmos que dimensões culturais e ideológicas encontram-se 
inevitavelmente presentes no ato médico, mesmo quando ele se pretende positivo e 
neutro, uma questão importante é considerá-lo como uma forma política de realizar 
certos objetivos sociais, numa postura epistemológica radicalmente diferente da que 
caracteriza o positivismo. 
No interior deste modelo, o grande problema é a radicalidade democrática e a 
grande politização dos grupos sociais, uma vez que ele exige predominância dos 
interesses coletivos sobre os privados. Esta perspectiva pressupõe um processo social 
bem mais extensivo, de transformação, ampliação e composição da arena política, do 
que os limites dados apenas pelo setor saúde. Além disso, como muito bem demonstra 
Sader (1988), os agentes sociais que podem viabilizar este modelo extrapolam o nível 
exclusivo dos profissionais e técnicos de saúde. 
Emerson E. Merhy; Marcos S. Queiroz 
Cad. Saúde Pública v.9 n.2 Rio de Janeiro abril/jun. 1993 
5 - O SUS PODE SER SEU MELHOR PLANO DE SAÚDE 
Todos os brasileiros e brasileiras, desde o nascimento, têm direito aos serviços 
de saúde gratuitos. Mas ainda faltam recursos e ações para que o sistema público atenda 
com qualidade toda a população. 
Você, que utiliza esses serviços, conhece bem as dificuldades e pode se valer 
desta cartilha para conhecer seus direitos e exigir que eles sejam cumpridos. 
 
 
 
 
24 
Esta publicação também é de muita utilidade para quem possui um plano de 
saúde. Se você fez essa opção, deve ter sido porque o sistema público ainda não 
funciona como deveria e porque tem condições econômicas para tanto. Mas, certamente, 
você não deve estar satisfeito com a ideia de pagar impostos para não receber nada em 
troca e, ao mesmo tempo, pagar mensalidades altas para ter um plano que, ainda por 
cima, tem limitações, impõe dificuldades, enfim, deixa muito a desejar. 
O Idec sempre atuou na defesa dos usuários de planos de saúde e continuará 
nessa batalha. Mas, por não acreditar que os planos sejam a solução, nem para os atuais 
usuários muito menos para toda a população, é que decidimos participar da luta pela 
melhoria dos serviços públicos. O Idec espera que, um dia, os consumidores deixem de 
ser reféns dos planos de saúde e possam fazer valer o dinheiro pago com seus impostos. 
Vale ressaltar que, em alguma medida, mesmo quem tem um plano de saúde é 
também usuário do SUS, já que se beneficia das campanhas de vacinação; das ações de 
prevenção e de vigilância sanitária (como controle de sangue e hemoderivados, registro 
de medicamentos etc.); ou de eventual atendimento de alta complexidade, quando este é 
negado pelo plano de saúde. Como você pode ver, o SUS não está tão longe quanto 
parece. O Idec convida você a conhecer seus direitos, os avanços já conquistados e 
ajudar a transformar o SUS no verdadeiro plano de saúde do Brasil. 
Marilena Lazzarini 
Coordenadora Executiva do Idec 
 
5.1 - O plano de saúde de todos os brasileiros 
Há mais de 15 anos o Brasil vem implantando o Sistema Único de Saúde, o 
SUS, criado para ser o sistema de saúde dos 170 milhões de brasileiros, sem nenhum 
tipo de discriminação. Está enganado quem pensa que o SUS se resume a consultas, 
exames e internações. O sistema hoje faz muito com poucos recursos e também se espe-
cializou em apresentar soluções para casos difíceis, como o atendimento aos doentes de 
Aids e os transplantes. 
O orçamento do SUS conta com menos de R$ 20,00 reais mensais por pessoa. 
Isso é dez vezes menos do que é destinado pelos sistemas de saúde dos países 
desenvolvidos e bem abaixo do valor de qualquer mensalidade de um plano de saúde. 
 
 
 
 
25 
Por outro lado, os planos privados de saúde, que atendem 35 milhões de 
brasileiros, estão longe de representar a solução para a saúde no Brasil. É ilusão achar 
que os planos prestam serviços de qualidade. Além de custarem caro, muitas vezes 
negam o atendimento quando o cidadão mais precisa: deixam de fora medicamentos, 
exames, cirurgias e muitas vezes dificultam o atendimento dos cidadãos idosos, dos pa-
cientes crônicos, dos portadores de patologias e deficiências. 
Alguns donos de planos de saúde já compararam os doentes e idosos a “carros 
batidos”. Como só visam o lucro, eles preferem ter como “clientes” apenas os jovens e 
os sadios. 
Compare a diferença entre os dois sistemas: 
Planos de saúde SUS 
Só tem direito quem adere ao plano Todos têm direito, desde o nascimento 
Só tem direito quem pode pagar Os serviços são gratuitos 
A finalidade é o lucro 
A finalidade é a promoção e a recuperação 
da saúde 
Quem paga mais, recebe mais e 
melhores serviços 
Não há discriminação. Todos têm direito a 
todos os serviços 
Idosos pagam mais caro Não há discriminação 
Doentes sofrem restrições e precisam pagar 
mais caro para ter atendimento 
Não há discriminação 
Há carências de até 2 anos Não existem carências 
Só realiza atendimento 
médico-hospitalar 
Dá atendimento integral 
Há planos que não cobrem internação e parto Dá atendimento integral 
Há planos que não cobrem exames e 
procedimentos complexos 
Dá atendimento integral 
 
 
 
 
26 
Em geral, os planos não cobrem 
Doenças profissionais e 
acidentes de trabalho 
Não há restrições, apesar das deficiências 
Não têm compromisso com a prevenção de 
doenças 
Realiza prevenção de doenças e campanhas 
educativas em saúde 
Aposentados, ex-funcionários, ex-
sindicalizados e ex-associados perdem 
direitos do plano coletivo com o tempo 
Pode ser utilizado independentemente de 
qualquer situação ou vínculo empregatício 
 
 
5.2 - Você paga duas vezes, e ainda não fica satisfeito 
Todos os cidadãos pagam mais de uma vez para ter acesso à saúde, mas, em 
geral, nem o usuário do SUS, nem o consumidor de planos de saúde, está satisfeito com 
o atendimento que recebe. 
Boa parte do dinheiro para financiar o SUS vem de contribuições sociais de 
patrões e empregados. Outra parte vem do pagamento de impostos embutidos no preço 
de produtos e serviços (Imposto sobre Circulação de Mercadorias – ICMS) e também de 
impostos sobre o lucro (o Cofins), sobre os automóveis (o IPVA)e sobre a 
movimentação financeira (a CPMF). 
Os planos de saúde não são financiados apenas pelas mensalidades dos usuários 
ou pelas empresas que pagam o benefício para seus funcionários. Indiretamente, eles 
recebem recursos públicos, como, por exemplo, por meio dos planos de saúde 
contratados para funcionários públicos. Além disso, os planos de saúde tiram muitas 
vantagens do SUS. Quando o plano nega um atendimento (a negativa pode ou não estar 
prevista no contrato), como exames e procedimentos caros e complexos, é o SUS quem 
acaba atendendo o cidadão. 
Mesmo quando o paciente tem plano de saúde, o SUS atende todos os casos de 
urgência e emergência que dão entrada nos hospitais públicos, a exemplo dos acidentes 
de trânsito. Nestes casos, o SUS paga a conta que deveria ser da empresa de plano de 
saúde e poucas vezes é ressarcido pelo atendimento prestado. 
Outro desvio é a prática ilegal da “fila dupla”, quando as unidades do SUS, 
principalmente hospitais universitários, fazem parcerias com planos de saúde. Neste 
caso, os usuários dos planos recebem atenção diferenciada, “furam” a longa fila de 
espera do SUS de marcação de exames e consultas, passam na frente nas cirurgias e 
 
 
 
 
27 
demais procedimentos, além de serem atendidos e até internados em melhores 
acomodações. 
5.3 - Conheça melhor o SUS, um direito de todos 
A saúde no Brasil é direito de todos e dever do Estado. Mais que isso, a saúde é 
item de relevância pública, o que assegura a participação do Ministério Público na 
fiscalização do cumprimento das leis. 
O SUS é um sistema porque é formado por várias instituições dos três níveis de 
governo (União, estados e municípios) e pelo setor privado, com o qual são feitos 
contratos e convênios para a realização de serviços e ações, como se fosse um mesmo 
corpo. Assim, o serviço privado (um hospital, por exemplo), quando é contratado pelo 
SUS, deve atuar como se fosse público. 
O SUS é único, porque tem a mesma filosofia de atuação em todo o território 
nacional e é organizado de acordo com uma mesma lógica. Além disso, o SUS: 
- É universal porque deve atender a todos, sem distinções, de acordo com suas 
necessidades; e sem cobrar nada, sem levar em conta o poder aquisitivo ou se a pessoa 
contribui ou não com a Previdência Social. 
- É integral, pois a saúde da pessoa não pode ser dividida e, sim, deve ser tratada 
como um todo. Isso quer dizer que as ações de saúde devem estar voltadas, ao mesmo 
tempo, para o indivíduo e para a comunidade, para a prevenção e para o tratamento, 
sempre respeitando a dignidade humana. 
- Garante equidade, pois deve oferecer os recursos de saúde de acordo com as 
necessidades de cada um; dar mais para quem mais precisa. 
- É descentralizado, pois quem está próximo dos cidadãos tem mais chances de 
acertar na solução dos problemas de saúde. Assim, todas as ações e serviços que 
atendem a população de um município devem ser municipais; as que servem e alcançam 
vários municípios devem ser estaduais e aquelas que são dirigidas a todo o território 
nacional devem ser federais. O SUS tem um gestor único em cada esfera de governo. A 
Secretaria Municipal de Saúde, por exemplo, tem que ser responsável por todos os 
serviços localizados na cidade. 
- É regionalizado e hierarquizado: os serviços de saúde devem estar dispostos de 
maneira regionalizada, pois nem todos os municípios conseguem atender todas as 
demandas e todo tipo de problemas de saúde. Os serviços de saúde devem se organizar 
 
 
 
 
28 
regionalmente e também obedecer a uma hierarquia entre eles. As questões menos 
complexas devem ser atendidas nas unidades básicas de saúde, passando pelas unidades 
especializadas, pelo hospital geral até chegar ao hospital especializado. 
- Prevê a participação do setor privado: as ações serão feitas pelos serviços 
públicos e de forma complementar pelo setor privado, preferencialmente pelo setor 
filantrópico e sem fins lucrativos, por meio de contrato administrativo ou convênio, o 
que não descaracteriza a natureza pública dos serviços. 
- Deve ter racionalidade: o SUS deve se organizar para oferecer ações e serviços 
de acordo com as necessidades da população e com os problemas de saúde mais 
freqüentes em cada região. Uma cidade não pode, por exemplo, manter um hospital e 
não dispor de unidades básicas de saúde. 
- Deve ser eficaz e eficiente: deve prestar serviços de qualidade e apresentar 
soluções quando as pessoas o procuram ou quando há um problema de saúde coletiva. 
Deve usar da racionalidade, utilizar as técnicas mais adequadas, de acordo com a 
realidade local e a disponibilidade de recursos, eliminando o desperdício e fazendo com 
que os recursos públicos sejam aplicados da melhor maneira possível. 
- Deve promover a participação popular: o SUS é democrático porque tem 
mecanismos de assegurar o direito de participação de todos os segmentos envolvidos 
com o sistema - governos, prestadores de serviços, trabalhadores de saúde e, 
principalmente, os usuários dos serviços, as comunidades e a população. Os principais 
instrumentos para exercer esse controle social são os conselhos e as conferências de 
saúde, que devem respeitar o critério de composição paritária (participação igual entre 
usuários e os demais); além de ter caráter deliberativo, isto é, ter poder de decisão. 
5.4 - O SUS já provou que pode dar certo 
Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz, 2002. 
Você já deve ter ouvido falar muito mal do SUS. Frequentemente, jornais, rádios 
e TVs apresentam o seu lado ruim: filas de espera, hospitais lotados e sucateados, 
situações de mau atendimento, falta de remédios e outros problemas. 
O lado bom do SUS é mesmo muito pouco conhecido, pois há preconceito, 
desinformação e até má fé de alguns setores que lucram com a exposição negativa dos 
serviços públicos de saúde. Conheça alguns dos avanços e das conquistas do SUS: 
 
 
 
 
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- Dá assistência integral e totalmente gratuita para a população de portadores do 
HIV e doentes de Aids, renais crônicos e pacientes com câncer. 
- Realiza, por ano, 2,4 consultas para cada brasileiro; 2,5 milhões de partos; 200 
milhões de exames laboratoriais; 6 milhões de ultrassonografias. 
- Na última década houve aumento da esperança de vida dos brasileiros; 
diminuição da mortalidade e da desnutrição infantil; eliminação da varíola e da 
poliomielite; controle da tuberculose infantil, tétano, sarampo e de muitas doenças que 
podem ser prevenidas com vacinação. 
- Mantém 500.000 profissionais de saúde, 6.500 hospitais, 487.000 leitos, onde 
são realizadas mais de um milhão de internações por mês. Conta com 60.000 unidades 
básicas de saúde, que realizam 350 milhões de atendimentos por ano. 
- Realiza 85% de todos os procedimentos de alta complexidade do país. Em 
2000, fez 72 mil cirurgias cardíacas, 420 mil internações psiquiátricas, 90 mil 
atendimentos de politraumatizados no sistema de urgência emergência, 7.234 
transplantes de órgãos. 
- O Programa Saúde da Família do SUS contava com mais de 16.000 equipes no 
final de 2002, atendendo 55 milhões de pessoas, presente em 90% dos municípios 
brasileiros. 
- Realiza por ano 165.000 cirurgias de catarata; distribui 200 milhões de 
preservativos; realiza campanhas educativas; ações de vigilância sanitária de alimentos 
e medicamentos; além do controle de doenças e epidemias. 
- Os brasileiros que conseguem ser atendidos pelo SUS estão satisfeitos com o 
tratamento que recebem. Pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em 2001, com 110 mil 
usuários internados pelo SUS, mostra que 85% consideram excelente ou bom o 
atendimento oferecido pelo hospital. 
- Outra pesquisa, do Ibope, revelou que a metade da população acredita que a 
implantação do SUS está dando certo e 41% admitem que a qualidade dos serviços vem 
melhorando. 
 
5.5 - Não são poucas as dificuldades do SUS 
As dificuldades do SUS são conhecidas,mas não podem ser generalizadas. 
Muitos municípios, que assumiram a saúde de seus cidadãos, que respeitam a lei e 
 
 
 
 
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investem recursos próprios, estão conseguindo prestar atendimento com qualidade e 
dignidade a toda a população. Todos nós podemos dar uma contribuição, pois ainda 
persistem muitos problemas que precisam ser enfrentados: 
- Muita gente não consegue ter acesso ao SUS. Em algumas cidades, 
principalmente nos grandes centros, é longa a fila de espera para consultas, exames e 
cirurgias. 
- Dependendo do local, é comum não haver vagas para internação, faltam 
médicos, pessoal, medicamentos e até insumos básicos. Também é grande a demora nos 
encaminhamentos e na marcação para serviços mais especializados. 
- Muitas vezes os profissionais não estão preparados para atender bem a 
população, sem contar que as condições de trabalho e de remuneração são geralmente 
muito ruins. Isso também acontece nos planos de saúde, que remuneram mal os 
profissionais credenciados. 
- O atendimento às emergências está longe de ser o adequado, principalmente às 
vítimas da violência e dos acidentes de trânsito. 
- São precários os serviços de reabilitação, o atendimento aos idosos, a 
assistência em saúde mental e os serviços odontológicos. Nos planos de saúde, a 
situação não é muito diferente: é comum a restrição aos serviços de reabilitação, à saúde 
mental e os serviços odontológicos, normalmente, são excluídos. Os idosos, por sua vez, 
sofrem com os altos preços das mensalidades. 
- De acordo com pesquisas realizadas pelo Idec, em 2002, apenas 54% de 61 
medicamentos básicos estavam disponibilizados em centros de saúde de 11 cidades. 
Outra pesquisa do Idec demonstrou que em alguns municípios os usuários precisam 
chegar de madrugada ou retornar várias vezes para marcar um exame preventivo. 
 
Faltam recursos e políticas sociais 
A saúde da população não depende somente do SUS, mas também de 
investimento de recursos, de políticas econômicas e sociais. A garantia de emprego, 
salário, casa, comida, educação, lazer e transporte interfere nas condições de saúde e de 
vida. Saúde não é só atendimento médico, mas também prevenção, educação, 
recuperação e reabilitação. Além disso, veja só o que está por trás das dificuldades do 
SUS: 
 
 
 
 
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- O orçamento público destinado ao SUS é insuficiente, o que fica pior com a 
política econômica do governo; a CPMF (o “imposto” do cheque), criada para melhorar 
a saúde, acabou sendo usado para outros fins; há estados e municípios que descumprem 
a Constituição e não destinam os recursos previstos para a saúde. 
- Parte do dinheiro da saúde, que já é pouco, está sendo desviada para 
pagamento de salários de aposentados, pagamento de dívidas, obras de outros setores e 
até pagamento de planos privados de saúde para funcionários públicos. 
- A implantação do SUS esbarra na falta de vontade política de muitos 
governantes e na falta de organização da sociedade, especialmente aqueles mais pobres 
e marginalizados, que têm dificuldades de mobilização para pressionar as autoridades. 
5.6 - Está tudo na Constituição. Só falta cumprir. 
Resultado de muita luta e mobilização da sociedade, a Constituição Brasileira 
reconheceu a saúde com um direito de cidadania e instituiu um sistema de saúde que 
precisa ser implementado. 
Com base na Constituição Federal; na Lei 8080/90, a Lei Orgânica da Saúde; na 
Lei 8142/90, que trata da participação da sociedade e do financiamento da saúde; e nas 
demais leis que de alguma forma relacionam-se com o tema, o Idec elencou os 
principais direitos dos usuários de ações e serviços de saúde. Conheça de perto esses 
direitos e passe a lutar por eles no seu dia a dia. 
São seus direitos: 
- Ter acesso ao conjunto de ações e serviços necessários para a promoção, a 
proteção e a recuperação da sua saúde. 
- Ter acesso gratuito, mediante financiamento público, aos medicamentos 
necessários para tratar e restabelecer sua saúde. 
- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoável para não prejudicar 
sua saúde. Ter à disposição mecanismos ágeis que facilitem a marcação de consultas 
ambulatoriais e exames, seja por telefone, meios eletrônicos ou pessoalmente. 
- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a internação 
hospitalar, sempre que houver indicação, evitando que, no caso de doença ou gravidez, 
você tenha que percorrer os estabelecimentos de saúde à procura de um leito. 
- Ter direito, em caso de risco de vida ou lesão grave, a transporte e atendimento 
adequado em qualquer estabelecimento de saúde capaz de receber o caso, independente 
 
 
 
 
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de seus recursos financeiros. Se necessária, a transferência somente poderá ocorrer 
quando seu quadro de saúde tiver estabilizado e houver segurança para você. 
- Ser atendido, com atenção e respeito, de forma personalizada e com 
continuidade, em local e ambiente digno, limpo, seguro e adequado para o atendimento. 
- Ser identificado e tratado pelo nome ou sobrenome e não por números, códigos 
ou de modo genérico, desrespeitoso ou preconceituoso. 
- Ser acompanhado por pessoa indicada por você, se assim desejar, nas 
consultas, internações, exames pré-natais, durante trabalho de parto e no parto. No caso 
das crianças, elas devem ter no prontuário a relação de pessoas que poderão acompanhá-
las integralmente durante o período de internação. 
- Identificar as pessoas responsáveis direta e indiretamente por sua assistência, 
por meio de crachás visíveis, legíveis e que contenham o nome completo, a profissão e 
o cargo do profissional, assim como o nome da instituição. 
- Ter autonomia e liberdade para tomar as decisões relacionadas à sua saúde e à 
sua vida; consentir ou recusar, de forma livre, voluntária e com adequada informação 
prévia, procedimentos diagnósticos, terapêuticos ou outros atos médicos a serem 
realizados. 
- Se você não estiver em condição de expressar sua vontade, apenas as 
intervenções de urgência, necessárias para a preservação da vida ou prevenção de lesões 
irreparáveis, poderão ser realizadas sem que seja consultada sua família ou pessoa 
próxima de confiança. Se, antes, você tiver manifestado por escrito sua vontade de 
aceitar ou recusar tratamento médico, essa decisão deverá ser respeitada. 
- Ter liberdade de escolha do serviço ou profissional que prestará o atendimento 
em cada nível do sistema de saúde, respeitada a capacidade de atendimento de cada 
estabelecimento ou profissional. 
- Ter, se desejar, uma segunda opinião ou parecer de outro profissional ou 
serviço sobre seu estado de saúde ou sobre procedimentos recomendados, em qualquer 
fase do tratamento, podendo, inclusive, trocar de médico, hospital ou instituição de 
saúde. 
- Participar das reuniões dos conselhos de saúde; das plenárias das conferências 
de saúde; dos conselhos gestores das unidades e serviços de saúde e outras instâncias de 
controle social que discutem ou deliberam sobre diretrizes e políticas de saúde gerais e 
específicas. 
 
 
 
 
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- Ter acesso a informações claras e completas sobre os serviços de saúde 
existentes no seu município. Os dados devem incluir endereços, telefones, horários de 
funcionamento, mecanismos de marcação de consultas, exames, cirurgias, profissionais, 
especialidades médicas, equipamentos e ações disponíveis, bem como as limitações de 
cada serviço. 
- Ter garantida a proteção de sua vida privada, o sigilo e a confidencialidade de 
todas as informações sobre seu estado de saúde, inclusive diagnóstico, prognóstico e 
tratamento, assim como todos os dados pessoais que o identifiquem, seja no 
armazenamento, registro e transmissão de informações, inclusive sangue, tecidos e 
outras substâncias que possam fornecer dados identificáveis. O sigilo deve ser mantido 
até mesmo depois da morte. Excepcionalmente, poderá ser quebrado após sua expressa 
autorização,por decisão judicial, ou diante de risco à saúde dos seus descendentes ou de 
terceiros. 
- Ser informado claramente sobre os critérios de escolha e seleção ou 
programação de pacientes, quando houver limitação de capacidade de atendimento do 
serviço de saúde. A prioridade deve ser baseada em critérios médicos e de estado de 
saúde, sendo vetado o privilégio, nas unidades do SUS, a usuários particulares ou 
conveniados de planos e seguros saúde. 
- Receber informações claras, objetivas, completas e compreensíveis sobre seu 
estado de saúde, hipóteses diagnósticas, exames solicitados e realizados, tratamentos ou 
procedimentos propostos, inclusive seus benefícios e riscos, urgência, duração e 
alternativas de solução. Devem ser detalhados os possíveis efeitos colaterais de 
medicamentos, exames e tratamentos a que será submetido. Suas dúvidas devem ser 
prontamente esclarecidas. 
- Ter anotado no prontuário, em qualquer circunstância, todas as informações 
relevantes sobre sua saúde, de forma legível, clara e precisa, incluindo medicações com 
horários e dosagens utilizadas, risco de alergias e outros efeitos colaterais, registro de 
quantidade e procedência do sangue recebido, exames e procedimentos efetuados. Cópia 
do prontuário e quaisquer outras informações sobre o tratamento devem estar 
disponíveis, caso você solicite. 
- Receber as receitas com o nome genérico dos medicamentos prescritos, 
datilografadas, digitadas ou escritas em letra legível, sem a utilização de códigos ou 
 
 
 
 
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abreviaturas, com o nome, assinatura do profissional e número de registro no órgão de 
controle e regulamentação da profissão. 
- Conhecer a procedência do sangue e dos hemoderivados e poder verificar, 
antes de recebê-los, o atestado de origem, sorologias efetuadas e prazo de validade. 
- Ser prévia e expressamente informado quando o tratamento proposto for 
experimental ou fizer parte de pesquisa, o que deve seguir rigorosamente as normas de 
experimentos com seres humanos no país e ser aprovada pelo Comitê de Ética em 
Pesquisa (CEP) do hospital ou instituição. 
- Não ser discriminado nem sofrer restrição ou negação de atendimento, nas 
ações e serviços de saúde, em função da idade, raça, gênero, orientação sexual, 
características genéticas, condições sociais ou econômicas, convicções culturais, 
políticas ou religiosas, do estado de saúde ou da condição de portador de patologia, 
deficiência ou lesão preexistente. 
- Ter um mecanismo eficaz de apresentar sugestões, reclamações e denúncias 
sobre prestação de serviços de saúde inadequados e cobranças ilegais, por meio de 
instrumentos apropriados, seja no sistema público, conveniado ou privado. 
- Recorrer aos órgãos de classe e conselhos de fiscalização profissional visando 
a denúncia e posterior instauração de processo ético-disciplinar diante de possível erro, 
omissão ou negligência de médicos e demais profissionais de saúde durante qualquer 
etapa do atendimento ou tratamento. 
Esta publicação, uma iniciativa do Idec com o apoio da Fundação Rockfeller, 
é destinada a informar e orientar os cidadãos sobre seus direitos 
às ações e aos serviços de saúde. 
 
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