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Vulnerabilidade Existencial

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VULNERABILIDADE EXISTENCIAL 
 
 
Primeiros pontos 
 Existência e situação-limite (situação em que 
experimentamos crise existencial, sofrimento 
psicológico). 
 A noção de situação-limite como ponto para pensar as 
crises existenciais. 
 O sofrimento psíquico como resultado da 
confrontação com as situações-limite. 
 
 A situação-limite tem uma relação com o contato e 
confronto com as condições existenciais da vida 
humana. 
 As condições existenciais da vida humana estão 
veladas no cotidiano, mas quando se tornam visíveis 
são experimentadas como ameaça (angustia, ameaça 
ontológica, contato e conflito). 
 
 Pessoas que sofrem psiquicamente são especialmente 
sensíveis as condições existenciais da vida humana. 
 Eventos inofensivos ou insignificantes podem ser 
experimentados de forma agressiva. 
 Pessoas que sofrem psiquicamente experimentam as 
condições existenciais de forma mais evidente. 
 
Figura 1 - Características da condição humana: 
 
Situação Limite 
 Karl Jaspers 
 Situação-básica (Ex: envelhecer): são os limites 
comuns para todas as pessoas. São as condições 
Existe uma relação ente o sofrimento psíquico e a
vulnerabilidade ontológica.
O fato de nascer determinados (sem roteiro/manual de
instrução) faz com que sejamos vulneráveis.
O fato de não saber algo/conhecer nos deixa vulneráveis.
Viver as coisas sem saber delas antes cria vulnerabilidade,
o que cria a característica existencial humana
(vulnerabilidade).
Primeiro vivo a experiência para depois descobrir seu
peso.
Acontece muitas vezes durante a existência.
Inevitável. Faz parte da vida (condição humana) lidar com 
o sofrimento psíquico.
Aparecimento de uma inclusão ontológica. Ex: conflito, 
discussão de casal, aniversario, doença.
Nem toda escolha seja situação limite.
Escolha gera contato.
Na hora que escolho lido com o imprevisível da escolha e 
há confronto com a inclusão ontológica, que gera angústia 
e sofrimento.
Escuta particularmente aguçada (neuróticos –
sensibilidade, sente o peso da condição humana mais 
rapidamente).
Procrastinação – agir neurótico – mecanismo de defesa / 
desejo neurótico (Alice) / ilusão de que depois será mais 
fácil.
Somos existencialmente indeterminados.
Somos com-o-outro (somos relacionais) e para-o-outro 
(relações nos afetam).
•Lidar com o outro é uma tarefa
Somos seres corporais.
•Todos nascemos com o corpo e temos algum problema 
com ele.
•Não escolhemos nosso corpo.
•Não existe O CORPO.
•Temos que lidar com o corpo que temos.
•A forma como tratamos o corpo o afeta.
•O corpo é uma tarefa.
Somos afetivos.
•Nossa vida é marcada por sentimentos, emoções, 
afetos, humores
•Emoção-de-base..
•Somos seres sentimentais, emocionados.
•Todos temos uma emoção base (emoção que prevalece 
na maior parte do tempo, o normal da pessoa, ex. uma 
amiga é sempre elétrica).
• Inteligência emocional não existe, não há como 
controlar as emoções, mas podemos aprender a lidar 
com elas, viver com elas.Somos temporais.
•O tempo está constantemente passando e nos afetando, 
independente da vontade humana.
•Marcados pelo tempo.
•Envelhecemos.
Somos finitos.
•Morremos.
•Sempre experimentamos a morte de alguma forma. Ao 
escolhemos uma coisa, matamos outra. Ao virar 
adultos, a infância morre.
Somos limitados.
•A condição corporal nos limita, bem como a liberdade. 
Ex. não posso ir pra São Paulo sem avião.
Somos existencialmente livres
•Temos liberdade, mas só posso escolher a partir das 
minhas limitações.
existenciais dadas a todos nós. Essas condições não 
podem ser excluídas ou superadas. 
 As situações-básicas se tornam situações-limite 
quando ocorrem crise. 
 
“A situação básica primaria consiste no fato “de que eu 
estou/sou enquanto ser-aí humano sempre em uma 
situação (...). esta é uma determinação necessária, mas ela 
representa, simultaneamente, uma limitação de minha 
vontade. Ela puxa em reboque a culpa existencial de estar 
sempre aquém de suas possibilidades e de não conseguir 
dar-se conta da própria existência possível.”. 
 
 A crise da situação-básica das condições existenciais 
da vida humana revela uma situação-limite. 
 “em toda situação-limite, o tapete é, por assim dizer, 
tirado de baixo dos meus pés”. 
 A noção de habitação para compreender a experiência 
da normalidade e do sofrimento psíquico. 
 
“A experiência consciente da situação-limite, que foi 
previamente escondida pela habitação segura nas formas 
de vida objetivas, de senso comum, as concepções de 
realidade, bem como pelas crenças, deixa começar um 
processo pelo movimento da reflexão, pela dialética, que 
leva a habitação até então tomada como algo dado à 
dissolução. Agora, torna-se mais ou menos claro o que a 
habitação é, e isto é experimentado como uma ligação, 
uma limitação ou como algo dubitável, sem a força de 
ofertar uma fundação robusta”. 
 
 O modo como o sujeito responde (emocionalmente) à 
situação-limite. 
 A situação-limite é elaborada, apropriada, 
simbolizada, integrada em um contexto significativo. 
 Os efeitos traumatizantes dependem da quebra da 
“habitação” sobre o sujeito. 
 
“pessoas com predisposições para virem a ser 
mentalmente enfermas carregam consigo uma 
“vulnerabilidade existencial”, uma sensibilidade ou 
fragilidade acentuada, que lhes permite experimentar 
eventos aparentemente insignificantes como situações-
limite. Em tais situações, uma condição existencial 
básica, que é mantida velada em outros casos, torna-se, 
para eles, inegável”. 
Ex: ao envelhecer, a 
pessoa sofre com o 
tempo (ontológico) e as 
rugas (ôntico), isso faz 
com ela comece a se 
submeter a vários 
procedimentos, como o 
botox para evitar.
Situação-básica: 
envelhecimento
Situação-limite: 
sofrer com o 
tempo humano
Agir neurótico: 
uso excessivo de 
procedimento
Ex 2: ao engordar e 
emagrecer a pessoa 
entra em crise, o que faz 
com que comece uma 
dieta para controlar o 
corpo. Podendo, 
também, gerar uma 
hipocondria.
Situação-básica: 
corpo
Situação-limite: 
dietas
Agir neurótico: 
Hipocondria
Estamos sempre marcados por situações-básicas, aquelas 
marcadas pelo compartilhamento.
Situacional.
Psicose e esquizofrenia.
Não existe estabilidade, até mesmo o que está garantido 
pode mudar. A vida sempre tem um movimento.
A habitação (casa) com o mundo gera 
estabilidade/familiaridade, o que resulta em saúde 
mental/defesa.
Não há como temer o que conhece (familiaridade).
Confiança básica (Husserl).
Esse sentimento nos ajuda a viver/levantar da cama.
Estabilidade é uma ilusão, mas gera familiaridade. Por 
isso, precisamos constantemente nos autoiludir 
(inconscientemente) para termos normalidade (saúde 
mental).
Quando o ser-aí humano é lançado no mundo.
Inclusão ontológica
Escuta
1. A Daseinsanálise dá destaque à emoção, angústia, 
culpa e vergonha;
2. Como elabora a gera (motivo da 
crise/simbolização/contexto);
3. Efeitos traumáticos (o quanto está quebrado/sofre).
 
“pessoas existencialmente vulneráveis arraigam-se em 
uma habitação de estratégias de defesa, de precauções e de 
salvaguardas a fim de escapar da confrontação com 
situações-limite juntamente com as suas implicações 
ontológicas (...). A habitação as protege contra o medo de 
que as apanharia em relação com as situações-limite da 
vida. Infelizmente, os muros da habitação são estreitos: os 
pacientes permanecem hipersensitivos ou vulneráveis com 
relação às implicações existenciais de determinadas 
situações de vida durante as quais, por assim dizer, 
rupturas na habitação são abertas e atrás das quais os fatos 
básicos da existência são reconhecíveis”. 
Por que a vulnerabilidade acontece? porque os mecanismos 
de defesa falham, a neurose (todos temos) falha. 
Corpo 
A hipocondria “consiste em uma sensibilidade particular à 
suscetibilidade de adoecer, à propensão a se machucar e à 
fragilidade do corpo próprio (...) minhas dores de cabeça, 
torna-me consciente do fatoinquietante de que eu 
permaneço irreversivelmente dependente de meu próprio 
corpo – de que eu estou à mercê de seus processos velados, 
de sua atividade autônoma, sem ser capaz de sondá-los ou 
de controla-los completamente (...) sendo encarnado, eu 
estou fundamentalmente susceptível de adoecer e 
propenso a me machucar; com efeito, eu sou mortal, de tal 
modo que toda dor já insinua, principalmente, a 
possibilidade da morte”. 
 
Como o hipocondríaco reage a esta situação? “O 
monitoramento ansioso (controle) de cada evento corporal. 
A neurose da hipocondria torna-se, frequentemente, uma 
luta constante contra as condições básicas do ser-aí 
humano, que não são nem aceitas, nem negadas.”. 
Estudo de caso – hipocondria 
Um paciente com idade de 64 anos adoeceu com uma 
depressão profunda e delirante 1 ano e meio após a sua 
aposentadoria. O fim de sua carreira já havia lhe causado 
muito desconforto e problema. O evento desencadeador da 
depressão foi a extração de três dentes e o encaixe de um 
dente prostético mal posicionado. O paciente cresceu em 
uma família de recursos moderados na qual o adoecimento 
permaneceu prevalente; ele relatou a respeito deles com 
certo desdém. Ele próprio havia se esforçado bastante para 
se tornar um gerente de recursos humanos de uma grande 
companhia através de trabalho duro e da mais elevada 
ambição. A sua esposa relatou que o seu trabalho sempre 
vinha em primeiro lugar para ele, o que trouxe muito 
sofrimento para a sua família e casamento. Ao longo do 
curso de 45 anos no trabalho, ele ficou doente durante 
apenas 10 dias. A depressão foi marcada por um 
sentimento de colapso. Toda a sua força, de acordo com o 
próprio paciente, havia ido embora; os seus braços e pernas 
não mais o obedeciam. Ele havia queimado a vela nas duas 
extremidades, havia falhado em tomar conta de sua família 
e agora estava pagando o preço por isto. A vida havia 
acabado para ele. No tempo devido, as ideias delirantes 
desenvolveram-se: gotas de suor sinalizando a sua morte 
escorreram de sua testa; já se podia ver o livor mortis 
[palidez cadavérica] descolorindo a sua face. “Alguém 
deveria levá-lo a um necrotério e deixá-lo lá”. 
 
“O plano de vida do paciente era caracterizado por uma 
orientação rígida em direção a conquistas à custa de 
relacionamentos interpessoais. A aposentadoria, contudo, 
havia encerrado a sua busca de uma vida inteira pelo 
movimento ascendente e a remoção dos dentes trouxe-lhe, 
subitamente, a consciência da fragilidade de sua 
existência, que ele sempre havia reprimido e desprezado. 
O persistentemente negado, mas latentemente temido, teve 
seus efeitos sobre o paciente, quem nunca lidou com estes 
sentimentos e quem agora não tinha com o que bloqueá-
los. Cair em depressão foi uma resposta a uma experiência, 
na qual a habitação (certeza de que fez tudo, do seu papel na 
família e trabalho) (mantida até aquele ponto) demonstrou 
ser uma ilusão.”. 
Liberdade e culpa 
Ex: para o hipocondríaco, uma dor de cabeça pode matar. 
Escuta particularmente aguçada.
O hipocondríaco sofre porque não controla o corpo.
Tentativa fracassada e ilusória.
O corpo é autônomo, fora do nosso controle.
Hipocondria e depressão.
Aposentadoria – sem trabalho/sustentar o lar.
Extrair o dente foi apenas o desencadeador.
 Uma situação onde preciso decidir entre duas 
possibilidades. 
 Quando escolhemos, só escolhemos uma 
possibilidade. Ao afirmar uma, renunciamos a outra. 
 Só consigo escolher quando me sinto pronto para 
escolher. 
 Toda escolha traz consigo a imprevisibilidade das 
consequências. 
 Em certo sentido somos culpados (responsáveis) pelas 
escolhas que realizamos e renunciamos. 
 Tipos anancásticos (constante sentimento de dúvida, 
escrupulosidade, verificações, e preocupação com 
pormenores, obstinação, prudência e rigidez 
excessivas), narcisista, compulsivo, relações 
melancólicas e depressivas. 
 
“A transição da abundância de possibilidades à 
determinação e à singularidade da realidade se transforma 
em uma limitação insuportável, de fato uma experiência de 
culpa e de fracasso. No caso de uma tal sensibilidade 
extrema a situações que tenham a ver com decisões, que é 
exibida, até certo ponto, por pessoas anancásticas e 
perfeccionistas, claramente toda decisão, especialmente 
quando a mudança de vida importa, virá a se tornar um 
sério problema. A consideração se torna sem fim; a 
espontaneidade e a segurança da decisão desaparecem, 
mesmo se a decisão é eventualmente feita. O medo de 
decisões e as suas consequências se enraízam, cada vez 
mais, em sua vida.” 
Estudo de caso - perfeccionistas 
Um estudante de odontologia de 33 anos busca assistência 
psicoterapêutica porque os seus exames finais são 
iminentes e ele não é mais capaz de se preparar com total 
concentração. Através do diálogo, tornar-se claro que ele 
esteve sofrendo durante anos de um transtorno 
compulsivo, que se estendia da meditação constante sobre 
pensamentos compulsivos ao controle compulsivo. 
Repetidas vezes, ele tinha de pensar se chegou à decisão 
certa há alguns dias atrás; a maior parte do tempo, ele se 
arrependia de suas decisões e criticava a si mesmo por elas. 
Idealmente, ele teria retomado cada decisão feita, mesmo 
aquelas que não podiam ser necessariamente consideradas 
erradas ou danosas. Ao mesmo tempo, isto tinha tornado 
mesmo o ato de fazer compras uma agonia, dado que às 
vezes ele gastava horas indo e voltando entre os vários 
produtos. Mesmo se ele finalizasse a sua escolha, ele iria 
meditar nos dias seguintes se ele não deveria realmente ter 
comprado um produto diferente: “Eu sempre penso que eu 
estou no caminho errado e eu gostaria de retornar ao 
momento decisivo … Eu não posso aceitar isso, mais uma 
vez, tanto tempo passou desde então, e caio regularmente 
em um estado de angústia por conta disto.” Recentemente, 
ele foi acometido, mais e mais, pelo pânico, porque muitas 
decisões difíceis o aguardavam em conexão com o término 
de sua graduação. 
 
“O paciente não pode lidar com a incerteza e com o 
simultâneo caráter definitivo que acompanha cada decisão. 
Ele quer parar o tempo e fazer com que nada aconteça; isto 
não se deve ao fato de que ele se desespere quanto a 
algumas decisões, mas, antes, por conta do fato de que uma 
possibilidade deve se tornar permanentemente realizada de 
uma vez por todas (sofre por que as coisas são para sempre 
– até o momento que não é mais). O término de sua 
graduação se torna uma situação-limite; o novo campo de 
possibilidades que seria aberta por ele leva o paciente a 
temer a abundância de possibilidades em conjunto junto 
com as novas e dolorosas decisões ou compromissos, em 
vez de levá-lo a sentir-se livre (novos compromissos 
escolhas geram crise). Assim, ele desencadeia, de certa 
forma, uma agorafobia existencial ou o medo de muitas 
opções.” 
 
“a realização da liberdade pode apenas ocorrer pagando o 
preço da limitação das possibilidades pode levar a um 
medo profundo de decisões e de vínculos (...). A auto-
identificação no risco da decisão do “para todo o sempre” 
é combatida, dado que todo limite é experienciado como 
uma prisão. […] A vontade de perpetuar as possibilidades 
infinitas rejeita o seu compromisso com a realidade. […] 
A realização momentânea permanece debochada por conta 
Somos responsáveis pelas nossas escolhas.
Podemos sofrer (culpa) pela liberdade.
Pensamento repetitivo sobre cada decisão.
Constante busca sobre a perfeição.
O não saber gera angustia. Incapacidade de lidar com a 
dúvida.
da reserva em voltar a ficar de novo a favor da outra. A 
participação não vinculativa sem realização verdadeira 
cimenta a vida na indecisão.” 
 
“Tais pessoas são caracterizadas pela ordem exagerada, 
pelo cumprimento desinteressado de obrigações, pela 
orientação rígida em direção às normas externas e por 
relacionamentos fechados,frequentemente simbióticos, 
com o outro significativo mais próximo. De um ponto de 
vista existencial, esta estrutura rígida serve, em última 
análise, à evitação da angústia existencial. A conduta 
moral irrepreensível, o anseio por manter-se nas fronteiras 
de uma ordem estabelecida, tem o sentido mais profundo 
de proteger-se contra experimentar o caráter inevitável de 
“ser-meu” da existência”. 
 
Estudo de caso – melancólico 
Uma mulher de 55 anos de idade adoeceu da seguinte 
maneira: ela se torturou longa e duramente com a decisão 
de se ela deveria vender a sua casa, que se tornou muito 
grande para ela depois da morte de seu marido, a fim de se 
mover a um apartamento menor. Influenciada pelo 
conselho de amigos e de família, ela vendeu a sua casa no 
fim das contas. Contudo, mais tarde, ela logo 
experimentou uma séria crise na qual ela se arrependeu 
amargamente de sua decisão, criticou a si mesma 
intensamente e, finalmente, caiu em uma profunda 
depressão. No momento em que estava aflita, ela 
reclamava sem parar de sua decisão errada; ela havia 
sofrido uma perda financeira significativa, magoado os 
seus filhos além do reparo e era incapaz de completar a 
mudança. Após a melhora da enfermidade aguda através 
de terapia, veio à tona que, acima de tudo, dois aspectos da 
decisão eram particularmente intoleráveis para a paciente: 
primeiro, a sua irreversibilidade, que estava conectada 
com a aceitação definitiva da morte de seu marido, com o 
qual ela habitou a casa durante mais de 20 anos; em 
segundo lugar, era a primeira vez que ela havia feito uma 
decisão de mudança de vida sem o seu marido, o que 
revelou a sua solidão e, em última instância, a sua 
responsabilidade pessoal inevitável.” 
 
“Como é típico do typus melancholicus, a paciente era 
sensível de uma maneira especial: ela era vulnerável à 
irreversibilidade, à responsabilidade pessoal e à solidão 
ligadas à decisão (...). Para o paciente typus melancholicus, 
a solidão e a culpa das decisões representam um 
desapontamento fundamental, de tal forma que a sua 
habitação que foi atentivamente sustentada até agora 
revela ser uma ilusão. Apesar de todas as precauções, ele 
não pode escapar do fardo de viver a sua própria vida 
sozinho e sem segurança, sem quaisquer garantias. O 
declínio em direção à depressão é uma resposta a uma 
experiência na qual futilidade de toda evitação e de todas 
as estratégias de salvaguarda é revelada”. 
 
“no lugar de precauções rígidas por evitação da culpa, 
surge a autoacusação excessiva do paciente por ser 
irreversivelmente culpado (sou errado); no lugar de 
relações simbióticas-altruístas com outrem, surge a queixa 
sobre a sua própria solidão intratável; e, no lugar do 
sacrifício desinteressado pelo bem-estar de outrem, surge 
a queixa de que ele não é mais útil e, então, completamente 
sem valor.” 
 
Sofrimento psíquico sob ponto de vista 
Daseinsanalitico 
 Pessoas com sensibilidade a situações existenciais 
básicas podem ser defrontadas com questões 
fundamentais e perturbadoras diante dos eventos 
aparentemente mais triviais. 
 Afetos e disposições fundamentais que surgem de 
situações confusas e que já contêm estas questões pré-
reflexivamente que as levam a serem colocadas. 
Verificar a elaboração é achar a neurose e o problema. 
 A pessoa existencialmente vulnerável percebe a vasta 
profundidade destes afetos e disposições mais do que 
os demais e tenta escapar da agitação existencial 
O medo de decidir impede de viver a vida (a 
estagna/incontinuidade).
Enquanto não decidir há a ilusão de que não corre risco.
Protege contra o isolamento causado pela liberdade.
Seguir a norma exageradamente gera a ilusão de que não 
há risco.
Vender a casa é aceitar que o marido morreu.
Sofrer por tomar uma decisão sem o marido. Primeira 
decisão sozinha.
Auto-acusação muito excessiva.
Cobrança excessiva.
causada por eles através de uma habitação de 
preocupações e evitações cotidianas. 
 A habitação apenas fornece uma segurança aparente; 
com efeito, na medida em que ela fragiliza a sua 
“resiliência existencial”, ela se encontra ainda mais 
impotentemente exposta à ocorrência de situações-
limite. 
Temos que aprender a ter resiliência com a angustia (lidar 
com ela). 
 A fim de conhecer, aceitar e superar as situações-
limite como tais, um mínimo padrão de estabilidade, 
coragem e capacidade reflexiva é exigida – em 
resumo: uma “competência a situações-limite”, (...) 
parece-me que a tarefa de um psiquiatra ou 
psicoterapeuta deveria incluir ganhar uma tal 
competência a fim de ajudar o paciente a reconhecer 
as implicações existenciais de sua crise e, assim, 
compreendê-las não apenas com um infortúnio 
autoacusado, mas, também, como uma expressão da 
existência humana no geral, na qual todos nós 
participamos e através da qual todos nós sofremos. 
Este suporte pode, então, despertar nele a força para 
lidar com a situação e lidar com ela, mesmo que ele 
não a use como um “salto para a liberdade”. 
Ajudar o paciente a sustentar sua angústia.

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