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GIOVANA PAULA É uma doença febril aguda causada por um arbovírus Transmitida por mosquitos do gênero Aedes, especialmente pelo Aedes aegypti, com predomínio nas regiões tropicais É a doença viral febril aguda mais comum transmitida por mosquito nas Américas Após a introdução de duas novas doenças arbovirais (Chikungunya, em 2013, e Zika, em 2014), passou a fazer parte de uma tríade de doenças com importantes desafios para a saúde pública o Sinais e sintomas iniciais semelhantes a precisão inicial do diagnóstico é difícil, podendo levar a eventos fatais São conhecidos quatro sorotipos virais de dengue: DEN- 1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 o Há um 5º sorotipo conhecido, entretanto ele não existe no Brasil, nem há comprovações de que gere dengue o A infecção por um dos sorotipos do vírus da dengue confere imunidade somente para aquele sorotipo específico o Após pequeno período de proteção cruzada contra todos os outros sorotipos, os pacientes que curaram infecções primárias passam a ser suscetíveis às novas infecções por outros sorotipos heterólogos o Teoricamente, podem ser infectados pelos quatro sorotipos Quando pensar em dengue? o Todo paciente com doença febril aguda com duração de até 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: - cefaleia, dor retro-orbital, mialgia, artralgia, cansaço, exantema, associados ou não à presença de hemorragia o Além desses sintomas, a pessoa deve ter estado, nos últimos 15 dias, em área com epidemiologia positiva para dengue ou que tenha sido registrada a presença de Aedes aegypti Segundo o MS, podem ocorrer três fases clínicas: o Febril o Crítica o de recuperação Os casos clínicos podem ser retrospectivamente classificados em: a) dengue b) dengue com sinais de alerta c) dengue grave FASES 1- FASE FEBRIL 1ª manifestação: febre Dura de 2-7 dias, geralmente alta (39ºC a 40ºC) Início abrupto Associada à cefaleia, à adinamia, às mialgias, às artralgias e a dor retroorbitária Exantema: 50% dos casos maculo papular Anorexia, náuseas e vômitos podem estar presentes A diarreia está presente em percentual significativo dos casos não costuma ser volumosa Após a fase febril, grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente com melhora do estado geral e retorno do apetite 2- FASE CRÍTICA Pode estar presente em alguns pacientes, podendo evoluir para as formas graves e, por esta razão, medidas diferenciadas de manejo clínico e observação devem ser adotadas imediatamente Inicia-se com a defervescência da febre, entre o terceiro e o sétimo dia do início da doença, acompanhada do surgimento dos sinais de alarme 3- FASE DE RECUPERAÇÃO Nos pacientes que passaram pela fase crítica haverá reabsorção gradual do conteúdo extravasado com progressiva melhora clínica O débito urinário se normaliza ou aumenta, podem ocorrer ainda bradicardia e mudanças no eletrocardiograma Alguns podem apresentar rash cutâneo ANAMNESE Paciente com febre aguda com duração menor do que 7 dias: analisar ele se vem de uma área epidêmica para a dengue, ou se esteve em uma há cerca de 15 dias 1º passo: descobrir a duração da febre, pois a possibilidade de agravamento é maior quando ela declina ou cessa 2º passo: investigar a presença de sinais de alerta o Importante explorar possíveis fenômenos hemorrágicos, como epistaxe, metrorragia, hemorragia intestinal GIOVANA PAULA EXAME FÍSICO Deve buscar detectar exantema, fenômenos hemorrágicos, sinais de alteração hemodinâmica e nível de consciência Minucioso, dando atenção a fenômenos hemorrágicos espontâneos em áreas não expostas, como conjuntivas, gengivas, narinas e petéquias em membros inferiores Verificar a prova do laço o Aferir a pressão arterial (PA) e calcular o valor médio pela fórmula: pressão arterial sistólica (PAS) + pressão arterial diastólica (PAD)/2 o Insuflar o manguito até o valor médio e manter durante 5 minutos nos adultos e 3 minutos em crianças o Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e contar o número de petéquias formadas dentro dele o A prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças o Se a prova do laço for positiva antes do tempo preconizado, ela pode e deve ser interrompida Avaliação hemodinâmica o enchimento capilar, turgor, aferição de PA em duas posições, frequência cardíaca (FC) e de pulso; ausculta e frequência respiratória (FR) Valorizar a presença de dor abdominal principalmente em pediatria Investigar ascite e hepatomegalia EXAMES COMPLEMENTARES Diagnóstico: a partir de dados clínicos e epidemiológicos com reforço de exames laboratoriais Exames complementares dividem-se em específicos e inespecíficos Específicos e inespecíficos O vírus da dengue já está presente no 5º dia Ele pode ser detectado de algumas formas: o Isolamento viral o Pesquisa do genoma viral por reação em cadeia da polimerase (PCR) o Pesquisa do antígeno NS1 o Ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA,) NS1 e PCR-em tempo real são utilizados para identificação viral (vigilância virológica) o Casos graves (internação): PCR e NS1 A pesquisa de anticorpos imunoglobulina M (IgM) para dengue (ELISA IgM/MAC-ELISA IgM) é o exame preferencial para o diagnóstico o Realizada em amostras coletadas do 7o ao 30o dia do início dos sintomas ELISA NS1 não reagente não descarta a doença dengue, sendo necessário coletar uma segunda amostra do 7o ao 30o dia para pesquisa de anticorpo IgM, a fim de descartar a doença Exames inespecíficos Auxiliam no diagnóstico, no acompanhamento e na avaliação das possíveis complicações o Hemograma Alterações mais comuns: leucopenia com neutropenia, presença de linfócitos atípicos, plaquetopenia e hemoconcentração Pode estar normal ou somente com leve leucocitose Geralmente não se altera significativamente nas primeiras 48hrs Exames normais não descartam a possibilidade de ser dengue Nunca pense que hemoconcentração é um bom sinal, pois o paciente não tem anemia o Coagulograma o Provas de função hepática o Dosagem de albumina sérica GIOVANA PAULA o Exames de imagem (sempre que houver indicação clínica) Outros: o Dosagem de eletrólitos Principal alteração: hiponatremia o Dosagem de albumina sérica Hipoalbuminemia é encontrada na febre hemorrágica o Observa-se, com muita frequência, aumento de transaminases, alteração de provas de coagulação, aumento de ureia e creatinina (Cr) e diminuição de complemento (C3) o Pode haver necessidade de exame de líquido cerebrospinal, na suspeita de comprometimento do sistema nervoso central, sempre precedido da contagem de plaquetas, na prevenção de acidentes de punção Exames de imagem podem ser solicitados, norteados pela clínica: TC ou RM em dengue neurológica; US de abdome e de tórax, na suspeita de derrames cavitários; radiografia torácica, no comprometimento pulmonar CONDUTA PROPOSTA Apesar de ser uma doença muito comum, ainda existe um atraso em diagnosticar precocemente e assisti-la de maneira adequada, mesmo existindo protocolos atualizados e simplificados O manejo clínico correto pode reduzir o agravamento Um caso aparentemente simples poderá se complicar quando não conduzido da maneira correta O primeiro passo é notificar todo caso suspeito Durante a notificação, o paciente deve ser orientado quanto às possíveis complicações e quando retornar Estadiamento clínico proposto pelo MS em grupos A, B, C e D feito de acordo com a resposta as 4 questões abaixo o Sempre valorizando o pior sinal Existe um processo simples em que quatro perguntas básicas são feitas:► Trata-se de um caso de dengue? ► Tem algum fenômeno hemorrágico espontâneo ou provocado? ► Apresenta sinais de alerta? ► Tem hipotensão ou choque? GIOVANA PAULA A Quando o caso for dengue, mas não contemplar nenhuma alternativa além de 1 o Suspeita de dengue, sem sinais de alarme e sem comorbidades Tratamento poderá ser realizado no domicílio Hidratação oral na quantidade de 60 mL/kg/dia para o adulto, sendo 1/3 de SRO Regra geral: para cada copo de SRO, tomar dois copos de líquidos da preferência do paciente Para crianças menores de 13 anos: hidratação se baseia na regra de Holliday Segar acrescida da reposição de 3% das perdas da seguinte forma: ● Menores de 10 kg – 130 mL/kg/dia. ● Entre 10 e 20 kg – 100 mL/kg/dia. ● Acima de 20 kg – 80 mL/kg/dia. ● Para o adulto, 1/3 do volume total é SRO Sintomáticos podem ser prescritos, como paracetamol ou dipirona Os AINEs devem ser evitados B Se a pior resposta afirmativa for 2 o Suspeita, sem sinais de alarme, com algumas petéquias ou prova do laço positiva, alguma comorbidade Solicitar hemograma e aguardar resultado para avaliar hemoconcentração Se Ht normal conduzir como o Grupo A Orientar retornos diários até 48 horas após a febre Caso apresente algum sinal de alerta, retornar imediatamente C Se a pior resposta afirmativa for 3 (sinal de alerta) o Suspeita, presença de algum sinal de alarme Se houver algum sinal de alerta: hidratação venosa imediata Reposição volêmica com SF a 10 mL/kg na 1ª hora, podendo ser repetida por mais duas vezes, caso não haja melhora Se após as três reposições, não houver melhora clínica e laboratorial, conduzir como Grupo D Após fase rápida (de reposição), prosseguir com hidratação venosa de manutenção, sendo a primeira etapa 25 mL/kg em 6 horas A seguir, segunda etapa com SF 1/3 e soro glicosado 2/3 na velocidade de infusão 25 mL/kg em 8 horas Os pacientes necessitam avaliação para estabilização por período mínimo de 48 horas. D- DENGUE GRAVE Se houver choque ou hipotensão o Suspeita, presença de sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos Todo caso suspeito de dengue com presença de sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos São casos potencialmente graves O tempo de extravasamento plasmático e de choque leva de 24 a 48 horas, necessitando atenção às alterações hemodinâmicas Deve-se conduzir uma expansão rápida parenteral, com solução salina isotônica: 20 mL/kg em até 20 minutos, mesmo na ausência de exames complementares Se não houver melhora, repetir por até três vezes Reavaliação clínica a cada 15 a 30 minutos e de Ht, em 2 horas Necessitam ser continuamente monitorados, preferencialmente em leito de UTI até a pronta estabilização QUANDO REFERENCIAR Pacientes estadiados como A e B podem ser atendidos e acompanhados em UBSs Os estadiados como C devem ter seu tratamento iniciado nas UBSs e depois encaminhados para internação GIOVANA PAULA Os pacientes classificados como estadiamento D devem receber, primeiro, atendimento emergencial onde forem diagnosticados e, assim que possível, transferidos a hospitais com porte para atendimento intensivo PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES Problemas cardiovasculares o Casos mais graves podem cursar com hipotensão importante e hemorragia massiva, quando não adequadamente tratada, levando ao choque e a óbito o Miocardites Respiratórios o A presença de desconforto respiratório pode indicar lesões concomitantes de múltiplos órgãos e que o progresso rápido da doença é provável (sepse, hemorragia digestiva alta, etc) > mortalidade Hepático o Leve elevação de enzimas hepáticas, mas pode haver lesão hepática Hematológio o Pode haver hemorragia importante, principalmente associadas e ingestão de AAS, AINES e Anticoagulantes SNC o Podem surgir no período febril, ou tardiamente o (1) distúrbio metabólico, por exemplo, encefalopatia o (2) invasão viral, incluindo encefalite, meningite, miosite e mielite o (3) reações autoimunes, incluindo encefalomielite disseminada aguda, encefalopatia e síndrome de Guillain-Barré Rins o A lesão renal aguda é uma complicação potencial da infecção grave e está associada à hipotensão, à rabdomiólise ou à hemólise o Proteinúria, hematúria, glomerulonefrites e síndrome hemolítico-urêmica ATIVIDADES PREVENTIVAS E DE EDUCAÇÃO Plano de Erradicação do Aedes aegypti (1996) o Composto por: ACS + ACE (Agente de combate a endemias) + População o Objetivo: Promover, em conjunto, o controle do vetor Tipos de controle o Controle mecânico: Eliminar o vetor e diminuir o contato mosquito/homem o Controle biológico: Predadores e patógenos que diminuem a pop. de vetores; o Controle químico: Neurotóxicos, inibidores da síntese de quitina e larvicidas; o Vacinas: Prevenção da doença (4 sorotipos), eficácia de 65,5%,; grave e hemorrágica é de 93% e para a internação > 80% MEDIDAS DE CONTROLE Interior do Imóveis o Lavar bebedouros de animais com escova e trocar sua água o Não deixar depósitos de água mal fechados (potes, filtros, tambores) o Não acumular agua em vasos de plantas (usar areia até a borda e lavar com esponja) Exterior dos Imóveis o Limpas calhas e lajes o Garrafas de boca para baixo o Descartar pneus corretamente o Não jogar lixo em terreno baldio o Manter o lixo tampado até seu recolhimento
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