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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CAPÍTULO I – CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL. CRIMES FUNCIONAIS; praticados quando o sujeito ativo é só o funcionário público. 312 ao 325 PECULATOS (Arts. 312,313, 313-A, 313-B) Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. ❖ Sujeito ativo: funcionário ❖ Sujeito passivo: Estado. ❖ Consumação e Tentativa: dar-se-á com a apropriação do bem pelo funcionário. Admite-se a tentativa § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. PECULATO CULPOSO § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. CAPUT: 2 espécies de peculato: Peculato-Apropriação e Peculato-Desvio Parágrafo primeiro. Peculato-furto Parágrafo segundo. Peculato-culposo Obs. I - Dos crimes funcionais, somente o peculato admite a modalidade culposa. Obs. II - “Não basta ser funcionário, tem que participar.” Ele tem que se aproveitar do cargo para praticar o crime. ● Núcleos: apropriar-se, desviar, subtrair ou concorrer para a subtração. Apropriar-se x. Subtrair Apropriação: o funcionário tem a posse em razão do cargo. É apropriação indébita praticada por funcionário público. Subtrair: o funcionário tem acesso pela facilidade que o cargo lhe possibilita, mas ele não tem a posse. Ex: entrou pela janela, arrombou e subtraiu (furto). Se entrar pela porta, por ter a chave e foi chefe, já é peculato. ● Objeto material do crime de peculato (dos 3 tipos): Apropriar-se ou desviar ‘’dinheiro, valor ou qualquer bem móvel’’. (O bem pode ser público ou particular), de que tenha posse ou facilidade em razão do cargo. Ex: O pedreiro contratado pelo TJDFT é chamado para fazer reforma na casa de um desembargador. Desvio de mão de obra é improbidade administrativa. O prefeito usou o tratado para usar na fazenda própria e devolveu nas mesmas condições. O prefeito responde pela gasolina (que estava bem). Responde sim. Obs. III - Peculato de uso não é crime (só para bem infungível) Fato atípico, assim como peculato de mão de obra. Não basta a intenção de devolver, tem que efetivamente devolver. Mas se for dinheiro (fungível) é crime, se exaure. Apropriação de dinheiro é crime consumado. Salvo se for prefeito. Decreto-lei 201/67 – Decreto lei que prevê os crimes praticados pelo Prefeito. Existe lá a tipificação de peculato de uso e peculato de mão-de-obra. Que é o peculato específico neste Decreto lei. ● PECULATO CULPOSO: PARÁGRAFO SEGUNDO. Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem. Por negligência, imprudência ou imperícia, o funcionário público facilita o crime de outrem (particular ou não). É necessária a consumação do crime da terceira pessoa. Não existe tentativa. ● Parágrafo terceiro. – A reparação do dano no peculato culposo pode ser feita até sempre. Desde a consumação do crime, até o recebimento da denúncia, até a sentença e até o trânsito em julgado da sentença. Se for feita até o trânsito em julgado, extingue a punibilidade e se é posterior reduz à metade a pena imposta. ISSO NO CULPOSO. 312, §3° Agora, e no peculato doloso? A reparação do dano é pela parte geral do código. Se da consumação até antes do recebimento da denúncia, diminui a pena de 1/3 a 2/3 nos termos do art. 16 do CP. E se for depois do recebimento da denúncia até a sentença de primeiro grau, o benefício que o réu tem é a atenuante do art. 65, III, ‘’b’’. Só até a sentença, não há nada de trânsito em julgado. Art. 313 – PECULATO IMPRÓPRIO Arts. 313-A e 313-B são chamados de peculatos eletrônicos, subespécie de peculato impróprio. ❖ Sujeito Ativo: Só funcionário público. Aquele que efetiva ou temporariamente exerce função na Administração Pública Direta ou Indireta. Art. 327 Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. Obs. I - Se comunica ao particular? Sim, por 2 motivos. Ser funcionário público é elemento do crime. E o particular tem que saber da qualidade de funcionário. E pelo art. 29 do CP que adota a teoria monista. E tem que ter um funcionário envolvido. Sozinho o particular não comete crime contra a adm. Pública. Obs. II - Se o agente de polícia fica com a fiança é peculato. (MAJORITÁRIA – exceto para o Nucci, já que não seria atribuição do policial receber fiança). Obs. III - Únicos crimes que admitem a modalidade culposa, dos crimes contra a administração pública praticada por funcionário público. Além do artigo 312, o artigo 351, em seu parágrafo 4º, é crime contra a administração pública e admite a modalidade culposa. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Peculato impróprio (ou peculato estelionato) Núcleo do tipo: apropriar-se. É estelionato? Não é estelionato. Aqui o particular errar sozinho e diante do erro o funcionário se apropria. O funcionário não pode induzir a erro, se induzir é estelionato comum. ❖ Objetividade jurídica – administração pública. ❖ Sujeito Ativo – funcionário público. ❖ Sujeito Passivo – é o Estado, mais especificamente a Administração Pública. Havendo particular lesado pela conduta típica do funcionário, concorre como vítima secundária do crime. ❖ Elemento subjetivo – dolo. Vontade consciente de se apropriar de dinheiro ou qualquer utilidade móvel, que recebeu por erro de outrem, ciente do engano cometido. ❖ Consumação e tentativa – consuma-se o delito não no momento do recebimento, mas quando o agente, percebendo o erro de terceiro, não o desfez, apropriando-se da coisa recebida, agindo como se dono fosse. Admite-se tentativa. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES Art. 313-A - inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa Peculato eletrônico (forma de peculato impróprio). Crime formal. Pena até 12 anos. Tem que ter a finalidade de causar dor ou obter vantagem (mero exaurimento). ❖ Objetividade jurídica – a administração pública no que concerne a guarda de dados. ❖ Sujeito ativo: funcionário público autorizado. ❖ Sujeito passivo – a administração pública e, indiretamente, o administrado eventualmente prejudicado com a falsidade ou suprimento de dados. ❖ Elemento subjetivo – dolo, bem como o fim específico de obter vantagem indevida para si ou para outrem, ou para causar dano (elemento subjetivo do tipo). Não se pune a tentativa. ❖ Consumação e tentativa - consuma-se com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo, independentemente da obtenção da indevidavantagem ou dano causado pelo agente (delito formal ou de consumação antecipada). A tentativa é perfeitamente possível. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado Modificar ou alterar o sistema de informações sem autorização da autoridade competente (diferente do 313-A). Altera o sistema todo. Para causar dano. Crime formal assim como o 313-A. Tem que modificar o sistema para causar dano à administração ou danos. De acordo com o parágrafo único, o dano, que é exaurimento, é causa de aumento de pena. 313-B também é peculato eletrônico. Espécie de peculato impróprio. O peculato-furto também é impróprio. 313-A o exaurimento é impunível. Crime formal. 313-B o recebimento da vantagem, no parágrafo único, vem como causa de aumento de pena (1/3 a metade). Crime formal (Para Damásio é mera conduta). O 312 e 313 são crimes materiais. ❖ Objetividade jurídica – tutela-se o próprio sistema de informações ou programa de informática. ❖ Sujeito ativo – é o funcionário público, típico ou por equiparação, independentemente do cargo que ocupa. ❖ Sujeito passivo – é o Estado, mais especificamente a Administração Pública. O administrado eventualmente prejudicado com a alteração ou modificação é igualmente vítima (mediata) do delito. ❖ Elemento subjetivo – dolo. Não se exige qualquer finalidade específica do agente, bem como se mostra irrelevante a obtenção de eventual resultado. ❖ Consumação e tentativa – Consuma-se o delito com a modificação ou alteração do sistema ou programa de informática, objetos materiais do tipo penal. A tentativa é teoricamente possível. A eventual existência de dano, ao invés de mero exaurimento, serve como causa de aumento de pena, conforme disposto no parágrafo único. EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO: Art. 314: Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou utilizá-lo, total ou parcialmente. Pena: 1 a 4 anos. Quando o sujeito ativo for funcionários. ● Objeto: livro oficial, processo ou qualquer documento público. ❖ Objetividade jurídica: tutela-se o regular andamento das atividades administrativas. ❖ Sujeito Ativo: O sujeito ativo é o agente incumbido de guardar o livro ou documento. ❖ Sujeito Passivo: É o Estado, e eventualmente, o particular proprietário do documento confiado à Administração Pública. ❖ Conduta: Extraviar, sonegar e inutilizar livro ou documento guardado pelo funcionário em razão de sua função. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se com o extravio, sonegação ou inutilização de livro oficial ou qualquer outro documento. É admitida a tentativa, nas hipóteses de extravio e inutilização. Obs. I – Se a ação é cometida por um terceiro ou mesmo outro funcionário não incumbido de guarda do livro ou documento, o crime praticado será o do art. 337 do CP. Obs. II -. Quando um particular que subtrair ou inutilizar o livro ou processo. Este livro ou processo estando em posse de um funcionário. Este responde pelo disposto no art. 331. CP. Obs. IV -. Sendo o sujeito ativo servidor junto à repartição fiscal ou tributária e prática extravio de livro oficial. Processo fiscal ou qualquer documento ou crime será do art. 3º. I da Lei 8.137. Obs. V - Tratando-se de autos judiciais ou documento de valor probatório cuja inutilização, sonegação seja praticada por advogado ou procurador, o crime praticado será do art. 356, CP. Ação Penal: Pública Incondicionada. EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Obs. I - 315: Crime chamado de desvio de verbas. ● Núcleo: da aplicação diversa. Aqui desvia para dentro da administração mesmo, essa é a diferença do peculato-desvio. E não para si ou para terceiro como no crime de peculato-desvio. Ex: era para construir um Hospital conforme diz uma lei e cria uma ponte. ❖ Objetividade jurídica – protege-se as verbas públicas de uma administração irregular e despótica. ❖ Sujeito ativo – o funcionário que tenha poder se administração de verbas ou rendas públicas. ❖ Sujeito passivo – o Estado. ❖ Elemento subjetivo – dolo. ❖ Consumação e tentativa – Consuma-se com a efetiva aplicação irregular das verbas ou rendas públicas em finalidade outra que não a especificada em lei. A simples destinação, sem posterior aplicação, constitui tentativa, gerando perigo para a regularidade administrativa. CONCUSSÃO Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, e multa. Obs. I - Qual a diferença da extorsão? Não porque na concussão não haja violência ou grave ameaça. Se o funcionário exigir com violência ou grave ameaça o crime será extorsão. Obs. II - Exigir é demandar ou ordenar, mas sem violência ou grave ameaça, não deixa de ser uma forma de extorsão. Obs. III - A vantagem precisa ser patrimonial? Não. Basta que seja indevida. Só precisa ser em dinheiro quando for crime patrimonial. Obs. IV - Se a vantagem for devida, vira exercício arbitrário das próprias razões. ❖ Objetividade Jurídica: Administração Pública. ❖ Sujeito Ativo: Funcionário Público. ❖ Sujeito Passivo: Administração Pública + Pessoa Constrangida. ❖ Conduta: Exigir vantagem, abusando de sua autoridade pública como meio de coação. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo. ❖ Consumação e Tentativa: (crime formal) consuma-se com a mera exigência. A tentativa só é admitida quando feita por escrito. EXCESSO DE EXAÇÃO § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatória ou gravosa, que a lei não autoriza: . Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 316 parágrafo primeiro: excesso de exação. Exigir tributo ou contribuição social indevido (que sabe ou deveria saber indevido), ou quando devidos usar meio vexatório (causa humilhação) ou meio gravoso (causa mais ônus ao contribuinte. Pede algo a mais). São crimes formais. Se consumam com a mera exigência. Se forem verbais não admitem tentativa. Pena: 3 a 8 anos. (Antigamente era inafiançável). (Hoje são todos afiançáveis – exceto os do artigo 323 do CPP e CF. – não tem nada a ver com pena mínima.). ❖ Sujeito ativo: funcionário público. ❖ Sujeito passivo: estado + pessoa atingida com a conduta ❖ Elemento subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: consuma-se com a exigência. A tentativa só será admitida quando for escrita. Obs. I - Vantagem para deixar de cobrar ou cobrar parcialmente tributo, aplica-se o art. 3º, II da Lei 8.137/90. Caracteriza crime contra ordem pública. Obs. II – O participante, mesmo que não seja funcionário público, responde pelos crimes dos artigos 315 e 316, CP. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 2º: excesso de exação qualificado. Crime material. Se o funcionário além de exigir e receber, DESVIA o que recebeu. Obs. I - Tem a pena mínima menor que a do excesso de exação simples. – Incoerência. CORRUPÇÃO PASSIVA Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retardaou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Corrupção passiva: caput, parágrafo primeiro e segundo. ● Núcleos do Caput: solicitar, receber e aceitar promessa de vantagem indevida. Essa vantagem não precisa ser econômica, tem que ser indevida. Obs. I - Enquanto na concussão ele exige. E a pena é diferente. Na corrupção o funcionário toma a iniciativa de pedir. Nos dois crimes a ação pode ser ou não seguida do recebimento. São as duas únicas diferenças. Obs. II - O particular que participar junto com o funcionário público, responde por corrupção ativa. 333. Pena de 2 a 12 anos. Obs. III – a corrupção ainda existirá, mesmo que a vantagem não seja entregue ao funcionário, mas a um familiar seu. §1º - Aumenta em 1/3 se o funcionário deixar de praticar ou retardar ato de ofício ou o praticar com infração do dever funcional, ou seja, o agente cumpre o prometido visando à pretensão do corruptor. Causa de aumento de pena. Assim como o parágrafo único do artigo 333. CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA §2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retardado de oficio, com infração do dever funcional, cedendo a pedido ou influencia de outrem. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. Obs. IV – O que diferencia o §1º e o §2º, desse tipo penal é que no segundo parágrafo não é necessário que o agente perceba qualquer vantagem indevida. Obs. V - A do parágrafo segundo diferencia da prevaricação. Por ser através de pedido de um terceiro. Na prevaricação o interesse parte do funcionário. (Não precisa ser patrimonial). Nos verbos do art. 319, caput: retardar, deixar de praticar ou praticar. (Por pedido ou influência de terceiro) ❖ Objetividade jurídica: moralidade administrativa ❖ Sujeito ativo: funcionário público – se funcionário for fiscal de renda comete crime contra ordem tributária art. 3º, II, Lei 8.137/90. ❖ Sujeito passivo: Estado, bem como pessoa constrangida, desde que não pratique corrupção ativa. ❖ Conduta: solicitar, explícita ou implicitamente vantagem indevida; receber referida vantagem; e aceitar promessa vantagem, concordando com o fruto do recebimento. ❖ Elemento subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: com a prática de um dos núcleos de tipo. Não solicitar e aceitar promessa é crime formal. Não receber é crime material. A tentativa é admitida na modalidade solicitar, apenas na ação solicitar. Obs. IV - Consuma-se o crime, mesmo que a recompensa não seja entregue. Pois apenas no aceitar e solicitar a promessa configura-se a consumação. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 318 – Facilitação do contrabando ou descaminho. ❖ Objetividade Jurídica: Tutela-se a Administração Pública. ❖ Sujeito Ativo: Somente o Funcionário Público com o dever de impedir a prática do contrabando ou descaminho. ❖ Sujeito Passivo: Administração Pública. ❖ Conduta: Facilitar, por ação ou omissão, o contrabando ou descaminho. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se com a efetiva facilitação, ciente do agente de estar infringindo o seu dever. A tentativa é admitida quando o crime praticado for de forma comissiva. Obs. I - O funcionário da alfândega, enquanto o particular responde pelos artigos 334 e 334A. Outra exceção à teoria monista. Obs. II - Caso o funcionário não possua o dever de impedir, este responde pelo crime do art. 334 e 334-A, dependendo do fato, como partícipe. Obs. III - Se for atipicidade no artigo 334, no descaminho abaixo dos 10 mil, o artigo 318 remanesce? Resposta: Sim porque o interesse contra a administração pública é diferente. Obs. IV – Ainda que o funcionário seja estadual, o crime é praticado contra a União, sendo de competência da Justiça Federal julgar o caso. PREVARICAÇÃO Art. 319 – Prevaricação (para satisfazer interesse pessoal) interesse pessoal, não é necessariamente de ordem econômica. Interesse pessoal é qualquer vantagem, defende Nucci. Ex: delegado de polícia que deixa de instaurar o inquérito é prevaricação. Só pode deixar de instaurar o inquérito policial por atipicidade formal (a material que advém do princípio da insignificância) ❖ Objetividade Jurídica: Administração Pública. ❖ Sujeito Ativo: Funcionário Público. ❖ Sujeito Passivo: Estado ❖ Conduta: Retardar ato de oficio, deixar de pratica-lo ou praticando-o de forma ilegal. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: consuma-se com a omissão, retardamento ou prática do ato, sendo dispensável a satisfação do interesse visado pelo servidor. Obs. I - Admite a participação de terceiro não qualificado, desde que conhecedor da condição funcional do agente público. (art. 30, CP) Obs. II - Havendo qualquer discricionariedade na conduta, não há de se falar em crime. “Ex: um delegado de polícia de plantão que baixa portaria para apurar fato delituoso ao invés de atuar em flagrante delito suspeitos do crime, realiza opção justificável, que se insere no âmbito de suas atribuições”.1 Obs. III – O funcionário tenha atribuição para a prática do ato é elemento necessário, uma vez que se for praticado não for de sua atribuição, não há de se falar em violação funcional. PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA: 1 Código Penal para Concurso. Cunha Sanches, Roberto. 9º ed. Editora Juspodivm (p. 826). Art. 319-A – Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente pública, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Pena – detenção de 3 meses a 1 ano. ❖ Objetividade jurídica: protege a Administração Pública contra comportamentos de funcionários que, ignorando o seu dever funcional, colocam em risco a segurança interna e externa dos presídios. ❖ Sujeito Ativo - o funcionário que, no exercício das suas funções, tem o dever de evitar o acesso do preso aos aparelhos de comunicação proibidos. ❖ Sujeito Passivo – o Estado e, secundariamente, a sociedade.~ ❖ Conduta: o crime é omissivo puro, consistem s=deixar o agente seu dever funcional de vedar ao preso o acesso a aparelho que possibilite a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. ❖ Elemento subjetivo – é o dolo, dispensada qualquer finalidade especial do agente. ❖ Consumação e Tentativa – consuma-se o crime com a omissão do dever, sendo dispensável o efetivo acesso do preso ao aparelho de comunicação. Tratando-se de crime omissivo puro, a tentativa não é admitida. Obs. I - Se o preso for surpreendido com aparelho, praticou falta grave, sujeito a sanção disciplinar. Obs. II - Se o funcionário, ao invés de facilitar o acesso ao aparelho, pessoalmente entregá-lo ou então, deixar de retirar do preso aparelho que já está em sua posse? Nucci, nos dois casos, defende a tipicidade, argumentando que a expressão “acesso ao aparelho” não deve ser interpretada restritivamente, uma vez que ao entregar ou não confiscar o aparelho o funcionário está da mesma forma omitindo de exercer sua função de vedar o acesso ao meio de comunicação ao preso. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA: Art. 320: Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração (penal ou administrativa) no exercício do cargo ou quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. Pena: detenção de 15 dias a 1 mês, ou multa. ❖ Objetividade jurídica – o regular andamento das atividades administrativas, visando à inibição de condescendência ilícita do superior em relação a atos irregulares praticados por seu subordinado. ❖ Sujeito Ativo – o funcionário público hierarquicamente superior ao servidor infrator. ❖ Sujeito Passivo – é o Estado ou,mais especificamente, a Administração Pública afetada com a conduta imoral do seu funcionário. ❖ Conduta: A conduta criminosa punível é a de tolerar o funcionário público a prática, por parte de seu subordinado, de infração administrativa ou penal. No exercício do cargo, deixando de responsabilizá-lo ou, faltando-lhe tal atribuição, não comunicando a violação à autoridade competente para aplicar a sanção. ❖ Elemento Subjetivo – é o dolo, movido pelo sentimento de indulgência (condescendência para com o subordinado infrator). Exige-se que o agente tenha conhecimento não apenas da infração ocorrida, mas também da sua autoria. ❖ Consumação e Tentativa – o crime consuma-se com qualquer das omissões criminosas, ou seja, quando o funcionário superior, depois de tomar conhecimento da infração, suplanta prazo legalmente previsto para a tomada de providências contra o subordinado infrator. Na ausência de prazo legal, consuma-se o delito com o decurso do prazo juridicamente relevante, a ser aquilatado pelo juiz no caso concreto. Impossível à tentativa, uma vez que se trata de crime omissivo próprio. Obs. I - Se o superior hierárquico se omite por sentimento outro que não indulgência, espírito de tolerância ou concordância, o crime poderá ser outro, como , por exemplo, prevaricação ou corrupção ativa. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA: Art. 321: Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário, com pena de 1 a 3 meses ou multa. Se o interesse for legítimo, a pena será de 3 meses a 1 ano e multa. ❖ Objetividade jurídica – a moralidade administrativa. ❖ Sujeito Ativo – é o funcionário público na ampla definição do artigo 327 do CP. Obs. I - Tratando-se de crime contra a ordem tributária, aplica-se o artigo 3º, III, da Lei 8137 de 1990. Obs. II - Cuidando-se de crime relacionado com licitação pública, aplica-se o artigo 91 da Lei 8.666 de 1993. ❖ Sujeito Passivo – é a Administração Pública, diretamente interessada a coibir o patrocínio de interesses privados junto a seus órgãos. ❖ Conduta – é patrocinar o agente, direta ou indiretamente, ainda que não no exercício do cargo, emprego ou função, mas valendo-se da sua qualidade de funcionário, interesse privado perante a Administração. Patrocinar corresponde a defender, pleitear, advogar junto a companheiros ou superiores hierárquicos o interesse particular. Entende a doutrina que, ao ser empregada no tipo a expressão patrocínio, buscou o legislador limitar a incriminação as hipóteses em que o agente defende interesse alheio, não existindo a infração quando o funcionário pleiteia interesse próprio. ❖ Elemento subjetivo – é o dolo. ❖ Consumação e Tentativa – consuma-se o delito com a prática de ato revelador do patrocínio, independente da obtenção de qualquer vantagem. A maioria da doutrina admite tentativa, exemplificando com o caso da carta interceptada antes de chegar ao seu destino. VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA: Art.322: Praticar violência, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la. Pena - detenção de 6 meses a 3 anos, além da pena correspondente a violência. (Revogado tacitamente pela Lei de Abuso de Autoridade ). Obs. I - Há decisões dos Tribunais Superiores reconhecendo a plena vigência do artigo. ❖ Objetividade jurídica – garantir o regular desenvolvimento das atividades da administração pública. Secundariamente, tutela-se a integridade do particular afetado pela ação violenta. ❖ Sujeito Ativo – é funcionário público. ❖ Sujeito Passivo – é o Estado e, em segundo plano, o indivíduo submetido ao abuso. ❖ Conduta: Consiste em praticar violência no exercício da função ou a pretexto de exercê-la. Violência arbitrária será aquela desacompanhada de circunstâncias fáticas que justificam a exaltação por parte do funcionário público. ❖ Elemento Subjetivo – dolo. ❖ Consumação e Tentativa – consuma-se o delito com o emprego da violência. Na hipótese da violência causar lesões corporais ou morte do indivíduo, haverá cúmulo material de penas. ABANDONO DE FUNÇÃO: Art.323: Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei, com pena de detenção de 15 dias a 1 mês ou multa. Se do fato resultar prejuízo público, a pena será de detenção de 3 meses a 1 ano e multa. Se o fato ocorrer em lugar compreendido na faixa de fronteira, a pena será de detenção de 1 a 3 anos e multa. ❖ Objetividade jurídica – garantir o regular desenvolvimento das atividades administrativas, que poderão ser afetadas com a anormal interrupção do exercício de cargo pelo servidor. ❖ Sujeito Ativo – funcionário público. ❖ Sujeito Passivo – a Administração Pública. ❖ Conduta – pune o legislador a conduta daquele que deixa o cargo público, por prazo juridicamente relevante, de forma a acarretar probabilidade de dano à Administração. ❖ Elemento subjetivo – é o dolo, sabendo da possibilidade de dano que seu ato arbitrário poderá acarretar ao interesse público. ❖ Consumação e Tentativa – consuma-se o delito sempre que a ausência injustificada perdurar por tempo suficiente para criar a possibilidade concreta, real e efetiva, de dano para a Administração Pública. Inaceitável a tese de que o crime não se configura quando esteja presente um substituto que possa intervir imediatamente. Como a lei não exigiu o dano, basta o perigo. Não se admite tentativa, vez que, tratando-se de crime omissivo próprio. Obs. I - Se houver prejuízo para a Administração, há crime qualificado. Obs. II - Se o fato ocorrer em faixa de fronteira, isto é, até 150 km de largura, ao longo das fronteiras terrestres, a pena será aumentada. Obs. III – Nada impede a participação de pessoa estranha aos quadros funcionais, desde que ciente de que instiga, induz ou auxilia funcionário público, ocupante de cargo, a abandonar a sua ocupação. Obs. IV – É corrente a lição de não existir delito, em casos de greves ainda não declaradas ilegais. FORMA QUALIFICADA §1º – Se do fato resulta prejuízo público. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1(um) ano, e multa. §2º - Se o fato ocorrer em lugar compreendido na faixa de fronteira. Pena: detenção , de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Obs. V – Faixa de Fronteira é a faixa de até 150 km de largura, ao longo das fronteiras terrestres. EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO: Art.324: Entrar no exercício da função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso. Pena – detenção de 15 dias a 1 mês, ou multa. ❖ Objetividade jurídica – o regular desenvolvimento das atividades administrativas. ❖ Sujeito Ativo – é o funcionário público que antecipa ou prolonga as suas funções. ❖ Sujeito Passivo – é o Estado. ❖ Conduta – A primeira conduta punível é antecipar-se o agente no exercício de função pública, deixando de observar, por completo, as exigências legais (diplomação, posse, inspeção médica etc.). Na segunda modalidade, o agente prolonga o exercício da função pública, mesmo depois de ser dela exonerado, removido, substituído ou suspenso. Trata-se de decisão tomada na órbita administrativa, pois, se judicial, o crime é o do artigo 359 do CP. Obs. I - Para caracterização do crime é necessário que se faça a comunicação pessoal ao funcionário, a qual advirá de comunicação da autoridade superior, não bastando a mera notificação via Diário Oficial, a menos que reste comprovado que o funcionário, por qualquer outra forma, teve conhecimento dela. Obs. II - O artigo 324 é uma norma penal em branco, devendo ser complementada por outros estatutos que estabeleçam quais são as exigências legais para que o funcionário entre em exercício. ❖ Elemento Subjetivo – dolo. ❖ Consumação e Tentativa – para a consumação, basta à prática pelo agente de qualquer ato inerente à função a qual se encontra impedido de exercer. A tentativa é admissível. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL: Art.325: Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhea revelação, com pena de detenção de 6 meses a 2 anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave ❖ Objetividade jurídica – o sigilo das informações inerentes a Administração Pública, essencial para o regular andamento das atividades administrativas. ❖ Sujeito Ativo – funcionário público. ❖ Sujeito Passivo - o ente público e, eventualmente, o particular lesado pela revelação do segredo. ❖ Conduta: o tipo descrito no caput traz duas cores: revelar ou facilitar a revelação de segredo que saiba em razão do cargo ou função que exerce, isto é, deve estar entre as atribuições o conhecimento do fato secreto. ❖ Elemento subjetivo – dolo. Exige-se que o agente tenha conhecimento do caráter secreto da notícia revelada. ❖ Consumação e Tentativa – consuma-se no momento em que terceiro não autorizado conhecer do segredo. Trata-se de crime formal, cuja caracterização independe da ocorrência do prejuízo, bastando a potencialidade de dano. A tentativa é impossível na revelação oral, cuja execução não pode ser fracionada em diversos atos, o mesmo não acontece com a escrita. Obs. I – Predomina na doutrina a lição de que mesmo o funcionário aposentado ou afastado da função pode cometer o crime, pois não se desvincula totalmente dos deveres para com a administração pública. FIGURAS EQUIPARADAS §1º -. Nas mesmas penas incorre quem: - Permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública. - Se utiliza, indevidamente, de acesso restrito. ❖ Sujeito Ativo - é o funcionário público. ❖ Sujeito Passivo - é o Estado. §2º- Se da ação ou omissão resultar dano à Administração Pública ou a outrem, a pena será de reclusão de 2 a 6 anos e multa. Prevê uma qualificadora se da ação ou omissão, descrita no Caput ou no §1º, resultar dano. O que seria mero exaurimento, aqui torna a figura criminosa mais gravosa. VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA: Art.326 revogado pela Lei 8666/93. Obs. I - o dispositivo foi implicitamente revogado pelo art. 94, da Lei 8.666/ 93 ( Lei das Licitações). CAPÍTULO II –CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA ADMINISTRAÇÃO EM GERAL. RESISTÊNCIA Art. 329 - Opor-se a execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. Pena: detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos. ❖ Objetividade jurídica: a preservação do prestígio e da autoridade inerentes às atividades desempenhadas pelos funcionários da Administração Pública. ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum). ❖ Sujeito Passivo: A vítima direta e principal será ao Estado, secundariamente, também será vítima o funcionário público agredido ou ameaçado pela resistência e também ainda, eventualmente particular que o auxilie. ❖ Conduta: se consubstancia em se opor, positivamente, a execução de ato legal, mediante violência ou ameaça, contra a pessoa do funcionário executor ou terceiro que o auxilia, representantes da força pública. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se com o ato que caracterize a oposição, sendo esta contra a pessoa do funcionário executor ou terceiro que o auxilia. Não basta que o agente se agarre a um poste, por exemplo. Trata-se de crime formal. Obs. I – A conduta deve ser positiva, não se considerando crime a “resistência passiva”, destituída de qualquer conduta agressiva por parte do agente (ex: a fuga, recusa em fornecer nome ou abrir portas, xingamentos), podendo configurar, conforme o caso, crime de desobediência (art. 330) ou desacato (art. 331). Obs. II – Os atos de resistência devem ser usados para impedir o cumprimento da ordem, se utilizado após a ordem ou antes dela, caracteriza-se outro crime (Arts. 129, 147 ou 352, CP). FORMA QUALIFICADA §1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executar. Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Obs. III – O sucesso do opositor, que seria mero exaurimento do delito, redunda em pena qualificada. Obs. IV - A tentativa é admitida. §2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Obs. I - Concurso formal impróprio (art. 70, caput, segunda parte, do CP), caso em que o agente, mediante uma só conduta, porém com desígnios autônomos, provoca dois ou mais resultados, acumulando-se as reprimendas. DESOBEDIÊNCIA: Art. 330 – Desobedecer à ordem legal de funcionário público. Pena: detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa. ❖ Objetividade Jurídica: preservação de prestígio e da autoridade inerentes à atividade desempenhada pelos funcionários da administração pública. ❖ Sujeito Ativo: qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado, e o funcionário autor da ordem desobedecida. ❖ Conduta: Pune-se a conduta do agente que deliberadamente desobedecer à ordem legal de funcionário público competente para cumpri-la. ❖ Elemento Subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se com a desobediência da ordem legal. A tentativa só é admitida na forma comissiva, ou seja, na ordem de não fazer. Obs. I - O servidor público, pode configurar como sujeito ativo, desde que não esteja recebendo ordem referente à suas funções, pois neste caso, o configura o delito de prevaricação. Obs. II - A caracterização desse crime depende: a) Que funcionário público emita ordem (por escrito, palavras ou gestos), diretamente aos destinatários, não bastando simples pedido ou solicitação. b) Que a ordem emanada seja individualizada (dirigida à pessoa determinada), substancial e formalmente legal (ainda que injusta), executada por funcionário competente. c) Que o destinatário tenha o dever de atendê-la podendo a desobediência ser comissiva (quando a ordem é de fazer) ou omissiva (quando a ordem é de não fazer). DESACATO Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. ❖ Objetividade Jurídica: O respeito e prestígio da função pública, assegurando, por conseguinte, o regular andamento das atividades administrativas. ❖ Sujeito Ativo: qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado e o servidor ofendido, vez que a ofensa macular sua honra profissional. ❖ Conduta: a conduta punida é de desacatar funcionário público, no exercício da função ou em razão dela. Pode o crime ser praticado por ação (ex.: xingamento) ou omissão (ex.: não responder a cumprimento). ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: consuma-se no momento em que o funcionário público toma conhecimento (direto) do ato humilhante e ofensivo. Sendo indispensável a presença da vítima no momento da ofensa, entende parcela da doutrina impossível à tentativa. Obs. I – O funcionário público , desde que não esteja despido dessa qualidade, ou seja, fora das suas funções, pode cometer o crime de desacato. Obs. II – o funcionário não precisa se sentir menosprezado ou agir com indiferença, para configurar o delito. (crime formal). TRÁFICO DE INFLUÊNCIA Art. 332 – Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. ❖ Objetividade Jurídica: protege a administração pública, especialmente seu bom nome e indiretamente, o patrimônio do particular enganado pelo agente. ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, até mesmo funcionário público. ❖ Sujeito Passivo: Estado ❖ Conduta: o tipo traz quatro núcleos: solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem (para si ou para outrem). O jeito ativo pratica tais verbos simulando ter poder de influência sobre ato de funcionário público. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: em razão das diversas ações nucleares previstas no tipo, o momento consumativo pode variar. Nas modalidades solicitar, exigir e cobrar, a consumação ocorre com a prática de qualquer uma delas, independentementeda obtenção da vantagem (crime formal). No entanto, esta última modalidade será de difícil configuração, vez que, ao conseguir a vantagem, deverá o agente tê-la solicitado, exigido ou cobrado, ainda que implicitamente. Teoricamente admite-se a tentativa, em especial na forma escrita, caso em que o inter comporta o fracionamento . § único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. Obs. I - caso o agente, além de toda a fraude empregada, alega que a vantagem também se destina ao funcionário público, será aquele merecedor de pena majorada, visto que o bem jurídico tutelado no tipo, qual seja, o prestígio da Administração Pública, é mais gravemente afetado. Obs. II – se o tráfico indevido de influência (a influência jactanciosa) recair sobre juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha, será tipificado de acordo com o delito previsto no art. 357, punido com reclusão de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. CORRUPÇÃO ATIVA Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) ❖ Objetividade Jurídica: probidade administrativa. ❖ Sujeito Ativo: qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado. ❖ Conduta: verifica-se quando alguém, por meio de promessa, dádivas, recompensas, ofertas ou qualquer utilidade, procura induzir um funcionário público, diretamente ou por interposta pessoa, a praticar, ou se abster de praticar, ou retardar, um ato de ofício ou cargo, embora seja conforme lei ou contra ela. ❖ Elemento Subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: crime se consuma no momento em que o funcionário público toma conhecimento da oferta ou de sua promessa, ainda que a recuse. A tentativa é admitida na forma escrita. Obs. I -Oferecer ou Prometer. (Primeira Exceção à teoria unitária/monista) Só agora não é o mesmo crime. Obs. II - Se os dois (particular e funcionário público) estão oferecendo suborno, e corrupção ativa. Obs. III - Tem bilateralidade obrigatória? Um depende necessariamente da existência do outro? O crime de corrupção passiva existe sem o crime de corrupção ativa? Sim. No verbo SOLICITAR o crime de corrupção passiva pode existir sem o de corrupção ativa e o particular pode não responder. Mas nos verbos receber ou aceitar promessa, quem oferece responde. Obs. IV - Posso oferecer ou prometer e o funcionário não receber ou aceitar promessa. Obs. V – Trata-se de crime de ação múltipla, composto de dois núcleos alternativos: oferecer ou prometer a funcionário publica vantagem indevida, com o fim de ver retardado ou omitido ou praticado ato funcional. Obs. VI – o ato de corrupção pode ser praticado de forma escrita, oral ou mesmo por gestos. Não se configura a infração penal quando a oferta ou promessa tem o fim de impedir ou retardar o ato ilegal. § único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Obs. VII – somente incidir a majorante se o ato praticado possuir natureza ilícita,. Se o funcionário público praticar ato de acordo com seu dever funcional, o agente será punido somente pela conduta prevista no caput. CONTRABANDO Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1º - Incorre na mesma pena quem: Pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art3art333 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art3art333 Pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; a) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; b) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. ❖ Objetividade Jurídica: administração pública ❖ Sujeito ativo: o funcionário público incumbido de impedir a prática de descaminho. ❖ Sujeito passivo: Estado ❖ Elemento subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: com a efetiva facilitação. E admitido à tentativa quando se tratar de facilitação ativa. Obs. I – Descaminho é a fraude empregada para iludir total ou parcialmente o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Obs. II - no descaminho (art. 334, CP) é possível reconhecer o princípio da insignificância, segundo os tribunais superiores, quando as mercadorias apreendidas são em pequenas quantidades, valores ínfimos e ausência de destinação comercial. Lei 10.522/02 – A Fazenda pública não cobra execução fiscal menor de 10 mil. Portaria 75/2012 calculou a execução fiscal em 20 mil) STF – 20 mil e STJ – 10 mil – “Na dúvida STJ”. DESCAMINHO Art. 334 –A – Importar ou exportar mercadoria proibida. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. ❖ Objetividade Jurídica: Administração Pública, mais especificamente seu bem estar econômico. ❖ Sujeito Ativo: qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado ❖ Conduta: Este tipo pune o contrabando ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: na importação ou exportação de mercadorias proibida com passagem pelos órgãos alfandegários, o delito se consuma quando transposta a barreira fiscal, mesmo que a mercadoria não tenha chegado ao seu destino. Já na hipótese de ingressar ou sair por meios ocultos (clandestinos), a consumação depende da transposição das fronteiras do país. Se vier de navio, é necessário que este ataque ocorra em território nacional. De igual maneira, se transportada à mercadoria por avião, exige-se o pouso. A tentativa pode ocorrer quando, por exemplo, preparado para entrar ou sair do país com a mercadoria proibida, o agente tem sua conduta interrompida por circunstâncias alheias à sua vontade. Obs. I – Contrabando é uma fraude que consiste em importar ou exportar mercadorias absoluta ou relativamente proibidas de circularem no país. Obs. II - O funcionário público encarregado de prevenir (repreender) o contrabando, que auxiliar o autor deste delito não será tratado como concorrente do art. 334-A, mas sim como autor do delito previsto pelo art. 318, CP. Obs. III - A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando, à semelhança do delito anterior, define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens. (súmula 151 do STJ). Obs. IV – No art. 334, A, que trata do Contrabando, não se admite a aplicação do princípio da insignificância. Não porque é interesse coletivo, mas em face da moralidade pública. Obs. V – Requisitos para aplicação do princípio da insignificância (MARI): ✔ Mínima ofensividade da conduta do agente ✔ Ausência de periculosidade social da ação ✔ Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento ✔ Inexpressividade da lesão jurídica provocada FORMAS EQUIPARADAS §1º - Incorre na mesma pena quem: I – pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando. II-importa ou exporta clandestinamente mercadoria que depende de registro, análise ou autorização de órgão publica competente, III – re insere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; IV- vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; V – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. §2º - Equiparam-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadoria estrangeira, inclusive o exercício em residência. § 3º - A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, fluvial ou marítimo. SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO Art. 337 – Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. ❖ Objetividade Jurídica: regular o andamento das atividades administrativas. ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado. Terceiro também pode ser vítima. ❖ Conduta: O tipo descreve duas condutas: subtrair e inutilizar o livro oficial, processo ou documento. ❖ Elemento Subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se com a subtração (posse mansa e pacífica do objeto, ainda que por breve espaço de tempo) ou inutilização (ainda que parcial) de livro, processo ou documento oficial, independentemente da superveniência de qualquer resultado danoso à administração. A tentativa é admitida, por se tratar de crime plurissubsistente, que, comporta fracionamento da conduta. Obs. I - O objeto material será o livro oficial, processo ou documento oficial confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA Art. 339 - Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. ❖ Objetividade Jurídica: Também conhecido como calúnia qualificada, o crime do art. 339 protege, em primeiro lugar, que a administração da justiça seja impulsionada de forma inútil e criminosa; em segundo lugar, protege a honra da pessoa ofendida. ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, abrangendo o ofendido, advogado (RT 658/285), o delegado, o promotor ou o juiz. ❖ Sujeito Passivo: O Estado, e secundariamente, a pessoa inocente, a quem foi imputado o fato pelo agente. ❖ Conduta: A ação que consiste em: a) dar iniciação a investigação policial, por notícia mentirosa; b) dar causa a iniciação de processo judicial imbuído de má-fé; c) Com advento da Lei 10.028/2000 passou a configurar o crime do art. 339 do CP a conduta daquele que, maliciosamente, dá causa à instauração de investigação administrativa: nessa hipótese, o denunciante imputa a outrem fato que, além de infração administrativa, constitui ilícito penal; d) Outra inovação da Lei 10.028/2000 foi tipificar a conduta do agente que, ilicitamente, da casa a instauração de inquérito civil, ao art. 339. e) Por fim, aquele que dá causa à iniciação de inquérito administrativo, contra pessoa a quem sabe ser inocente, outra inovação da Lei 10.028/2000. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se o delito com a deflagração das diligências investigativas ou instauração de um dos procedimentos elencados no caput. A Tentativa é admissível. Obs. I - Apesar de a calúnia compor a denúncia caluniosa, não se trata de crime complexo (crime complexo, propriamente dito, surge da fusão de dois ou mais tipos legais crime – art. 101 do CP), o que não ocorre no caso em questão. Ora, o elemento “dar causa à instauração de procedimento oficial contra alguém”, por si só, não constitui delito autônomo. Dessa forma, não há de se falar em crime complexo, mas em crime progressivo, no qual o agente, para alcançar o crime desejado, necessariamente viola outra norma penal menos grave (calúnia), que fica absorvida. Obs. II – O investigado (indiciado ou réu) que nega autoria de crime que aponte falsamente terceira pessoa sabendo ser esta inocente comete crime do art.339 se, em virtude de seus apontamentos, houver algumas formas de investigação a que alude o tipo. MAJORANTE §1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se servir de anonimato ou de nome suposto. MINORANTE §2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Obs. III - O crime denunciado pelo agente deve ser necessariamente criminoso. COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO Art. 340 – Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. Pena: detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. ❖ Objetividade Jurídica: tutela-se a administração da justiça, buscando-se prevenir a inútil movimentação de aparato jurisdicional. Tutela-se também o prestígio da administração judiciária. ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado ❖ Conduta: O núcleo do tipo se funda na expressão provocar, isto é, dar causa a ação estatal repressiva, comunicando infração penal inexistente ou essencialmente diversa da verdadeiramente ocorrida. ❖ Elemento Subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: consuma-se no momento em que a autoridade pública provocada pratica qualquer ato no intuito de esclarecer o fato criminoso falsamente comunicado. Obs. I - Para a caracterização do crime é imprescindível que o agente tenha plena consciência de que o fato levado ao conhecimento da autoridade é falso. Se houver dúvidas afasta-se o delito. Obs. II - Se a intenção do sujeito ativo, ao comunicar falsamente um crime, for à obtenção de seguros ou indenizações, estaremos diante da conduta tipificada pelo art. 171, §2º, inciso V, do CP. Surge, a partir daí, a seguinte questão: comunicação falsa é absorvida pelo estelionato ou o agente responderá pelos dois crimes, em concurso é absorvida pelo estelionato ou o agente responderá pelos dois crimes, em concurso? Para Nélson Hungria, restará apenas o estelionato, seguindo o princípio da consunção. Já para Magalhães Noronha, segue a orientação do concurso material, tendo em vista as distinções entre os dois delitos. AUTOACUSAÇÃO FALSA Art. 341 – Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa. ❖ Objetividade Jurídica: Tutela-se a administração da Justiça. ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado. ❖ Conduta: a conduta punível consiste em acusar-se, perante a autoridade (policial, ministerial ou judicial), de crime inexistente ou praticado por outrem. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se no momento em que a autoridade toma conhecimento da auto acusação falsa. Parcela da doutrina admite Tentativa. Obs. I – Pressupõe o tipo que a ação criminosa seja cometida perante a autoridade (delegado, juiz, promotor), o que não significa na presença (frente a frente) da autoridade. Obs. II - Ao contrário dos delitos antecedentes (art. 339 e 340), a auto acusação falsa não pode ter por objeto contravenção penal, pois somente assunção de crime. Obs. III - Se o agente além de promover a auto acusação indevida imputa falso fato criminoso à terceiro? Capez entende haver concurso formal heterogêneo, pois, com uma só ação, o agente deu causa a dois resultados distintos. Em sentido contrário, leciona Mirabete, para quem há a configuração de concurso material de delitos. FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA Art. 342 - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador,tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Pena: reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. ❖ Objetividade Jurídica: Tutela-se prestígio da justiça. ❖ Sujeito Ativo: Trata-se de crime de mão própria, que só pode ser praticado por: a) Testemunha (pessoa física chamada a depor); b) Perito (experto chamado a emitir parecer científico sobre questão relativa aos seus conhecimentos); c) Contador (profissional incumbido de fazer todas as contas do processo); d) Tradutor (pessoa que converte para o idioma pátrio texto de língua estrangeira); e) Intérprete (é aquele que por intermédio de quem as pessoas se comunicam e se entendem). ❖ Sujeito Passivo: o Estado. Podendo a pessoa que for prejudicada pelas falsas declarações ou perícia, ser figurada como vítima. ❖ Conduta: o tipo apresenta diversas cores: fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade (crime de ação múltipla ou de conteúdo variável). Em todas as hipóteses o agente se furta, dolosamente, da verdade. O falso deve se dar em: a) Processo judicial (penal ou civil); b) Processo administrativo (inquérito civil ou sindicância); c) Inquérito Policial; d) Juízo Arbitral. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se no momento em que a testemunha termina seu depoimento, lavrando sua assinatura; no caso da falsa perícia, perfaz-se no instante da entrega do laudo, parecer ou documento à autoridade competente. A Tentativa só é admissível na forma escrita. Obs. I – A vítima (ou ofendido – art.201 do CPP), por não ser testemunha (sequer equiparada), não praticou o crime do art., 342, podendo ser autora de outro delito. Obs. II – Admite-se ao concurso de agente? No que tange ao falso testemunho, possível se mostra o concurso de agentes, limitado, porém, a participação (induzimento, instigação ou auxílio). Em que pese a recente decisão do STF admitindo a coautoria do advogado que instrui testemunha, são frequentes as decisões de nossos Tribunais afirmando a incompatibilidade do instituto (coatora) com delito de falso testemunho (art. 342), em face de sua característica de crime de mão própria. A hipótese do causídico deve, segundo pensamos, ser tratada como mera participação ou, a depender do caso, corrupção de testemunha (art.343 do CP). Já com relação à falsa perícia, parece clara a possibilidade do concurso de agente, nas suas duas modalidades (coautoria e participação). Obs. III - Processo anulado faz desaparecer falso testemunho? Magalhães Noronha: “O ser nulo o ato constituído pelo depoimento falso não pode excluir o crime, o que é evidente, pois é justamente a falsidade que se pune. Igual consideração cabe ao prestado perante autoridade incompetente, embora lhe faleça competência, ela estanho exercício da função, não se podendo a testemunha furta o dever de falar a verdade. Pode acontecer, entretanto, que o depoimento falso seja prestado e, processo que depois vem a ser anulado; como também suceder que o próprio testemunho seja nulo por outra razão que não a própria falsidade. Já agora, não ocorre delito, pois o depoimento não pode produzir efeito.”. Obs. IV – A falsidade de testemunho também ocorre quando a testemunha mesmo que relata minuciosamente fatos verdadeiros, no entanto não tenha presenciado. Pois a falsidade é extraída não da comparação entre a realidade dos fatos e o depoimento (teoria objetiva), mas da ciência da testemunha sobre os fatos em que está depondo (teoria subjetiva). Obs. V - Se o perito, contador, tradutor ou intérprete solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida a fim de fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade, mas não o faz, incorre no crime de corrupção passiva (art. 317, CP), pois o crime em estudo (art. 342, CP) depende da efetiva afirmação falsa, negação ou omissão de verdade. MAJORANTE §1º - A pena aumenta-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade administrativa pública direta ou indireta. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE §2º - O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO Art. 344 – Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. Pena: reclusão, de 1 (um)a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente a violência. ❖ Objetividade Jurídica: Tutela-se a administração da justiça. Em segundo plano, quer-se resguardar a integridade física e a liberdade psíquica dos personagens processuais. ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa ❖ Sujeito Passivo: Estado. Podendo secundariamente, ficar no polo passivo o indivíduo que sofreu a coação. ❖ Conduta: a conduta punível é a de usar violência ou grave ameaça contra autoridade, parte ou qualquer pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial ou administrativo, ou juízo arbitral, com o fim de satisfazer interesse próprio ou alheio. ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se com o emprego da violência ou grave ameaça independente da satisfação do interesse visado pelo agente (crime formal). Não há que se falar em efetiva intimação da vítima, bastando potencialidade. A tentativa é admissível. Obs. I - O preceito secundário do tipo prevê o cúmulo material de penas se da violência resultar em ferimentos na vítima. FRAUDE PROCESSUAL Art. 347 – Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou perito. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. §1º - se a invocação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. ❖ Objetividade Jurídica: Tutela-se a administração da justiça. O presente dispositivo visa coibir o artifício malicioso destinado a ludibriar o magistrado e a obter injusto proveito (estelionato processual). ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, tendo ou não interesse no processo. ❖ Sujeito Passivo: Estado. Eventualmente pode também figurar como vítima o particular prejudicado pela inovação realizada pelo agente. ❖ Conduta: O agente mediante fraude modifica ou altera o estado de lugar (derrubada de árvore), de coisa (retirar manchas de sangue impregnadas na roupa da vítima) ou pessoa (mudar o aspecto físico exterior – não o psíquico, civil ou social – de pessoa mediante cirurgia estética), criando, com isso nova situação capaz de induzir a erro o juiz ou o perito (utilização anormal e fraudulenta do processo). ❖ Elemento Subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: A consumação do delito não exige que o juiz ou perito seja efetivamente enganado, bastando idoneidade suficiente para induzir aqueles personagens do processo em erro. Trata-se, então, de crime formal ou de consumação antecipada. A tentativa não é admissível. Obs. I - Os objetos materiais do crime são taxativos, sendo descabida qualquer espécie de integração analógica em relação às inovações que poderão ser praticadas pelo agente. Obs. II - Pressupõe-se a existência de processo civil ou administrativo em andamento. O parágrafo único, entretanto, nas hipóteses em que o agente tem a vista alterar as condições de processo penal, dispensa tal requisito. Há somente a ressalva em relação às práticas criminosas que dependem de queixa ou representação. Nesses casos, somente estará figurado o delito a partir do momento em que cumpria a condição de probabilidade. FAVORECIMENTO PESSOAL Art. 348 – Auxiliar a subtrair-se a ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Pena: detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. ❖ Objetividade Jurídica: Tutela-se o regular andamento da administração da justiça.❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado, isto é, autoridade pública diretamente afetada pela conduta do agente. ❖ Conduta: pune-se o agente que presta assistência, de qualquer natureza (idônea e eficiente) a quem acaba de cometer um crime, objetivando subtraí-lo à ação da autoridade, obstando as atividades judiciárias, somente ocorrerá o delito se auxílio prestado for concreto (efetivo). ❖ Elemento Subjetivo: Dolo ❖ Consumação e Tentativa: Parcela da doutrina entende que o crime é formal, consumando-se com a prática de qualquer auxílio prestado ao criminoso, mesmo que não obtenha sucesso. Outros ensinam que o crime é material, não bastando para a consumação o simples auxílio, sendo imprescindível que se obtenha sucesso nesta empreitada, ainda que momentânea. As duas correntes admitem tentativa. Obs. I – não se admite, por óbvio, a hipótese de favorecimento em proveito próprio (auto favorecimento). Assim, inexiste o crime do art.348 quando o seu autor participou, de qualquer modo (ainda que apenas moralmente), do crime anterior. Obs. II - não responderá por crime o advogado que oculta das autoridades o paradeiro de seu cliente, desde que, evidentemente, não tenha prestado amparo material para que esse se escondesse. FORMA PRIVILEGIADA §1º - Ação crime não é cominada pena de reclusão. Pena: detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa. Obs. III – o dispositivo prevê forma privilegiada para a conduta do agente que preste auxílio ao autor de crime apenado com detenção. ESCUSA ABSOLUTÓRIA §2º - Se quem presta o auxílio é ao ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Obs. IV – A maioria da doutrina admite, por analogia, a extensão do rol (não taxativo), do §2º, para abranger, por exemplo, a convivente (união estável) etc. FAVORECIMENTO REAL Art. 349 – Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxilia destinado a tornar seguro o proveito do crime. Pena: detenção, de 1 (um) a 6(seis) meses, e multa. ❖ Objetividade Jurídica: tutela-se o regular andamento da administração da justiça. ❖ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. ❖ Sujeito Passivo: Estado e, secundariamente, a vítima do delito anterior. ❖ Conduta: pune-se a conduta daquele que prestar (proporcionar, oferecer) a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio (ainda que apenas moral) destinado a tornar seguro o proveito de o crime tornar seguro proveito de contravenção penal e um indiferente penal). ❖ Elemento Subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: consuma-se com a efetiva prestação de auxílio ao criminoso, ainda que este não logre assegurar o proveito do delito (crime formal). A tentativa é possível. Obs. I – O comportamento tipificado neste dispositivo não se confunde com favorecimento pessoal, pois nesse busca a fuga do criminoso em si, já no favorecimento real prestasse auxílio não ao criminoso em si, mas indiretamente, assegurando, para ele, a ocultação da coisa, provimento do crime. EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA Art. 352 – Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido à medida de segurança preventiva, usando de violência contra a pessoa. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da pena correspondente a violência. ❖ Objetividade Jurídica: tutela-se a administração da justiça. ❖ Sujeito Ativo: (crime próprio) Somente o preso (administrativo, civil ou penal, provisório ou definitivo) ou o internado. ❖ Sujeito Passivo: Estado. Podendo figurar também aquele que sofreu lesão pela ação do agente. ❖ Conduta: o tipo consiste na fuga com violência a pessoa. ❖ Elemento Subjetivo: dolo ❖ Consumação e Tentativa: Consuma-se o delito com a fuga ou com o simples emprego dos meios necessários para tanto, acompanhada de violência à pessoa. Trata-se de crime excepcional, punindo-se a tentativa com a mesma consequência do delito consumado, sem qualquer redução de pena (delito tentado ou de empreendimento). Obs. I - aplica-se cumulativamente a pena relativa à violência contra a pessoa. O sistema que melhor se subsume ao caso é o concurso formal impróprio (art.70, caput, segunda parte, CP), quer dizer, o agente, mediante uma só conduta, porém com desígnios autônomos, provoca dois ou mais resultados, cumulando-se as reprimendas.
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