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Crimes contra a Dignidade Sexual

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Crimes contra a Dignidade Sexual
Título VI, do Código Penal. Compreende os artigos 213 a 234.
CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
ESTUPRO
Art. 213 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Pena: reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
❖ Objetividade jurídica – proteção da dignidade sexual da vítima.
❖ Sujeito Ativo – Qualquer pessoa.
❖ Sujeito Passivo – Qualquer pessoa.
❖ Conduta - pune-se o ato libidinoso, coagido, forçado, obrigado, buscando o
agente constranger a vítima à conjunção carnal ou praticar ou permitir outro ato
libidinoso.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – o delito se consuma com a prática do ato libidinoso
buscado pelo agente, sendo possível à tentativa.
Obs. I - Se a vítima for menor de 14 anos, ou se, por enfermidade ou doença mental,
não tiver o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não possa oferecer resistência, a conduta deverá ser tipificada no art. 217-A
(estupro de vulnerável).
Obs. II – Da simples leitura do tipo penal percebe-se que o delito abrange não só o fato
de o autor constranger sua vítima a prática do ato libidinoso (com efetiva participação
do ofendido), como também a situação em que faz com que aquele permita que com ela
seja praticado tal ato (existe uma atitude passiva do ofendido). O meio de execução é a
violência (deve ser material) ou a grave ameaça.
Obs. III – De acordo com a maioria da doutrina, não há necessidade de contato físico
entre o autor e a vítima, cometendo o crime o agente que, para satisfazer a sua lascívia,
ordena que a vítima explore ser próprio corpo, somente para contemplação, tampouco
há que se imaginar a vítima desnuda para a caracterização do crime – RT 429/380.
QUALIFICADORA
§1 - se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18
(dezoito) ou maior de 14 (quatorze) anos.
Pena: reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§2º - se a conduta resulta morte.
Pena: reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
Art.215 - Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade
da vítima.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§. Único - Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
também multa.
❖ Objetividade jurídica – tutela-se a dignidade sexual da vítima, lesada mediante
fraude do agente.
❖ Sujeito Ativo – Qualquer pessoa.
❖ Sujeito Passivo – Qualquer pessoa, porem no caso da conjunção carnal
fraudulenta, é imprescindível, obviamente, sujeitos de sexo opostos.
❖ Conduta- pune-se o estelionato sexual, caso em que o agente, sem usar de
qualquer espécie de violência ou grave ameaça, emprega fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
❖ Elemento subjetivo – dolo.
❖ Consumação e tentativa – consuma-se o delito com a prática do ato de
libidinagem, sendo perfeitamente possível à tentativa.
Obs. I – a fraude utilizada na execução do crime não pode anular a capacidade de
resistência da vitima, caso em que estará configurado o delito de estupro de vulnerável
(art.217-A do CP).
ASSÉDIO SEXUAL
Art. 216-A – Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico
ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Pena: detenção, 1 (um) a 2 (dois) anos.
§. Único – (VETADO)
§2º - A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
❖ Objetividade jurídica – trata-se de delito pluriofensivo, resguardando a
dignidade sexual do indivíduo e a liberdade de exercício do trabalho, o direito de
não ser discriminado.
❖ Sujeito Ativo – Apenas superior hierárquico ou ascendente em relação a
emprego, cargo ou função.
❖ Sujeito Passivo – deve ser subalterno (ou subordinado) do autor.
❖ Conduta – ação típica consiste em constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favor sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior
hierárquico ou ascendência (condição de mando) inerente ao exercício de
emprego, cargo ou função. É, em resumo, a insistência inoportuna de alguém em
posição privilegiada, que usa dessa vantagem para obter favores sexuais de um
subalterno.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – há duas correntes:
a) Crime formal: consuma-se com o simples constrangimento (ainda que
representado por um só ato), independentemente da obtenção da vantagem
sexual visada. Assim leciona Mirabete e Capez.
b) Crime habitual: É imprescindível a prática de atos constrangedores. Neste
caso, não se admite tentativa. Assim leciona Pamplona Filho.
Obs. I - O tipo penal, sem fazer menção ao sexo dos envolvidos, admite o crime de
assedio entre pessoas do mesmo sexo.
Obs. II - É possível assédio sexual praticado por professor em face de aluno? Do bispo
para o sacerdote? Na busca da resposta, imprescindível se mostra conceituar
superioridade hierárquica e ascendência, condições elementares do tipo. Para Nucci, a
primeira (superioridade hierárquica) retrata uma relação laboral no âmbito público,
enquanto a segunda (ascendência), a mesma relação, porém em âmbito privado, ambas
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Dentro desse espírito, não
configura o crime mera relação entre docente e aluno, por ausência entre os sujeitos do
vínculo de trabalho (aliás, o vínculo de trabalho é entre a faculdade e o professor). Regis
Prado discorda, pois acredita que superior hierárquico é condição decorrente da relação
laboral, tanto no âmbito público, quanto no privado, exigindo uma carreira funcional,
escalonada em graus. Na ascendência, não se exige uma carreira funcional, mas apenas
uma relação de domínio, de influência, de respeito e até mesmo de temor reverencial,
sendo possível assédio em relação de aluno e professor.
CAPÍTULO II - DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Art.217-A – Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
menor de 14 (quatorze) anos.
Pena: reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze)anos.
❖ Objetividade jurídica – tutela a dignidade sexual do vulnerável.
❖ Sujeito Ativo – qualquer pessoa
❖ Sujeito Passivo – pessoa menor de 14 anos de idade ou portadora de
enfermidade ou deficiência mental ou incapaz de discernimento para à prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não tem condição de oferecer resistência.
❖ Conduta: praticar ato de libidinagem com vítima vulnerável, não importando o
meio de execução.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – consuma-se o delito com a prática do ato libidinagem,
sendo perfeitamente possível à tentativa.
Obs. I – A jurisprudência majoritária do STF e do STJ assentou-se no sentido de que a
presunção de violência no estupro, quando a vitima não for maior de 14 anos de idade, é
absoluta, de maneira que “a aquiescência da adolescente ou mesmo o fato de a ofendida
já ter mantido relação sexuais não tem relevância jurídico-penal”. (REsp 953.805/RS)
§1º - Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que,
por enfermidade ou deficiência mental, não têm necessário discernimento para o
praticado ato ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§2º - (VETADO)
QUALIFICADORA
§3º - Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave.
Pena: reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§4º - Se da conduta resulta morte.
Pena: reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Obs. II – os §§3º e 4º trazem qualificadoras preterdolosas (dolo no antecedente e culpa
no consequente).
MEDIAÇÃO DE MENOR VULNERÁVEL PARA SATISFAZER A LASCÍVIA
DE OUTREM.
Art.218 – Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer lascívia de
outrem.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
§. Único – (VETADO)
❖ Objetividade jurídica – tutela-se a dignidade sexualdo vulnerável menor de 14
anos.
❖ Sujeito Ativo – Qualquer pessoa.
❖ Sujeito Passivo – pessoa menor de 14 anos.
❖ Conduta – o crime se verifica quando o sujeito ativo induz (alicia, persuade)
menor de 14 anos a satisfazer a lascívia (sensualidade, libidinagem, luxúria) de
outrem.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – consuma-se o delito com a prática do ato que importe
na satisfação da lascívia de outrem, independentemente deste considerar-se
satisfeito. Admite-se a tentativa
Obs. I – Diferentemente do lenocínio comum, art.218, o ato a que o menor vulnerável e
induzido não pode consistir em conjunção carnal ou atos libidinosos diversos da copula
normal, casos em que configurado estará o crime de estupro de vulnerável (art.217-A do
CP), tanto para quem induz, quanto para quem deles participa diretamente.
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU
ADOLESCENTE
Art.218-A – Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos,
ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer
lascívia própria ou de outrem.
Pena: reclusão, 2(dois) a 4 (quatro) anos.
❖ Objetividade jurídica – tutela-se a dignidade sexual do vulnerável menor de 14
anos.
❖ Sujeito Ativo – qualquer pessoa
❖ Sujeito Passivo – menor de 14 anos
❖ Conduta – o tipo admite duas formas de conduta:
a) Praticar: na presença da vítima, conjunção carnal ou outro ato libidinoso,
querendo ou aceitando ser observado;
b) Induzir: à vítima presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – a consumação se dá com a efetiva realização do ato
sexual, na segunda modalidade, induzir a presenciar, a consumação se dá com a
realização do núcleo, independentemente da concretização do ato de
libidinagem. O delito admite tentativa.
Obs. I - Em nenhuma forma de conduta a vitima participa do ato sexual,
limitando-se a observar, pois, caso contrário, haverá estupro de vulnerável
(art.217-A do CP).
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE
ESPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE
VULNERÁVEL
Art.218-B - Submeter, induzir ou atrair a prostituição ou outra forma de
exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou
dificultar que a abandone.
Pena - reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
❖ Objetividade jurídica – tutela-se a dignidade sexual do vulnerável menor entre
14 e 18 anos.
❖ Sujeito Ativo – qualquer pessoa
❖ Sujeito Passivo – pessoa, homem ou mulher, menor de 18 anos ou que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato. A prostituta poder ser vitima, quando impedida de deixar a
prostituição.
❖ Conduta – seis são as ações nucleares típicas: submeter (sujeitar), induzir
(inspirar, instigar), atrair (aliciar) a vitima a prostituição ou outra forma de
exploração sexual, facilita-la (proporcionar meios, afastar dificuldades) a, ou
impedir (opor-se) ou dificultar (criar obstáculos) que alguém a abandone.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – nas modalidades de submeter, induzir, atrair e facilitar
consuma-se o delito no momento em que a vitima passa a se dedicar a
prostituição, colocando-se, de forma constante, a disposição dos clientes, ainda
que não tenha atendimento nenhum.
Nas modalidades de impedir ou dificultar o abandono da prostituição, o crime
consuma-se no momento em que a vitima delibera por deixar a atividade e o
agente obsta esse intento, protraindo a consumação durante todo o período de
embaraço (crime permanente).
A tentativa é possível em todas as modalidades
Obs. I - Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
também a pena de multa.
Obs. II - Incorre na mesma pena quem pratica conjunção carnal ou outro lado
libidinoso com alguém menor de 18 anos e maior de 14 anos na situação descrita no
caput do artigo.
Obs. III - Incorre na mesma pena: o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local
sem que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. Neste caso, é efeito
obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do
estabelecimento.
Obs. IV – a conduta do agente pode ser omissiva ou comissiva (quando o agente tem o
dever jurídico de impedir que a vítima ingresse na prostituição e nada faz, aderindo
subjetivamente a sua conduta).
CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES GERAIS.
AÇÃO PENAL
Art.225 – Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública condicionada à representação.
§. Único – Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a
vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
AUMENTO DE PENA
Art. 226 - A pena é aumentada.
I - de quarta parte, se o crime é cometido com concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
II - de ½ (metade), se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tem autoridade sobre ela,
III - (Revogado pela Lei 11.106/2005)
CAPÍTULO V – DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMADE EXPLORAÇÃO SEXUAL.
MEDIAÇÃO PARA SERVIR A LASCÍVIA DE OUTREM
Art.227- Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem.
Pena: reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos.
❖ Objetividade jurídica – busca-se tutelar a moral sexual, bem como a liberdade
sexual da vítima.
❖ Sujeito Ativo – qualquer pessoa.
❖ Sujeito Passivo – qualquer pessoa
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – Consuma-se o delito com a prática de ato que importe
na satisfação da lascívia de outrem, independentemente deste considerar-se
satisfeito. A tentativa é admissível.
QUALIFICADORA
§1º - Se a vítima é maior que 14 (quatorze) anos e menor de 18 (dezoito) anos, se o
agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador
ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, tratamento ou de guarda.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
§2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente a violência.
§3º - se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Obs. I - O parágrafo 3º trata do lenocínio questionário (ou mercenário) praticado com o
intuito de lucro, embora sem habitualidade. Neste caso, além da pena privativa de
liberdade, deve ser aplicada também a de multa. Esta modalidade não se confunde com
o crime de rufianismo (artigo 230, CP), embora ambos sejam semelhantes em virtude do
intuito de obter lucro, a partir da atividade sexual de terceiro. Enquanto no rufianismo a
vitima exerce a prostituição, dando-se a exploração de forma habitual, nesta espécie de
lenocínio a pessoa explorada não exerce atividade de comércio sexual e tampouco se
exige habitualidade.
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE
EXPLORAÇÃO SEXUAL
Art. 228 - Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração
sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o - Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por
lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
❖ Objetividade jurídica – a exploração de prostituição de adolescentes está
prevista no artigo 218-B do CP. A exploração da prostituição de adultos está
tipificada no artigo 228 do CP. Busca-se tutelar a moral sexual, bem como a
liberdade sexual da vítima.❖ Sujeito Ativo – qualquer pessoa.
❖ Sujeito Passivo – pessoa não menor de 18 anos, seja homem ou mulher, capaz
mentalmente, possuindo, no momento do crime, o necessário discernimento para
a prática do ato.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – nas modalidades de induzir, atrair e facilitar
consuma-se o delito no momento em que a vítima passa a se dedicar a
prostituição ou outra forma de exploração sexual, colocando-se, constantemente,
a disposição dos clientes, ainda que não tenha atendido nenhum.
Na modalidade de impedir ou dificultar o abandono da exploração sexual, o
crime consuma-se no momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e
o agente obsta seu intento, promovendo a consumação durante todo o período do
embaraço (crime permanente).
A tentativa parece perfeitamente possível em todas as modalidades.
CASA DE PROSTITUIÇÃO
Art. 229 - Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que
ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do
proprietário ou gerente:
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
❖ Objetividade jurídica – A exploração sexual pode ser definida como uma
dominação e abuso do corpo de crianças, adolescentes e adultos (oferta), por
exploradores sexuais (mercadores), organizados, muitas vezes, em rede de
comercialização local e global (mercado), ou por pais ou responsáveis, e por
consumidores de serviços sexuais pagos (demanda), admitindo quatro
modalidades:
a) Prostituição;
b) Turismo sexual;
c) Pornografia;
d) Tráfico para fins sexuais.
Assim, o que é reprovado não é o sexo (a libidinagem), mas sim, a exploração.
❖ Sujeito Ativo – qualquer pessoa
❖ Sujeito Passivo – a pessoa explorada sexualmente.
❖ Conduta - a conduta consiste em manter, por conta própria ou de terceiro,
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro
ou mediação direta do proprietário ou gerente. Trata-se de crime habitual,
conclusão que se extrai do núcleo do tipo manter, isto é, comportamento
costumeiro, corrente e reiterado.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – consuma-se o crime com a manutenção do
estabelecimento, lembrando que se trata de delito habitual. Não admite tentativa.
Obs. I - Se o sujeito passivo for pessoa menor de 18(dezoito) anos e maior de 14
(catorze) anos, o crime será o do art.218-B, §2º, inciso II, do CP.
Obs. II - Se menor de 14 (catorze) anos, o responsável pelo estabelecimento em que
ocorre a exploração sexual responderá como partícipe do crime de estupro de
vulnerável.
RUFIANISMO
Art.230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente
de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena – reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
§1º - Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é
cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro,
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou
outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena – reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.
§2º - Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 a 8 anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.
❖ Objetividade jurídica – dignidade sexual.
❖ Sujeito Ativo – qualquer pessoa. Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta,
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou
empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação
de cuidado, proteção ou vigilância, a pena é de reclusão de 3 a 6 anos e multa.
Neste último caso, se motivado na sentença, deve incidir o efeito estabelecido no
artigo 92, inciso II, do CP: incapacidade para o exercício do poder familiar,
tutela ou curatela.
❖ Sujeito Passivo – a pessoa que se dedica à prostituição, tendo sua atividade
explorada pelo rufião. A doutrina inclui no rol das vítimas também a
coletividade.
❖ Conduta - duas são as ações nucleares típicas: tirar proveito da prostituição ou
fazer-se sustentar no todo ou em parte, por quem a exerça. A primeira é o
rufianismo ativo, onde o rufião obtém vantagem proveniente diretamente dos
lucros auferidos da prostituta. Na segunda modalidade (rufianismo passivo) o
agente participa indiretamente do proveito da prostituição, vivendo à custa da
meretriz, recebendo dinheiro, alimentação, vestuário, moradia e outros
benefícios de que necessita para sua manutenção.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – a consumação ocorrerá com a prática de atos
reiterados de obtenção de proveito ou de sustento por parte do rufião. Não se
admite tentativa, por ser crime habitual.
Obs. I - É possível concurso material entre casa de prostituição (ou de exploração
sexual) e rufianismo, permanecendo atual o entendimento do STJ no sentido de que o
artigo 229 não fica absorvido pelo artigo 230 do CP.
CAPÍTULO VI – DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR.
ATO OBSCENO
Art.233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao
público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
❖ Objetividade jurídica – tutela-se o poder público a moralidade coletiva.
❖ Sujeito Ativo – qualquer pessoa.
❖ Sujeito Passivo - coletividade. Num segundo plano, sofrem as consequências do
delito também aqueles que eventualmente presenciem.
❖ Conduta - consiste em praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou
exposto ao público.
❖ Elemento subjetivo – dolo
❖ Consumação e tentativa – para a consumação do delito não se exige que o ato
obsceno tenha sido presenciado por alguém, bastando à possibilidade. Também é
prescindível que o presente se sinta ofendido com o ato, pois a tutela recai,
primeiramente, sobre a coletividade. A maioria da doutrina admite essa
tentativa.
Obs. I – Ato obsceno, para Bento Faria,é todo fato realizado com manifestações
positivas de idoneidade ofensiva ao pudor. É o que pode ofender o pudor dos cidadãos,
causar escândalo e ferir a honestidade das que forem testemunha”.
Obs. II - A micção em público é ato obsceno? Ocorre em lugar público, durante
madrugada, sem a presença de pessoas e de frente para a parede, não soa criminosa,
mesmo porque inexiste dolo.
Obs. III – Não haverá crime se o ato for praticado em local que não ofereça publicidade
requerida para que se ofenda a coletividade.
Art. 234-A – Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada.
I – (Vetado);
II – (Vetado);
III – de ½ (metade), se o crime resultar gravidez; e
IV – de 1/6 (um sexto) até a 1 ⁄ 2 (metade), se o agente transmite à vítima doença
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador.

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