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Aula nº. 11. Efeitos do CT

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DIREITO DO TRABALHO I
 PROFESSOR:
 Francisco Valdece Ferreira de Sousa
 valdece@fvadvogados.adv.br
 DIREITO DO TRABALHO I
01 - Introdução.
O contrato de trabalho é um ato/negócio jurídico complexo que faz nascer grande número de direitos e obrigações entre as partes que o integram. Alguns desses direitos/obrigações são de responsabilidade do empregador, outros do empregado. Os efeitos gerados pelo contrato de trabalho, segundo o grau de vinculação com o contrato, podem ser classificados em dois grupos, quais sejam: efeitos próprios ao contrato e efeitos conexos.
02 - Efeitos contratuais próprios.
Os efeitos próprios são aqueles inerentes ao contrato empregatício devido a sua própria natureza, seu objeto e suas cláusulas contratuais. São efeitos obrigacionais aplicáveis ao contrato de forma absoluta. 
Obrigações do empregador: assinar a CTPS do empregado, pagar os salários, recolher a contribuição previdenciária e o FGTS, emissão da CAT, etc.
Obrigações do empregado: prestar os serviços para os quais foi contratado, comportamento de boa-fé, diligência, assiduidade e fidelidade em relação aos segredos da empresa.
Aula nº. 11
Efeitos dos contratos de trabalho
 DIREITO DO TRABALHO I
02 - Efeitos contratuais próprios.
Os efeitos próprios são aqueles inerentes ao contrato empregatício…
Poder empregatício - o contrato de trabalho confere ao empregador o poder diretivo, regulamentar, fiscalizatório e disciplinar em relação às atividades desenvolvidas por seus empregados no âmbito do trabalho.
03 - Efeitos contratuais conexos.
Os efeitos conexos não aparecerão obrigatoriamente em todos os tipos de contrato. Devido à natureza acessória deles, conclui-se a desnecessidade de sua obrigatoriedade. Como exemplos desse tipo de efeito estão as os direitos intelectuais, indenizações por dano moral ou à imagem, indenização em razão de lesões acidentarias (Dano material, dano moral e dano estético).
04 - Direitos da propriedade industrial e contrato de emprego.
Os direitos intelectuais relativos a inventos do empregado no curso do contrato de trabalho é regulado, nos dias atuais, pela Lei nº. 9.279/96, fazendo-se necessário observar três hipóteses: a) Trabalho intelectual como objeto do CT; b) Trabalho intelectual sem relação com o CT e c) Trabalho intelectual favorecido por circunstancias contratuais.
Efeitos dos contratos de trabalho
 DIREITO DO TRABALHO I
Trabalho intelectual como objeto do CT.
A invenção e o modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao empregador quando decorrem de CT cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade investida, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o empregado contratado. Ressalvada a hipótese de disposição contratual em contrário, a retribuição pelo trabalho limita-se ao salário ajustado.
b) Trabalho intelectual sem relação com o CT.
Pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de utilidade por ele desenvolvido, desde que desvinculado do CT e não decorrente da utilização de recursos, dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador.
c) Trabalho intelectual favorecido por circunstancias contratuais.
A propriedade de invenção ou de modelo de utilidade será comum, em partes iguais, quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa disposição contratual em contrário. A retribuição pelo invento, se houver, não terá natureza salarial.
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05 - Indenização por danos sofridos pelo empregado.
Os danos sofridos pelo empregado em decorrência do CT e sua execução poderão ser objeto de indenização a ser prestada pelo empregador.
Constata-se, no primeiro plano, as indenizações por dano moral ou dano à imagem que não tenham vinculação com a saúde e segurança no trabalho. No segundo plano situam-se as indenizações relativas aos danos à saúde em decorrência do descumprimento contratual das normas de segurança no trabalho - lesões acidentárias.
I - Dano moral ou à imagem.
Segundo preceitua o artigo 5º, V da CF/88, são considerados como danos morais a violação da intimidade, da vida privada, honra e imagem do trabalhador.
II - Lesões acidentárias: dano material, dano moral e dano estético.
As lesões acidentárias podem resultar em deteriorações físico-mentais do empregado em decorrência do ambiente laboral, da postura adotada durante a prestação do serviço (Doenças ocupacionais) ou da prática de determinados ofícios específicos impregnados de agentes agressores ao organismo humano (Doenças profissionais).
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06 - Responsabilidade indenizatória.
A responsabilidade do empregador em prestar indenização pelos danos sofridos pelo empregado em decorrência do CT tem, como regra geral, natureza subjetiva, fazendo-se necessário verificar a presença de 03 (Três) requisitos, a saber: o dano, o nexo de causalidade e a culpa empresarial.
Se o dano for causado pelo próprio empregador, por outro empregado, ou decorrer de atividade de risco, a responsabilidade será objetiva. Por outro lado, se decorrente de acidente no trabalho ou doença ocupacional, necessário será estabelecer com precisão o nexo da causalidade, quando então será definida a natureza da responsabilidade do empregador, se objetiva ou subjetiva.
No acidente do trabalho três tipos de responsabilização dela podem decorrer: a) a responsabilidade contratual, com a eventual suspensão do CT e o reconhecimento da estabilidade acidentário; b) o benefício previdenciário do SAT, financiado pelo empregador, mas admitido pelo Estado; c) e por derradeiro, a responsabilidade de indenizar o dano se tiver agido com dolo ou culpa, nos termos do que dispõe a CF/88.
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06 - Responsabilidade indenizatória.
Assim está anotado no art. 7º., inciso XXVIII, da CF/88.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
…
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
Cumpre reconhecer que uns tantos quantos estudiosos do direito têm manifestado esforços no sentido de fazer com que os empregadores respondam de forma objetiva por todo e qualquer dano que seus empregados venham a sofrer, no que, permissa venia, contrariam preceito constitucional que optou de forma expressa, como regra geral, pela responsabilização assentada na culpa (Subjetiva).
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07 - Atenuação ou exclusão da responsabilidade.
O empregador poderá, eventualmente, se eximir da obrigação de indenizar ou, pelo menos, de ver atenuada essa obrigação, mediante as seguintes circunstancias:
I - Não comprovação do dano.
II - Não comprovação do nexo causal entre o dano e o ambiente laborativo.
III - A comprovação, pela empresa, de que o acidente se deu por culpa única e exclusiva da vítima.
Observação: Se a culpa do trabalhador for considerada “culpa concorrente”, a empresa não estará isenta de indenizar, podendo, todavia, atenuá-la.
Registre-se por derradeiro que a força maior ou o caso fortuito poderão, eventualmente, excluir ou atenuar a responsabilidade do empregador.
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08 - Aferição do dano moral, estético ou á imagem.
Não obstante a evolução doutrinária e jurisprudencial em relação à indenizabilidade do dano moral, somente a partir da CF/88 consolidou-se por definitivo a possibilidade de reparação, com fundamento jurídico nas disposições contidas no art 5o, V e X da carta política, bem assim, dos arts. 186 e 927, “caput”, do Código Civil de 2002.
Superada a discussão sobre o dano moral ser
ou não indenizável, questiona-se sobre a aferição de sua efetiva ocorrência e sobre a quantificação da indenização, fazendo surgir o que os estudiosos do assunto denominam como “INDÚSTRIA DO DANO MORAL”, na qual o interesse econômico-privado se sobrepõe à coerência e ao próprio interesse público. 
A banalização do Dano Moral, haja vista os inúmeros pedidos inócuos e extremamente oportunistas fomentados por uma lacuna derivada de um rigoroso subjetivismo em relação ao seu quantum, e que atualmente vem sendo combatida por alguns critérios doutrinários e jurisprudenciais adotados, é que tem inspirado relevantes discussões entre os juristas, especialmente, os profissionais, dentre eles advogados e juízes.   
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08 - Aferição do dano moral, estético ou á imagem.
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A aferição da efetiva ocorrência e a quantificação do valor indenizatório, combinam-se, correspondendo a juízos valorativos incorporados pelo órgão judicante e aplicados à analise do caso concreto.
Trata-se de um juízo de equidade em que o órgão sentenciante deve exercitar ao ponto máximo as qualidades inerentes à função de julgador: sensatez, equanimidade, ponderação, imparcialidade.
A jurisprudência construiu ao longo do tempo um critério relativamente objetivo de aferição do dano e fixação do montante indenizatório. Tal critério é composto de três elementos: a) os referentes ao fato deflagrador do dano e ao próprio dano (Elementos objetivos); b) os referentes aos sujeitos envolvidos, essencialmente a vítima e o ofensor (elementos subjetivos); e, por último, c) os elementos referentes à própria indenização (elementos circunstanciais).   
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 DIREITO DO TRABALHO I
08 - Aferição do dano moral, estético ou á imagem.
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A aferição da efetiva ocorrência e a quantificação do valor indenizatório, combinam-se, correspondendo a juízos valorativos incorporados pelo órgão judicante e aplicados à analise do caso concreto.
Trata-se de um juízo de equidade em que o órgão sentenciante deve exercitar ao ponto máximo as qualidades inerentes à função de julgador: sensatez, equanimidade, ponderação, imparcialidade.
A jurisprudência construiu ao longo do tempo um critério relativamente objetivo de aferição do dano e fixação do montante indenizatório. Tal critério é composto de três elementos: 
Efeitos dos contratos de trabalho
I - Elementos objetivos.
Fato que deflagrou o dano;
O dano propriamente dito.
II - Elementos subjetivos.
Vítima, b) Ofensor.
III - Elemento circunstancial
Presença/ausência de circunstâncias agravantes (O fato da vítima ser menor) ou atenuantes (O fato da vítima ter concorrido de alguma medida para o evento danoso).
 DIREITO DO TRABALHO I
09 - Regra prescricional.
Os pedidos de indenização pelos danos materiais, morais e ou estéticos decorrentes do Contrato do Trabalho estão subjungidos aos critérios prescricionais vigentes no Direito do Trabalho, ou seja, prazo prescricional de 05 (Cinco) anos, respeitados os 02 (Dois) anos da extinção do Contrato de Trabalho.
Registre-se por derradeiro que a actio nata se deflagra (a contagem tem início) quando o trabalhador tiver ciência inequívoca da extensão do dano sofrido, e não necessariamente da data do evento. Havendo afastamento por auxílio-acidente, a ciência inequívoca da extensão do dano somente ocorrerá tempos depois, seja com a aposentadoria por invalidez, seja pela sustação, pelo INSS, determinando o retorno ao trabalho.
10 - Jurisdição.
A competência para conhecer e julgar os pedidos de danos materiais, morais e estéticos sofridos em decorrência do contrato de trabalho é da Justiça do Trabalho.
Efeitos dos contratos de trabalho

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