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Hilário Oliveira – T29 @hilarioof TREPONEMA SP. E LEPTOSPIRA SP. INTRODUÇÃO: Ambos os gêneros bacterianos pertencem a mesma ordem de seres vivos → spirochaetales. Ambos os gêneros são importantes pois os dois são causadores de doenças em seres humanos. O gênero leptospira guarda bactérias causadoras da leptospirose e o gênero treponema guarda bactérias causadoras pela sífilis e outras patologias incomuns no território brasileiro. São do tipo espiroquetas → tem um formato helicoidal. Quando coradas pela coloração de gram, as bactérias são classificadas como gram-negativas. Obs. Esse tipo de bactéria por ser bastante delgado, muitas vezes tem o método de coloração de gram dificultado, logo, o diagnóstico microbiológico de infecções por esse tipo de bactéria não é recomendado. Outros métodos de microscopia, como a microscopia de fluorescência são utilizados. TREPONEMA As bactérias do gênero treponema são relacionadas a diferentes patologias, isso pois existem diferentes tipos dessa bactéria. T. Pallidum → espécie mais importante que causa doença humana. O gênero Treponema Pallidum é de importância humana e possui subespécies, sendo cada subespécie responsável por uma doença diferente. Ex, o treponema pallidum, subespécie pallidum é causadora de sífilis venérea, enquanto que o treponema pallidum, subespécie edemicum causa a sífilis endêmica (bejel). As espécies se distinguem por 3 fatores: Características epidemiológicas: O local onde ocorrem as doenças (Ex. a sífilis venérea ocorre em todo o mundo). Apresentação clínica: Ex. a sífilis venérea é principalmente transmitida pela via sexual e o paciente irá apresentar lesões em região genital, que se propagam pelas regiões do corpo → esses sintomas se diferem dos sintomas causados pelas outras subespécies da bactéria. Além disso, também se diferenciam pela via de contato, como a sífilis venérea que é transmitida por via sexual, sífilis endêmica e bouba que são transmitidas por contato direto – pessoa/pessoa. Variedade de hospedeiros em animais experimentais. FISIOLOGIA E ESTRUTURA: São espiroquetas, finas, bastante espiraladas e tem extremidades afiladas. A microscopia óptica tem baixa eficiência na identificação desse tipo de bactéria. São bactérias microaerófilas/microaerofílicas ou anaeróbias → pode crescer em ambientes com baixo teor de O2, porém, prefere ambientes livres de O2. São extremamente sensíveis ao oxigênio. Não apresenta em seu genoma enzimas para catalase e superóxido dismutase, ou seja, é catalase e superóxido dismutase negativa → como a bactéria não tem como metabolizar esses componentes, ela prefere crescer na ausência de oxigênio. São bactérias que não possuem ciclo de Krebs e que não crescem em culturas sem células (são de difícil cultivo) → por não ter ciclo de Krebs seu cultivo é dificultado, necessitando de substâncias específicas, fazendo com que o cultivo dessa bactéria não seja efetivo. PATOGÊNESE E IMUNIDADE: A bactéria tem poucos mecanismos de virulência e seus mecanismos são pouco Hilário Oliveira – T29 @hilarioof conhecidos → sabe-se que a bactéria não possui antígenos espécie-específicos, sendo de difícil identificação (podendo resistir a fagocitose). Produzem hemolisinas → produzem 5 hemolisinas, porém seu mecanismo de ação não é claro. Tem a capacidade de se aderir a fibronectina → molécula que faz parte da matriz extracelular das células eucarióticas → isso é um fator de adesão à célula do hospedeiro. Produz hialuronidase → enzima que degrada o ácido hialurônico que faz parte do tecido, permitindo a sua infiltração perivascular. Obs. As lesões decorrentes da sífilis não são decorrentes diretamente da bactéria, mas sim da resposta imune desencadeada pela infecção do paciente. EPIDEMIOLOGIA: A sífilis causada pela subespécie pallium acontece em todo o mundo. → talvez devido à sua facilidade de transmissão sexual e pela sua presença em vários ambientes. A incidência de sífilis no mundo reduziu após o advento da penicilina (1940). → porém ocorreu um aumento nos casos de sífilis após mudanças no comportamento sexual dos indivíduos (Ex. contraceptivos dando às mulheres mais liberdade para ter atividade sexual, facilitando a disseminação da bactéria.) (Ex2. A patologia também pode ser passada por transfusão de sangue ou compartilhamento de objetos pessoais, podendo ser adquirida pelo uso de drogas injetáveis). Outro fator do aumento na decorrência de sífilis foi o aumento de pessoas que se assumiram homossexuais, o que favoreceu o aumento na sua transmissão. O contato com as lesões causadas pela sífilis é o ponto de transmissão da doença, por ser um local com grande presença de bactérias. Além disso, as lesões são portas de entradas para vírus, como o da HIV. A doença é um grave problema para a população sexualmente ativa (a transmissão pode ocorrer nas 3 fases da doença, sendo maior na 1ª e 2ª fase) e é exclusiva de seres humanos. Rota comum de disseminação: contato sexual direto. Sífilis congênita ou adquirida → pode ocorrer por transfusões de sangue ou de mãe para o feto – nas sífilis de outra subespécie. A doença não é altamente contagiosa → a chance de ser contaminado não é tão alta → o contágio é influenciado pela fase da doença no transmissor. DOENÇAS CLÍNICAS: Sífilis: Seu curso clínico se dá por uma fase primária, secundária e tardia. (Algumas bibliografias citam uma fase de latência entre a secundária e a terciária/tardia). Fase primária → É a fase que ocorre após o contato do paciente com a bactéria e é caracterizada pelo aparecimento de lesões (cancros) na região genital → as lesões podem ser únicas ou múltiplas e podem ser encontradas no órgão genital masculino e feminino. As lesões da primeira fase aparecem de 10 a 90 dias após a infecção inicial e são inicialmente pápulas que então ulceram e cicatrizam; As lesões são indolores, podendo ser negligenciadas --> facilitando assim a transmissão. Ocorre a cicatrização da lesão e seu desaparecimento após dois meses. Associado a isso, pode-se ter também inchaço dos linfonodos regionais, próximo a região genital (linfoadenopatia), o que caracteriza um processo inflamatório. Hilário Oliveira – T29 @hilarioof Fase secundária → Surge após cerca de dois meses da infecção e é caracterizada principalmente por lesões cutâneas por toda a superfície do corpo, incluindo a palma das mãos e plantas dos pés. Previamente as lesões o paciente apresenta um quadro semelhante à uma síndrome gripal, com febre, dor de garganta, cefaleia, porém passageiro → após, inicia-se o quadro de linfoadenopatia por todo o corpo → então, tem-se o aparecimento das lesões mucocutâneas por todo o corpo. Em alguns pacientes, pode surgir o tipo de lesão denominado como condiloma plano → lesão achatada, de bordas elevadas e centro mais fundo (surge em locais húmidos, como abaixo dos seios e em mucosas). Esse tipo de lesão é altamente infeccioso pela sua quantidade de bactérias. Após o aparecimento das lesões e sintomas, os mesmos desaparecem de maneira espontânea em algumas semanas → o paciente pode ter uma remissão espontânea (podem reaparecer) ou o paciente pode entrar em uma fase de latência, onde não há sintomas, mas temas bactérias em seu corpo (a fase de latência pode durar anos) → além disso, o paciente pode entrar na fase tardia da doença, sendo essa mais agressiva (ocorre em 1/3 dos pacientes não diagnosticados ou tratados). Fase terciária → A fase terciária acontece muitos anos depois da fase secundária. É caracterizada por uma inflamação crônica difusa, causada principalmente por uma resposta imunológica → pode causar uma destruição devastadora em qualquer órgão ou tecido → podendo levar à arterite, demência, cegueira... Em alguns pacientes ocorre a formação de granulomas (gomas) → pode surgir na pele, ossos e outros tecidos. A nomenclatura da doença é de acordo com o órgão envolvido → neurossífilis; sífilis cardiovascular... Sífilis congênita → É o processo de transmissão das bactérias causadoras da sífilis da mãe para o feto → a transmissão pode ocorrer em qualquer momento da gestação. Existem exames que diagnosticam a sífilis na mãe no início da gestação, e se tornam importantes para a saúde do bebê. o acompanhamento da mãe é feito durante toda a gestação. A doença pode levar a morte do feto durante a gestação ou levar à graves sequelas no bebê, que podem ser no início da vida ou mais tardias. → a sífilis precoce é quando a criança já demonstra sinais nos primeiros meses de vida (aparecimento de lesões por todo o corpo do bebe, secreção mucosa ou sanguinolenta, quadro de hidrocefalia...) → a fase tardia (+2 anos) é caracterizada por sintomas como, a formação dos dentes no formato de meia lua, formação dos dentes no formato de amora, má formação nos ossos da perna (tíbia no formato de dente de sabre), pode ocorrer também hidrocefalia, má formação na região nasal (nariz em formato de cela)... Sobreviventes não tratados podem apresentar quadros de surdez, cegueira e sífilis cardiovascular. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Pode ser feito por microscopia de campo escuro ou imunofluorescência direta; A cultura não é disponível por seu difícil cultivo; O diagnóstico mais usado são os testes sorológicos (principalmente nas fases secundária e tardia, pois são mais sensíveis) → pode ser feito de maneira específica (teste treponêmico) ou de maneira não específica (teste não treponêmico – VDRL/RPR), sendo o não treponêmico, o teste mais utilizado. TRATAMENTO: Antibioticoterapia através de penicilinas → penicilina G benzatina (benzetacil); na sífilis inicial a dose é única e na sífilis congênita ou tardia são administradas 3 doses em intervalos semanais. Hilário Oliveira – T29 @hilarioof Uma segunda opção é a doxiciclina e a azitromicina para pacientes alérgicos à penicilina. PREVENÇÃO: Não há vacina. CONTROLE: Prática de sexo seguro; contato adequado e tratamento dos infectados. LEPTOSPIRA INTRODUÇÃO: Possui várias espécies, porém não se sabe exatamente qual é responsável por causar a leptospirose, logo, é falado no gênero no geral. FISIOLOGIA E ESTRUTURA: São espiroquetas delgadas e tem a presença de 2 flagelos periplasmáticos colados em seu corpo, ajudando em sua movimentação. São bactérias aeróbias estritas → Só crescem na presença de O2. A temperatura ideal para o seu crescimento é de 28 à 38 graus e seu cultivo é através de meios específicos (vitaminas, ácidos graxos e sais de amônia). Pode ser encontrada em solo, água, esgotos... PATOGÊNESE E IMUNIDADE: A leptospira é uma bactéria que penetra no corpo humano através de pequenos cortes em pele ou mucosas → a bactéria cai na corrente sanguínea e se dissemina a todos os tecidos do corpo humano, incluindo o SNC. Tem a predisposição de se multiplicar no endotélio, causando danos em pequenos vasos sanguíneos. → suas manifestações clínicas podem ser, meningite, disfunção renal e hepática e hemorragia. A bactéria pode ser eliminada pela imunidade humoral → no início da doença, a bactéria pode ser encontrada no sangue e no líquido cefalorraquidiano e nas fases posteriores da doença, pode ser encontrada na urina. O diagnóstico nas fases mais tardias da doença é feito por testes sorológicos para a identificação de anticorpos. EPIDEMIOLOGIA: A doença causada é a leptospirose e sua distribuição é mundial. A bactéria pode infectar dois tipos de hospedeiros → hospedeiros reservatórios (pequenos mamíferos e roedores – sua multiplicação é principalmente no rim do animal, ele é assintomático e elimina a bactéria na urina, disseminando-a) → as bactérias sobrevivem durante 6 semanas após deixadas em reservatórios de água e quem se infecta com essa água são os hospedeiros acidentais (homem, cães, bovinos, equinos, suínos...) → o homem pode também se infectar pelo contato com secreções de animais infectados. Hospedeiros reservatório não apresentam sinais e podem eliminar a bactéria na urina, enquanto que hospedeiros acidentais apresentam sinais e também podem eliminar a bactéria na urina. DOENÇAS CLÍNICAS: As infecções sintomáticas podem surgir no indivíduo após contato com a urina em cerca de 1 a 2 semanas; A fase inicial é semelhante a gripe → o paciente será bacteriêmico (será reservatório de bactérias), podendo as bactérias estarem presentes no LCR, porém, não há evolução do caso para o SNC (não havendo meningite por exemplo) → os sintomas podem desaparecer com cerca de 1 semana ou podem se agravar . Segunda fase → quando ocorre o agravo da 1ª fase e a doença é chamada de grave → o paciente sente cefaleia, mialgia, calafrios, dor Hilário Oliveira – T29 @hilarioof abdominal e extravasamento conjuntival → pode evoluir ainda para quadros de colapso vascular, trombocitopenia, hemorragia e disfunção hepática e renal (sintomas relacionados à invasão da bactéria no endotélio dos vasos dos órgãos). Doença ictérica (síndrome de weil) → a icterícia não ocorre sempre, mas a síndrome que ocorre na fase grave não é permanente, não havendo necrose hepática e é algo reversível. Na maioria das vezes, o paciente que tem leptospirose, mesmo que na fase grave, não vai a óbito. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: A microscopia não é eficiente devido a morfologia da bactéria. A cultura pode ser feita, mas deve ser feita em meio específicos e é demorada (2 semanas) → pode ser feita pela coleta de sangue ou LCR nos primeiros 10 dias de infecção ou de urina após a primeira semana por 3 meses. A PCR pode ser utilizada, mas é pouco usada por ser cara. O teste sorológico é o mais indicado → teste de aglutinação microscópica (MAT) → o objetivo é pegar o soro do paciente para detectar a presença de anticorpos de leptospira → o teste irá medir a capacidade dos anticorpos de aglutinar leptospira vivo. (somente esse pode ser utilizado após 3 meses). TRATAMENTO: Antibioticoterapia → penicilinas ou doxiciclina. PREVENÇÃO: Doxiciclina → em pessoas expostas a animais infectados ou água com urina e pessoas susceptíveis a infecção. CONTROLE: Controle de roedores; Vacinação de animais (gados e animais de estimação).
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