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Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Endocardite infecciosa Infectologia Introdução • Infecção microbiana (bacteriana) da superfície endotelial do coração; • Normalmente acomete as valvas cardíacas (mais comum é a valva mitral, exceto em pacientes usuários de drogas injetáveis); • Incidência e mortalidade praticamente não mudaram nos últimos 30 anos; Epidemiologia • 3 - 10 casos/ 100.000 hab/ano; • Países desenvolvidos: aumentos de casos relacionados a próteses valvares e dispositivos intracardíacos, uso de DVA e hemodiálise; • Ascensão de estafilococos como o principal agente etiológico - substituição ao estreptococos; • Brasil: Principal fator de risco é a doença valvar reumática; Principal agente etiológico é o Streptococcus viridans (grupo D). • Grupo HACEK: Bactérias de crescimento lento e que pertencem à microbiota normal da boca e da faringe. Fisiopatologia 1. Presença de lesão endotelial Condição predisponente + lesão direta; Jatos turbulentos secundários a valvopatias; Trauma direto por cateteres intravasculares; Impurezas contidas em drogas IV. 2. Deposição de fibrina e plaquetas Deposição do material na região da lesão endotelial; Mecanismo natural em resposta a injúria endocárdica; Vegetação trombótica não bacteriana. 3. Episódio transitório de bacteremia Procedimentos invasivos; Extração dentária/escovação. 4. Colonização da vegetação trombótica por bactérias circulantes; 5. Proliferação da vegetação bacteriana. Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Classificação de acordo com a localização 1. Do lado esquerdo em valva nativa 2. Do lado esquerdo em prótese valvar 2.1) Precoce < 1 ano 2.2) Tardia > 1 ano 3. Do lado direito 4. Relacionada a dispositivos 4.1) Marca-passo (MP) / Cardiodesfibrilador implantável (CDI) Quadro clínico Extremamente variável Forma aguda, sub aguda e crônica; Febre é o sintoma mais comum (> 90% dos casos) - menos comum nos idosos; Calafrios, anorexia, perda de peso é comum; Atentar para EI em febre + fenômenos embólicos; Pacientes com febre de origem indeterminada. Suspeição clínica História prévia de endocardite; Presença de prótese valvar ou de MP; Presença de novo sopro de regurgitação mitral; Doença valvular ou congênita preexistente; Condições predisponentes: SIDA/ imunodepressão; Recente intervenção associada à bacteremia; Sinais de ICC; Novo distúrbio de condução; Hemoculturas positivas com patógenos típicos; Sintomas ou sinais focais neurológicos; Evidência de TEP/ infiltração = endocardite do lado direito; Abscessos periféricos de causa desconhecida; Uso de drogas intravenosas. Fenômenos vasculares ou imunológicos/ eventos embólicos: 1) Manchas de Roth = manchas retinianas hemorrágicas com centro esbranquiçado; 2) Lesões de Janeway; 3) Nódulos de Osler = deposição de imunocomplexos que formam elevações dolorosas na face anterior da ponta dos dedos. Diagnóstico 1) Exame físico Avaliação seriada do paciente na busca de: a) Sinais de embolização periférica; b) Mudança na ausculta cardíaca; c) Avaliação de arcada dentária = foco comum de origem da bacteremia. 2) Sopro 6.1) Hemocultura - Colher 3 pares de hemocultura: 6 amostras de 10 mL cada; Colher cada par de veia periférica diferente; Evitar coleta por acesso central; Não há necessidade de esperar a febre para coleta. Deve ser repetida após 48 - 72h do início do ATB = avaliar eficácia do tratamento; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Audível em cerca de 80% dos casos de EI do lado esquerdo; Aparecimento de um novo sopro; Piora com o sopro preexistente; B3 - geralmente associada com ICC; 3) Fenômenos embólicos/ vasculares/ imunológicos. 4) Alterações neurológicas. 5) Desconforto abdominal. Resultado negativo pode vir até 38% dos casos e geralmente está associado com uso de ATB prévio, além de EI por fungos ou bactérias "fastidiosas". Requer culturas especializadas/ PCR e/ou sorologias; 6.2) Histologia Padrão-ouro = exame patológico de tecido valvular/ fragmentos embólicos; Sempre enviar material cirúrgico para avaliação histológica de EI. 6.3) Ecocardiograma Papel fundamental na EI: Dá diagnóstico, riscos de embolização, identifica complicações, repercussões hemodinâmicas, resposta terapêutica e indicação cirúrgica. ECOTT é o primeiro a ser feito, mas dependendo da indicação se faz o transesofágico (prótese valvar, Dispositivo intracardíaco, etc). 6.4) TC Detecção de abscesso; Superior em informações sobre lesões perivalvulares; Avaliação da extensão das lesões. Diagnóstico pelos critérios de Duke Baseados em achados clínicos, ecocardiográficos, biológicos, hemoculturas e sorologias; S e E de 80%; ECO normal - faz-se TC, RNM ou PET-CT; Critérios são úteis, mas não substituem o julgamento clínico. • Critérios maiores: Hemoculturas positivas, métodos de imagens positivos, • Critérios menores Fatores predisponenes, febre, fenômenos vasculares, fenômenos imunológicos e evidência microbiológica (que não preencha os critérios maiores). • Diagnóstico fechado: 2 maiores ou 1 maior e 3 menores ou 5 menores. EI de próteses 20% de todos os casos; Afeta igualmente próteses biológicas e mecânicas; Infecções mais precoces (< 1 ano após cx) - frequentemente se localizam no anel da prótese; Germes mais comuns - Staphylococcus coagulase-negativos, fungos e gram (-); Indicações cirúrgicas são semelhantes às de válvula nativa; S. aureus tem pior prognóstico; EI de próteses tardias acometem mais os folhetos, podendo levar a rupturas ou perfurações desses folhetos; Critérios de DUKE perdem sensibilidade no diagnóstico de EIP. EI de MP ou CDI Aumentado o risco de EI com a maior indicação em idosos com outras comorbidades; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Principal mecanismo é a contaminação do sistema do implante; Sempre suspeitar do estafilococos; • Tratamento: Coleta de hemoculturas, retirada do dispositivo e uso de antibióticos; Geralmente a retirada é percutânea; Cirurgia aberta: percutânea não possível, destruição importante da tricúspide, vegetações muito grandes (> 25 mm); Optar pelo marcapasso epicárdico (menor risco de infecção). EI em câmaras direitas • Fatores de riscos: DI, HIV, imunodepressão, portadores de MP/CDI, uso de CVC, cardiopatias congênitas; Geralmente acometem valva tricúspide; • Agente mais comum: S. aureus; Comum embolia séptica para pulmões; Melhor prognóstico se comparada às outras EI. • Tratamento Oxacilina, vancomicina ou daptomicina; Deve ser considerado tratamento antifúngico (Candida spp) Tratamento clínico geralmente é eficiente; • Indicações cirúrgicas Microrganismos de difícil erradicação, bacteremia persistente por mais de 7 dias, apesar de tratamento adequado, vegetações > 20 mm mesmo após embolia pulmonar recorrente, IC direita secundária à insuficiência tricúspide refratária a tratamento clínico. EI por fungo Predominância de Cândida e Aspergillus spp; Mortalidade muito alta; Fluconazol = candida; Voriconazol = aspergillus. Tratamento cirúgico quase sempre é indicado. Preditores de pior prognóstico a) Características do paciente: idade avançada, endocardite de prótese, DM insulinodependente, comorbidades; b) Presença de complicações da endocardite; c) Microrganismo; d) Achados ecocardiográficos. Tratamento ATB bactericida, sendo que associações possuem maior eficácia que monoterapia; • Aminoglicosídeos: Ação bactericida sinérgica em associação com beta-lactâmicos e glicopeptídeos; Usados na maioria dos esquemas; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Dose única diária para reduzir nefrotoxicidade; • Bactérias de crescimento lento: Exibem tolerância à maioria dos ATB (Exceto rifampicina); Podem formar biofilmes; • Troca de valva nativa durante tratamento de EI= ATB pós-operatório recomendado; Sempre consultar infectologista do hospital para avaliar qual esquema de ATB utilizar; Início de ATB não deve ser postergado = primeira dose logo após o término de coleta das hemoculturas. Cirurgia na EI 40 - 50% dos pacientes são submetidos; Mortalidade depende da indicação cirúrgica; • Indicações - ICC, infecção não controlada com ATB, infecções por fúngicos e profilaxia de embolia. Profilaxia Pacientes de alto risco: prótese cardíaca valvar, valvopatia congênita corrigida com material protético, passado de EI, valvopatia adquirida em transplantado cardíaco, CCC não corrigida, CCC corrigida com lesão residual e CC corrigida com material protético; Procedimentos ondotológicos com alta bacteremia = manipulação de tecido gengival, região periodontal; Procedimentos esofagianos, geniturinários, gastrointestinais e ou trato respiratório que envolvam lesão de mucosa
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