Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CAPÍTULO – 9 9. PROTEÇÃO DOS CONDUTORES ELÉTRICOS Para que o esquema de proteção dos condutores de uma instalação elétrica seja adequado, o mesmo deve atender os seguintes requisitos: a) Seletividade É a capacidade que possui o esquema de proteção de selecionar a parte danificada da rede e retirá-la de serviço sem afetar os circuitos sãos. b) Exatidão e Segurança de Operação Garante ao sistema uma alta confiabilidade operativa. c) Sensibilidade Representa a faixa de operação e não operação do dispositivo de proteção. Os projetos de proteção são feitos globalmente e não setorialmente, dado que estes levariam a uma descoordenação do sistema de proteção e, como consequência, à interrupções desnecessárias de setores de produção ou de utilização da energia elétrica, cuja rede em nada depende da parte afetada. Basicamente, o esquema de proteção é constituído de três dispositivos: fusíveis, disjuntores e relés. E, para que os mesmos sejam selecionados adequadamente, é necessário a determinação das corrente de curto-circuito nos vários pontos da rede elétrica. Os dispositivos de proteção contra correntes de curto- circuito, devem ser sensibilizados pelo valor mínimo dessa corrente. A proteção é considerada adequada, quando reproduz fielmente as condições do circuito para o qual o mesmo foi projetado, ou seja, atuando dentro das limitações de corrente, tensão, frequência e tempo, para os quais foram dimensionados os equipamentos e materiais da instalação. A capacidade de um determinado circuito ou equipamento deve ficar limitada ao valor do seu dispositivo de proteção, mesmo que isto represente a subutilização da capacidade dos condutores ou da potência nominal do equipamento. 9.1 Proteção Contra Correntes de Sobrecargas É necessária a aplicação de dispositivos de proteção para interromper as correntes de sobrecarga nos condutores dos circuitos, de sorte a evitar o aquecimento da isolação, das conexões e de outras partes da instalação elétrica, além dos limites previstos por norma. Deverão ser colocados dispositivos de proteção contra sobrecargas em todos os condutores não ligados à terra, exceto nos casos previstos pela NBR 5410. O condutor neutro ligado à terra não deverá conter chave fusível ou outro dispositivo capaz de causar qualquer interrupção. No caso de circuito com duas fases e um neutro, oriundos de circuito trifásico, o neutro não deverá conter fusíveis, porque, no caso de queima do mesmo, a tensão aplicada às lâmpadas será dobrada. Assim, queimado o fusível do neutro, a corrente, seguindo as setas, passará por “a”, “n” e “b”. Desse modo, entre “a” e “b” teremos 220 V, podendo haver queima das lâmpadas (Figura 9.1). 2 Figura – 9.1 A proteção contra sobrecargas é efetuada por dispositivos tais como chaves faca com porta-fusíveis (chaves fusíveis) ou disjuntores, que são elementos de proteção e interrupção simultânea de circuitos com um, dois ou três pólos. As chaves fusíveis devem ser instaladas de modo que o peso das lâminas não tenda a fechá-las e os fusíveis fiquem sempre do lado da carga (Figura 9.2). Figura – 9.2 Os disjuntores termomagnéticos, em caixa moldada, são construídos de modo a atender as exigências da norma NBR-5361, através de um disparador térmico, bimetálico de sobrecargas ou de um disparador magnético de alta precisão. Podem ser instalado em quadros de distribuição através de garras ou trilhos (Figura 9.3). 3 Figura – 9.3 A NBR-5410 determina as seguintes condições básicas para a proteção contra correntes de curto- circuito: IB ≤≤≤≤ IN IN ≤≤≤≤ IZ I2 ≤≤≤≤ 1,45 x IZ Onde - IB: Corrente de projeto do circuito; IN: Corrente nominal do dispositivo de proteção; IZ: Capacidade de condução de corrente dos condutores vivos, de acordo com o tipo de instalação e a disposição dos condutores em canaletas ou eletrodutos; I2: Corrente convencional de atuação dos dispositivos de proteção em função de IN; temperatura ambiente de 30 ºC (circuitos aéreos) ou 20 ºC (circuitos subterrâneos) As correntes nominais do dispositivo de proteção para o Disjuntor UNIC, é dado pela Tabela 9.1: 4 TABELA 9.1 9.2. Proteção Contra Correntes de Curto-circuito A NBR-5410 impõe as seguintes condições básicas que devem ser cumpridas para que seja garantida a proteção de um circuito contra as correntes de curto-circuito: − Os dispositivos de proteção devem ter a sua capacidade de interrupção ou de ruptura igual ou superior ao valor da corrente de curto-circuito presumida no ponto de sua instalação I(int) >>>> IK Onde – I(int): Capacidade de interrupção do dispositivo de proteção; IK: Corrente de curto-circuito presumida no ponto de aplicação do dispositivo de proteção; − A energia que os dispositivos de proteção contra curto-circuitos devem deixar passar, não pode ser superior à máxima energia suportada pelos dispositivos e condutores localizados a jusante do ponto de localização do sispositivo de proteção. I2t <<<< K2S2 Onde – I2t: Integral de Joule que o dispositivo de proteção deixa passar; K2S2: Integral de Joule necessária para aquecer o condutor desde a temperatura máxima para o serviço contínuo até a temperatura limite de curto-circuito. 5 9.2.1. Formulação de Correntes de Curto-circuito Presumidas: − Para 220/127 V: 2 2 0 0 2 0 5cos57162 7,12 S L SI L I I K K K K • • •• ++ = ϕ kA − Para 380/220 V: 2 2 0 0 2 0 5cos100484 22 S L SI L I I K K K K • • •• ++ = ϕ kA Onde - IK: Corrente de curto-circuito presumida em kA; IK0: Corrente de curto-circuito presumida a montante em kA; Cos(ϕϕϕϕK0): Fator de potência de curto-circuito aproximado, dado pela Tabela 9.2; L: Comprimento do circuito em metros; S: Seção do condutor em mm2. OBS: Dobrando-se o valor do comprimento “L”, a expressão para sistemas de 380/220 V é aplicável a circuitos monofásicos de 220 V e a expressão para sistemas de 220/127 V é aplicável a circuitos monofásicos de 127 V. TABELA 9.2 IK0 (kA) 1,5 a 3,0 3,1 a 4,5 4,6 a 6 6,1 a 10 10,1 a 20 Acima de 20 Cos(ϕϕϕϕK0) 0,9 0,8 0,7 0,5 0,3 0,25 9.2.2. Tabelas de Correntes de Curto-circuito Presumidas no Secundário de Transformadores Trifásicos 6 9.3. Coordenação e Seletividade da Proteção Os dispositivos de proteção são especificados pelos fabricantes com determinada capacidade de ruptura de acordo com a tensão de serviço. Essas capacidades de ruptura são ditadas pelas correntes de curto- circuito presumíveis, que podem ser suportadas sem causar avarias nas instalações elétricas. Consideremos o processo de desligamento dos disjuntores TIPO 3VE da SIEMENS no exemplo abaixo, em face de um curto circuito (Figura 9.4). Trata-se de um quadro geral na SE que alimenta dois barramentos. É desejável que, para um curto-circuito nos pontos “A” e “B”, atuem os disjuntores “Diaquick” (Pavilhão 1) ou 2VE-62 (Pavilhão 2) antes que operem os demais disjuntores que alimentam os quadros. 9.3.1 – Curto-circuito no ponto “A” Consideremos uma corrente de curto-circuito em “A”: IccA=700 A O disjuntor de 15 A atuará em cerca de 0,001 segundos. Se houvesse falha nesse disjuntor o disjuntor seguinte 3VE-4, ajustado em 50 A (14 vezes a corrente ajustada), atuaria em 0,03 segundos (Figura 9.5-a). Se persistirem as falhas, o disjuntor 3VE-4 do quadro geral de distribuição (QGD), ajustado em 63 A, ou seja, 11 vezes a corrente ajustada, atuaria em 0,1 segundos. O disjuntor geral do QDG, do tipo 3WE, 630, ajustado para 400 A, para o curto de 700 A, ou seja, 1,75 vezes a corrente ajustada, atuaria em 2 minutos. Não sendo assegurada a proteção adequada à instalação. 9.3.2 – Curto-circuito no ponto “B” Consideremos uma corrente de curto-circuitoem “B”: IccB=2000 A O disjuntor 3VE62 atuará em cerca de 0,02 segundos. Se houvesse falha nesse disjuntor o disjuntor seguinte 3VE-7, ajustado em 350 A (6 vezes a corrente ajustada), atuaria em 5 segundos (Figura 9.5-c). Se persistirem as falhas, o disjuntor 3VE-7 do quadro geral de distribuição (QGD), ajustado em 400 A, ou seja, 5 vezes a corrente ajustada, atuaria em 9 segundos. O disjuntor geral do QDG, do tipo 3WE, 630, ajustado para 2000 A, ou seja, 1 vez a corrente ajustada, atuaria em 20 segundos. Ou seja, estaria assegurada a seletividade e a proteção adequada da instalação. 7 Figura 9.4 Figura 9.5 Diaquick
Compartilhar