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Sistema Digestório - Terapêutica Veterinária

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Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses 
@RebecaWoset 
ESTIMULANTES DO APETITE 
Há pelo menos dois mecanismos reguladores da 
ingestão de alimento: um a longo prazo, que 
regula os estoques de nutrientes, impedindo-os de 
tornarem-se muito baixos ou elevados; outro a 
curto prazo, responsável pela ingestão de 
alimento, regulando a fome. Esta resposta é 
mediada por núcleos presentes no hipotálamo 
ventromedial, onde se localiza o centro da 
saciedade, e pelo centro da fome localizado no 
hipotálamo lateral. 
Atualmente são usados como estimulantes do 
apetite: 
• Vitaminas do complexo B: são 
importantes para a manutenção do 
apetite, além de participarem do 
metabolismo de carboidratos, proteínas e 
gorduras 
• Esteroides anabolizantes: aumentam a 
retenção do nitrogênio fornecido pela 
alimentação contribuindo para a 
manutenção do apetite 
• Zinco: acredita-se que este elemento seja 
necessário para a acuidade do paladar, 
uma vez que a inapetência é uma 
característica importante e precoce na 
deficiência de zinco 
• Anti-histamínicos H1: em particular a 
buclizina e a cipro-heptadina (que também 
bloqueia receptores da serotonina do tipo 
2A – 5 HT2A) são empregados como 
orexígenos, Em Medicina Veterinária a 
cipro-heptadina é recomendada para cães 
e gatos na dose de 0,2 a 0,5 mg/kg, por via 
oral, 10 a 20 min antes da alimentação 
DEMULCENTES, PROTETORES DE 
MUCOSA, EMOLIENTES, 
ADSORVENTES E ADSTRINGENTES 
Muitas vezes demulcente e protetor de mucosa 
são usados como sinônimos, referindo-se a 
medicamentos empregados para lubrificar, 
recobrir, proteger ou aliviar a irritação da mucosa 
do trato gastrintestinal. Demulcentes são 
substâncias de alto peso molecular cujos efeitos se 
fazem nas primeiras porções do sistema digestório 
(da boca até o estômago); enquanto protetores de 
mucosa são substâncias insolúveis e 
quimicamente inertes que atuam nas porções 
finais dele. 
Dentre os demulcentes/protetores de mucosa 
com ação no sistema digestório tem-se: 
fitoterápicos, como as folhas de Maytenus ilicifolia 
e M. aquifolia (vulgarmente conhecida como 
espinheira-santa); ágar (obtida de algas); celulose 
e derivados; açúcares (sacarose, lactose, mel); e 
proteínas (gelatina, albumina). 
Adsorventes são substâncias que, mediante forças 
eletrostáticas, atraem outras (adsorvato), fixando-
as sobre sua superfície. O carvão ativado é o mais 
eficiente adsorvente conhecido. Em caso de 
intoxicação faz-se uma preparação contendo 1 g 
de carvão para 3 a 5 mℓ de água; administra-se 
essa preparação, por via oral, considerando 1 a 3 g 
de carvão por quilo de peso corpóreo. O 
tratamento com carvão é limitado a 48 h devido 
ao risco de ocorrência de formação de concreções 
intestinais, levando a obstrução, desidratação e 
distúrbios eletrolíticos. 
CARMINATIVOS, ANTIFISÉTICOS, 
ANTIFLATULENTOS E 
ANTIESPUMANTES 
São medicamentos que facilitam a eliminação de 
gases contidos no sistema digestório ou dificultam 
a formação de espuma nos líquidos digestivos que 
aprisiona os gases no seu interior. 
Os antiespumantes são medicamentos que, em 
pequenas quantidades, alteram a tensão 
superficial dos líquidos digestivos, impedindo a 
formação de bolhas ou rompendo as já formadas; 
assim, favorecem a eliminação de gases do 
sistema digestório por meio das eructações ou dos 
flatos. São usados com esta finalidade polímeros 
do silicone, que são compostos semi-inorgânicos 
cuja estrutura é formada de átomos de silício e de 
oxigênio, alternados com vários grupos orgânicos 
ligados ao átomo de silício. O silicone 
metilpolimerizado é um líquido translúcido, não 
volátil, quimicamente inerte, insípido e não tóxico. 
 
 
 
Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses 
@RebecaWoset 
No Brasil é encontrada a dimeticona (ou 
simeticona) em várias especialidades 
farmacêuticas de uso para a espécie humana 
(Luftal®, Silidron®) e em veterinária (Panzinol®, 
Timpanol®, Ruminol® – associação com 
metilcelulose). Os produtos de uso veterinário têm 
concentração entre 2 e 5%, sendo administrados 
de 50 a 100 mℓ, dependendo da concentração. 
Ainda, como antiespumante, é encontrado no 
mercado nacional o acetato de acetiltributil (Blo-
Trol®), indicado para ruminantes. 
ANTIÁCIDOS 
São medicamentos que aumentam o pH gástrico, 
neutralizando o ácido clorídrico (HCl) liberado 
pelas células do estômago (células parietais). 
Os antiácidos podem ser divididos em 2 grupos: 
sistêmicos e não sistêmicos. Os antiácidos 
sistêmicos podem ser absorvidos no sistema 
digestório e exercer este efeito no organismo do 
animal, ao passo que aqueles não sistêmicos 
exercem seu efeito fundamentalmente no 
estômago. 
Como sistêmicos temo o bicarbonato de sódio e 
dentre os não sistêmicos os mais utilizados são os 
sais de magnésio, cálcio e alumínio. 
EMÉTICOS 
A êmese é acompanhada de uma série de 
alterações orgânicas; inicia-se pela abolição da 
motilidade gástrica (fase de náuseas no homem), 
seguida pelo fechamento do piloro, abertura da 
cárdia, contração simultânea do diafragma e 
musculatura abdominal, permitindo a expulsão do 
conteúdo gástrico para a boca. O vômito é, ainda, 
precedido ou simultaneamente acompanhado de 
sialorreia, aumento da secreção do sistema 
respiratório, da tosse, queda de pressão arterial, 
sudorese, taquicardia e respiração irregular. 
Em algumas espécies animais, a êmese não ocorre, 
como em equinos, ruminantes, roedores, cobaias 
e coelhos. 
Os eméticos podem ser irritantes ou de ação 
central. Os primeiros produzem irritação da 
mucosa gástrica e, consequentemente, induzem o 
vômito; são usadas com esta finalidade soluções a 
1% de sulfato de cobre ou sulfato de zinco. Os 
efeitos obtidos com a administração destes 
eméticos irritantes ocorrem entre 15 e 30 min. 
A água oxigenada 10 V (peróxido de hidrogênio a 
3%) administrada por via oral, nesta concentração 
causa o vômito reflexo, por distensão estomacal; 
concentrações maiores podem induzir quadros 
eméticos graves. Geralmente, administrada na 
dose de 1 a 2 mℓ/kg, o vômito ocorre após 10 min; 
a dose pode ser repetida caso não ocorra o vômito 
no período de 20 min após a primeira 
administração. 
A xilazina quando administrada por via subcutânea 
ou intramuscular, pode também causar vômito 
dentro de poucos minutos após a administração, 
particularmente em gatos. A dose de xilazina para 
indução de vômito em gatos é de 0,05 mg/kg, 
sendo inferior àquela usada para a pré-anestesia 
ou sedação (1 a 2 mg/kg). Os antagonistas de 
receptores α2-adrenérgicos, como a ioimbina, 
podem rever o efeito emético da xilazina. 
ANTIEMÉTICO 
Alimentos de fácil digestão, de consistência 
pastosa e frios podem exercer um certo efeito 
sedante sobre a mucosa gástrica, da mesma forma 
que soluções com anestésicos locais (lidocaína) 
administradas por via oral. 
Agentes anticolinérgicos, pelo fato de reduzirem 
as secreções e a motilidade do sistema digestório, 
podem também apresentar efeito antiemético. 
A piridoxina (vitamina B6) tem mostrado também 
exercer efeito antiemético, porém não se 
conhecem os mecanismos envolvidos. 
Alguns anti-histamínicos H1, como o 
dimenidrinato (Dramin®), a difenidramina 
(Benadryl®) e a meclizina (Meclin®) têm efeito 
antiemético. Esses medicamentos reduzem os 
impulsos provenientes do aparelho vestibular 
(onde há receptores H1), que atingem o centro do 
vômito e também bloqueiam receptores H1 da 
zona deflagradora dos quimiorreceptores. Os cães 
possuem maior número de receptores H1 na zona 
 
 
 
Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses 
@RebecaWoset 
deflagradora do que os gatos e, por isso, 
respondem melhor ao efeito antiemético dos anti-
histamínicos. 
Os bloqueadores de receptores dopaminérgicos 
como a metoclopramida (citada anteriormente 
como pró-cinético), a bromoprida (Bromogex®, 
Fágico®, Pangest) e a domperidona (Motilium®, 
Peridal®) são potentes antieméticos, além de 
favorecerem o esvaziamento gástrico. Estesmedicamentos são desprovidos de efeitos 
sedativos. O efeito antiemético é atribuído ao 
bloqueio dos receptores dopaminérgicos da zona 
deflagradora dos quimiorreceptores, cuja 
estimulação induz a êmese; também são capazes 
de evitar o vômito induzido por estímulos que 
atingem diretamente o centro do vômito. 
Os antagonistas de receptores da serotonina do 
tipo 3 (5-HT3) são antieméticos mais potentes que 
os anteriormente citados; são classificados de 
acordo com a afinidade sobre os receptores de 5-
HT3 em de primeira geração (ondansetrona – 
Vonau®, Zofran®; dolasetrona – Anzemet®; 
granisetrona – Kytryl®; e tropisetrona – Navoban®) 
e de segunda geração (palonosetrona – Onicit®), 
cuja afinidade ao receptor é maior que a dos 
demais. Os antagonistas de 5-HT3 são 
especialmente eficazes no controle da êmese 
aguda, porém, com menor ação sobre a êmese 
tardia. O efeito antiemético é consequência do 
bloqueio de receptores 5-HT3 da zona 
deflagradora dos quimiorreceptores e daqueles 
localizados perifericamente nos terminais 
nervosos vagais. A ondansetrona é a mais usada 
em Medicina Veterinária; dose em cães é de 0,1 
mg/kg intravenosa, 2 a 3 vezes/dia, ou 0,5 a 1 
mg/kg, por via oral, ou ainda, 0,5 mg/kg, por via 
intravenosa, seguida de 0,5 mg/kg/h, em infusão 
intravenosa de 6 h. Em gatos, a ondansetrona 
pode ser usada na dose de 0,1 a 0,2 mg/kg, por via 
subcutânea, 3 vezes/dia, ou 0,1 a 1 mg/kg, por via 
oral, 1 ou 2 vezes/dia. A mesma dose de infusão 
usada em cães pode ser também utilizada em 
gatos. 
Os antagonistas de receptores de neurocinina-1 
(NK1) são a mais recente classe de antieméticos. 
Os antagonistas de receptores NK1 disponíveis no 
comércio para uso como antiemético são o 
apretitanto (Emend® linha humana) e 
maropitanto (Cerenia® produto veterinário). O 
maropitanto é indicado para cães na prevenção de 
náuseas induzidas pela quimioterapia, para a 
prevenção da cinetose e na prevenção e no 
tratamento do vômito, na dose de 2 a 8 mg/kg via 
oral a cada 12 a 24 h. Os bloqueadores de NK1 
podem ser utilizados em combinação com 
antagonistas de 5-HT3 e corticosteroides. 
ANTIDIARREICOS 
Os antidiarreicos podem ser classificados em 2 
grupos: depressores da motilidade e adsorventes 
e/ou protetores de mucosa. 
Dentre os depressores da motilidade intestinal 
destacam-se os anticolinérgicos e os 
opiáceos/opioides. Os primeiros, como atropina 
(hiosciamina), escopolamina (hioscina), 
homatropina, propantelina, metantelina e 
glicopirrolato, são exemplos de agentes usados 
como antidiarreicos que atuam diminuindo a 
motilidade e as secreções do sistema digestório. 
CATÁRTICOS 
Catárticos são medicamentos que favorecem a 
eliminação das fezes. São chamados de purgantes 
quando promovem a eliminação de fezes de 
consistência diarreica e de laxantes quando as 
fezes têm consistência normal. 
Os catárticos podem ser classificados em 4 grupos: 
• Catárticos emolientes ou lubrificantes: 
lubrificam e amolecem as fezes, impedindo 
a sua dessecação; exercem efeito 
sobretudo laxante. Neste grupo 
encontram-se os óleos mineral e vegetais e 
os docusatos. O óleo mineral (parafina 
líquida, vaselina líquida ou óleo de 
parafina) quando administrado por via 
oral, tem efeito laxante; não é digerido e 
praticamente não é absorvido pelo 
organismo. Quando usado por 2 a 3 dias, 
este óleo penetra nas fezes, amolecendo-
as, e, por recobrir a mucosa intestinal, 
pode reduzir a absorção de água. 
 
 
 
Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses 
@RebecaWoset 
• Catárticos osmóticos ou salinos: são 
pouco e lentamente absorvidos, 
exercendo atividade osmótica no lúmen 
intestinal, assim atraindo água para esta 
região; com isto há distensão das fibras 
musculares lisas intestinais e, 
reflexamente, aumentam o peristaltismo, 
produzindo efeito laxante ou purgante, 
dependendo da dose. Fazem parte deste 
grupo sais de magnésio (sulfato, hidróxido, 
citrato), sais de sódio (sulfato, fosfato, 
tartarato), lactulose, glicerina e sorbitol. Os 
sais são usados em soluções hipertônicas, 
administradas por via oral; dentre estes, o 
de uso mais frequente é o sulfato de 
magnésio (chamado também de sal 
amargo ou de Epsom), seguido do sulfato 
de sódio (sal de Glauber). Recomenda-se, 
para monogástrico, a administração entre 
5 e 15 g de sulfato de sódio, sendo que 
dose menor tem efeito laxante e 
aumentando-se a dose, ocorre efeito 
purgante. O efeito laxante do sulfato de 
magnésio é obtido em bovinos com 60 a 
120 g, equinos 30 a 60 g, ovinos 7 a 15 g e 
suínos 15 a 30 g; efeito purgante em 
bovinos tem-se com o uso de 240 a 480 g e 
em ovinos 60 a 120 g. O efeito 
predominante destes sais é exercido no 
intestino delgado; em monogástricos o 
efeito é observado normalmente entre 3 e 
12 h e em ruminantes ao redor de 18 h. 
O óleo de rícino tem efeito preponderantemente 
purgante, sendo este efeito observado em 
pequenos animais entre 4 e 8 h e em equinos entre 
12 e 18 h; em cães usam-se 4 a 30 mℓ, enquanto 
em potros, bezerros e suínos, 30 a 180 mℓ de óleo 
de rícino. 
HEPATOPROTETORES 
Fazem parte deste grupo os agentes 
hepatotrópicos (possuem afinidade especial pelo 
fígado) e os agentes lipotrópicos (apressam a 
remoção de lipídios ou reduzem sua deposição no 
fígado. 
Colina: é um agente considerado lipotrópico; 
acredita-se que possa promover a conversão da 
gordura hepática em fosfolípídios que contêm 
colina, os quais podem ser transferidos mais 
rapidamente do fígado para o sangue, evitando, 
assim, a esteatose hepática (degeneração 
gordurosa). A colina também é essencial para a 
síntese de fosfolipídios presentes nas membranas 
celulares (são lipoproteicas). 
Lecitina e betaína: são agentes lipotrópicos que 
contêm colina, liberando-a por hidrólise. 
Metionina: é doadora do radical metila, 
favorecendo, desta maneira, a metilação de 
diferentes substâncias químicas (medicamentos, 
agentes tóxicos etc.), visando facilitar sua 
eliminação do organismo. 
Silimarina: age como estabilizador das 
membranas dos hepatócitos, inibindo a 
lipoperoxidação desencadeada por radicais livres 
(ação antioxidante) 
Vitamina B12: é agente lipotrópico, que favorece a 
síntese proteica hepática. 
Vitamina E (α-tocoferol) e selênio: acredita-se 
que ambos teriam efeito antioxidante e, por isso, 
seriam medicamentos antinecróticos. 
REFERÊNCIAS 
Spinosa, Helenice de, S. et al. Farmacologia 
Aplicada à Medicina Veterinária, 6ª edição 
Riviere, Jim E., e Mark G. Papich Adams Booth - 
Farmacologia e Terapêutica Veterinária. Grupo 
GEN, 2021.

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