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Citopatologia e Histologia Básica do Colo Uterino

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Prévia do material em texto

CITOLOGIA E HISTOPATOLOGIA BÁSICAS 
 DO COLO UTERINO 
PARA GINECOLOGISTAS 
 
 
“Uma sessão de slides” 
 
 
Samuel Regis Araújo 
 
 
 
 
A mente aprende melhor por imagens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prefácio 
 
 
 
 O diagnóstico é o desafio central de toda clínica. Este atlas é produto do esforço médico em 
busca do diagnóstico das lesões comuns à sua clínica cotidiana. 
 Samuel Regis Araujo utiliza sua experiência em citologia e histopatologia para ilustrar os 
problemas da prática em rastreamento e detecção das lesões cervicais inflamatórias e neoplásicas. 
A diagnose é a verdadeira praxis, enquanto síntese entre a teoria e a prática científica. Samuel 
Regis Araujo sorveu seu conhecimento das melhores fontes acadêmicas e garimpou com carinho na 
sua prática cotidiana as imagens que ilustram esta preciosa obra. Penso que Samuel é determinado 
para essa tarefa de sistematização do “saber fazendo”, sendo peça muito produtiva em sua função, 
que exerceu desde o início, dentro do Controle de Qualidade do Programa de Controle do Câncer 
do Colo do Útero do Estado do Paraná, programa que em nossa empreitada na Saúde Pública do 
Paraná, através do Governo do Estado, sempre foi assumida de forma compartilhada com as 
instituições, com os profissionais e com os cidadãos, homens e mulheres protegendo a vida. Devo 
portanto registrar nossa gratidão por contarmos com a dedicação laboriosa de tantos artesãos da 
Saúde, e em especial pela colaboração das Secretarias Municipais de Saúde e do Movimento de 
Mulheres no aperfeiçoamento contínuo do Programa de Controle do Câncer do Colo do Útero em 
todo o Estado do Paraná. 
 
 Mais Saúde e Cidadania! 
 
 
 
 
 Armando Raggio 
 
 Secretário de Estado da Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O desenvolvimento da Patologia, disciplina que estuda as doenças, recebeu enorme 
impulso neste século com o advento de inúmeras técnicas laboratoriais diagnósticas. Dentre estas, 
destaca-se o Teste de Papanicolaou, que revolucionou a detecção precoce e prevenção do Câncer 
do colo uterino. Atualmente temos a grata satisfação de presenciar o profundo envolvimento da 
Associação Paranaense de Patologia, Sociedade Brasileira de Patologia e Sociedade Brasileira de 
Citologia em campanhas sociais para o controle do câncer do colo do útero. Desta forma, além dos 
ginecologistas, os citotécnicos, médicos patologistas e citopatologistas de nosso país irão receber 
com júbilo este livro elaborado com profundo zêlo e capricho pelo Dr. Samuel Regis Araujo, médico 
patologista com larga experiência na área de citopatologia. A estrutura geral desta publicação utiliza 
o principal critério diagnóstico para o patologista: IMAGENS. Sendo assim o leitor irá encontrar uma 
ilustração de excelente qualidade cobrindo todos os aspectos da citologia cérvico-vaginal oncótica e 
de microflora, substrato indispensável para a interpretação correta de preparados citológicos. Além 
disto, um ponto importante da presente publicação é a correlação da citologia com achados 
histológicos e colposcópicos, permitindo que tenhamos um visão clínica completa das diversas 
situações estudadas. Sendo assim, tenho certeza que o presente atlas será de grande valia como 
livro de cabeceira para todos os profissionais dedicados ao diagnóstico e prevenção das lesões 
cervico-vaginais. 
 
 
 
 
 Luiz Fernando Bleggi Torres 
 
 Professor Titular de Anatomia Patológica da UFPR 
 Presidente da Associação Paranaense de Patologia 
 Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Neste final de século,no qual o Paraná finalmente acordou para uma efetiva prevenção do 
câncer do colo uterino, como instrutor junto ao Programa Estadual Protegendo a Vida, pude 
observar o ganho que houve com a participação direta da Associação Paranaense de Patologia, da 
qual o Dr. Samuel Regis Araujo é um dos fundadores. Nestes três últimos anos, esse Programa 
permitiu, no nosso Estado, um espetacular salto na cobertura da citologia oncótica de Papanicolaou 
sob um prisma de coleta ideal e total controle de qualidade dos resultados. Essa experiência 
paranaense veio mostrar o precioso intercâmbio entre os ginecologistas e patologistas, que sem 
dúvida nenhuma vai ser ainda mais sedimentada com a presença desta obra. 
 O presente livro preenche um espaço até então inexistente na literatura médica nacional. 
Diversas vezes, ao receber a incumbência de dar aula sobre o tema “Patologia Cervical”, sonhei em 
poder apresentar junto com imagens colposcópicas as correspondentes citologias e histologias. 
Este livro, apropriadamente denominado de “uma sessão de slides” vem de encontro a este sonho. 
Ao presenciar uma alteração cervical, podemos colocar lado a lado os indissociáveis elos 
necessários para compreender as neoplasias intraepiteliais cervicais: citologia e histologia. É um 
obra didática, objetiva e atual. A maneira com que são descritas as alterações do colo, permitem ao 
clínico o conhecimento preciso e essencial para traçar um plano de tratamento e seguimento das 
pacientes. 
 A sabedoria em elaborar um obra oportuna e útil não é obra do acaso. Há muitos anos 
vivenciamos o interesse pessoal do autor pela Patologia Cervical. A sua perspicácia científica em 
elaborar métodos de apresentação de imagens em seus laudos o tornou um pioneiro. Mas 
aprendemos também que há muito para pesquisar e alegro-me com a oportunidade de poder expor 
imagens de Cervicografia, método inédito no Brasil que está sendo implementado no nosso meio. 
 Olson e Nichols disseram “o ginecologista que não usa colposcópio é como o astrônomo 
que continua a observar as estrêlas sem usar o telescópio”. A esta frase acrescentaria que olhar e 
imaginar a estrutura citológica e histológica é estar muito perto de alcançar as estrêlas com a ponta 
de nosso dedo. Nesta obra podemos exercitar esse sonho, contemplando e revendo as imagens 
tantas vezes quantas quisermos em um laudo citológico. 
 
 
 
 Edison Luiz Almeida Tizzot 
 
 Professor do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná 
 Diretor da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A idéia de criar este despretensioso livro surgiu durante a realização de algumas sessões de 
slides, em 1996, para grupos de ginecologistas, quando alguns deles, amigos pessoais meus, 
sugeriram que eu aproveitasse as inúmeras imagens do curso e organizasse uma apostila ou um 
pequeno livro básico sobre cito e histopatologia de colo uterino, mas “algo assim como estas 
sessões, com figuras bem representativas e comentários sucintos, com conceitos bem 
estabelecidos, sem visar ser um tratado, que em geral de tão maçantes são postos de lado na 
prateleira”. A idéia me empolgou e assim, após 2 anos de intenso trabalho, eis aqui “uma sessão de 
slides” em forma de livro. Espero que gostem. 
 Toda as imagens de citologia e de histologia são fruto de laboriosa documentação que 
implementei em meu serviço particular, ao longo de 20 anos de atividadecotidiana, cabendo aqui o 
meu mais legítimo agradecimento aos numerosos colegas ginecologistas que, prestigiando meu 
trabalho com sua confiança, me possibilitaram retribuir com este livro. Igualmente procurei embasar 
o texto em conceitos sempre atualizados, pertinentes e cuidadosamente pesquisados em fontes 
consagradas. Agradeço ao colega Edison Tizzot as imagens de colposcopia e cervicografia que tão 
gentilmente cedeu para fins ilustrativos. 
 
Agradeço particularmente à minha esposa Sandra, bioquímica, minha parceira e sócia, cuja 
excelência em administrar nosso laboratório me permitiu ocupar preciosas horas ao elaborar este 
livro. 
 
 
 
 Curitiba, 30 de Janeiro de 1999 
 
 
 
 Samuel Regis Araújo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
Araújo, Samuel Regis, 1953- 
 
 Citologia e Histopatologia Básicas do Colo Uterino para Ginecologistas: “Uma 
Sessão de Slides”: A mente aprende melhor por imagens/ Samuel Regis Araujo - 
Curitiba: VP Editora, 1999. 
 
 100.:il.color. 
 
 Inclui bibliografia 
 
 1. Colo Uterino. 2. Útero. I. Título. 
 
__________________________________________________________________ 
 
 AACR2 
 618.14 CDD 20.ed. 
 618.14 CDU 
 
S. E. S. CRB-9/755 
 
 
 
 
 
 
O autor: Samuel Regis Araujo é médico formado pela Universidade Federal do 
Paraná e patologista pela Universidade de São Paulo. 
Email: sraraujo@uol.com.br. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
Índice Aspectos normais .............................................. 1 
 
 Epitélio escamoso ............................................. 6 
 
 Mucosa endocervical ........................................ 7 
 
 A colpocitologia durante o ciclo ...................... 10 
 
 Células endocervicais ...................................... 11 
 
 Muco cervical .................................................. 15 
 
 Células endometriais ........................................ 17 
 
 Trofismo .......................................................... 19 
 
 Inflamação ....................................................... 20 
 
 Alterações inespecíficas .................................... 23 
 
 Halos ................................................................ 25 
 
 Metaplasia escamosa ........................................ 26 
 
 Polipo endocervical .......................................... 33 
 
 Mosaico ........................................................... 34 
 
 Leucoplasia ...................................................... 36 
 
 Flora vaginal .................................................... 38 
 
 Vírus do Herpes Simples (HSV) ........................ 54 
 
 Vírus do Papiloma Humano (HPV) .................. 56 
 
 SIL / NIC (Displasias) ...................................... 65 
 
 ASCUS, AGUS ................................................ 75 
 
 Carcinoma escamoso invasor ........................... 76 
 
 Adenocarcinoma .............................................. 81 
 
 Classificações ................................................... 84 
 
 Evolução .......................................................... 85 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1 - Colo uterino*. 
 
 
 figura acima mostra o colo uterino, assunto de nosso livro, do qual por isso vamos relembrar 
alguns detalhes. O colo se constitui no segmento inferior do útero. A porção que vemos 
proeminar no fundo vaginal denomina-se porção vaginal ou ectocervical e a porção acima, porção 
supra-vaginal. No centro vemos o orifício ou óstio cervical externo (OCE), no caso circular, próprio 
da nulípara, que guarda continuidade com o canal cervical (ou endocervical) que se encerra ao 
atingir o ístmo, num hipotético orifício cervical interno (OCI). A área do colo situada acima do OCE 
(voltada para a púbis) é chamada de lábio cervical anterior (LCA) e área abaixo (voltada para o 
sacro) o é de lábio cervical posterio (LCP). Esta porção é mais ampla que a anterior, com a deflexão 
da parede vaginal aprofundando-se no fundo de saco vaginal (FSV) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Imagem de cervicografia (Dr. Edison Tizzot). 
 
Página 1 
Aspectos normais 
 
A 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 2 - Esquemas de colo uterino, de frente e de perfil. 
 
 
a figura 2, vemos a representação esquemática do colo uterino, básicamente com a forma de 
cilíndro ou cone, com o canal cervical ao centro. À esquerda, vemos o encontro dos dois tipos 
de mucosa, a ectocervical, representada em rosa - claro, com epitelio escamoso, mais espesso e 
portanto menos avermelhado porque vemos menos o sangue presente nos vasos do corion abaixo 
do epitelio e na parte central a mucosa endocervical ou glandular, muito avermelhada porque tem 
epitélio bem menos espêsso, deixando ver melhor os vasos sanguíneos através dele. É neste 
encontro das mucosas de tipos escamoso e colunar, dita Junção Escamo-Colunar (JEC) que se 
desenvolve a Zona deTransformação (ZT), (transformação de uma mucosa em outra, a glandular 
podendo se transformar em escamosa), considerada área de risco nos eventos que levam ao 
desenvolvimento do câncer de colo uterino. Finalmente, em verde, vemos representado já o 
encontro com o endométrio (área ístmica ou de transição). Em esfregaços podemos ver 
ocasionalmente células endometriais normais, fora do período menstrual, a partir desta área, 
principalmente nos dias atuais, com a universalização da colheita com escôvas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Página 2 
Aspectos normais 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 3 - Junção escamo-colunar em colo com ectrópio extenso*. 
 
 
sta é uma imagem comum do colo uterino, tomada com o forçamento da eversão durante exame 
especular, em que se nota perfeitamente a transição entre os dois tipos de mucosa, a interior, 
glandular, mais avermelhada devido à maiorfacilidade com que vemos o seu conteudo vascular e 
com a secreção de muco e a externa, escamosa, mais opaca e mais clara, devido à sua maior 
espessura, com mais camadas celulares. É exatamente a área de transição entre as duas mucosas 
que seria a região mais sujeita à incidência previsível de carcinomas do colo uterino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Imagem de cervicografia (Dr. Edison Tizzot). 
 
Página 3 
Junção Escamo - Colunar 
 
E 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 4 - Representação esquemática da Junção Escamo - Colunar. 
 
 
izemos a representação acima com o intuito de demonstrarmos a irregularidade de contornos 
que normalmente apresenta a Junção Escamo-Colunar, não se constituindo na realidade uma 
linha contínua, mas sim um limite irregular, em constante mutação e evolução, frequentemente com 
reentrâncias, proeminências e ilhas de um tipo de mucosa em meio a outro. Procuramos também 
chamar a atenção para real configuração 3-D (três dimensões), com o epitélio escamoso por vêzes 
atingindo vários mm de espessura e mais ainda o endocervical, com glândulas mergulhando fundo 
no estroma fibro-muscular cervical (temos visto e medido glândulas a mais de 10 mm da superfície 
do canal). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Página 4 
Relações entre as mucosas 
 
F 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 Figura 5 - Junção escamo-colunar (JEC). 
 
 
 figura mostra de modo bastante claro a transição abrupta que existe normalmente entre os dois 
tipos de mucosa do colo uterino, observando-se à esquerda o epitélio escamoso, com múltiplas 
camadas celulares (didáticamente separadas em profunda, intermediária e superficial - PIS) 
encontrando-se de tão de sopetão com a mucosa endocervical, recoberta virtualmente por uma só 
camada de células mucosas, que práticamente faz-se um degrau entre elas, fato percebido 
nitidamente na colposcopia. Vê-se também claramente porque ao se observar o colo uterino, a 
mucosa ectocervical é mais clara, menos avermelhada que a endocervical, pois sendo o epitélio da 
última constituído por práticamente uma só camada celular, bem menos espêsso, deixa com que 
vejamos com mais intensidade a cor do conteúdo dos vasos sanguíneos presentes abaixo, no 
córion.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Junção escamo - colunar 
 
A 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
Firgura 6 - Epitélio escamoso / células escamosas Profundas, Intermediárias e Superficiais (PIS). 
 
 
emos na imagem acima o tecido epitelial que reveste a ectocérvix e a vagina, se constituindo 
em epitélio pluriestratificado, escamoso (de células achatadas ou “escamas” na sua superfície), 
muito parecido com a epiderme, sendo que à diferença desta, não apresenta queratinização na 
porção mais alta e igualmente não exibe anexos. O seu crescimento é hormônio-dependente, 
alterando-se com o ciclo menstrual. É didáticamente dividido em 3 camadas, com diferenciação de 
baixo para cima, cujo protótipo celular correspondente visualizamos no quadro à direita: camada 
profunda (P), de células basais e parabasais pequenas, arredondadas; camada intermediária (I), de 
celulas tendendo a poligonais, com vacúolos de glicogênio; e camada superficial (s), de células 
descamantes, definitivamente poligonais, bastante achatadas e já sem vacúolos, de propriedades 
tintoriais diferentes, corando -se, pelo Papanicolaou, de róseo ou alaranjado. Fica fácil se 
correlacionar que do equilíbrio entre estas 3 camadas (PIS) se infere o efeito hormonal sobre este 
epitélio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Epitélio escamoso 
 
V 
 
Página 6 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 7 - Representação esquemática da mucosa endocervical. 
 
 
 topografia da mucosa endocervical, principalmente a nível do canal cervical é complexa, São 
vistas numerosas pregas, principalmente longitudinais, estando presentes também 
comunicações transversas. Em geral são varias, algumas rasas, outras profundas, por vêzes 
atingindo até vários milímetros para dentro. Tendo em vista este complexo topográfico, muitos 
autores inferem que não haveria glândulas verdadeiras na endocérvix, apenas pregas e dobras. 
Contra isso falam a visão colposcópica dos óstios glandulares, perfeitamente identificáveis quando 
do processo de metaplasia do epitélio de revestimento e também a formação dos cistos de retenção 
da secreção glandular (Cistos de Naboth), que para se formarem implicam mais em estrutura 
fechada, com presença de corpo glandular e seu óstio por onde se faz a secreção do muco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Mucosa endocervical 
 
A 
 
Página 7 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 8 - Mucosa endocervical. 
 
 
 mucosa glandular, dita endocervical, embora na prática, com o ectrópio ou eversão fisiológico 
seja vista tambem na ectocérvix anatômica é de relêvo irregular, com pregas e ondulações, 
depressões e, acreditamos, glândulas verdadeiras. Torna-se por vêzes difícil distinguí-las e 
diferenciá-las de tantas dobras ramificadas. Já em situações em que sua secreção é interrompida, 
como nos cistos de Naboth e na ocupação por metaplasia escamosa podemos perceber claramente 
sua topografia. O epitélio endocervical é formado por uma única camada de células colunares, muco 
- secretoras, sendo vistas em porção basal, espremidas entre as outras, raras células pequenas, de 
núcleos arrendondados, chamadas células de reserva, a partir das quais, se acredita, se origina a 
metaplasia escamosa. O epitélio endocervical é também responsivo ao ciclo hormonal da mulher, 
em fase proliferativa apresentando aspecto essencialmente colunar, com núcleos a meio caminho 
do ápice, como vemos na imagem acima. Já na segunda fase a célula torna-se bojuda pela 
secreção do muco, que empurra o núcleo para a base. São vistas ainda raras células ciliadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Mucosa endocervical 
 
A 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 9 - Glândulas endocervicais. 
 
 
s glândulas endocervicais são longas, tubulares, racemosas, frequentemente comunicando-se 
parcialmente com outras na sua porção mais superficial. Algumas mergulham muito 
profundamente no estroma cervical (temos encontrado, em nossas medidas, glândulas 
endocervicais, em tudo normais, a mais de 10 mm da superfície do canal cervical). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Glândulas endocervicais 
 
A 
O encontro de glândulas endocervicais situadas assim tão profundas lança-nos sérias dúvidas a 
respeito do alcance do tratamento de áreas suspeitas por cauterização, uma vêz que podemos 
encontrar alterações ocasionalmene até da gravidade de Carcinoma “in situ” profundamente nas 
glândulas (vide figuras 71 e 72). 
 
 
Página 9 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 10 - O esfregaço cérvico - vaginal ao longo do ciclo menstrual. A partir do alto e esquerda, 
 primeira semana, pico,terceira semana e fim de ciclo. 
 
omo já havíamos frisado anteriormente, o epitélio escamoso da vagina (e também do colo 
uterino) tem crescimento hormônio-dependente, básicamente induzido pelo estrogênio e 
ajudado em sua diferenciação pela progesterona, refletindo o seu balanço ao longo do ciclo 
menstrual. Após a descamação do período de fluxo, o epitélio encontra -se baixo, com muitas 
celulas intermediárias e poucas superficiais, como vemos ao alto, à esquerda. Na próxima figura, ao 
alto e direita, vemos já o esfregaço representando aproximadamente no meio do ciclo, o epitélio com 
seu maior desenvolvimento, com numerosas células de tipo superficial. Já em baixo, esquerda, após 
o pico de estrogênio, começa a haver preponderânica da progesterona, refletindo -se isso no 
material, com vários efeitos típicos deste fenômeno como a predominância de células 
intermediárias, com a tendência de aglomeração celular, com dobramento de seus bordos. Por 
último, em baixo e à direita, esfregaço de final de ciclo, descamativo, com citólise fisiológica. 
A colpocitologia durante o ciclo menstrual 
 
 
C 
 
 
 
Página 10 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 11 - Células endocervicais vistas de cima, à esquerda e à direita, de perfil. 
 
 
lemento característico dos esfregaços cérvico-vaginais, as células endocervicais são usadas 
hoje em dia como marcadores de que a colheita do material foi efetivamente bem realizada, 
tendo sido representada a área crítica da Junção Escamo-Colunar ou JEC, além da própria 
representação celular da mucosa glandular, sede de origem, ainda que com pequena porcentagem 
do total, de neoplasias malignas no colo uterino. São vistas em geral em belos arranjos, 
clássicamente definido em “colméia” ou “favo-de-mel” quando vistos de cima e em “paliçada” ou 
“cêrcas” quando visualizadas de lado. Com bem menos intensidade que o epitélio escamoso 
refletem também as variações do ciclo menstrual, com alterações em sua coloração e na posição do 
núcleo no citoplasma em função da secreção do muco, que se faz apical na fase secretora, com 
deslocamento do núcleo para a base da célula. Note na imagem da direita, a presença de hemácias, 
pois em geral sempre há pequeno sangramento nas colheitas feitas com escovinhas, como ocorreu 
com este material. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Células endocervicais 
 
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 Figura 12 - Células endocervicais, fase secretora. 
 
 
s células endocervicais são ocasionalmente responsáveis por arranjos belíssimos vistos nos 
esfregaços cérvico - vaginais. Como foi dito anteriormente, refletem de maneira mais tênue as 
variações do ciclo menstrual, tendo na primeira fase forma de taça, com núcleo em posição 
intermediária e evidenciando pouca secreção mucosa no seu citoplasma. Já na segunda fase, por 
vêzes basta - nos um relance sobre elas para nos situarmos no ciclo, pois mostram frequentemente 
o quadro visto na imagem acima: células estufadas pelo muco, com núcleos inteiramente basais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Células endocervicais 
 
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Figura 13 - Zona de Transformação, representada na citologia. Vemos nesta imagem, estreitamente 
relacionadas entre si, células endocervicais, células escamosas ecélulas metaplásicas em 
maturação práticamente reproduzindo o encontro tumultuado das duas mucosas. 
 
 
 área considerada crítica na origem do carcinoma de colo uterino é a chamada Zona de 
Transformação (ZT). Como o nome diz, representa exatamente a área em que há a 
transformação de um tipo de mucosa, a glandular, recoberta por epitélio cilíndrico muco-secretor, 
em mucosa de outro tipo, recoberta por epitélio escamoso, mudança esta que se dá básicamente 
pela processo da metaplasia escamosa. Nesta, o epitélio colunar se transforma em epitélio 
escamoso, sendo vistas formas de células de certo modo intermediárias entre estas duas estirpes, 
agregando em si características glandulares como limites mal definidos, citoplasma vacuolizado, e 
já aspectos de células escamosas, como forma poligonal, pontes intercelulares, etc. A Zona de 
Transformação foi essencialmente de definição colposcópica, sendo seu conceito incorporado à 
citologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Zona de Transformação 
 
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 Fig. 14 - Mini-biópsia endocervical. 
 
 
 epitélio de revestimento do canal cervical é constituído normalmente por uma só camada de 
células colunares com alta adesividade entre si. Por isso, durante a colheita de material 
endocervical com escôvas, mesmo as mais macias e mesmo outros dispositivos, muitas vezes, além 
de células isoladas e pequenos grupamentos, são destacados fragmentos relativamente grandes de 
tecido (“mini-biópsias”). Por vezes até mesmo o estroma subjacente é representado. Se por um lado 
isto facilita a interpretação do esfregaço por fornecer dados arquiteturais, normalmente não 
acessíveis no exame citológico, por outro torna-se evidente que ficam no local áreas de 
microulceração, com o córion e seus vasos expostos francamente ao meio vaginal. No caso de 
concomitânica de infecção, são abertas portas perigosas para a que podem permitir a penetração 
de germes nos vasos sanguíneos que estão presentes no córion que se encontra ulcerad
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Mini-biópsias endocervicais 
 
O 
 Por isso, acreditamos que em vigência clínica evidente de infecção ou em gestantes, deve-
se proceder a colheita de material endocervical mais cuidadosamente ou, preferívelmente, evitá-la 
no momento. 
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 Figura 15 - Muco. 
 
 
lemento quase constante nos esfregaços cérvico-vaginais, em maior ou menor quantidade, é o 
muco, originado na secreção das glândulas endocervicais. Frequentemente disposto em 
filamentos mais ou menos espessos, no seu interior vêem-se não raro pequenas bolhas, células 
epiteliais em geral degeneradas e também leucócitos. Como são estes últimos muito frequentes no 
muco, em geral não se os considera muito na avaliação do grau de inflamação presente no 
esfregaço. Por outro lado, como estes leucócitos presentes no meio do muco provêm em geral do 
canal cervical, são mais visados ao se procurar pares de cocos intracitoplasmáticos quando de 
suspeita de gonococcia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Muco cervical 
 
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 Figura 16 - Muco cervical com formação de “folhas de samambaia” na citologia. 
 
 
á outro aspecto muito interessante é quando observamos no esfregaço a cristalização do muco 
com aspecto em “folhas de samambaia”, fato que em geral indica que o material pode estar mal 
fixado, não tendo ocorrido a fixação química mas pelo dessecamento e que, pela facilidade de 
cristalização completa, sugere um bom nível hormonal da paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Muco cervical 
 
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Figura 17 - Células endometriais em fase proliferativa. Observe as células mais externas, 
arredondadas, do epitélio e outras fusiformes do estroma nesta fase. 
 
 
odem ser encontradas no esfregaço cérvico-vaginal células de origem endometrial, tanto 
epiteliais como do estroma, quer em colheitas feitas em colo e vagina quer nas efetuadas com 
escovas. Habitualmente se considera sua presença normal durante o período de fluxo menstrual e 
em menor número também sem anormalidade até o 10º - 12º dias. Nos materiais obtidos com 
escovados endocervicais, pode-se perfeitamente ter células endometriais representadas, em geral 
da região de transição ou ístmica, sem se constituir em algo anômalo, principalmente se forem 
vistas de permeio às endocervicais, indicando efeito mecânico de colheita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Células endometriais 
 
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 Figura 18 - Aglomerado de células endometriais durante o fluxo menstrual. 
 
 
omo foi dito anteriormente, durante o fluxo menstrual, época em que dificilmente se colhe uma 
citologia cérvico-vaginal, podem ser vistas células endometriais em geral em aglomerados, tanto 
do epitélio como do estroma, células coriais e macrófagos, configurando o aspecto clássicamente 
definido como “Êxodo”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Fluxo menstrual 
 
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Figura 19 - Esfregaços trófico e hipotrófico, em cima; em baixo, atrófico (note a descamação em 
grandes placas celulares) e sugestivo de hiperestrogenismo, com práticamente só células 
superficiais. As células do colo uterino não refletem tão bem as alterações hormonais como as das 
paredes vaginais mas, acreditamos, servem perfeitamente para esta avaliação. 
 
ssim como por influência direta do estado hormonal da mulher, o aspecto do esfregaço cérvico- 
vaginal muda durante o ciclo, também apresenta aspectos distintos ao longo da vida da mulher 
conforme haja maior ou menor aporte hormonal e em certos casos, com o excesso ou deficiência 
mantidos prolongadamente. Devemos lembrar sempre a análise de trofismo em laudo citológico 
deve ser sempre correlacionada com a condição clínica da mulher. Lógicamente em crianças e na 
idosa, teremos esfregaços de tipo atrófico - aliás esta palavra “atrófico” refere-se sempre à condição 
do epitélio escamoso, não implicando obrigatóriamente significados de idade ou mesmo de 
senilidade, pois como já sabemos pode ser visto na criança e também no pós parto, 
fisiológicamente. Já o esfregaço hipotrófico, indicando ação hormonal presente mas em baixos 
níveis, pode ser encontrado no climatério e menopausa inicial, na época da menarca, no uso de 
alguns anticoncepcionais hormonais de baixa dosagem ou de depósito de progesterona. Por outro 
lado, o diagnóstico de condição hiperestrogênica é bem mais difícil de se fazer em citologia, pelos 
menos em amostra isolada, estática, uma vez que o pico ovulatório em muitas mulheres provoca 
transitóriamente grande predominância de células superficiais. 
 
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 Avaliação doTrofismo 
 
 
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Figura 20 - Inflamação. À esquerda, vemos simples exsudação leucocitária dispersa no esfregaço, 
não indicando necessáriamente repercussão inflamatória clínica; já acima, à direita, vemos que a 
reação leucocitária permeia nítidamente as células epiteliais, que também mostram alterações de 
coloração próprias de agressão inflamatória. Embaixo, vemos duas chamadas “balas de canhão”, 
duas células epiteliais com tantos leucócitos aderidos que obscurecem totalmente sua estrutura, 
figuras das quais tem sido dito serem características da tricomoníase mas que podem ser vistas em 
qualquer esfregaço inflamatório. 
 
 sempre mandatório, na análise de esfregaços cérvico-vaginais, a par da avaliação oncológica, a 
avaliação e graduação de reação inflamatória celular e leucocitária (exsudativa, pois estamos 
tratando de esfregaços), se existente, assim como de microflora, trofismo e outros achados. Vale a 
máxima de não se sonegar qualquer informação pertintente que auxilie a performance do clínico. É 
simplório, mas dadas as confusões que por vêzes presenciamos, convém lembrar: inflamação não é 
sinônimo de infecção, uma intensa reação inflamatória pode ser inespecífica, sem flora 
demonstrável, assim como podemos ter por ocasiôes infecções intensas com pouca inflamação ou 
mesmo sem ela (por exemplo no caso da Gardnerella vaginalis). 
 
 
 
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 Inflamação 
 
 
 
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 Figura 21 - Inflamação. Repare que a tradução citológica da inflamação não se reflete apenas no 
exsudato, mas também em alterações celulares. Há vacuolização, alteração do padrão de coloração 
com anfofilia (2 cores), além da óbvia interação com o exsudato. 
 
 
requentemente está presente no esfregaço cérvico-vaginal componente inflamatório, 
representado por exsudação leucocitária, em geral de tipo polimorfonuclear neutrofílico e bem 
mais raramente linfocitário (“cervicite folicular” ou “linfocitária”). Devemos considerar tal componente 
em maior ou menor grau práticamente como funcional, uma vêz que colo e vagina são expostos ao 
meio ambiente e sofrem ação de pequenos traumatismo durante o coito, duchas, uso de tampões, 
etc. Devemos ainda lembrar que a presença de exsudato leucocitário é apenas um dos aspectos da 
inflamação como um todo, sendo que são detectáveis alterações celulares que refletem o processo 
inflamatório, com alteração do padrão de coloração das células, vacuolização, dobramento e 
esgarçamento de seus bordos. Além disso, a presença exclusiva de exsudato leucocitário não é 
critério absoluto de avaliação da inflamação, cumpre avaliar também a relação deste exsudato com 
as células epiteliais. No processo inflamatório real há leucócitos mesclados de maneira íntima com o 
epitélio, não apenas dispersos no meio ou agregados ao muco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Inflamação 
 
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 Figura 22 - Inflamação (Endocervicite). 
 
 
os cortes histológicos, como vemos na imagem acima, podemos ver claramente como aparece 
o processo inflamatório. Como em toda atividade inflamatória há hiperemia por vasodilatação 
capilar, edema do córion por extravazamento de líquido e infiltração do mesmo e também do epitélio 
por leucócitos, na reação de tipo agudo, e linfócitos e plasmócitos no tipo crônico, células estas que 
permeiam o epitélio (exocitose) e caem no meio vaginal, onde são detectadas no esfregaço. Aqui 
representamos a mucosa endocervical. Na ectocervical o processo seria semelhante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Inflamação 
 
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 Figura 23 - Alterações inespecíficas do epitélio escamoso ( por ordem, de cima para baixo e da es- 
 querda para a direita - queratinização,disqueratose, paraqueratose, “epidermização” . 
 
 
e considera que o epitélio escamoso cérvico - vaginal, assim como outros epitélios 
pluriestratificados escamosos não queratinizantes, quando sujeito a estímulos de tipo irritativos 
crônicos, desenvolve algumas reações consideradas de defesa, particularmente o seu 
espessamento por acantose, em geral regular, correspondento de modo abrangente à imagem 
colposcópica do mosaico, a queratinização na superfície, que quando intensa representa o epitélio 
branco com relêvo e ainda mais a imagem de leucoplasia. Já a disqueratose é o processo de 
queratinização a nível individual das células. São alterações inespecíficas pois não estão 
associadas a qualquer diagnóstico particular, porém quando associados com outros dados podem 
compor quadro sugestivo de algumas patologias em particular, como por exemplo, no quadro 
citológico da infecção por HPV temos além da característica coilocitose, bi, tri e multinucleação, 
temos também queratinização, paraqueratose e disqueratose. Curioso é o evento da chamada 
epidermização em que temos além do espessamento por acantose e queratinização, a formação de 
camada granulosa como a que existe na epiderme e raramente, até formação de anexos abortivos. 
 
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 Alterações inespecíficas 
 
 
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Figura 24 - Alterações celulares inespecíficas (ao alto e esquerda, queratinização - note a “sombra” 
nuclear no centro das células; à direita, disqueratose; em baixo à esquerda célula paraqueratótica, 
no lado direito disqueratose e paraqueratose “malignas”, isto é, com atipias). 
 
 
emos aqui o aspecto citológico de algumas das alterações de cunho inespecífico que podem 
ocorrer no epitélio escamoso cérvico-vaginal, com comentamos na página anterior. Notamos 
aqui mais uma vêz que isoladamente tais achados nada significam de importante, por outro lado 
podem fazer parte de contexto ou “síndrome” citológica: por exemplo na infecção pelo HPV temos 
queratinização, disqueratose e paraqueratose; em carcinomas epidermóides bem diferenciados, 
também temos queratinização, disqueratose e paraqueratose mas agora com atipias. 
 
 
 
 
 
 
 
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 Alterações inespecíficas 
 
 
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Figura 25 - Halos. Ao alto, esquerda, halo inflamatório. À direita, halo de maturação nuclerar. Em 
baixo, esquerda, pseudo-halo por dobramento de bordos celulares. Em baixo, à direita, coilocitose 
ou coelocitose. 
 
 
Após o estabelecimento de critérios citológicos para diagnóstico de probabilidade de infecção do 
epitélio pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV), particularmente a atipia coilocitótica, isto é a atipia 
nuclear associada à formação de halo claro nítido, bem delimitado, perinuclear ou paranuclear, em 
geral levemente excêntrico, com espessamento do citoplasma ao redor e arredondamento do 
contorno celular, passou a ser até certo ponto crucial se distinguir na análise citológica este tipo de 
halo particular de outros. Lembramos que o diagnóstico de possibilidade de HPV em um 
determinado esfregaço não se baseia apenas no achado da coilocitose mas constitui o que se 
poderia denominar de “síndrome citológica”, incluindo esta alteração, particularmente se vista em 
várias células e não apenas em uma isolada, bi, tri e multinucleações, disqueratose (também dita 
disceratose) e por vezes queratinização e paraqueratose. Devemos excluir halos inflamatórios, 
como que acontece particularmente na infecção por Trichomonas vaginalis, os pseudo - halos por 
dobramento de bordos celulares e em menor grau os halos de maturação, formados pelo espaço 
claro que se forma quando o núcleo das células epiteliais escamosas amadurece e diminui de 
tamanho, frequentemente expelindo grãos de material nuclear. 
 
 
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 Halos 
 
 
 
 
 
Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 26 - Zona de transformação*. 
 
 
 figura acima nos mostra a chamada Zona de Transformação, com o avanço da mucosa de tipo 
escamoso sôbre a glandular, na forma de lingüetas irregulares, cobrindo a glândulas abaixo 
deixando visíveis ainda seus orifícios e estabelecendo um nova junção escamo-colunar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Imagem colposcópica (Dr Edison Tizzot). 
 
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 Metaplasia escamosa 
 
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 Figura 27 - Hiperplasia de células de reserva / metaplasia escamosa. A partir do centro da figura, 
vemos a luz de glândula, presente o epitélio colunar sendo “levantado” por várias camadas de 
células ditas subcolunares ou de reserva. 
 
 
 chamada Zona de Transformação, em que ocorre a substituição da mucosa de tipo glandular 
em mucosa recoberta por epitélio escamoso ocorre em função de 2 mecanismos propostos: o 
primeiro, pelo simples avanço do epitélio escamoso para dentro, a partir do encontro deste com o 
colunar, dita epitelização escamosa, sendo provável que ocorra em pequena escala, na parte mais 
externa do ectrópio e nos processos de cicatrização, e o segundo, mais importante, pela 
transformação real (metaplasia) do epitelio colunar em escamoso, via gradual substituição do 
epitélio glandular por células chamadas subcolunares ou de reserva, que proliferam, formando 
várias camadas e, em geral, progressivamente se diferenciam no sentido de transformação em 
células escamosas. Também é chamada de prosoplasia. Este processo é nítidamente percebido 
quando o vemos ocorrer dentro das glândulas, como na imagem acima. Considera-se que nêste 
momento da diferenciação, estariam estas células mais sujeitas a fatores, provávelmente múltiplos, 
relacionados à gênese do carcinoma escamoso do colo uterino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Metaplasia escamosa 
 
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Figura 28 - Hiperplasia de células de reserva / metaplasia escamosa. Vemos nesta imagem o 
mesmo processo da figura anterior, só que mais avançado. 
 
 
epare, na imagem acima, que no centro que o epitélio colunar encontra - se agora “apertado” 
sobre si mesmo,enquanto que entre êle e o limite da glândula todo o espaço encontra-se 
preenchido pela hiperplasia das células de reserva, que começam inclusive já a se diferenciar, 
assumindo aspecto de células escamosas. Reparamos também que esta diferenciação ainda é 
incompleta, persistindo inúmeros vacúolos, na forma de espaços claros, típicos das células 
glandulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Metaplasia escamosa 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 29 - Cisto de retenção glandular (de Naboth). 
 
 
esta figura vemos o fechamento completo de uma glândula da mucosa endocervical a partir da 
completa subsituição do epitelio colunar de revestimento superficial, que se mostra inclusive 
bem maduro, com formação de ponte por sobre o óstio glandular (as “linguetas” da área 
acetobranca da colposcopica). Como vemos, a glândula já se mostra dilatada, com espessamento 
do muco no seu interior, que agora não tem por onde se escoar. Em fase mais adiantada teríamos 
clínicamente a típica formação globosa dos Cistos de Naboth. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Cisto de retençãoglandular (de Naboth) 
 
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 Figura 30 - Hiperplasia de células de reserva na citologia. 
 
 
odemos observar a semelhança dos tipos celulares com figuras anteriores, na histologia 
(figuras 27 e 28). Podem se ver ainda células nítidamente colunares, na parte superior da 
imagem e já outras de aspecto lembrando o tipo escamoso. São de certo modo células bastante 
imaturas e na análise citopatológica deve-se sempre estar alerta para não as confundir com 
elementos celulares presentes em NIC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Hiperplasia de células de reserva 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 31 - Células escamosas metaplásicas imaturas. 
 
 
e modo geral, a denominação de metaplasia escamosa imatura frequentemente confunde -se 
com a de hiperplasia de células de reserva, pois representam estadios muitos próximos dentro 
do mesmo evento que é a transformação do epitélio colunar em epitélio escamoso. Achamos 
apenas que deve-se reservar já a denominação de metaplasia escamosa imatura, na citologia, 
quando se percebe, a despeito da imaturidade celular, aspecto tendente à linha escamosa, como 
ma figura acima podemos perceber. Sâo elementos celulares pequenos, com alta relação núcleo / 
citoplasma, citoplasma cianofílico (esverdeado) escuro, com contornos com “bicos”, que são 
conseqüência da diferenciação escamosa, com formação de pontes intercelulares tipo 
desmossomos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Metaplasia escamosa imatura 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 32 - Células escamosas metaplásicas em maturação. 
 
 
emos na figura acima, grupo de células metaplásicas em maturação, ainda retendo algumas das 
características da linha celular de origem, glandular, como numerosos vacúolos no citoplasma, 
mas por outro lado, o aspecto geral das células é francamente o de células escamosas, algumas 
destas células metaplásicas inclusive já têm aspecto por si só totalmente indistinguível das 
escamosas originais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Metaplasia escamosa madura 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 33 - Polipo endocervical (colposcopia* e histologia). Na histologia, à direita, note na parte 
central, o eixo conjuntivo-vascular que dá sustentação à formação. 
 
 
atologia muito frequente, os polipos endocervicais representam em geral formações 
pedunculadas ou sésseis de base estreita que se projetam da superfície da mucosa a partir de 
eixo conjuntivo - vascular que lhes dá sustentação. Estão em geral associados a reação inflamatória 
do corion. Uma vez formados é provável que haja efeito de tração durante o fluxo menstrual ou a 
secreção de muco que os faça exteriorizar-se. A degeneração maligna é considerada evento muito 
raro, não devendo confundir-se a exteriorização de eventual neoplasia, principalmente o 
adenocarcinoma, de aspecto polipóide, já maligno de origem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Imagem colposcópica (Dr Edison Tizzot). 
 
 
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 Polipo endocervical 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 34 - Mosaico *. 
 
 
 figura acima nos demonstra a imagem colposcópica de mosaico, com seu aspecto 
característico de ladrilhos irregulares da mucosa escamosa, em geral metaplásica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Imagem colposcópica (Dr Edison Tizzot). 
 
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 Mosaico 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 35 - Imagem histológica de mosaico e pontilhado. 
 
 
a imagem acima representada, vemos agrupadas em um só campos as representações 
histológicas de: mosaico, com o espessamento do epitelio com alongamento de seus cones por 
acantose (proliferação das células escamosas a nível intermediário) o que visto de cima como na 
colposcopia o torna mais opaco e portanto esbranquiçado; e o pontilhado, dado pelo adelgaçamento 
da placa de epitélio acima das papilas do córion, entre os cones, o que visto pelo colposcopista, 
aparece como pequenos pontos avermelhados pois dada a menor espessura epitelial neste ponto, 
deixa ver melhor os vasos sanguíneos subjacentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Mosaico e pontilhado 
 
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 Figura 36 - Leucoplasia *. 
 
 
emos na figura presente acima a imagem colposcópica de leucoplasia, em que as áreas 
brancas com relêvo grosseiro representam espessamento acentuado, provávelmente com 
intensa queratinização do epitélio escamoso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Imagem colposcópica (Dr Edison Tizzot). 
 
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 Leucoplasia 
 
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 Figura 37 - Leucoplasia. 
 
 
m casos de leucoplasia, os cortes histológicos revelam de modo geral aspecto característico 
porém inespecífico. Ocorre uma hiperplasia acentuada ou moderada do epitélio escamoso, isto 
é, um espessamento de todas as suas camadas. Assim, freqüentemente vemos espêssa capa de 
queratinização na superfície, faixa de paraqueratose (que reflete um ciclo mais rápido das células 
epiteliais), por vêzes surgimento de leve camada granulosa (“epidermização”), acantose com 
alongamento irregular dos cones do epitélio e também hiperplasia da camada basal. Atipias 
nucleares podem ocorrer, porém não sempre. É essa camada espêssa de queratinização e 
paraqueratose que dá, na colposcopia, a cor branca nacarada, com vemos na figura da figura 36, na 
página anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imaginando a colheita do esfregaço cervical na área de uma lesão assim espêssa, podemos 
claramente perceber que a espátula ou qualquer outro dispositivo pode freqüentemente só 
representar escamas superficiais, deixando em branco a representação de elementos celulares de 
camadas abaixo. Se houver atipias nestas camadas, lógicamente não aparecerão. Acreditamos que 
em casos de lesões assim com citologias negativas, seria de bom alvitre se realizar direto a biópsia. 
 
 
 
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 Leucoplasia 
 
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 Figura 38 - Lactobacilos (Bacilos de Döderlein). 
 
 
s lactobacilos são considerados flora vaginal normal, fazendo parte e ajudando a manter o meio 
vaginal. São bacilos grandes, não ramificados, de tamanho variado, gram-positivos. 
Metabolizam o glicogênio das células vaginais, produzindo ácido láctico, vital na manutenção do pH 
do meio vaginal. O ácido láctico produzido produz sempre certo grau de citólise das células vaginais, 
mantendo o processo. Todavia, por isso mesmo, quando proliferam em excesso, podemaumentar a 
citólise e produzir leucorréia clínicamente, frequentemente com prurido, ardência e irritação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Flora vaginal normal - Lactobacilos 
 
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Figura 39 - Gardnerella vaginalis. Ao alto, à esquerda, vista “Clue Cell” (“Célula Pista”), com 
incontáveis coco-bacilos aderidos ao citoplasma e borrando seu bordos. Ao alto, à direita, com 
aspecto característico de “creme” extracelular azulado, constituido só de microoganismos, 
práticamente sem reação leucocitária. Em baixo, idem, formando microbolhas, à esquerda. À direita, 
falsa “Clue Cell”, formada pela adesão de lactobacilos, fato curioso verificado ocasionalmente (quem 
faz o diagnóstico por exame a fresco não conseguirá distinguí-la). 
 
 
 infecção causada por Gardnerella vaginalis, coco-bacilo gram-negativo ou gram-irregular, se 
caracteriza clínicamente por quantidade variável de secreção (frequentemente é assintomática) 
acinzentada leitosa ou cremosa, por vêzes bolhosa (à microscopia não raramente são vistas 
microbolhas). É referida como vaginite não-específica ou como vaginose bacteriana, apesar de na 
maioria dos casos, permitir identificação com bastante especificidade. Pode ser hormônio- 
relacionada, pois acomete principalmente o epitélio com bom trofismo, assestando-se sobre células 
intermediárias altas e superficiais, em geral na mulher adulta e tambem nas de mais idade que 
fazem reposição hormonal. É infecção extraordináriamente frequente, sendo referida de 1 até 20% 
dos esfregaços, nas várias séries. 
 
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 Gardnerella vaginalis 
 
 
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Figura 40 - Trichomonas vaginalis. Ao alto, à 
esquerda, vemos três parasitos em meio a 
inúmeros leucócitos polimorfonucleares. Vemos 
também formas bacterianas cocóides, associação 
frequente. Ao alto, à direita, temos a imagem 
clássica do “banquete”, com várias formas de 
Trichomonas aderidas a uma célula epitelial. Há 
dúvidas se esta adesão representa efeito 
patogenético ou se é mera adesividade própria do 
esfregaço, como a imagem ao lado demonstra, 
com numerosas hemácias também aderidas a 
células epiteliais. 
 
 
richomonas vaginalis é protozoário flagelado, causa frequente de corrimento, clássicamente 
abundante, amarelado, bolhoso, fétido, com prurido, em geral exacerbando-se no período pós-
menstrual, provávelmente devido ao pH sanguíneo. Pode ser encontrado causando infecções 
agudas e crônicas e também em pacientes assintomáticas (latente). È visto na secreção vaginal, 
no muco do canal cervical, na uretra feminina e também na masculina. É controversa a existência 
de DIP tendo como causa este flagelado. Pode estar associado, como causa de infecção, a cocos e 
a Leptothrix vaginalis, tipo de longo bacilo encurvado. Não se conhecem bem os mecanismos pelos 
quais causa doença, mas não se comprova qualquer relação direta com gênese de lesões pré- 
neoplásicas e neoplásicas. 
 
 
 
 O Teste de Papanicolaou mostra boa sensibilidade para a detecção de Trichomonas 
vaginalis. Como o agente é encontrado básicamente na secreção vaginal, recomenda-se, para 
melhor acerto diagnóstico, representar no esfregaço material do fundo de saco vaginal. 
 
 
 
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 Trichomonas vaginalis 
 
 
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Figura 41 - Hifas de Candida sp; Idem, coloração de Gram 
 
nfecções por fungos de gênero Candida (incluindo Candida albicans e Candida glabrata) 
acometem frequentemente vulva, vagina e cérvix uterina, sendo boa parte delas (até 40%), 
assintomáticas. Clínicamente, como é clássico, se caracterizam por prurido, ardência e corrimento 
branco grumoso, com acentuada hiperemia de fundo. Microscópicamente, é nos grumos que vemos 
claramente o fungo, na forma de filamentos formando hifas, pseudohifas e brotamentos. Estas 
últimas formas em esporos, são mais frequentemente vistas isoladas em pacientes assintomáticas. 
Há uma boa especificidade do Teste de Papanicolaou para esta infecção, pois embora possam ser 
vistas outras formas de fungos, são bem mais raras e em geral com morfologia igualmente bem 
diferente (por exemplo, contaminantes de gênero Aspergyllus, fungos do gênero Alternaria,etc). 
 
 
 
 
 
A infecção por fungos de gênero Candida acomete essencialmente o epitélio em toda a sua 
espessura, formando os grumos que vemos macroscópicamente, que são uma mistura de fungos, 
células degeneradas e leucócitos, não raro com base de ulceração. Se queremos comprovar no 
esfregaço a infecção devemos incluir na colheita estes grumos, de preferência os menos espêssos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Hifas de Candida sp 
 
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 Figura 42 - Esporos de Candida sp. 
 
 
or vêzes, principalmente nas infecções assintomáticas, só encontramos formas em esporos de 
Candida sp, sem vestígios de formas filamentares em hifas ou pseudohifas. Em geral, neste tipo 
de esfregaço, encontramos tambem lactobacilos em grande número, com ou sem citólise, sinal de 
baixo pH favorecendo a proliferação do fungo. Técnicamente, para documentá-la, devemos procurar 
as formas em brotamento, para evitar confusões com espermatozóides sem cauda ou restos de 
núcleos de leucócitos polimorfonucleares. O seu relato em laudo de colpocitologia não significa pois 
necessáriamente doença clínica, apenas a condição de portadora da paciente, ao contrário de hifas, 
em geral fortemente associadas a candidíase franca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Esporos de Candida sp 
 
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 Figura 43 - Leptothrix vaginalis. 
 
 
eptothrix é gênero de micróbios filamentosos, segmentados, raramente ramificados, gram - 
negativos, não esporulantes, encontrados na cavidade oral e em meio vaginal. São pouco 
frequentemente vistos em esfregaços cérvico - vaginais, e quando o são, em geral estão associados 
a outros agentes, principalmente Trichomonas vaginais, também Gardnerella vaginalis e Candida 
sp. Podem ser confundidos com formas variantes de lactobacilos (B. de Döderlein), que assumem 
disposição filamentosa (o “bacilão”, na gíria de alguns citologistas), dos quais se acredita 
diferenciar-se por não se segmentarem e por apresentarem fina granulação visível. Em pequeno 
grupo de casos, são vistos isolados e por vêzes com reação inflamatória, sugerindo uso de medida 
terapêutica específica. A imagem acima reprisa o aspecto clássico de “chão de barbearia”, com os 
filamentos de Leptothrix vaginais parecendo cabelos dispersos pelo piso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Leptothrix vaginalis 
 
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 Figura 44 - Flora bacteriana mista (cocos e bacilos presentes). 
 
 
emos na imagem acima campo de esfregaço cérvico-vaginal em que são visíveis elementos 
bacterianos com aspecto nítido de cocos (pequenos pontos bem corados), de permeio a outros 
claramente bacilares, inclusive não apenas de um só tipo, sendo alguns maiores e mais espêssos, 
possívelmente lactobacilos, outros mais delgados e levemente arqueados, com pontas afiladas. 
Para se descrever êstes achados,frequentemente se usa, aqui no Brasil, a denominação um tanto 
ambígua de “flora bacteriana mista”. Embora a maiora dos tratados e sistemas de relatórios voltados 
para a citologia cérvico-vaginal em geral sugira que se refira apenas “bactérias” ou “desvio da flora 
bacteriana”, achamos que realmente, frente a imagens como a acima, não é demais descermos um 
pouco além em detalhes, como no caso acima em que poderia perfeitamente referir “flora bacteriana 
mista coco-bacilar”, fornecendo inclusive pistas para cruzamento de dados com outros exames 
realizados e eventual tratamento, que não raro em nosso meio é totalmente baseado nos achados 
que relatamos no laudo citológico, como por exemplo em muitos postos de atendimento de saúde 
pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Flora bacteriana mista 
 
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 Figura 45 - Flora bacilar sugestiva de bacilos difteróides. 
 
 
 coloração de Papanicolaou não é própria para visualização de bactérias; ela foi desenvolvida 
para corar células, particularmente células epiteliais, buscando dar detalhes nucleares e 
citoplasmáticos. A identificação de bactérias é de certo modo secundária. Embora exista essa 
limitação, normalmente pode-se ter boa idéia sôbre a flora bacteriana vaginal considerada normal - 
lactobacilos - e outros agentes. Pode-se referenciar com razoável grau de acêrto a presença de 
cocos, flora mista de cocos e bacilos e mais ainda, ocasionalmente somos surpreendidos com 
detalhes inesperados na flora bacteriana do esfregaço. Sâo exemplos disso as imagens acima, 
onde vemos no quadro maior bacilos com morfologia de difteróides, com nítidos corpúsculos 
polares. Às vêzes na citologia são visíveis bacilos encurvados, sugestivos de Wolinella. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Bacilos difteróides 
 
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 Figura 46 - Cocos (“bactérias cocóides”). 
 
 
 imagem acima demostra nítidamente a presença de cocos, visualizados como pontos ou 
pequenos glóbulos corados de azul (pela hematoxilina). Não custa sempre lembrar que não é 
pertinente se questionar na citologia características de Gram positivo / Gram negativo pois como a 
denominação diz este aspecto é específico de outro tipo de coloração - de Gram - desenvolvida 
especialmente para se diferenciar estes dois grandes grupos de bactérias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Cocos (bactérias cocóides) 
 
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 Figura 47 - Cocos em formações pareadas extra e intraleucocitários, sugestivos de diplococos. 
 
 
ormalmente não se consegue visualizar bem, na coloração de Papanicolaou, tanto na original 
como nas inúmeras modificações que frequentemente lhe são feitas, flora de tipo constituída 
por cocos, em razão das próprias características da coloração, não específicamente voltada para 
bactérias e tambem pelo tamanho dos microorganismos. Ocasionalmente, porém, somos 
surpreendidos por imagens como esta acima, em que são nítidamente visíveis cocos pareados fora 
e dentro de leucócitos, no componente endocervical do esfregaço, altamente sugestivos de 
Neisseria sp. Outros procedimentos particularmente nêste caso, permitiram a sua comprovação, 
além de história clínica compatível (Coloração de Gram, que revelou diplococos reniformes gram-
negativos intraleucocitários e posteriormente a cultura com microaerobiose). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Cocos pareados sugestivos de diplococos 
 
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 Figura 48 - Actinomicetos em esfregaço citológico. 
 
 
m geral associada com uso prolongado de dispositivos intrauterinos (DIU), manipulação pélvica, 
corpos estranhos como tampões vaginais esquecidos, a infecção por Actinomyces sp (são 3 as 
espécies principais deste grupo de microorganismos aparentados com bactérias) não é comum, 
mas por outro lado é muito importante que seja detectada pois embora em geral assuma formas 
leves de infecção pode eventualmente evoluir para tipo grave de infecção pélvica. No esfregaço 
cérvico - vaginal a infecção é vista na forma de aglomerados irregulares de elementos filamentosos 
filiformes, não esporulantes, em geral bem corados pela hematoxilina (tom arroxeado), 
frequentemente com as porções extremas dos filamentos levemente claviformes. Pode-se descorar 
a lâmina e recorá-la pelo método de gram, com o que comprovaremos o caráter de gram positivos 
dos filamentos. Acredita-se que o infecção por actinomicetos provém de fontes externas, como por 
exemplo pelo contacto orogenital (são comensais do trato oral), servindo a “cauda” do DIU como 
trajeto de infecção ascendente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Actinomyces sp 
 
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 Figura 49 - Actinomicose. 
 
 
emos na figura acima, de material de curetagem uterina, fundo de ulceração, com massa 
consistindo de detritos celulares necróticos, reação leucocitária, fibrina e acima, aglomerado 
irregular de estruturas filamentares longas, de aspecto radiado a partir do centro mais compacto, 
num aspecto bastante típico desta infecção. Se fizermos a coloração de gram para tecidos, veremos 
que êstes filamentos são gram positivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Actinomicose 
 
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 Figura 50 - Alterações citológicas altamente sugestivas de infecção por Chlamydia. 
 
 
hlamydia trachomatis é um grupo de microorganismos, parasitos intracelulares obrigatórios, 
mais relacionados com as bactérias, gram-negativos, causador comum de infecções no ser 
humano, genitais e oculares, principalmente, podendo ser transmitido sexualmente. A infecção 
ginecológica pode ser clínicamente assintomática ou apresentar sintomas, em geral inespecíficos. 
Embora a sensibilidade e a especificidade dos achados citológicos sejam bastante baixos (não se 
deve se centrar na citologia para se confirmar suspeita clínica de doença causada por clamídia), por 
vêzes estes achados mostram surpreendente correlação, com alteracões apenas vistas no 
esfregaço sendo confirmadas por outros métodos mais sensíveis como os imunológicos e a cultura. 
Estas alterações afetam as células colunares e as escamosas metaplásicas da zona de 
transformação, que inicialmente mostra vacuolização rendilhada difusa inespecífica para em fase 
posterior mostrar grupos de alguns vacúolos ou mesmo vacúolos únicos, grandes, em geral 
perinucleares, de paredes espêssas (“de casca grossa”), com fundo claro e mostrando centralmente 
inclusão eosinofílica, avermelhada. O núcleo da célula pode mostrar atipias discretas, em geral 
isoladas e inespecíficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Página 50 
Chlamydia trachomatis 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para GinecologistasFigura 51 -Citólise. Vemos grande número de lactobacilos, na forma de bastonetes arroxeados, de 
tamanho variado, em meio a restos de citoplasma de células intermediárias e com vários núcleos 
“nús”. 
 
 
itólise, condição que pode ser fisiológica ou patológica quando muito intensa e persistente, 
consiste na lise das células epiteliais, principalmente da camada intermediária do epitélio 
cérvico-vaginal, ricas em glicogênio, com excessiva proliferação de lactobacilos (Bacilos de 
Döderlein) vaginais. Pode ocorrer em qualquer situação que propicie proliferação maior do epitélio a 
partir da camada intermediária estimulada pela progesterona, sendo vista fisiológicamente portanto 
na segunda fase do ciclo, principalmente no final, quando começa a descamação. É também um dos 
padrões citológicos da gravidez, podendo ainda estar associada a uso de alguns anticoncepcionais 
hormonais, de progesterona exógena e no androgenismo (por efeito cruzado dos androgênios com 
a progesterona, hormônios químicamente assemelhados). Tem importância o seu relato no laudo da 
colpocitologia por expressar ocasionalmente clínica até bastante intensa de corrimento líquido 
acinzentado, prurido e ardência e, devido à baixa de pH que gera pela proliferação de lactobacilos, 
predispor à candidíase de repetição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Citólise 
 
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 Figura 52 - Aglomerado de espermatozóides. 
 
 
ão raro encontramos em esfregaços cérvico-vaginais espermatozóides, isolados ou como na 
figura acima, em grande número. Ocasionalmente, o conteúdo de esperma ainda presente no 
fórnix vaginal pode ser tão abundante que o profissional que colhe o exame pode referir mesmo 
supeita de corrimento leitoso esbranquiçado. Em primeira fase os vemos assim como na foto, 
íntegros, com cabeças e caudas bem definidas. Posteriormente, com a degeneração, perdem as 
caudas, sendo vistas apenas a cebeças edemaciadas, quando podem ser confundidos com esporos 
de Candida sp. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Espermatozóides 
 
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Figura 53 - Mucorréia. Note à esquerda, a grande formação de bôlhas na mucosidade, por si só 
límpida e cristalina; à direita, o muco, além de mais “sujo” e já com leucócitos, é tão espêsso que 
pôde ser “cortado” na hora da montagem do esfregaço. 
 
 
 muco, com dissemos anteriormente, está em geral presente em menor ou maior grau 
práticamente em todos os esfregaços, particulamente quando representado o canal 
endocervical. Existem porém condições clínicas em que sua secreção parece se tornar excessiva, 
levando até à suspeita de leucorréias de outras origens. Por isso cremos, que detectando-se no 
material a condição de mucosidade em excesso ou muito espessa, devemos reportá-la no relatório 
da colpocitologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Mucorréia 
 
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Figura 54 - Célula multinucleada sugestiva de infecção viral, provávelmente Herpes simples. 
 
 
élulas multinucleadas com atipias em geral moderadas na realidade ocorrem em várias 
infecções viróticas, com a infecção pelo HPV, HSV (Herpesvírus), CMV (Citomegalovírus) e 
outros. Servem como um alerta e como uma pista para se procurar no esfregaço ocasionais 
achados mais específicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Herpes Simples 
 
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 Figura 55 - Alterações citológicas compatíveis com infecção pelo vírus dos Herpes Simples. 
 
 
emos nas figuras acimas alterações comumente associadas a infecção viral, particularmente 
pelo vírus do Herpes Simples. Em primeira fase, há multinucleação, com perda do detalhe da 
cromatina dos núcleos (aspecto em “vidro despolido”) e frequentemente maior ou menor grau de 
amoldamento dêstes entre si; na fase seguinte, há formação de grandes corpos de inclusão 
intranucleares, em geral avermelhadas. Pelo menos em nosso meio, não são achados frequentes 
em citologia cérvico-vaginal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Herpes Simples 
 
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 Figura 56 - Condiloma Acuminado*. 
 
 
emos na figura acima, típica imagem de lesão condilomatosa, exofítica, vegetante, com aspecto 
de “couve-flor”, fácilmente identificada como tal pelos colposcopistas. Nos dias atuais é 
fortemente relacionada com infecção por diversos tipos do Vírus do Papiloma Humano (HPV), 
sendo considerada expressão completa da ação viral sôbre células de epitélio escamoso. Podemos 
notar na figura áreas nítidamente papilares, com aspecto de morango, à esquerda e também zonas 
de acentuado espessamento epitelial, esbranquiçadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Imagem colposcópica (Dr Edison Tizzot). 
 
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 HPV / Condiloma Acuminado 
 
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 Figura 57 - Condiloma acuminado. 
 
 
emos aqui a contrapartida histológica do Condiloma Acuminado. Revela-se a sua estrutura 
papilomatosa (daí a expressão “Vírus do Papilomna Humano”), com expansões epiteliais 
assestadas sobre digitações do córon, frequentemente ramificadas, muito semelhante, como na 
macroscopia, com imagem de “couve-flor” cortada. No detalhe vemos o achado característico da 
coilocitose, com nítidos halos claros ao redor de núcleos discretamente atípicos, presentes algumas 
bi e trinucleações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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HPV / Condiloma acuminado 
 
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 Figura 58 - Aspectos histológicos da infecção pelo HPV. 
 
 
ote a coilocitose (halos claros nítidos perinucleares, com condensação do citoplasma ao redor); 
a disqueratose (nesta imagem com mitose); binucleação; paraqueratose. Em todas as figuras 
há núcleos atipícos, hipercorados, com alterações do contorno, espessamento da membrana 
nuclear, cromatina com espaços claros, etc). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Infecção por HPV 
 
 
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Citologia e Histopatologia Básicas de Colo Uterino para Ginecologistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 59 - Condiloma plano. Notamos que estão presentes muitos dos achados da infecção pelo 
HPV, só que sem a exuberância do espessamento epitelial e papilomatose do Condiloma 
Acuminado. Na verdade. o que seria uma variante é hoje considerada a forma mais frequente no 
colo colo uterino, ao contrário da forma vulvar, mais de tipo exofítico. 
 
 
em sempre a infecção pelo HPV se manisfesta como lesões evidentemente papilomatosas, 
como Condiloma Acuminado típico ou maduro, ou mesmo como formas papilares menos 
exuberantes. Não é rara a lesão francamente plana, de tradução colposcópica exigindo mais 
experiência do colposcopista, em que todavia são reconhecidos práticamente todos os achados 
epiteliais característicos da

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