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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Me. Lucimara Acosta GUIA DA DISCIPLINA 2022 1 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Durante nosso estudo, abordaremos História da Educação e seus desdobramentos cronológicos até a chegada aos dias atuais. Observa-se que ao longo dos anos a educação brasileira sofreu várias mudanças, mas apesar de tantas tentativas temos a impressão que trabalhamos no Brasil com várias diretrizes e norteadores da educação que não contemplam e também não completam o enriquecimento e nem as melhorias necessárias que a população tanto precisa para tornar o cidadão pleno em seus afazeres sociais e profissionais. Para que possamos melhor entender nossa cronologia e seus efeitos ao longo da nossa história apresentaremos a seguir uma breve abordagem sobre a educação no Brasil e seus principais aspectos de impacto ao sistema educacional brasileiro e seus desdobramentos. A Educação no Brasil, como um processo sistematizado de transmissão de conhecimentos, é indissociável da história da Companhia de Jesus. As negociações de Dom João III, O Piedoso, junto a esta ordem missionária católica pode ser considerado um marco. No período da exploração inicial, os esforços educacionais foram dirigidos aos indígenas, submetidos à chamada "catequese" promovida pelos missionários jesuítas que vinham ao novo país difundir a crença cristã entre os nativos. O padre Manuel da Nóbrega chefiou a primeira missão da ordem religiosa em 1549. Em 1759 houve a expulsão dos jesuítas (reformas pombalinas), passando a ser instituído o ensino laico e público através das Aulas Régias, e os conteúdos baseiam-se nas Cartas Régias, a partir de 1772, data da implantação do ensino público oficial no Brasil (que manteve o Ensino Religioso nas escolas, contudo). Em 1798, ocorreu o Seminário de Olinda, por iniciativa do bispo Azeredo Coutinho que se inspirava em ideias iluministas que aprendera como aluno na Universidade de Coimbra. Durante esses quase 300 anos da história do Brasil, o panorama não mudaria muito. A população do período colonial formada além dos nativos e dos colonizadores brancos tivera o acréscimo da numerosa mão de obra escrava oriunda da África. Mas os escravos negros não conseguiram qualquer direito à educação e os homens brancos (as mulheres estavam excluídas) estudavam nos colégios religiosos ou iam para a Europa. Apenas os mulatos procuravam a escola, o que provocou incidentes tais como o da "questão dos moços pardos" em 1689: Os colégios de jesuítas negavam as matrículas de https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus https://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Jo%C3%A3o_III https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica_Romana https://pt.wikipedia.org/wiki/Catequese https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_da_N%C3%B3brega https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_religiosa https://pt.wikipedia.org/wiki/Expuls%C3%A3o_dos_jesu%C3%ADtas https://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino_laico https://pt.wikipedia.org/wiki/Aulas_R%C3%A9gias https://pt.wikipedia.org/wiki/Olinda https://pt.wikipedia.org/wiki/Azeredo_Coutinho https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Coimbra https://pt.wikipedia.org/wiki/Mulato 2 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância mestiços, mas tiveram que ceder tendo em vista os subsídios de "escolas públicas" que recebiam. Não se conseguiu implantar um sistema educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Família Real no início do século XIX permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil Dom João VI abriu Academias Militares (Academia Real da Marinha (1808) e Academia Real Militar (1810)), Escolas de Medicina (a partir de 1808, na Bahia e no Rio de Janeiro), Museu Real (1818), a Biblioteca Real (1810), o Jardim Botânico (1810) e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia (1808). Segundo alguns autores o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma complexidade maior. Em 1816 foram convidados artistas franceses ("Missão Artística Francesa"). Como Lebreton, Debret, Taunay, Montigny que influenciariam a criação da Escola Nacional de Belas Artes. Em 1822, havia propostas para a Educação na Assembleia Constituinte (inspiradas nos ideais da Revolução Francesa), mas a sua dissolução por Dom Pedro I adiaria qualquer iniciativa no sentido de estruturar-se uma política nacional de educação. A Constituição de 1824 manteve o princípio da liberdade de ensino, sem restrições, e a intenção de "instrução primária gratuita a todos os cidadãos". Em 15 de outubro de 1827 foi aprovada a primeira lei sobre o Ensino Elementar e a mesma vigoraria até 1946. Essa lei determinou a criação de "escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugarejos" (artigo 1º) e "escolas de meninas nas cidades e vilas mais populosas" (artigo XI). A lei fracassou por várias causas econômicas, técnicas e políticas[1] . O relatório Liberato Barroso apontou que, em 1867, apenas 10% da população em idade escolar se matriculara nas escolas elementares. Em 1834 (Ato Adicional que emendou a Constituição) houve a reforma que deixava o ensino elementar, secundário e de formação dos professores a cargo das províncias, enquanto o poder central cuidaria do Ensino Superior. Assim foi criado o Imperial Colégio de Pedro II, em 1837, e os primeiros liceus provinciais. O Colégio era o único autorizado a realizar exames para a obtenção do grau de bacharel, indispensável para o acesso a cursos superiores[1] Em 1879 houve a reforma de Leôncio de Carvalho que propunha dentre outras coisas o fim da proibição da matrícula para escravos mas que vigorou por pouco https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX https://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Jo%C3%A3o_VI https://pt.wikipedia.org/wiki/Jardim_Bot%C3%A2nico https://pt.wikipedia.org/wiki/Imprensa_R%C3%A9gia https://pt.wikipedia.org/wiki/Miss%C3%A3o_Art%C3%ADstica_Francesa https://pt.wikipedia.org/wiki/Joachim_Lebreton https://pt.wikipedia.org/wiki/Debret https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste-Marie_Taunay https://pt.wikipedia.org/wiki/Grandjean_de_Montigny https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nacional_de_Belas_Artes https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nacional_de_Belas_Artes https://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Pedro_I https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil#cite_note-Hist.C3.B3ria-1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Prov%C3%ADncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Pedro_II https://pt.wikipedia.org/wiki/Liceu https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacharelato https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil#cite_note-Hist.C3.B3ria-1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Le%C3%B4ncio_da_Silva_Carvalho 3 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância tempo. No século XIX ainda havia no Brasil a tendência da criação de escolas religiosas, o que já não acontecia no resto do mundo receptível ao ensino laico. Até mesmo por parte dos jesuítas, que retornaram após 80 anos. Dentre essas instituições figuram o: • Colégio São Luís (fundado em Itu em 1867 e transferido para São Paulo em 1919), • Colégio Caraça em Minas Gerais (1820), Colégio Mackenzie (São Paulo, 1870), • Colégio Americano (Porto Alegre, 1885), • Colégio Internacional (Campinas, 1873), entre outros. • Da parte da iniciativa leiga surgiu a Sociedade de Culto à Ciência (Campinas, fundada por maçons) • A primeira escola de formação dos professores ("Escola Normal") foi a Escola Normal de Niterói, fundada em 1835. Cronologia: 1500 - Chegado dos portugueses ao Brasil: Trouxeram em sua bagagem o modelo educacional europeu. Já existia no Brasil uma forma de educação praticada pelos indígenas. A educação que se praticavaentre as populações indígenas não tinha as "marcas repressivas" do modelo educacional europeu. 1534 - Inácio de Loiola funda a Companhia de Jesus, que possuía objetivos catequéticos. Chegada dos jesuítas que trouxeram a moral, os costumes, a religiosidade europeia e métodos pedagógicos. 1549 - Os jesuítas abriram escolas de ler e escrever, prática agrícola, marcenaria e ferraria. 1570 - A obra jesuítica já contava com cinco escolas de instrução elementar. Expulsão da Companhia de Jesus. 1759 - Expulsão dos jesuítas de todas as colônias. Por 210 anos, os jesuítas foram os mentores da educação brasileira. Pombal cria as aulas régias de Latim, Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_S%C3%A3o_Lu%C3%ADs https://pt.wikipedia.org/wiki/Itu https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Cara%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Mackenzie https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Metodista_Americano https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Col%C3%A9gio_Internacional&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Leigo https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sociedade_de_Culto_%C3%A0_Ci%C3%AAncia&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ma%C3%A7onaria https://pt.wikipedia.org/wiki/Escolas_Normais https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Normal_de_Niter%C3%B3i https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Normal_de_Niter%C3%B3i 4 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1760 - Início do Período Pombalino: mudança nos padrões de educação que até então eram impostos pelos jesuítas. Neste período a educação ficou estagnada. 1764 - Decreto pombalino da instrução pública. Instituído o ensino laico e público. 1772 - Instituiu-se o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos primário e médio. O resultado da decisão de Pombal foi que, a educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. 1808 - Chegada da família real. A educação passou a ser voltada para quem tinha o poder. Com a chegada da Família Real Portuguesa, são fundadas a Escola de Medicina da Bahia (em Salvador) e a do Rio de Janeiro (atual Faculdade Nacional de Medicina da UFRJ). Aumento da desigualdade social na educação: filhos de operários e agricultores eram condenados ao analfabetismo. O Brasil foi finalmente "descoberto" e a História passou a ter uma complexidade maior. Criação da Imprensa Régia. Abertura de Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, onde foi criado por meio de edital real o curso superior ou ilustrativo urbano. 1810 - Criação da Biblioteca Pública e Jardim Botânico do RJ. Fundada a Escola de Engenharia do Rio de Janeiro. 1812 - Criação da Gazeta do Rio. 1813 - Criação da revista “O Patriota”; 1818 – Abertura do Museu Nacional. 1822 – D.Pedro I proclama independência do Brasil. 1823 – Institui-se o Método Lancaster, ou do “ensino mútuo”. 1824 – Lançada a primeira Constituição brasileira: trazia também medidas referentes a educação. 5 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1826 - Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. 1827 - Um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o exame na seleção de professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de escolas para meninas. Fundadas a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, e a Faculdade de Direito de Olinda (Pernambuco). 1834 - O Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam a ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. 1835 - Surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói. Bons resultados pretendidos não aconteceram, já que, pelas dimensões do país, a educação brasileira perdeu-se, obtendo resultados pífios. 1837 - É criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário. Efetivamente, o Colégio Pedro II não conseguiu se organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo. 1889 - Proclamação da Primeira República: na organização escolar percebe-se influência da filosofia positivista. 1890 - Reforma de Benjamin Constant: princípios de liberdade, laicidade do ensino (leigo) e gratuidade da escola primária. Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica. 1901 - O Código Epitácio Pessoa, inclui a Lógica entre as matérias e retira a Biologia, a Sociologia e a Moral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento da científica. Após a apresentação da breve retrospectiva histórica poderemos entender melhor todas as etapas que serão apresentadas ao longo da semana e as atividades propostas bem como poderemos pensar a respeito da importância do papel do Professor ao longo de toda a história da educação nacional. 6 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. BREVES APONTAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Introdução Este artigo tem como objetivo principal analisar a história da educação brasileira desde o período do Brasil Colônia, quando houve a invasão portuguesa, até os dias atuais, com os avanços das políticas públicas governamentais que visaram a inserção e democratização do acesso ao ensino brasileiro - sobretudo o ensino superior público e privado. A história da educação brasileira, centrada após a invasão portuguesa ao Brasil, teve início com o desejo Europeu em ocupar e colonizar novas terras com o objetivo de se ter uma economia complementar a de seus países, a Metrópole. Essa economia foi pautada em obrigatórias relações exclusivas entre Colônia e Metrópole, através de um rigoroso controle fiscal nas produções internas para as exportações. Com o objetivo de dinamizar e facilitar a administração da Colônia foi criada as capitanias hereditárias (1532) que culminou na necessidade de criar um Governo Geral (1540) Um agente fundamental e centralizador da educação da Colônia ficou sob a responsabilidade da Igreja Católica por meio dos Jesuítas, através da Companhia de Jesus1. Ela tinha como objetivo ensinar a cultura europeia para que ocorresse uma facilitação na aceitação da invasão portuguesa e, assim, a melhor aceitação da expansão colonial. Outro objetivo presente na companhia de Jesus era o de ensinar (ou impor) a cultura cristã aos índios que aqui viviam e já tinham todos seus elementos culturais e religiosos solidificados como, por exemplo, a forma de viver em sua sociedade, aprender- ensinar seus costumes e seus rituais religiosos. Vale ressaltar que a Metrópole enfrentava uma grande dificuldade no ensino das Letras visto que a educação era restrita a pouquíssimas pessoas, sobretudo aos religiosos, onde alguns membros da família real não tinham acesso à educação formal. Sendo assim, a responsabilidade da Companhia de Jesus era ainda mais forte em termos de letramento, pois, além de irem para um continente novo, ainda tinha a obrigatoriedade 1 Ordem religiosa de influência francesa com o propósito de difundir a fé católica nas terras recém-conquistadas. 7 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância de educar os nativos dentro dos padrões europeus. Esta educação aos moldes e padrões europeus pode ser interpretada como uma violência simbólica2. Para os religiosos que iam à Colônia, lhes eram imputados à obrigatoriedade de votos de pobreza, onde não podiam ter posses de terras e escravos - o que fortaleceu os vínculos sociais entre religiosos e índios, visto que acabaram por depender dos índios para sobrevivência. Posteriormente conquistaram o direitoao redízimo onde a décima parte das produções da Colônia eram destinadas a eles, fortalecendo, assim, a possibilidade de expansão da educação colonial. Identifica-se que a educação não lhe interessava senão como meio de submissão e de domínio político, que mais facilmente se podiam alcançar pela propagação da fé, com a autoridade da Igreja. (SERENO, 2012, 01) Embora Pe. Manoel da Nóbrega, que chefiou a vinda dos missionários para a Colônia, tivesse ideias progressistas como, por exemplo, criar uma instituição de órfãos e a instituição do ensino profissional e agrícola, como funções essenciais para a vida da Colônia, não foi permitido pela Metrópole e nem pela Companhia. O ensino no Brasil Colônia não tinha como objetivo dar autonomia para os índios, sim o contrário: criar uma submissão e total controle sobre suas ações pelos jesuítas. Para tanto, a Metrópole desenvolveu um rigoroso controle sobre as ações educacionais na Colônia. Ressalta-se, ainda, que os investimentos educacionais foram extremamente limitados onde a primeira escola jesuítica foi fundada apenas cinquenta anos após a chegada dos invasores portugueses tendo como a figura de Pe. José de Anchieta como responsável pelo letramento dos povos indígenas. À sua responsabilidade coube a imposição cultural europeia por meio de proibições diversas da cultura indígena como, por exemplo, ter mais que uma esposa, relacionamento monogâmico, proibição do curandeirismo, etc. 2 De acordo com Bourdieu, a violência simbólica é a forma na qual o dominador impõe suas regras ao dominado. Esta violência é feita discreta e imperceptivelmente para que o sujeito dominado/violentado não perceba esta imposição cultural e assim assimile a cultura do dominador. Dentre as mais variadas formas de imposição, cito exemplo, neste contexto em específico, do controle religioso por meio dos jesuítas: o dominador impõe ao dominado a sua cultura e religião, afirmando que a fé dele é a correta e salvadora. 8 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância De acordo com Niskier (1969), os jesuítas perceberam a impossibilidade da conversão indígena ao catolicismo sem que aprendessem a ler e escrever e, assim, havia a necessidade de seus letramentos para o entendimento do livro religioso católico. Como compreenderam que a alfabetização dos adultos seria mais dificultosa que a das crianças, se dedicaram ao letramento das crianças indígenas. A atuação dos jesuítas se deu até 1759, quando foram expulsos pelo Marquês de Pombal. Desenvolvimento Com a fortificação do ensino e a abrangência cada vez maior, através do redizimo, houve a necessidade da criação de escolas que não mais tinham como objetivo central o ensinamento religioso. Sim os das Letras em geral. Porém, esse ensino tonou-se exclusivo para a nova elite social em crescimento na Colônia através do RatioStudiorium. “A pedagogia da Ratio era a identidade entre professor, método e matéria. [...] determinava que um único mestre acompanhasse o mesmo grupo de alunos do início ao fim do curso. ” (ROCHA, 2010 ,05). Pautado na doutrinação cristã e nas primeiras letras, o controle estatal era de forte presença com o objetivo de controlar o ensino para que não desestabilizasse as estruturas vigentes. Como os jesuítas tinham o domínio de ensinar, eles não aprofundaram os nativos a essas condições, fortalecendo a manutenção de domínio assim como a impossibilidade de ascensão social, culminando na expulsão dos jesuítas pela Metrópole na segunda metade do séc XVIII. Quando se deu a expulsão dos jesuítas em 1759, a soma dos alunos de todas as instituições jesuíticas não atingia 0,1% da população brasileira. (SAVIANI, 2008, 02) Marques de Pombal centralizou o poder nas mãos do Rei combatendo fortemente a Companhia através da acusação de que eles educavam os índios com interesses próprios, opostos à Metrópole. Foi através da Reforma Pombalina que a oposição foi fortalecida culminando no fechamento das escolas jesuítas e instituindo as aulas régias. A herança que este período legou (1759-1808) foi a ilusão de que se pode adquirir uma educação fundamental com aulas avulsas, não-seriadas, sem um currículo que as ordenasse e as articulasse. A uniformidade da ação pedagógica, a transição adequada de um nível para outro, as graduações foram substituídas pelas dispersas aulas régias. (Idem, ibidem, 10) 9 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Na prática, o sistema das aulas régias pouco alterou o dinamismo no qual estavam inseridas as práticas educacionais, pois o ensino de fato das letras ainda estava centralizado nas elites sociais. Com a vinda da família real para o Brasil, as cobranças pelo letramento foram maiores, assim como os centros culturais criados como os museus e bibliotecas. Obviamente que eram restritos aos letrados – brancos e portugueses, em sua maioria – mas a necessidade de uma mão de obra mais especializada e que atendesse os anseios da Corte fez com que houvesse maior abertura e amplitude de centros de ensino espalhados pelo Brasil. Em 1808, devido ao contexto incipiente, no âmbito acadêmico e intelectual, D. João VI cria as escolas especiais de Medicina na Bahia e a cadeira de Artes Militares no Rio de Janeiro, o que permitiu amenizar a carência do ensino superior brasileiro, pois não se constituíam em pleno ambiente acadêmico, quiçá Universidades (HOLANDA, CARMO, 2008, 5709) A independência do Brasil, assim como a criação da constituição datada em 1823, com forte presença dos liberais frente aos conservadores estabeleceu a criação de um sistema escolar seriado e dividido entre escolas primárias, ginasial e universitário, assim como a inclusão das mulheres ao sistema de ensino. Entretanto, a constituição outorgada em 1824 dissertava a respeito apenas da educação gratuita do primário, ginásio e universitário. A ausência de um aparato logístico e um plano sistemático de ensino corroborou para que mesmo com a Lei de 1827, que determinava a criação das “escolas de primeiras letras” em todas as cidades e vilas mais populosas, não houvesse possibilidade financeira e técnica para tais instalações. Ainda assim fora criada o Curso de Direito, em Olinda. As aulas régias foram necessárias para o direcionamento curricular onde foram criadas as cadeiras de Música, Química, Francês, Biologia, Filosofia, Desenho, etc. A vinda da família real ao Brasil foi de suma importância para a evolução educacional brasileira. O que antes estava centrado nas mãos dos jesuítas e o engessamento através do controle da Companhia e da Metrópole se faziam presentes, a vinda da Coroa para o Brasil fez com que as evoluções educacionais fossem mais do que necessária pela constituição de fato de um governo na Colônia. 10 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A partir de 1850 a educação primária passou a ser vista como possibilidade e necessidade de desenvolvimento intelecto-social, fazendo necessário maiores investimentos com o objetivo de se ter uma sociedade mais consolidada. Antônio Almeida de Oliveira teve papel de destaque no fortalecimento educacional brasileiro onde “Em relação ao ensino primário, Oliveira defendia-o como um direito do Governo, e seu discurso indica-o como uma necessidade legal, social e de desenvolvimento da nação, além de sua relevância na formação moral da sociedade” (SANT’ANNA, MIZUTA, 2010, 101) A função até então humanizadora, de introdução às Letras se perde, tornando-se uma escola preparatória para o ingresso no Ensino Superior o que consequentemente foi uma atitude ruim, pois os alunos que lá chegavam, não tinham uma base de qualidade. Uma das principais características da educação do período pós Ato Adicional de 1834, é a reivindicação da educação obrigatória,e a discussão dos termos aplicáveis a ela, tal como a gratuidade do ensino, a livre educação e a secularização do ensino (idem, ibidem). Com o fortalecimento econômico, através do fim da escravatura, e industrialização cafeeira, a necessidade por uma mão de obra mais qualificada e preparada tornou-se ainda mais importante. Sendo assim, em 1854 foi criada uma inspeção forte e sistemática para a constante avaliação da qualidade de ensino das escolas primárias – e públicas – para que a qualidade fosse mantida, conforme gráfico a seguir: 11 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. A HEGEMONIA JESUÍTICA (1549-1759) É consensual afirmar que, nos trinta primeiros anos da colonização do Brasil, Portugal dedicou-se exclusivamente à exploração das riquezas sem efetivo projeto de povoamento. Os índios que ocupavam o território brasileiro, nas palavras de Pero Magalhães Gandavo, Não tinham as letras ‘F, nem L, nem R’, não possuindo ‘Fé, nem Lei, nem Rei’ e vivendo ‘desordenadamente’. Essa suposição de uma ausência linguística e de ‘ordem’ revela, um tanto avant lalettre, o ideal de colonização trazido pelas autoridades portuguesas: superar a ‘desordem’, fazendo obedecer a um Rei, difundindo uma Fé e fixando uma Lei. [...] ( Apud VILLALTA, 2002, p.332). “Língua, instrução e livros, nesse quadro, em termos das expectativas metropolitanas, deveriam desenvolver-se sob a égide de um Rei, uma Fé e uma Lei”. (VILLALTA, IDEM). A vinda dos jesuítas, em 1549, proporcionava assim a expansão da Fé e do Império, reunindo mercadores e evangelizadores sob a mesma empresa, tal como Antonio Vieira irá se referir posteriormente na obra História do Futuro. Com sua política de instrução – uma escola, uma igreja –, edificaram templos e colégios nas mais diversas regiões da colônia, constituindo um sistema de educação e expandindo sua pedagogia através do uso do teatro, da música e das danças, “multiplicando seus recursos para atingir à inteligência das crianças e encontrar-lhes o caminho do coração”. (AZEVEDO, 1943, p.290). Os jesuítas tiveram grande importância no campo das artes. A propagação de um estilo jesuítico nas artes foi tamanha, que pode ser dedicado um capítulo inteiro aos jesuítas na História da Arte no Brasil. Tal importância pode ser constatada na Carta que comunicava a supressão da Companhia, e determinava a abolição de “cada um dos seosofficios, Residências (...) Costumes e Estilos”, quando das reformas pombalinas que culminaram com a sua expulsão das terras brasileiras. Com o aprendizado das artes e dos mais diferentes ofícios adquiriram autossuficiência na fatura dos mais diversos objetos de uso pessoal e para a lida cotidiana, de pares de sapatos a embarcações para transportar os padres e irmãos entre 12 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância as possessões no Amazonas e ao longo do litoral da Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A produção das reduções jesuíticas, por exemplo, tinha caráter notável. Na região dos Sete Povos das Missões, além das atividades de agricultura e pecuária, com produção de excedentes, foram construídas oficinas para fatura de instrumentos musicais, assim como para imaginária e adornos usados nos templos. Os indígenas sob a orientação de mestres jesuítas executavam a talha e a escultura em madeira e pedra, empregando em profusão elementos da flora e fauna circunvizinhas aos aldeamentos. A adaptação aos costumes locais em respeito à diversidade das regiões sob domínio jesuítico, para a eficácia da catequese, era orientação que constava nas Constituições da Companhia de Jesus, apresentada por Inácio de Loyola, em 1550, aos padres e irmãos que estavam em Roma. De fato, os jesuítas empreenderam no Brasil uma significativa obra missionária e evangelizadora, especialmente fazendo uso de novas metodologias, das quais a educação escolar foi uma das mais poderosas e eficazes. Em matéria de educação escolar, os jesuítas souberam construir a sua hegemonia. Não apenas organizaram uma ampla ‘rede’ de escolas elementares e colégios, como o fizeram de modo muito organizado e contando com um projeto pedagógico uniforme e bem planejado, sendo o RatioStudiorum a sua expressão máxima. (SANGENIS, 2004, p.93) O RatioStudiorum ou Plano de Estudos – o método pedagógico dos jesuítas, publicado em 1599 foi sistematizado a partir das experiências pedagógicas, que tiveram início no Colégio de Messina, primeiro colégio aberto na Sicília, em 1548. A par dessa primeira experiência na Itália a disputa entre o modus italicus e o modus parisiensis foi vencida pelo último, com o predomínio do modelo da Universidade de Paris, por onde passaram muito dos jesuítas, inclusive o próprio Loyola. Este código de ensino ou estatuto pedagógico era composto de um conjunto de regras, que envolvia desde a organização escolar e orientações pedagógicas até a observância estrita da doutrina católica. O método de estudos contido no Ratio compreendia o trinômio estudar, repetir e disputar, prescrito nas regras do Reitor do Colégio, e como exercícios escolares havia a preleção, lição de cor, composição e desafio, práticas pedagógicas essas que remetem diretamente à escolástica medieval, 13 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância configurando-se como Pedagogia Tradicional, que na sua vertente religiosa, tornava a educação sinônima de catequese e evangelização. A educação almejada pelo Ratio tinha como meta a formação do homem perfeito, do bom cristão e era centrada em um currículo de educação literária e humanista voltada para a elite colonial. A concepção pedagógica tradicional se caracteriza por uma visão essencialista de homem, isto é, o homem é concebido como constituído por uma essência humana e imutável. À educação cumpre moldar a existência particular e real de cada educando à essência universal e ideal que o define enquanto ser humano. Para a vertente religiosa, tendo sido o homem feito por Deus à sua imagem e semelhança, a essência humana é considerada, pois, criação divina. Em consequência, o homem deve se empenhar para fazer por merecer a dádiva sobrenatural. A expressão mais acabada dessa vertente é dada pela corrente do tomismo, que consiste numa articulação entre a filosofia de Aristóteles e a tradição cristã; tal trabalho de sistematização foi levado a cabo pelo filósofo e teólogo medieval Tomás de Aquino [...] E é justamente tomismo que está na base do RatioSudiorum [...] ( SAVIANI, 2004, p. 127) Ainda que não tenham sido os jesuítas os primeiros a pisar a Terra de Santa Cruz – vale lembrar que junto com Pedro Álvares Cabral vieram os franciscanos. Essa primazia dos franciscanos, no entanto, não legou à posteridade o mesmo alcance que tiveram os jesuítas, que durante duzentos e dez anos, a partir da chegada em 1549 até a expulsão em 1759, detiveram o monopólio da educação. É certo que esse monopólio não explica isoladamente a sanha despótica do Marquês de Pombal contra a Companhia de Jesus. Tinham os jesuítas domínio sobre as fronteiras ao norte do Rio Amazonas, e as suas missões naquela região praticavam o comércio das drogas do sertão, sendo isentas de contribuição à coroa portuguesa, e ao Sul dos rios Uruguai e Paraguai, onde havia resistência ao uso dos indígenas para povoar e defender o interior e regiões fronteiriças. “A Companhia de Jesus foi uma das vítimas mais evidentes dos acontecimentos postos em marcha pelas pretensões imperiais do governo de Pombal e pelas tentativas de nacionalizar setores do sistema comercial luso-brasileiro. ” (MAXWELL, 1995, p.42) Em Portugal, cabia aos jesuítas o direito exclusivo de ensinar Latim e Filosofia no Colégio de Artes, curso preparatório obrigatório para ingressonas faculdades da Universidade de Coimbra. A Universidade de Évora era também uma instituição jesuítica. No Brasil os colégios jesuíticos ofereciam quase com exclusividade a educação 14 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância secundária. Nos domínios de Portugal na Ásia havia sido a força dominante desde os primórdios da expansão portuguesa no Oriente, sendo que alguns dos jesuítas chegaram a ser mortos no cumprimento da ação evangelizadora. A Companhia de Jesus estava presente desse modo como fator de empecilho às reformas econômicas e educacionais de Pombal, o que explica, à primeira vista, a sua expulsão e proscrição. Quando da supressão da ordem, em 1773, contavam os inacianos com 578 colégios e 150 seminários em todo o mundo. 15 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. INSTITUIÇÕES ESCOLARES NO BRASIL COLONIAL E IMPERIAL A Constituição de 1824, em seu artigo 179, limitou-se a estabelecer a gratuidade da instrução primária para todos os cidadãos; em 1827, uma lei determinou a criação de uma escola de primeiras letras em cada cidade, o que não chegou a ser cumprido; em 1854 o ensino primário foi dividido em elementar e superior. Os orçamentos eram poucos, escravos não podiam frequenta-lo. O ensino técnico profissional e o ensino normal foram marginalizados durante o Império pelo poder público, uma vez que a este não se facultava o ensino superior; pela clientela escolar, uma vez que quem estudava nesse período provinha da elite, e a escola era seu passaporte para o ensino superior. O abandono fica claro quando, em 1864, havia apenas 106 alunos matriculados no ensino técnico brasileiro. A formação do professor, por ser o cargo vitalício, não havia necessidade de ser alterada. Os mesmos eram selecionados sob três condições: maioridade, moralidade e capacidade, está às vezes medida através de concursos. As primeiras escolas normais foram criadas nas províncias do Rio de Janeiro e da Bahia, na década de 1830. E somente em 1875, na capital do Império, foram instituídas duas escolas normais, sendo uma para homens e outra para mulheres, transformada em única em 1880, quando realmente se iniciou o desenvolvimento das escolas normais no Brasil. Os estudos normais tinham matérias relacionadas à função docente. O legado da Colônia em relação ao ensino secundário foi uma série de aulas avulsas e dispersas, com a função de preparar os alunos para os cursos superiores. A partir de 1834 o ensino secundário ficou estabelecido como sistema regular seriado, oferecido pelo Colégio de Pedro II e eventualmente pelos liceus provinciais e 23 alguns estabelecimentos particulares; e sistema irregular e inorgânico (cursos preparatórios e exames parcelados para ingresso ao ensino superior). Essa dualidade era fortalecida pelas normas que regulamentavam o ingresso ao ensino superior. Se o indivíduo tivesse idade e fosse aprovado nos exames parcelados não teria necessariamente que ter concluído o ensino secundário regular. Por outro lado, se concluía o ensino secundário regular nos liceus não dava direito a ingressar nos cursos superiores sem a prestação dos exames. Isso fragmentou o ensino secundário e, no final do Império, até o colégio de Pedro II oferecia cursos avulsos com frequência livre e exames parcelados. Com a proclamação da Independência o governo se preocupou em formar os alunos e os futuros cidadãos, apesar de estes serem apenas os filhos de homens livres, a elite dirigente do país, preocupando-se em criar escolas superiores e 16 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância regulamentares o acesso as mesmas. Apesar de que desde 1854 algumas leis a favor da educação tenham sido elaboradas, a maioria da população continuava analfabeta. Poucos alunos chegavam ao secundário e à universidade, um privilégio apenas a elite. Até a Proclamação da República pouco se fez de concreto pela educação. Em resumo a situação escolar de alguns estados, em 1864, total de alunos era: Província Primário público Primário privado Secundário público/privado Meninos/meninas Meninos/meninas Meninos/meninas PR 1101 504 874 22 38 0 // 0 0 SP 4376 2333 3146 1982 127 0 // 500 0 RJ 4821 1711 1193 714 50 575 // 0 157 MG 14705 2204 0 0 787 0 //0 0 Fonte: ALMEIDA, José Pires. História da Instrução Pública no Brasil (1500-1889). Cronologia: • 1906 - Criada a Liga Internacional para a Instrução Racional da Infância, que defende o estabelecimento da "Escola Moderna" para a educação infantil, sobre princípios laicos (não-religiosos), racionais e científicos. • 1909 - Primeira escola moderna fundada no Brasil, a Escola Nova, em São Paulo. Até 1919, serão fundadas outras 18 escolas do tipo, em Porto Alegre, Rio de Janeiro,Niterói, Belém do Pará e Fortaleza, entre outras cidades. • 1909 - Fundada a Universidade de Manaus • 1911 - Reforma Rivadávia Correia • 1912 - Fundada a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a mais antiga federal do país. • 1915 - Fundada a Universidade Popular de Cultura Racionalista e Científica, por Florentino de Carvalho em São Paulo, dentro do movimento da Escola Moderna. • 1915 - Reforma Carlos Maximiliano • 1919 - Morre Anália Franco, fundadora de mais de setenta escolas e mais de uma vintena de de asilos para crianças órfãs. • 1919 - Governo cassa as autorizações de funcionamento das escolas modernas. O movimento chega ao fim no Brasil. https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Liga_Internacional_para_a_Instru%C3%A7%C3%A3o_Racional_da_Inf%C3%A2ncia&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Moderna https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nova https://pt.wikipedia.org/wiki/1919 https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre https://pt.wikipedia.org/wiki/Niter%C3%B3i https://pt.wikipedia.org/wiki/Bel%C3%A9m_do_Par%C3%A1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_do_Amazonas https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Rivad%C3%A1via https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_do_Paran%C3%A1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Universidade_Popular_de_Cultura_Racionalista_e_Cient%C3%ADfica&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Florentino_de_Carvalho https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Moderna https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carlos_Maximiliano&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lia_Franco 17 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • 1921 - Nasce Paulo Freire, em Recife (Pernambuco). • 1922 - Nasce Darcy Ribeiro, em Montes Claros (Minas Gerais). • 1924 - Anísio Teixeira torna-se secretário de Educação da Bahia. • 1925 - Reforma João Luiz Alves da Rocha Vaz • 1927-28 - Anísio Teixeira viaja para os EUA, onde trava contato com as idéias do pedagogo John Dewey. • 1931 - Anísio Teixeira retorna ao Brasil e assume a diretoria de educação pública do Rio de Janeiro, integrando a rede municipal de ensino. • 1932 - Lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em defesa do ensino público gratuito, laico e obrigatório. • 1932 - Reforma Francisco Campos • 1933 - Nasce Rubem Alves, em Boa Esperança (Minas Gerais). • 1934 - É criada a Universidade de São Paulo, incorporando faculdades públicas da capital paulista. • 1935 - É criada a Universidade do Distrito Federal, por iniciativa de Anísio Teixeira. a UDF dura apenas até 1939, mas será o embrião da futura UEG (Universidade Estadual da Guanabara), atual UERJ. • 1937 - É criada a Universidade do Brasil (atual UFRJ), agrupando 15 instituições públicas de ensino superior que já existiam na capital federal. • 1942 - Reforma Gustavo Capanema • 1946 - Paulo Freire começa a trabalhar com alfabetizaçãode pessoas de baixa renda. Anísio Teixeira torna-se conselheiro da UNESCO (agência da ONU para Educação). • 1946 - Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), promulgada pelo presidente Eurico Dutra. Anísio Teixeira volta a ser secretário de Educação da Bahia. • 1950 - Anísio Teixeira funda a "Escola Parque" em Salvador, testando métodos de educação integrada para crianças de comunidades de baixa renda. • 1959 - Paulo Freire publica "Educação e atualidade brasileira", sua primeira obra, escrita como tese. • 1960 - Governo federal funda novas universidades federais no país, pela Lei nº 3.848, inclusive a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense e a Universidade Federal de Santa Maria (primeira do interior do Brasil). • 1961 - LDB da Educação Básica https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire https://pt.wikipedia.org/wiki/Darcy_Ribeiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Montes_Claros https://pt.wikipedia.org/wiki/Minas_Gerais https://pt.wikipedia.org/wiki/EUA https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey https://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_dos_Pioneiros_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nova https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Campos https://pt.wikipedia.org/wiki/Rubem_Alves https://pt.wikipedia.org/wiki/Boa_Esperan%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_S%C3%A3o_Paulo https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Distrito_Federal https://pt.wikipedia.org/wiki/1939 https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Capanema https://pt.wikipedia.org/wiki/UNESCO https://pt.wikipedia.org/wiki/ONU https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Bras%C3%ADlia https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_Fluminense https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_de_Santa_Maria https://pt.wikipedia.org/wiki/LDB 18 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Após a apresentação da breve retrospectiva histórica poderemos entender melhor todas as etapas que serão apresentadas ao longo da semana e as atividades propostas bem como poderemos pensar a respeito da importância do papel do Professor ao longo de toda a história da educação nacional. 19 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. BREVES APONTAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA – PARTE A Até 1870 houve um forte engajamento pelos políticos na melhoria da qualidade e acesso educação, o que culminou na aprovação das Instruções Especiais para as Conferências Pedagógicas, onde foi criada a Escola de Ensino Normal da Corte, com o propósito de formar professores. A decisão ocorreu após um levantamento mostrar que um dos maiores problemas da Corte com a educação era justamente a ausência de professores, visto que não havia nenhuma instituição de formação de professores e, consequentemente, a baixa qualidade era outro problema existente. A primeira Escola Nacional da Corte foi criada apenas em 1880 com o decreto 7684/1880 e posteriormente reformada pelo 8025/1881, onde rogava que o ensino fosse gratuito, para ambos os gêneros com ensino das ciências, letras e artes. Esse período de transição econômica foi determinante para a necessidade de melhores investimentos da educação para que fosse formada uma mão de obra mais capacitada e que atendesse as necessidades do Brasil através de uma consolidação financeira em conjunto com melhorias educacionais. Melhorias essas que fizeram da educação algo institucional. A Reforma Paulista de 1892 serviu de modelo para todas as outras escolas da federação onde o primário foi dividido em dois ciclos, ambos com quatro anos. Enquanto o normal se dava para as elites, preparatórios para o Ensino Superior. O ano de 1920 foi primordial para a introdução de uma nova prática pedagógica, pois a especificidade de professores de uma determinada área, e não mais centralizador de todas elas, cresciam e culminou na formação da Associação Brasileira de Educação, a ABE, em 1924. Seja como for, a escolarização, entendida como fenômeno de institucionalização da educação e também como centralidade escolar no âmbito cultural, isto é, nas consequências culturais da escola, firmou-se decisivamente no país. [...] Na educação superior, além da expansão desse nível na Primeira República, como acentuou com propriedade Luiz Antônio Cunha (1986), ocorreu também o fenômeno, relevante quando se cuida da institucionalização, de sua 20 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância universitarização, [...] tal fenômeno atinge seu ponto de inflexão com a edição, em 1931, no bojo da assim chamada Reforma Francisco Campos, do Estatuto das Universidades Brasileiras (Decreto 19.851, de 11 de abril de 1931). (CASTANHO, 2006, 5801) As sociedades civis tiveram grande importância nesse momento através da fundação de escolas e liceus, “a classe dominante, no Estado e fora dele, tinha todo o interesse numa educação profissional que, além de sua finalidade ostensiva, a preparação para o trabalho nas novas condições de urbanização e industrialização” (idem, ibdem). O ensino profissionalizante começou a se desenhar como centralizador da ascensão social. Os padres salesianos, através do apoio – leia-se financiamento – das classes mais abastadas, inauguraram escolas em São Paulo, Campinas, Lorena, Recife Cuiabá e Rio Grande. Com a revolução de 1930, conjuntamente com Reforma Capanema, Lei Orgânica do Ensino Industrial e a consolidação extremamente forte do capitalismo, a educação ficou ainda mais atrelada ao poder privado e, consequentemente, a esta ideologia. Como uma forma do Estado manter o controle sobre as produções técnico- científicas do ensino universitário brasileiro, instituiu-se que os reitores das universidades federais e estaduais seriam nomeados por meio de indicações dos respectivos governos por meio da lista tríplice3. Sendo assim, a necessidade do mapeamento do ensino nesses Estados foi de suma importância, pois configurou a discussão a respeito da educação a nível federativo, levando a compreensão do quão importante é um ensino primário fundamentado. Para aprimorar os índices e sua qualidade, o governo criou novas modalidades de ensino: escolas isoladas, escolas singulares, escola distrital, escola rural, escola urbana, escola modelo, escola unitária, escola de primeiras letras e grupos escolares. Esse, por último constituiu o Ensino Primário na Primeira República. Para combater os 80% de analfabetismo existente naquele período também foram elaboradas políticas 3A lista tríplice consiste no resultado da votação direta do colegiado onde os 3 professores mais votados são encaminhados para o chefe de Estado que deverá escolher o melhor nome para gerenciar a instituição. Embora sabia- se que o mais recomendável é a escolha do professor mais votado pelo colegiado para ser reitor, alguns governadores não adotam essa medida, o que ocasiona graves transtornos acadêmicos-científicos para a instituição. 21 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância governamentais inovadoras respaldando nas concepções da escola nova (FERREIRA, CARVALHO, 2011, 02). Nesse período, entre a metade do séc XIX e primeira metade do séc XX, a institucionalização e atrelamento educacional aos setores privados marcaram profundas mudanças no sistema educacional brasileiro. O ideal era a consolidação de uma educação pública, pois Nesse sentido a formulação e o ensino são afirmados como valores fundamentais para o indivíduo e sua vida na sociedade e para o exercício de direitos fundamentais à vida do cidadão. A República nasce acompanhada da crença da necessidade de remodelação da ordemsocial, política e econômica, e da convicção de que a educação seria o mais forte instrumento para a consolidação do regime republicano e para a construção do país moderno, capaz de oferecer ao povo as condições de sua inserção no regime democrático representativo. (Idem, ibidem). A educação já centrava na formação moral e intelectual da sociedade, mas o ensino era proposto de forma multisseriada onde um professor tinha alunos de diferentes níveis ou estágios. Posteriormente essa forma de ensino foi transformada em seriada onde um professor tinha um determinado número de alunos, todos no mesmo nível de aprendizagem. Saviani (2008) afirma que a seriação do ensino levava uma maior possibilidade de ensino perante os alunos, assim como a criação do plano pedagógico e delimitações de funções (professor e diretor) facilitava o processo educacional. “As primeiras décadas do século XX [...] advogou a extensão universal, por meio do Estado, do processo de escolarização considerado o grande instrumento de participação da política” (idem, ibidem, 177). Essa consolidação da educação permitiu o acesso às ideias democráticas através da passagem da pedagogia tradicional para a moderna, com uma concepção moderna das práticas educativas em um processo mais liberal. O processo histórico no qual o Brasil estava inserido fez com que a “escola como sendo o estabelecimento responsável pela difusão do progresso da cultura povo” (FERREIRA; CARVALHO, 2011, 7). 22 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Dois processos caminhavam juntos no Brasil: os Nacionalistas e os Católicos, que fez surgir o Movimento Nacionalista Católico. Ambos buscavam através da educação uma responsabilidade política determinada através da obrigatoriedade de alfabetizar a população, ideologicamente estavam imbricados. Nessa perspectiva, teria sido esboçado um cenário propício para o desenvolvimento de ações como “O Inquérito da Instrução Pública de 1926”, conduzido por Fernando de Azevedo, e a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE) em 1927. Em especial naquilo que tange a ABE, poder-se-ia afirmar que esta associação seria responsável pela condução dos debates acerca da escolarização em âmbito nacional por parte dos técnicos e intelectuais da educação. (Idem, ibidem, 8) Sendo assim, vemos que o positivismo e o liberalismo foram os responsáveis em incutir aos indivíduos as ideias de suas respectivas responsabilidades dentro daquela sociedade, assim como o que a sociedade esperava dos próprios indivíduos. Nos anos 30, o escolanovismo se desenvolveu dentro de um contexto de forte urbanização assim como expansão da cultura cafeeira, na qual havia uma promessa de um desenvolvimento econômico e social para o Brasil, através de uma imposição do capital no qual a sociedade deveria ser produtora e altamente consumidora dos bens e serviços. Em 1932 fora escrito o Manifesto dos Pioneiros, onde propunha uma série de itens dos quais a escola deveria cumprir, alguns deles: • Educação essencialmente pública e gratuita; • Seriada para atender as diversas fases do crescimento do indivíduo; • Funcional e ativa, adequando as necessidades socioeconômicas; • Todos os professores com formação universitária, dentre outros. Esses itens foram incluídos visto que as ciências humanas já estavam evoluídas e o estudo da sociologia e filosofia mostrava que os indivíduos têm suas fases de aprendizado e há a necessidade do respeito e entendimento, por isso o professor deixou de ser o principal centralizador do conhecimento para que o aluno passasse a sê-lo com o objetivo de uma aula mais dialogada e democrática. 23 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O ensino passou a ser pautado no cotidiano das pessoas onde o era adaptado às suas realidades, fazendo com que houvesse o interesse e entendimento de sua funcionalidade e aplicabilidade, privilegiando a pedagogia da ação. A avaliação passou a ser vista de forma diferenciada onde era um processo de avaliação do aluno e não o professor, para que o professor pudesse ter conhecimento do aprendizado e possíveis formas de melhorá-lo. 24 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. BREVES APONTAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA – PARTE B Paralelamente a esse processo de solidificação da educação através da Escola Nova, a Constituição de 1946, inspiradas nas questões sociais do século XX, formulou leis que amparassem ainda mais a educação, onde reformulou o ensino, passando a ser dividido em três fases: ensino primário, secundário e superior. Havia duas possibilidades de aplicação: centralizadora, conforme os moldes da Constituição de 1937, e outra federativa, seguindo os moldes da Constituição de 1946. Assim como a possibilidade da criação de um Conselho Nacional da Educação, que apoiasse o Ministério da Educação e fizesse cumprir as regras da União. Foi também levantada a discussão da possibilidade de dois seguimentos de estudos: o público e o privado. Ambos deveriam seguir uma matriz curricular nacional, com o intuito de se criar uma unidade educacional brasileira, o que levou a uma polêmica que teve até a criação da Campanha em Defesa da Escola Pública. [...] as forças conservadoras se mostravam contrárias ao ensino público e gratuito. Este, seguindo o princípio da democracia, possibilitaria à população o acesso à participação na vida econômica e política do País; já bastava para assustar os conservadores. As lutas do grupo “pró-Defesa”, contra a implantação do projeto e para apoio à escola privada, foram evidenciadas. Fernando de Azevedo, relator do primeiro Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), também redigiu o segundo Manifesto dos Educadores (1959). Assinado por 189 pessoas – educadores, intelectuais e estudantes – , este reafirmava os princípios da Escola Nova, mas tratando principalmente do aspecto social da educação, dos deveres do Estado Democrático e do direito à escola para todos. (SANTOS, PRESTES, VALE, 2006, 141) A partir de 1961 foi assinada a Lei de Diretrizes e Bases – LDB – que dava à educação um direito mais livre de exercimento de suas práticas, essa liberdade se deu principalmente na proposta de educação, assim como na criação de conteúdos de ensino, criando setores exclusivos dentro da escola para coordenar as atividades, conforme temos até os tempos atuais. As discussões sobre as reformas universitárias, iniciadas em 1918 pela Universidade de Córdoba, só chegaram no Brasil no início da década de 60, por meio da 25 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância União Nacional dos Estudantes (UNE) que compreendia que as reformas educacionais de base também deveriam estar em consonância com as reformas universitárias. O pensamento estrutural do ensino brasileiro estava em consonância com as questões socioeconômicas nacionais, formavam-se indivíduos mais bem consolidados no pensamento democrático e com conhecimento das ciências em gerais, assim como o preparava para um mercado de trabalho e possível nível universitário. Esse, por fim, tornou-se democrático apenas a partir de 2002, através de programas sociais do Governo Federal, como o PROUNI, FIES e REUNI, no qual trabalharemos mais adiante. As maiores discussões entre as escolas públicas e privadas ficaram no ambiente ideológico, onde de um lado havia a prerrogativa da obrigatoriedade do Estado prover uma educação de qualidade para a população, enquanto do outro o direito de entidades privadas exercerem também esse direito. O primeiro grupo era um movimento progressista e laico que via na escola a obrigatoriedade da formação, enquanto o segundogrupo, atrelado à Igreja, compactuava com uma educação humanista pautados na moral cristã. A oposição maior dos conservadores é pelo fato de afirmarem que uma escola pautada em viés cientificista afastava as pessoas de Deus e aproximava-as do ateísmo. Com isso, a escola nova, ao mesmo tempo em que aprimorou a qualidade do ensino destinado às elites, forçou a baixa da qualidade do ensino destinado às camadas populares, já que sua influência provocou o afrouxamento da disciplina e das exigências de qualificação nas escolas convencionais” (SAVIANI, 1989, 24). Os conflitos ideológicos durante a aprovação da LDB foram marcantes em todo o seu longo de demorado processo de análise, discussão e consenso pela especificidade entre o ensino público e privado, assim como os interesses envoltos em cada um. O interesse dos setores públicos e privados evidenciou o interesse em fazer da educação uma fonte de investimento visando o lucro, a pura mercantilização da educação no Brasil através da desobrigação do Estado perante a obrigatoriedade em prover à sua sociedade o direito do acesso à educação pública e gratuita. A lei promulgada em dezembro de 1961 não era a que os defensores do ensino público almejavam. Tal lei significou, mais uma vez, uma solução de compromisso, porém abriu caminho para a privatização do ensino que ocorreu nas duas últimas décadas. [...] A questão essencial é, como se sabe, de classe, que nesse momento histórico preciso se evidencia na forma do acentuado descaso do Estado burguês para com a educação das novas gerações. (BUFFA, 1984, p. 305) 26 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Após 1964 o Brasil foi imposto a vivenciar uma Ditadura Militar que resultou em grandes embates com a guerrilha, problemas com a economia popular, trabalhadores e micro/pequenos empresários tiveram que ir à disputa com as empresas monopolistas e globalizantes por um espaço. Enquanto um minúsculo setor da sociedade provia de uma excelente renda mensal, frutos de propriedades e investimento, a esmagadora parcela da sociedade dependia de seus salários somados a alta da inflamação. Consequentemente essa última parcela dependia dos serviços públicos brasileiros, como a educação. A taxa de escolaridade das crianças de sete a 10 anos, faixa etária que correspondia ao antigo curso primário, baixou de 1970 a 1980: de 66,3% para 65,5%. Isto quer dizer que, em 1980, mais de um terço das crianças que deveriam estar cursando a escola primária estavam, na realidade, fora da escola. (KOCH, 1995, p. 29) A consequência da falta de investimento educacional na Ditadura Militar é perceptível ao analisarmos as pessoas com idades avançadas, que eram alunas na época da ditadura, terem uma escolaridade limitada - muitas vezes com ensino regular interrompido. Em dez anos de ditadura militar, de 1970 a 1980, houve uma redução de apenas 8,2% na taxa de analfabetismo. Durante o decorrer dos anos, houve redução dos presentes nos ensinos posteriores, a diminuição da quantidade de alunos dava-se pela evasão, excluindo, pela base do ensino, a manutenção e ascensão social através da escola. Através do GOT – Ginásio Orientado para o Trabalho – objetivou-se a criação de mão de obra especializada para o trabalho onde os alunos que demonstrassem maiores aptidões para as artes industriais, técnicas agrícolas, comerciais, para o lar etc., fazia uso dessa possibilidade. Com essa realidade, o movimento feminista começou a ganhar notoriedade no cenário educacional através das exigências e legitimidades. Como muito daquilo que era reivindicado pelas feministas era visto de forma pejorativa, como uma questão pequeno-burguesa, o movimento só ganharia maior visibilidade após 1975. […] É também quando surge uma imprensa que se voltou para as questões debatidas pelo feminismo, como o Nós Mulheres e o Brasil-Mulher, ambos atuando entre os anos de 1975 a 1980. (SANTANA, 2009, p. 6) 27 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A transição entre os séculos trouxe novas visões e paradigmas para a educação na contemporaneidade, a globalização e mundialização passaram a ressignificar o ideal e propósito do fazer educação. Novos dilemas e desafios estão postos, cabendo aos novos professores estarem preparados e aos antigos se capacitarem. As demandas mudaram através do reconhecimento de grupos sociais excluídos social e historicamente: negros, mulheres, lgbt, etc. Os movimentos feministas são necessários para que haja novos entendimentos sobre a prática docente. Principalmente pelo fato de que a feminização do magistério no Brasil se desenvolveu pela própria manutenção do machismo, onde à mulher cabia a responsabilidade dos cuidados domésticos e familiares. As mulheres começaram a serem empregadas nas escolas enquanto professoras por conta das sucessivas guerras mundiais e necessidade de nova mão de trabalho enquanto os homens estavam trabalhando nas fábricas. A partir deste contexto, criou um senso comum de que as mulheres deveriam ir para as escolas cuidar das crianças enquanto os homens iam para as fábricas. Acosta (2014), afirma que Com essa delimitação obrigatória e compulsória imposta à mulher, ela passou a se dedicar mais especificamente ao processo educacional de seus filhos e, assim, conquistando possíveis conhecimentos que futuramente seriam impostos (in) diretamente a ela: o magistério. [....] Sabemos, então, que a mulher não é um ser feminino por si só, sim uma construção de uma identidade feminina que a torna e impõe a ela um estereótipo. (ACOSTA, 2014: 6) A compreensão da atualidade tem grande importância para o futuro do desenvolvimento escolar e a formação educacional. Paradigmas novos estão sendo postos ao desenvolvimento como a Teoria da Complexidade, onde o ensino deixa de ser verticalizado e fracionado, para ser horizontalizado e dividido em poucas matrizes capazes de interdisciplinar e transdisciplinarmente atenderem a demanda dos alunos atuais. 28 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. REVOLUÇÃO FEMININA: AS MULHERES À FRENTE NA EDUCAÇÃO (José Eustáquio Diniz Alves) A economia colonial brasileira fundada na grande propriedade rural e na mão de obra escrava deu pouca atenção ao ensino formal para os homens e nenhuma para as mulheres. O isolamento, a estratificação social e as relações familiares patriarcais favoreceram uma estrutura de poder fundada na autoridade sem limites dos homens donos de terras. A tradição cultural ibérica, transposta de Portugal para a colônia brasileira, considerava a mulher um ser inferior, que não tinha necessidade de aprender a ler e a escrever. A educação monopolizada pela Igreja Católica reforçava o espírito medieval. A obra educativa da Companhia de Jesus (Jesuítas) contribuiu significativamente para o fortalecimento da predominância masculina, sendo que os padres jesuítas tinham apego às formas dogmáticas de pensamento e pregavam a autoridade máxima da Igreja e do Estado. Com a vinda da Família Real portuguesa ao Brasil e a independência, em 1822, a sociedade brasileira começou a apresentar uma estrutura social mais complexa. As imigrações internacionais e a diversificação econômica aumentaram a demanda por educação, que passou a ser vista como um instrumento de ascensão social pelas camadas sociais intermediárias. Neste novo contexto, pela primeira vez, os dirigentes do país manifestaram preocupação com a educação feminina. Os primeiros legisladores do Império estabeleceram que o ensino primário deveria ser de responsabilidade do Estado e extensivo às meninas, cujas classes deveriam ser regidas por professoras. Porém, devido à falta de professoras qualificadas e sem conseguir despertar maior interesse dos pais, oensino sequer logrou abranger uma percentagem significativa de alunas. Na primeira metade do século XIX, começaram a aparecer as primeiras instituições destinadas a educar as mulheres, embora em um quadro de ensino dual, com claras especializações de gênero. Ao sexo feminino cabia, em geral, a educação primária, com forte conteúdo moral e social, dirigido para o fortalecimento do papel da mulher enquanto mãe e esposa. A educação secundária feminina ficava restrita, em grande medida, ao magistério, isto é, formação de professoras para os cursos primários. As mulheres continuaram excluídas dos graus mais elevados de instrução durante o século XIX. A 29 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância tônica permanecia na agulha, não na caneta. A primeira escola foi criada em Niterói, no ano de 1835, seguida por outra na Bahia, em 1836. Até os últimos anos do Império, as escolas normais permaneceram em pequeno número, e quase insignificantes, em termos de matrículas. Se o sexo feminino tinha dificuldades de acesso ao ensino elementar, a situação era mais dramática na educação superior, que era eminentemente masculina. As mulheres foram excluídas dos primeiros cursos de Medicina (1808), Engenharia (1810) e Direito surgidos no país. O decreto imperial que facultou à mulher a matrícula em curso superior data de 1881. Todavia, era difícil vencer a barreira anterior, pois os estudos secundários eram caros e essencialmente masculinos e os cursos normais não habilitavam as mulheres para as faculdades. A primeira mulher a obter o título de médica no Brasil foi Rita Lobato Velho Lopes, em 1887. O importante a notar é que, durante o século XIX e a primeira metade do século XX, a exclusão feminina dos cursos secundários inviabilizou a entrada das mulheres nos cursos superiores. Assim, a dualidade e a segmentação de gênero estiveram, desde sempre, presentes na gênese do sistema educacional brasileiro, sendo que as mulheres tinham menores taxas de alfabetização e tinham o acesso restringido aos graus mais elevados de instrução. A Constituição da República, de 1891, consagrou a descentralização do ensino em um esquema dualista: a União ficou responsável pela criação e controle das instituições de ensino superior e secundário e aos Estados coube a criação de escolas e o monitoramento e controle do ensino primário, assim como do ensino profissional de nível médio, que na época, compreendia as escolas normais para as moças e as escolas técnicas para os rapazes. Nessa época, houve expansão quantitativa do sistema educacional, mas pouca mudança qualitativa. A taxa de alfabetização da população brasileira cresceu durante a República Velha (1889-1930) apesar da manutenção de altos níveis de analfabetismo. Os motivos do baixo grau de investimento educacional brasileiro tiveram suas origens no modelo econômico baseado na economia primário-exportadora, com base em uma estrutura escravocrata. Enquanto a população permaneceu enraizada no campo, utilizando meios arcaicos de produção, a escola não exerceu papel importante na qualificação dos recursos humanos, permanecendo como agente de educação para o 30 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ócio ou de preparação para as carreiras liberais, no caso dos homens, ou para professoras primárias e donas-de-casa, no caso das mulheres. A Revolução de 1930, ao redirecionar o desenvolvimento brasileiro para o mercado interno e para o setor urbano-industrial, propiciou o surgimento das primeiras políticas públicas de massa, especialmente para as populações urbanas. As novas exigências da industrialização e dos serviços urbanos influenciaram os conteúdos e a expansão do ensino. Porém, como a expansão do capitalismo não se fez de forma homogênea em todo o território nacional, a maior expansão da demanda escolar só se desenvolveu nas regiões onde as relações capitalistas estavam mais avançadas. Desta forma, durante o período do chamado Pacto Populista (1945-1964), o sistema escolar passou a sofrer a pressão social por níveis crescentes de acesso à educação, porém o acordo das elites no poder manteve o caráter “aristocrático” da escola, contendo a pressão popular pela democratização do ensino. Assim, não estranha que a expansão da cobertura escolar tenha ocorrido de forma improvisada e insuficiente. Para efeito do nosso estudo, é importante destacar que somente em 1961, através da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Brasileira, foi garantida equivalência de todos os cursos de grau médio, abrindo a possibilidade das mulheres que faziam magistério disputarem os vestibulares. Portanto, foi a partir dos anos 60 que as mulheres brasileiras tiveram maiores chances de ingressar na educação superior. Exatamente por isto, a reversão do hiato de gênero no ensino superior começou nos anos 70. Com a intensificação da industrialização e da urbanização do país o sistema educacional cresceu horizontalmente e verticalmente. Os governos militares, instalados no país após 1964 e inspirados no modelo norte-americano, tomaram medidas para atender a demanda crescente por vagas e qualificação profissional, de acordo, inclusive, com os compromissos internacionais. A aliança entre os militares e a tecnoburocracia possibilitou um grande crescimento da pós-graduação, com o objetivo de formar professores competentes para atender a demanda da própria universidade, estimular o desenvolvimento da pesquisa científica e assegurar a formação de quadros intelectuais qualificados para atender às necessidades do desenvolvimento nacional (Cunha, 2000). A expansão do ensino no Brasil continuou após o processo de redemocratização do país, com a instalação da chamada “Nova República”, em 1985. Nos anos de 1990 31 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância houve um desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a manutenção das crianças na escola (Bolsa Escola) e um esforço para a universalização da educação básica. No ensino superior, houve um grande crescimento das universidades privadas, que ultrapassaram em muito o número de estudantes matriculados em relação à universidade pública. A expansão geral das vagas no ensino brasileiro favoreceu especialmente o sexo feminino. Na segunda metade do século XX, as mulheres conseguiram reverter o hiato de gênero na educação em todos os níveis. Elas souberam aproveitar as oportunidades criadas pelas transformações socais ocorridas no país. Mas, sobretudo, a reversão do hiato de gênero foi uma conquista que resultou de um esforço histórico do movimento de mulheres, fazendo parte de uma luta mais geral pela igualdade de direitos entre os sexos, envolvendo inúmeros atores sociais. Isto não aconteceu apenas no Brasil, mas faz parte de uma mudança mundial de redefinição do papel da mulher na sociedade e de enfraquecimento do patriarcado. A distribuição percentual da população com nível superior de educação, por sexo e grupos etários, segundo os dados do censo demográfico de 2000, mostra que entre as populações com até 49 anos, as mulheres eram maioria nos cursos superiores, mas para as populações acima de 50 anos, os homens com curso superior suplantavam o número de mulheres. Estes dados confirmam que as mulheres avançaram na educação de maneira progressiva ao longo do século XX. Em 2000, no grupo etário acima de 60 anos, ou seja, das pessoas nascidas antes de 1940, os homens com curso superior eram quase 60%, contra 40% das mulheres. Ao contrário, para o grupo etário 20 a 29 anos, eram as mulheres com curso superior que perfaziam 60% do total, enquanto os homens obtinham o percentual de 40%. Em síntese, os dados mostram que as mulheres tiveram ganhos educacionais inequívocos no século XX e superaram cerca de 450 anos de exclusão. A despeito daqualidade da educação brasileira, a análise dos diferenciais entre homens e mulheres, mostra que o “sexo fraco” está cada vez mais forte, quando o assunto é escola. Em outras dimensões sociais e econômicas da sociedade, particularmente no mercado de trabalho, os diferenciais de gênero ainda são grandes e as mulheres estão em desvantagem. Mas quando se trata de observar o hiato de gênero na educação, o Brasil já superou as metas estabelecidas nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio. Hoje, nesta área, as desigualdades são reversas. 32 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Por fim, é preciso destacar, que a elevação da escolaridade para ambos os sexos é uma condição para o desenvolvimento do país e para se fazer justiça social. E acima de tudo, é preciso que o Brasil avance na educação com qualidade para ambos os sexos. Cronologia: • 1962 - Paulo Freire aplica seu método de alfabetização a 300 cortadores de cana analfabetos no interior de Pernambuco: em apenas 45 dias eles aprendem a ler e escrever. O sucesso do experimento inspira a criação de círculos culturais pelo Brasil. • 1963 - Paulo Freire publica "Alfabetização e conscientização". Anísio Teixeira torna-se reitor da UnB, sucedendo Darcy Ribeiro. • 1964 - Golpe militar: Darcy Ribeiro é cassado; Anísio Teixeira é cassado; Paulo Freire é preso e exilado. Freire muda-se para o Chile, onde trabalha para a FAO (Organizaço de Alimentação e Agricultura, uma agência da ONU) e milita no Movimento Cristão pela Reforma Agrária. • 1967 - O regime militar institui o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), incorporando alguns dos métodosde Paulo Freire. • 1968 - LDB do Ensino Superior • 1970 - Convidado pela Universidade de Harvard, Paulo Freire vai aos EUA e publica (no exterior) "Pedagogia do oprimido", seu principal trabalho, que dita as bases de seu método (pedagogia libertadora) e revoluciona a educação nos países em desenvolvimento. Muda-se novamente para Genebra, na Suíça, onde trabalha para a ONU e oConselho Mundial de Igrejas. • 1971 - Anísio Teixeira é encontrado morto no fosso do elevador do prédio de Aurélio Buarque de Holanda (filólogo e lexicógrafo autor do Dicionário Aurélio). A família suspeita de assassinato, mas nada é provado. • 1971 - LDB do Ensino Básico • 1980 - Paulo Freire retorna ao Brasil. • 1983 - Darcy Ribeiro, como secretário de Educação do estado do Rio, cria os Centros Integrados de Ensino Público, escolas públicas de educação integral inspiradas nas experiências de Anísio Teixeira. No ano seguinte, Darcy publica "Nossa escola é uma calamidade". • 1989 - Paulo Freire torna-se secretário de Educação da cidade de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina (PT). https://pt.wikipedia.org/wiki/Golpe_militar_de_1964 https://pt.wikipedia.org/wiki/Chile https://pt.wikipedia.org/wiki/FAO https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Movimento_Crist%C3%A3o_pela_Reforma_Agr%C3%A1ria&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Brasileiro_de_Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Brasileiro_de_Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Harvard https://pt.wikipedia.org/wiki/Genebra https://pt.wikipedia.org/wiki/Su%C3%AD%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Mundial_de_Igrejas https://pt.wikipedia.org/wiki/Aur%C3%A9lio_Buarque_de_Holanda https://pt.wikipedia.org/wiki/Filologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Lexicografia https://pt.wikipedia.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_Aur%C3%A9lio https://pt.wikipedia.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_Aur%C3%A9lio https://pt.wikipedia.org/wiki/CIEP https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiza_Erundina https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_dos_Trabalhadores 33 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • 1990 - Collor de Mello cria os CIACs, inspirados na experiência dos CIEPs, em vários estados do Brasil. • 1991 - Fundado o Instituto Paulo Freire, em São Paulo. • 1996 - Aprovada atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação: muda os nomes das etapas de ensino (Básico, Fundamental, Médio e Superior) e acrescenta um ano a mais ao Fundamental. Também exige formação superior para contratação de professores, o que acaba com a função do "curso normal" de formação pedagógica. • 1997 - Morrem Paulo Freire e Darcy Ribeiro. • 1998 – É instituido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais –INEP – o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. • 2001 – É criado o Progrma Nacional de Renda Mínima • 2002 – É criado o Programa Diversidade na Universidade. Após a apresentação da breve retrospectiva histórica poderemos entender melhor todas as etapas que serão apresentadas ao longo da semana e as atividades propostas bem como poderemos pensar a respeito da importância do papel do Professor ao longo de toda a história da educação nacional. https://pt.wikipedia.org/wiki/Collor_de_Mello https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=CIAC&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Instituto_Paulo_Freire&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire https://pt.wikipedia.org/wiki/Darcy_Ribeiro 34 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. BREVES APONTAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA – Continuação I O cotidiano (atualidade) está fluido e consequentemente o estudo tem que acompanhar essa realidade para que seja interessante aos alunos. Caso contrário, serão meros receptores de conteúdos nunca mais utilizados. Guardá-los em gavetas não faz mais parte do tempo atual, hoje o conhecimento tem que ser passado através do conceito de redes, onde todas as informações estão interligadas e correlacionadas. Correntes diversas e mais especificamente a Marxista, a Pós-Estruturalista e mais recentemente a Teoria Queer, são de extrema necessidade para a compreensão da prática docente. Cada qual em seu contexto e em sua especificidade corrobora para uma crítica ao fazer docente, à instituição escolar e à sociedade. Estas críticas são necessárias para que se possa mudar o cotidiano onde os sujeitos estão inseridos, principalmente os historicamente excluídos. Sabe-se que a escola tem como objetivo a manutenção da ordem por meio de constantes vigilâncias e punições (FOUCAULT, 1975) com o objetivo de normatizar o comportamento humano de forma homogênea. Entretanto, ressalta-se que a escola é composta por sujeitos diferentes entre si - fator esse determinante para que a escola invisibilize-os e estigmatize-os. O ambiente escolar, enquanto dispositivo disciplinar, busca a normatização dos corpos em padrões de comportamentos restritos, fixos e pautados na heteronormatização, onde identidades que fujam do binarismo masculino-feminino tornam-se abjetas e, consequentemente, devam ser enquadradas em uma sistematização que tem o intuito de engessá-las. (ACOSTA, 2015: 239) Entende-se que heteronormatização é a manutenção da norma heterossexual, estigmatizando pessoas de orientações sexuais para além da heterossexual como, por exemplo, gays, lésbicas, bissexuais e assexuais, assim como a estigmatização das pessoas com identidade de gênero diferente à norma como, por exemplo, as travestis, os transexuais masculinos, as transexuais femininas e transexuais não-binários. O processo de estigmatização escolar se dá por dois meios específicos: i) invisibilização e silenciamento destas pessoas e ii) super-exposição à todos. 35 História da Educação Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A invisibilização e silenciamento servem para que estas pessoas estejam excluídas do processo de ensino-aprendizagem e não subvertam a norma heterossexual imposta na escola. A super-exposição
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