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Guia_da_Disciplina história da educação(3)

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
Me. Lucimara Acosta 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2022 
 
 
1 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
Durante nosso estudo, abordaremos História da Educação e seus desdobramentos 
cronológicos até a chegada aos dias atuais. Observa-se que ao longo dos anos a 
educação brasileira sofreu várias mudanças, mas apesar de tantas tentativas temos a 
impressão que trabalhamos no Brasil com várias diretrizes e norteadores da educação 
que não contemplam e também não completam o enriquecimento e nem as melhorias 
necessárias que a população tanto precisa para tornar o cidadão pleno em seus afazeres 
sociais e profissionais. Para que possamos melhor entender nossa cronologia e seus 
efeitos ao longo da nossa história apresentaremos a seguir uma breve abordagem sobre 
a educação no Brasil e seus principais aspectos de impacto ao sistema educacional 
brasileiro e seus desdobramentos. 
 
A Educação no Brasil, como um processo sistematizado de transmissão de 
conhecimentos, é indissociável da história da Companhia de Jesus. As negociações 
de Dom João III, O Piedoso, junto a esta ordem missionária católica pode ser considerado 
um marco. No período da exploração inicial, os esforços educacionais foram dirigidos aos 
indígenas, submetidos à chamada "catequese" promovida pelos missionários jesuítas que 
vinham ao novo país difundir a crença cristã entre os nativos. 
 
O padre Manuel da Nóbrega chefiou a primeira missão da ordem religiosa em 
1549. Em 1759 houve a expulsão dos jesuítas (reformas pombalinas), passando a ser 
instituído o ensino laico e público através das Aulas Régias, e os conteúdos baseiam-se 
nas Cartas Régias, a partir de 1772, data da implantação do ensino público oficial no 
Brasil (que manteve o Ensino Religioso nas escolas, contudo). Em 1798, ocorreu o 
Seminário de Olinda, por iniciativa do bispo Azeredo Coutinho que se inspirava em ideias 
iluministas que aprendera como aluno na Universidade de Coimbra. 
 
Durante esses quase 300 anos da história do Brasil, o panorama não mudaria 
muito. A população do período colonial formada além dos nativos e dos colonizadores 
brancos tivera o acréscimo da numerosa mão de obra escrava oriunda da África. Mas os 
escravos negros não conseguiram qualquer direito à educação e os homens brancos (as 
mulheres estavam excluídas) estudavam nos colégios religiosos ou iam para a Europa. 
Apenas os mulatos procuravam a escola, o que provocou incidentes tais como o da 
"questão dos moços pardos" em 1689: Os colégios de jesuítas negavam as matrículas de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Jo%C3%A3o_III
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica_Romana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Catequese
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_da_N%C3%B3brega
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_religiosa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expuls%C3%A3o_dos_jesu%C3%ADtas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino_laico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aulas_R%C3%A9gias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Olinda
https://pt.wikipedia.org/wiki/Azeredo_Coutinho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Coimbra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mulato
 
 
2 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
mestiços, mas tiveram que ceder tendo em vista os subsídios de "escolas públicas" que 
recebiam. 
 
Não se conseguiu implantar um sistema educacional nas terras brasileiras, mas a 
vinda da Família Real no início do século XIX permitiu uma nova ruptura com a situação 
anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil Dom João VI abriu Academias 
Militares (Academia Real da Marinha (1808) e Academia Real Militar (1810)), Escolas de 
Medicina (a partir de 1808, na Bahia e no Rio de Janeiro), Museu Real (1818), a 
Biblioteca Real (1810), o Jardim Botânico (1810) e, sua iniciativa mais marcante em 
termos de mudança, a Imprensa Régia (1808). Segundo alguns autores o Brasil foi 
finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma complexidade maior. Em 
1816 foram convidados artistas franceses ("Missão Artística Francesa"). 
 
Como Lebreton, Debret, Taunay, Montigny que influenciariam a criação da Escola 
Nacional de Belas Artes. 
 
Em 1822, havia propostas para a Educação na Assembleia Constituinte (inspiradas 
nos ideais da Revolução Francesa), mas a sua dissolução por Dom Pedro I adiaria 
qualquer iniciativa no sentido de estruturar-se uma política nacional de educação. A 
Constituição de 1824 manteve o princípio da liberdade de ensino, sem restrições, e a 
intenção de "instrução primária gratuita a todos os cidadãos". 
 
Em 15 de outubro de 1827 foi aprovada a primeira lei sobre o Ensino Elementar e a 
mesma vigoraria até 1946. Essa lei determinou a criação de "escolas de primeiras letras 
em todas as cidades, vilas e lugarejos" (artigo 1º) e "escolas de meninas nas cidades e 
vilas mais populosas" (artigo XI). A lei fracassou por várias causas econômicas, técnicas e 
políticas[1] . O relatório Liberato Barroso apontou que, em 1867, apenas 10% da 
população em idade escolar se matriculara nas escolas elementares. Em 1834 (Ato 
Adicional que emendou a Constituição) houve a reforma que deixava o ensino elementar, 
secundário e de formação dos professores a cargo das províncias, enquanto o poder 
central cuidaria do Ensino Superior. Assim foi criado o Imperial Colégio de Pedro II, em 
1837, e os primeiros liceus provinciais. O Colégio era o único autorizado a realizar 
exames para a obtenção do grau de bacharel, indispensável para o acesso a cursos 
superiores[1] Em 1879 houve a reforma de Leôncio de Carvalho que propunha dentre 
outras coisas o fim da proibição da matrícula para escravos mas que vigorou por pouco 
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Jo%C3%A3o_VI
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jardim_Bot%C3%A2nico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imprensa_R%C3%A9gia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Miss%C3%A3o_Art%C3%ADstica_Francesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Joachim_Lebreton
https://pt.wikipedia.org/wiki/Debret
https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste-Marie_Taunay
https://pt.wikipedia.org/wiki/Grandjean_de_Montigny
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nacional_de_Belas_Artes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nacional_de_Belas_Artes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Pedro_I
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil#cite_note-Hist.C3.B3ria-1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Prov%C3%ADncia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Pedro_II
https://pt.wikipedia.org/wiki/Liceu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacharelato
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil#cite_note-Hist.C3.B3ria-1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Le%C3%B4ncio_da_Silva_Carvalho
 
 
3 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
tempo. No século XIX ainda havia no Brasil a tendência da criação de escolas religiosas, 
o que já não acontecia no resto do mundo receptível ao ensino laico. Até mesmo por parte 
dos jesuítas, que retornaram após 80 anos. Dentre essas instituições figuram o: 
 
• Colégio São Luís (fundado em Itu em 1867 e transferido para São Paulo em 
1919), 
• Colégio Caraça em Minas Gerais (1820), Colégio Mackenzie (São Paulo, 
1870), 
• Colégio Americano (Porto Alegre, 1885), 
• Colégio Internacional (Campinas, 1873), entre outros. 
• Da parte da iniciativa leiga surgiu a Sociedade de Culto à Ciência (Campinas, 
fundada por maçons) 
• A primeira escola de formação dos professores ("Escola Normal") foi a Escola 
Normal de Niterói, fundada em 1835. 
 
Cronologia: 
1500 - Chegado dos portugueses ao Brasil: Trouxeram em sua bagagem o modelo 
educacional europeu. Já existia no Brasil uma forma de educação praticada pelos 
indígenas. A educação que se praticavaentre as populações indígenas não tinha as 
"marcas repressivas" do modelo educacional europeu. 
 
1534 - Inácio de Loiola funda a Companhia de Jesus, que possuía objetivos 
catequéticos. Chegada dos jesuítas que trouxeram a moral, os costumes, a religiosidade 
europeia e métodos pedagógicos. 
 
1549 - Os jesuítas abriram escolas de ler e escrever, prática agrícola, marcenaria e 
ferraria. 
 
1570 - A obra jesuítica já contava com cinco escolas de instrução elementar. 
Expulsão da Companhia de Jesus. 
 
1759 - Expulsão dos jesuítas de todas as colônias. Por 210 anos, os jesuítas foram 
os mentores da educação brasileira. Pombal cria as aulas régias de Latim, Grego e 
Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_S%C3%A3o_Lu%C3%ADs
https://pt.wikipedia.org/wiki/Itu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Cara%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Mackenzie
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Metodista_Americano
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Col%C3%A9gio_Internacional&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leigo
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sociedade_de_Culto_%C3%A0_Ci%C3%AAncia&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ma%C3%A7onaria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escolas_Normais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Normal_de_Niter%C3%B3i
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Normal_de_Niter%C3%B3i
 
 
4 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
1760 - Início do Período Pombalino: mudança nos padrões de educação que até 
então eram impostos pelos jesuítas. Neste período a educação ficou estagnada. 
 
1764 - Decreto pombalino da instrução pública. Instituído o ensino laico e público. 
 
1772 - Instituiu-se o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos primário e 
médio. O resultado da decisão de Pombal foi que, a educação brasileira estava reduzida a 
praticamente nada. 
 
1808 - Chegada da família real. A educação passou a ser voltada para quem tinha 
o poder. Com a chegada da Família Real Portuguesa, são fundadas a Escola de Medicina 
da Bahia (em Salvador) e a do Rio de Janeiro (atual Faculdade Nacional de Medicina da 
UFRJ). Aumento da desigualdade social na educação: filhos de operários e agricultores 
eram condenados ao analfabetismo. O Brasil foi finalmente "descoberto" e a História 
passou a ter uma complexidade maior. Criação da Imprensa Régia. Abertura de 
Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, onde foi criado por meio de edital real 
o curso superior ou ilustrativo urbano. 
 
1810 - Criação da Biblioteca Pública e Jardim Botânico do RJ. Fundada a Escola 
de Engenharia do Rio de Janeiro. 
 
1812 - Criação da Gazeta do Rio. 
 
1813 - Criação da revista “O Patriota”; 
 
1818 – Abertura do Museu Nacional. 
 
1822 – D.Pedro I proclama independência do Brasil. 
 
1823 – Institui-se o Método Lancaster, ou do “ensino mútuo”. 
 
1824 – Lançada a primeira Constituição brasileira: trazia também medidas 
referentes a educação. 
 
 
 
5 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1826 - Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias), 
Liceus, Ginásios e Academias. 
 
1827 - Um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e 
vilas, além de prever o exame na seleção de professores, para nomeação. Propunha 
ainda a abertura de escolas para meninas. Fundadas a Faculdade de Direito do Largo de 
São Francisco, em São Paulo, e a Faculdade de Direito de Olinda (Pernambuco). 
 
1834 - O Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam a ser 
responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. 
 
1835 - Surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói. Bons resultados 
pretendidos não aconteceram, já que, pelas dimensões do país, a educação brasileira 
perdeu-se, obtendo resultados pífios. 
 
1837 - É criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo 
pedagógico para o curso secundário. Efetivamente, o Colégio Pedro II não conseguiu se 
organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo. 
 
1889 - Proclamação da Primeira República: na organização escolar percebe-se 
influência da filosofia positivista. 
 
1890 - Reforma de Benjamin Constant: princípios de liberdade, laicidade do ensino 
(leigo) e gratuidade da escola primária. Uma das intenções desta Reforma era transformar 
o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. 
Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica. 
 
1901 - O Código Epitácio Pessoa, inclui a Lógica entre as matérias e retira a 
Biologia, a Sociologia e a Moral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento da 
científica. 
 
 Após a apresentação da breve retrospectiva histórica poderemos entender melhor 
todas as etapas que serão apresentadas ao longo da semana e as atividades propostas 
bem como poderemos pensar a respeito da importância do papel do Professor ao longo 
de toda a história da educação nacional. 
 
 
6 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. BREVES APONTAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA 
 
Introdução 
 Este artigo tem como objetivo principal analisar a história da educação brasileira 
desde o período do Brasil Colônia, quando houve a invasão portuguesa, até os dias 
atuais, com os avanços das políticas públicas governamentais que visaram a inserção e 
democratização do acesso ao ensino brasileiro - sobretudo o ensino superior público e 
privado. 
 
 A história da educação brasileira, centrada após a invasão portuguesa ao Brasil, 
teve início com o desejo Europeu em ocupar e colonizar novas terras com o objetivo de se 
ter uma economia complementar a de seus países, a Metrópole. Essa economia foi 
pautada em obrigatórias relações exclusivas entre Colônia e Metrópole, através de um 
rigoroso controle fiscal nas produções internas para as exportações. Com o objetivo de 
dinamizar e facilitar a administração da Colônia foi criada as capitanias hereditárias (1532) 
que culminou na necessidade de criar um Governo Geral (1540) 
 
 Um agente fundamental e centralizador da educação da Colônia ficou sob a 
responsabilidade da Igreja Católica por meio dos Jesuítas, através da Companhia de 
Jesus1. Ela tinha como objetivo ensinar a cultura europeia para que ocorresse uma 
facilitação na aceitação da invasão portuguesa e, assim, a melhor aceitação da expansão 
colonial. Outro objetivo presente na companhia de Jesus era o de ensinar (ou impor) a 
cultura cristã aos índios que aqui viviam e já tinham todos seus elementos culturais e 
religiosos solidificados como, por exemplo, a forma de viver em sua sociedade, aprender-
ensinar seus costumes e seus rituais religiosos. 
 
 Vale ressaltar que a Metrópole enfrentava uma grande dificuldade no ensino das 
Letras visto que a educação era restrita a pouquíssimas pessoas, sobretudo aos 
religiosos, onde alguns membros da família real não tinham acesso à educação formal. 
Sendo assim, a responsabilidade da Companhia de Jesus era ainda mais forte em termos 
de letramento, pois, além de irem para um continente novo, ainda tinha a obrigatoriedade 
 
1 Ordem religiosa de influência francesa com o propósito de difundir a fé católica nas terras recém-conquistadas. 
 
 
7 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
de educar os nativos dentro dos padrões europeus. Esta educação aos moldes e padrões 
europeus pode ser interpretada como uma violência simbólica2. 
 
 Para os religiosos que iam à Colônia, lhes eram imputados à obrigatoriedade de 
votos de pobreza, onde não podiam ter posses de terras e escravos - o que fortaleceu os 
vínculos sociais entre religiosos e índios, visto que acabaram por depender dos índios 
para sobrevivência. Posteriormente conquistaram o direitoao redízimo onde a décima 
parte das produções da Colônia eram destinadas a eles, fortalecendo, assim, a 
possibilidade de expansão da educação colonial. 
Identifica-se que a educação não lhe interessava senão como meio de submissão 
e de domínio político, que mais facilmente se podiam alcançar pela propagação da 
fé, com a autoridade da Igreja. (SERENO, 2012, 01) 
 Embora Pe. Manoel da Nóbrega, que chefiou a vinda dos missionários para a 
Colônia, tivesse ideias progressistas como, por exemplo, criar uma instituição de órfãos e 
a instituição do ensino profissional e agrícola, como funções essenciais para a vida da 
Colônia, não foi permitido pela Metrópole e nem pela Companhia. 
 
 O ensino no Brasil Colônia não tinha como objetivo dar autonomia para os índios, 
sim o contrário: criar uma submissão e total controle sobre suas ações pelos jesuítas. 
Para tanto, a Metrópole desenvolveu um rigoroso controle sobre as ações educacionais 
na Colônia. 
 
 Ressalta-se, ainda, que os investimentos educacionais foram extremamente 
limitados onde a primeira escola jesuítica foi fundada apenas cinquenta anos após a 
chegada dos invasores portugueses tendo como a figura de Pe. José de Anchieta como 
responsável pelo letramento dos povos indígenas. À sua responsabilidade coube a 
imposição cultural europeia por meio de proibições diversas da cultura indígena como, por 
exemplo, ter mais que uma esposa, relacionamento monogâmico, proibição do 
curandeirismo, etc. 
 
 
2 De acordo com Bourdieu, a violência simbólica é a forma na qual o dominador impõe suas regras ao dominado. Esta 
violência é feita discreta e imperceptivelmente para que o sujeito dominado/violentado não perceba esta imposição 
cultural e assim assimile a cultura do dominador. Dentre as mais variadas formas de imposição, cito exemplo, neste 
contexto em específico, do controle religioso por meio dos jesuítas: o dominador impõe ao dominado a sua cultura e 
religião, afirmando que a fé dele é a correta e salvadora. 
 
 
8 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 De acordo com Niskier (1969), os jesuítas perceberam a impossibilidade da 
conversão indígena ao catolicismo sem que aprendessem a ler e escrever e, assim, havia 
a necessidade de seus letramentos para o entendimento do livro religioso católico. Como 
compreenderam que a alfabetização dos adultos seria mais dificultosa que a das crianças, 
se dedicaram ao letramento das crianças indígenas. A atuação dos jesuítas se deu até 
1759, quando foram expulsos pelo Marquês de Pombal. 
Desenvolvimento 
 Com a fortificação do ensino e a abrangência cada vez maior, através do redizimo, 
houve a necessidade da criação de escolas que não mais tinham como objetivo central o 
ensinamento religioso. Sim os das Letras em geral. Porém, esse ensino tonou-se 
exclusivo para a nova elite social em crescimento na Colônia através do RatioStudiorium. 
 
“A pedagogia da Ratio era a identidade entre professor, método e matéria. [...] 
determinava que um único mestre acompanhasse o mesmo grupo de alunos do início ao 
fim do curso. ” (ROCHA, 2010 ,05). Pautado na doutrinação cristã e nas primeiras letras, o 
controle estatal era de forte presença com o objetivo de controlar o ensino para que não 
desestabilizasse as estruturas vigentes. 
 
 Como os jesuítas tinham o domínio de ensinar, eles não aprofundaram os nativos a 
essas condições, fortalecendo a manutenção de domínio assim como a impossibilidade 
de ascensão social, culminando na expulsão dos jesuítas pela Metrópole na segunda 
metade do séc XVIII. Quando se deu a expulsão dos jesuítas em 1759, a soma dos 
alunos de todas as instituições jesuíticas não atingia 0,1% da população brasileira. 
(SAVIANI, 2008, 02) 
 
 Marques de Pombal centralizou o poder nas mãos do Rei combatendo fortemente a 
Companhia através da acusação de que eles educavam os índios com interesses 
próprios, opostos à Metrópole. Foi através da Reforma Pombalina que a oposição foi 
fortalecida culminando no fechamento das escolas jesuítas e instituindo as aulas régias. 
 
A herança que este período legou (1759-1808) foi a ilusão de que se pode adquirir uma 
educação fundamental com aulas avulsas, não-seriadas, sem um currículo que as 
ordenasse e as articulasse. A uniformidade da ação pedagógica, a transição adequada 
de um nível para outro, as graduações foram substituídas pelas dispersas aulas régias. 
(Idem, ibidem, 10) 
 
 
 
9 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Na prática, o sistema das aulas régias pouco alterou o dinamismo no qual estavam 
inseridas as práticas educacionais, pois o ensino de fato das letras ainda estava 
centralizado nas elites sociais. 
 Com a vinda da família real para o Brasil, as cobranças pelo letramento foram 
maiores, assim como os centros culturais criados como os museus e bibliotecas. 
Obviamente que eram restritos aos letrados – brancos e portugueses, em sua maioria – 
mas a necessidade de uma mão de obra mais especializada e que atendesse os anseios 
da Corte fez com que houvesse maior abertura e amplitude de centros de ensino 
espalhados pelo Brasil. 
Em 1808, devido ao contexto incipiente, no âmbito acadêmico e intelectual, D. 
João VI cria as escolas especiais de Medicina na Bahia e a cadeira de Artes 
Militares no Rio de Janeiro, o que permitiu amenizar a carência do ensino superior 
brasileiro, pois não se constituíam em pleno ambiente acadêmico, quiçá 
Universidades (HOLANDA, CARMO, 2008, 5709) 
 A independência do Brasil, assim como a criação da constituição datada em 1823, 
com forte presença dos liberais frente aos conservadores estabeleceu a criação de um 
sistema escolar seriado e dividido entre escolas primárias, ginasial e universitário, assim 
como a inclusão das mulheres ao sistema de ensino. Entretanto, a constituição outorgada 
em 1824 dissertava a respeito apenas da educação gratuita do primário, ginásio e 
universitário. 
 
 A ausência de um aparato logístico e um plano sistemático de ensino corroborou 
para que mesmo com a Lei de 1827, que determinava a criação das “escolas de primeiras 
letras” em todas as cidades e vilas mais populosas, não houvesse possibilidade financeira 
e técnica para tais instalações. Ainda assim fora criada o Curso de Direito, em Olinda. 
 
 As aulas régias foram necessárias para o direcionamento curricular onde foram 
criadas as cadeiras de Música, Química, Francês, Biologia, Filosofia, Desenho, etc. A 
vinda da família real ao Brasil foi de suma importância para a evolução educacional 
brasileira. O que antes estava centrado nas mãos dos jesuítas e o engessamento através 
do controle da Companhia e da Metrópole se faziam presentes, a vinda da Coroa para o 
Brasil fez com que as evoluções educacionais fossem mais do que necessária pela 
constituição de fato de um governo na Colônia. 
 
 
 
10 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 A partir de 1850 a educação primária passou a ser vista como possibilidade e 
necessidade de desenvolvimento intelecto-social, fazendo necessário maiores 
investimentos com o objetivo de se ter uma sociedade mais consolidada. Antônio Almeida 
de Oliveira teve papel de destaque no fortalecimento educacional brasileiro onde “Em 
relação ao ensino primário, Oliveira defendia-o como um direito do Governo, e seu 
discurso indica-o como uma necessidade legal, social e de desenvolvimento da nação, 
além de sua relevância na formação moral da sociedade” (SANT’ANNA, MIZUTA, 2010, 
101) 
 
 A função até então humanizadora, de introdução às Letras se perde, tornando-se 
uma escola preparatória para o ingresso no Ensino Superior o que consequentemente foi 
uma atitude ruim, pois os alunos que lá chegavam, não tinham uma base de qualidade. 
Uma das principais características da educação do período pós Ato Adicional de 1834, é a 
reivindicação da educação obrigatória,e a discussão dos termos aplicáveis a ela, tal 
como a gratuidade do ensino, a livre educação e a secularização do ensino (idem, 
ibidem). 
 
 Com o fortalecimento econômico, através do fim da escravatura, e industrialização 
cafeeira, a necessidade por uma mão de obra mais qualificada e preparada tornou-se 
ainda mais importante. Sendo assim, em 1854 foi criada uma inspeção forte e sistemática 
para a constante avaliação da qualidade de ensino das escolas primárias – e públicas – 
para que a qualidade fosse mantida, conforme gráfico a seguir: 
 
 
 
 
 
 
11 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. A HEGEMONIA JESUÍTICA (1549-1759) 
 
É consensual afirmar que, nos trinta primeiros anos da colonização do Brasil, 
Portugal dedicou-se exclusivamente à exploração das riquezas sem efetivo projeto de 
povoamento. Os índios que ocupavam o território brasileiro, nas palavras de Pero 
Magalhães Gandavo, 
 
Não tinham as letras ‘F, nem L, nem R’, não possuindo ‘Fé, nem Lei, nem Rei’ e 
vivendo ‘desordenadamente’. Essa suposição de uma ausência linguística e de 
‘ordem’ revela, um tanto avant lalettre, o ideal de colonização trazido pelas 
autoridades portuguesas: superar a ‘desordem’, fazendo obedecer a um Rei, 
difundindo uma Fé e fixando uma Lei. [...] ( Apud VILLALTA, 2002, p.332). 
 
“Língua, instrução e livros, nesse quadro, em termos das expectativas 
metropolitanas, deveriam desenvolver-se sob a égide de um Rei, uma Fé e uma Lei”. 
(VILLALTA, IDEM). 
 
A vinda dos jesuítas, em 1549, proporcionava assim a expansão da Fé e do 
Império, reunindo mercadores e evangelizadores sob a mesma empresa, tal como 
Antonio Vieira irá se referir posteriormente na obra História do Futuro. Com sua política de 
instrução – uma escola, uma igreja –, edificaram templos e colégios nas mais diversas 
regiões da colônia, constituindo um sistema de educação e expandindo sua pedagogia 
através do uso do teatro, da música e das danças, “multiplicando seus recursos para 
atingir à inteligência das crianças e encontrar-lhes o caminho do coração”. (AZEVEDO, 
1943, p.290). 
 
Os jesuítas tiveram grande importância no campo das artes. A propagação de um 
estilo jesuítico nas artes foi tamanha, que pode ser dedicado um capítulo inteiro aos 
jesuítas na História da Arte no Brasil. Tal importância pode ser constatada na Carta que 
comunicava a supressão da Companhia, e determinava a abolição de “cada um dos 
seosofficios, Residências (...) Costumes e Estilos”, quando das reformas pombalinas que 
culminaram com a sua expulsão das terras brasileiras. 
 
Com o aprendizado das artes e dos mais diferentes ofícios adquiriram 
autossuficiência na fatura dos mais diversos objetos de uso pessoal e para a lida 
cotidiana, de pares de sapatos a embarcações para transportar os padres e irmãos entre 
 
 
12 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
as possessões no Amazonas e ao longo do litoral da Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio 
de Janeiro e Espírito Santo. A produção das reduções jesuíticas, por exemplo, tinha 
caráter notável. Na região dos Sete Povos das Missões, além das atividades de 
agricultura e pecuária, com produção de excedentes, foram construídas oficinas para 
fatura de instrumentos musicais, assim como para imaginária e adornos usados nos 
templos. Os indígenas sob a orientação de mestres jesuítas executavam a talha e a 
escultura em madeira e pedra, empregando em profusão elementos da flora e fauna 
circunvizinhas aos aldeamentos. 
 
A adaptação aos costumes locais em respeito à diversidade das regiões sob 
domínio jesuítico, para a eficácia da catequese, era orientação que constava 
nas Constituições da Companhia de Jesus, apresentada por Inácio de Loyola, em 1550, 
aos padres e irmãos que estavam em Roma. 
 
De fato, os jesuítas empreenderam no Brasil uma significativa obra missionária e 
evangelizadora, especialmente fazendo uso de novas metodologias, das quais a 
educação escolar foi uma das mais poderosas e eficazes. Em matéria de 
educação escolar, os jesuítas souberam construir a sua hegemonia. Não apenas 
organizaram uma ampla ‘rede’ de escolas elementares e colégios, como o fizeram 
de modo muito organizado e contando com um projeto pedagógico uniforme e 
bem planejado, sendo o RatioStudiorum a sua expressão máxima. (SANGENIS, 
2004, p.93) 
 
O RatioStudiorum ou Plano de Estudos – o método pedagógico dos jesuítas, 
publicado em 1599 foi sistematizado a partir das experiências pedagógicas, que tiveram 
início no Colégio de Messina, primeiro colégio aberto na Sicília, em 1548. A par dessa 
primeira experiência na Itália a disputa entre o modus italicus e o modus parisiensis foi 
vencida pelo último, com o predomínio do modelo da Universidade de Paris, por onde 
passaram muito dos jesuítas, inclusive o próprio Loyola. 
 
Este código de ensino ou estatuto pedagógico era composto de um conjunto de 
regras, que envolvia desde a organização escolar e orientações pedagógicas até a 
observância estrita da doutrina católica. O método de estudos contido 
no Ratio compreendia o trinômio estudar, repetir e disputar, prescrito nas regras do Reitor 
do Colégio, e como exercícios escolares havia a preleção, lição de cor, composição e 
desafio, práticas pedagógicas essas que remetem diretamente à escolástica medieval, 
 
 
13 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
configurando-se como Pedagogia Tradicional, que na sua vertente religiosa, tornava a 
educação sinônima de catequese e evangelização. A educação almejada pelo Ratio tinha 
como meta a formação do homem perfeito, do bom cristão e era centrada em um currículo 
de educação literária e humanista voltada para a elite colonial. 
 
A concepção pedagógica tradicional se caracteriza por uma visão essencialista de 
homem, isto é, o homem é concebido como constituído por uma essência humana 
e imutável. À educação cumpre moldar a existência particular e real de cada 
educando à essência universal e ideal que o define enquanto ser humano. Para a 
vertente religiosa, tendo sido o homem feito por Deus à sua imagem e 
semelhança, a essência humana é considerada, pois, criação divina. Em 
consequência, o homem deve se empenhar para fazer por merecer a dádiva 
sobrenatural. 
A expressão mais acabada dessa vertente é dada pela corrente do tomismo, que 
consiste numa articulação entre a filosofia de Aristóteles e a tradição cristã; tal 
trabalho de sistematização foi levado a cabo pelo filósofo e teólogo medieval 
Tomás de Aquino [...] E é justamente tomismo que está na base 
do RatioSudiorum [...] ( SAVIANI, 2004, p. 127) 
 
 Ainda que não tenham sido os jesuítas os primeiros a pisar a Terra de Santa Cruz 
– vale lembrar que junto com Pedro Álvares Cabral vieram os franciscanos. Essa primazia 
dos franciscanos, no entanto, não legou à posteridade o mesmo alcance que tiveram os 
jesuítas, que durante duzentos e dez anos, a partir da chegada em 1549 até a expulsão 
em 1759, detiveram o monopólio da educação. É certo que esse monopólio não explica 
isoladamente a sanha despótica do Marquês de Pombal contra a Companhia de Jesus. 
Tinham os jesuítas domínio sobre as fronteiras ao norte do Rio Amazonas, e as suas 
missões naquela região praticavam o comércio das drogas do sertão, sendo isentas de 
contribuição à coroa portuguesa, e ao Sul dos rios Uruguai e Paraguai, onde havia 
resistência ao uso dos indígenas para povoar e defender o interior e regiões fronteiriças. 
“A Companhia de Jesus foi uma das vítimas mais evidentes dos acontecimentos postos 
em marcha pelas pretensões imperiais do governo de Pombal e pelas tentativas de 
nacionalizar setores do sistema comercial luso-brasileiro. ” (MAXWELL, 1995, p.42) 
 
Em Portugal, cabia aos jesuítas o direito exclusivo de ensinar Latim e Filosofia no 
Colégio de Artes, curso preparatório obrigatório para ingressonas faculdades da 
Universidade de Coimbra. A Universidade de Évora era também uma instituição jesuítica. 
No Brasil os colégios jesuíticos ofereciam quase com exclusividade a educação 
 
 
14 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
secundária. Nos domínios de Portugal na Ásia havia sido a força dominante desde os 
primórdios da expansão portuguesa no Oriente, sendo que alguns dos jesuítas chegaram 
a ser mortos no cumprimento da ação evangelizadora. A Companhia de Jesus estava 
presente desse modo como fator de empecilho às reformas econômicas e educacionais 
de Pombal, o que explica, à primeira vista, a sua expulsão e proscrição. Quando da 
supressão da ordem, em 1773, contavam os inacianos com 578 colégios e 150 
seminários em todo o mundo. 
 
 
 
15 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. INSTITUIÇÕES ESCOLARES NO BRASIL COLONIAL E IMPERIAL 
 
A Constituição de 1824, em seu artigo 179, limitou-se a estabelecer a gratuidade 
da instrução primária para todos os cidadãos; em 1827, uma lei determinou a criação de 
uma escola de primeiras letras em cada cidade, o que não chegou a ser cumprido; em 
1854 o ensino primário foi dividido em elementar e superior. Os orçamentos eram poucos, 
escravos não podiam frequenta-lo. 
 
O ensino técnico profissional e o ensino normal foram marginalizados durante o 
Império pelo poder público, uma vez que a este não se facultava o ensino superior; pela 
clientela escolar, uma vez que quem estudava nesse período provinha da elite, e a escola 
era seu passaporte para o ensino superior. O abandono fica claro quando, em 1864, havia 
apenas 106 alunos matriculados no ensino técnico brasileiro. A formação do professor, 
por ser o cargo vitalício, não havia necessidade de ser alterada. Os mesmos eram 
selecionados sob três condições: maioridade, moralidade e capacidade, está às vezes 
medida através de concursos. As primeiras escolas normais foram criadas nas províncias 
do Rio de Janeiro e da Bahia, na década de 1830. E somente em 1875, na capital do 
Império, foram instituídas duas escolas normais, sendo uma para homens e outra para 
mulheres, transformada em única em 1880, quando realmente se iniciou o 
desenvolvimento das escolas normais no Brasil. Os estudos normais tinham matérias 
relacionadas à função docente. O legado da Colônia em relação ao ensino secundário foi 
uma série de aulas avulsas e dispersas, com a função de preparar os alunos para os 
cursos superiores. A partir de 1834 o ensino secundário ficou estabelecido como sistema 
regular seriado, oferecido pelo Colégio de Pedro II e eventualmente pelos liceus 
provinciais e 23 alguns estabelecimentos particulares; e sistema irregular e inorgânico 
(cursos preparatórios e exames parcelados para ingresso ao ensino superior). Essa 
dualidade era fortalecida pelas normas que regulamentavam o ingresso ao ensino 
superior. Se o indivíduo tivesse idade e fosse aprovado nos exames parcelados não teria 
necessariamente que ter concluído o ensino secundário regular. Por outro lado, se 
concluía o ensino secundário regular nos liceus não dava direito a ingressar nos cursos 
superiores sem a prestação dos exames. Isso fragmentou o ensino secundário e, no final 
do Império, até o colégio de Pedro II oferecia cursos avulsos com frequência livre e 
exames parcelados. Com a proclamação da Independência o governo se preocupou em 
formar os alunos e os futuros cidadãos, apesar de estes serem apenas os filhos de 
homens livres, a elite dirigente do país, preocupando-se em criar escolas superiores e 
 
 
16 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
regulamentares o acesso as mesmas. Apesar de que desde 1854 algumas leis a favor da 
educação tenham sido elaboradas, a maioria da população continuava analfabeta. 
Poucos alunos chegavam ao secundário e à universidade, um privilégio apenas a elite. 
 Até a Proclamação da República pouco se fez de concreto pela educação. 
 
Em resumo a situação escolar de alguns estados, em 1864, total de alunos era: 
 
Província Primário público Primário privado Secundário 
público/privado 
 Meninos/meninas Meninos/meninas Meninos/meninas 
PR 1101 504 874 22 38 0 // 0 0 
SP 4376 2333 3146 1982 127 0 // 500 0 
RJ 4821 1711 1193 714 50 575 // 0 157 
MG 14705 2204 0 0 787 0 //0 0 
 
Fonte: ALMEIDA, José Pires. História da Instrução Pública no Brasil (1500-1889). 
Cronologia: 
• 1906 - Criada a Liga Internacional para a Instrução Racional da Infância, que defende 
o estabelecimento da "Escola Moderna" para a educação infantil, sobre princípios 
laicos (não-religiosos), racionais e científicos. 
• 1909 - Primeira escola moderna fundada no Brasil, a Escola Nova, em São Paulo. 
Até 1919, serão fundadas outras 18 escolas do tipo, em Porto Alegre, Rio de 
Janeiro,Niterói, Belém do Pará e Fortaleza, entre outras cidades. 
• 1909 - Fundada a Universidade de Manaus 
• 1911 - Reforma Rivadávia Correia 
• 1912 - Fundada a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a mais antiga federal do 
país. 
• 1915 - Fundada a Universidade Popular de Cultura Racionalista e Científica, 
por Florentino de Carvalho em São Paulo, dentro do movimento da Escola Moderna. 
• 1915 - Reforma Carlos Maximiliano 
• 1919 - Morre Anália Franco, fundadora de mais de setenta escolas e mais de uma 
vintena de de asilos para crianças órfãs. 
• 1919 - Governo cassa as autorizações de funcionamento das escolas modernas. O 
movimento chega ao fim no Brasil. 
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Liga_Internacional_para_a_Instru%C3%A7%C3%A3o_Racional_da_Inf%C3%A2ncia&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Moderna
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nova
https://pt.wikipedia.org/wiki/1919
https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Niter%C3%B3i
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bel%C3%A9m_do_Par%C3%A1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_do_Amazonas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Rivad%C3%A1via
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_do_Paran%C3%A1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Universidade_Popular_de_Cultura_Racionalista_e_Cient%C3%ADfica&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Florentino_de_Carvalho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Moderna
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carlos_Maximiliano&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lia_Franco
 
 
17 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• 1921 - Nasce Paulo Freire, em Recife (Pernambuco). 
• 1922 - Nasce Darcy Ribeiro, em Montes Claros (Minas Gerais). 
• 1924 - Anísio Teixeira torna-se secretário de Educação da Bahia. 
• 1925 - Reforma João Luiz Alves da Rocha Vaz 
• 1927-28 - Anísio Teixeira viaja para os EUA, onde trava contato com as idéias do 
pedagogo John Dewey. 
• 1931 - Anísio Teixeira retorna ao Brasil e assume a diretoria de educação pública do 
Rio de Janeiro, integrando a rede municipal de ensino. 
• 1932 - Lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em defesa do ensino 
público gratuito, laico e obrigatório. 
• 1932 - Reforma Francisco Campos 
• 1933 - Nasce Rubem Alves, em Boa Esperança (Minas Gerais). 
• 1934 - É criada a Universidade de São Paulo, incorporando faculdades públicas da 
capital paulista. 
• 1935 - É criada a Universidade do Distrito Federal, por iniciativa de Anísio Teixeira. a 
UDF dura apenas até 1939, mas será o embrião da futura UEG (Universidade 
Estadual da Guanabara), atual UERJ. 
• 1937 - É criada a Universidade do Brasil (atual UFRJ), agrupando 15 instituições 
públicas de ensino superior que já existiam na capital federal. 
• 1942 - Reforma Gustavo Capanema 
• 1946 - Paulo Freire começa a trabalhar com alfabetizaçãode pessoas de baixa renda. 
Anísio Teixeira torna-se conselheiro da UNESCO (agência da ONU para Educação). 
• 1946 - Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), promulgada pelo 
presidente Eurico Dutra. Anísio Teixeira volta a ser secretário de Educação da Bahia. 
• 1950 - Anísio Teixeira funda a "Escola Parque" em Salvador, testando métodos de 
educação integrada para crianças de comunidades de baixa renda. 
• 1959 - Paulo Freire publica "Educação e atualidade brasileira", sua primeira obra, 
escrita como tese. 
• 1960 - Governo federal funda novas universidades federais no país, pela Lei nº 3.848, 
inclusive a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense e a 
Universidade Federal de Santa Maria (primeira do interior do Brasil). 
• 1961 - LDB da Educação Básica 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire
https://pt.wikipedia.org/wiki/Darcy_Ribeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Montes_Claros
https://pt.wikipedia.org/wiki/Minas_Gerais
https://pt.wikipedia.org/wiki/EUA
https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_dos_Pioneiros_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nova
https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Campos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rubem_Alves
https://pt.wikipedia.org/wiki/Boa_Esperan%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_S%C3%A3o_Paulo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Distrito_Federal
https://pt.wikipedia.org/wiki/1939
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Capanema
https://pt.wikipedia.org/wiki/UNESCO
https://pt.wikipedia.org/wiki/ONU
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Bras%C3%ADlia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_Fluminense
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_de_Santa_Maria
https://pt.wikipedia.org/wiki/LDB
 
 
18 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Após a apresentação da breve retrospectiva histórica poderemos entender melhor 
todas as etapas que serão apresentadas ao longo da semana e as atividades propostas 
bem como poderemos pensar a respeito da importância do papel do Professor ao longo 
de toda a história da educação nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. BREVES APONTAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA – PARTE A 
 
Até 1870 houve um forte engajamento pelos políticos na melhoria da qualidade e 
acesso educação, o que culminou na aprovação das Instruções Especiais para as 
Conferências Pedagógicas, onde foi criada a Escola de Ensino Normal da Corte, com o 
propósito de formar professores. 
 
A decisão ocorreu após um levantamento mostrar que um dos maiores problemas 
da Corte com a educação era justamente a ausência de professores, visto que não havia 
nenhuma instituição de formação de professores e, consequentemente, a baixa qualidade 
era outro problema existente. 
 
A primeira Escola Nacional da Corte foi criada apenas em 1880 com o decreto 
7684/1880 e posteriormente reformada pelo 8025/1881, onde rogava que o ensino fosse 
gratuito, para ambos os gêneros com ensino das ciências, letras e artes. 
 
Esse período de transição econômica foi determinante para a necessidade de 
melhores investimentos da educação para que fosse formada uma mão de obra mais 
capacitada e que atendesse as necessidades do Brasil através de uma consolidação 
financeira em conjunto com melhorias educacionais. Melhorias essas que fizeram da 
educação algo institucional. 
 
A Reforma Paulista de 1892 serviu de modelo para todas as outras escolas da 
federação onde o primário foi dividido em dois ciclos, ambos com quatro anos. Enquanto 
o normal se dava para as elites, preparatórios para o Ensino Superior. O ano de 1920 foi 
primordial para a introdução de uma nova prática pedagógica, pois a especificidade de 
professores de uma determinada área, e não mais centralizador de todas elas, cresciam e 
culminou na formação da Associação Brasileira de Educação, a ABE, em 1924. 
 
Seja como for, a escolarização, entendida como fenômeno de institucionalização 
da educação e também como centralidade escolar no âmbito cultural, isto é, nas 
consequências culturais da escola, firmou-se decisivamente no país. [...] Na 
educação superior, além da expansão desse nível na Primeira República, como 
acentuou com propriedade Luiz Antônio Cunha (1986), ocorreu também o 
fenômeno, relevante quando se cuida da institucionalização, de sua 
 
 
20 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
universitarização, [...] tal fenômeno atinge seu ponto de inflexão com a edição, em 
1931, no bojo da assim chamada Reforma Francisco Campos, do Estatuto das 
Universidades Brasileiras (Decreto 19.851, de 11 de abril de 1931). (CASTANHO, 
2006, 5801) 
 
As sociedades civis tiveram grande importância nesse momento através da 
fundação de escolas e liceus, “a classe dominante, no Estado e fora dele, tinha todo o 
interesse numa educação profissional que, além de sua finalidade ostensiva, a 
preparação para o trabalho nas novas condições de urbanização e industrialização” 
(idem, ibdem). O ensino profissionalizante começou a se desenhar como centralizador da 
ascensão social. 
 
 Os padres salesianos, através do apoio – leia-se financiamento – das classes mais 
abastadas, inauguraram escolas em São Paulo, Campinas, Lorena, Recife Cuiabá e Rio 
Grande. Com a revolução de 1930, conjuntamente com Reforma Capanema, Lei Orgânica 
do Ensino Industrial e a consolidação extremamente forte do capitalismo, a educação 
ficou ainda mais atrelada ao poder privado e, consequentemente, a esta ideologia. 
 
 Como uma forma do Estado manter o controle sobre as produções técnico-
científicas do ensino universitário brasileiro, instituiu-se que os reitores das universidades 
federais e estaduais seriam nomeados por meio de indicações dos respectivos governos 
por meio da lista tríplice3. 
 
 Sendo assim, a necessidade do mapeamento do ensino nesses Estados foi de 
suma importância, pois configurou a discussão a respeito da educação a nível federativo, 
levando a compreensão do quão importante é um ensino primário fundamentado. Para 
aprimorar os índices e sua qualidade, o governo criou novas modalidades de ensino: 
escolas isoladas, escolas singulares, escola distrital, escola rural, escola urbana, escola 
modelo, escola unitária, escola de primeiras letras e grupos escolares. Esse, por último 
constituiu o Ensino Primário na Primeira República. Para combater os 80% de 
analfabetismo existente naquele período também foram elaboradas políticas 
 
3A lista tríplice consiste no resultado da votação direta do colegiado onde os 3 professores mais votados são 
encaminhados para o chefe de Estado que deverá escolher o melhor nome para gerenciar a instituição. Embora sabia-
se que o mais recomendável é a escolha do professor mais votado pelo colegiado para ser reitor, alguns governadores 
não adotam essa medida, o que ocasiona graves transtornos acadêmicos-científicos para a instituição. 
 
 
21 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
governamentais inovadoras respaldando nas concepções da escola nova (FERREIRA, 
CARVALHO, 2011, 02). 
 
 Nesse período, entre a metade do séc XIX e primeira metade do séc XX, a 
institucionalização e atrelamento educacional aos setores privados marcaram profundas 
mudanças no sistema educacional brasileiro. O ideal era a consolidação de uma 
educação pública, pois 
 
Nesse sentido a formulação e o ensino são afirmados como valores fundamentais para o 
indivíduo e sua vida na sociedade e para o exercício de direitos fundamentais à vida do 
cidadão. A República nasce acompanhada da crença da necessidade de remodelação 
da ordemsocial, política e econômica, e da convicção de que a educação seria o mais 
forte instrumento para a consolidação do regime republicano e para a construção do país 
moderno, capaz de oferecer ao povo as condições de sua inserção no regime 
democrático representativo. (Idem, ibidem). 
 
 
 A educação já centrava na formação moral e intelectual da sociedade, mas o 
ensino era proposto de forma multisseriada onde um professor tinha alunos de diferentes 
níveis ou estágios. Posteriormente essa forma de ensino foi transformada em seriada 
onde um professor tinha um determinado número de alunos, todos no mesmo nível de 
aprendizagem. 
 
 Saviani (2008) afirma que a seriação do ensino levava uma maior possibilidade de 
ensino perante os alunos, assim como a criação do plano pedagógico e delimitações de 
funções (professor e diretor) facilitava o processo educacional. “As primeiras décadas do 
século XX [...] advogou a extensão universal, por meio do Estado, do processo de 
escolarização considerado o grande instrumento de participação da política” (idem, 
ibidem, 177). 
 
 Essa consolidação da educação permitiu o acesso às ideias democráticas através 
da passagem da pedagogia tradicional para a moderna, com uma concepção moderna 
das práticas educativas em um processo mais liberal. O processo histórico no qual o 
Brasil estava inserido fez com que a “escola como sendo o estabelecimento responsável 
pela difusão do progresso da cultura povo” (FERREIRA; CARVALHO, 2011, 7). 
 
 
 
22 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Dois processos caminhavam juntos no Brasil: os Nacionalistas e os Católicos, que 
fez surgir o Movimento Nacionalista Católico. Ambos buscavam através da educação uma 
responsabilidade política determinada através da obrigatoriedade de alfabetizar a 
população, ideologicamente estavam imbricados. 
 
Nessa perspectiva, teria sido esboçado um cenário propício para o desenvolvimento de 
ações como “O Inquérito da Instrução Pública de 1926”, conduzido por Fernando de 
Azevedo, e a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE) em 1927. Em 
especial naquilo que tange a ABE, poder-se-ia afirmar que esta associação seria 
responsável pela condução dos debates acerca da escolarização em âmbito nacional por 
parte dos técnicos e intelectuais da educação. (Idem, ibidem, 8) 
 
Sendo assim, vemos que o positivismo e o liberalismo foram os responsáveis em 
incutir aos indivíduos as ideias de suas respectivas responsabilidades dentro daquela 
sociedade, assim como o que a sociedade esperava dos próprios indivíduos. 
 
Nos anos 30, o escolanovismo se desenvolveu dentro de um contexto de forte 
urbanização assim como expansão da cultura cafeeira, na qual havia uma promessa de 
um desenvolvimento econômico e social para o Brasil, através de uma imposição do 
capital no qual a sociedade deveria ser produtora e altamente consumidora dos bens e 
serviços. 
 
Em 1932 fora escrito o Manifesto dos Pioneiros, onde propunha uma série de itens 
dos quais a escola deveria cumprir, alguns deles: 
 
• Educação essencialmente pública e gratuita; 
• Seriada para atender as diversas fases do crescimento do indivíduo; 
• Funcional e ativa, adequando as necessidades socioeconômicas; 
• Todos os professores com formação universitária, dentre outros. 
 
Esses itens foram incluídos visto que as ciências humanas já estavam evoluídas e 
o estudo da sociologia e filosofia mostrava que os indivíduos têm suas fases de 
aprendizado e há a necessidade do respeito e entendimento, por isso o professor deixou 
de ser o principal centralizador do conhecimento para que o aluno passasse a sê-lo com o 
objetivo de uma aula mais dialogada e democrática. 
 
 
 
23 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O ensino passou a ser pautado no cotidiano das pessoas onde o era adaptado às 
suas realidades, fazendo com que houvesse o interesse e entendimento de sua 
funcionalidade e aplicabilidade, privilegiando a pedagogia da ação. A avaliação passou a 
ser vista de forma diferenciada onde era um processo de avaliação do aluno e não o 
professor, para que o professor pudesse ter conhecimento do aprendizado e possíveis 
formas de melhorá-lo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. BREVES APONTAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA – PARTE B 
 
Paralelamente a esse processo de solidificação da educação através da Escola 
Nova, a Constituição de 1946, inspiradas nas questões sociais do século XX, formulou 
leis que amparassem ainda mais a educação, onde reformulou o ensino, passando a ser 
dividido em três fases: ensino primário, secundário e superior. Havia duas possibilidades 
de aplicação: centralizadora, conforme os moldes da Constituição de 1937, e outra 
federativa, seguindo os moldes da Constituição de 1946. Assim como a possibilidade da 
criação de um Conselho Nacional da Educação, que apoiasse o Ministério da Educação e 
fizesse cumprir as regras da União. 
 
Foi também levantada a discussão da possibilidade de dois seguimentos de 
estudos: o público e o privado. Ambos deveriam seguir uma matriz curricular nacional, 
com o intuito de se criar uma unidade educacional brasileira, o que levou a uma polêmica 
que teve até a criação da Campanha em Defesa da Escola Pública. 
 
[...] as forças conservadoras se mostravam contrárias ao ensino público e gratuito. Este, 
seguindo o princípio da democracia, possibilitaria à população o acesso à participação 
na vida econômica e política do País; já bastava para assustar os conservadores. As 
lutas do grupo “pró-Defesa”, contra a implantação do projeto e para apoio à escola 
privada, foram evidenciadas. Fernando de Azevedo, relator do primeiro Manifesto dos 
Pioneiros da Educação Nova (1932), também redigiu o segundo Manifesto dos 
Educadores (1959). Assinado por 189 pessoas – educadores, intelectuais e estudantes –
, este reafirmava os princípios da Escola Nova, mas tratando principalmente do aspecto 
social da educação, dos deveres do Estado Democrático e do direito à escola para 
todos. (SANTOS, PRESTES, VALE, 2006, 141) 
 
 A partir de 1961 foi assinada a Lei de Diretrizes e Bases – LDB – que dava à 
educação um direito mais livre de exercimento de suas práticas, essa liberdade se deu 
principalmente na proposta de educação, assim como na criação de conteúdos de ensino, 
criando setores exclusivos dentro da escola para coordenar as atividades, conforme 
temos até os tempos atuais. 
 
As discussões sobre as reformas universitárias, iniciadas em 1918 pela 
Universidade de Córdoba, só chegaram no Brasil no início da década de 60, por meio da 
 
 
25 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
União Nacional dos Estudantes (UNE) que compreendia que as reformas educacionais de 
base também deveriam estar em consonância com as reformas universitárias. 
 
O pensamento estrutural do ensino brasileiro estava em consonância com as 
questões socioeconômicas nacionais, formavam-se indivíduos mais bem consolidados no 
pensamento democrático e com conhecimento das ciências em gerais, assim como o 
preparava para um mercado de trabalho e possível nível universitário. Esse, por fim, 
tornou-se democrático apenas a partir de 2002, através de programas sociais do Governo 
Federal, como o PROUNI, FIES e REUNI, no qual trabalharemos mais adiante. As 
maiores discussões entre as escolas públicas e privadas ficaram no ambiente ideológico, 
onde de um lado havia a prerrogativa da obrigatoriedade do Estado prover uma educação 
de qualidade para a população, enquanto do outro o direito de entidades privadas 
exercerem também esse direito. O primeiro grupo era um movimento progressista e laico 
que via na escola a obrigatoriedade da formação, enquanto o segundogrupo, atrelado à 
Igreja, compactuava com uma educação humanista pautados na moral cristã. A oposição 
maior dos conservadores é pelo fato de afirmarem que uma escola pautada em viés 
cientificista afastava as pessoas de Deus e aproximava-as do ateísmo. 
 
Com isso, a escola nova, ao mesmo tempo em que aprimorou a qualidade do ensino 
destinado às elites, forçou a baixa da qualidade do ensino destinado às camadas 
populares, já que sua influência provocou o afrouxamento da disciplina e das exigências 
de qualificação nas escolas convencionais” (SAVIANI, 1989, 24). 
 
 Os conflitos ideológicos durante a aprovação da LDB foram marcantes em todo o 
seu longo de demorado processo de análise, discussão e consenso pela especificidade 
entre o ensino público e privado, assim como os interesses envoltos em cada um. O 
interesse dos setores públicos e privados evidenciou o interesse em fazer da educação 
uma fonte de investimento visando o lucro, a pura mercantilização da educação no Brasil 
através da desobrigação do Estado perante a obrigatoriedade em prover à sua sociedade 
o direito do acesso à educação pública e gratuita. 
 
A lei promulgada em dezembro de 1961 não era a que os defensores do ensino público 
almejavam. Tal lei significou, mais uma vez, uma solução de compromisso, porém abriu 
caminho para a privatização do ensino que ocorreu nas duas últimas décadas. [...] A 
questão essencial é, como se sabe, de classe, que nesse momento histórico preciso se 
evidencia na forma do acentuado descaso do Estado burguês para com a educação das 
novas gerações. (BUFFA, 1984, p. 305) 
 
 
 
26 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Após 1964 o Brasil foi imposto a vivenciar uma Ditadura Militar que resultou em 
grandes embates com a guerrilha, problemas com a economia popular, trabalhadores e 
micro/pequenos empresários tiveram que ir à disputa com as empresas monopolistas e 
globalizantes por um espaço. Enquanto um minúsculo setor da sociedade provia de uma 
excelente renda mensal, frutos de propriedades e investimento, a esmagadora parcela da 
sociedade dependia de seus salários somados a alta da inflamação. Consequentemente 
essa última parcela dependia dos serviços públicos brasileiros, como a educação. 
 
A taxa de escolaridade das crianças de sete a 10 anos, faixa etária que correspondia ao 
antigo curso primário, baixou de 1970 a 1980: de 66,3% para 65,5%. Isto quer dizer que, 
em 1980, mais de um terço das crianças que deveriam estar cursando a escola primária 
estavam, na realidade, fora da escola. (KOCH, 1995, p. 29) 
 
 A consequência da falta de investimento educacional na Ditadura Militar é 
perceptível ao analisarmos as pessoas com idades avançadas, que eram alunas na 
época da ditadura, terem uma escolaridade limitada - muitas vezes com ensino regular 
interrompido. Em dez anos de ditadura militar, de 1970 a 1980, houve uma redução de 
apenas 8,2% na taxa de analfabetismo. Durante o decorrer dos anos, houve redução dos 
presentes nos ensinos posteriores, a diminuição da quantidade de alunos dava-se pela 
evasão, excluindo, pela base do ensino, a manutenção e ascensão social através da 
escola. 
 
 Através do GOT – Ginásio Orientado para o Trabalho – objetivou-se a criação de 
mão de obra especializada para o trabalho onde os alunos que demonstrassem maiores 
aptidões para as artes industriais, técnicas agrícolas, comerciais, para o lar etc., fazia uso 
dessa possibilidade. 
 
 Com essa realidade, o movimento feminista começou a ganhar notoriedade no 
cenário educacional através das exigências e legitimidades. 
 
Como muito daquilo que era reivindicado pelas feministas era visto de forma pejorativa, 
como uma questão pequeno-burguesa, o movimento só ganharia maior visibilidade após 
1975. […] É também quando surge uma imprensa que se voltou para as questões 
debatidas pelo feminismo, como o Nós Mulheres e o Brasil-Mulher, ambos atuando entre 
os anos de 1975 a 1980. (SANTANA, 2009, p. 6) 
 
 
 
27 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 A transição entre os séculos trouxe novas visões e paradigmas para a educação na 
contemporaneidade, a globalização e mundialização passaram a ressignificar o ideal e 
propósito do fazer educação. Novos dilemas e desafios estão postos, cabendo aos novos 
professores estarem preparados e aos antigos se capacitarem. As demandas mudaram 
através do reconhecimento de grupos sociais excluídos social e historicamente: negros, 
mulheres, lgbt, etc. 
 
 Os movimentos feministas são necessários para que haja novos entendimentos 
sobre a prática docente. Principalmente pelo fato de que a feminização do magistério no 
Brasil se desenvolveu pela própria manutenção do machismo, onde à mulher cabia a 
responsabilidade dos cuidados domésticos e familiares. 
 
 As mulheres começaram a serem empregadas nas escolas enquanto professoras 
por conta das sucessivas guerras mundiais e necessidade de nova mão de trabalho 
enquanto os homens estavam trabalhando nas fábricas. A partir deste contexto, criou um 
senso comum de que as mulheres deveriam ir para as escolas cuidar das crianças 
enquanto os homens iam para as fábricas. 
 
 Acosta (2014), afirma que 
 
Com essa delimitação obrigatória e compulsória imposta à mulher, ela passou a se 
dedicar mais especificamente ao processo educacional de seus filhos e, assim, 
conquistando possíveis conhecimentos que futuramente seriam impostos (in) 
diretamente a ela: o magistério. [....] Sabemos, então, que a mulher não é um ser 
feminino por si só, sim uma construção de uma identidade feminina que a torna e impõe 
a ela um estereótipo. (ACOSTA, 2014: 6) 
 
 A compreensão da atualidade tem grande importância para o futuro do 
desenvolvimento escolar e a formação educacional. Paradigmas novos estão sendo 
postos ao desenvolvimento como a Teoria da Complexidade, onde o ensino deixa de ser 
verticalizado e fracionado, para ser horizontalizado e dividido em poucas matrizes 
capazes de interdisciplinar e transdisciplinarmente atenderem a demanda dos alunos 
atuais. 
 
 
 
 
28 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. REVOLUÇÃO FEMININA: AS MULHERES À FRENTE NA 
EDUCAÇÃO 
 (José Eustáquio Diniz Alves) 
 
A economia colonial brasileira fundada na grande propriedade rural e na mão de 
obra escrava deu pouca atenção ao ensino formal para os homens e nenhuma para as 
mulheres. O isolamento, a estratificação social e as relações familiares patriarcais 
favoreceram uma estrutura de poder fundada na autoridade sem limites dos homens 
donos de terras. A tradição cultural ibérica, transposta de Portugal para a colônia 
brasileira, considerava a mulher um ser inferior, que não tinha necessidade de aprender a 
ler e a escrever. A educação monopolizada pela Igreja Católica reforçava o espírito 
medieval. A obra educativa da Companhia de Jesus (Jesuítas) contribuiu 
significativamente para o fortalecimento da predominância masculina, sendo que os 
padres jesuítas tinham apego às formas dogmáticas de pensamento e pregavam a 
autoridade máxima da Igreja e do Estado. 
 
Com a vinda da Família Real portuguesa ao Brasil e a independência, em 1822, a 
sociedade brasileira começou a apresentar uma estrutura social mais complexa. As 
imigrações internacionais e a diversificação econômica aumentaram a demanda por 
educação, que passou a ser vista como um instrumento de ascensão social pelas 
camadas sociais intermediárias. Neste novo contexto, pela primeira vez, os dirigentes do 
país manifestaram preocupação com a educação feminina. Os primeiros legisladores do 
Império estabeleceram que o ensino primário deveria ser de responsabilidade do Estado e 
extensivo às meninas, cujas classes deveriam ser regidas por professoras. Porém, devido 
à falta de professoras qualificadas e sem conseguir despertar maior interesse dos pais, oensino sequer logrou abranger uma percentagem significativa de alunas. 
 
Na primeira metade do século XIX, começaram a aparecer as primeiras instituições 
destinadas a educar as mulheres, embora em um quadro de ensino dual, com claras 
especializações de gênero. Ao sexo feminino cabia, em geral, a educação primária, com 
forte conteúdo moral e social, dirigido para o fortalecimento do papel da mulher enquanto 
mãe e esposa. A educação secundária feminina ficava restrita, em grande medida, ao 
magistério, isto é, formação de professoras para os cursos primários. As mulheres 
continuaram excluídas dos graus mais elevados de instrução durante o século XIX. A 
 
 
29 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
tônica permanecia na agulha, não na caneta. A primeira escola foi criada em Niterói, no 
ano de 1835, seguida por outra na Bahia, em 1836. Até os últimos anos do Império, as 
escolas normais permaneceram em pequeno número, e quase insignificantes, em termos 
de matrículas. 
Se o sexo feminino tinha dificuldades de acesso ao ensino elementar, a situação 
era mais dramática na educação superior, que era eminentemente masculina. As 
mulheres foram excluídas dos primeiros cursos de Medicina (1808), Engenharia (1810) e 
Direito surgidos no país. O decreto imperial que facultou à mulher a matrícula em curso 
superior data de 1881. Todavia, era difícil vencer a barreira anterior, pois os estudos 
secundários eram caros e essencialmente masculinos e os cursos normais não 
habilitavam as mulheres para as faculdades. A primeira mulher a obter o título de médica 
no Brasil foi Rita Lobato Velho Lopes, em 1887. O importante a notar é que, durante o 
século XIX e a primeira metade do século XX, a exclusão feminina dos cursos 
secundários inviabilizou a entrada das mulheres nos cursos superiores. Assim, a 
dualidade e a segmentação de gênero estiveram, desde sempre, presentes na gênese do 
sistema educacional brasileiro, sendo que as mulheres tinham menores taxas de 
alfabetização e tinham o acesso restringido aos graus mais elevados de instrução. 
 
A Constituição da República, de 1891, consagrou a descentralização do ensino em 
um esquema dualista: a União ficou responsável pela criação e controle das instituições 
de ensino superior e secundário e aos Estados coube a criação de escolas e o 
monitoramento e controle do ensino primário, assim como do ensino profissional de nível 
médio, que na época, compreendia as escolas normais para as moças e as escolas 
técnicas para os rapazes. Nessa época, houve expansão quantitativa do sistema 
educacional, mas pouca mudança qualitativa. A taxa de alfabetização da população 
brasileira cresceu durante a República Velha (1889-1930) apesar da manutenção de altos 
níveis de analfabetismo. 
 
Os motivos do baixo grau de investimento educacional brasileiro tiveram suas 
origens no modelo econômico baseado na economia primário-exportadora, com base em 
uma estrutura escravocrata. Enquanto a população permaneceu enraizada no campo, 
utilizando meios arcaicos de produção, a escola não exerceu papel importante na 
qualificação dos recursos humanos, permanecendo como agente de educação para o 
 
 
30 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
ócio ou de preparação para as carreiras liberais, no caso dos homens, ou para 
professoras primárias e donas-de-casa, no caso das mulheres. 
 
A Revolução de 1930, ao redirecionar o desenvolvimento brasileiro para o mercado 
interno e para o setor urbano-industrial, propiciou o surgimento das primeiras políticas 
públicas de massa, especialmente para as populações urbanas. As novas exigências da 
industrialização e dos serviços urbanos influenciaram os conteúdos e a expansão do 
ensino. Porém, como a expansão do capitalismo não se fez de forma homogênea em todo 
o território nacional, a maior expansão da demanda escolar só se desenvolveu nas 
regiões onde as relações capitalistas estavam mais avançadas. 
 
Desta forma, durante o período do chamado Pacto Populista (1945-1964), o 
sistema escolar passou a sofrer a pressão social por níveis crescentes de acesso à 
educação, porém o acordo das elites no poder manteve o caráter “aristocrático” da escola, 
contendo a pressão popular pela democratização do ensino. Assim, não estranha que a 
expansão da cobertura escolar tenha ocorrido de forma improvisada e insuficiente. Para 
efeito do nosso estudo, é importante destacar que somente em 1961, através da Lei de 
Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Brasileira, foi garantida equivalência de todos os 
cursos de grau médio, abrindo a possibilidade das mulheres que faziam magistério 
disputarem os vestibulares. Portanto, foi a partir dos anos 60 que as mulheres brasileiras 
tiveram maiores chances de ingressar na educação superior. Exatamente por isto, a 
reversão do hiato de gênero no ensino superior começou nos anos 70. 
 
Com a intensificação da industrialização e da urbanização do país o sistema 
educacional cresceu horizontalmente e verticalmente. Os governos militares, instalados 
no país após 1964 e inspirados no modelo norte-americano, tomaram medidas para 
atender a demanda crescente por vagas e qualificação profissional, de acordo, inclusive, 
com os compromissos internacionais. A aliança entre os militares e a tecnoburocracia 
possibilitou um grande crescimento da pós-graduação, com o objetivo de formar 
professores competentes para atender a demanda da própria universidade, estimular o 
desenvolvimento da pesquisa científica e assegurar a formação de quadros intelectuais 
qualificados para atender às necessidades do desenvolvimento nacional (Cunha, 2000). 
 
A expansão do ensino no Brasil continuou após o processo de redemocratização 
do país, com a instalação da chamada “Nova República”, em 1985. Nos anos de 1990 
 
 
31 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
houve um desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a manutenção das 
crianças na escola (Bolsa Escola) e um esforço para a universalização da educação 
básica. No ensino superior, houve um grande crescimento das universidades privadas, 
que ultrapassaram em muito o número de estudantes matriculados em relação à 
universidade pública. A expansão geral das vagas no ensino brasileiro favoreceu 
especialmente o sexo feminino. Na segunda metade do século XX, as mulheres 
conseguiram reverter o hiato de gênero na educação em todos os níveis. Elas souberam 
aproveitar as oportunidades criadas pelas transformações socais ocorridas no país. 
 
Mas, sobretudo, a reversão do hiato de gênero foi uma conquista que resultou de 
um esforço histórico do movimento de mulheres, fazendo parte de uma luta mais geral 
pela igualdade de direitos entre os sexos, envolvendo inúmeros atores sociais. Isto não 
aconteceu apenas no Brasil, mas faz parte de uma mudança mundial de redefinição do 
papel da mulher na sociedade e de enfraquecimento do patriarcado. 
 
A distribuição percentual da população com nível superior de educação, por sexo e 
grupos etários, segundo os dados do censo demográfico de 2000, mostra que entre as 
populações com até 49 anos, as mulheres eram maioria nos cursos superiores, mas para 
as populações acima de 50 anos, os homens com curso superior suplantavam o número 
de mulheres. Estes dados confirmam que as mulheres avançaram na educação de 
maneira progressiva ao longo do século XX. Em 2000, no grupo etário acima de 60 anos, 
ou seja, das pessoas nascidas antes de 1940, os homens com curso superior eram quase 
60%, contra 40% das mulheres. Ao contrário, para o grupo etário 20 a 29 anos, eram as 
mulheres com curso superior que perfaziam 60% do total, enquanto os homens obtinham 
o percentual de 40%. 
 
Em síntese, os dados mostram que as mulheres tiveram ganhos educacionais 
inequívocos no século XX e superaram cerca de 450 anos de exclusão. A despeito daqualidade da educação brasileira, a análise dos diferenciais entre homens e mulheres, 
mostra que o “sexo fraco” está cada vez mais forte, quando o assunto é escola. Em outras 
dimensões sociais e econômicas da sociedade, particularmente no mercado de trabalho, 
os diferenciais de gênero ainda são grandes e as mulheres estão em desvantagem. Mas 
quando se trata de observar o hiato de gênero na educação, o Brasil já superou as metas 
estabelecidas nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio. Hoje, nesta área, as 
desigualdades são reversas. 
 
 
32 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Por fim, é preciso destacar, que a elevação da escolaridade para ambos os sexos é 
uma condição para o desenvolvimento do país e para se fazer justiça social. E acima de 
tudo, é preciso que o Brasil avance na educação com qualidade para ambos os sexos. 
 
Cronologia: 
• 1962 - Paulo Freire aplica seu método de alfabetização a 300 cortadores de 
cana analfabetos no interior de Pernambuco: em apenas 45 dias eles 
aprendem a ler e escrever. O sucesso do experimento inspira a criação de 
círculos culturais pelo Brasil. 
• 1963 - Paulo Freire publica "Alfabetização e conscientização". Anísio Teixeira 
torna-se reitor da UnB, sucedendo Darcy Ribeiro. 
• 1964 - Golpe militar: Darcy Ribeiro é cassado; Anísio Teixeira é cassado; Paulo 
Freire é preso e exilado. Freire muda-se para o Chile, onde trabalha para 
a FAO (Organizaço de Alimentação e Agricultura, uma agência da ONU) e 
milita no Movimento Cristão pela Reforma Agrária. 
• 1967 - O regime militar institui o Movimento Brasileiro de 
Alfabetização (Mobral), incorporando alguns dos métodosde Paulo Freire. 
• 1968 - LDB do Ensino Superior 
• 1970 - Convidado pela Universidade de Harvard, Paulo Freire vai aos EUA e 
publica (no exterior) "Pedagogia do oprimido", seu principal trabalho, que dita 
as bases de seu método (pedagogia libertadora) e revoluciona a educação nos 
países em desenvolvimento. Muda-se novamente para Genebra, na Suíça, 
onde trabalha para a ONU e oConselho Mundial de Igrejas. 
• 1971 - Anísio Teixeira é encontrado morto no fosso do elevador do prédio 
de Aurélio Buarque de Holanda (filólogo e lexicógrafo autor do Dicionário 
Aurélio). A família suspeita de assassinato, mas nada é provado. 
• 1971 - LDB do Ensino Básico 
• 1980 - Paulo Freire retorna ao Brasil. 
• 1983 - Darcy Ribeiro, como secretário de Educação do estado do Rio, cria 
os Centros Integrados de Ensino Público, escolas públicas de educação 
integral inspiradas nas experiências de Anísio Teixeira. No ano seguinte, Darcy 
publica "Nossa escola é uma calamidade". 
• 1989 - Paulo Freire torna-se secretário de Educação da cidade de São Paulo, 
na gestão de Luiza Erundina (PT). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Golpe_militar_de_1964
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chile
https://pt.wikipedia.org/wiki/FAO
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Movimento_Crist%C3%A3o_pela_Reforma_Agr%C3%A1ria&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Brasileiro_de_Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Brasileiro_de_Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Harvard
https://pt.wikipedia.org/wiki/Genebra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Su%C3%AD%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Mundial_de_Igrejas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aur%C3%A9lio_Buarque_de_Holanda
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lexicografia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_Aur%C3%A9lio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_Aur%C3%A9lio
https://pt.wikipedia.org/wiki/CIEP
https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiza_Erundina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_dos_Trabalhadores
 
 
33 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• 1990 - Collor de Mello cria os CIACs, inspirados na experiência dos CIEPs, em 
vários estados do Brasil. 
• 1991 - Fundado o Instituto Paulo Freire, em São Paulo. 
• 1996 - Aprovada atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação: muda os nomes 
das etapas de ensino (Básico, Fundamental, Médio e Superior) e acrescenta 
um ano a mais ao Fundamental. Também exige formação superior para 
contratação de professores, o que acaba com a função do "curso normal" de 
formação pedagógica. 
• 1997 - Morrem Paulo Freire e Darcy Ribeiro. 
• 1998 – É instituido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais –INEP – o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. 
• 2001 – É criado o Progrma Nacional de Renda Mínima 
• 2002 – É criado o Programa Diversidade na Universidade. 
 
 Após a apresentação da breve retrospectiva histórica poderemos entender melhor 
todas as etapas que serão apresentadas ao longo da semana e as atividades propostas 
bem como poderemos pensar a respeito da importância do papel do Professor ao longo 
de toda a história da educação nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Collor_de_Mello
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=CIAC&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Instituto_Paulo_Freire&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire
https://pt.wikipedia.org/wiki/Darcy_Ribeiro
 
 
34 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. BREVES APONTAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA – Continuação I 
 
O cotidiano (atualidade) está fluido e consequentemente o estudo tem que 
acompanhar essa realidade para que seja interessante aos alunos. Caso contrário, serão 
meros receptores de conteúdos nunca mais utilizados. Guardá-los em gavetas não faz 
mais parte do tempo atual, hoje o conhecimento tem que ser passado através do conceito 
de redes, onde todas as informações estão interligadas e correlacionadas. 
 
Correntes diversas e mais especificamente a Marxista, a Pós-Estruturalista e mais 
recentemente a Teoria Queer, são de extrema necessidade para a compreensão da 
prática docente. Cada qual em seu contexto e em sua especificidade corrobora para uma 
crítica ao fazer docente, à instituição escolar e à sociedade. Estas críticas são 
necessárias para que se possa mudar o cotidiano onde os sujeitos estão inseridos, 
principalmente os historicamente excluídos. 
 
 Sabe-se que a escola tem como objetivo a manutenção da ordem por meio 
de constantes vigilâncias e punições (FOUCAULT, 1975) com o objetivo de normatizar o 
comportamento humano de forma homogênea. Entretanto, ressalta-se que a escola é 
composta por sujeitos diferentes entre si - fator esse determinante para que a escola 
invisibilize-os e estigmatize-os. 
 
O ambiente escolar, enquanto dispositivo disciplinar, busca a normatização dos corpos 
em padrões de comportamentos restritos, fixos e pautados na heteronormatização, onde 
identidades que fujam do binarismo masculino-feminino tornam-se abjetas e, 
consequentemente, devam ser enquadradas em uma sistematização que tem o intuito de 
engessá-las. (ACOSTA, 2015: 239) 
 
Entende-se que heteronormatização é a manutenção da norma heterossexual, 
estigmatizando pessoas de orientações sexuais para além da heterossexual como, por 
exemplo, gays, lésbicas, bissexuais e assexuais, assim como a estigmatização das 
pessoas com identidade de gênero diferente à norma como, por exemplo, as travestis, os 
transexuais masculinos, as transexuais femininas e transexuais não-binários. O processo 
de estigmatização escolar se dá por dois meios específicos: i) invisibilização e 
silenciamento destas pessoas e ii) super-exposição à todos. 
 
 
 
35 História da Educação 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A invisibilização e silenciamento servem para que estas pessoas estejam excluídas 
do processo de ensino-aprendizagem e não subvertam a norma heterossexual imposta na 
escola. A super-exposição

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