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QUEIMADURAS Sobre queimaduras: 1. Definir, entendendo a classificação em grau e porcentagem de área queimada 2. Conhecer as principais etiologias, relacionando com fisiopatologia 3. Entender o manejo inicial e específico, relacionando com as complicações DEFINIÇÃO São lesões decorrentes de agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica) capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. PELE Maior órgão do corpo humano, é a mais frequentemente afetada em casos de queimaduras. A pele tem como principais funções recobrir e resguardar a superfície corporal, controlar a perde de água, proteger o corpo contra atritos além de manter a temperatura do corpo e formar uma barreira de proteção contra agentes químicos, físicos ou bacterianos Tem como camadas: CLASSIFICAÇÃO PROFUNDIDADE DA QUEIMADURA I. PRIMEIRO GRAU (ESPESSURA SUPERFICIAL) Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas. Quadro clinico: vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 dias. Não precisa de tratamento especifico → Hidratar a pele + evitar exposição ao sol Exemplo: eritema solar II. Segundo Grau (espessura parcial-superficial e profunda) Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou flictenas. SUPERFICIAL: eritema com retorno capilar, a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa (exposição de terminações nervosas). Ocorre, por exemplo, escaldo de curta duração (água quente ou café que são substâncias menos viscosas). Sem tratamento específico. PROFUNDA: eritema sem retorno capilar, a base da bolha é branca, seca, indolor e menos dolorosa. Ocorre nos escaldos de longa duração (óleo quente ou chamas → mais viscosas). O tratamento adequado é enxerto de pele A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. III. Terceiro Grau Afeta a epiderme, a derme e estruturas profundas, sendo indolor. Existe a presença de placa esbranquiçada ou enegrecida e possui textura coreácea. Não reepiteliza e necessita de desbridamento e enxerto de pele QUANTO AO AGENTE 1. Atrito 2. Elétrico 3. Radiação 4. Químico 5. Térmico QUANTO A SUPERFICIE CORPORAL QUEIMADA É feito a regra dos 9 para crianças e adultos. Atenção para as áreas nobres: Olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, articulação coxofemural, joelho e tornozelo) e órgãos genitais, bem como queimaduras profundas que atinjam estruturas profundas como ossos, músculos, nervos e/ou vasos desvitalizados OBS: mãos a. Palma – 1% b. Dorso – 1% c. Com dedos – 1% d. Sem dedos – 0,5% QUANTO A GRAVIDADE a. Leve – até 10% da superfície corporal b. Moderada – 10 – 20% da SC c. Grave a. Acima de 20% da SC em adultos e 10% em crianças b. Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos. c. Presença de lesão inalatória. d. Politrauma e doenças prévias associadas. e. Queimadura química. f. Trauma elétrico. g. Áreas nobres/especiais h. Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio), entre outras. TRATAMENTO DE EMERGENCIA DAS QUEIMADURAS INTERROMPER O PROCESSO DE QUEIMADURA ▪ Resfriar o corpo com água corrente em até 30 minutos da hora da queimadura ▪ Fonte química: lavar abundantemente ▪ Fonte elétrica: desligar a fonte de energia + retirar a vítima com haste plástica ou madeira seca (cuidado com material de metal e água) ▪ Chama: vítima deve deitar e rolar no chão ▪ Remover as roupas, joias, anéis, piercings e próteses ▪ Cobrir as lesões com tecido limpo AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS ▪ Presença de corpos estranhos ou qualquer tipo de obstrução ▪ Aspirar, se necessário RESPIRAÇÃO ▪ Administre oxigênio a 100% (máscara umidificada) e, na suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a oxigenação por três horas. ▪ Suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente fechado com acometimento da face, presença de rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência respiratória ▪ Manter a cabeceira elevada em 30 graus ▪ Intubação, nos casos de: o Glasgow menor do que 8 o PaO2 menor do que 60 o PaCO2 for maior do que 55 na gasometria o Dessaturação for menor do que 90 na oximetria o Houver edema importante de face e orofaringe. CIRCULAÇÃO ▪ Instalar sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal superior a 20% em adultos e 10% em crianças o Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h. o No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da urina ▪ Acesso venoso → Preferencialmente periférico e calibroso ▪ Reposição volêmica → qualquer paciente com mais de 20% da SC queimada deve receber reposição volêmica, preferencialmente com ringer lactato, porém também pode fazer com soro fisiológico Calculo da hidratação Fórmula de Parkland = 2 a 4ml x % SCQ x peso (kg) ▪ 2: idosos, portadores de insuficiência renal e insuficiência cardíaca congestiva ▪ 3: em principio ▪ 4: crianças + adultos jovens Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes, considerando as horas a partir da hora da queimadura. Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e sempre que necessário. Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso de coloide, diurético e drogas vasoativas. Estimar o peso em crianças: Garota: (2 x idade) + 8 Menino: (2xidade) + 9 ESTADO NEUROLÓGICO Através da escala de coma de Glasgow EXPOSIÇÃO DA ÁREA QUEIMADA Avaliar a superfície da área queimada Avalie traumas associados, doenças prévias ou outras incapacidades e adote providências imediatas. Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos membros superiores e inferiores ▪ Queimaduras circulares no tórax podem criar escaras que limita o movimento torácico dificultando a respiração → Escaratomia (incisão em linha axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos arcos costais) ▪ Para escarotomia de membros superiores e membros inferiores, realize incisões mediais e laterais ▪ Habitualmente, não é necessária anestesia local para tais procedimentos; porém, há necessidade de se proceder à hemostasia. TRATAMENTO DA DOR Uso da via endovenosa 1. Adultos Dipirona = de 500mg a 1 grama OU Morfina = 1ml (ou 10mg) diluído em 9ml de solução fisiológica (SF) a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso. 2. Crianças Dipirona = de 15 a 25mg/kg Morfina = 10mg diluída em 9ml de SF a 0,9%, considerando- se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso MEDIDAS GERAIS IMEDIATAS E TRATAMENTO DA FERIDA Limpe a ferida com água e clorexidina desgermante a 2%. Na falta desta, use água e sabão neutro. Curativo de 2 camadas: ▪ É feito na face e períneo (curativo exposto) ▪ Antimicrobiano tópico ▪ Vaselina Curativo de 4 camadas: ▪ Atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o principio ativo (sulfadiazina de prata a 1%) ▪ Gaze absorvente/gaze de queimado ▪ Algodão hidrofóbico ▪ Atadura de crepe Posicionamento do paciente: mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente, pescoço em hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares axilares. Administre: 1. Toxoide tetânico para profilaxia/ reforço antitétano. 2. Bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse. 3. Heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo. 4. Sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico. 5. Antibiótico sistêmico profilático só deve ser utilizado em queimaduras potencialmente colonizados com sinais de infecção local ou sistêmicas → São considerados sinais e sintomas de infecção