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OS ÓRGÃOS DA FALÊNCIA E DA RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

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OS ÓRGÃOS DA FALÊNCIA E DA RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS
Anna Christina Gonçalves De Poli
Mestranda da PUC Paraná, advogada 
e professora universitária.
1. INTRODUÇÃO; 2 ÓRGÃOS DA FALÊNCIA 
E DA RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS; 2.1 
BREVE HISTÓRICO; 2.2 O JUIZ; 2.3 O 
MINISTÉRIO PÚBLICO; 2.3.1 O Ministério 
Público na Falência; 2.3.2 O Ministério Público na 
Recuperação Judicial; 2.3.3 O Ministério Público na 
Recuperação Extrajudicial; 2.4 O GESTOR 
JUDICIAL; 3 ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO 
DA INSOLVÊNCIA; 3.1 ADMINISTRADOR 
JUDICIAL; 3.1.1 Requisitos e Impedimentos; 3.1.2 
Atribuições; 3.1.2.1 Na falência e recuperação 
judicial; 3.1.2.2 Na recuperação judicial; 3.1.2.3 Na 
falência; 3.1.3 Remuneração do Administrador 
Judicial; 3.1.4 Remuneração dos Auxiliares do 
Administrador Judicial; 3.1.5 Substituição e 
Destituição; 3.2 COMITÊ DE CREDORES; 3.2.1 
Estrutura, Atribuições e Funcionamento; 3.2.3 
Remuneração e Responsabilidade dos Membros do 
Comitê; 3.2.4 Impedimentos, Substituição e 
Destituição; 3.3 ASSEMBLÉIA GERAL DE 
CREDORES; 3.3.1 Competências; 3.3.1.1 Na 
recuperação judicial; 3.3.1.2 Na falência; 3.3.2 
Estrutura e Representação; 3.3.3 Convocação e 
Deliberação; 3.3.4 Instalação; 4. CONCLUSÃO; 5. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
1 INTRODUÇÃO
A atual Lei de Falências e Recuperação de Empresas, neste texto 
tratada simplesmente por LFRE, implantou organismos novos na administração da 
empresa insolvente1. Trouxe ainda figuras inovadoras, porém não auto-
1 O termo “empresa insolvente” será utilizado neste texto para designar aquele empresário cuja 
atividade encontra-se em qualquer tipo de crise, seja ela financeira, econômica ou patrimonial. 
1
explicativas que terão de ser construídas pela doutrina e pelo estudo comparado de 
legislações alienígenas.
A atuação dos órgãos deixa lacunas que precisam ser sanadas para 
melhor aplicação efetiva da lei. A remuneração do administrador judicial, dos 
membros do Comitê de Credores e do Gestor Judicial e a própria criação de alguns 
destes órgãos são facultativos dando margem a um excesso de poder de mando dos 
credores no processo de insolvência.
Neste panorama, a Nova Lei de Falências e de Recuperação de 
Empresas, abre espaço para os credores participarem nas decisões de fundo, onde 
normalmente o prejuízo é sofrido pelo credor. 
O órgão da falência tido como supremo, o Juiz, é aquele que se 
encarregará de fiscalizar a atuação dos demais órgãos. Resta saber se tal órgão 
máximo está preparado para fiscalizar a aplicação da lei novel.
Importa ressaltar que as conseqüências da aplicação das inovações 
trazidas pela lei são ainda desconhecidas. Se por um lado temos uma menor 
atuação do Ministério Público, de outro temos um livre agir do Juiz. A 
exemplificar: o juiz poderá escolher o administrador judicial e destituí-lo de ofício 
sem consulta prévia aos órgãos consultivos. Isso não dará margem às fraudes tão 
comuns hoje no processo de insolvência?
Outra polêmica envolve questão cultural: os credores nacionais 
saberão como conduzir o processo de insolvência para o fim de restabelecer o 
devedor ou será apenas mais uma forma de obtenção de vantagens. 
Ainda se faz necessário ater-se a questões como: o fato da lei em 
seu artigo 65 tratar de um Gestor Judicial, este possui funções diferentes daquelas 
2
atribuídas ao administrador do devedor? A lei sequer trata adequadamente do 
Gestor Judicial.
No presente trabalho houve a intenção de sistematizar o que já foi 
dito pela doutrina sobre os órgãos da falência e recuperação de empresas, fazendo-
se uma breve comparação com legislações estrangeiras.
O texto está divido em dois capítulos: o primeiro capítulo trata dos 
órgãos da falência e recuperação de empresas. Trata portanto do Juiz e do 
Ministério Público, trazendo anotações sobre o gestor judicial; o segundo capítulo 
destina-se a tratar dos órgãos administrativos da falência e da recuperação de 
empresas.
Optou-se pela divisão do texto na forma em que se apresenta por 
razões de ordem prática. A atual lei não traz um capítulo dedicado aos órgãos da 
falência e recuperação de empresas, deixando espalhado pelo texto da norma 
vários órgãos que interagem entre si, porém sem uma classificação.
2 ÓRGÃOS DA FALÊNCIA
2.1 Breve Histórico
No Decreto-Lei 7661/1945, eram considerados órgãos da falência 
o Juiz, o Síndico e o Ministério Público2. Isso em razão dessas figuras terem 
participação na administração da falência naquela lei anterior.
2 Neste sentido Almeida, Amador Paes de. Curso de Falência e Concordata. 19ª ed. rev. e atual. 
São Paulo: Saraiva, 2001. p.229-250.
3
Alguns autores como Paulo Roberto Colombo Arnoldi e Amaury 
Campinho, classificavam os órgãos da falência de forma muito mais abrangente. 
Segundo ARNOLDI3 eram órgãos da administração da falência:
a) o síndico; o liquidatário; c) o curador. Além daqueles que funcionam 
nos processos de falência por já fazerem parte na organização judiciária 
como: a) o juiz; b) o representante do Ministério Público; c) o escrivão; 
d)os peritos; e) os contadores; f) os avaliadores; g) os depositários; h) 
os advogados.
Neste mesmo sentido abrangente, CAMPINHO4, afirmava serem 
órgãos da administração da falência:
... Todas as pessoas que atuam direta ou indiretamente no processo 
falimentar, como o Juiz, o representante do Ministério Público, o 
síndico, os serventuários da Justiça, os contadores, os avaliadores, os 
peritos, os depositários, o leiloeiro etc.
Ao Juiz de Direito cabia as funções jurisdicionais (em geral de 
natureza cível e comercial, também podendo atuar na esfera criminal) e 
administrativas (supervisionava a atuação do síndico e também era responsável por 
medidas acautelatórias, tais como a venda antecipada de bens, a continuação do 
negócio etc).
Ao Síndico cabia a função de administrar e representar os 
interesses da massa falida. Possuía um elenco de deveres que vinha descrito nos 
artigos 60 a 69 da Lei Falimentar e várias outras atribuições e obrigações 
espalhadas no texto legal, a exemplo do artigo 209, que tratava da forma de 
arrecadação dos bens do falido. O exercício da atividade de síndico gerava 
responsabilidade se mal conduzida e tais responsabilidades eram apuradas tanto na 
esfera cível como criminal, podendo, ainda, culminar com a pena de prisão.
3 ARNOLDI, Paulo Roberto Colombo. Falências e Concordatas. 2ª ed., ver., atual. e ampl. São 
Paulo: Editora de Direito, 1999. p. 216-217.
4 CAMPINHO, A Maury. Manual de Falência e Concordata. 8ª ed., rev. atual. e ampl. Rio de 
Janeiro: Lúmen Júris, 2002. p. 47.
4
A função atribuída pelo Decreto-Lei 7661/1945 ao Ministério 
Público, era a de “curador das massas”, o que de certa forma era errôneo tendo em 
vista que os bens do falido não eram administrados ou guardados pelo 
representante do Ministério Público. A Lei de Falências e Concordatas, além 
daquelas atribuições já expressamente escritas, ainda ampliava a atuação do 
Ministério Público em seu artigo 2105 sem critério algum, o que restou 
comprovado ser causa da demora no andamento dos processos falimentares. O 
número excessivo de intervenções do Ministério Público causou, ao longo do 
tempo, a insatisfação da classe, que ficou demonstrada na Carta de Ipojuca6 em 
seu item 4, inciso X.
Algumas leis falimentares trazem um título dedicadoa identificar 
os órgãos do concurso mercantil. A lei mexicana indica no Título Segundo quais 
são estes órgãos7: o visitador (que é aquele responsável pela visita de verificação 
5 Dec.-Lei 7661/1945. “Art. 210 - O representante do Ministério Público, além das atribuições 
expressas na presente lei, será ouvido em toda ação proposta pela massa ou contra esta. Caber-lhe-á o 
dever, em qualquer fase do processo, de requerer o que for necessário aos interesses da justiça, tendo 
o direito, em qualquer tempo, de examinar todos os livros, papéis e atos relativos à falência ou à 
concordata”. 
6 Ministério Público. Carta de Ipojuca. Conselho Nacional dos Corregedores-Gerais do Ministério 
Público dos Estados e da União. 34º Encontro. Ipojuca-PE, 12 e 13 de maio de 2003. “4) 
Perfeitamente identificado o objeto da causa e respeitado o princípio da independência funcional, é 
desnecessária a intervenção ministerial nas seguintes demandas e hipóteses: ...omissis... X – 
Requerimento de falência, na fase pré-falimentar; ...” (grifos nossos)
7 Ley de Concursos Mercantiles y de Reforma al Artículo 88 de la Ley Orgánica del Poder 
Judicial de la Federación (México). TÍTULO SEGUNDO - De los órganos del concurso 
mercantil - Capítulo I - Del visitador, del conciliador y del síndico Artículo 54.- El visitador, el 
conciliador y el síndico tendrán las obligaciones y facultades que expresamente les confiere esta Ley. 
Artículo 55.- Los visitadores, conciliadores y síndicos podrán contratar, con autorización del juez, a 
los auxiliares que consideren necesarios para el ejercicio de sus funciones lo que no implicará, en 
ningún caso, la delegación de sus respectivas responsabilidades. Artículo 56.- El nombramiento del 
visitador, conciliador o síndico podrá ser impugnado ante el juez por el Comerciante, y por cualquiera 
de los acreedores dentro de los tres días siguientes a la fecha en que la designación se les hubiere 
hecho de su conocimiento conforme a lo establecido en los artículos 31, 149 o 172. La impugnación 
sólo se admitirá cuando se verifique alguno de los supuestos a que se refiere el artículo 328 de esta 
Ley. La impugnación se ventilará en la vía incidental. El juez podrá rechazar la designación que haga 
el Instituto cuando se dé alguno de los supuestos del artículo 328 de esta Ley, debiendo notificarlo al 
Instituto para que realice una nueva designación. Artículo 57.- La impugnación del nombramiento del 
visitador, conciliador o síndico no impedirá su entrada en funciones, ni suspenderá la continuación de 
la visita, la conciliación o la quiebra. Artículo 58.- Cuando la presente Ley no determine un plazo 
para el cumplimiento de las obligaciones del visitador, del conciliador o del síndico, se entenderá que 
deberán llevarlas a cabo en un plazo de treinta días naturales salvo que, a petición del visitador, 
5
tão logo haja seja a demanda de concurso mercantil admitida), o conciliador 
(indicado na sentença de declaração de concurso mercantil), o síndico (responsável 
pela condução da quebra) e os chamados interventores (que representam os 
interesses dos credores e fiscalizam a atuação do visitador, do síndico e do 
comerciante na administração de seus negócios). Não inclui entre eles órgãos 
como o juiz (que é considerado o regente do concurso mercantil8) e o Ministério 
Público, que será, como na lei brasileira, o fiscal da lei, intimado a participar em 
alguns momentos do concurso mercantil já estabelecido.
2.2 O Juiz
conciliador o síndico, el juez autorice un plazo mayor, el cual no podrá exceder de treinta días 
naturales más. Artículo 59.- El síndico y, en su caso, el conciliador, deberán rendir bimestralmente 
ante el juez un informe de las labores que realicen en la empresa del Comerciante y deberán presentar 
un informe final sobre su gestión. Todos los informes serán puestos a la vista del Comerciante, de los 
acreedores y de los interventores por conducto del juez. Artículo 60.- El Comerciante, los 
interventores y los propios acreedores, de manera individual, podrán denunciar ante el juez los actos u 
omisiones del visitador, del conciliador y del síndico que no se apeguen a lo dispuesto por esta Ley. 
El juez dictará las medidas de apremio que estime convenientes y, en su caso, podrá solicitar al 
Instituto la sustitución del visitador, conciliador o síndico a fin de evitar daños a la Masa. Cuando por 
sentencia firme se condene a algún visitador, conciliador o síndico al pago de daños y perjuicios, el 
juez deberá enviar copia de la misma al Instituto para efectos de lo previsto en la fracción VI del 
artículo 337 de este ordenamiento. Artículo 61.- El visitador, el conciliador y el síndico serán 
responsables ante el Comerciante y ante los acreedores, por los actos propios y de sus auxiliares, 
respecto de los daños y perjuicios que causen en el desempeño de sus funciones, por incumplimiento 
de sus obligaciones y por la revelación de los datos confidenciales que conozcan en virtud del 
desempeño de su cargo. Capítulo II - De los interventores - Artículo 62.- Los interventores 
representarán los intereses de los acreedores y tendrán a su cargo la vigilancia de la actuación del 
conciliador y del síndico así como de los actos realizados por el Comerciante en la administración de 
su empresa. Artículo 63.- Cualquier acreedor o grupo de acreedores que representen por lo menos el 
diez por ciento del monto de los créditos a cargo del Comerciante, de conformidad con la lista 
provisional de créditos, tendrán derecho a solicitar al juez el nombramiento de un interventor, cuyos 
honorarios serán a costa de quien o quienes lo soliciten. Para ser interventor no se requiere ser 
acreedor. El acreedor o grupo de acreedores deberán dirigir sus solicitudes al juez a efecto de que éste 
haga el nombramiento correspondiente. Los interventores podrán ser sustituidos o removidos por 
quienes los hayan designado, cumpliendo con lo dispuesto en este párrafo. Artículo 64.- Los 
interventores tendrán las facultades siguientes: I. Gestionar la notificación y publicación de la 
sentencia de concurso mercantil; II. Solicitar al conciliador o al síndico el examen de algún libro, o 
documento, así como cualquier otro medio de almacenamiento de datos del Comerciante sujeto a 
concurso mercantil, respecto de las cuestiones que a su juicio puedan afectar los intereses de los 
acreedores; III. Solicitar al conciliador o al síndico información por escrito sobre las cuestiones 
relativas a la administración de la Masa, que a su juicio puedan afectar los intereses de los acreedores, 
así como los informes que se mencionan en el artículo 59 de esta Ley, y IV. Las demás que se 
establecen en esta Ley.
8 Ley de Concursos Mercantiles y de Reforma al Artículo 88 de la Ley Orgánica del Poder 
Judicial de la Federación (México). Art. 7º. El juez es el rector del procedimiento de concurso 
mercantil y tendrá las facultades necesarias para dar cumplimiento a lo que esta ley establece. …
6
O juiz é o órgão obrigatório da falência e recuperação de 
empresas, por ser indispensável na condução do processo do devedor em crise. 
Segundo classificação apresentada por Waldo Fazzio Júnior9, são 
órgãos obrigatórios da falência: o juiz, o administrador judicial e o representante 
do Ministério Público; e, órgãos facultativos Comitê de Credores e Assembléia 
Geral de Credores. 
Observando a classificação do autor, e levando em consideração 
queo administrador judicial não é órgão da recuperação extrajudicial, temos como 
órgãos obrigatórios da falência e da recuperação de empresas, o juiz e o 
representante do Ministério Público10. Sendo órgãos não obrigatórios o 
administrador judicial, o Comitê de Credores e a Assembléia Geral de Credores. 
Sobre a figura do gestor judicial, ver item 2.4 abaixo.
Sebastião José Roque11 ao tratar da figura do juiz na LFRE afirma 
que “o juiz é órgão máximo da recuperação judicial, da recuperação extrajudicial e 
da falência, tanto que todos os demais órgãos giram em torno dele. Uma sentença 
sua dá início aos procedimentos concursais; outra dá fim a ele”. Entretanto, não se 
pode deixar de observar que na recuperação extrajudicial, existe a possibilidade do 
devedor optar pela homologação ou não do plano de recuperação extrajudicial, 
existindo, ainda, a possibilidade de realização de acordo, privado, entre devedor e 
credores (art. 167, LFRE).
ROQUE12 na defesa de sua afirmação escreve que 
9 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. p.767.
10 O representante do Ministério Público, foi colocado nesta classificação em razão de ser o fiscal da 
lei, vez que não atuará na recuperação extrajudicial, salvo no caso de ocorrência de crimes tipificados 
pela LFRE. Assim sua participação efetiva no processo não é obrigatória, mas enquanto órgão 
fiscalizador da lei, sim.
11 ROQUE, Sebastião José. Direito de Recuperação de Empresas. São Paulo: Ícone, 2005. p. 362.
12 ROQUE, Sebastião José. Direito... p. 362.
7
É dupla a função do juiz. Em primeiro lugar, ele é diretor direto dos 
procedimentos concursais; toma iniciativa, intimando pessoas várias a 
tomar medidas e pronunciar-se. Como superintendente, ele supervisiona 
o trabalho do administrador judicial e de outros órgãos dos 
procedimentos concursais. Embora a lei diz que ele exerça a 
“fiscalização”, na verdade ele exerce a “supervisão”.
É ele quem nomeia o administrador judicial e o fará na própria sentença 
declaratória de abertura do procedimento concursal ou então 
determinará a constituição do Comitê de Recuperação. Na sentença, 
além da nomeação, o juiz determinará uma série de providencias, na 
qual se incluirão: a abertura de prazo para que os credores se 
manifestem, a fixação do termo legal, a suspensão das ações ou 
execuções contra a empresa em estado de crise econômico-financeira, a 
apresentação do laudo econômico-financeiro, a expedição de editais.
O juiz possui função de regente13 do procedimento concursal, 
podendo assim tomar todas as medidas necessárias para o bom andamento do 
processo. Tanto assim o é, que a lei lhe permite agir de ofício, como a exemplo do 
artigo 31, artigo 82, §2º, artigo 129, parágrafo único da LFRE.
Claro está no item IV da exposição de motivos da “Ley 
Concursal” da Espanha a importância do juiz como reitor do procedimento 
concursal:
La ley simplifica la estructura orgánica del concurso. Sólo el juez y la 
administración concursal constituyen órganos necesarios en el 
procedimiento. La junta de acreedores únicamente habrá de constituirse 
en la fase de convenio cuando no se haya aprobado por el sistema de 
adhesiones escritas una propuesta anticipada. La intervención como 
parte del Ministerio Fiscal se limita a la sección sexta, de calificación 
del concurso, cuando proceda su apertura, sin perjuicio de la actuación 
que e establece en esta ley cuando intervenga en delitos contra el 
patrimonio o el orden socioeconómico. 
La reducción de los órganos concursales tiene como lógica consecuencia la 
atribución a éstos de amplias e importantes competencias. La ley configura al 
juez como órgano rector del procedimiento, al que dota de facultades que 
aumentan el ámbito de las que le correspondían en el derecho anterior y la 
discrecionalidad con que puede ejercitarlas, siempre motivando las 
resoluciones. (grifos nossos)
A lei portuguesa por sua vez traz uma inovação, que no Brasil foi 
sentida com a vigência da LFRE: a atuação mínima necessária do Juiz, não 
13 Ver nota 8.
8
ocasionando com isso, a diminuição da importância desta figura (juiz) no processo 
concursal. 
A afirmação da supremacia dos credores no processo de insolvência é 
acompanhada da intensificação da desjudicialização do processo.
Por toda a parte se reconhece a indispensabilidade da intervenção do 
juiz no processo concursal, tendo fracassado os intentos de o 
desjudicializar por completo. Tal indispensabilidade é compatível, 
todavia, com a redução da intervenção do Juiz ao que estritamente 
releva do exercício da função jurisdicional, permitindo a atribuição da 
competência para tudo o que com ela não colida aos demais sujeitos 
processuais.14
Observando-se a exposição de motivos da lei espanhola e a citada 
lei portuguesa vê-se que o Juiz é órgão obrigatório e indispensável no processo 
concursal, mesmo minimizando sua atuação. No Brasil o juiz é figura obrigatória e 
indispensável, entretanto na recuperação extrajudicial seu papel se torna reduzido 
em favor da celeridade. Pois, poderá o credor na recuperação extrajudicial 
prescindir da homologação judicial observado o disposto nos artigos 162 e 163, da 
LFRE15.
2.3 O Ministério Público na Lei 11.101/2005
Com a nova lei (Lei nº 11.101/2005) o Ministério Público deixou 
de ser considerado o curador de massas e passou a ser considerado como fiscal da 
lei, função primeira da instituição. Houve assim uma conformação das funções do 
Ministério Público ditadas pela lei falimentar com as funções próprias da 
14 Portugal. Decreto-Lei 54/2004 de 18 de março. Item 10.
15 LFRE, Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação 
extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, 
com as assinaturas dos credores que a ele aderiram. Art. 163. O devedor poderá, também, 
requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por 
ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de 
todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. ...omissis...
9
instituição, passando a ter atuação mínima16, o que possibilitou uma atuação mais 
eficiente do Ministério Público pela redução do volume de processos em trâmite 
pela instituição.
Isso graças ao veto ao artigo quarto17 que para José Marcelo 
Martins Proença18, foi a atitude mais acertada, em razão, inclusive, da regra do 
artigo 12719 da Constituição Federal, que dita as ocasiões em que o Ministério 
Público deve atuar.
Importa frisar, entretanto, que de acordo com o artigo 82, inciso 
III20 e artigo 499, § 2º21 do Código de Processo Civil a ação do Ministério Público 
está garantida quando este atua como fiscal da lei, independentemente de previsão 
legal específica. Restou claro que o legislador incluiu na nova lei apenas os 
momentos em que a participação do Ministério Público é imprescindível e 
obrigatória, deixando outras oportunidades de intervenção a critério da instituição.
2.3.1 O Ministério Público na Falência
16 Sobre a intervenção mínima do Ministério Público: Musumecci Filho e Piacitelli, observam que “o 
legislador acabou com a odiosa figura do inquérito judicial, afastando todas as discussões sobre a 
nulidade desses procedimentos que não se atinham ao princípio constitucionaldo contraditório”. 
Musumecci Filho, Leonardo e Piacitelli, Marcelo. Comentários aos Artigos 179 ao 188. In: DE 
LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto (coord). Comentários à Nova Lei de Recuperação de 
Empresas e de Falências. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p.638.
17 LFRE, Art. 4º. O representante do Ministério Público, intervirá nos processos de recuperação 
judicial ou de falência. Parágrafo Único. Além das disposições previstas nesta lei, o representante do 
Ministério Público intervirá em toda ação proposta pela massa falida ou contra esta. (VETADO).
18 PROENÇA, José Marcelo Martins. In: MACHADO, Rubens Approbato. Comentários à Nova Lei 
de Falências e Recuperação de Empresas. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p.68-72.
19 Constituição Federal. Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis. § 1º - São princípios institucionais do Ministério 
Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. ...omissis...
20 Código de Processo Civil. Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que 
há interesses de incapazes; II - ...omissis...; III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse 
da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou 
qualidade da parte. (grifos nossos).
21 Código de Processo Civil. Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro 
prejudicado e pelo Ministério Público.§ 1o ...omissis...§ 2o O Ministério Público tem legitimidade 
para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. 
(grifos nossos).
10
O Ministério Público, em virtude do artigo 99, XIII22 da Lei de 
Falência e Recuperação de Empresas (LFRE), passou a atuar no processo 
falimentar somente após a sentença declaratória de quebra. 
Fábio Ulhoa Coelho23 ao analisar o dispositivo supra citado, 
explica que:
A lei não prevê a obrigatória intervenção do Ministério Público nos 
pedidos de falência, quaisquer que sejam as circunstâncias. E, de fato, 
não há justificativas para a participação obrigatória do promotor de 
justiça nessa ação, em que a lide versa exclusivamente sobre interesses 
patrimoniais e disponíveis. Em última análise, mesmo quando fundado o 
pedido na prática de ato de falência, o direito do requerente e a 
obrigação do requerido dizem respeito ao pagamento de uma dívida.
A participação do Ministério Público, como fiscal da lei e titular da 
ação penal, é compreensível somente após a instauração do concurso de 
credores, quando podem entrar em conflito, de um lado, os interesses 
dos trabalhadores, do Fisco e de sujeitos de direito vulneráveis e, de 
outro, os dos credores cíveis, normalmente empresários e bancos. 
Mesmo assim, quando não houver as hipóteses descritas na lei, não há 
razões para envolver o promotor de justiça na demanda.
Analisando a participação do Ministério Público no processo 
falimentar e fazendo um paralelo entre a doutrina brasileira e a norte-americana, 
Alberto Camiña Moreira afirma, corroborando a idéia de COELHO, que “o 
interesse público é que justifica a atuação do Ministério Público nas lides 
concursais”24.
Resta clara a idéia de interesse público para a atuação do 
Ministério Público. A atuação mínima do órgão fiscalizador da lei, acelera o 
processo falimentar e evita pareceres inócuos e irrelevantes.
22 LFRE, Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: 
...omissis... XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas 
Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para 
que tomem conhecimento da falência. (...).
23 COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à Nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas: 
(lei nº11.101/2005). 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 98-99.
24 MOREIRA, Alberto Camiña. Poderes da Assembléia de Credores, do Juiz e Atividade do 
Ministério Público. In: PAIVA, Luiz Fernando Valente (coord). Direito Falimentar e a Nova Lei de 
Falências e Recuperação de Empresas. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p.268.
11
As intervenções do Ministério Público, na falência, ditadas pela 
nova lei são as seguintes:
a) Impugnar a relação de credores25;
b) Propor ação de rescisão de crédito26;
c) Quando intimado do relatório do administrador judicial que 
apontar responsabilidade penal dos envolvidos 27;
d) Pedir a substituição do administrador ou membro do comitê28;
e) Quando intimado da sentença que declarar a falência29;
f) Pedir explicações ao falido30;
g) Propor ação revocatória31;
25 LFRE, Art. 8º. No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7o , § 2o , 
desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem 
apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito 
ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.
26 LFRE, Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do 
Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência, observado, no 
que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra 
classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, 
simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito 
ou da inclusão no quadro-geral de credores. ...omissis...
27 LFRE, Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de 
outros deveres que esta Lei lhe impõe: ...omissis...
III – na falência: ...omissis...
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, 
prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de 
falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no 
art. 186 desta Lei; ...omissis...
§ 4o Se o relatório de que trata a alínea e do inciso III do caput deste artigo apontar responsabilidade 
penal de qualquer dos envolvidos, o Ministério Público será intimado para tomar conhecimento de 
seu teor.
28 LFRE, Art. 30. ...omissis... § 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá 
requerer ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em 
desobediência aos preceitos desta Lei. § 3o O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, 
sobre o requerimento do § 2o deste artigo.
29 LFRE, Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: 
...omissis... XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às 
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver 
estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decreta a 
falência e a relação de credores.
30 LFRE, Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres:...omissis... VI – 
prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou Ministério Público 
sobre circunstâncias e fatos que interessemà falência
31 LFRE, Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta pelo 
administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos 
12
h) Quando intimado pessoalmente sobre a alienação do ativo32;
i) Impugnar a venda dos bens do falido33;
j) Manifestar-se na prestação de contas do administrador 
judicial34;
k) Propor ação penal35;
2.3.2 O Ministério Público na Recuperação Judicial
Na recuperação Judicial a atuação do Ministério Público é ainda 
mais diminuta, tendo em vista que a recuperação trata de direitos de ordem 
privada. Tal atuação deverá ocorrer nos casos expressamente previstos em lei, 
salvo, como já dito, nos casos de interesse público.
Ao Ministério Público, na Recuperação Judicial, coube intervir 
nas seguintes Hipóteses:
a) Impugnar relação de credores36;
contado da decretação da falência.
32 LFRE, Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se 
houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades:
I – leilão, por lances orais; II – propostas fechadas; III – pregão. ...omissis... § 7o Em qualquer 
modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade.
33 LFRE, Art. 143. Em qualquer das modalidades de alienação referidas no art. 142 desta Lei, 
poderão ser apresentadas impugnações por quaisquer credores, pelo devedor ou pelo Ministério 
Público, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da arrematação, hipótese em que os autos serão 
conclusos ao juiz, que, no prazo de 5 (cinco) dias, decidirá sobre as impugnações e, julgando-as 
improcedentes, ordenará a entrega dos bens ao arrematante, respeitadas as condições estabelecidas no 
edital.
34 LFRE, Art. 154. Concluída a realização de todo o ativo, e distribuído o produto entre os credores, o 
administrador judicial apresentará suas contas ao juiz no prazo de 30 (trinta) dias. ...omissis... § 3o 
Decorrido o prazo do aviso e realizadas as diligências necessárias à apuração dos fatos, o juiz 
intimará o Ministério Público para manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias, findo o qual o 
administrador judicial será ouvido se houver impugnação ou parecer contrário do Ministério Público. 
...omissis...
35 LFRE, Art. 187. Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, o 
Ministério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá 
imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura de inquérito 
policial. ...omissis... § 2ºEm qualquer fase processual, surgindo indícios da prática dos crimes 
previstos nesta Lei, o juiz da falência ou da recuperação judicial ou da recuperação extrajudicial 
cientificará o Ministério Público.
36 vide nota 25.
13
b) Propor ação de rescisão de crédito37;
c) Quando intimado do relatório do Administrador que aponta 
responsabilidade penal de qualquer dos envolvidos38;
d) Pedir substituição do Administrador Judicial ou membro do 
Comitê de Credores39;
e) Quando intimado do despacho de processamento da 
Recuperação Judicial40;
f) Recorrer quando da concessão da Recuperação judicial41;
g) Manifestar-se na prestação de contas do Administrador 
Judicial42;
h) Propor ação penal no caso de incidência de qualquer dos 
crimes da LFRE43;
2.3.3 O Ministério Público na Recuperação Extrajudicial
Luiz Antônio Soares Hentz44 afirma que “não há oportunidade para 
manifestação do Ministério Público no processo de homologação do plano de 
recuperação extrajudicial, em qualquer das suas modalidades”.
37 Vide nota 26.
38 Vide nota 27.
39 Vide nota 28.
40 LFRE, Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o 
processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: ...omissis... V – ordenará a intimação do 
Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e 
Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.
41 LFRE, Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, 
e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto 
no § 1o do art. 50 desta Lei. ...omissis... § 2o Contra a decisão que conceder a recuperação judicial 
caberá agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público.
42 Vide nota 34.
43 Vide nota 35. 
44 HENTZ, Luiz Antônio Soares. Manual de Falências e Recuperação de Empresas: Lei nº 11.101, 
de 9.2.2005. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2005. p. 135.
14
Explica o autor citado que:
O veto ao art. 4º da LFRE tem esse sentido, ao pretender dar celeridade 
a procedimentos de interesse puramente patrimonial, plenamente 
defensáveis pelos próprios credores e pelo devedor (que não perde a 
administração da empresa na recuperação judicial e extrajudicial). Com 
o veto, desapareceu a intervenção obrigatória do representante do 
Ministério Público nos processos de recuperação judicial e de falência, 
que assim, deve manifestar-se nas hipóteses precisas em que a lei 
ordena sua intimação45.
Assim a intervenção do Ministério Público na Recuperação 
Extrajudicial ocorrerá no caso exclusivo do art. 187, § 2º da LFRE46, ou seja, a 
intervenção se dará quando da ocorrência de crime tipificado pela LFRE.
2.4 O Gestor Judicial
Têm-se, no artigo 64 da LFRE, que o devedor ou qualquer dos 
administradores serão afastados da condução da atividade empresarial se 
praticarem quaisquer dos atos descritos nos seus parágrafos e alíneas. Para assumir 
as funções do devedor ou administrador afastado será nomeado um gestor.
A figura do gestor judicial foi introduzida no direito brasileiro 
através do artigo 65 da LFRE47. A denominação dada pela LFRE é falha e induz o 
interprete a erro, vez que o gestor apontado no referido artigo não é judicial, não é 
órgão da falência ou da Recuperação de Empresas, ele simplesmente substituirá o 
devedor no exercício de suas atividades na empresa, em face de algum 
impedimento que venha a obstar o exercício da empresa pelo próprio falido. 
45 HENTZ, Luiz Antônio Soares. Manual... p. 135.
46 Vide nota 34.
47 LFRE, Art. 65. Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no art. 64 desta Lei, o 
juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que 
assumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se-lhe, no que couber, todas as normas 
sobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador judicial. ...omissis...
15
MOREIRA48 contestando a denominação “gestor judicial” defende 
que:
Embora haja efetiva gestão da empresa, ela não é gestão judicial; até 
porque o nome do gestor é de indicação da assembléia e não do juiz. 
Assim como o administrador judicial não é administrador, o gestor 
judicial, judicial não é. A lei não é feliz em várias das suas designações. 
Silvânio Covas49 apresentando a nova figura inserida pela LFRE, 
advoga que:
A figura do gestor judicial é inovadora, no ordenamento jurídico 
brasileiro, eis que não constava da lei anterior. A sua escolha deve 
recair na pessoa de especialistas em administração de empresas, pois 
suas funções exigem competências específicas e necessárias à boa 
gestão. O afastamento do empresário da direção da empresa émedida 
excepcional, passível de questionamento no campo da responsabilidade 
civil. Por esse motivo, deve revestir-se de garantias suficientes para não 
impor à empresa prejuízos decorrentes da má administração. 
Diversamente, o administrador judicial assume papel semelhante ao do 
Comissário (v. artigo 169 do Decreto-lei nº 7661/45).
O Gestor Judicial será nomeado pela Assembléia Geral de 
Credores, que se submeterá, quando couber, às mesmas regras aplicadas ao 
administrador quanto aos impedimentos, deveres e remuneração50. Em caso de 
recusa ou impedimento, nova Assembléia Geral será convocada pelo juiz para a 
escolha de um novo gestor. O administrador judicial exercerá as funções do gestor 
judicial, enquanto este não for escolhido pela Assembléia Geral.
48 MOREIRA, Alberto Camiña. Poderes... In: PAIVA, Luiz Fernando Valente (coord). Direito 
Falimentar... 2005. p.264.
49 COVAS, Silvânio. Comentários aos Artigos 55 ao 69. In DE LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, 
Adalberto (coord). Comentários à Nova Lei de Recuperação de Empresas e de Falências. São 
Paulo: Quartier Latin, 2005. p.318.
50 LFRE, Art. 65. Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no art. 64 desta Lei, o 
juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que 
assumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se-lhe, no que couber, todas as normas 
sobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador judicial. § 1o O administrador judicial 
exercerá as funções de gestor enquanto a assembléia-geral não deliberar sobre a escolha deste. § 2 o 
Na hipótese de o gestor indicado pela assembléia-geral de credores recusar ou estar impedido de 
aceitar o encargo para gerir os negócios do devedor, o juiz convocará, no prazo de 72 (setenta e duas) 
horas, contado da recusa ou da declaração do impedimento nos autos, nova assembléia-geral, aplicado 
o disposto no § 1o deste artigo.
16
ROQUE51 interpreta a lei de maneira diferenciada, fundindo a 
figura do gestor judicial com a figura do administrador judicial. Alega ele que:
Entre os meios de realização dos procedimentos falimentares figura o de 
se afastar da direção da empresa em recuperação os dirigentes que a 
levaram ao estado de crise econômico-financeira ou possam dificultar 
sua recuperação. Se eles forem afastados, é preciso que alguém assuma 
suas funções, ou seja, gerir as atividades empresariais. É o gestor 
judicial. É o próprio administrador judicial que assumirá essas funções 
e os demais membros do comitê fiscalizarão seus atos.
Na hipótese do administrador judicial recusar ou estar impedido de 
aceitar o cargo para gerir os negócios da empresa em recuperação, o 
juiz o destituirá e nomeará, no prazo de três dias, contados da recusa ou 
da declaração do impedimento nos autos, o gestor judicial para assumir 
suas funções nos termos da Lei de Recuperação de Empresas.
Deve-se ter, em razão da confusão causada pelo legislador em 
nomear figuras importantes como o gestor judicial, cautela na análise desta nova 
figura. O Gestor judicial foi criação do legislador que ao nominá-lo não se 
preocupou com o nexo que deve haver entre o nome e a função nominada.
O gestor judicial não é órgão da falência e recuperação de 
empresas, uma vez que participa simplesmente como um substituto do 
administrador do falido em suas atividades empresariais, quando este é retirado da 
condução do seu negócio. 
Jorge Lobo52 tratando dos impedimentos para desempenho da 
função de gestor judicial, afirma:
Não podem assumir o cargo de gestor judicial pessoas impedidas por lei 
especial ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou 
suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública 
ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que 
temporariamente, o acesso a cargos públicos (LSA, art. 147, §1º, e CC, 
art. 1.011, §1º), bem côo as que, nos últimos cinco anos, no exercício 
do cargo de administrador judicial ou de membro do comitê de credores 
foram destituídas nos autos da falência ou recuperação judicial anterior, 
deixaram de prestar contas dentro dos prazos legais ou tiveram a 
prestação de contas desaprovada ou tiverem relação de parentesco ou 
afinidade até o terceiro grau com o devedor, seus administradores, 
51 ROQUE, Sebastião. Direito de... p.150.
52 LOBO, Jorge. In: TOLEDO, Paulo F. C. Salles e ABRÃO, Carlos Henrique (coord.). Comentários 
à Lei de Recuperação de Empresas e Falência. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 169.
17
controladores ou representantes legais, ou deles forem amigos, inimigos 
ou dependentes (art. 30, caput e § 1º).
A lei tratou de estabelecer os impedimentos legais ao exercício da 
função do gestor judicial. Mas estes impedimentos são aqueles legalmente 
estabelecidos para o administrador judicial, pois na condução do negócio do falido 
deverá estar pessoa que tenha aptidão e competência para soerguer a empresa em 
crise, afinal o intuito da atual lei é a recuperação da empresa, sendo sua liquidação 
a alternativa.
A lei portuguesa (Dec-Lei 200/2004), ao contrário da brasileira, 
trata logo de estabelecer as definições utilizadas pela lei. Diz a lei em seu artigo 
6º53:
“1. Para efeitos deste Código, são considerados como administradores:
a) não sendo o devedor pessoa singular, aqueles a quem incumba a 
administração ou liquidação da entidade ou patrimônio em causa, 
designadamente os titulares do órgão social que para o efeito for 
competente;
b) Sendo o devedor uma pessoa singular, os seus representantes legais e 
mandatários com poderes gerais de administração.
2. Para efeitos deste Código, são considerados responsáveis legais as 
pessoas que nos termos da lei, respondam pessoal e ilimitadamente pela 
generalidade das dívidas do insolvente, ainda que a título subsidiário.”
Existe ainda no Código de Insolvência português, a figura do 
administrador judicial provisório que é aquele que poderá administrar ou 
acompanhar a administração dos negócios em casos de má-gestão54. Estabelece, 
ainda, dois tipos de administrador judicial provisório: i) aquele que de fato 
53 LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes. Código da Insolvência e da Recuperação de 
Empresas. Anotado. 2ª edição. Coimbra: Almedina, 2005. p. 49.
54 LEITÃO, L. M. T. de M. Código ... p. 65. Artigo 31º 1 - Havendo justificado receio da prática de 
actos de má gestão, o juiz, oficiosamente ou a pedido do requerente, ordena as medidas cautelares que 
se mostrem necessárias ou convenientes para impedir o agravamento da situação patrimonial do 
devedor, até que seja proferida sentença. 2 - As medidas cautelares podem designadamente consistir 
na nomeação de um administrador judicial provisório com poderes exclusivos para a administração do 
património do devedor, ou para assistir o devedor nessa administração. ...omissis...
18
administrará os bens do devedor; e, ii) aquele que se encarregará de assistir a 
administração do devedor.
A figura do gestor judicial na lei portuguesa foi eliminada pelo 
Decreto-Lei 54/2004, quando criou a figura do administrador da insolvência55.
Quando traçado um paralelo entre a lei portuguesa e a brasileira, 
verifica-se que a figura do gestor judicial é um corpo estranho na lei brasileira. 
Resta óbvio que o administrador judicial nada mais é que um fiscalizador, ele não 
gere. Assim o gestor judicial aparece para suprir uma deficiência deixada pela lei.Se o administrador judicial não administra de fato, fez-se necessária a criação da 
figura do gestor judicial para gerir. Entretanto como já dito anteriormente o gestor 
não é judicial. 
3 DOS ÓRGÃOS DE ADMINISTRAÇÃO DA FALENCIA E RECUPERAÇÃO 
DE EMPRESAS
3.1 Administrador Judicial
Inovação trazida pela LFRE, o administrador judicial substitui o 
Síndico na falência e o Comissário na Concordata. Entretanto com funções 
diferentes daqueles os quais substitui. O administrador judicial não é 
administrador, em verdade ele é apenas um fiscalizador do falido e somente atuará 
efetivamente como administrador no espaço de tempo em que o administrador do 
55 Portugal. Decreto-Lei 54/2004. “O novo Código da Insolvência e da Recuperação da Empresa 
eliminou a distinção existente entre gestor judicial e liquidatário judicial mediante a criação da nova 
figura do administrador da insolvência.”
19
falido for afastado da condução de seus negócios, até que seja indicado pela 
Assembléia Geral de Credores um gestor judicial.
Novamente aqui, percebe-se a infelicidade dos legisladores em 
nominar tal função. O legislador não se preocupou em ser coerente, atribuindo a 
uma função nome diverso daquele que espelha as atividades que de fato 
desenvolverá.
“O administrador judicial da falência é um auxiliar qualificado do 
juízo. Inserto no elenco dos particulares colaboradores da justiça, não representa 
os credores nem substitui o devedor falido”56. 
Paulo F. C. Salles de Toledo57, observa que “em vez do síndico e 
do comissário, a LRE prevê, para atuação tanto na falência quanto na recuperação 
judicial, o administrador judicial”. Observa ainda que as diferenças entre síndico, 
comissário e administrador judicial “não são apenas de rótulo, mas principalmente 
de funções”.
COELHO58 acrescenta que modificações importantes foram 
introduzidas pela LFRE quanto à função agora assumida pelo administrador 
judicial:
Além do nome do titular da função (“administrador judicial” e não mais 
“síndico”), duas alterações importantes se verificam no cotejo dessas 
disposições: a redução da autonomia do administrador judicial, em 
relação à atribuída pela lei ao síndico; b) simplificação e racionalização 
do procedimento de escolha. 
COELHO59 ainda traça um perfil mínimo necessário para o 
administrador judicial. Diz ele:
56 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Nova Lei de Falência e Recuperação de Empresas. São Paulo: Atlas, 
2005. p. 327.
57 TOLEDO, Paulo F. C. Salles e ABRÃO, Carlos Henrique (coord.). Comentários à Lei de 
Recuperação de Empresas e Falência. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 47.
58 COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários... p. 22.
59 COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários... p. 22.
20
O administrador judicial (que pode ser pessoa física ou jurídica) é o 
agente auxiliar do juiz que, em nome próprio (portanto, com 
responsabilidade), deve cumprir com as funções cometidas pela lei. 
Além de auxiliar do juiz na administração da falência, o administrador 
judicial é também o representante da comunhão de interesses dos 
credores (massa falida subjetiva), na falência. Exclusivamente para fins 
penais, o administrador judicial é considerado funcionário público. Para 
os demais efeitos, no plano dos direitos civil e administrativo, ele é 
agente externo colaborador da justiça, da pessoal e direta confiança do 
juiz que o investiu na função.
Ele deve ser profissional com condições técnicas e experiência para 
bem desempenhar as atribuições cometidas por lei. Note-se que o 
advogado não é necessariamente o profissional mais indicado para a 
função, visto que muitas das atribuições do administrador judicial 
dependem, para seu bom desempenho, mais de conhecimentos de 
administração de empresas do que jurídicos. O ideal é a escolha recair 
sobre pessoa com conhecimentos ou experiência na administração de 
empresas do porte da devedora e, quando necessário, autorizar a 
contratação de advogado para assisti-lo ou à massa.
Entretanto, o administrador terá apenas uma chance de administrar 
de fato a empresa, que é no interregno entre o afastamento do devedor e a 
indicação de um gestor judicial pela Assembléia Geral de Credores.
3.1.1 Requisitos e Impedimentos
A LFRE não especifica claramente quais são os requisitos 
necessários para a investidura na função de administrador judicial, limitando-se a 
exigir para o caso de pessoa física que este seja profissional idôneo, 
preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador e 
no caso de pessoa jurídica, que esta indique o responsável pela condução do 
processo60. 
60 LFRE, Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, 
economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo 
único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o 
art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de 
recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz.
21
Luiz Tzirulnik61 entende que “os únicos requisitos expressamente 
legais para ser administrador judicial são a idoneidade e a habilitação 
profissional”. Acrescenta ainda o autor que com relação às “profissões citadas no 
artigo 21 (...), elas não constituem requisito obrigatório, mas preferencial”.
TOLEDO62 adita o acima exposto, observando que:
Essa idoneidade, ainda que a norma não o diga expressamente, deve ser 
moral e financeira. Trata-se de função de confiança, em que se 
administram valores e bens muitas vezes de grande vulto, e são 
múltiplos os interesses envolvidos. O respeito à ética é, pois, 
fundamental. (...) O administrador deve ser escolhido dentre 
profissionais de áreas afins da recuperação judicial ou falência.
Manoel Justino Bezerra Filho63 conclui que:
O processo de recuperação e de falência é bastante complexo, por 
envolver inúmeras questões que só o técnico, com conhecimento 
especializado da matéria, poderá resolver a contento, prestando real 
auxílio ao bom andamento do feito. Mesmo tratando-se de advogados, 
economistas, administradores, contadores e outros profissionais 
especializados, não serão necessariamente capacitados para o pleno 
exercício deste trabalho, que sempre será mais bem resolvido por 
aqueles que se especializarem em Direito Comercial e, particularmente, 
em Direito Falimentar. Portanto, deve o juiz do feito tomar cuidado 
especial no momento em que nomear o administrador, atendo a todos 
estes aspectos.
Diversas leis estrangeiras, entre elas a mexicana, a chilena e a 
portuguesa nos mostram uma responsabilidade e comprometimento do Estado para 
com o processo de insolvência.
A lei mexicana cria em seu artigo 311 o “Instituto Federal de 
Especialistas de Concursos Mercantiles”64 como órgão auxiliar do Conselho de 
61 TZIRULNIK, Luiz. Direito Falimentar. 7ª ed. Ver., ampl. E atual. De acordo com a lei 11.101, de 
9 de fevereiro de 2005. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p.77.
62 TOLEDO, Paulo F. C. Salles e ABRÃO, Carlos Henrique (coord.). Comentários à Lei de 
Recuperação de Empresas e Falência. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 47.
63 BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Nova Lei de Recuperação e Falências comentada. Lei 
11.101, de 9 de fevereiro de 2005, comentário artigopor artigo. 3ª ed., 2.tir. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2005. p.84-85.
64 Ley de Concursos Mercantiles (México). Artículo 311.- Se crea el Instituto Federal de 
Especialistas de Concursos Mercantiles, como órgano auxiliar del Consejo de la Judicatura Federal, 
con autonomía técnica y operativa, con las atribuciones siguientes: …omissis…
22
Magistratura Federal. Tal instituto é responsável pela inscrição e registro de 
pessoas que possuam as qualificações necessárias para atuar perante o processo de 
insolvência como síndico, visitador ou conciliador. 
Tal instituto também atua fora do processo judicial, pois está 
aberto ao comerciante em crise para indicar-lhe um conciliador que atuará, como 
conciliador amigável entre ele e seus credores65.
No Chile a lei prevê uma lista nacional de síndicos66 que serão ali 
inseridos através de decreto do Ministério da Justiça67, após comprovarem, através 
de exame, serem aptos para a função. Serão também fiscalizados pela 
“Superintendencia de quiebras” que é órgão vinculado ao Ministério da Justiça 
daquele país.
Os síndicos que integram a relação da Superintendência de 
quebras, devem renovar seus exames de proficiência a cada três anos, sob pena de 
serem excluídos da lista de aptos ao exercício da função.
Em Portugal há a Lei nº 32/2004 que estabelece o estatuto do 
administrador da insolvência, contando com 30 artigos diz sobre a nomeação, 
exercício e suspensão de funções do administrador da insolvência. A lei expõe 
sobre as listas oficiais de administradores da insolvência (na razão de uma para 
cada distrito judicial), sobre o modo de inscrição dos candidatos na lista, sobre o 
exame de admissão, remuneração, nomeação etc.
65 Ley de Concursos Mercantiles (México). Artículo 312.- El Comerciante que enfrente problemas 
económicos o financieros, podrá acudir ante el Instituto a efecto de elegir a un conciliador, de entre 
aquellos que estén inscritos en el registro del Instituto, para que funja como amigable componedor 
entre él y sus acreedores. Todo acreedor que tenga a su favor un crédito vencido y no pagado 
también podrá acudir ante el Instituto para hacer de su conocimiento tal situación y solicitarle la 
lista de conciliadores.
66 Chile. Código de Comercio. Artículo 14° Existirá una nómina nacional de síndicos integrada por 
aquellas personas legalmente investidas como tales por la autoridad competente.
67 Chile. Código de Comercio. Artículo 15° El nombramiento de los síndicos que conformarán la 
nómina se hará por decreto expedido a través del Ministerio de Justicia.
23
Nota-se na lei portuguesa um cuidado especial na escolha do 
administrador da insolvência para que este possa ter condições de reerguer a 
empresa e torná-la novamente uma unidade econômica produtiva. 
No Brasil a lei é omissa quando trata dos requisitos do 
administrador judicial. Assim uma breve análise comparativa mostra que perante 
outras leis falimentares, a brasileira é a mais descuidada quando se trata daquele 
que tem por função fiscalizar, dar suporte ao soerguimento da empresa.
O legislador repetiu os impedimentos legais da antiga lei68, 
acrescentando apenas o lapso temporal de cinco anos para aqueles que foram 
destituídos do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em 
falência69.
3.1.2 Atribuições legais
3.1.2.1 Na Falência e Recuperação Judicial
O artigo 22, inc. I, lista as atribuições do administrador judicial, 
comuns à falência e à recuperação judicial. São elas:
i) Enviar correspondência aos credores comunicando a data do 
pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a 
classificação dos seus créditos;
68 Ver nota 63.
69 LFRE, Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador judicial 
quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do 
Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro 
dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada. § 1o Ficará também impedido de integrar 
o Comitê ou exercer a função de administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade 
até o 3o (terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais 
ou deles for amigo, inimigo ou dependente. § 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público 
poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados 
em desobediência aos preceitos desta Lei. § 3o O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, 
sobre o requerimento do § 2o deste artigo.
24
ii) Estar ciente de todos os acontecimentos ocorridos no processo 
para poder fornecer aos credores interessados as informações solicitadas, com 
rapidez e eficiência;
iii) Dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício. 
Tais extratos servirão, também, para fundamentar habilitações de crédito ou 
impugnações;
iv) Exigir dos credores informações que se façam necessárias ao 
desenrolar do processo, definindo os créditos que farão parte da relação de 
credores e, posteriormente consolidar o quadro geral de credores;
v) Requerer a convocação da Assembléia Geral de Credores para 
deliberar sobre assuntos em que a lei assim o exija, ou aqueles que entenda 
necessária a participação da AGC;
vi) Contratar profissionais especializados, após autorização 
judicial, para auxiliá-lo no exercício de suas funções;
vii) Manifestar-se quando exigido pela lei.
3.1.2.2 Na Recuperação Judicial
Já na recuperação judicial as atribuições do administrador são, 
principalmente, de natureza fiscalizatória. São elas:
i) Acompanhar a atividade desenvolvida pelo devedor, 
fiscalizando seus atos para que se cumpra com regularidade o plano de 
recuperação apresentado em juízo. Requerendo, se for o caso, a falência do 
devedor por descumprimento do plano de recuperação.
25
ii) Apresentar, ao Juiz, relatório mensal das atividades do devedor 
e relatório sobre a execução do plano de recuperação.
3.1.2.3 Na Falência
Na falência a clareza de atos e informações é uma exigência dos 
credores, assim as atribuições do administrador judicial são ainda maiores:
i) Tornar público aos credores, através da imprensa oficial, o local 
e hora em que os documentos do falido estarão à disposição dos credores 
diariamente;
ii) Analisar dos documentos do falido e apresentar em 40 dias da 
assinatura do termo de compromisso, relatório apontando responsabilidade civil e 
penal do devedor;
iii) Colacionar os processos da massa e representá-la 
judicialmente;
iv) Abrir as correspondências do devedor entregando a ele aquilo 
que não for de interesse da massa;
v) Arrecadar os bens, avaliá-los (podendo contratar avaliadores se 
não possuir condições de avaliar tais bens) e elaborar auto de arrecadação;
vi) Atuar na realização do ativo e pagamento do passivo;
vii) Requerer a venda antecipada de bens perecíveis ou de fácil 
deterioração;
viii) Atuar na defesa dos interesses da massa, cobrando dívidas, 
dando quitações;
ix) Remir bens apenhados, penhorados ou legalmente retidos;
26
x) Representar a massa falida em juízo, podendo contratar 
advogado se necessário, mediante autorização judicial;
xi) Apresentar mensalmente conta demonstrativa da 
administração;
xii) Quando substituído,entregar todos os documentos e bens da 
massa que estiverem em seu poder;
xiii) Prestar contas quando tenha fim o processo, quando 
destituído, substituído ou quando renunciar ao cargo.
3.1.3 Remuneração do Administrador Judicial
A remuneração do administrador judicial é fixada pelo Juiz da 
causa. Não poderá exceder, entretanto, o correspondente a 5% (cinco por cento) do 
montante a ser pago aos credores na Recuperação Judicial ou do valor de venda 
dos bens na falência70.
Para a fixação da remuneração do administrador judicial o juiz 
deverá sopesar a complexidade da tarefa a ser realizada, a capacidade do devedor e 
os valores praticados no mercado.71
Para COELHO72 “a remuneração na falência deve refletir, na 
falência, a ponderação de quatro fatores”. Descreve o autor:
O primeiro é pertinente à diligencia demonstrada pelo administrador 
judicial e pela qualidade do trabalho devotado ao processo (o mais 
diligente e competente merece proporcionalmente mais). O segundo 
atenta à importância da massa, isto é, o valor do passivo envolvido, 
70 LFRE, Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador 
judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os 
valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. § 1o Em qualquer 
hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido 
aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência. ...omissis...
71 TZIRULNIK, Luiz. Direito Falimentar. p.87.
72 COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários... p. 69.
27
inclusive quantidade de credores (o administrador judicial de uma 
falência com passivo elevado, distribuído entre poucos credores, merece 
proporcionalmente menos que o de uma outra com passivo mais baixo, 
com muitos credores). O terceiro diz respeito aos valores praticados no 
mercado de trabalho equivalente. O derradeiro fator ponderável pelo 
juiz é o limite máximo da lei, fixado em percentual de 5% sobre o valor 
de venda dos bens.
Há na LFRE previsão de reserva de 40% do montante devido ao 
administrador judicial, no caso da falência especificamente. Valor esse que será 
pago após a apresentação e julgamento da contas do administrador.73
Discute-se, em razão de tal dispositivo, se na recuperação judicial 
a reserva do montante seria cabível. TOLEDO74, ao observar a lacuna deixada pela 
lei afirma:
A norma refere-se expressamente a dois artigos relativos ao processo de 
falência. Daí se pode depreender que a LRE não adotou a reserva para 
os casos de recuperação judicial. Talvez tenha entendido que, aí, o 
próprio devedor poderia defender seus interesses, sem necessidade de 
proteção legal diferenciada. Melhor contudo, a solução prevista no art. 
71, § 1º, da redação final do Projeto de Lei da Câmara. Previa-se, então, 
que o devedor faria, com os pagamentos aos credores, também a 
remuneração devida ao administrador judicial, reservando-se 20% para 
serem pagos somente após o oferecimento de prestação de contas e 
apresentação do relatório sobre a execução do plano.
A questão levantada por TOLEDO acima, merece ser ouvida, 
afinal tal questão incide diretamente sobre a remuneração do administrador 
judicial substituído ou destituído.
Quando substituído o administrador judicial será remunerado na 
proporção do trabalho por ele realizado. Entretanto não será remunerado se 
injustificadamente renunciar ou, for destituído por desídia, culpa, dolo ou 
73 LFRE, Art. 24. ...omissis... § 2o Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao 
administrador judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei. 
...omissis...
74 TOLEDO, Paulo F. C. Salles e ABRÃO, Carlos Henrique (coord.). Comentários... p. 65.
28
descumprimento das obrigações fixadas na LFRE, ou ainda, suas contas não forem 
aprovadas.75
3.1.4 Remuneração dos Auxiliares do Administrador Judicial
Os auxiliares contratados pelo administrador com autorização 
judicial, serão remunerados segundo o valor fixado pelo juiz. Os termos para a 
fixação da remuneração dos auxiliares serão: a complexidade do trabalho a ser 
desenvolvido e, os valores praticados no mercado.76
3.1.5 Substituição e Destituição
FAZZIO JUNIOR, exemplifica as ocasiões em que “o juiz poderá 
designar substituto para o administrador judicial”: quando o administrador judicial 
“não assinar o termo de nomeação; não aceitar o cargo; renunciar; falecer; ou for 
interditado”77.
Cabe à Assembléia Geral de Credores deliberar sobre a 
substituição do administrador judicial. Entretanto cabe ao juiz de ofício ou a 
requerimento do Ministério Público ou de qualquer credor, ou ainda do próprio 
devedor destituir o administrador judicial.
75 LFRE. Art. 24 ...omissis... §3º O administrador judicial substituído será remunerado 
proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de 
suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses 
em que não terá direito à remuneração. § 4o Também não terá direito a remuneração o administrador 
que tiver suas contas desaprovadas
76 LFRE. Art. 22 ...omissis...§ 1o As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão 
fixadas pelo juiz, que considerará a complexidade dos trabalhos a serem executados e os valores 
praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. ...oimissis...
77 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual... p.771.
29
Interessante salientar que o juiz destituirá o administrador judicial 
ouvindo-o ou não, acerca do fundamento de sua destituição.
3.2 Comitê de Credores
O Comitê de credores é órgão tido como inovador na LFRE, 
entretanto sua existência já havia sido delineada na antiga lei. 
O Decreto-Lei 7661/45 havia facultado a criação do Comitê de 
Credores e da Assembléia Geral78. Tal dispositivo foi quase nunca utilizado, assim 
não há como prever por exemplo se o instituto tal como prevista pela nova lei irá 
efetivamente funcionar, sendo prático e eficiente, como observa Ecio Perin 
Júnior79:
78 Decreto-lei 7661/1945. Art. 122. Credores que representem mais de um quarto do passivo 
habilitado, podem requerer ao juiz a convocação de assembléia que delibere em termos precisos 
sobre o modo de realização do ativo, desde que não contrários ao disposto na presente lei, e sem 
prejuízo dos atos já praticados pelo síndico na forma dos artigos anteriores, sustando-se o 
prosseguimento da liquidação ou o decurso de prazos até a deliberação final. 1º A convocação dos 
credores será feita por edital, mandado publicar pelo síndico, com a antecedência de oito dias, e do 
qual constarão lugar, dia e hora designados. 2º Na assembléia, a que deve estar presente o síndico, o 
juiz presidirá os trabalhos, cabendo-lhe vetar as deliberações dos credores contrários às disposições 
desta lei. 3º As deliberações serão tomadas por maioria calculada sobre a importância dos créditos 
dos credores presentes. No caso de empate, prevalecerá a decisão do grupo que reunir maior número 
de credores. 4º Nas deliberações relativas ao patrimônio social, somente tomarão parte os credores 
sociais; nas que se relacionarem com o patrimônio individual de cada sócio, concorrerão os 
respectivos credores particulares e os credores sociais. 5º Do ocorrido na assembléia, oescrivão 
lavrará ata que conterá o nome dos presentes e será assinada pelo juiz. Os credores assinarão lista de 
presença que, com a ata, será junta aos autos da falência. Art. 123. Qualquer outra forma de 
liquidação do ativo pode ser autorizada por credores que representem dois terços dos créditos. 
1º Podem ditos credores organizar sociedade para continuação do negócio do falido, ou autorizar o 
síndico a ceder o ativo a terceiro. 2º O ativo somente pode ser alienado, seja qual for a forma de 
liquidação aceita, por preços nunca inferiores aos da avaliação, feita nos termos do parágrafo 2º do 
artigo 70. 3º A deliberação dos credores pode ser tomada em assembléia, que se realizará com 
observância das disposições do artigo anterior, exceto a do parágrafo 3º; pode ainda ser reduzida a 
instrumento, público ou particular, caso em que será publicado aviso para ciência dos credores que 
não assinaram o instrumento, os quais, no prazo de cinco dias, podem impugnar a deliberação da 
maioria. 4º A deliberação dos credores dependem de homologação do juiz e da decisão cabe agravo 
de instrumento, aplicando-se ao caso o disposto no parágrafo único do artigo 17. 5º Se a forma de 
liquidação adotada for de sociedade organizada pelos credores, os dissidentes serão pagos, pela 
maioria, em dinheiro, na base do preço da avaliação dos bens, deduzidas as importâncias 
correspondentes aos encargos e dívidas da massa.
79 PERIN JÚNIOR, Ecio. O Administrador Judicial e o Comitê de Credores no Novo Direito 
Concursal Brasileiro. In: PAIVA, Luiz Fernando Valente de. (coord.). Direito falimentar e a nova 
Lei de Falências e Recuperação de Empresas. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p. 186-187.
30
A iniciativa da criação do Comitê de Credores (artigos 26 a 34, da LRE) 
e da Assembléia Geral de Credores (artigos 35 a 46, da LRE), tem como 
embrião, mecanismos existentes no Dec-Lei 7661/45 que, de fato, foram 
pouco utilizados. Importante será destacar quais foram as razões do 
insucesso dos dispositivos existentes na legislação anterior, para que se 
possa evitar futuros problemas. Muito embora a novel legislação trate 
do tema com maior grau de complexidade. (...)São essas algumas da 
razões que explicam em parte o fracasso do modelo vigente na 
legislação anterior: o processo falimentar era extremamente moroso e 
oneroso. Os credores deixavam, na maioria das vezes de se interessar 
pela recuperação do capital investido e com isso permitiam a livre 
atividade de atores não credores (síndico, Ministério Público, etc) que 
decidiam, muitas vezes, com base em agendas diferentes e 
incompatíveis com a recuperação da empresa ou do crédito.
Corroborando a idéia acima, BEZERRA FILHO80 afirma que:
O Comitê de Credores não é figura nova em nosso diploma falimentar, 
pois existe na lei anterior, desde 1945, como se pode ver dos arts. 122 e 
123 daquele diploma, que previam exatamente a formação do comitê de 
credores para liquidar ou administrar a massa falida, da forma que 
viessem a propor ao juiz. No entanto – e a observação é valida também 
para a presente lei –, não houve interesse em usar tal prerrogativa legal, 
porque a recuperação da empresa por meio de comitês é um fenômeno 
de natureza econômica e não jurídica. Ou seja, embora já houvesse a 
previsão legal, não houve interesse econômico e, por isso mesmo, o 
sistema de comitês não funcionou na legislação anterior.
Entretanto é indiscutível sua importância em processos de 
insolvência onde haja envolvimento de grandes quantias, sejam elas no passivo ou 
no ativo. Ezio Carlos S. Baptista81, expõe a importância do Comitê de Credores:
O comitê de credores tem escopo de despertar nos credores da massa 
falida um maior interesse pela condução do processo de recuperação ou 
de falência, uma vez que possui direito de fiscalização sobre os atos 
desenvolvidos pelos administradores judiciais, bem como o direito de 
requerer ao magistrado a convocação de assembléia de credores nas 
vezes em que se depararem com atos de interesse da comunidade de 
credores. Funciona o comitê como um grande interlocutor permanente 
entre os anseios dos credores e o desenvolvimento do processo, já que 
as assembléias de credores são convocadas para deliberarem sobre 
pontos específicos e possuem caráter eventual. 
80 BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Nova Lei ... p.100.
81 Ezio Carlos S. Baptista. Comentários aos Artigos 21 ao 34. In: DE LUCCA, Newton e SIMÃO 
FILHO, Adalberto (coord). Comentários ... p.166.
31
O Comitê de Credores na LFRE é órgão facultativo tanto na 
falência quanto na recuperação judicial82. Será constituído por deliberação de 
qualquer das classes de credores na Assembléia Geral, conforme a necessidade e 
complexidade do processo de insolvência instaurado. Poderá ser criado pelo juiz, 
de ofício, ou a pedido de qualquer das classes de credores da Assembléia Geral.
...o Comitê de Credores é órgão de criação facultativa e que, 
certamente, apenas será criado – se o for – em recuperações e falências 
de grande espectro, pois as formalidades que cercam tanto a convocação 
da assembléia-geral quanto o funcionamento do Comitê mostram que a 
Lei não pretendeu destiná-lo para feitos de pequena expressão 
econômica. Inexistente o Comitê, todas as suas atribuições serão 
exercidas pelo administrador judicial e na administração da massa 
falida, e também eventualmente, pelo próprio juiz.83 
Assim, é indiscutível a importância de tal órgão na administração 
da falência e da recuperação judicial desde que sua criação seja justificada pelo 
fator econômico. A criação do Comitê de Credores em falências ou recuperações 
judiciais inexpressivas pode acarretar um ônus impossível de ser suportado pela 
massa insolvente.
 3.2.1 Estrutura, Atribuições e Funcionamento
O comitê de credores é composto por três membros sendo um 
representante de cada uma das três classes de credores84 com dois suplentes cada.
82 Neste sentido. Fabio Ulhoa Coelho: “É facultativa a instalação do Comitê. Ele não existe e não 
deve existir em toda e qualquer falência ou recuperação judicial. Deve, ao contrário, ser instaurado 
pelos credores apenas quando a complexidade e o volume da massa falida ou da empresa em crise o 
recomendar. Não sendo empresa de vulto (seja pelo indicador da dimensão do ativo, seja pelo do 
passivo) e não havendo nenhuma especificidade que jusitifque a formação da instancia de consulta, o 
Comitê representará apenas burocracia e perda de tempo, sem proveito algum para o processo 
falimentar ou de recuperação”. COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários... p. 72.
83 BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Nova Lei ... p.104-105.
84 São três as classes previstas pela LFRE em seu artigo 41: i) créditos trabalhistas e de acidentes do 
trabalho; ii) créditos com garantia real; iii) créditos quirografários, com privilégio especial e geral e 
créditos subordinados.
32
Poderá o Comitê funcionar normalmente com a representação de 
até duas classes de credores. Posteriormente se houver o interesse da classe 
faltante, esta poderá requerer diretamente ao juiz, independentemente de 
realização da Assembléia Geral, a nomeação de seu representante e suplentes, 
conforme disposto no artigo 26 da LFRE85.
Entre os três membros do Comitê será escolhido um representante. 
Havendo empate na votação a solução será dada pelo administrador e havendo 
incompatibilidade deste, pelo juiz, em atenção ao artigo 27,

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