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DIREITO CIVIL: ASSISTENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/AM 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR – AULA DEMONSTRATIVA 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1 
CAROS AMIGOS E ALUNOS 
 
É um prazer poder usufruir dos atuais meios de comunicação e me dirigir 
a todos vocês. Nesta apresentação vou passar algumas breves informações 
sobre minha pessoa e o curso que pretendo ministrar. 
Sou graduado e pós-graduado em Direito pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC/SP). Sempre fui o que se pode chamar de 
“concurseiro”. Exerci diversos cargos públicos, sempre por concurso, desde 
Escrevente, passando por Procurador do Estado e atualmente Juiz de Direito. 
Ao lado das funções públicas, sempre fui ligado à área do ensino. Para mim, 
uma atividade completa a outra e vou me mantendo atualizado. Iniciei minha 
carreira docente na própria PUC/SP, onde lecionei durante alguns anos. 
Atualmente dedico-me aos cursos preparatórios para concursos públicos, 
tendo me especializado no Direito Civil, matéria que possuo algumas obras e 
artigos publicados. 
Minha intenção com este curso é ministrar aulas especialmente 
direcionadas para o concurso de ASSISTENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO DO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS, de uma forma clara e 
direta, fornecendo o máximo de informações ao aluno e abrangendo a 
totalidade do edital referente à matéria de Direito Civil, sem perder a 
objetividade e dispersar para temas que não caem nas provas, evitando 
opiniões pessoais e doutrinárias que não são acolhidas nos concursos. 
Para mim é um privilégio especial dar estas aulas para um 
concurso do Estado do Amazonas, pois minha esposa é juíza do Trabalho 
em Manaus... Como moro em São Paulo, minha “ponte aérea” é para Manaus. 
Já estou nessa vida há mais de um ano. E nesse período passei a admirar, 
ainda mais, o Estado do Amazonas, seus moradores, sua cultura e tradições e 
sua deliciosa culinária sem igual... Sem dúvida alguma é a minha “segunda 
casa”. Só não consegui me decidir se sou Caprichoso ou Garantido. Por 
enquanto acho que sou um legítimo Garanchoso. Dia 18 de abril próximo 
estarei mais uma vez em Manaus e apenas retornarei para São Paulo no dia 28 
de abril... 
Voltando ao curso... nossa Banca Examinadora é a Fundação Getúlio 
Vargas (FGV). E forma de elaboração das questões é a tradicional, ou seja, 
questões objetivas de múltipla escolha com cinco alternativas, sendo 
que apenas uma deve ser assinalada. 
Lembramos que as provas realizadas pela FGV possuem um grau de 
subjetividade um pouco acima da média dos demais concursos. O que isso 
quer dizer? Quer dizer que é importante saber a literalidade da lei, pois 
muitas vezes cai o texto literal da lei no enunciado da questão. Mesmo assim o 
candidato deve tomar cuidado, pois o examinador costuma elaborar um 
enunciado grande com apenas uma palavra diferente do texto legal, tornando, 
com isso, a afirmação errada. Mas só isso não basta! Em muitas questões o 
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examinador redige o enunciado de modo bem diferente do que está na lei; 
utiliza expressões diferentes das que constam na lei para verificar se o 
candidato realmente entendeu o “espírito da lei” ou se apenas houve 
“decoreba”. 
Assim, mais importante do que a simples literalidade da lei, o candidato 
precisa demonstrar que sabe o que a lei quer dizer com determinada 
afirmação. E aí vem a importância destas aulas, pois iremos “dissecar” os 
institutos legais para que o aluno aprimore a aprendizagem para melho 
interpretar os enunciados da questão da prova e fazer uma ligação 
com a norma jurídica. 
EDITAL PARA ASSISTENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO TJ/AM 
Noções de Direito Civil: 1 Lei de introdução às normas do direito brasileiro. 
1.1 Vigência, aplicação, interpretação e integração das leis. 1.2 Conflito das 
leis no tempo. 1.3 Eficácia da lei no espaço. 2 Pessoas naturais. 2.1 Existência. 
2.2 Personalidade. 2.3 Capacidade. 2.4 Nome. 2.5 Estado. 2.6 Domicílio. 2.7 
Direitos da personalidade. 3 Pessoas jurídicas. 3.1 Disposições gerais. 3.2 
Domicílio. 3.3 Associações e fundações. 4 Bens públicos. 5 Prescrição. 5.1 
Disposições gerais. 6 Decadência. 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DAS AULAS 
 
Além da aula demonstrativa de hoje, teremos OUTRAS 03 (três) 
AULAS. Nosso programa, obedecendo rigorosamente o edital é o 
seguinte: 
AULA DEMO (01/04): Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 
Vigência. Aplicação. Interpretação e integração das leis. Conflito das leis no 
tempo. Eficácia da lei no espaço. 
AULA 01 (02/04): Pessoas naturais. Existência. Personalidade. Capacidade. 
Nome. Estado. Domicílio. Direitos da Personalidade. 
AULA 02 (09/04): Pessoas jurídicas. Disposições gerais. Domicílio. 
Associações e fundações. Bens públicos. 
AULA 03 (16/04): Prescrição e Decadência. Disposições Gerais. 
Vamos agora explicar como será desenvolvido este curso. 
Cada aula contém a matéria referente a um capítulo do Direito Civil que 
está no edital, sendo que a mesma será exposta de uma forma direta e 
objetiva. Durante as aulas forneço o maior número de exemplos possível. 
Tenho certeza que mesmo uma pessoa que não seja formada em Direito terá 
plenas condições de acompanhar o curso e entender tudo o que será 
ministrado. No entanto não posso fugir de algumas ‘complexidades jurídicas’, 
pois estas também costumam cair nas provas, principalmente nas 
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elaboradas pela FGV. Costumo dizer que os examinadores gostam de pedir 
“as exceções de uma regra...” e também “as exceções da exceção...”. Desta 
forma, darei um enfoque especial a estes aspectos, chamando a atenção do 
aluno quando um ponto é mais exigido no concurso e onde podem ocorrer as 
famosas “pegadinhas”. 
Em todas as aulas, após apresentar a parte teórica, com muitos 
exemplos práticos, sempre faço um quadro sinótico, que na verdade é o 
resumo da aula. É o que eu chamo de “esqueleto da matéria”. A experiência 
demonstra que esse “quadrinho” é de suma importância, pois se o aluno 
conseguir memorizá-lo, saberá situar a matéria e completá-la de uma forma 
lógica e sequencial. Portanto, após ler toda a aula, o aluno deve também ler 
(e reler) o resumo apresentado, mesmo que tenha entendido toda matéria. 
Sem dúvida alguma, esta é uma excelente maneira de fixação do conteúdo 
da aula. Além disso, é ótimo para rápidas revisões às vésperas de um 
exame. 
Ao final de cada aula também apresento os exercícios. São testes que já 
caíram em concursos anteriores. Como dissemos acima, nossa banca 
examinadora é a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Fizemos uma ampla 
pesquisa de todas as provas de Direito Civil realizadas por esta entidade. No 
entanto não há um número muito grande de provas e questões sobre todos os 
pontos do edital (diferentemente da FCC e do CESPE). Vamos inserir nas 
aulas todos os exercícios que achamos. Inclusive de provas para 
Procurador, Advogado e Juiz, em que a forma de elaborar a questão é o 
mesmo, porém com um grau maior de dificuldade. Levando isso em 
consideração, complementamos a aula com diversos exercícios de outras 
bancas examinadoras, mas com certa semelhança à forma que a FGV 
costuma elaborar seus exames. 
Finalmente, qualquer dúvida que porventura o aluno ainda tenha 
referente à aula deve ser encaminhada ao fórum deste site, para que eu 
possa respondê-la da melhor forma possível. Assim, as perguntas dos alunos e 
as minhas respostas ficarão disponíveis para todos os matriculados no curso, 
enriquecendo ainda mais o nosso projeto. Por esse motivo é importante que oaluno leia todas as perguntas e respostas que já foram elaboradas e 
encaminhadas, mesmo que feitas por outros alunos, pois às vezes as suas 
dúvidas podem ser as mesmas que outro aluno já formulou. 
Com a exposição da matéria teórica acompanhada de exemplos práticos, 
quadros sinóticos, resumos e uma boa quantidade de testes com gabarito 
comentado, possibilitando ainda ao aluno eliminar qualquer dúvida que reste 
através do nosso fórum, acreditamos ser este trabalho uma importante 
ferramenta para o conhecimento e aprimoramento nos estudos. 
Finalizo, desejando a todos os votos de pleno êxito em seus 
objetivos, com muita tranquilidade e paz durante os estudos e na hora da 
realização das provas. 
 Um forte abraço a todos. 
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AULA DEMONSTRATIVA 
 
Meus amigos e alunos: antes de iniciar uma aula, costumo colocar no início 
e em destaque os itens que o edital expressamente exige e que serão 
abordados, bem como a legislação a ser consultada, para que o aluno 
acompanhe o que está sendo ministrado, facilitando o estudo. Vejamos: 
����Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →→→→ Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Vigência. Aplicação. Interpretação 
e integração das leis. Conflito das leis no tempo. Eficácia da lei no espaço. 
 
����Legislação a ser consultada: Decreto-Lei n° 4.657/42 (Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro). 
 Outra coisa: como nas aulas abordo diversos temas que estão no edital, 
para que o aluno possa melhor manusear o material, costumo fazer um 
“pequeno índice”. Assim, principalmente quando se deseja revisar apenas um 
item da matéria, ou tirar uma dúvida a respeito de um tema específico, pode ir 
“DIRETO AO PONTO”, utilizando este sumário. 
 
 ÍNDICE 
 
Fontes de Direito Civil ...................................................................... 06 
Características da lei ........................................................................ 09 
Vigência das leis no tempo ............................................................... 09 
 Início da obrigatoriedade ........................................................... 10 
 Fim da obrigatoriedade .............................................................. 17 
 Repristinação ............................................................................. 20 
 Leis gerais e especiais ................................................................ 21 
 Conflito das normas no tempo .................................................... 22 
Interpretação das leis ...................................................................... 25 
Integração da norma jurídica ........................................................... 27 
Antinomia: conflito entre as normas ................................................ 31 
Vigência das leis no espaço .............................................................. 34 
Estatuto de Direito Internacional .................................................... 36 
RESUMO DA AULA ............................................................................ 40 
Bibliografia Básica ........................................................................... 44 
EXERCÍCIOS COMENTADOS .............................................................. 45 
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Vamos então entrar na matéria... 
 Mas... primeiro uma curiosidade. O Decreto-Lei n° 4.657/42 tinha como 
“nome” (ou ementa) “Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro”. Pois bem... 
a Lei n° 12.376 de 31 de dezembro de 2010 alterou esse nome para Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Ou seja, nossos 
parlamentares elaboraram uma lei apenas para alterar o nome da lei. Nada, 
absolutamente nada, mudou em seu conteúdo. E a intenção foi somente deixar 
claro o que já dizíamos há muito tempo: a Lei de Introdução não tem aplicação 
somente ao Código Civil, mas sim a todo o Direito, respeitadas as 
peculiaridades de cada matéria, como veremos. Observem que em muitos 
exercícios ainda se menciona a expressão LICC, mas isso não quer dizer que 
eles estão desatualizados, pois, como dissemos, a alteração foi só na 
nomenclatura e não no conteúdo da lei. 
Feita esta observação, comecemos... 
 
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 
 
Em 2003 entrou em vigor o novo Código Civil (Lei n° 10.406/02). Ele foi 
publicado no dia 10 de janeiro de 2002, mas somente entrou em vigor no ano 
seguinte. Antes disso já vigorava uma lei conhecida como Lei de Introdução ao 
Código Civil (ou simplesmente LICC), que é o Decreto-lei n° 4.657, de 04 de 
setembro de 1942, que atualmente é chamada de Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro (ou simplesmente LINDB). 
Importante salientar que a Lei de Introdução não é parte integrante 
do Código Civil. Ele não a revogou a Lei de Introdução, nem a incorporou em 
seu texto. Portanto, trata-se de uma outra lei. Ou seja, Código Civil e Lei de 
Introdução são leis autônomas e independentes entre si. Como diz seu 
próprio nome, suas normas são aplicáveis não só ao Direito Civil, mas também 
a todo nosso ordenamento jurídico (guardadas as peculiaridades de cada 
matéria). 
Na realidade a Lei de Introdução é um conjunto de normas sobre 
normas (alguns autores a chamam de lex legum: lei das leis), isto porque 
disciplina as próprias normas jurídicas, prescrevendo-lhes a maneira de 
aplicação e entendimento, predeterminando as fontes e indicando-lhes as 
dimensões espaço-temporais. Ela não rege a vida das pessoas (como o Código 
Civil), mas sim das próprias normas jurídicas, ultrapassando o âmbito do 
Direito Civil e atingindo tanto o direito privado quanto o público, salvo 
naquilo que for regulado de forma diferente na legislação específica. Contém 
normas de sobredireito (também chamadas de normas de apoio, pois visa 
regular outras normas). Trata-se de um código de normas. A doutrina a 
considera como uma “lei de introdução às leis” por conter princípios gerais 
sobre as normas sem qualquer discriminação, indicando como aplicá-las. E, 
reforçando, continua em vigor, a despeito do novo Código Civil, de forma 
autônoma e em sua plenitude. 
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 RESUMINDO A LINDB 
• Arts. 1° e 2° →→→→ vigência e eficácia das normas jurídicas sob o 
aspecto temporal (ou seja, determinando como e quando a lei entra em 
vigor). 
• Art. 3° →→→→ obrigatoriedade geral e abstrata das normas; garantia da 
eficácia global da ordem jurídica (ou seja, não admite a ignorância de lei 
vigente). 
• Art. 4° →→→→ fontes e mecanismos integração das normas (ou seja, 
quando houver lacunas na lei). 
• Art. 5° →→→→ critérios de interpretação das normas (hermenêutica 
jurídica). 
• Art. 6° →→→→ direito intertemporal (solução de conflitos temporais, dando 
certeza e segurança no ordenamento). 
• Arts. 7° a 19 →→→→ conflito das normas no espaço (território). Também 
contem normas de Direito internacional público e privado (ex.: 
competência judiciária brasileira, prova de fatos ocorridos no estrangeiro, 
eficácia de tratados e convenções assinadas pelo Brasil, execução de 
sentença proferida no exterior, atos praticados pelas autoridades 
consulares brasileiras no exterior, etc.). 
FONTES DO DIREITO CIVIL 
Inicialmente, vamos falar sobre as “Fontes de Direito Civil”. Na verdade a 
expressão “Fontes do Direito” é figurada. Em sentidocomum, fonte significa 
a origem, o nascedouro (daí fonte de água). Em sentido técnico significa onde 
o direito nasce ou o meio pelo qual se estabelecem as normas jurídicas. Para 
fundamentar uma sentença, o Juiz precisa apontar o dispositivo (que é a fonte) 
para fundamentá-la. São necessários dois elementos para caracterizar uma 
fonte de direito: segurança e certeza. Cada autor possui uma classificação 
própria de fonte de direito. Citamos duas formas de se classificar. Aliás, muito 
parecidas. 
A primeira é a seguinte: 
• Fontes formais: formadas pela lei, a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito. Lembrem-se que no Brasil a lei é a 
principal fonte de Direito. As demais são apenas formas acessórias. 
Mas nem por isso são menos importantes, especialmente para fins de 
concurso. 
• Fontes não-formais: formadas pela doutrina e pela jurisprudência. 
Para outra corrente doutrinária, a classificação é um pouco diferente: 
• Fontes diretas ou imediatas: são as que geram por si mesmas a 
regra jurídica (lei e costumes). Observem que esta classificação 
possui um caráter mais restrito, pois não menciona a analogia e os 
princípios gerais de direito, que seriam formas de integração (e não 
fontes) da norma jurídica. 
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• Fontes indiretas ou mediatas: são as que não geram por si 
mesmas a regra jurídica, mas contribuem para que a mesma seja 
elaborada (doutrina e jurisprudência). 
FONTES INDIRETAS 
DOUTRINA é a interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria. 
Também é chamada de Direito Científico. Forma-se doutrina por meio dos 
pareceres dos jurisconsultos, das pesquisas, ideias e ensinamentos dos 
professores, das opiniões e juízos críticos dos tratadistas e dos trabalhos 
forenses, especialmente se há alguma controvérsia. Esta nossa aula, por 
exemplo, embora singela sob o ponto de vista jurídico, não deixa de ter um 
conteúdo doutrinário. 
JURISPRUDÊNCIA é a interpretação da lei feita pelos juízes em suas 
decisões. Como fonte de direito podemos dizer que a jurisprudência é o 
conjunto uniforme, constante e pacífico das decisões judiciais sobre 
determinada matéria em determinado sentido. “Uma andorinha não faz verão” 
e, da mesma maneira, uma decisão solitária não constitui jurisprudência. Por 
isso é necessário que as decisões se repitam e sem variações de fundo. 
Costuma-se usar o termo “jurisprudência mansa e pacífica” quando as decisões 
não sofrem alterações em julgados da mesma natureza. Quanto à importância 
dela, diversificam os sistemas jurídicos contemporâneos. Para os anglo-saxões, 
de direito costumeiro (dizemos direito consuetudinário – direito dos 
costumes), ela é de suma importância; a pessoa que tem a jurisprudência a 
seu favor certamente ganhará a causa (common law). Já para o nosso sistema 
jurídico, teoricamente, ela não tem tanta relevância, pois nosso sistema é 
baseado nas leis (civil law). No entanto, na prática, a jurisprudência tem-se 
revelado como uma importante fonte criadora de Direito e uma ótima 
ferramenta para os juristas. Basta verificar a quantidade de Súmulas de 
Jurisprudência de nossos Tribunais Superiores. A jurisprudência é fonte 
indireta de direito porque muitas vezes cria soluções não encontradas na lei ou 
em outras fontes. Mas, embora se constitua numa importante fonte de 
consulta, os Juízes não são obrigados a segui-la. 
É possível que a partir de agora a jurisprudência tenha maior relevância 
no cenário do Direito, pois a chamada “Reforma do Poder Judiciário” (Emenda 
Constitucional n° 45/04) aprovou a “Súmula de Efeitos Vinculantes”. Há uma 
grande discussão a respeito do tema, dividindo os autores a respeito dos “prós 
e contras” do dispositivo, pois por um lado ela “engessaria” a magistratura, 
tornando o direito estático, impossibilitando a interpretação do Juiz e afetando 
sua independência. Mas por outro lado dará uma melhor igualdade sistêmica, 
conferindo maior homogeneidade nas decisões judiciais e limitando o excessivo 
número de recursos para matérias que já foram amplamente debatidas, 
desafogando o Poder Judiciário. Mas não estamos aqui para defender uma ou 
outra posição. Nosso objetivo é dizer que atualmente elas existem, estão 
previstas na Constituição e por isso devem ser cumpridas. E caem nos 
concursos... 
Explicando melhor o assunto: Súmulas são enunciados que, sintetizando as 
decisões assentadas pelo respectivo Tribunal em relação a determinados temas 
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específicos de sua jurisprudência, servem de orientação para toda comunidade 
jurídica; são extraídas de reiteradas decisões judiciais em um mesmo sentido. 
As Súmulas podem ser vinculantes ou não vinculantes. As de efeito 
vinculante estão fundamentadas no art. 103-A da Constituição Federal, 
dispositivo este regulamentado pela Lei n° 11.417/06. Elas somente podem ser 
editadas pelo Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, mediante 
decisão de dois terços de seus membros, depois de reiteradas decisões sobre 
matéria constitucional. A partir de sua publicação na imprensa oficial ela 
terá um efeito chamado “vinculante”, que torna estas Súmulas obrigatórias 
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública (direta e 
indireta), nas esferas federal, estadual e municipal. Também poderá ser 
revisada ou cancelada pela nossa Suprema Corte, na forma estabelecida em 
lei. Alguns autores entendem que estas súmulas, ainda que tenham efeito 
vinculante, por não serem atos normativos (e sim interpretativos do STF), são 
fontes indiretas. Já outros autores entendem que o efeito vinculante da súmula 
é a sua obrigatoriedade, conferida a determinado enunciado jurisprudencial. 
Neste caso específico, afasta-se a mera orientação, passando a obrigar o 
judiciário e os órgãos da administração a adotarem o conteúdo dela. 
Atribuindo-se as características essenciais de imperatividade e coercibilidade, 
passam a ser fontes diretas (um pouco de common law em nosso direito). 
Existe também a chamada “Súmula Impeditiva de Recurso” (criada tanto pelo 
Supremo Tribunal Federal como pelo Superior Tribunal de Justiça). Por força 
dela não cabe recurso da decisão quando o Juiz segue o entendimento de 
qualquer dessas Súmulas. 
FONTES DIRETAS 
Falemos, agora sobre as Fontes Diretas, que são as mais importantes 
para nosso sistema jurídico e, por isso mais complexas exigindo um estudo 
mais aprofundado: 
COSTUMES 
Costume é o uso reiterado, constante, notório e uniforme de uma conduta, 
na convicção de ser a mesma (a conduta) obrigatória. Falaremos mais acerca 
dos costumes no tópico “formas de integração das normas jurídicas”. Isso 
porque o costume pode ser considerado como fonte de Direito e também como 
forma de integração da norma jurídica. 
LEI 
É a principal fonte de Direito no Brasil. Etimologicamente o vocábulo lei é 
originário do verbo latino legere = eleger, escolher (em sentido figurado seria 
a escolha de uma determinada regra dentro de um conjunto). A lei pode ser 
definida de vários modos. Para conceituá-la adotamos o ensinamento da 
Professora Maria Helena Diniz: Lei é a norma imposta pelo Estado e tornada 
obrigatória na sua observância, assumindo forma coativa. Também podemos 
conceituá-la como sendo um preceito escrito formulado com solenidade pela 
autoridade competente, sendo instituidora de uma ordem jurídica, impondo-se 
coercitivamente a todos (somente o Estado detém o monopólio da força 
coercitiva), protegendo interesses e normatizando as ações. 
DIREITO CIVIL: ASSISTENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/AM 
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Atualmente há uma exigência de maior certeza e segurança para as 
relações jurídicas. Por isso, nas sociedades modernas, há um entendimento de 
supremacia da lei, da norma escrita sobre as demais fontes. Portanto a lei é, 
indiscutivelmente, a fonte mais importante na ordem jurídica brasileira. Trata-
se, portanto, de uma norma jurídica escrita, elaborada pelo Poder Legislativo, 
por meio de um processo adequado. 
Vejam o que diz nossa Constituição Federal: “Ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5°, inciso 
II: Princípio da Legalidade). E o art. 4° da Lei de Introdução ao Código Civil 
determina que somente quando a lei for omissa é que se aplicarão as demais 
formas de expressão de direito. O Código de Processo Civil, no seu art. 126, 
também prevê que “o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando 
lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as 
normais legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos 
princípios gerais de direito”. 
CARACTERÍSTICAS DA LEI 
• Generalidade: não se dirige a um caso particular, mas a um número 
indeterminado de indivíduos (pode ser a todos os cidadãos em geral ou a 
uma categoria de pessoas, como um Regulamento Disciplinar da Polícia 
Militar). 
• Imperatividade: impõe um dever, uma conduta a ser observada pelos 
indivíduos. Trata-se de ordem, quando exige a prática de uma ação ou 
uma proibição quando exige uma abstenção. 
• Autorizamento: autoriza que o lesado pela violação exija o cumprimento 
dela ou a reparação pelo mal causado. 
• Permanência: a lei não se exaure numa só aplicação; ela perdura até 
que seja revogada por outra. No entanto, como veremos adiante, algumas 
normas são temporárias, como por exemplo, as disposições transitórias de 
uma lei, as leis orçamentárias, etc. 
• Competência: deve emanar de autoridade competente, ou seja, 
respeitando o processo legislativo previsto na Constituição. Se o ato é 
emanado de autoridade incompetente é considerado nulo, não sendo 
possível a sua convalidação e não estando capaz de produzir efeitos, 
podendo haver o questionamento sobre isso perante o Pode Judiciário. 
 Observação Alguns autores ainda acrescentam como característica o 
registro escrito da lei, pois garante maior estabilidade das relações 
jurídicas, com a sua consequente divulgação em órgãos oficiais (publicação 
em Diário Oficial). 
 
I. VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO 
 
Toda norma jurídica tem um âmbito de aplicação temporal, espacial, 
material e pessoal, dentro dos quais ela tem vigência e validade. Vamos iniciar 
DIREITO CIVIL: ASSISTENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/AM 
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nosso estudo quanto à vigência, analisando as leis sob o aspecto temporal. 
Depois passaremos para o âmbito territorial. 
As leis também possuem um ciclo vital: nascem, aplicam-se a 
determinadas situações, podem ser modificadas e “morrem”. São regidas por 
dois princípios fundamentais: 
1. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS (também chamado de 
princípio da inescusabilidade da ignorância das leis). 
Publicada a lei, ninguém se escusa de cumpri-la alegando que não a 
conhece (art. 3°, LINDB), tornando-se obrigatória para todos os seus 
destinatários (ignorantia legis neminem excusat). Tal dispositivo visa garantir a 
estabilidade e a eficácia do sistema jurídico que ficaria comprometido se fosse 
admitida a alegação de ignorância de lei em vigor. Segundo a doutrina, três 
teorias procuram justificar este preceito: 
a) Presunção legal: uma vez publicada, presume-se que todos leram e 
tomaram conhecimento do teor da lei, tornando-se conhecida de todos. 
b) Ficção: pressupõe que se uma lei foi publicada torna-se conhecida de 
todos. 
c) Necessidade social: sustenta que a lei é obrigatória e deve ser 
cumprida por todos não por ser de conhecimento ficto ou presumido, mas para 
tornar possível a convivência social. É a mais aceita no mundo jurídico, 
para não se estabelecer o caos ou a anarquia. Em consequência, não é 
necessário se provar em juízo a existência de uma lei, pois parte-se do 
pressuposto que o “Juiz conhece o direito” (jura novit curia). Mas isso não se 
aplica ao direito municipal, estuadual, estrangeiro ou consuetudinário (art. 337 
do Código de Processo Civil). 
O erro de direito (que seria a alegação de desconhecimento da lei) só 
pode ser invocado em raríssimas ocasiões e quando não houver o objetivo de 
furtar-se o agente ao cumprimento da lei (serve para justificar a boa-fé no 
descumprimento de um contrato, sem intenção de descumprir a lei). 
Reforçando: para a LINDB o desconhecimento da lei não pode ser alegado 
como escusa de seu cumprimento; já para o Código Civil pode haver tal 
alegação em situações especialíssimas (art. 139, III). 
2. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DAS LEIS. 
A partir de sua vigência, a lei tem eficácia contínua, até que outra a 
modifique ou revogue (embora possam existir “leis temporárias”, conforme 
veremos adiante: art. 2°, LINDB). O desuso ou o decurso de tempo, não fazem 
com que a lei perca sua eficácia. 
INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS 
A criação de uma lei obedece a um procedimento próprio, definido nas 
normas constitucionais (arts. 59 a 69, CF/88). Há todo um processo solene de 
elaboração da lei, chamado de processo legislativo, que geralmente passa 
por cinco etapas. Embora este não seja um tema específico do Direito Civil é 
conveniente fazer um resumo sobre o tema. Há várias espécies de leis, 
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cada uma possui peculiaridades próprias. Vamos falar sobre o “processo 
padrão” (ou processo legislativo ordinário): 
A) INICIATIVA. É o ato que inicia todo o processo legislativo. Trata-se da 
faculdade conferida a alguém ou a algum órgão para apresentar um projeto de 
lei. A Constituição confere legitimação a várias pessoas e órgãos para a 
apresentação de projetos de lei ao Poder Legislativo. Na área federal, 
dependendo da matéria, cabe: 
1. Iniciativa Parlamentar: a qualquer membro ou comissão do Poder 
Legislativo. 
2. Iniciativa Extraparlamentar: ao Presidente da República, Supremo 
Tribunal Federal, demais Tribunais Superiores, Procurador Geral da 
República e também aos cidadãos em geral (iniciativa popular), como 
previsto no art. 61, CF/88. Nesta última hipótese o caso mais famoso foi o 
da autora de novelas Glória Peres, que perdeu uma filha assassinada e 
liderou uma campanha vitoriosa por todo Brasil para incluir o homicídio 
qualificado como crime hediondo. 
B) DISCUSSÃO E APROVAÇÃO. Apresentado o projeto são realizados 
estudos, debates, redações, correções, emendas e votação do projeto. Este 
trabalho é chamado de deliberação parlamentar. No âmbito federal o projeto 
deve ser aprovado pelas duas Casas Legislativas (Iniciadora e Revisora). No 
caso de uma lei ordinária, que trata, em tese, de matérias mais simples, a 
aprovação se dá por maioria simples de cada Casa Legislativa. Já uma lei 
complementar possui um quorum qualificado (maioria absoluta), isto para que 
se tenha certeza de que aquele assunto tratado realmente reflete o interesse 
da sociedade. Lembrando: na maioria das vezes a Casa Iniciadora é a 
Câmara dos Deputados. Isso ocorre quando o projeto é apresentado por um 
Deputado Federal, pelo Presidente da República, pelo Supremo Tribunal 
Federal, pelos Tribunais Superiores, etc. A exceção ocorre quando o projeto é 
de autoria de um Senador ou comissão do Senado. Neste caso a Casa 
Iniciadora é o próprioSenado Federal. A Casa Iniciadora pode aprovar ou 
rejeitar o projeto. Se for rejeitado, será arquivado, não podendo ser 
apresentado outro sobre a matéria na mesma sessão legislativa, salvo se 
houver proposta da maioria dos Deputados ou dos Senadores. Aprovado na 
Casa Iniciadora (com ou sem emendas) o projeto segue para a Casa Revisora, 
para nova deliberação. Ela poderá: a) aprovar integralmente o projeto (segue-
se, então, para a próxima etapa, que é a sanção ou veto); b) emendar o 
projeto (neste caso as emendas – somente as emendas – retornam para a 
Casa Iniciadora, podendo aprová-las ou rejeitá-las); ou c) simplesmente 
rejeitar o projeto (neste caso ele será arquivado). Não há um poder ilimitado 
para apresentar emendas; elas devem ser relacionadas ao tema de que trata o 
texto. Sendo o projeto de iniciativa exclusiva do Presidente da República, não 
serão admitidas emendas que acarretem aumento da despesa prevista, salvo 
se se tratar de lei orçamentária (este “salvo”, como temos visto na prática, é 
uma “festa”...). 
C) SANÇÃO OU VETO. Nesta fase o chefe do Poder Executivo participa do 
processo (deliberação executiva). 
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1. Com a sanção ele manifesta a sua concordância com o projeto 
aprovado pelo Poder Legislativo. Há uma conjugação das vontades dos Poderes 
Legislativo e Executivo, nascendo a lei. A sanção incide em um projeto de lei e, 
ao incidir, faz com que este projeto se transforme em lei. O projeto pode ser 
sancionado de forma expressa (quando o Executivo se manifesta por 
despacho, aprovando o projeto) ou tácita (quando o Executivo simplesmente 
se omite, deixando de apreciar o projeto no prazo de 15 dias úteis), conforme 
estabelece o art. 66, §3°, CF/88. 
2. Com o veto o chefe do Executivo manifesta sua recusa ou não-
concordância com o projeto de lei. O veto é irretratável e deve ser sempre 
expresso e motivado. Não há o chamado “veto tácito”, pois o silêncio do 
Chefe do Executivo implica em sanção. O veto pode ser total, quando atinge 
todos os dispositivos do projeto ou parcial, quando atinge um ou alguns dos 
dispositivos do projeto. Como falei acima, o veto deve ser motivado. E são dois 
os motivos para se vetar: inconstitucionalidade e/ou inconveniência. Costuma-
se dizer que o veto é jurídico (caráter formal) quando o projeto é considerado 
inconstitucional; ele contraria a Constituição. Por outro lado ele pode ser 
político (caráter material - mérito), ou seja, contrário ao interesse público; o 
Chefe do Executivo faz um juízo sobre a inconveniência de se aprovar 
determinada matéria. Assim, um projeto pode ser constitucional, e, mesmo 
assim, ser vetado por não ser conveniente para o interesse público. O veto só 
pode ser supressivo, ou seja, o Chefe do Executivo nada pode acrescentar ao 
projeto; ele somente pode retirar. Não pode haver veto de palavras isoladas; 
isso para evitar alterações ou inversões de sentido (ex.: vetar a palavra 
“não”). O veto, ainda que parcial, deve abranger o texto integral do artigo, de 
parágrafos (§1°, §2° ...), de incisos (I, II, III...), ou alíneas (“a”, “b”, “c”...). 
Por outro lado o veto pode ser superado (ou derrubado). Isto é, ocorrido o 
veto, o Presidente da República comunica ao Presidente do Senado os motivos 
do veto no prazo de 48 horas e o Congresso Nacional irá reapreciar a matéria, 
no prazo de 30 dias. A votação será feita pelo Congresso Nacional, de forma 
conjunta, mas os votos dos Deputados e Senadores serão computados 
separadamente. Ou seja, embora a sessão seja conjunta, para derrubar o veto 
é necessária a maioria absoluta dos Deputados e dos Senadores. Sendo o 
veto total e não sendo alcançada a maioria absoluta em cada Casa, encerra-se 
o processo legislativo (o projeto será arquivado). Se o veto for parcial e o 
mesmo for mantido, o próprio Presidente do Congresso promulgará a lei 
(evidentemente que somente com as partes não vetadas), uma vez que o 
texto já estava com a concordância com o Chefe do Executivo. Se o veto for 
derrubado, o projeto volta ao Chefe do Executivo apenas para a promulgação. 
D) PROMULGAÇÃO. Decorre da sanção e tem o significado de proclamação, 
de “ateste de validade de lei”. Dá-se conjuntamente com a sanção, quando o 
Presidente da República assina o projeto de lei. Promulgar é declarar a 
existência de uma lei, inovando-se a ordem jurídica. Costuma-se dizer que 
“a lei nasce com a promulgação”. Quando está escrito no texto da lei ...faço 
saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei... 
implicitamente quer dizer que a lei também está sendo promulgada, no mesmo 
tempo e instrumento. A sanção transforma o projeto de lei em lei, por isso o 
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que se promulga é a lei (e não o projeto). O Chefe do Executivo atesta 
perante a sociedade a existência válida de uma lei, ordenando-lhe o 
respectivo cumprimento. Lembrando que não há sanção ou veto no caso de 
uma Emenda Constitucional, mas sim de promulgação pelas mesas da Câmara 
e do Senado. Nos casos de sanção tácita (transcorreram 15 dias úteis sem 
manifestação do Executivo) ou derrubada de veto, o Chefe do Executivo terá 
48 horas para promulgar a lei. Não o fazendo no prazo a atribuição cabe ao 
Presidente do Senado. 
E) PUBLICAÇÃO. É o ato por meio do qual se dá a divulgação da existência 
da nova lei em órgão oficial, tornando-se, portanto, conhecida de todos (trata-
se de uma presunção). A finalidade da publicação é garantir (ao menos 
potencialmente) que uma lei seja conhecida por todos os que estarão sujeitos 
ao seu comando; é uma condição de vigência e de eficácia da lei. Como já 
dissemos, a teoria mais aceita para justificar a obrigatoriedade da lei para 
todos é a da necessidade social. Com a publicação encerra-se o processo 
legislativo. 
 Resumindo Observando-se o processo de criação de uma lei (processo 
legislativo) notamos que a lei só deixa de ser um projeto quando ocorre a 
promulgação. Com ela tem-se a existência da lei, confirmando sua 
executoriedade (possibilidade de ser executada). Todavia, para que possa 
ser aplicada e possa produzir seus efeitos, a lei deve ser obrigatória, e a 
obrigatoriedade depende de sua publicação oficial. Mas não é só, para que a 
lei possa obrigar seus destinatários não basta a simples publicação; é preciso 
ainda que a lei possua vigência. Assim, mesmo antes de ser publicada, uma 
lei já é executável e existente. No entanto, ainda que exista e que se possa 
cobrar sua produção de efeitos, só isso não basta. É preciso, também, que se 
tenha dado conhecimento aos destinatários da lei, o que ocorre mediante sua 
publicação em veículo oficial. Com isso pode-se falar que ela é obrigatória. E 
ainda assim, para que possa produzir seus efeitos ela precisa estar vigente, ou 
seja, apta para produzir seus efeitos. 
 Frases da doutrina referentes a este tópico que costumam cair em 
concurso: “A promulgação, por ser ato de competência do Executivo, é que 
dará força executória à lei, que tenha sancionado, dando-lhe autenticidade”. “A 
executoriedade é efeito da promulgação; a obrigatoriedade é efeito da 
publicação”. “A obrigatoriedade supõe a publicação, sendo que a lei só a 
adquirirá após a vacatio legis” (que veremos mais adiante). 
����IMPORTANTE ���� Distinção entre validade, vigência e eficácia. 
a) Validade: qualidade da norma por terem sido obedecidas as condições 
formais e materiais para sua produção. Validade Formal: norma produzida 
por autoridade legítima e competente (competência para elaboração da 
lei), além da tramitação pelo devido processo legislativo e consequenteintegração no sistema jurídico da sociedade. Validade Material: diz respeito 
ao conteúdo da norma; se está de acordo com nosso sistema jurídico (ex.: 
respeito à Constituição). 
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b) Vigência: deriva da expressão latina vigentia (do verbo vigere, vigens – 
estar em voga, vigorar), que significa a qualidade de vigente, o tempo durante 
o qual uma coisa vige ou vigora. Refere ao intervalo de tempo em que a norma 
jurídica está legalmente autorizada a produzir seus efeitos. É o período de 
vida da lei, que vai do momento em que ela entra em vigor (passa a ter força 
vinculante; início da obrigatoriedade) até o momento em que é revogada, ou 
em que se esgota o prazo prescrito para sua duração (lei temporária). Lei em 
vigor é a que se mantém em voga, para ser efetivamente aplicada aos casos 
sob o seu regime. Como veremos a seguir, uma lei pode ter sido publicada e 
ainda não estar vigorando, pois a própria lei marcou um prazo para que ela 
entre em vigor (vacatio legis). Outro tópico interessante aqui é a diferença 
entre vigência e vigor. Como vimos, vigência está relacionada com o período 
de vida da lei; já vigor está relacionado com a força vinculante da lei. 
Observem o art. 2°, LINDB, que aprofundaremos mais adiante: “Não se 
destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique 
ou revogue”. 
c) Eficácia (ou efetividade): refere-se aos efeitos ou consequências da 
norma jurídica; é a qualidade da norma que está em vigor no tocante à 
possibilidade de produção de efeitos concretos, seja porque foram 
cumpridas as condições exigidas para isso (eficácia jurídica ou técnica), seja 
porque estão presentes as condições fáticas exigíveis para sua observância, 
espontânea ou imposta, ou para a satisfação dos objetivos pretendidos. Neste 
último caso leva-se em conta se a lei atende aos anseios da sociedade e se os 
destinatários da norma a estão cumprindo (eficácia social da norma). No 
entanto, na prática, como veremos, as pessoas não podem se eximir do 
cumprimento de suas disposições. 
Quase todas as leis que entram em vigor, também possuem eficácia. No 
entanto, há normas que foram editadas, mas ainda não foram 
regulamentadas. Já outras exigem que o Estado crie um órgão que viabilize 
sua execução. Portanto, pode ocorrer que uma lei seja válida e possua vigência 
(já está vigorando), estando apta a produzir efeitos, porém ainda não tenha 
eficácia (não produzindo efeitos concretos), pois depende da prática de algum 
ato por parte do Estado. 
REGRAS DA LINDB SOBRE O INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE 
PRIMEIRA REGRA. Salvo disposição em contrário, uma lei começa a vigorar, 
em todo o País, quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada 
(art. 1°, caput, LINDB). Essa regra não é absoluta. Na prática quase todas 
as leis contêm em seu texto disposição que elas entram em vigor “na data de 
sua publicação”. 
O espaço compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigor 
(quando há esse espaço de tempo) denomina-se vacatio legis. Trata-se de 
uma expressão latina, muito comum em concursos, que significa “vacância da 
lei”. Geralmente este prazo é estabelecido para melhor divulgação dos textos 
legais antes que eles entrem em vigor e se tornem obrigatórios e para que os 
órgãos da administração se aparelhem melhor ao novo texto legal. Enquanto 
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não transcorrido esse período, a lei nova, ainda que já publicada, não tem 
força obrigatória ou vinculante. Observem: a norma é válida, mas ainda não é 
vigente. 
Notem que esse mesmo dispositivo também consagrou o princípio da 
vigência sincrônica (sincronismo significa ao mesmo tempo) ou sistema 
simultâneo (princípio da simultaneidade ou prazo único). Ou seja, a lei entra 
em vigor a um só tempo em todo o território nacional (portanto, não há 
vigência progressiva da lei). Trata-se de um prazo único para todo País (45 
dias após a sua publicação oficial), sendo simultânea a sua 
obrigatoriedade. 
Quanto ao prazo de vacatio legis, as leis podem ser classificadas em: 
a) Lei com vacatio legis expressa: a própria lei faz referência ao seu 
período de vacatio. O melhor exemplo é o atual Código Civil, que prevê em 
seu art. 2.044: “Este Código entrará em vigor um ano após a sua 
publicação”. 
b) Lei com vacatio legis tácita: o texto da lei é omisso em relação ao 
momento em que ela entra em vigor; neste caso ela passará a vigorar 45 
dias após a publicação; é a regra teórica do art. 1°, caput, LINDB (raríssimo 
de se encontrar na prática). 
c) Lei sem prazo de vacatio legis: a lei entra em vigor na data de sua 
publicação, devendo esta frase constar de seu texto. 
����Art. art. 8°, da Lei Complementar n° 95/98 (com texto modificado pela 
Lei Complementar n° 107/01 e regulamentada pelo Decreto n° 4.176/02, que 
dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, 
conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal): “A 
vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar 
prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a 
cláusula entra em vigor na data de sua publicação para as leis de pequena 
repercussão”. 
 Resumindo: uma lei pode entrar em vigor na data de sua publicação ou 
em outra data mais à frente, desde que haja previsão expressa no seu texto. 
Isto é assim devido à importância ou urgência de determinada lei e a maior ou 
menor dificuldade de adaptação da sociedade a esta nova lei. Somente quando 
não houver expressa disposição na própria lei acerca da data em que ela 
entrará em vigor (omissão proposital da lei), aí sim, ela entrará em vigor em 
45 dias após a publicação. 
SEGUNDA REGRA. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei 
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente 
publicada (art. 1°, §1° da LINDB). Isto é, se uma lei for editada no Brasil, mas 
para surtir efeitos no estrangeiro (em geral quando cuida de atribuição de 
ministros, embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional, etc.) e 
esta lei for omissa quanto à data que entrará em vigor (a data de sua vigência 
efetiva), esta lei somente entrará em vigor 03 (três) meses após a sua 
publicação. 
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���� Atenção ���� Como vimos, a regra (teórica) quanto ao prazo para uma lei 
começar a vigorar em todo País é de 45 dias depois de oficialmente publicada; 
já o prazo para vigorar nos Estados estrangeiros é de 03 meses (e não 90 dias 
como às vezes eu vejo cair em concursos, como uma forma de “pegadinha”). 
Parece ser óbvio, mas é importante deixar claro que para o Direito, 03 meses é 
prazo bem diferente do que 90 dias! Há um “macete” bem manjado para 
não fazer confusão: esTRangeiro = TRês meses. 
TERCEIRA REGRA. Uma lei pode ter sido publicada com algum erro 
substancial, implicando em uma divergência de aplicabilidade (geralmente 
são erros materiais ou falhas de ortografia). O art. 1°, §3° da LINDB determina 
que “se antes de entrar em vigor ocorrer nova publicação desta lei, 
destinada à correção de seu texto, o prazo deste artigo e dos parágrafos 
anteriores começará a correr da nova publicação”. Exemplo: uma lei foi 
publicada em determinado dia e é omissa em relação ao dia que entrará em 
vigor. Assim, somente entrará em vigor 45 dias após a publicação. Vinte dias 
depois de publicada (portanto ainda estamos no curso do prazo de vacatiolegis), alguém notou que houve um erro no texto da lei. Desta forma ela deve 
ser republicada. E aquele prazo de 45 dias recomeça a contar; inicia-se 
novamente a contagem do prazo de vacatio a partir do dia da republicação da 
lei. Notem que continua sendo a mesma lei. 
QUARTA REGRA. As emendas e correções de texto de lei que já tenha 
entrado em vigor consideram-se lei nova (art. 1°, §4°, LINDB). Exemplo: uma 
lei foi publicada, cumpriu o prazo de vacatio legis e entrou em vigor. Alguns 
dias depois, um erro foi notado. Neste caso, quando houver a “republicação”, 
esta será considerada como lei nova. No entanto, para haver esta 
“republicação de correção”, é necessário um novo processo legislativo, pois 
se trata de lei nova. Os direitos adquiridos na vigência da lei emendada serão 
resguardados. Admite-se que o Juiz ao aplicar determinada lei corrija um 
evidente erro ortográfico, mas ele não pode alterar erros substanciais, que 
podem alterar o sentido da norma; nesse caso é imprescindível a edição de 
uma nova lei. 
 Resumindo: norma corretiva 
• Correção antes da publicação →→→→ a norma pode ser corrigida sem 
maiores problemas. 
• Correção após a publicação e durante a vacatio →→→→ trata-se da 
mesma lei; sendo o texto republicado por incorreção, conta-se novo 
prazo de vacatio, a partir da republicação (veja mais abaixo a “questão 
polêmica). 
• Correção após entrar em vigor →→→→ a lei somente pode ser corrigida 
mediante a edição de uma nova lei, após o trâmite do devido processo 
legislativo. 
� Questão Polêmica � Digamos que uma lei esteja no período de vacatio 
legis e quase no final do prazo ela foi republicada com algumas modificações. 
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Pergunta-se: a lei inteira deve cumprir novo prazo de vacatio? Ou aplica-se o 
novo prazo de vacatio apenas àquilo que foi modificado pela nova publicação? 
A professora Maria Helena Diniz, em sua obra, “Lei de Introdução ao Código 
Civil Interpretada” (Ed. Saraiva – 13a Edição - 2007), pondera que: “Se apenas 
uma parte da lei for corrigida o prazo recomeçará a fluir somente para a 
parte retificada, pois seria inadmissível, no que atina à parte certa, um prazo 
de espera excedente ao limite imposto para o início dos efeitos legais, salvo 
se a retificação afetar integralmente o espírito da norma” (grifos meus). 
Portanto, diante dessa situação, devemos analisar cada caso em concreto. Se a 
parte corrigida afetar a norma de uma forma geral, a lei inteira deve esperar o 
novo prazo de vacatio. Mas se a parte corrigida não afetar o espírito da lei, ou 
for independente em relação a ela, nada impede que a lei entre em vigor, 
excetuada a parte que foi modificada, recomeçando-se o prazo de vacatio 
apenas naquilo que foi modificado. 
���� Importante ���� Contagem do prazo da vacatio 
Conforme o art. 8°, §1° da LC n° 95/98, o prazo de vacatio legis conta-
se: incluindo-se o dia do começo (ou seja, o dia da publicação da lei) e 
também do último dia do prazo (que é o dia do seu vencimento). Assim, a lei 
entrará em vigor no dia subsequente a sua consumação integral (ainda 
que se trate de domingo ou feriado), ou seja, no dia seguinte ao último dia de 
prazo. 
 Observação. Vale mencionar que não há vacatio legis em caso de atos 
normativos administrativos (decretos, resoluções e regulamentos) cuja 
obrigatoriedade é determinada na data de sua publicação (salvo se eles 
dispuserem de forma diversa), pois em tese tratam de temas de “pequena 
repercussão”. Assim, na omissão de quando essas espécies normativas 
entrarão em vigor, isto ocorrerá na data da sua publicação. 
FIM DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS 
Não se destinando à vigência temporária, uma lei terá vigor até que 
outra a modifique ou a revogue. É o que dispõe o art. 2°, caput, LINDB. 
Regra Geral →→→→ A lei tem caráter permanente e irá perdurar até a sua 
revogação. Isto é, uma lei não tem um prazo certo para vigorar; ela 
permanece em vigor enquanto não for modificada ou revogada por outra lei 
(eficácia contínua). O desuso não implica em perda de vigência. 
No entanto, algumas leis são expedidas com prazo de duração. Nestes 
casos a lei possui vigência temporária. Ex.: lei que concede favores fiscais 
durante 10 anos às indústrias que se instalarem em determinada região; 
racionamento de combustível durante a guerra; Imposto/Contribuição 
Provisória sobre Movimentações Financeiras (IPMF, CPMF), Leis Orçamentárias, 
etc. Tais normas desaparecem do ordenamento jurídico com o decurso do 
prazo estabelecido ou quando ela já cumpriu os objetivos a que se propôs 
(Ex.: lei que se destina alojar, de forma temporária, em escolas públicas, 
pessoas desabrigadas por causa de uma inundação). Assim, lei temporária é 
a que nasce com termo prefixado de duração ou com um objetivo a ser 
cumprido. A lei já nasce com um prazo para perder sua vigência. Contudo, não 
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se fixando um prazo determinado, prolonga-se a obrigatoriedade da norma 
(princípio da continuidade) até que ela seja modificada ou revogada por 
outra. 
Revogar (do latim revocatio, revocare = anular, desfazer, desvigorar) é 
tornar sem efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica, retirando a sua 
obrigatoriedade. Uma lei somente pode ser revogada por outra lei de 
hierarquia igual ou superior (portanto, ela não pode ser revogada por decretos, 
portarias, resoluções, regulamentos, etc.). Podem ser revogadas as leis, os 
regulamentos, as portarias, as cláusulas contratuais, etc. O art. 2°, §1°, LINDB 
dispõe que a lei posterior revoga a anterior em três situações: 
1) quando expressamente assim o declare; 
2) quando seja com ela incompatível; 
3) quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
Podemos classificar a revogação quanto à extensão em: 
a) Total (ou ab-rogação): quando a lei nova regula integralmente a 
matéria da lei anterior, ou quando existe incompatibilidade (explícita ou 
implícita) entre as leis. A norma anterior perde sua eficácia em sua totalidade. 
b) Parcial (ou derrogação): quando torna sem efeito apenas uma parte 
da lei ou norma, permanecendo em vigor todos os dispositivos que não foram 
modificados. 
A revogação ainda pode ser classificada quanto à forma de execução: 
a) Expressa (ou por direta): quando a lei nova taxativamente declara 
revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende suprimir (art. 
2°, §1°, primeira parte da LINDB). Seria interessante que todas as leis 
dissessem exatamente o que estão revogando. Mas isso não ocorre muito na 
prática. O art. 9° da LC n° 98/95, com a redação da LC n° 107/01, determina 
que “a cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou 
disposições legais revogadas”. 
b) Tácita (por via indireta ou oblíqua): quando a lei posterior é 
incompatível com a anterior e não há disposição expressa no texto novo 
indicando a lei que foi revogada. Diz o art. 2°, §1°, segunda parte da LINDB, 
que ocorre a revogação tácita quando seja com ela incompatível (revogação 
tácita por incompatibilidade) ou quando regule inteiramente a matéria que 
tratava a lei anterior (revogação tácita global). 
���� ATENÇÃO ���� Embora haja muita controvérsia a respeito, a ESAF entende 
que a expressão contida em algumas leis “revogam-se as disposições em 
contrário”, é uma forma de revogação expressa. Na prova do MDIC 
(analista de comércio exterior), realizada em 2012, o examinador considerou 
correta a afirmação: “a revogação expressa pode também ser geral, 
compreensiva e aplicar-se a todas as disposições contrárias, sem 
individualização”.Houve recurso, mas a questão não foi anulada! 
 
 
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 Observações 
01) As espécies de revogação podem ser “combinadas”. Ou seja, a 
revogação expressa pode ser total (a nova lei diz que está revogando toda a lei 
anterior) ou parcial (a nova lei aponta apenas um ou dois artigos que está 
revogando da lei velha). E a revogação tácita também pode ser total ou 
parcial. 
02) Irrevogabilidade. Algumas matérias estabelecidas na Constituição 
Federal (art. 60, §4°) não podem ser objeto de revogação, nem mesmo 
mediante Emenda Constitucional. São as chamadas cláusulas pétreas: forma 
federativa do Estado, voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos 
Poderes e os direitos e garantias individuais. 
03) No mundo jurídico pode ocorrer a seguinte hipótese: uma Lei X está 
vigorando normalmente. Algum tempo depois é promulgada uma Emenda 
Constitucional (que ficará fazendo parte da própria Constituição – trata-se do 
Poder Constituinte Derivado ou Reformador). Com isto, aquela Lei X se tornou, 
digamos, “inconstitucional”. Quando isso ocorre dizemos que houve a “não-
recepção da lei pela nova ordem constitucional” ou que a lei “perdeu o 
seu fundamento de validade”. 
 Curiosidade. A perda de eficácia pode também decorrer da decretação 
de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, cabendo ao Senado 
suspender-lhe a execução. Embora não seja nossa matéria, vamos aprofundar 
este tema um pouco mais... No Brasil temos basicamente dois métodos de 
controle de constitucionalidade: difuso e concentrado. 
O controle difuso (também chamado de via de defesa ou via de 
exceção, controle aberto ou concreto) pode ser exercido por qualquer órgão do 
Poder Judiciário. Uma pessoa se sentindo lesada ou na iminência de ser 
prejudicada por uma lei e entendendo estar ela fora dos limites legais, ingressa 
com uma ação ou contesta esta ação (civil, trabalhista, penal, etc.) em 
primeira instância e argui, de forma incidental, a inconstitucionalidade da lei. O 
órgão competente para julgar a questão principal terá também competência 
para julgar a questão incidental (a decisão sobre a constitucionalidade será 
uma questão incidental ao objeto principal do processo). Mesmo que esta ação 
chegue ao Supremo Tribunal Federal, a decisão dele não terá efeito extensível 
a todos (erga omnes). A decisão vincula apenas as partes envolvidas no 
processo (inter partes). Por isso, o Senado, através da espécie normativa 
"resolução", estenderá os efeitos da decisão declaratória da 
inconstitucionalidade, proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Esta Resolução 
é que irá suspender a execução da norma (consultem o art. 52, X, CF/88). 
Já o controle concentrado (também chamado de reservado, abstrato 
ou por via de ação direta) é exercido por apenas um órgão: o Supremo 
Tribunal Federal, que é o "guardião da Constituição". O pedido é 
feito diretamente ao STF com a intenção única de declaração de 
(in)constitucionalidade. Portanto, a finalidade deste processo é viabilizar o 
julgamento da validade da lei em tese (daí ser abstrato) e não da relação 
jurídico-processual. A declaração de inconstitucionalidade no controle 
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concentrado resultará em eficácia erga omnes da decisão, ou seja, extensivo a 
todos. Neste caso a própria decisão do STF já produz este efeito de imediato. 
Exemplo: o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o §1° do art. 
66 do Código Civil. Este dispositivo afirmava que se uma Fundação funciona no 
Distrito Federal, quem a fiscaliza é o Ministério Público federal (enquanto nos 
Estados-membros a fiscalização é do Ministério Público estadual). O Supremo 
declarou que neste caso o órgão fiscalizador é o próprio Ministério Público 
Distrital. 
 Este tema deve ser aprofundado no Direito Constitucional. Ele não pertence 
ao Direito Civil; estamos apenas “dando uma panorâmica”. 
����Expressões Importantes ���� 
1) Atividade: é o fenômeno jurídico pelo qual a lei regula todas as 
situações durante o seu período de vida (vigência). É a regra em nosso Direito. 
2) Extra-atividade: ocorre quando uma lei regula situações fora do seu 
período de vigência. Trata da exceção em nosso Direito. A extra-atividade pode 
abranger situações passadas e/ou futuras. Portanto, possui duas espécies: 
a) Retroatividade: a lei regula situações que ocorreram antes do 
início de sua vigência. 
b) Ultra-atividade: a lei foi revogada, mas continua sendo aplicada 
em relação aos fatos ocorridos durante o prazo em que esteve em 
vigor. 
REPRISTINAÇÃO 
Repristinar (do latim: re: fazer de novo, restaurar; pristinus: anterior; 
vigência) significa reconstituir, restituir ao valor, caráter ou estado primitivo, 
restaurar. Na ordem jurídica repristinação é o restabelecimento da eficácia de 
uma lei anteriormente revogada. Preceitua o art. 2°, §3° da LINDB que a lei 
revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo 
disposição em contrário. Ex.: Se a Lei “A” é revogada pela Lei “B” e 
posteriormente a Lei “B” é revogada pela Lei “C”, não se restabelece a vigência 
da Lei “A”. No Brasil não há repristinação ou restauração automática da lei 
velha, se a lei mais nova foi revogada. Isso somente é admissível quando a 
nova lei (no exemplo acima a Lei “C”) determinar expressamente que a lei 
anterior (no caso a Lei “A”) retome sua vigência. 
Resumindo: a regra é a não repristinação; no entanto excepcionalmente a lei 
revogada pode ser restaurada desde que haja disposição expressa para tanto. 
 Doutrina. Repristinação X Efeito Repristinatório 
A despeito da semelhança são vocábulos com significação diversa. 
Repristinação é um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em 
vigor de uma norma efetivamente revogada, pela revogação da norma que a 
revogou (nosso ordenamento só admite essa situação de forma expressa). 
Observem que as duas normas anteriores vigoraram normalmente e 
produziram efeitos regulares até serem revogadas. Já efeito repristinatório 
advém do controle de constitucionalidade, por meio da atuação do Poder 
Judiciário. Ex.: foi editada a Lei "A". Posteriormente foi editada a Lei "B" que 
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revogou a lei “A”. Tempos depois, a Lei "B" foi considerada inconstitucional 
pelo Supremo Tribunal Federal. Neste caso a Lei "A" volta a vigorar. Na 
realidade a doutrina costuma afirmar que não é que ela “volta a vigorar”. É 
que com a declaração de inconstitucionalidade da revogadora, ela nunca 
deixou de vigorar... Essa tese é embasada no fato de que a decisão que 
reconhece a inconstitucionalidade é declaratória de nulidade, ou seja, a 
declaração irá retroagir desde a edição da lei, como se ela nunca tivesse 
existido no mundo jurídico. Com isso, como a norma já “nasceu nula” 
(declarada inconstitucional de forma retroativa), não poderia revogar a 
anterior validamente. Portanto, efeito repristinatório é a reentrada em vigor 
de norma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que 
revogou outra é declarada inconstitucional. 
Resumindo. Na repristinação temos a vigência de três atos normativos, todos 
eles válidos. No efeito repristinatório temos duas leis e uma decisão judicial; a 
lei posterior não revogou validamente a anterior, diante da sua declaração de 
inconstitucionalidade pelo STF, que é retroativa (efeito ex tunc). Obs.: ficar a 
atendo quanto à forma de elaboração da questão,pois os próprios 
examinadores podem confundir os conceitos. 
� E se uma lei temporária (“A”) revogar a lei “B” sem que nela haja 
declaração expressa da repristinação da lei revogada? Entende-se que não 
ocorre a repristinação, pois esta somente ocorre se houver previsão 
expressa. Como a lei temporária não dispôs expressamente sobre o assunto, 
ambas as leis perderam sua vigência: a Lei “B” porque foi revogada; a Lei “A” 
porque era temporária. 
LEIS GERAIS E ESPECIAIS 
Outro item que vem caindo muito em concursos é a regra disposta no 
art. 2°, §2° da LINDB: “a lei nova que estabeleça disposições gerais ou 
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”. Este 
dispositivo consagrou o que se costuma chamar de Princípio da Conciliação. 
Explicando. Lei geral é a que aborda todo um ramo específico do Direito 
(ex.: Código Civil). Norma especial é aquela que tem um conteúdo 
especializado dentro de certo ramo (ex.: Lei do Inquilinato, do Condomínio, 
etc., em relação ao Código Civil). Como regra a norma geral não revoga a 
especial e a norma especial não revoga a geral. Quando a lei especial regula 
determinada matéria que também está prevista num Código, contendo outras 
disposições a mais que não se encontram no Código e que não contradizem o 
novo direito, ambas continuam em vigor; coexistem. No entanto a norma 
especial pode revogar a geral quando dispuser sobre esta revogação de forma 
explícita ou implícita, momento em que regula a mesma matéria que a geral, 
modificando o seu conteúdo. Vejamos: uma lei, que regula determinado 
assunto de forma genérica está vigorando normalmente. Posteriormente 
outra lei sobre este mesmo assunto é editada regulando e trazendo alguns 
aspectos especiais, aprofundando o tema. Ora, este fato, por si só, não faz 
com que a primeira lei seja revogada ou modificada. As duas leis podem 
coexistir normalmente. Somente se o texto de uma delas for totalmente 
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incompatível com o da outra é que será hipótese de revogação. As situações 
devem ser analisadas caso a caso. 
Exemplo clássico: o Código Civil trata no art. 1.711 e seguintes, 
disposições sobre o bem de família de uma forma geral. No entanto a Lei n° 
8.009/90 também trata deste tema. Qual lei deve ser aplicada? Se cotejarmos 
os textos de ambas as leis, veremos que eles não são antagônicos entre si. 
Uma lei completa a outra. Uma é especial em relação à outra, sendo que não 
há incompatibilidade entre seus dispositivos. A lei especial apenas introduziu 
uma exceção ao princípio geral. Portanto ambas coexistem e vigoram 
normalmente. E o intérprete deve associá-las, acomodá-las, sintonizá-las, 
aplicando-as em cada caso concreto. 
CONFLITO DAS NORMAS NO TEMPO 
Quando uma norma é modificada por outra e já se haviam formado 
relações jurídicas na vigência da lei anterior, podem surgir conflitos. Qual 
norma deve ser aplicada a um caso concreto? O chamado direito 
intertemporal visa solucionar estes conflitos entre as normas. Para tanto são 
usados dois critérios: a) disposições transitórias; b) princípio da 
irretroatividade das leis. 
A) DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS (ou direito intertemporal). A lei, para 
evitar eventuais e futuros conflitos, em seu próprio corpo, geralmente ao 
final, pode estabelecer regras temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre 
a nova lei e a antiga, conciliando a nova lei com as relações já definidas pela 
norma anterior. Observem que o próprio Código Civil em vigor contém um 
Livro Complementar, chamado “das disposições finais e transitórias” (arts. 
2.028 até 2.043). Em seu corpo percebe-se que há uma série de regras, sendo 
que algumas delas autorizam a aplicação do Código anterior (mesmo já 
revogado, continua produzindo efeito: ultra-atividade). Observem o art. 2.038 
do atual Código. Ele determina que um capítulo inteiro do Código anterior 
continue sendo aplicado em relação às enfiteuses (tema do Direito das Coisas). 
B) IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. Etimologicamente retroatividade quer 
dizer atividade para trás, ou seja, produção de efeitos em situações passadas. 
Juridicamente, podemos dizer que uma norma retroage quando ela vigora, não 
somente a partir de sua publicação, mas, ainda, regula certas situações 
jurídicas que vêm do passado. Na realidade uma lei é expedida para disciplinar 
fatos futuros, a partir de sua vigência. A vigência de uma lei se estende, como 
já dissemos, desde o início de sua obrigatoriedade até o início da 
obrigatoriedade de outra lei. A regra no Brasil é a irretroatividade das 
leis, ou seja, elas não se aplicam às situações constituídas anteriormente. 
Trata-se de um princípio que visa dar estabilidade e segurança ao 
ordenamento jurídico preservando situações já consolidadas sob a lei antiga, 
em que o interesse particular deve prevalecer. 
No entanto, há casos em que a lei nova pode retroagir ao passado, 
alcançando consequências jurídicas de fatos efetuados sob a égide de lei 
anterior. Em regra, deve prevalecer o princípio da irretroatividade. Há um 
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duplo fundamento: constitucional e infraconstitucional. O art. 5°, XXXVI, CF/88 
prevê que “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada”. E, de forma parecida, prevê o art. 6°, LINDB 
que: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico 
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. 
Observem que a cláusula de irretroatividade da lei nova convive com 
outro preceito de direito intertemporal, que é o da eficácia imediata e geral 
da lei nova. Isto quer dizer que a lei nova atinge os casos pendentes e 
futuros que se realizarem já sob sua vigência, não abrangendo os fatos 
passados. Em latim dizemos: tempus regit actum (o tempo rege o ato). Ou 
seja, a lei que incide sobre um determinado ato é a do tempo em que este ato 
se realizou. Vamos agora dar um exemplo bem simples, muito citado na 
doutrina sobre esse efeito geral e imediato de uma lei. Como sabemos, 
atualmente a maioridade civil é de 18 anos. Digamos que uma lei reduza a 
maioridade para 16 anos. Neste caso, todos aqueles que atingiram essa idade 
serão reconhecidos como maiores imediatamente. Por outro lado, se a lei 
aumentar o limite para 21 anos, será respeitada a maioridade dos que já 
haviam completado 18 anos na data da entrada em vigor da lei nova. E se uma 
pessoa tinha 17 anos, 11 meses e 27 dias terá que aguardar o momento em 
que completará 21 anos... 
Vejamos agora o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
1) ATO JURÍDICO PERFEITO 
Segundo o art. 6°, §1°, LINDB “reputa-se ato jurídico perfeito o já 
consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou”. Ou seja, na 
ocasião da prática do ato todas as formalidades exigidas pela lei foram 
rigorosamente obedecidas e em razão disso o ato não pode ser alterado pela 
existência de lei posterior. 
2) DIREITO ADQUIRIDO 
Segundo o art. 6°, §2°, LINDB, “consideram-se adquiridos os direitos 
que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo 
do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a 
arbítrio de outrem”. Assim, direito adquirido é o que já se integrou ao 
patrimônio e à personalidade de seu titular, podendo ser exercido a qualquer 
momento. Para ser considerado “direito adquirido” são necessários dois 
requisitos: a) existência de um fato; b) existência de uma norma que faça do 
fato originar-se direito. Enquanto não estiverem presentes estes elementos 
não há direito adquirido,mas “expectativa de direito”. Ex.: pessoa que já se 
aposentou e a lei modifica posteriormente o prazo para a aposentadoria, 
ampliando-o; a pessoa não será obrigada a voltar a trabalhar para completar o 
novo prazo, pois quando se aposentou a regra era aquela. 
3) COISA JULGADA 
Segundo o art. 6°, §3°, LINDB “chama-se coisa julgada ou caso julgado 
a decisão judicial de que já não caiba recurso” (transitou em julgado). Para 
alguns autores coisa julgada é a qualidade dos efeitos da decisão, no sentido 
de lhes traduzir imutabilidade. A decisão que estabelece o direito de um dos 
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litigantes pressupõe uma verdade, que se torna irrevogável e irretratável. 
Assim, uma lei nova não pode alterar aquilo que já foi apreciado em definitivo 
pelo Poder Judiciário. É interessante acrescentar que mesmo após o trânsito 
em julgado de uma decisão, ela ainda pode ser modificada, por meio de uma 
revisão criminal ou ação rescisória. No entanto estes expedientes não são 
recursos, mas ações autônomas. 
� Questão de Atualidade. Há forte tendência material e processual em 
apontar a relativização da coisa julgada, em especial nos casos envolvendo 
ações de investigação de paternidade julgadas improcedentes por ausência de 
provas em momento em que não existia o exame de DNA. O Supremo Tribunal 
Federal já apreciou essa hipótese e concedeu o direito de rediscutir a matéria 
(a votação foi apertada) afirmando que “houve evolução nos meios de prova e 
que a defesa do acesso à informação sobre a paternidade deve ser protegida, 
pois se insere no conceito de direito da personalidade”. 
����Há direito adquirido contra normas constitucionais? 
Para responder a esta indagação, primeiro precisamos mencionar que, 
observando os fatos jurídicos e relacionando-os cronologicamente de acordo 
com a produção de efeitos, eles podem ser classificados como: 
a) fatos pretéritos: são os que se constituíram na vigência de uma lei e 
tem seus efeitos produzidos durante sua vigência. 
b) fatos pendentes: são os que foram constituídos na vigência de uma lei 
anterior e ainda não produziram todos os seus efeitos nela. 
c) fatos futuros: são os que ainda não foram gerados. 
Precisamos agora esclarecer que a doutrina reconhece a existência de três 
graus de retroatividade: 
a) retroatividade máxima (ou restitutória): a lei ataca fatos pretéritos 
consumados. Verifica-se quando a lei nova prejudica a coisa julgada ou os 
fatos jurídicos já consumados (ato jurídico perfeito e o direito adquirido). 
b) retroatividade média: a lei nova atinge os efeitos pendentes de atos 
jurídicos verificados antes dela (ex.: a lei nova atinge as prestações vencidas 
de um contrato, mas que ainda não foram pagas). 
c) retroatividade mínima (temperada ou mitigada): a lei nova atinge 
apenas os efeitos dos fatos anteriores, verificados após a data em que ela 
entra em vigor (ex.: prestações futuras de contratos firmados antes do 
advento da nova lei). 
O Supremo Tribunal Federal, antes da Constituição de 1988, chegou a se 
manifestar no sentido de que “não há direito adquirido contra texto 
constitucional, resulte ele do Poder Constituinte Originário ou Derivado”. Neste 
sentido, dizia Pontes de Miranda que “contra a Constituição nada prospera, 
tudo fenece”. 
Atualmente o STF vem se posicionando no sentido de que as normas 
constitucionais, mesmo as emanadas do poder constituinte originário, possuem 
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retroatividade mínima. No entanto, nesse caso, nada impede que tenham 
retroatividade média e máxima, desde que expressamente previsto na própria 
Constituição. 
 Concluindo 
Regra 01 →→→→ as normas constitucionais possuem retroatividade mínima, 
aplicando-se a fatos ocorridos a partir de seu evento (fatos futuros), ainda que 
relacionados a negócios celebrados no passado (fatos pendentes). 
Regra 02 →→→→ as Emendas Constitucionais (poder constituinte derivado 
reformador), Constituições Estaduais (poder constituinte derivado decorrente) 
e todas as demais leis infraconstitucionais estão sujeitas à observância do 
princípio constitucional da irretroatividade das leis (art. 5°, XXXVI: lei em 
sentido amplo), com algumas exceções (ex.: lei penal nova que beneficie o 
réu). 
Exceção →→→→ uma norma, fruto do poder constituinte originário pode ter 
retroatividade máxima ou média, desde que haja previsão expressa neste 
sentido. 
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS 
Na realidade as leis deveriam ser sempre claras e precisas. Mas é difícil 
encontrar uma “lei perfeita”. Além disso, segundo a doutrina majoritária, até 
mesmo as leis claras podem ser objeto de atuação do intérprete. Não se aplica 
mais o brocardo in claris cessat interpretatio (na clareza, cessa a 
interpretação). Ora, o que é claro para um julgador, pode não ser para outro. 
Além disso, o tempo e o contexto mudam com frequência, ou seja, o que é 
claro num momento e em determinada situação, pode não ser em outro 
momento ou situação. Concluindo: a interpretação não é mera opção, mas 
uma necessidade! 
No entanto, aparecendo uma ambiguidade no texto, má redação, 
imperfeição ou falta de técnica, haverá a atuação do intérprete, para pesquisar 
o verdadeiro sentido que o legislador quis estatuir. Trata-se da mens legis (ou 
intenção da lei). Surge então a hermenêutica, que é a teoria científica da arte 
de interpretar: descobrir o sentido da norma jurídica e fixar o seu alcance. 
Costumamos usar também o termo “exegese” para conceituar o 
esclarecimento, entendimento ou interpretação minuciosa de um texto legal, 
para a consequente aplicação do Direito. Ou seja, exegese é a aplicação 
prática das regras de hermenêutica. 
Existem vários métodos e critérios de interpretação das leis. Mas é 
importante deixar claro que todas essas espécies de interpretação não se 
operam de forma isolada; elas devem se completar, pois todas trazem 
alguma contribuição para a descoberta do sentido e alcance da norma. 
Vejamos: 
1. Quanto às Fontes ou Origem (ou quanto ao agente que a realiza) 
a) Autêntica: feita pelo próprio legislador aclarando, no próprio texto 
ou em outra espécie normativa, o sentido e o alcance da norma (um exemplo 
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muito citado é o art. 327 do Código Penal, em que o próprio legislador 
interpreta o sentido da expressão “funcionário público no âmbito penal”). 
b) Doutrinária (ou científica): feita pelos estudiosos da matéria em 
obras ou pareceres. 
c) Jurisprudencial: feita por nossos Juízes ou Tribunais ao decidirem 
um caso concreto que lhe é submetido a julgamento (ex.: um acórdão ou uma 
súmula do STJ ou STF). 
2. Quanto ao Método ou Meio utilizado 
a) Gramatical: são observadas as regras de linguística; examina-se o 
sentido das palavras ou as expressões usadas pelo legislador. É a mais pobre 
das técnicas. Usa-se, também, a expressão “interpretação literal”. 
b) Lógica (ou racional): busca-se, por meio de um raciocínio lógico, o 
significado da norma nos fatos e motivos políticos, históricos e ideológicos que 
culminaram na sua criação. 
c) Sistemática (ou orgânica): compara a lei considerando-a como 
parte integrante de todo um sistema jurídico (e não isolada no mundo 
jurídico); a norma deve ser analisada em seu conjunto (e não um dispositivo 
isolado) e pertencente a um sistema jurídico (e não de forma isolada). 
d) Ontológica: busca-se a essência da lei, sua razão de ser, a

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