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ÉTICA E PROFISSIONALISMO EM SERVIÇO
SOCIAL
UNIDADE 1 - ÉTICA E ONTOLOGIA
Antonia Marcia Araújo Guerra
Introdução
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Ética e Profissionalismo em Serviço Social! Nesta
primeira unidade compreenderemos o que é ética e ontologia do ser social. Para tanto, é fundamental
refletirmos sobre as bases sócio históricas constitutivas da ética.
Como o homem se distancia do ser natural (sua gênese), portanto de instinto, assim como o boi, a
cabra, a girafa, dentre outros, e se transforma em um ser social? Para refletirmos criticamente e
encontrarmos uma resposta, teremos muitos autores que nos apoiarão. No entanto, há uma em nossa
categoria de assistentes sociais que é central – Maria Lucia S. Barroco.
Descobriremos que a moral existe sem a ética, mas a ética não existe sem a moral. Mas, se é assim, por
que a ética é fundamental no campo da moral? É nessa perspectiva que entenderemos que a ética não é
abstrata: ela se realiza social e historicamente nas múltiplas relações.
Podemos identificar morais distintas na vida cotidiana que se expressam pelo modo de ser e pelas
relações e papéis sociais. Afinal de contas, quais são essas morais distintas? Será que cada uma delas
exige consciência e escolha ao tomarmos decisões? O homem não se reproduz isoladamente e nem
fora de contextos históricos e sociais. Nesse sentido, estudaremos a dimensão da sociabilidade
humana – para isso, o trabalho é central na vida do homem. Mas qual trabalho?
Essa pergunta sobre qual trabalho realmente é intrigante, pois dele conhecemos várias formas. Será que
todas contribuem para a humanização do homem? Para chegarmos a essas respostas, teremos que
estudar a capacidade teleológica do homem. E mais: precisamos conhecer sobre os três seres –
inorgânico, orgânico e social.
Como veremos, a categoria trabalho é central para a humanização do homem. Portanto, é necessário
pensarmos no atual modo de produção capitalista, que implica em alienação, fetiche E coisificação das
relações sociais. Vamos aproveitar, na unidade, para compreendermos melhor o que vemos a olhos nus
sobre a desumanização e o empobrecimento que se processa na vida humana.
A ideia do valor da liberdade deve martelar em nossas cabeças, pois como futuros assistentes sociais
precisamos reconhecê-la como categoria central constitutiva da práxis humana, que se institui nas
determinações sócio históricas.
Vamos começar? Bons estudos!
1.1 As bases sócio históricas de constituição da ética 
Para darmos conta das nossas indagações a respeito dos fundamentos da ética, precisamos pensar,
primeiro, por que ela existe e de onde ela vem.  A ética é própria das relações humanas. Por isso, faz
parte do campo da filosofia que estuda os valores, ao mesmo tempo em que é uma práxis humana.
Nesse sentido, Barroco (2007) afirma que a ética, a partir de discussão ancorada na Teoria Social de
Marx, 
trata-se de uma concepção apreendida teoricamente, a partir dos homens concretos em seu
processo de desenvolvimento histórico; por isso, é mais do que teoria; é explicitação de
possibilidades vinculadas a um projeto societário pautado pela realização da emancipação
humana. (BARROCO, 2007, p. 11)     
Se a ética existe por causa das relações humanas, qual é o fundamento das relações humanas? Isso só
é possível explicar pelo trabalho e pela relação permanente do homem com a natureza; logo, o homem
como ser histórico, que se auto constrói coletivamente.
Mas, antes de embarcarmos em reflexões aprofundadas sobre as atuais dimensões do ser social
(homem humanizado, de consciência, de liberdade, de escolhas na tomada de decisão, de
sociabilidade), precisamos nos reportar de onde o homem vem em sua origem, e como ele se
transforma no homem atual. Esse processo é muito bem demonstrado pelo filme “Guerra do fogo”. 
Quando pensamos na humanidade hoje, percebemos que ela deu saltos: não vivemos mais em
cavernas, nem comemos mais carne crua por não dominarmos o fogo –na verdade, até podemos comê-
la assim, mas por escolha nossa. A humanidade desenvolveu e aprofundou, ao longo dos séculos, a
relação entre homem e natureza e as relações humanas. Hoje, é perceptível que a nossa cultura favorece
o cozinhar da carne com diversos temperos, como o sal, e de modos variados. Quando comemos,
utilizamos gafo, faca, colher. Esse processo de sociabilidade tem origem no trabalho – que nos
humaniza, pois desenvolve o nosso paladar, a estética, o modo de ser, etc.
O homem descobriu que, para se proteger do frio, poderia matar um animal e extrair a pele para se
cobrir. Mas, para fazer isso, era necessário fazer uma arma. Tal processo, lento, cria valores e se chama
trabalho. Por isso o homem, apesar de ser um ser natural, é também um ser social. São essas relações
de constituição de sobrevivência que criam valores e, consequentemente, criam a humanidade. Noutras
palavras, é o próprio homem que se auto constrói por meio do trabalho. Então a humanidade, também,
se auto constrói, e o que chamamos de humanidade é o conjunto das relações humanas. Daí a
importância da ética na humanidade.
VOCÊ QUER VER?
A guerra do fogo (1981), dirigido por Jean-Jacques Annaud, mostra o início da
humanidade e nos faz entender a importância da sociabilidade e da cultura, pois
demonstra o modo de ser primitivo partindo do ser natural. Essa reflexão nos ajuda
a compreender que a humanidade é uma construção histórica.
Ao assistirmos ao filme, conseguimos abstrair sobre o processo de construção
humana, pois, na vida cotidiana e na correria do dia-a-dia, nossas capacidades são
limitadas pela falta de tempo: a vida é muito imediata e não temos tempo de parar e
“sair de si” – olhar a humanidade para além de nós mesmos. 
A própria construção do ser social é a construção da sociedade humana. A natureza não precisa do
homem – é o homem quem precisa da natureza. Com efeito, a natureza não depende do homem para
ser o que ela é. Mas o ser social (homem) depende da natureza, pois se constrói a partir dela e na
relação com outros seres da natureza.
Para compreendermos a relação do ser social com a natureza, vamos identificar as diversas dimensões
de seres existentes e a sua intrínseca relação: ser inorgânico, ser orgânico e ser social.
Essas três dimensões de seres – inorgânica, orgânica e social – estão em permanente movimento
contraditório. Cada ser tem uma legalidade própria, uma lei de funcionamento que não pode ser
transferida de um para o outro, pois são distintas.
O ser social se auto constrói, precisa da natureza e está em permanente relação com os demais seres.
Daí é possível afirmar que existe uma unidade entre os três seres: inorgânico, orgânico e social.
Quadro 1 - Quadro síntese dos seres: inorgânico, orgânico e social
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
É o homem que nomeia os bichos e tudo o que existe na natureza. Neste sentido, o mundo só existe
para o homem. Se o mundo existisse para os outros seres que constituem a natureza, o homem não
teria possibilidade alguma de dominá-los. Imagine: o homem consegue dominar o leão – mas o leão tem
mais força do que qualquer homem. Isso só é possível pelo trabalho e pela consciência, atributos
próprios do ser social.
A propósito, o trabalho vai permitir e viabilizar a construção humana, distinguindo-a, com isso, dos
demais seres da natureza, ou seja, dos seres orgânico e inorgânico. Portanto, o homem, ao mesmo
tempo em que é um ser natural, é também um ser social, que se constitui no processo de humanização.  
Esse desenvolvimento social e histórico, inerente ao próprio ser social favorecido na relação homem-
natureza, estabelece-se pela construção da consciência humana, que se dá através da ciência, por
exemplo. É por meio do trabalho que o homem se torna um ser consciente, por isso que a consciência é
um atributo do ser social, e é impossível pensarmos no desenvolvimento da ciência e da tecnologia sem
o trabalho.
Na medida em que adquire consciência, o homem projeta as finalidades daquilo que ele quer alcançar
por meio da relação com a natureza.Ou seja, por meio do concreto, ele desenvolve a sua capacidade
teleológica, que se dá exatamente pela capacidade de projetar aquilo que se quer alcançar. O ser social é
ser consciente, projetivo e com comunicação articulada, capaz de transmitir e captar conhecimento.  
Por isso, a ética é ontológica ao homem, pois se distancia de sua gênese de ser natural (animal como as
outras espécies) e se transforma em ser social, autoconstruído historicamente por meio da ética, da
cultura e do trabalho. Esses pressupostos são capacidades humanas, estruturais para a objetivação da
VOCÊ QUER LER?
Lukács (2012) diz que houve um salto ontológico que assinala a diferenciação do
homem com os demais seres naturais (orgânico e inorgânico). Este salto
ontológico sinaliza que o homem é capaz de trabalhar e falar, portanto é um ser de
cultura e de comunicação. Mas continua sendo um ser orgânico, porém
desenvolvendo atividades humanas e históricas, e é do trabalho que os homens
constroem a humanidade. Portanto, ele é um ser histórico, pois se constrói a si
mesmo.
O homem é um ser histórico – história, aqui, apreendida como o processo de
desenvolvimento do conjunto das forças produtivas, ou seja, o trabalho – e ao
mesmo tempo um ser social, pois atribui sentido para natureza e ele a descobre
para a sua própria existência. Descobrindo a natureza permanentemente por meio
do trabalho, o homem atribui sentido para sua própria reprodução e para a sua
própria existência.
consciência e da liberdade. 
É neste fundamento que a professora Maria Lucia Barroco (2009) afirma que a ética se traduz como um
determinado modo de ser, ou seja, a ética é típica do mundo humano. Assim, o fundamento da ética é
própria relação humana. 
1.1.1 Sociabilidade e liberdade 
Compreender os conceitos de sociabilidade e liberdade no âmbito da constituição da ética é
fundamental, pois são valores práticos que precisam ser analisados e vivenciados no âmbito da
convivência humana, bem como para pensar nos desafios de assegurá-los em uma sociedade marcada
por valores individualistas, próprios da gênese da (re)produção do sistema capitalista. 
 
1.1.1.1 Sociabilidade
A sociabilidade é um pressuposto do ser social, pois se constitui pelas formas históricas das relações
entre os homens: reciprocidade e relação mútua dos seres da mesma espécie, que praticam as mesmas
atividades e dependem uns dos outros para viver em sociedade.
A sociabilidade engloba formas de relações sociais que são históricas e distintas. Quão difícil, às vezes,
é saber que dependemos uns dos outros. Apesar do imediatismo da vida cotidiana, não percebemos os
meios mais visíveis dessa relação – como a família, por exemplo, fundamental para a reprodução do
homem na sociedade. Isso ocorre porque há uma disputa advinda de uma sociedade de propriedade
VOCÊ SABIA?
Há uma intrínseca relação da moral e da ética. Embora a moral exista sem a
ética, a ética não existe sem a moral, e por isso a ética é ontológica à moral. 
A moral é fundamental, necessária, construída pelos homens historicamente e
rege as relações humanas. O problema não é a moral em si, pois nem toda
moral é ruim: ela passa a ser ruim devido à concepção de mundo-homem que
se institui universalmente. Quando se universalizam valores para toda a
humanidade, há um problema porque, na atual sociedade, a moral que rege
hegemonicamente é a moral burguesa, que se materializa pelo individualismo,
pelas disputas, pela concorrência. É nesse sentido que a humanidade,
universalizando os valores da burguesia, coloca a moral burguesa no comando
da sociedade. 
individual (privada). O individualismo é um modo de ser veiculado pelo modo de produção capitalista
que rege a sociedade contemporânea. Esse grau de alienação humana nos distancia da consciência de
que somos partes um dos outros e que dependemos de todos os seres (orgânico, inorgânico e social).
Como vimos, a constituição do ser social requer o domínio da natureza e a criação de alternativas e
respostas sociais, o que decorre dos sentidos humanos. Com efeito, a humanidade só pode ser
alcançada desde que se aproprie das riquezas naturais e daquilo que foi construído socialmente pelo
trabalho. É só dessa forma que haverá o processo de humanização – que não se dará somente pela
concepção de sermos bonzinhos, voluntários, caridosos.
A humanização requer acesso à arte, à cultura, a viagens para conhecer o mundo, ao que refina a nossa
capacidade humana. Se humanizar é ter a capacidade de se apropriar daquilo que é socialmente
construído pelo trabalho. Assim, a sociabilidade representa as formas de relações sociais construídas
historicamente pelos homens, ou seja, os modos pelos quais os homens se relacionam entre si e com
os outros seres da natureza.  
A sociabilidade, portanto, é um dos valores aos quais se atribui uma riqueza estrutural para se afirmar a
humanidade – composta por consciência, sociabilidade, universalidade e liberdade. Todos esses
valores são motivações escolhidas no cotidiano, e isso é valoroso para humanidade como criação social
e histórica.
CASO
Para discutirmos sociabilidade nas relações atuais, é imprescindível refletir sobre
a nova sociabilidade mediada pela tecnologia, diferente de como era, por exemplo,
nas décadas de 1980 e 1990. Isso se dá pelo avanço das forças produtivas que
resulta no aprimoramento da tecnologia, o que, por sua vez, impacta e transforma
a sociabilidade dos homens. É fantástico podermos nos comunicar com outra
pessoa em qualquer lugar do mundo através do WhatsApp, do Facebook, do
Instagram (https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEU_pt-
BRBR828BR828&q=instagram&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwig9ZOnmrrmA
hUfFLkGHaloAPsQkeECKAB6BAgJECk). O que é danoso não são os avanços
da capacidade humana no desenvolvimento das tecnologias, nem as mudanças na
forma de sociabilidade, mas sim o que, na essência, é o empobrecimento humano
que se dá pela apropriação privada – o homem desenvolve a tecnologia através do
trabalho, mas perde a consciência disso pois não se enxerga no produto
produzido, causando um estranhamento daquilo que se constrói através do
trabalho. Esse processo de alienação pode parecer enigmático, quando na
realidade se dá justamente pela apropriação privada do trabalho humano.
https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEU_pt-BRBR828BR828&q=instagram&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwig9ZOnmrrmAhUfFLkGHaloAPsQkeECKAB6BAgJECk
As motivações que escolhemos no cotidiano se dão por valores morais. Assim, as nossas escolhas
quase sempre são feitas pela cultura existente, de modo imediato, e não pelos valores políticos
democráticos regidos no campo da ética. Daí a importância da ética para refletirmos a moral vigente, e
de modo consciente termos atitudes no cotidiano de acordo com os preceitos éticos que acreditamos. 
 
1.1.1.2 Liberdade
A liberdade é um pressuposto do ser social, pois o homem se auto constrói e, portanto, toma decisões. A
liberdade é a nossa capacidade de escolhas, dentro de condições objetivas. Agora, se essas escolhas
são conscientes ou não, é uma outra discussão que carece ser feita no campo da ética.  Não existe uma
ideia fatalista sobre o destino do homem: a ideia de predestinação cai por terra, quando
compreendemos que o homem se auto constrói historicamente e faz escolhas. A humanidade se
desenvolve exatamente pela sua capacidade de escolha.
O homem, enquanto ser social, é o único ser que cria possibilidades além daquilo que lhe é apresentado
em sua vida cotidiana. Assim, é um pressuposto do ser social a capacidade de fazer escolhas, bem
como ser responsável por elas. Com ênfase, o ser social, tendo consciência ou não disso, responderá
legal e socialmente pelas escolhas.
Mas há uma pergunta importante: como uma pessoa que nasce na pobreza absoluta – passa fome, não
tem acesso à escola, está em situação de rua – pode ter liberdade de escolhas? Nesse sentido, partimos
da ideia de que as condições objetivas precisam ser consideradas no desenvolvimento humano do
indivíduo, ou seja, o ser social não é isolado da realidade em que se desenvolve.Pensando nesses termos parece que não há lugar para a liberdade, que ela não passa de um
valor abstrato. No entanto, se entendemos que a existência e a ausência da liberdade não
são absolutas, é possível conceber a relação entre liberdade e não liberdade como uma
dialética que depende de uma série de fatores históricos, entre eles a capacidade humana de
transformar a realidade de acordo com projetos orientados pela liberdade. É por isso que a
apreensão da liberdade como capacidade humana é importante (BARROCO, 2007, p. 49).
A contribuição da vasta obra de Chauí revela sobretudo o modo de ser da ideologia burguesa nos
processos de alienação da humanidade. 
A ideologia burguesa, através de seus intelectuais, irá produzir ideais que confirmem essa
alienação, fazendo, por exemplo, com que os homens creiam que são desiguais por natureza
e por talento, ou que são desiguais por desejos próprios, isto é, os que honestamente
trabalham enriquecem e os preguiçosos, empobrecem. Ou, então, faz com que creiam que
são desiguais  por natureza, mas que a vida social, permitido a todos o direito de trabalhar,
lhes dá iguais chances de melhorar – ocultando, assim, que os que trabalham não são
senhores de seu trabalho e que, portanto, suas “chances de melhorar” não dependem deles,
mas de quem possui os meios e condições do trabalho (CHAUÍ, 1980, apud BARROCO, 2010,
p. 169-170).
A sociabilidade e a liberdade são pressupostos do ser social e valores imprescindíveis para a afirmação
da humanidade. O agir ético, portanto, requer do ser social consciência, liberdade, universalidade,
sociabilidade, capacidades humanas que ocorrem por meio do trabalho, na medida em que promove
autoconsciência como sujeito histórico. Em suma, não haveria humanidade sem esses valores, tendo
em vista que a humanidade é uma construção dos homens.
1.1.2 A intrinca relação das morais: conservadora, liberal e socialista  
Como vimos, a moral se realiza na vida cotidiana, sendo espaço importante que rege as relações
humanas. Além disso, trata-se é uma construção histórica, criada pelo próprio homem. Vimos também
que a moral não é neutra nem apolítica (embora possa se assemelhar a um fenômeno natural, não o é),
VOCÊ O CONHECE?
Uma das mais importantes filósofas do Brasil, Marilena Chauí, professora da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
destaca-se pela militância política contra a ditadura militar, bem como pelo seu
legado intelectual ao produzir uma vasta obra no campo da ética:  “A Ideologia da
Competência”; “Brasil: Mito Fundador e Sociedade Autoritária”; Cidadania Cultural”;
“Convite a Filosofia”; Dialética Marxista e Dialética Hegeliana”; “Ideologia e
Mobilização Popular”; “Iniciação a Filosofia”; “O que é Ideologia”; “O Ser Humano é
um Ser Social”; “Manifestação Ideológicas do Autoritarismo Brasileiro”; “Repressão
Sexual”; dentre outras obras importantes.
pois responde a determinados interesses culturais, políticos, econômicos e religiosos. 
Para Barroco (2010), a moral, sendo uma criação humana, reproduz em sua forma de sociabilidade
julgamentos de valor e preconceitos. Isso ocorre por conta do seu caráter provisório e imediato, que nos
leva a enxergar situações, acontecimentos, sentimentos e conflitos de maneira superficial – fruto de
alienação dos indivíduos, submersos na moral vivida no cotidiano. Esse processo aligeirado faz com que
reproduzamos juízos de valor baseados numa dada concepção moral, que quase sempre nos leva a
estereótipos, discriminações, preconceitos. É assim que a moral deixa de ser moral como espaço de
sociabilidade e se constitui sendo campo da moralidade.
Se tirarmos da moral a sua gênese de constituição humana, portanto histórica, e colocarmos no seu
lugar a moralidade, perdemos seu caráter de sociabilidade humana, pois ela se tornará campo de
opressão, humilhação e tensão, transformando, a sociabilidade em algo desumano.
A moral conservadora, por exemplo, transforma questões que não são morais em valores morais.
Podemos citar o combate à corrupção, vista apenas como comportamento negativo de um indivíduo do
tipo mau caráter, sem vergonha. Sabemos que o combate à corrupção vai além: ela deve ser aniquilada
pela raiz e na sua estrutura, que está no modo de (re)produção do sistema capitalista, com a disputa, o
individualismo, a concorrência e o lucro em grande escala a qualquer custo. O ter dinheiro é um valor
enorme no capitalismo, em detrimento do ser pautado pela coletividade, amorosidade, criatividade,
felicidade. Noutras palavras, a corrupção é uma das formas mais perversas da sociabilidade da ordem
do capitalismo, que se dá pelas relações de classes sociais.
Assim de modo imediato, ao pensarmos nos valores de não roubar e não ser corrupto, atribuímos a eles
um valor moral e esquecemos de refletir criticamente acerca dos mesmos valores na ordem política e
econômica atual e no modo de ser do sistema vigente, o capitalismo (BARROCO, 2010).
Portanto, tudo quanto ocorre se explica pela moralidade, o que, além de ser um equívoco, é a forma
moralizante com que a burguesia (as elites) consegue assegurar o seu domínio social, político e
econômico, que se estabelece pelo poder ideológico em relação à classe trabalhadora.
O real, o cotidiano e as relações passam a ser vistos como um espaço natural, que tirando dos
indivíduos a sua força propulsora de transformar a realidade.
Isso se dá porque a ideologia conservadora mistifica o real, o que leva à inércia, com a moralidade, frente
às crueldades inerentes ao sistema capitalista. Sob essa ótica, enxergamos com naturalidade inúmeras
e inaceitáveis situações desumanas – aumento da população em situação de rua, chacina contra jovens
negros e pobres das periferias, xenofobia contra estrangeiros, desmonte das políticas sociais, morte de
cidadãos que não têm acesso aos tratamentos do Sistema Único de Saúde.
Assim, os direitos sociais conquistados como uma garantia aos trabalhadores são violados na prática
política e social através de sua redução drástica com o corte de orçamento público para essa finalidade.
A propósito, assim como a ruptura da corrupção não está na própria corrupção, também a garantia dos
direitos sociais não está no direito, pois ambos exemplos estão submersos em uma sociedade desigual
e com maior concentração de renda nas mãos de poucos. A lógica de que todos são iguais perante a lei
e têm os mesmos direitos fica no imaginário social como um enigma – por que temos direitos e não
vivemos esses direitos? Uma das mais perversas respostas ideológicas do sistema capitalista é a que o
indivíduo precisa ser capaz e esforçado para viver esses direitos. Tal resposta, porém, baseia-se nos
pressupostos da moral liberal.
Sabemos que esses direitos não se materializam na atual conjuntura, sobretudo pela ofensiva neoliberal,
um tipo de projeto mundial do capitalismo que se estrutura pelo tripé: privatizações das estatais
rentáveis; quebra da organização dos trabalhadores; e descentralização do Estado
(desresponsabilização do Estado com as políticas sociais).  Nesse sentido, há um distanciamento da
política e da democracia, pois muitas vezes as pessoas votam nos políticos pelas suas capacidades de
oratória eloquente (conservadoras ou revolucionárias) ou, ainda, pelas suas formas engraçadas de pedir
o voto.
VAMOS PRATICAR?
Considerando que existem diversas concepções de moral, realiz
pesquisa de campo indagando as pessoas com quem você convive (Ins
Facebook, faculdade, casa): o que é moral para você?
Analise as diversas respostas obtidas e relacione-as com os conteú
primeira unidade. Depois, elabore um relato com dois parágrafos. Desc
primeiro, como foi a realização da pesquisa e revele as respostas obti
segundo, analise os resultados de acordo com a discussão teórica reali
primeira unidade. Por fim, aponte qual é a sua conclusão sobre o pro
resultado da pesquisa.   
Esta pesquisa será importante para você e outros colegas que estão est
sobre os fundamentos da ética em Serviço Social. Compartilhe-as entre
Na práticapolítica, quando esses representantes chegam ao poder, não têm um projeto político aliado às
necessidades reais de quem lhes colocou no poder. A sua representação política passa a se dar de
maneira individualizada, sem controle social e sem o apoio real das pessoas que votaram para que
chagasse a obter tal representação (BARROCO, 2010).
Esse distanciamento da discussão política e econômica nas eleições resulta em brigas e intrigas entre
pessoas que deveriam se unir em prol da transformação da sua realidade. Esse fenômeno se dá devido
à destilação de ódio e raiva entre as classes sociais. Assim, as ações políticas são negadas como
política e se justificam pela moral.  
Guerras e holocaustos que marcaram a humanidade se acirram, na maioria das vezes, por interesses
econômicos e políticos, mas são traduzidas socialmente como se fossem de ordem moral, pelo
comportamento religioso ou cultural de determinado país.
A esse respeito, trazemos a seguir um extrato da obra “Guerra e Paz (1952-1956)”, do pintor brasileiro
Candido Portinari. Essa obra é composta por dois grandes painéis presentados à ONU (Organizações
das Nações Unidas) pelo governo brasileiro. Nela, o artista fez um apelo mundial pela paz: em um dos
gigantescos painéis pintou a guerra, no outro a paz.  
Figura 1 - Extrato da obra “Guerra e Paz (1952-1956)” do pintor brasileiro Candido Portinari
Fonte: Rook76, Shutterstock, 2020. ID: 331701221
Como podemos observar, a arte revela as contradições da realidade em que vivemos e tem a capacidade
de desvelar o que está em oculto e que muitas vezes se apresenta como um enigma.
Assim, ao analisar o cotidiano e a arte à luz da contribuição de Lukács, Frederico (2000, p. 6) afirma que
“[...] Lukács privilegia a ciência e a arte como formas puras de reflexo, mas entre elas, num  fecundo
ponto médio, localiza o reflexo próprio da vida cotidiana (a consciência do homem comum)”. E continua:
A vida cotidiana é o ponto de partida e o ponto de chegada: é dela que provém a necessidade
de o homem objetivar-se, ir além de seus limites habituais; e é para a vida cotidiana que
retornam os produtos de suas objetivações. Com isso, a vida social dos homens é
permanentemente enriquecida com as aquisições advindas das conquistas da arte e da
ciência. (FREDERICO, 2000, p. 6)
1.2 O trabalho é ontológico ao ser social
A base teórica dos fundamentos da ética do Serviço Social no atual projeto ético-político se fundamenta,
sobretudo, pelo pensamento do filosofo húngaro György Lukács sobre a ontologia do ser social, ou seja,
nas categorias estruturais da vida do homem em sociedade. Lukács afirma que, quando
[...] atribuímos uma prioridade ontológica a determinada categoria em relação a outra,
entendemos simplesmente o seguinte: a primeira pode existir sem a segunda, enquanto que
o inverso é ontologicamente impossível [...] pode existir o ser sem a consciência, enquanto
toda consciência deve ter como pressuposto, como fundamento, algo que é, mas nada disso
não deriva nenhuma hierarquia de valor (LUKÁCS, 1979, apud BARROCO, 2010, p. 25).
A categoria trabalho é, portanto, ontológico-social ao ser social e é por meio dela que o ser social
promove mediações e se diferencia de outros seres vivos. O homem tem domínio sobre a natureza e
através do trabalho a transforma. Noutras palavras, o trabalho só pode se realizar pela ação humana.
Para compreendermos melhor essa central importância do trabalho na vida do ser social, precisamos
aprofundarmos nossa noção sobre o sentido e significado de teleologia. A capacidade teleológica é
justamente a resposta do porquê o trabalho só pode se realizar pela ação humana.
Para isso, é importante conhecermos o pensamento do revolucionário alemão Karl Marx. A este respeito,
Marx vai indicar a atividade teleológica como sendo ontológica ao ser social, pois o homem tem
finalidades na ação projetada. Em outras palavras, pensa e planeja antes de fazer, atrás de respostas às
necessidades de sobrevivência imediata. A ação teleológica se revela como sendo, neste sentido,
universal.
Para facilitar a compreensão do que se trata a ação teleológica, há uma importante citação de Marx que
elucida o debate: 
Decerto, o animal também produz. Constrói para si um ninho, habitações, como abelhas, os
castores, formigas etc. Contudo, produz o que necessita imediatamente para si ou para a sua
cria; produz unilateralmente, enquanto que o homem produz universalmente; produz apenas
sob a dominação da necessidade física imediata, enquanto que o homem produz mesmo
livre  da necessidade física e só produz verdadeiramente na liberdade da mesma; [...] o animal
dá forma apenas segundo a medida e a necessidade da espécie a que pertence, enquanto
que o homem sabe produzir segundo a medida de cada espécie e sabe aplicar em toda parte
a medida inerente ao objeto [...] (MARX, 1993, apud BARROCO, 2009, P. 21).
Realmente, a partir do que estudamos, a atividade teleológica pode ser realizada apenas na ação
humana, porque o homem deixou de ser um ser natural e se transformou social e historicamente em ser
social – capaz de projetar, como vimos, ações com finalidades e objetivos, e se desenvolver pela
capacidade livre e criativa que se dá pela consciência, razão e ação projetiva. Não basta o ser social
apenas pensar criticamente a realidade – requer, também, agir para transformá-la. 
VOCÊ SABIA?
Embora a abelha produza mel de excelente qualidade e em grande quantidade,
isso não é considerado trabalho, pois ela não tem capacidade de planejar a
ação antes de realizá-la. Além de não poder transformar o mel em outra
mercadoria, ela não consegue se desvincular da sua essência de ser natural,
instintiva e imediata, de produtora de mel, segundo a sua espécie. 
Nesse sentido, Marx diz que:
Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera
mais de um arquiteto ao construir sua colmeia. Mas o que distingue o pior
arquiteto da melhor abelha é que ele figura mente sua construção antes de
transformá-la em realidade. No fim do processo do trabalho se lhe parece um
resultado que já exista antes idealmente na imagem do trabalhador. (MARX, 1980,
apud BARROCO, 2007 p. 43)
Como vimos, o trabalho diz respeito exclusivamente à ação humana, tendo em vista que o homem pensa
e projeta as suas ações antes de executá-las. Isso só é possível graças ao domínio da natureza pelo
homem. 
1.2.1. Trabalho alienado 
Vimos que o trabalho é a categoria central do ser social. Barroco (2009) ressalta a necessidade de
compreendermos o modo de produção capitalista na sociedade atual, instituído pelas forças produtivas
e relações de produção e materializado pelos meios de trabalho; os objetos de trabalho; e a força de
trabalho.  
O trabalho, portanto, realiza-se na sociedade capitalista na relação capital e trabalho: de um lado a
burguesia (latifundiários, banqueiros, empresários, etc.), que detém os meios de produção, do outro os
trabalhadores, que vendem a sua força de trabalho.
O sistema capitalista, na atual conjuntura de reestruturação da produção, impõe a milhares de
trabalhadores a venda da força de trabalho muitas vezes por migalhas, tendo em vista inúmeros
fenômenos próprio do capital – diminuição de postos de trabalho, quebra de acordos trabalhistas,
concorrência desenfreada das grandes empresas, automação, grande oferta de força de trabalho.
Acrescenta-se, neste cenário, o que Marx chamou de Exército de Reserva do Capital, o que pode ser visto
com o aumento, por exemplo, de trabalhadores vivendo em situação de rua, de modo desumano. 
Figura 2 - A produção de mel realizada por abelhas, embora laboriosa, não é trabalho
Fonte: Diyana Dimitrova, Shutterstock, 2020.
Esse modo de produção gera alienação, na medida em que o sujeito-trabalhador não se reconhece como
parte do processo do trabalho. Ao contrário, ele não consegue ter noção da totalidade do resultado
produzido – a mercadoria. O não reconhecimento da mercadoria causa estranhamento, e os
trabalhadores não reconhecem, ao fim, o produto do qual são parte essencial.Esse fenômeno é
chamado por Marx de fetiche da mercadoria, oriundo da alienação causada pela exploração do trabalho
e ocultação das relações sociais. 
Figura 3 - Trabalhador em situação de rua, vivendo de modo desumano
Fonte: Panitanphoto, Shutterstock, 2020.
O sistema capitalista se objetiva pela apropriação privada de produção das forças e das relações
sociais. Nesse sentido, a professora Barroco (2010, p. 13) afirma que “[...] o trabalho se realiza de modo
a negar suas potencialidades emancipatórias. Invertendo seu caráter de atividade livre, consciente,
universal e social., propicia que os indivíduos que realizam o trabalho não se reconheçam, nele [...].”  
VOCÊ QUER VER?
Tempos Modernos é um filme dramático e cômico dirigido por Charles Chaplin, que
demonstra o processo de industrialização do capital e as suas formas mais
perversas de alienação e fetiche da mercadoria. Vale a pena ver – é um clássico
que ajuda a compreender os fenômenos sociais que estudamos na unidade. Segue
a sinopse:
Um operário de uma linha de montagem, que testou uma "máquina revolucionária"
para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu
trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise
nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas
encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador
comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma
jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas.
Elas não têm mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois
ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são
levadas a jovem consegue escapar. (ADORO CINEMA, s. d.)
É pautada nesse contexto que Barroco (2009, p. 157) ressalta a existência do modo de ser do sistema
capitalista ao expressar “[...]a pobreza e a riqueza do gênero humano, criando modos de ser em oposição,
que coexistem pela afirmação e negação de si mesmos, o que não elimina a presença de um ethos
dominante que expressa as necessidades de (re)produção da vida social [...]”.
VOCÊ SABIA?
Vale muito ter em mente, de maneira clara, o conceito de modo de produção:
Modo de produção diz respeito às forças e às relações de produção. As primeiras
são: 1) Os meios de trabalho: instrumentos, ferramentas, instalações etc., assim
como a terra; 2) os objetos de trabalho: as matérias que o homem utiliza para
trabalhar (matérias brutas ou já modificadas pela a ação do trabalho); 3) a força
de trabalho: a energia humana empregada no processo de trabalho (com o uso
dos meios de trabalho) a fim de transformar os objetos de trabalho em objetos
uteis em termos do atendimento de necessidades. As relações de produção são
relações técnicas (especialização do trabalho, tecnologias etc.), sendo
subordinadas às relações sociais de produção, determinadas pelo regime de
propriedade dos meios de produção, determinadas pelo regime de propriedade
dos meios de comunicação fundamentais (NETTO; BRAZ, 2006, apud BARROCO,
2009, p. 30).
Conclusão
Concluímos a primeira unidade da disciplina, que abordou os fundamentos ontológicos da ética no
Serviço Social. Agora você já conhece as principais bases constituintes relacionadas a esse assunto.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Perceber que a ética é ontológica à moral e que a moral existe
sem a ética, mas a ética não existe sem a moral.   
Compreender que moral não é um fenômeno natural. Ao
contrário, constitui-se na história política e social da humanidade,
a partir da necessidade de se estabelecer espaços de convivência
através de regras, modos de ser, relações sociais e papeis sociais.
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Entender as bases sócio históricas de constituição da ética
pautadas pela Teoria Social de Marx, que conceitua a ética no
campo da filosofia ao estudar os valores, ressaltando que se trata,
ao mesmo tempo, de uma práxis humana. Assim, é imprescindível
considerarmos a consciência, a sociabilidade, a liberdade e a
universalidade, pois, ao mesmo tempo em que o indivíduo é
único, ele é universal, ao se constituir nas relações humanas.  
Analisar a existência de diversas morais (conservadora, liberal e
socialista), sendo todas construções humanas, de acordo com
determinadas concepções (divergentes entre si, inclusive), que
respondem a interesses culturais, políticos, econômicos, religiosos
– dimensões próprias da ação e das relações humanas. 
Compreender as dimensões constitutivas do ser social,
identificadas e analisadas na relação dos seres inorgânico,
orgânico e social. Essa relação é importante para entender que o
ser social é também um ser orgânico e depende da natureza para
se desenvolver, mesmo que a natureza não precise do ser social.   
Avaliar o trabalho como categoria central constitutiva do ser
social, pois o homem domina a natureza e através do trabalho a
transforma. Assim, o trabalho só pode se realizar pela ação
humana. 
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Bibliografia
A GUERRA do fogo. Direção: Jean-Jacques Annand. 1981 (100 min).
BARROCO, M. L. S. Ética e Sociedade. 4. ed. Brasília: CFESS, 2007.
BARROCO, M. L. S. Ética: fundamentos sócio históricos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2010. 
FREDERICO, C. Cotidiano e arte em Lukács. Estudos Avançados, São Paulo, v. 14, n. 40. set./dez. 2000.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142000000300022
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16/01/2020.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142000000300022
LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social I. Tradução de COUTINHO, Carlos Nelson (e outros). São
Paulo: Boitempo, 2012.
Palestra de Lúcia Barroco. CRESSMG. 19 set. 2013. Duração: 57:01. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Gv8nGXzukF4>. Acesso em: 06/01/2020.
Tempos Modernos. Adoro Cinema. [s. d.]. Disponível em: < (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-
1832/)http://www.adorocinema.com/filmes/filme-1832/ (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-
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