Buscar

INCONTINÊNCIA URINÁRIA NO IDOSO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

1 Saúde do Idoso 
Incontinencia Urinaria 
 
CONCEITO 
A incontinência urinária é definida como qualquer 
perda involuntária de urina. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
• A prevalência e a gravidade dos casos de 
incontinência aumentam com o envelhecimento. 
• O sexo feminino é o mais acometido em todas as 
faixas etárias, devido a causas anatômicas. 
→ 30-60% das mulheres idosas; 
→ 10-35% dos homens idosos; 
• 80% dos indivíduos institucionalizados (casas de 
repouso, asilos ou abrigos). 
 
FISIOPATOLOGIA 
• A continência é uma condição multifatorial que 
depende da integridade não apenas do trato 
urinário inferior e seu controle neurológico, 
como também de cognição, mobilidade, destreza 
manual e motivação. 
• Além disso, comorbidades clínicas e 
medicamentos podem influenciar a continência. 
 
Impactos do envelhecimento na continência 
• Períneo fragilizado nas mulheres. 
→ Períneo é uma região que fica entre o 
ânus e a vagina e que serve de 
sustentação para todos os órgãos 
pélvicos (bexiga, útero, reto, intestino e 
todo conteúdo que fica na pelve). 
 
• Aumento nas fibras de colágeno na bexiga → 
acarretando na diminuição da sua elasticidade. 
 
• Os receptores da pressão também se alteram, 
explicando o surgimento de contrações 
involuntárias durante a fase de enchimento 
vesical. 
 
• Hiperatividade do detrusor (músculo do tecido 
da bexiga). 
 
• O A uretra torna-se mais fibrosa, menos flexível e 
perde densidade muscular → com consequente 
falha esfincteriana. 
 
 
 
• Na mulher, ocorre o HIPOestrogenismo, com 
atrofia e ressecamento que predispõem a 
infecções e irritação dos receptores de pressão. 
 
• Diminuição do número de néfrons e da secreção 
de ADH (vasopressina), o que contribui para 
maior frequência urinária. 
 
• No homem, a HPB (hiperplasia prostática 
benigna) ou adenoma de próstata pode causar 
jato fraco, gotejamento, aumento da frequência 
e noctúria. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 
2 Saúde do Idoso 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA TRANSITÓRIA 
Caracteriza-se pela perda de urina precipitada por 
insulto psicológico, medicamentoso ou orgânico, 
que cessa ou melhora após o controle do fator 
desencadeante. 
Mnemônico com as causas da incontinência urinária 
transitória (IUT): 
DIURAMID 
D Delirium 
I ITU (infecção urinária) 
U Uretrite e vaginite 
R Restrição de mobilidade 
A Aumento do débito urinário 
M Medicamentos 
I Impactação fecal 
D Distúrbios psíquicos 
 
Medicamentos que afetam a continência: 
Agonistas alfa-
adrenérgicos; 
Bloqueadores do canal de 
cálcio; 
AINES; 
 
Bloqueadores alfa-
adrenérgicos; 
Anticolinérgicos; Diuréticos de alça; 
Antidepressivos 
tricíclicos; 
Hipnóticos; 
Antipsicóticos; IECA; 
Antiparkinsonianos; Opioides; 
 
INCONTINENCIA URINÁRIA ESTABELECIDA 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESTRESSE OU 
ESFORÇO 
• Perda involuntária de urina que ocorre com o 
aumento da pressão intra-abdominal (tosse, 
espirro, atividade física) na ausência de 
contrações vesicais. 
 
• MULHER: ocorre por hipermobilidade uretral e 
deficiência esfincteriana intrínseca. 
→ Fatores de risco: obesidade, partos 
vaginais, hipoestrogenismo e cirurgias. 
 
• HOMEM: incomum, e ocorre deficiência 
esfincteriana intrínseca secundária a cirurgias 
prostáticas, traumas pélvicos e lesões 
neurológicas. 
 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE URGÊNCIA 
• Tipo mais comum nos idosos. 
• Caracteriza-se pela perda de urina 
precedida ou acompanhada de um desejo 
imperioso de urinar (urgência). 
→ Ocorre devido a hiperatividade do detrusor 
levando a contrações involuntárias durante a 
fase de enchimento vesical. 
 
• CAUSAS: transtornos neurológicos, 
anormalidades vesicais e idiopática. 
 
• Pode ou não haver comprometimento da 
contratilidade da bexiga: a hiperatividade do 
detrusor + hipocontratilidade é mais comum em 
idosos frágeis. 
 
Bexiga hiperativa: urgência com ou sem 
incontinência, frequência elevada ( ≥ 8 micções em 
24h) e noctúria ( ≥ 2 micções a noite). 
 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA POR HIPERFLUXO OU 
TRANSBORDAMENTO 
• Mais comum em homens. 
• Ocorre devido a inabilidade de esvaziamento 
vesical devido a hipocontratilidade do músculo 
detrusor, a obstruções uretrais ou ambos. 
 
• Com isso, ocorre liberação involuntária de urina 
por uma bexiga excessivamente cheia, pois a 
pressão exercida sobre uma bexiga cheia força a 
saída da urina. 
o Também pode ocorrer de a bexiga não se 
esvaziar por completo, o que leva ao 
gotejamento. 
 
• CAUSAS: HPB, cirurgias anti-incontinência ou 
prolapsos genitais graves, impactação fecal, 
cistopatia diabética e medicamentos 
anticolinérgicos. 
 
3 Saúde do Idoso 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA MISTA 
• Coexistência de mais de um tipo de 
incontinência. 
• Comum nos idosos, principalmente entre 
mulheres. 
 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA FUNCIONAL 
• Atribuído a fatores externos. 
• CAUSAS: comprometimento cognitivo, fatores 
ambientais, limitações físicas e psíquicas. 
 
ABORDAGEM 
ANAMNESE 
• Características da perda urinária: 
Investigar os sintomas relacionados a queixa: 
→ Ocorre perda urinária ao esforço? (tossir, 
rir, exercício) → IU de esforço. 
 
→ Vontade súbita de urinar com perda 
urinária posterior? (paciente não 
consegue chegar ao banheiro) → IU de 
urgência. 
 
→ Esforço para urinar? Gotejamento? 
Sensação de não esvaziar por completo? 
→ IU por transbordamento. 
 
→ Paciente acamado ou comprometimento 
cognitivo? → pensar em IU funcional. 
 
→ Constipação intestinal? Secura vaginal? 
Suspeita de ITU? Suspeita de delirium, 
depressão ou ansiedade? Dificuldade de 
locomoção? Suspeita medicamentosa? → 
IU transitória. 
 
• Solicitar a realização de um diário miccional: 
→ Ingesta de líquidos, frequência, volume 
urinário, episódios de perda e 
circunstâncias a ela associadas nas 24h. 
 
• Investigação de possíveis patologias associadas: 
→ Dor, hematúria, infecções recorrentes, 
prolapsos de órgãos pélvicos em 
mulheres, cirurgias prévias, radiação 
pélvica, suspeita de fistulas. 
→ Atenção especial às comorbidades e lista 
de medicamentos. 
 
EXAME FÍSICO 
• Avaliação cognitiva, da mobilidade e 
funcionalidade do paciente. 
• Exame neurológico detalhado. 
• Toque retal. 
• Exame pélvico, inspeção de prolapsos e atrofia 
genital. 
 
• Teste de estresse: a paciente deve estar na 
posição supina, com a bexiga cheia e tossir 
vigorosamente. 
→ Se ocorrer perda simultânea sugere 
deficiência esfincteriana intrínseca. 
→ Se a perda ocorrer alguns segundos após 
sugere contração detrusora induzida pela 
tosse. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
LABORATORIAIS 
• Sumário de urina; 
• Dosagem de eletrólitos; 
• Glicemia; 
• Ureia e creatinina. 
 
MEDIDA DO VOLUME RESIDUAL PÓS-MICCIONAL 
• O resíduo urinário pós-miccional é a quantidade 
de urina que fica na bexiga imediatamente depois 
da micção. 
• Útil para excluir retenção urinária significativa. 
• Pode ser realizada por cateterização vesical ou 
ultrassonografia. 
• Um valor maior que 200 ml está associado a 
esvaziamento vesical inadequado e o paciente 
deve ser encaminhado ao especialista. 
 
 
 
4 Saúde do Idoso 
ESTADO URODINÂMICO 
• O “estudo urodinâmico” é um exame que tem 
como objetivo avaliar o funcionamento do trato 
urinário inferior. 
→ É demostrado na avaliação, se a bexiga 
consegue cumprir sua função: armazenar 
urina sob baixa pressão e proporcionar 
adequado esvaziamento (micção 
normal). 
 
• Útil para avaliar a qualidade das contrações 
vesicais e dos esfíncteres uretrais. 
• Etapas: cistometria, medida da pressão de perda 
sob esforço e urofluxometria. 
• É caro e invasivo. 
• Indicações: antes de procedimentos cirúrgicos ou 
na avaliação de sintomas de bexiga hiperativa 
após falha no tratamento. 
 
CISTOSCOPIA 
• A cistoscopia é um procedimento realizado para 
identificar qualquer alteração na uretra e bexiga. 
• A cistoscopia pode ser recomendada com o 
objetivode investigar a causa de sangue na urina, 
de incontinência urinária ou de infecções. 
• Deve ser realizada quando houver 
suspeita de fistulas ou de outras patologias 
associadas. 
 
TRATAMENTO 
O primeiro passo do tratamento consiste em 
estabelecer metas e objetivos a serem atingidos 
visando à melhora global na qualidade de vida do 
paciente. 
 
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
• Mudanças do estilo de vida: 
→ Perda de peso, não ingerir líquidos de 
forma abundante, evitar cafeína, álcool e 
tabaco; 
→ Eliminar as barreiras físicas de acesso ao 
banheiro. 
 
• Terapias comportamentais: 
o Exercícios para os músculos pélvicos 
(exercícios de Kegel), treinamento 
vesical, diário miccional, biofeedback e 
eletroestimulação. 
 
• Em pacientes de idade avançada se deve priorizar 
a correção de fatores contribuintes como as 
comorbidades, a deterioração funcional e 
iatrogenias medicamentosas. 
 
KEGEL
 
Os exercícios de Kegel são um conjunto de 
atividades para fortalecer os músculos do assoalho 
pélvico. Eles podem ser feitos por homens e mulheres, 
jovens e idosos e mesmo durante a gestação. 
Para terem resultados, os exercícios de Kegel 
precisam ser realizados diariamente, pelo menos 3 vezes 
por dia, e é importante saber identificar o músculo 
pubococcígeo, que precisa ser ativado para que o 
fortalecimento da região aconteça de forma eficaz. 
 
DIÁRIO MICCIONAL 
No diário miccional, o paciente realiza um 
automonitoramento dos dados miccionais durante as 24h 
de três dias: 
 Registrando os horários; 
 Volume de urina; 
 Frequência das micções; 
 Frequência do uso de absorventes; 
 Episódios de incontinência; 
 E a ingesta de líquidos 
 
5 Saúde do Idoso 
Com isso, consegue-se promover uma reeducação de seus 
hábitos urinários. 
 
TREINAMENTO VESICAL 
O treinamento vesical, também conhecido como 
reeducação vesical, consiste em educação do paciente 
sobre seus hábitos miccionais associado a regime de 
micção programada com aumentos graduais do intervalo 
entre as micções. 
É um tratamento que ajuda o paciente a “segurar 
mais urina”, de forma que consiga urinar com menor 
frequência e com menos episódios de urgência e 
incontinência. 
O treinamento vesical é frequentemente 
realizado em conjunto aos exercícios da musculatura do 
assoalho pélvico (exercícios de Kegel). 
 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
MEDICAMENTOS DE AÇÃO MISTA 
• Propiverina: 
→ Tem uma ação antimuscarínica e de 
bloqueio dos canais de cálcio. 
 
→ Foi recentemente introduzido como uma 
preparação de ação prolongada 1 vez/dia 
e pode ser usada nas pessoas incapazes 
de tolerar outras medicações 
antimuscarinicas. 
 
Antimuscarínicos: 
Oxibutinina Iniciar com 2,5mg de 12/12h 
Solifenacina De 5 a 10mg – 1x ao dia. 
Melhor eficácia e menos efeitos 
adversos. 
Tolterodina 2mg de 12/12h 
Trospium 20mg de 12/12h. 
Indicado para pacientes em uso de 
múltiplas medicações. 
 
Darifenacina 7,5 a 15mg – 1x ao dia. 
Fesoterodina 4 a 8mg – 1x ao dia. 
 
Obs.: Medicações antimuscarinicas podem piorar a 
função cognitiva e devem ser usadas com precaução 
em idosos com alterações cognitivas preexistentes. 
 
AGONISTAS DOS BETA-ADRENORRECEPTORES 
• Muitos estudos têm mostrado um efeito 
miorrelaxante, mas o mecanismo de ação ainda 
não está elucidado. 
→ Mirabegron; 
→ Agonista de receptor vaniloide; 
→ Capsaicina. 
 
TRATAMENTO POR CLASSIFICAÇÃO 
INCONTINÊNCIA DE ESTRESSE 
• 1° LINHA – Exercícios de Kegel. 
 
• 2° LINHA – Fármacos: 
→ Os fármacos têm papel secundário, 
devido à baixa eficácia e efeitos adversos. 
 
→ Alfa-adrenérgicos (efedrina, fenilefrina); 
→ Duloxetina; 
→ Antidepressivos tricíclicos; 
→ Estrógenos. 
 
• 3° LINHA – Cirurgia: 
→ Indicado em pacientes que não 
responderam ao tratamento não 
farmacológico e para as IUE graves. 
 
→ O tratamento é baseado na utilização de 
faixas suburetrais de suporte (slings). 
 
INCONTINÊNCIA DE URGÊNCIA 
• 1° LINHA – treinamento vesical + exercícios 
musculares de fortalecimento (Kegel). 
→ Realizar micções frequentes voluntárias 
para manter um baixo volume de urina na 
bexiga. 
 
→ Treinamento para inibir as contrações do 
detrusor, quando se apresenta a 
urgência. 
 
→ Técnicas de distração e relaxamento. 
 
 
6 Saúde do Idoso 
→ 3 meses: tão eficaz quanto os 
antimuscarÍnicos e sem efeitos adversos. 
 
• 2° LINHA – Fármacos: 
→ Anticolinérgicos; 
→ Toxina botulínica; 
→ Antidepressivos. 
 
INCONTINÊNCIA MISTA 
Combinação de tratamentos das incontinências de 
esforço e de urgência. 
 
INCONTINÊNCIA POR TRANSBORDAMENTO 
• TRATAMENTO DE ESCOLHA: cirurgia ou 
sondagem intermitente. 
 
• Fármacos podem ser usados até o momento da 
intervenção cirúrgica ou, no caso de essa ser 
contraindicada. 
→ Alfabloqueadores e agonistas 
parassimpáticos. 
 
IMPACTOS DA IU 
• A incontinência urinária é muitas vezes 
erroneamente interpretada como parte natural 
do envelhecimento. 
 
• São alterações que comprometem o convívio 
social, cursando com vergonha, depressão e 
isolamento. Causando até mesmo grande 
transtorno aos pacientes e familiares. 
 
• O isolamento social frente ao medo de urinar 
involuntariamente em locais públicos é um dos 
principais impactos na qualidade de vida, pois 
provoca constrangimento e às restrições de 
atividades, gerando sentimento de baixa 
autoestima e interferindo nas relações pessoais e 
nas tarefas domésticas

Continue navegando