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Sepse e choque séptico Camila Martins Parte 1) fisiopatologia Parte 2) aspectos gerais Parte 3) tratamento Parte 1) fisiopatologia da sepse A infecção é definida como a invasão de um patógeno a um ambiente estéril, desencadeando uma resposta imune no indivíduo para lutar contra esse germe invasor. Ocorre alguma lesão tecidual inflamatória nesse processo, que é seguida por uma resposta imune adaptativa. Durante esse processo, também são liberadas citocinas anti- inflamatórias para modular a intensidade desse processo de defesa e também de citocinas e outros mediadores para iniciarem o reparo tecidual. Fisiopatologia de uma infecção comum, sem sepse Na sepse, ao se deparar com o agente invasor, a resposta imune inicial já é mais exacerbada. A liberação de citocinas pró- inflamatórias e fatores tumorais é tão acentuada que ultrapassa o processo infeccioso apenas local, indo para a circulação sistêmica e passando a afetar outros órgãos e sistemas, além do foco inicial da infecção. Causa um processo inflamatório sistêmico, que atinge outros órgãos e tecidos por meio de um processo chamado de inflamação intravascular maligna. Fisiopatologia de uma infecção que desenvolve sepse Inflamação intravascular maligna: inflamação pela alta concentração de citocinas pró- inflamatórias, intravascular pois ultrapassa os limites da resposta local e acomete múltiplos leitos vasculares de órgãos à distância e maligna, pois os efeitos dessa disseminação provoca disfunção multi-orgânica progressiva. = ' , Nenhum órgão ou tecido do corpo está livre da sepse, vão progressivamente sofrendo as consequências. Qualquer processo infeccioso pode desenvolver um quadro de sepse! Alguns são mais propensos do que outros, como a pneumonia, que é o principal fator desencadeante. Detalhes do processo imune A primeira resposta do sistema imune frente a um germe invasor vem da imunidade inata, principalmente dos macrófagos, as células fagocíticas. Os macrófagos fagocitam o germe invasor e começam a reconhecer seus antígenos específicos. Mesmo fazendo parte da imunidade inata, hoje se sabe que os macrófagos possuem em sua superfície receptores de reconhecimento de padrões moleculares, sabendo distinguir os diversos microrganismos. Esses receptores de reconhecimento de padrões moleculares são capazes também de reconhecer até fragmentos dos nossos próprios tecidos destruídos, que liberam as alarminas (antígenos-self, que indicam que há destruição tecidual e situação de perigo). Os macrófagos da imunidade inata Os receptores de padrão moleculares passam as informações do antígeno por meio de um “mensageiro”, o NF-kb, que vão no núcleo da célula e começam a transcrever múltiplos genes de citocinas pró-inflamatórias, como o TNF-alfa, a IL-1, ICAM, VCAM, e o produtor do Óxido Nítrico. Inicialmente essas citocinas agem localmente no foco inflamatório, agindo na microcirculação local. Elas vão provocar uma vasodilatação local, aumentando o aporte de sangue para aquela região infectada, maior aporte de leucócitos, além de provocar alterações nas membranas das superfícies vasculares, que facilitam a adesão dos leucócitos. Além disso, aumentam a permeabilidade vascular -> abrem brecha para a célula sair de dentro do vaso e chegar com mais facilidade aos tecidos. As citocinas pró- inflamatórias Ou seja, a função inicial dessas citocinas pró-inflamatórias é a de atrair leucócitos polimorfonucleares, que também são células da imunidade inata. O polimorfonuclear também é um poderoso fagócito, e além disso também estimula ainda mais a produção de citocinas pró-inflamatórias, gerando uma retroalimentação positiva e exacerbando ainda mais a inflamação Os polimorfonucleares As citocinas pró-inflamatórias, além de estimular os polimorfonucleares, também vão recrutar as células da imunidade adaptativa: os Linfócitos T helper (CD4+), os Linfócitos B que vão ser selecionados para a produção de anticorpos, os Linfócitos CD8, que vão ser selecionados para ação citotóxica. Recrutamento dos linfócitos O que faz essa resposta inicialmente localizada se tornar uma resposta sistêmica? A fisiopatologia para essa exacerbação tão grande ocorrer ainda não está completamente explicada, mas temos algumas teorias: 1) Tamanho do inóculo - quanto maior a carga de patógenos, maior tende a ser a inflamação; 2) Local de inoculação: um patógeno introduzido diretamente na circulação vai provocar uma resposta muito maior do que um no subcutâneo, por exemplo. 3) Superantígenos: são constituintes do patógenos, que ao serem reconhecidos pelos receptores de padrões moleculares, ativam uma inflamação muito maior; (exemplo: lipopolissacarídeos dos gram - . Exacerbação da resposta inflamatória 4) Infecções que acarretam na ativação do complemento - como os germes encapsulados; 5) Predisposição genética: existem alguns fatores genéticos que corroboram para que algumas pessoas secretem mais citocinas do que outras E como esses eventos podem levar órgãos à distância a entrarem em disfunção? Esses efeitos sempre dependem da lesão celular -> as células dos outros órgãos acometidos sofrem os efeitos das citocinas pró inflamatórias e em alguns casos, até mesmo de um superantígeno específico. A inflamação intravascular maligna também se dissemina por todo o corpo, então os mesmos efeitos flogísticos do local da infecção vão ocorrer nas áreas que não foram acometidas diretamente pelo patógeno -> vasodilatação + aumento da permeabilidade vascular. Assim, quando todos os vasos do seu corpo sofrem esses efeitos e se dilatam, o quadro passa a ser de uma hipovolemia relativa: o continente é aumentado, sem aumentar o conteúdo. Efeitos: má perfusão generalizada, queda na pressão arterial. Devido à essa hipovolemia relativa, estão entre as condutas iniciais (que serão discutidas adiante) a reposição volêmica e o uso de vasopressores. A) Isquemia tecidual dos órgãos e tecidos à distância - todos os leitos vasculares do organismo vão apresentar as características de um processo inflamatório. Assim, como chega menos oxigênio aos tecidos, pode provocar uma isquemia. Exemplo comum: rins afetados e queda na taxa de filtração glomerular - o órgão não tem mais energia para exercer suas funções e começa a trabalhar por mecanismos anaeróbios. B) Lesão Citopática: independente da isquemia tecidual - o que explica o porquê de alguns pacientes sofrerem disfunção orgânica na sepse mesmo sem ficarem hipotensos- as citocinas pró inflamatórias podem causar lesões celulares diretas nos órgãos à distância! Um grande alvo nesse processo de lesão citopática é a mitocôndria. O tecido entra em anaerobiose devido à lesão mitocondrial. Mesmo que o aporte de O2 tecidual esteja adequado, as mitocôndrias lesadas não conseguem gerar ATP e o tecido entra em anaerobiose. Temos então um processo chamado de crise energética celular, que pode ser causado tanto pela falta de oxigênio (isquemia tecidual) quanto pelo envenenamento mitocondrial, mesmo que o O2 esteja em quantidades normais no tecido. i ' , Esses dois mecanismos podem levar então à necrose da célula (lise celular descontrolada), quanto pode desencadear no núcleo celular o mecanismo de morte celular programada, a apoptose. Outro mecanismo que explica os efeitos sistêmicos da sepse é a imunodepressão secundária. Em uma resposta inflamatória, temos a liberação tanto de mediadores pró-inflamatórios quanto de mediadores anti- inflamatórios, que visam controlar a resposta orgânica. Na sepse, essa secreção de citocinas anti-inflamatórias também pode estar exacerbada, o que leva à imunodepressão secundária. Esse é um dos motivos para o prognóstico do paciente com sepse ter esse mau prognóstico mesmo após uma ressuscitação volêmica adequada. Parte 2) Sepse e choque séptico Resposta inflamatória desregulada a uma infecção, promovendo uma disfunção orgânica. Definição Há um aumento na incidência de sepsenos últimos anos, o que pode ser explicado por: A) envelhecimento da população B) maior número de imunossuprimidos C) Maior número de germes MDR D) Maior notificação Um germe ser MDR não necessariamente implica em uma sepse, mas há uma maior chance da antibioticoterapia inicial instituída não provoque uma melhora. Epidemiologia A questão do envelhecimento deve ser enfatizada, pois entre 60-85% dos pacientes que recebem diagnóstico de sepse têm idade maior ou igual à 65 anos -> mais comorbidades, mais internamentos, maior uso de antibióticos… O pico sazonal da sepse é durante o período do inverno. Isso é explicado pelo maior fator causal ser a pneumonia. As bactérias são responsabilizadas pela maior parte das sepses, mas também podem ocorrer casos por infecções fúngicas e até mesmo virais (isso se enquadra no conceito de sepse, mas não é usado na prática) Principais patógenos Dentre as bactérias, atualmente (em pesquisas desenvolvidas nos Estados Unidos), predominam as bactérias gram-positivas. Em 2016, algumas sociedades definiram novas definições para sepse, permitindo identificar os casos com mais facilidade:Novas definições Nova definição: Infecção + SOFA maior ou igual à 2 SOFA= sequential organ failure assessment -> avaliação de disfunções orgânicas sequenciais. O SOFA também está correlacionado com a predisposição de mortalidade daquele paciente. Se o SOFA estiver maior ou igual à 2, a taxa de mortalidade é igual ou maior de 10%. O SOFA é um dos vários escores utilizados para avaliar a mortalidade do paciente internado na terapia intensiva, mas tem maior especificidade para o paciente séptico. Um escore SOFA menor que 2 prevê mortalidade menor que 3%. Antigamente, sepse era a infecção associada a SIRS, mas não é mais utilizado, pois não necessariamente uma SIRS vai estar associada a um agente infeccioso. Pode ser vista também em quadros de pancreatite aguda, pós-operatório, politrauma, grandes queimados… SOFA i ' i i ' ü Outro conceito que não é mais utilizado é o de “sepse grave”, que era sepse com disfunção orgânica, mas como de acordo com a nova definição, toda sepse já prevê uma mortalidade de no mínimo 10%, toda sepse é considerada grave. Sepse com anomalias circulatórias, celulares e metabólicas que acarretam em alto risco de morte. Todo paciente que preenche os critérios para choque séptico tem uma mortalidade maior ou igual à 40%.. Choque séptico Para ser considerado choque séptico, o paciente deve preencher os 2 seguintes critérios: 1. Necessidade de vasopressores para manter PAM > 65mmHg 2. Lactato arterial >2 mmol/L (>18 mg/dl) Obs: o paciente para atender esses critérios não deve ter respondido à tentativa de ressuscitação volêmica com cristalóides. O lactato é o principal parâmetro para indicar o nível de perfusão tecidual “Sepse grave” Quick SOFA/ qSOFA: versão bem simplificada do score SOFA, que tem demonstrado ter uma excelente acurácia para detectar quadros de sepse inicial em pacientes fora da UTI. Quick SOFA Se o quick SOFA estiver alterado, há uma grande chance de o paciente ter um quadro inicial de sepse, e é o momento ideal para intervir. Importante: o qSOFA foi validado para avaliar pacientes fora da terapia intensiva, para pacientes que já estão na UTI o ideal é a utilização do SOFA tradicional. FR >/= 22 ipm PAS </= 100 mmHg Alteração do nível de consciência Devem ser preenchidos ao menos dois desses parâmetros para ser considerado um quadro de sepse inicial. Quais são os principais fatores de risco para sepse? - Pneumonia comunitária: o germe que entra pelo pulmão tem maior chance de causar sepse do que o que entra por outros locais. - Admissão na UTI: maior número de germes resistentes na UTI, provavelmente o paciente está sendo submetido a mais procedimentos invasivos e já é um paciente mais grave. - Identificação de bacteremia: podem ser isolados pela hemocultura e determinam uma maior invasão do patógeno. - Idade > 65 anos. - Imunossupressão: também tendem a ser infecções mais graves e invasivas. - Diabetes Mellitus e câncer: as duas doenças propiciam algum grau de imunossupressão. - Hospitalização nos últimos 90 dias: principalmente no paciente que fez uso de antibióticos, provoca maior chance de contaminação por germes MDR. - Fatores genéticos. Parte 3) Tratamento da sepse É uma emergência médica! Toda emergência deve se iniciar com a verificação do ABC da ressuscitação: vias aéreas, respiração e circulação. Inicialmente, na sepse, vamos pegar duas veias periféricas calibrosas para iniciar a expansão -> como é uma emergência, é preferível iniciar com um acesso mais fácil do que um acesso central. Nos primeiros 45 minutos do atendimento: coleta de exames inicial: - Labs de “rotina” - Gasometria arterial - Lactato -2 hemoculturas (periférica/cateter) - culturas específicas - exame de imagem Hemograma, bioquímica, enzimas hepáticas e renais, gasometria ARTERIAL, lactato arterial. As duas hemoculturas sempre devem ser de sítios diferentes, independente do foco séptico (cada hemocultura deve ser distribuída em dois frascos, uma para cultura de aeróbios e outra para anaeróbios). Acessos Exames iniciais Hemoculturas Se o paciente tiver cateter venoso implantado, recomenda-se que ao menos uma das amostras seja do cateter. De cada lúmen de cateter devemos fazer mais uma cultura, sempre dividindo entre frascos para aeróbios e anaeróbios. As culturas específicas e os exames de imagem não possuem uma recomendação específica, dependem de acordo com a clínica e a suspeita do paciente. Início precoce da antibioticoterapia!!! A escolha do antimicrobiano também depende da suspeita do foco infeccioso. Se inicia a antibioticoterapia empírica antes do resultado da cultura. Lembrar sempre das incidências epidemiológicas e das infecções nosocomiais mais prevalentes naquele hospital. Golden hour: o antibiótico deve ser iniciado na primeira hora do atendimento. Se for cabível, fazer controle do foco infeccioso nas primeiras 6-12 horas (ex: punção de pus de foco abdominal). Em média, a duração da antibioticoterapia é de 7-10 dias, a depender do foco e da resposta do paciente. Antibioticoterapia Golden hour i ' ü A sepse por si só não indica que o paciente deve receber mais tempo de ATB do que um paciente que teve a mesma infecção mas não ficou séptico. Obviamente algumas infecções precisam de mais tempo, como uma endocardite bacteriana, por exemplo, mas se for uma pneumonia por PAC, vamos fazer inicialmente o mesmo tempo de tratamento que um paciente sem sepse. A depender da resposta, prolongamos ou não o tratamento. Como é feita a ressuscitação volêmica? Assim que pegar o acesso venoso já começamos a ressuscitação volêmica, é uma prioridade junto com o ABC. Ressuscitação volêmica x reposição volêmica x manutenção volêmica A ressuscitação é uma conduta bem mais agressiva nos quesitos de volume e de velocidade, é uma conduta emergencial para salvar a vida do paciente naquele momento. No paciente séptico, mesmo que ele não esteja hipotenso, a ressuscitação se faz necessária!! O paciente com sepse inicial, mesmo com uma PA normal, já pode ter uma má perfusão tecidual, é o que chamamos de choque criptogênico ou de choque oculto. No início, o corpo consegue se adaptar pela vasoconstrição periférica para manter a pressão, o que não permanece muito tempo, então a ressuscitação volêmica é sim necessária. Tempo de ATB Ressuscitação volêmica i ' , i ' ü Em um paciente hipertenso, uma queda de 30-40mmHg na PA, mesmo que essa ainda esteja dentro dos parâmetros considerados normais, pode estar em um estado de má perfusão periférica. Ficar muito atento aos sinais de perfusão: TEC, livedo reticular, débito urinário. Fluido ideal = solução CRISTALÓIDE isotônica (SF, RL) Os colóides sintéticos, como o amido hiper-oncótico NÃO devem ser utilizados em quadros sépticos: aumentam comprovadamente o risco demorte: maior incidência de lesão renal aguda e também favorecem a coagulação intravascular disseminada, provavelmente pois essas macromoléculas sintéticas se ligam aos fatores de coagulação. Já a albumina humana pode ser utilizada, mas de acordo com a literatura não há evidências de ser mais eficaz do que uma solução cristalóide, e deve se considerar o fato de ser bem mais cara, por ser um hemoderivado. Pode haver sim benefícios caso o paciente esteja sabidamente hipoalbuminêmico grave. (Exemplo: cirrótico com sepse) Para fins de prova: expandir sempre com solução cristalóide isotônica e não utilizar colóides sintéticos. Qual o fluido ideal? Colóides sintéticos Albumina humana Qual volume devemos fazer? Temos a recomendação de fazer as provas de volume: fazemos alíquotas repetidas de volume e observar imediatamente a resposta terapêutica - o déficit volêmico difere de um paciente para o outro, e não temos como medir isso a não ser com a prova de volume (na terapia intensiva temos a monitorização, mas estamos falando da conduta inicial). Bolus IV 500-1000ml (30-50ml/kg em 3h) Alguns autores recomendam apenas 30ml/kg para iniciar a amina vasoativa mais precocemente. Fazemos bolus repetitivos e após cada um deles fazemos uma reavaliação clínica (perfusão, pressão, débito urinário, peristalse, nível de consciência…) Sempre reavaliar o paciente após cada alíquota para evitar a hidratação excessiva, que gera extravasamento plasmático e dificulta o desmame da desentubação. Se notarmos que ele não está respondendo à reposição de 30-50 ml/kg em 3h, já podemos iniciar uma amina vasoativa. Provas de volume Hidratação excessiva Metas: - PAM >/= 65mmHg - DU > 0,5ml/kg/h - Normalização do lactato Recomenda-se que o lactato arterial seja dosado de 2/2h. O ideal é atingir as metas nas primeiras 3 horas de atendimento E se o paciente for refratário à solução salina isotônica? Nunca iniciar um vasopressor sem antes ter feito a ressuscitação volêmica!!! A vasoconstrição vai piorar o quadro do paciente que já estava mal perfundido. Se o paciente não atingir as metas, fazemos drogas vasopressoras, principalmente as aminas vasoativas. Droga de escolha = NORADRENALINA A noradrenalina possui menos efeitos colaterais do que as outras, é a mais barata, é a mais amplamente distribuída e é a mais estudada. É um agonista alfa-1-adrenérgico, causa vasoconstrição, aumenta a resistência vascular periférica e aumenta a PA. Por que a noradrenalina? Vasopressores Qual a droga de escolha? Metas A adrenalina e a vasopressina são adjuvantes da noradrenalina em pacientes que não respondem à noradrenalina. A adrenalina vai estimular todos os receptores adrenérgicos, tanto alfa quanto beta, então também estimula os receptores beta cardíacos (inotropismo e cronotropismo). Por isso muitas vezes é feita em associação. Qual o problema da adrenalina? Ela estimula o metabolismo da glicólise - ou seja, se o paciente está com má perfusão e fazendo anaerobiose, ela vai aumentar ainda mais o lactato. Mesmo que o paciente tenha reperfundido, nós perdemos a possibilidade de monitorizar a melhora pelo seguimento do lactato -> fenômeno chamado de acidose lática aeróbica. Já a vasopressina, tem como diferencial atuar no receptor V1 de vasopressina, na parede vascular - ela não atua nos receptores adrenérgicos. Ela pode estimular uma forte constrição das arteríolas, sendo um bom adjuvante para a noradrenalina. Começamos o uso de adjuvantes como adrenalina e vasopressina em pacientes na qual a dose de noradrenalina tem que ser titulada progressivamente para obter resposta. Quando aumentando progressivamente, não esperamos o paciente chegar em uma dose considerada alta, já iniciamos um adjuvante na dose moderada crescente. Vasopressina Efeitos colaterais da adrenalina Adrenalina i ' , A avaliação para iniciar inotrópicos deve ser individualizada (dobutamina). Fazemos inotrópico ao ser demonstrado a existência de disfunção miocárdica - seja por um ECG a beira do leito ou por monitorização hemonidâmica invasiva. Inotrópicos Corticóides: antigamente, se fazia corticóide em todo paciente séptico, pois se assumia que havia uma disfunção relativa das adrenais. Hoje, se recomenda que o cortisol seja dosado antes de iniciar o corticóide. Corticóides Ainda é muito utilizado, pois se não há glicocorticóides em doses suficientes, o vaso não responde às aminas vasoativas. Chamado de efeito permissivo dos glicocorticóides. Transfusão sanguínea no paciente séptico? Transfundir obrigatoriamente se Hb < 7g/dl. Obs: se for um cardiopata ou pneumopata grave, podemos estabelecer como parâmetro manter a Hb em cerca de 10g/dl. Mesmo se a hemoglobina estiver em queda, nós esperamos até chegar em 7, pois a transfusão pode gerar um efeito imunodepressor que pode agravar o quadro do paciente.
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