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Ana Laura Octávio - TXXII CARDIOPATIA ISQUÊMICA INTRODUÇÃO - Cardiopatia isquêmica é um nome amplo que engloba várias síndromes relacionadas intimamente com a isquemia do miocárdio (desequilíbrio entre o suprimento sanguíneo cardíaca – perfusão – e as necessidades de oxigênio e nutrientes do miocárdio). - Principal causa: aterosclerose (diminui a luz dos vasos) e trombose. - Aterosclerose pode ocorrem em decorrência de fatores modificáveis ou não modificáveis. - A instabilidade da placa de ateroma é a principal “chance” de causar infarto agudo do miocárdio (trombos). SÍNDROMES CLÍNICAS-PATOLÓGICAS Apresentação clínica da cardiopatia isquêmica: - Angina estável (esforço): paciente já tem um comprometimento da coronária. - Angina instável (repouso, sono, placa + trombo): paciente apresenta cor precordial. - Infarto agudo do miocárdio: a isquemia é suficiente para causar a morte de cardiomiócitos. - Angina de Prinzmetal (repouso, vaso espasmo coronariano): contrai o musculo da artéria coronária, fecha a luz e provoca dor. - Cardiomiopatia isquêmica: focos de necrose que o paciente teve por uma isquemia (dano muscular focal, fica com sequela). - Morte súbita cardíaca: pode ocorrer como consequência da lesão tecidual deixada por um infarto, mas, geralmente, resulta de arritmia fatal, sem necrose de miócitos. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO - Necrose do músculo cardíaco resultante de isquemia prolongada. - A maior parte dos casos é causada por trombose aguda de uma artéria coronária (a ruptura de uma placa de ateroma pré-existente atua como um núcleo para a formação de um trombo). - Necrose-lesão-isquemia (ECG alterado: depressão da onda T – indica necrose –, aumento da onda ST – indica lesão – e elevação do seguimento RST, com onda T invertida – indica isquemia). OBS.: Na autópsia, a oclusão total deve ser identificada, obrigatoriamente. - Causas: ▪ Placa de ateroma. ▪ Doença não aterosclerótica (vasculite, por exemplo). ▪ Alteração da demanda da oxigenação sistêmica. ▪ Extra cardíaco – insuficiência respiratória, hipóxia etc. MANIFESTAÇÕES TÍPICAS - Início: subido, devastador. - Dor: intensa, opressiva, constritiva, queimação, esmagamento. Ana Laura Octávio - TXXII - Localização: subesternal, precordial, epigástrica. - Irradiação: ombro, braço esquerdo, mandíbula. - Duração: + de 20 minutos. - Sudorese intensa, náuseas, dispneia, congestão e edema pulmonar, choque cardiogênico. OBS.: Risco para manifestação atípica de IAM (não apresentam clínica): idosos, sexo feminino, DM, insuficiência cardíaca, marca-passo. Mulher possui hormônios – estrógeno - que “aguentam” a dor/cardioprotetor, idoso não apresenta clinicamente a doença porque, com a idade, vão perdendo o estímulo da dor. DIAGNÓSTICO (é clínico) - Sintomas. - ECG. - Aumento de enzimas plasmáticas. ✓ Mioglobina – curva máxima nas primeiras 24 horas. Após isso, desaparece. ✓ Creatina quinase – após 24 horas, dura de 4 a 5 dias. ✓ Troponina – máxima após 2 dias. Desaparece após 8 dias. CLASSIFICAÇÃO - Primeira área a necrosar é o subendocárdico, pois é a primeira área a ficar sem vascularização. - Formas de classificar: ▪ Tamanho. ▪ Área anatômica comprometida (topográfica). ▪ Patológica (características histopatológicas). Ana Laura Octávio - TXXII 1) TAMANHO - Microscópico: necrose focal (focos de necrose). - Pequeno: comprometimento de menos de 10% do miocárdio VE. - Moderado: comprometimento de 10 a 30% do miocárdio do VE. - Grande: comprometimento de mais de 30% do miocárdio do VE (em geral, incompatível com a vida). OBS.: IAM também pode ocorrer no VD, todavia, não é evidenciado pelo ECG convencional (se suspeitar de patologia direita, tem que pedir derivações para o coração direito). 2) ANATÔMICA - Transmural: acomete toda parede miocárdica (envolve 50% ou mais da espessura do ventrículo). - Não-transmural: intramural, subepicárdico ou subendocárdico (são focos localizados). 3) PATOLÓGICA - Em evolução: óbito em menos de 6 horas após o infarto (nenhum polimorfonuclear – nenhuma resposta ao dano celular – “não dá tempo”). - Agudo: óbito entre 6h e 7 dias após o infarto (abundantes polimorfonucleares presentes). - Em cicatrização/reparação: óbito entre 7 e 28 dias após o infarto (presença de mononucleares e fibroblastos). - Cicatrizado: evolução maior que 30 dias do infarto (presença de colágeno). 4) TOPOGRÁFICA - Anterior, inferior, septal, lateral, inferobasal/posterior e ventricular esquerdo. Ana Laura Octávio - TXXII CORRELAÇÃO ENTRE AS ALTERAÇÕES DO ECG E A LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA DO INFARTO CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS - Oclusão da artéria coronária (primeira área comprometida é a área subendocárdica – primeiros 40 min). - A partir de 3h, a área de necrose é mais extensa. - Após 6h, infarto é transmural, acomete toda a parede. MICROSCÓPICAS - Lesão características: necrose de coagulação (isquemia). Ausência de núcleo e aumento da eosinofilia. - 24h: pouquíssimos polimorfonucleares, edema intersticial moderado e células fantasmas. - 72h: edema intersticial maior, infiltrado inflamatório (mono e poli) de neutrófilos e macrófagos e células fantasmas maiores. - 15 dias: tecido de granulação, fibrose do miocárdio, células fantasmas, deposito de colágeno¿. - 30 dias: fibrose do tecido. COMPLICAÇÕES - São divididas em complicações precoces (necrose) e tardias (sequelas pela fibrose, paciente tem sobrevida). PRECOCES - Ruptura da parede de ventrículo ou do septo intraventricular → choque cardiogênico (mistura de sangue¿). - Ruptura do músculo papilar → regurgitação mitral. Ana Laura Octávio - TXXII - Ruptura do músculo livre de ventrículo esquerdo → hemopericárdio, vai a óbito por tamponamento cardíaco. TARDIAS - Cicatrizes extensas → aneurisma de VE ou insuficiência cardíaca residual. - Ruptura contida, formação de lesões de musculo cardíaco (pericárdio)¿ → pseudoaneurismas de VE e derrame pericárdico após 30 dias do IAM (síndrome de Dressler).
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