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METODOLOGIA E CONTEUDO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO AULAS DE 1 A 10

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1 
METODOLOGIA E PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO E 
LETRAMENTO 
 
 AULA 01 - A FORMAÇÃO DOS LEITORES E ESCRITORES NO 
BRASIL 
Para início de conversa, pense no seu processo de formação como leitor e 
escritor e reflita sobre as questões a seguir. 
Qual é a função social da leitura e da escrita? 
Quais pessoas foram fundamentais no seu processo de formação como leitor e 
escritor? 
Por que existem tantos analfabetos funcionais? 
Ao pesquisarmos a iconografia brasileira, concluímos que a representação de 
leitores e escritores passa a ser apresentada somente no período republicano. 
Fato que nos remete a uma elitização desses processos, pois as grandes 
camadas da população não tinham acesso à escolaridade. 
 Educação na Colônia: A educação era representada pela ação dos 
jesuítas da Companhia de Jesus, liderada pelo Padre Manuel da Nóbrega. 
Não havia qualquer ação educativa sistemática para os negros que 
trabalhavam nas lavouras. 
 
 Educação no Império: Em 1824, é outorgada a primeira Constituição 
brasileira que preconizava a "instrução primária e gratuita para todos os 
cidadãos”. Mas na prática, ainda não havia uma organização educativa 
por parte do Estado. 
 
 Educação na República: José Ferraz de Almeida Jr (Brasil,1850-1899) 
Moça com livro, 1879, MASP. O percentual de analfabetos no ano de 
1900, segundo o Anuário Estatístico do Brasil, do Instituto Nacional de 
Estatística, era de 75%. 
 
 
2 
 Brasil Atual: Atualmente, temos vários programas de incentivo à leitura. 
Dentre eles, o PROLER que foi Instituído em 13 de maio de 1992 pelo 
Decreto nº. 519, e está vinculado à Fundação Biblioteca Nacional (FBN). 
Reflita, agora, sobre o panorama atual brasileiro. A partir do Censo Escolar da 
Educação Básica de 2009 – Anexo I, analise os números de alunos que estão 
estudando nas redes de ensino estaduais e municipais urbanas e rurais. 
Tendo como base os dados do Censo, pense sobre as seguintes questões: 
• são 14.346.603 alunos matriculados no ensino fundamental e 2.773.290 
alunos matriculados no EJA da educação pública. Este parece um quantitativo 
representativo da democratização do ensino em nosso país? 
• será que a quantidade de alunos matriculados na rede pública acompanhou a 
evolução das pesquisas sobre os métodos de alfabetização? 
• como será o aproveitamento desses alunos no que se refere a sua formação 
como leitores e escritores? 
E por falar em formação de leitores... Vamos dialogar com Marlene Carvalho 
(2001). Marlene Alves de Oliveira Carvalho lecionou durante mais de dez anos 
em escolas municipais. Formou-se em pedagogia pela UFRJ, onde também fez 
mestrado em Educação. Na Bélgica, concluiu o Doutorado, com uma tese sobre 
classes de alfabetização. Criou o Curso de Extensão em Alfabetização para 
Professores do Município do Rio de Janeiro. Atualmente, é professora do 
Mestrado da UCP e assessora pedagógica do Programa de Alfabetização de 
Jovens e Adultos organizado pela UFRJ. 
CARVALHO, M. Guia Prático do Alfabetizador. Rio de Janeiro, Ática: 2001. 
Diante de sua vasta experiência na formação de professoras alfabetizadoras, 
Marlene afirma que: “Produzir bons leitores é um desafio para a escola em 
todas as partes do mundo. Da escola primária à universidade, professores se 
queixam de que a maioria dos alunos lê mal e não sabe usar os livros para 
estudar”. (pág. 09). 
Essa afirmação da pesquisadora nos ajuda a refletir sobre os critérios de 
qualidade e eficiência nos métodos de alfabetização que são utilizados na 
educação básica 
 
3 
Ler é uma atividade bastante complexa que vai exigir o trabalho de vários 
processos psicológicos (concentração, percepção, análise, síntese e 
interpretação) e mecanismos cerebrais. 
Processos psicológicos: Leitores eficientes reconhecem a palavra de forma 
rápida e automática, focalizam sua atenção no significado e apresentam uma 
boa memória. Por outro lado, pessoas sem proficiência na leitura apresentam 
dificuldades nos processadores visuais e/ou auditivos. Sendo assim, será muito 
comum cometerem distorções, inversões, trocas e omissões de letras que 
comprometerão a compreensão do texto lido. 
Carvalho: Neste processo, o leitor constrói os significados do texto e os 
compreende. Reparem que se disse construir e não captar os significados. O 
leitor tem papel ativo, não é apenas receptor” (pág. 10). É um modelo dialógico 
de leitura e interpretação em que o leitor é um co-criador do texto lido e 
precisa experienciar essa atividade desde a primeira infância quando começa a 
interpretar os contos de fadas e as primeiras reportagens de jornal. 
CARVALHO, M. Guia Prático do Alfabetizador. Rio de Janeiro, Ática: 2001. 
De acordo com ARAÚJO (s/d), há vários mecanismos cerebrais envolvidos na 
atividade da leitura. A palavra escrita é registrada na forma visual, no lobo 
occipital, depois é ligada à forma auditiva, situada no gyro angular, área 
temporal, especificamente área de Wernick. A atividade passa para a área de 
Broca, pelas fibras de fascículo (arcuate fasciculus). 
Disponível em http://usuarios.uninet.com.br/~hmiguens/index.html (Acesso 
em 19/04/10). 
Saiba mais: As novas técnicas de neuro imagem são capazes de fornecer dados 
neurofisiológicos para a neurociência que auxiliam a compreensão do processo 
de leitura, na medida em que identificam as estruturas cerebrais envolvidas e, 
sobretudo, descrevem o funcionamento da leitura. 
Muitas áreas do cérebro estão envolvidas durante o processo de leitura. As 
regiões parietais inferiores esquerdas, incluindo os giros supramarginal e 
angular, estão implicados no processamento fonológico normal, na 
recuperação da palavra, na visualização das palavras e na leitura oral. 
“Os processamentos de leitura visual, linguístico e ortográfico, se concentram 
principalmente na região extra-estriada do lobo occipital. O processamento 
fonológico ativa tanto o giro frontal inferior quanto o lobo temporal, envolve 
 
4 
mais o giro temporal superior do que faz o processamento fonológico ou o 
ortográfico” (Rotta, 2006, p. 156).ROTTA, N. T. (et al) (orgs.) Transtornos da 
Aprendizagem – Abordagem neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre. 
ArtMed: 2006. 
O leitor vai sofisticando as suas habilidades de ler, compreender e interpretar o 
texto, um exemplo bem contemporâneo são as leituras cada vez mais rápidas, 
baseadas em imagem e escritas pictográficas e abreviadas a partir da interação 
com as novas mídias digitais. 
É no contexto da cibercultura, onde o texto se transformou em hipertexto e 
onde os links fazem a nossa leitura estabelecer diálogos em rede com conceitos 
que apresentam inúmeras estratégias de organização. 
Cibercultura: Para Pierre Lévy (1999), a cibercultura é a comunicação universal, 
uma nova condição cultural caracterizada pelo engendramento das novas 
tecnologias de comunicação e informação. Segundo o autor, há três princípios 
que orientaram o crescimento do ciberespaço: 
• a interconexão - termina com fronteiras mundiais em relação à comunicação, 
pois tudo está interligado; 
• a criação de comunidades - está baseado na afinidade de interesses de 
conhecimentos, em um processo de cooperação ou de troca, independente de 
proximidades geográficas ou filiações institucionais; 
• a inteligência coletiva - seria sua perspectiva espiritual, sua finalidade última 
visto que o ciberespaço pode ser um local para sinergia de saberes. 
Referência: LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. 
O que vem a ser a leitura? 
Conheça alguns conceitos e pense sobre a resposta. 
Modelo de decodificação: É um processo bem diferente da leitura, pois se 
limita a decodificação do sistemalinguístico: letra, palavras e frases, sem, no 
entanto, ter maior atenção sobre o significado do que se está lendo. Esta 
concepção está fundamentada no ensino da leitura como se fosse uma lógica 
combinatória entre os fonemas, que memorizados mecanicamente pelo leitor, 
são sonorizados no ato da leitura. 
Modelo psicolinguístico : É um processo de interação entre as estruturas 
cognitivas que o sujeito apresenta e as informações do texto. O objetivo 
 
5 
principal da leitura é a compreensão e, para isso, no processo de leitura, o 
leitor utilizará seus pressupostos subjetivos que o auxiliarão na compreensão 
do texto. 
Modelo interativo: É uma concepção fundamentada no diálogo, na troca, na 
interação que ocorre entre o leitor, o autor do texto e o próprio texto. Há uma 
espécie de co-autoria do texto pelo leitor, na medida em que ele inaugura os 
significados construídos no ato da leitura. Desta forma, a leitura é um processo 
perceptivo e cognitivo que só se torna possível dentro de um contexto 
sociocultural. 
Após conhecer os conceitos, responda a seguinte questão: Em qual dos 
modelos estudados ocorreu a sua aprendizagem e vivência como leitor no 
espaço escolar? 
Existe um segredo para uma boa leitura? 
O bom leitor não se faz por acaso. Quase sempre é formado na infância, antes 
mesmo de saber ler, através do contato com a literatura infantil e as 
experiências positivas no início da alfabetização.” (CARVALHO, 2001, pág. 11). 
Com essas assertivas, Carvalho (2001) nos propõe uma leitura contextualizada, 
dialógica em que o leitor assume um papel ativo na construção dos significados 
do texto e na busca por informações. 
A autora ainda abre a possibilidade para crítica de algumas práticas que são 
reproduzidas no interior da escola mesmo tendo sido amplamente divulgadas 
em sua ineficácia. 
Crítica de algumas práticas que são reproduzidas no interior da escola: 
Aprender a ler como se fosse um ato mecânico, separado da compreensão é 
um desastre que acontece todos os dias. Estudar palavras soltas, sílabas 
isoladas, ler textos idiotas e repetir sem fim exercícios de cópia, resulta em 
desinteresse e rejeição em relação à escrita” (...) “O trabalho de alfabetização 
em nossas escolas (seja qual for o método adotado) parte do pressuposto de 
que o importante é ensinar o mecanismo de decodificação porque depois a 
compreensão virá automaticamente. 
O pressuposto está errado. Antes mesmo de ensinar a decodificar letras e sons, 
é preciso mostrar aos alunos o que se ganha e o que se obtém com a leitura: 
mas isso só será possível por meio de atividades que façam sentido, atividades 
 
6 
de compreensão da leitura desde as etapas inicias da alfabetização (2001, pág. 
11). 
Assim fazemos mais algumas perguntas. 
• Porque são mantidas práticas ineficazes de alfabetização? Seria uma decisão 
política? 
• Qual é o resultado imediato destas metodologias na formação dos leitores e 
escritores? 
• Você já ouviu falar dos analfabetos funcionais? 
Analfabetismo funcional – uma realidade que pode ser transformada 
O conceito de analfabeto funcional é utilizado para designar pessoas incapazes 
de utilizar a leitura, a escrita e a capacidade de calcular de forma pragmática no 
seu cotidiano, sendo que estas têm uma história de escolarização. O 
analfabetismo funcional não é uma realidade apenas brasileira, aliás, ele foi 
primeiramente diagnosticado nos Estados Unidos, ocasião da Segunda Guerra 
Mundial quando os soldados do exército não eram capazes de ler as instruções 
para utilização dos armamentos, após terem passado, contraditoriamente, por 
anos de escolarização. 
A partir da evidência, a UNESCO definiu um novo conceito para a alfabetização 
em suas pesquisas educacionais e estatísticas. 
Novo conceito para a alfabetização: Novo conceito para a alfabetização - 
indivíduos que sejam capazes de desempenhar tarefas em que a leitura, a 
escrita e o cálculo sejam utilizados para o seu próprio desenvolvimento e para 
o desenvolvimento de sua comunidade.Diante desta nova categorização, 
cresce o número de pessoas que passaram mais de quatro anos na escola e não 
são capazes de utilizar a leitura, a escrita e o cálculo matemático em suas 
atividades diárias. 
Conheça os três níveis distintos de alfabetização que foram revelados pelo 
Instituto Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF) para avaliar as habilidades 
para numeração (matemática) e letramento (leitura/escrita) na população 
adulta. 
O nível pleno é considerado satisfatório, pois, permite que a pessoa possa 
utilizar com autonomia a leitura como meio de informação e aprendizagem. 
 
7 
A partir daí, perguntamos: Há um percentual significativo da população 
brasileira que apresenta as competências do letramento no nível pleno de 
alfabetização? 
Inicio da pirâmide Nível Pleno: Localiza mais de um item de informação em 
textos mais longos, compara informação contida em diferentes textos, 
estabelece relações entre as informações (causa/efeito, regra geral/caso, 
opinião/fato). Reconhece a informação textual mesmo que contradiga o senso 
comum. 
Meio da pirâmide Nível Básico: Localiza uma informação em textos curtos ou 
médios (uma carta ou notícia, por exemplo), mesmo que seja necessário 
realizar inferências simples. 
Final da pirâmide Nível Rudimentar: Localiza uma informação simples em 
enunciados de uma só frase, um anúncio ou chamada de capa de revista, por 
exemplo. 
E por falar em escrita, existe alguma correlação entre a escrita e a civilização? 
 Para compreender essa questão, vamos fazer um diálogo com José Juvêncio 
Barbosa (1994) É professor formado pela USP, colaborador de revistas em 
pesquisas e foi premiado pelo concurso Nacional de Monografias sobre 
“Alfabetização e Pobreza” (FLE e SBPC, 1986). 
Se existe um marco da passagem da pré-história para a história é a escrita, pois 
ela tem “origem no momento em que o homem aprende a comunicar seus 
pensamentos e sentimentos por meio de signos. Signos que sejam 
compreensíveis por outros homens que possuem ideias sobre como funciona 
esse sistema de comunicação” (1994, pág. 34). 
Evolução da escrita 
Conheça as fases da evolução cultural da escrita. 
Pintura: Antes utilizada como representação estética, a pintura e os desenhos 
começaram a ser utilizados como símbolos para identificar pessoas ou objetos. 
Foi uma etapa descritiva que não apresentava relação com os idiomas. 
Progressivamente, um mesmo desenho passou a ser utilizado para representar 
o mesmo objeto, sendo que este símbolo era compartilhado por um grupo 
social. Neste momento, foi inaugurada a etapa da escrita mnemônica. 
 
8 
Escrita ideográfica: Representando ideias e não palavras, esta modalidade de 
representação foi encontrada na Sumária num templo que recebeu o nome do 
seu rei em 3150 a.C. 
Escrita cuneiforme : “Sinais gráficos em forma de cunha, traçados em tijolos 
de argila por meio de instrumentos de metal”. (Barbosa, 1994, pág. 35). 
Geralmente silábicos, representavam nomes pelo desenho dos sons desses 
nomes, os chamados hieróglifos. Barbosa, J, J. Alfabetização e Leitura. Coleção 
Magistério. 2º. Grau. Série Formação do Professor. São Paulo, Cortez, 1994. 
Mais informações: Para Barbosa (1994, pág. 36), com a introdução do sistema 
de fonetização, abrem-se enormemente os horizontes para os registros 
escritos. Passa a ser possível representar todas as formas linguísticas, até as 
mais abstratas, por meio de símbolos escritos. Os símbolos passam a ter 
valores silábicos convencionais: convenção de formas e de princípios. Os signos 
foram normatizados para que todos desenhassem da mesma maneira; 
estabeleceram-se correspondênciaentre signos, palavras e sentidos. O 
primeiro alfabeto foi criado por volta de 3000 a.C. e compreendia 24 
consoantes. 
Leitura e escrita contemporâneas – influência das mídias digitais 
Desde 1444, quando Johannes Gutenberg criou a imprensa tornando possível a 
disseminação e a conservação da cultura através da escrita, muitas 
transformações ocorreram nas práticas de leitura e escrita da humanidade. 
Atualmente, temos o internetês que são neologismos que abreviam a palavra 
para tornar sua escrita mais rápida no ambiente digital.Esse tema será 
aprofundado na aula teletransmitida. 
Para quem se surpreendeu com o universo que apresentamos sobre a leitura e 
a escrita, Lya Luft tem algo a nos dizer em seu conto: Pensar é transgredir 
(2004). 
EXERCICIO Aprenda praticando! Caça-palavras 
a) _____LER____ é uma atividade bastante complexa que vai exigir o trabalho 
de vários processos psicológicos e mecanismos cerebrais. 
b) O Modelo ___INTERATIVO___ é uma concepção fundamentada no diálogo, 
na troca, que ocorre entre o leitor, o autor do texto e o próprio texto. 
 
9 
c) Para Pierre Lévy (1999), a ___CIBERCULTURA___ é a comunicação universal, 
uma nova condição cultural caracterizada pelo engendramento das novas 
tecnologias de comunicação e informação. 
d) O Modelo __PSICOLINGUÍSTICO____ é um processo de interação entre as 
estruturas cognitivas que o sujeito apresenta e as informações do texto. 
Nesta aula, você: 
• teve a oportunidade de refletir sobre os importantes fatores que interferem 
na formação de leitores e escritores em nosso país - as políticas públicas, os 
mediadores escolares e não escolares etc.; 
• conheceu o processo de desenvolvimento da escrita ao longo da história da 
humanidade até os dias atuais; 
• pôde refletir sobre pessoas que se constituíram como importantes 
mediadores em sua formação como leitor e escritor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
AULA 02 - HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL 
Para início de conversa, tente lembrar-se como ocorreu seu processo de 
alfabetização e, pensando nisso, reflita sobre as questões a seguir. 
 Qual foi a cartilha adotada e o método aplicado na época da sua alfabetização? 
Como eles influenciaram na sua compreensão do que é aprender a ler e 
escrever? 
Qual a relação das cartilhas com a história da alfabetização do Brasil? 
O que é alfabetização? 
Você conhecerá a alfabetização como um conceito que é produzido histórica e 
culturalmente. Então, prepare-se para iniciar seu contato com a história da 
alfabetização no Brasil. 
Para facilitar, o ponto de partida será no início da república até chegarmos aos 
dias atuais. 
Desde o início da república a questão da leitura e da escrita foi considerado 
como um problema a ser resolvido. Com 75% da população analfabeta, a nova 
ordem vigente apontava para a necessidade de garantir à população o acesso a 
cultura “letrada”. 
Também podemos olhar para a história da alfabetização do Brasil através das 
Cartilhas de Alfabetização. No início da república, também começa o processo 
de escolarização das práticas de leitura e escrita, onde o principal material é a 
Cartilha. Dentro dela, virá o método a ser proposto.Foram muitas as cartilhas, 
mas você conhecerá algumas a partir de agora. 
Esta é a primeira cartilha que você conhecerá: 
 a Cartilha Maternal João de Deus. 
 
11 
 
 
Especificações da Cartilha que você vê ao lado: 
Lisboa: Convergência, 1977. 
Ilustrações: José Rui. 
 A primeira edição e de 1876 
 Segundo Maria do Rosário Longo Mortatti (2000) o método de 
alfabetização de João Deus foi introduzido na escola normal de São 
Paulo 
 Isso ocorreu em 1883 pelo então professor Antônio da Silva Jardim 
 1897 o governo Paulista importou vários exemplares dessa cartilha para 
distribuir nas escolas do estado. 
Conheça um pouco mais sobre as primeiras Cartilhas. 
As primeiras cartilhas foram produzidas por autores estrangeiros. Em seguida, 
surgiram os professores brasileiros escritores de cartilhas. Os métodos estão 
presentes nas cartilhas. Os primeiros foram os métodos sintéticos. As 
primeiras cartilhas brasileiras foram produzidas com base nos métodos de 
marcha sintética, com base nos processos de soletração e silabação. Os 
 
12 
professores, principalmente os fluminenses e paulistas, foram os principais 
responsáveis com sua experiência didática. 
A partir dos anos de 1930, aproximadamente, as Cartilhas passaram a se basear 
em métodos mistos ou ecléticos. Isso ocorreu especialmente em decorrência 
da disseminação e da repercussão dos testes ABC, de Lourenço Filho. 
Métodos mistos ou ecléticos: Os métodos mistos ou ecléticos correspondem 
ao analítico-sintético e vice-versa. 
Exemplo: 
Vejo uma bonita vaca. A vaca é a Violeta. Violeta é do vovô.Vovô bebe leite da 
vaca. 
vaca veio ôvo cava vejo novo cavalo vadio povo cavava vida vovô ouve viva 
vovó couve vivo vila uva voa vivi viúva voava viola va ve vi vo vu va ve vu vo vu 
V v V v 
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Cartilha de alfabetização e cultura escolar; 
um pacto secular. In: Campinas: Cadernos Cedes, ano XIX, nº. 52, novembro 
/2000. 
A finalidade desses testes era medir o nível de maturidade necessário ao 
aprendizado da leitura e da escrita, visando a maior rapidez e eficiência na 
alfabetização. 
Podemos verificar, então, um processo de secundarização da importância do 
método, uma vez que o como ensinar encontra-se subordinado à maturidade 
da criança e as questões de ordem didática, às de ordem psicológica. 
O uso da nomenclatura “Cartilha de Alfabetização” passa a ser considerado 
inadequado a partir dos anos 80. Veja abaixo, como ficaram as Cartilhas a partir 
dos anos 80. Os livros de alfabetização usados passam a incorporar novas 
propostas introduzidas. Mas, os antigos livros baseados nos métodos de 
alfabetização também continuam presentes no meio educacional. 
 Empirismo (métodos de alfabetização) 
 Construtivismo 
 Histórico-Cultural 
 Letramento 
Agora, conheça e compare os métodos de alfabetização que foram 
empregados nas Cartilhas que conhecemos até aqui. 
 
13 
Métodos sintéticos: O processo de análise da língua se dá das partes para o 
todo. São métodos que baseiam-se no conceito de que as unidades 
significativas da língua – sons e letras – é que devem ser o ponto de partida. 
 
 
Método analítico: O processo de análise da língua se dá do todo para as partes. 
São métodos que dão ênfase à compreensão da leitura desde a sua fase inicial, 
baseiam-se no conceito de que as unidades significativas da língua – palavras e 
sentenças – é que devem ser o ponto de partida. 
 
Nesta aula, você: 
• teve a oportunidade de refletir sobre a história da alfabetização no Brasil e a 
contribuição deste estudo para sua formação docente; 
 • compreendeu como a adoção das cartilhas e dos métodos de alfabetização 
influenciaram, de forma significativa, a compreensão do que é aprender a ler e 
escrever nos dias atuais; 
 identificou as principais concepções e práticas de alfabetização. O 
Construtivismo o Sociointeracionismo (histórico-cultural) e o conceito 
letramento presentes atualmente nas práticas do professores 
alfabetizadores. 
 
 
 
 
 
14 
AULA 3 - TEORIAS DE CONHECIMENTO/FORMAÇÃO DE 
LEITORES E ESCRITORES 
Há várias formas de ensinar uma criança a ler e a escrever. Para começar seu 
estudo, pense em suas vivências de alfabetização na infância e reflita sobre as 
questões a seguir. 
O que fazer com a escrita espelhada? 
Como trabalhar com jornaispara contribuir para o processo de letramento das 
crianças já na educação infantil? 
Uma importante conquista da criança é a aprendizagem da leitura e da escrita. 
Ambos são processos complexos e que conduzirão a criança a um caminho de 
crescente autonomia e construção do conhecimento sobre a realidade que a 
cerca. 
 Podemos empregar várias formas, não aleatórias, para ensinar uma criança a 
ler e a escrever. Essas formas têm relação com as concepções de conhecimento 
que são apresentadas pelos professores, pelos autores do material didático e 
por fim, pelas secretarias de educação ou órgãos responsáveis pela 
alfabetização. 
Você conhecerá a partir de agora três concepções de conhecimento: 
 Empirista 
 Construtivista 
 Sociointeracionista 
Prepare-se para conhecer os teóricos que fundamentam essas concepções, 
assim como seus princípios epistemológicos e as práticas que são produzidas 
na sala de aula na formação de leitores e escritores. 
Concepção Empirista 
Antes de qualquer coisa, veja aqui o relato sobre a representação da uma 
criança no seu primeiro dia de aula do primeiro ano do Ensino Fundamental. 
Ele nos trará algumas pistas sobre a concepção empirista na escola. Era o meu 
primeiro dia de aula na escola nova. A professora nos recebeu com uma 
saudação de boas-vindas e logo direcionou o lugar que cada um de nós deveria 
ocupar na sala de aula. Sentamos em carteiras bem diferentes daquelas que 
usamos nos agrupamentos da educação infantil. Já precisei copiar o cabeçalho 
 
15 
e fazer as duas folhas de exercícios que foram colocadas sobre a minha mesa. 
Eram pontinhos que deveriam ser cobertos com capricho e sem sair da linha. 
Não entendi muito bem. Lembro que errei ao ter que ligar a joaninha na folha e 
a abelha na flor. Voltei para casa com um dever: copiar meu nome completo 3 
vezes seguidas no caderno de casa”. 
Esse relato remeteu a você alguma memória sobre as suas vivências de 
alfabetização na infância? 
Compare-as com a concepção empirista, que você conhecerá a seguir. 
A Concepção Empirista... fundamenta uma prática de alfabetização que associa 
a aprendizagem da leitura e da escrita à experiência e ao treinamento de 
habilidades psicomotoras. 
A concepção filosófica empirista foi representada fortemente por John Locke 
(1632-1704) que defendia a experiência e os sentidos como elementos a serem 
valorizados para o alcance do conhecimento. 
Sendo assim, a alfabetização é concebida como um processo que deve estar 
apoiado em critérios de prontidão ou maturação neurológica, pois a criança 
deve ter estruturas nervosas e perceptivas prontas para interagir com o meio e 
extrair dele as experiências alfabetizadoras. 
Prontidão :Em nome desta prontidão, muitos educadores procuram antecipar 
a maturação das habilidades viso-motoras nas crianças utilizando, no dia a dia 
da educação infantil, exercícios psicomotores que objetivam preparar a criança 
para desenvolver a coordenação motora fina, a discriminação da esquerda e da 
direita, a organização espacial dos traçados no papel entre outras habilidades 
necessárias à escrita. Notem que essas habilidades são exercitadas no papel, 
em folhas previamente planejadas, mimeografadas e oferecidas pelo professor. 
O princípio psicológico que fundamenta as práticas de treinamento empirista 
no processo de alfabetização está baseado na escola behaviorista e na 
concepção de aprendizagem como uma modelização de comportamento a 
partir de estratégias de reforço positivo. 
A criança aprenderá a ler e a escrever a língua portuguesa como um modelo, 
utilizando-se: 
• do treinamento; 
• da cópia; 
 
16 
• da repetição; 
• da memorização. 
A criança, portanto, é vista como ser passivo e incompleto, que deve ser 
ensinado pelo meio, pois as suas experiências culturais (não escolares) com a 
leitura e a escrita não são valorizadas pela escola. 
Com base na concepção empirista, veja como são considerados: 
ESCRITA :É compreendida como uma atividade motora que deriva da 
associação dos estímulos sonoro-auditivos e precisa estar de acordo com as 
regras da gramática normativa, fazendo com que a criança escreva a partir de 
um modelo, ou seja, de uma cópia apresentada pelo professor. Dessa forma, a 
escola ao ensinar a escrita não abre espaço para as práticas discursivas que 
fazem parte da cultura das crianças que estão no processo de alfabetização. 
(OSWALD, 1996). 
LEITURA : É concebida como uma decodificação ou decifração dos sinais 
gráficos em fonemas, sendo assim, mais importante que o significado do texto 
lido é a composição dos fonemas que formam as palavras, pois através da 
repetição sonora a criança aprenderá a ler. 
MATERIAL DIDATICO: O material didático privilegiado pela escola são a cartilha 
e as palavras previamente definidas pelo professor para a apresentação das 
dificuldades ortográficas em uma ordem crescente para as crianças. 
AMBIENTE ALFABETIZADOR: É aquele em que as palavras, as lições, os textos 
já estão prontos, as crianças são concebidas como sujeitos passivos que 
deverão aprender de acordo com as apresentações feitas pelo professor. 
Cópias, ditados, caligrafia e vários instrumentos priorizam a forma em 
detrimento do conteúdo da escrita. 
Muitos educadores se sentem mais seguros ao se fundamentarem na 
concepção empirista, pois foram alfabetizados com ela. Além disso, 
conseguiram alfabetizar centenas de crianças ao longo de suas vidas 
profissionais. 
Levantamos, então, o seguinte questionamento para esses educadores: 
Será que as competências exigidas aos leitores e escritores da atualidade são 
exercitadas neste paradigma empirista? 
 
17 
Concepção Construtivista Antes de estudar a concepção construtivista, veja um 
relato de outra criança sobre o seu primeiro dia de aula. Ele mostrará algumas 
características da concepção construtivista no cotidiano da alfabetização. 
Veja um relato: “No meu primeiro dia de aula, a professora nos convidou para 
fazer uma rodinha e nos deu uma tira de papel colorido. Pediu que cada um 
escrevesse seu nome, da forma como soubesse e desenhasse algo que gostasse 
ao lado. Brincamos de escrever. A professora pediu que mostrássemos a nossa 
produção para os colegas e escreveu o nosso nome na parte de trás da tira. 
Brincamos de ler e descobrimos que vários colegas têm a letra C no início do 
seu nome. A letra C é a mesma de casa e cadeira. Trocamos as fichas e a 
professora pediu para cada um ler o nome que estava escrito na ficha do 
colega e colocá-la na chamadinha. Terminamos o dia descobrindo que todos 
têm um nome, os nomes são diferentes dos apelidos, os nomes estão na 
carteira de identidade e servem para nos diferenciar das outras pessoas.” 
Chegou ao Brasil nos anos 80 para fazer uma crítica às práticas mecanicistas de 
ensino da leitura e da escrita tão utilizadas na concepção empirista. Chegou 
juntamente com uma nova proposta de prática educativa conhecida como 
construtivismo. Nesta concepção, a criança era concebida como um sujeito 
ativo na construção e sistematização dos seus conhecimentos. 
A concepção Construtivista de ensino da leitura e da escrita está fundamentada 
na teoria de desenvolvimento psicológico de Jean Piaget. Nesta teoria, a 
criança é concebida como um sujeito em permanente construção do seu 
conhecimento, a partir da sofisticação dos esquemas cognitivos utilizados para 
interagir com a realidade. 
Teoria: Para Piaget, o sujeito passa por sucessivos estágios de desenvolvimento 
cognitivo, a começar pelo estágio sensório-motor que é caracterizado por uma 
inteligência prática, perceptiva e motora que é sucedida por uma forma de 
inteligência representativa na qual a aquisiçãoda linguagem é a maior 
conquista e, a aprendizagem da leitura e da escrita, as maiores transformações 
que a criança pode sofrer na sua interação com o ambiente. Este estágio é 
chamado de pré-operatório e, nele, a criança inaugura uma lógica simbólica e 
lúdica nas suas interações com os objetos de conhecimento. 
 
18 
 
Veja a seguir, a transformação que a Psicogênese da Língua Escrita ocasionou. 
E impossível afirma que a pesquisa de Emília Ferreira e Ana Taberoskyla 
transformou a lógica de ensino em alfabetização por citar a acriança como 
sujeito cognoscente que interagem ativamente com a linguagem e os símbolos 
e que e capaz de construir hipótese cada vez mais sofisticada de leitura e 
escrita. 
Para as autoras, antes da criança já escrever e ler convencionalmente ela e 
capaz de produzir hipótese sobre o sistema de representação da escrita. 
Veja quais são as fases do desenvolvimento da escrita. 
 Fase pré-silábica: Nesta fase, a criança escreve da forma como sabe e 
tenta diferenciar letras, números e desenhos numa tentativa de definir o 
que pode ser lido. Não existe qualquer correspondência entre o som e as 
tentativas de representação gráfica das palavras, pois as crianças utilizam 
elementos gráficos icônicos que podem ter relação com o signo que está 
sendo representado. As crianças também utilizam as letras que 
compõem o seu nome, pois elas fazem parte do seu universo cultural. 
 
 Fase silábica: A criança já percebe que a escrita é formada por um 
conjunto de símbolos que são convencionais e que ela pode representar 
a realidade. Mas, para isso, é necessário que algumas condições sejam 
satisfeitas como a quantidade e a qualidade mínima de caracteres 
escritos. Palavras monossilábicas e sílabas soltas se tornam um material 
de mais difícil leitura. A criança começa a escrever com uma lógica 
silábica, atribuindo uma letra para cada sílaba, compreendendo que o 
 
19 
princípio que forma as palavras é o fonográfico, ou seja, um princípio que 
relaciona grafema e fonema. 
 
 Fase silábico alfabético: Nesta fase, a criança sofistica um pouco mais a 
sua compreensão da formação da escrita ao trabalhar com a lógica 
silábica e com a alfabética. Nesta transição, ela percebe que cada letra 
pode representar um fonema ou uma sílaba. 
 
 Fase alfabética: Quando a criança compreende que a escrita é a 
representação da fala e que cada fonema representa uma letra, ela está 
alfabetizada. Quando utilizar as letras de acordo com o seu valor sonoro 
convencional, a criança estará na fase alfabética e ortográfica. 
Na medida em que o professor passou a perceber a aprendizagem da escrita 
como um processo cognitivo, a noção de erro foi ressignificada, pois este foi 
compreendido como constitutivo do desenvolvimento das hipóteses cada vez 
mais sofisticadas de escrita. 
Ao contrário das cópias realizadas na concepção empirista, a criança na 
concepção construtivista escreve refletindo sobre as suas hipóteses de 
construção da palavra. 
Agora, assista o vídeo e perceba como é o ambiente alfabetizador nesta 
concepção de ensino da leitura e da escrita. 
Assista ao vídeo e saiba mais sobre a utilização do nome próprio no processo 
de alfabetização. Veja aqui o que Smolka (1989) nos diz como questionamento 
para a concepção construtivista de conhecimento e suas práticas de leitura e 
escrita. 
Smolka (1989) destaca que a alfabetização não deve ficar restrita à 
correspondência entre grafia e fonema, nem tampouco à categorização de 
crianças de acordo com a fase de desenvolvimento da escrita. Isso aconteceu 
perante uma apropriação superficial da pesquisa de Ferreiro e Teberosky e sua 
aplicação direta na sala de aula.Para Smolka (1989), os processos de leitura e 
escrita são muito mais complexos que os conflitos cognitivos destacados na 
psicogênese e devem ser vivenciados na escola dentro da dimensão simbólica 
do processo de conceitualização e elaboração das experiências. Em outras 
palavras, a leitura e a escrita, precisam ser trabalhadas dentro dos contextos 
discursivos em que são produzidas. 
 
20 
 
Concepção Sociointeracionista 
Vamos conhecer a seguir a concepção sociointeracionista. 
Esta concepção foi construída com base na psicologia sócio-histórica de Lev 
Vygotsky (1896-1934) e das pesquisas neuropsicológicas realizas por Alexander 
Luria (1902-1977) sobre a aprendizagem da leitura. 
Lev Vygotsky e Alexander Luria: De acordo com esses autores, a criança é 
concebida como um sujeito histórico e em permanente desenvolvimento de 
sua subjetividade e da cultura em que vive. Neste sentido, Oswald (1996) 
afirma que “ao mesmo tempo em que a criança é transformada pelos valores 
culturais do seu ambiente, ela transforma o seu ambiente” (p. 63). Sendo que 
essa transformação é mediada pela linguagem e pelas produções culturais que 
fazem parte da sociedade na qual vivemos. 
O conhecimento é construído socialmente e as práticas de leitura, escrita e 
oralidade são importantes elementos simbólicos para o desenvolvimento das 
funções mentais superiores. Lev Vygotsky (1998) dividiu o desenvolvimento 
psicológico em funções mentais elementares e superiores. 
 Estas funções se sofisticam, à medida que as práticas culturais se transformam 
e exigem dos leitores e escritores competências cada vez mais complexas para 
interagir com a informação, a comunicação, as imagens e os vários 
instrumentos culturais presentes na sociedade. 
Para a concepção sócio-histórica a linguagem informa e constitui os sujeitos 
como membros de um grupo cultural. Na escola, a leitura e a escrita são 
trabalhadas como experiências histórico-culturais que emergem nos discursos, 
nas palavras, nos ditos e não-ditos dos textos utilizados. 
Sendo assim, não há uma única forma de escrever, pois a escrita revela dialetos 
e as variáveis linguísticas, tão comuns num país com amplitude continental 
como o nosso. 
Tampouco, há uma única forma de compreender os textos, pois eles são ricos 
em significados e dependem da subjetividade do leitor. Os sentidos de cada 
palavra são inaugurados no ato da leitura e interpretação do texto. 
Texto: De um mesmo texto, múltiplos significados podem emergir. Projetos, 
poesias, músicas, enfim, experiências culturais que são condizentes com a 
 
21 
cultura vigente e com as demandas da sociedade. A leitura, a escrita e a 
oralidade são trabalhadas na função social que apresentam na sociedade e em 
variados gêneros discursivos: como veículos de informação, comunicação e 
lazer. Os significados das palavras e enunciações são compartilhados pelos 
interlocutores numa dialogia em que o outro dá sentido e interpreta as 
produções de linguagem. 
Leitor, escritor, leitura e escrita, criador e criatura se confundem num processo 
em que a singularidade faz parte do cotidiano educativo. Veja as palavras de 
Smolka: a criança aprende a ouvir, a entender o outro pela leitura; aprende a 
falar, a dizer o que quer pela escrita” (SMOLKA, 1988 p. 63). 
Como esse aprendizado acontece? 
Esse aprendizado acontece através do estabelecimento de várias Zonas de 
Desenvolvimento Proximais. Isso ocorre porque as práticas linguísticas são 
desenvolvidas socialmente na escola, em casa, com diferentes instrumentos 
culturais que tornam o indivíduo mais competente do que se estivesse 
aprendendo mecanicamente as regras da língua mãe. 
Zonas de Desenvolvimento Proximais: As Zonas de Desenvolvimento Proximais 
(Vygotsky, 1998) são estabelecidas a partir de uma lógica do desenvolvimento 
humano em que existem dois níveis: um real e um potencial. O real se refere 
às funções maduras ou estabelecidas num sujeito – o que ele consegue fazer 
sozinhono presente. As potenciais significam aquilo que será realizado num 
futuro próximo ou com a cooperação de uma companheiro mais capaz no 
presente, pois a interação social facilita e antecipa a aprendizagem. 
Para saber mais sobre o cotidiano dessa concepção, leia aqui o relato de uma 
criança no seu primeiro dia de aula em uma escola com orientação 
sociointeracionista. 
Relato: Mudar de escola, mudar de professora. Quantas novidades para o 
primeiro dia de aula! A professora nos sentou no chão e com uma folha de 
papel bem grande pediu para nós falarmos para quê serve a leitura e a escrita. 
Enquanto falávamos, ela escrevia nossa fala no papel. Depois ela perguntou o 
que gostaríamos de aprender a ler e a escrever e nos apresentou uma caixa 
cheia de gibis, revistas, figurinhas, livros e até um dicionário. Ficamos 
brincando com aqueles materiais até que ela sugeriu que, em duplas, 
escolhêssemos uma palavra para pesquisar no dicionário. Eu e minha amiga 
escolhemos a palavra jornal. A professora leu para nós o significado e 
 
22 
perguntou quem já tinha lido jornal com a família Terminamos o dia planejando 
a atividade da semana que seria trabalhar com jornais na escola.” 
O trabalho com jornais contempla as premissas da concepção 
sociointeracionista, pois a leitura, a escrita e a pesquisa são realizadas de forma 
contextualizada e lúdica. 
 EXERCICIO :1. O sujeito ativo na construção e sistematização dos seus 
conhecimentos. Piaget 
 R: CONSTRUTIVISTA 
2. Sustenta que o conhecimento é construído socialmente e as pratica de 
leitura,escrita e oralidade são importante elementos simbólicos para o 
desenvolvimento das funções mentas superiores.vygostsky. 
 R:SOCIOINTERACIONISTA 
3. Pratica mecanicista. processo que deve estar apoiado em critérios de 
prontidão ou maturação neurológica. John Locke 
 R: EMPIRISTA 
Nesta aula, você: 
• teve a oportunidade de refletir sobre as diferentes concepções de 
conhecimento e como elas interferem no ensino da leitura e da escrita em 
nossa escola; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
AULA 4 - ALFABETIZAÇÃO EM UMA PERSPECTIVA 
CONSTRUTIVISTA 
Para dar início ao estudo desta aula, pense no processo de construção da 
escrita de uma criança e reflita sobre as questões a seguir. 
Que olhar devemos lançar para a escrita das crianças? 
Qual é a lógica da criança no processo de construção da escrita? 
O erro pode contribuir para a aprendizagem? 
Essas são algumas das questões que discutiremos nesta aula. 
Piaget - Construtivismo 
Emília Ferreiro desenvolveu a pesquisa denominada “A Psicogênese da Escrita”, 
que tem como pressuposto a Teoria Construtivista elaborada por Jean Piaget. 
Confira os pressupostos da teoria construtivista do suíço Jean Piaget. 
 Um sujeito que cresce e se desenvolve na interação com o meio no qual 
está inserido. Um homem que é inteligente e construtor do seu 
conhecimento. 
 Desenvolvimento impulsionado pela aprendizagem. Os indivíduos 
crescem de forma semelhante, passando por estágios de 
desenvolvimento com características comuns aos diferentes homens. 
 O homem na perspectiva piagetiana é um “sujeito universal”, é um 
sujeito inteligente que constrói o seu conhecimento na sua relação com 
o meio físico e social. 
 
Agora, conheça a pesquisa feita por Emília Ferreiro. 
Com base nos estudos de Piaget, Emília Ferreiro desenvolveu a pesquisa, em 
seu trabalho de doutorado, investigando como as crianças constroem o seu 
conhecimento sobre a língua escrita. 
Com a orientação do professor Piaget, Emília Ferreiro observou em seu estudo 
diferentes crianças em situações de escrita. Era uma pesquisa experimental, 
mas não em situações de sala de aula com crianças sendo alfabetizadas. 
 
Emília Ferreiro – A Psicogênese da Escrita 
 
24 
 
Como acabamos de ver, diferentes crianças foram colocadas em 
situações de leitura e escrita. Com base nas observações, Emília Ferreiro 
formulou a “Psicogênese da Escrita”. 
 
 
 
 
Smolka 
Na recente pesquisa de Ferreiro & Teberosky (1979) sobre a psicogênese 
da linguagem escrita, as autoras apontam justamente que os métodos de 
alfabetização e os procedimentos de ensino baseados em concepções 
adultas não estão de acordo com os processos de aprendizagem e as 
progressões das noções infantis sobre a escrita. Partindo do pressuposto 
de que a criança é sujeito ativo e conhecedor, elas indicam a importância 
de se compreender a lógica interna das progressões das noções infantis 
sobre a escrita, mostrando que as crianças exigem de si mesmas uma 
coerência rigorosa no processo de construção do conhecimento. 
 
Assumindo a perspectiva de epistemologia piagetiana e observando, 
desta ótica, o esforço das crianças para a compreensão da 
correspondência entre a dimensão sonora e a extensão gráfica na escrita 
alfabética, Ferreiro & Teberosky (1979) evidenciam o que elas chamam 
 
25 
de conflito cognitivo no processo de construção do conhecimento sobre 
a escrita. Nesse processo, elas mostram a importância do erro como 
fundamentalmente construtivo na superação de contradições e conflitos 
conceituais, explicitando, numa progressão, etapas e hipóteses que as 
crianças levantam sobre a escrita. 
 
Assim também, Ferreiro & Palácio (1982:131) argumentam que apesar 
dos esforços dos docentes para fazerem as crianças compreenderem de 
imediato as correspondências fonéticas que estão na base do sistema de 
escrita alfabética, isto não ocorre, o que não quer dizer que as crianças 
não aprendam. Elas aprendem e avançam. Recebem informação e a 
transformam. O processo de aprendizagem não é conduzido pelo 
professor, mas pela criança. 
 
Referência: SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. Discutindo pontos de vista. 
In: A criança na fase inicial da escrita. Ed. Cortez, 1991. 
 
A seguir, você conhecerá os níveis da psicogênese da língua escrita 
estudados por Emília Ferreiro e Ana Teberosky. 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
Contribuições de Emília Ferreiro para o Processo de Alfabetização 
 
O estudo de Emília Ferreiro pode nos ajudar com as seguintes questões: 
 
 Com base nos estudos de Emília Ferreiro, como podemos olhar 
para a escrita das crianças? 
 Como pensar diferentes escolas e propostas de alfabetização que 
foram sendo organizadas tendo como base a pesquisa de Emília 
Ferreiro? 
 Reflita sobre essas questões, mas lembre-se que Emília Ferreiro 
não criou um método de alfabetização. Portanto, é um equívoco a 
indicação de que existe o método construtivista. Cabe ao professor 
organizar situações pedagógicas que considerem o ponto de vista 
construtivista. 
 
Mudando o foco da alfabetização, Emília Ferreiro buscou 
identificar a lógica da criança no processo de construção da 
escrita. 
 
Podemos identificar algumas contribuições do trabalho 
desenvolvido por Emília Ferreiro: 
 
• olhar o processo de aprendizagem do ponto de vista da criança, 
mudando o foco do como se ensina para o como se aprende; 
• o erro passa a ser visto como um momento construtivo do 
processo de aprendizagem; 
• necessidade de organizar o trabalho pedagógico tendo como 
referência o conhecimento da criança. 
 
Um outro ponto de vista (que se contrapõe ao primeiro) seria o da construção 
individual do conhecimento, que considera a escrita como um objeto de 
conhecimento, que analisa o "conflito cognitivo" no processo de aprendizagem 
e vê o erro como fundamentalmente construtivo no processo. Leva em conta 
as tentativas e as hipóteses infantis relativas à escrita como representação dafala (relação dimensão sonora/extensão gráfica), analisando a escrita inicial em 
termos de níveis de desenvolvimento. 
 
 
28 
As implicações pedagógicas desse ponto de vista começam, agora, a se 
esboçar, a partir do trabalho de Ferreiro, Teberosky & Palácio. Contudo, ao 
invés de se tomar o estudo de Ferreiro & Teberosky como contribuição para o 
entendimento dos processos de aquisição da escrita, tem-se reduzido o ensino 
da escrita à questão da correspondência gráfico-sonora, categorizando crianças 
e turmas de crianças em termos de níveis de hipóteses, quando o processo de 
leitura e escrita abrange outros aspectos e outras dimensões. 
O conflito cognitivo apontado por Ferreiro não pode, sem dúvida alguma, ser 
ignorado. Mas o que também deve ser levado em consideração é que, 
entremeados nessa questão, estão os aspectos das funções e configurações da 
escrita, da dimensão simbólica e do processo de conceitualização e elaboração 
das experiências, da metalinguagem, além do conflito social mencionado 
anteriormente. 
Referência: SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. Discutindo pontos de vista. In: A 
criança na fase inicial da escrita. Ed. Cortez, 1991 
 
 
 
 
 
 
29 
AULA 5 - LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: CONCEITUAÇÃO E 
HISTÓRICO 
 
O tema desta aula tem como base os estudos da teoria Histórico-Cultural 
(Sociointeracionista) proposta por Lev Vygotsky. 
 
Com base nesta teoria, vamos investigar como podemos pensar a apropriação 
da leitura e da escrita dentro de um processo de interlocução, troca e 
compreensão de sentidos que se dão nas interações entre os diferentes 
sujeitos. 
 
Prepare-se então para começar seu estudo, em que você terá a oportunidade 
de refletir sobre o trabalho de alfabetização em uma dimensão discursiva. 
 
Vygotsky – Teoria Histórico – Cultural 
 
Você lembra quais os pressupostos da teoria histórico-cultural produzida pelo 
russo Lev Vygotsky, seus colaboradores e outros que o sucederam? Confira 
abaixo. 
 
APRENDIZAGEM -Por entender que os homens se constituem como pessoas no 
seu contexto de cultura, o sujeito na perspectiva vigotskiana é um sujeito da 
sua história e da sua cultura, um ser histórico-cultural. Assim, ele participa, 
constrói e, na relação com a sua cultura, se constitui como pessoa. Os homens 
não são determinados pela cultura, mas autores de sua história, portanto, os 
percursos de desenvolvimento da vida são singulares e peculiares para cada 
pessoa. 
 
DESENVOLVIMENTO -Vygotsky nos apresenta uma compreensão de que o 
desenvolvimento é impulsionado pela aprendizagem, que por sua vez depende 
do desenvolvimento para acontecer. 
 
Com base na lógica apresentada por Vygotsky, podemos perceber que a 
aprendizagem e o desenvolvimento são inter-relacionados. 
 
Para aprender, os sujeitos precisam se desenvolver e, para se desenvolver, os 
sujeitos precisam se aprender, ou seja, um processo está intrinsecamente 
ligado ao outro. 
 
 
30 
Um exemplo desta noção pode ser aplicado ao processo de apropriação da 
leitura e da escrita. 
 
Uma criança não consegue ler e escrever com dois ou três anos de idade 
porque o seu desenvolvimento não está adequado para esta aprendizagem. 
Por outro lado, quando ela tem em torno de cinco ou seis anos, quando o seu 
desenvolvimento está compatível com a aprendizagem da leitura e da escrita, 
podemos identificar que a apropriação da escrita permitirá que faça uso de 
livros de forma autônoma, possa se deslocar, na companhia de adultos, 
identificando locais e rotas indicados nos transportes coletivos, como também 
poderá buscar informações nas mais variadas fontes. 
 
Agora veja outro aspecto relevante na concepção vigotskiana. 
 
A relação pensamento linguagem como elemento fundamental para a 
compreensão da aprendizagem da leitura e da escrita nos leva a perceber que, 
como sujeitos de linguagem, a organização do nosso pensamento é constituída 
socialmente. 
 
Fazer uso da leitura e da escrita é também organizar a nossa linguagem na 
oralidade, no pensamento, fazendo uso das letras. 
 
Agora, veja o que Ana Luiza Bustamante Smolka tem a nos dizer. 
 
“ ... como, por trás das palavras, existe uma gramática própria do pensamento, 
existe uma sintaxe dos sentidos das palavras. Essa gramática, essa sintaxe, tem 
origem nas formas sociais de interação verbal, mas é permeada por uma 
realidade psicológica, individual.”. 
 
Referência: SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. Discutindo pontos de vista. In: A 
criança na fase inicial da escrita. Ed. Cortez, 1991. 
 
Para complementar seu estudo, é interessante assistir o vídeo: Vygotsky – 
Parte 5 (A relação Pensamento Linguagem). 
 
A Dimensão Discursiva no Processo de Alfabetização 
 
Tendo como referência a perspectiva Histórico-Cultural, alguns autores 
brasileiros vão investigar sobre o processo de alfabetização, considerando a 
 
31 
possibilidade de encontrar os autores e os interlocutores dos discursos orais e 
escritos produzidos para se aprender a ler e escrever. 
 
Dentre os estudos encontrados, identificamos com destaque o trabalho 
inaugural de Smolka. 
 
Neste trabalho, Smolka vai apontar a possibilidade de uma alfabetização numa 
dimensão discursiva. Uma alfabetização em que o ler e o escrever compreenda 
que as crianças são sujeitos de sua história e de sua cultura, autores dos 
discursos orais e escritos, produzidos para se apropriar da linguagem na sua 
forma escrita. 
 
Para este estudo, é necessário levantar algumas questões: Qual é a concepção 
de alfabetização do professor alfabetizador? Qual é a sua concepção de 
aprendizagem? 
 
Agora você conhecerá o ponto de vista de Smolka (1991), que buscava uma 
compreensão do processo de alfabetização diferente do proposto por Emília 
Ferreiro. 
 
Smolka nos traz a discussão da escrita como um conhecimento que é 
socialmente construído. Sua aprendizagem passa, necessariamente, pela 
compreensão das diferentes relações que os sujeitos estabelecem nos 
contextos nos quais estão inseridos. 
 
É necessário pensar que, ao aprender a ler e escrever, a criança aprende 
também a interagir com os outros usando uma nova forma de linguagem. 
 
Isto significa que a criança precisará refletir sobre o que escrever, para quem 
escrever, quando escrever e como escrever, uma vez que a escrita será mais 
instrumento de interação nas suas relações cotidianas. 
 
Alfabetização como um Processo Discursivo 
 
Vamos falar agora sobre a importância da perspectiva da alfabetização como 
um processo discursivo. 
 
 
32 
 
 
 
É necessário também compreender que a escrita é um importante instrumento 
para a aprendizagem de outros conhecimentos. Ao aprender a ler e a escrever, 
a criança aprende também a ler e a escrever o mundo no qual vive. 
 
“Pedagogicamente, então, é fundamental observar e considerar, no processo 
de alfabetização, as situações e as condições em que se processa e se produz o 
conhecimento escolar sobre a escrita. (Quem usa a escrita na sala de aula? Para 
quê? Como? Por quê?) Mas esse aspecto da análise ainda não dá conta da 
amplitude do problema e nos remete a outras questões”. 
 
Referência: SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. Discutindo pontos de vista. In: A 
criança na fase inicial da escrita. Ed. Cortez. 
 
A compreensão da alfabetização como um processo discursivo pressupõe a 
organização de uma proposta pedagógica que favoreça: 
 
 um trabalho com a oralidade; 
 a leitura e a escrita com função social; 
 a criança como um sujeito de discurso. 
 
Você conhecerá a seguir, cada um desses pontos. 
 
Um trabalho com a oralidade 
 
Ao nascer, a criança está mergulhada em um contexto de interações 
constantes com os que estão a sua volta. 
 
 
33 
Além dos gestos, sinais, movimentos e formas de interação variadas, as 
crianças se comunicam por meio da oralidade.Através dela, a criança se 
constitui como pessoa e pensa o mundo em que vive. 
 
Neste sentido, é de fundamental importância trabalharmos conversas, leitura 
de textos, debates e brincadeiras, explorando de forma intensa os elementos 
da oralidade. 
Isso porque, além de ser referência de linguagem para a criança, a oralidade 
possibilita explorar a organização do pensamento para, em seguida, trabalhar 
com a linguagem na sua forma escrita. 
 
A leitura e a escrita com função social 
 
Ler e escrever é viver situações reais com produção de textos nas suas formas 
mais variadas. 
A escola precisa garantir um trabalho com textos reais, materiais reais e 
situações adequadas às condições escolares. Assim, a leitura e a escrita 
funcionarão com sentido e significado para as diferentes crianças. 
 
São muitos os textos dos quais fazemos uso socialmente, como, por exemplo, 
 a propaganda, o livro, a música, a poesia, os jornais, entre outros. 
Também devemos fazer uso dos textos que estão presentes no cotidiano das 
relações das crianças como os avisos, as placas de anúncio, os bilhetes, as 
listas, entre outros. 
 
Trazer as experiências do contexto cultural das crianças é o ponto de partida 
para um trabalho com textos funcionais e significativos. Em seguida, é possível 
ampliar o universo de experiências oferecendo outros textos e situações 
relacionadas com as já vividas, mas que vão possibilitar ampliar o universo de 
interações pela via da linguagem oral e escrita. 
 
Antes de fazer pressuposições, pesquisar com as crianças é um bom caminho 
para conhecer o seu universo cultural de leitura e escrita. 
 
A criança como um sujeito de discurso 
 
A criança, ao chegar à escola, traz consigo sua história e sua cultura. Isto deve 
ser considerado como algo relevante no processo de alfabetização. 
A ação educativa só tem sentido se estiver adequada a este sujeito, sua idade e 
seu contexto de vida. 
 
34 
 
É através do discurso da própria criança que esses elementos entram na escola. 
Portanto, a proposta pedagógica deve estar organizada para dar voz e vez a 
esta criança. Dentro desta perspectiva, os discursos orais que poderão se 
organizar em discursos escritos das crianças serão os conteúdos de trabalho do 
professor alfabetizador. 
 
A fala de Smolka (1991) nos oferece uma síntese do que discutimos até aqui. 
 
“Um terceiro ponto de vista (que abrange o segundo), da interação, a 
interdiscursividade, inclui o aspecto fundamentalmente social das funções, das 
condições e do funcionamento da escrita (para que, para quem, onde, como, 
por quê). 
 
O que aparece também como relevante nesse terceiro ponto mencionado é a 
consideração da atividade mental da criança no processo de alfabetização não 
apenas como atividade cognitiva, no sentido de estruturação piagetiana, mas 
como atividade discursiva, que implica a elaboração conceitual pela palavra. 
Assim ganham força as funções interativa, instauradora e constituidora do 
conhecimento na/pela escrita. 
 
Nesse sentido, a alfabetização é um processo discursivo: a criança aprende a 
ouvir, a entender o outro pela leitura; aprende a falar, a dizer o que quer pela 
escrita. (Mas esse aprender significa fazer, usar, praticar, conhecer. Enquanto 
escreve, a criança aprende a escrever e aprende sobre a escrita). Isso traz para 
as implicações pedagógicas os seus aspectos sociais e políticos. 
Pedagogicamente, as perguntas que se colocam, então, são: as crianças podem 
falar o que pensam na escola? Podem escrever o que falam? Podem escrever 
como falam? Quando? Por quê?” 
 
Referência: SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. Discutindo pontos de vista. In: A 
criança na fase inicial da escrita. Ed. Cortez. 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
AULA 6- LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: CONCEITUAÇÃO E 
HISTÓRICO 
 
O tema desta aula tem como base os estudos de Magda Soares a 
respeito da identificação do conceito de letramento e suas implicações para as 
práticas de alfabetização a partir dos anos 80. 
É possível distinguir... 
 
 
Você sabe o que é letramento? 
Temos convivido no meio educacional e nos últimos anos com o termo 
“letramento”, mas na maioria das vezes o uso do termo não é acompanhado de 
uma reflexão sobre o seu significado. 
Por isso, a palavra letramento tem sido muitas vezes entendida e usada 
de forma ambígua e inadequada. 
Vamos nos aprofundar sobre a conceituação e o histórico do tema 
letramento e alfabetização. 
Conceito de letramento 
 É uma noção construída historicamente. 
 É tão difundido no campo educacional, que vem sendo formulado e 
reformulado por vários autores. 
 
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 Dentre os trabalhos realizados sobre este assunto, podemos citar com 
destaque o estudo de Magda Soares(2000), no livro “Letramento: um 
tema em três gêneros”. 
 
No seu estudo, Magda vai nos trazer um breve histórico do uso do termo 
letramento no Brasil. 
Uma das primeiras vezes que o termo aparece é no livro de Mary Kato, de 
1996, “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística”, da ed. Ática. 
Em 1988, a palavra letramento aparece novamente, no livro de Ângela 
Kleiman, “Os significados de letramento: uma perspectiva sobre a prática social 
da escrita”. 
Ao longo do seu trabalho, Magda vai trazer uma reflexão sobre como o 
conceito de alfabetização, como também o de letramento, foram tendo vários 
sentidos e vários usos na sociedade brasileira. 
Como a palavra letramento foi tendo vários sentidos e usos na sociedade 
brasileira, Magda Soares vai buscar na palavra de língua inglesa literacy, o 
sentido do termo letramento para o seu estudo. 
Como nos mostra Soares(2000).“Ou seja: literacy é o estado ou condição que 
assume aquele que aprende a ler e a escrever. Implícita nesse conceito está a 
ideia de que a escrita traz consequências sociais, culturais, políticas, 
econômicas, cognitivas, linguísticas, quer para o grupo social em que seja 
introduzida, quer para o indivíduo que aprenda a usá-la. 
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2000”. 
Em seu trabalho, Magda Soares identifica a necessidade de distinção entre 
Letramento e Alfabetização. Vamos vê-las. 
ALFABETIZAÇÃO -A alfabetização está vinculada ao processo de aquisição do 
sistema da escrita. 
LETRAMENTO- O letramento está relacionado à participação ou ao 
envolvimento em práticas sociais de leitura e escrita. 
Ao fazer a distinção entre alfabetização e letramento, Magda Soares nos 
apresenta algumas situações em que esta diferença pode ocorrer. 
 
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Como nos afirma Soares (2000): “Uma última inferência que se pode tirar do 
conceito de Letramento é que um indivíduo pode não saber ler e escrever, isto 
é, ser analfabeto, mas ser de certa forma, letrado (atribuindo a este adjetivo 
sentido vinculado a Letramento).” 
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: 
Autêntica,2000) 
Explica ela que uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada, como 
também pode ser letrada e não ser alfabetizada. Vamos ver como isso 
acontece nos exemplos a seguir. 
 
 Uma criança pequena que ainda não sabe ler, mas folheia livros e 
“finge” lê-los. 
 Um adulto que não aprendeu a ler, mas pede para que alguém 
leia ou escreva para ele. 
 
Comentários 
Em ambos os casos, tanto a criança, como o adulto, podem ser considerados 
analfabetos do ponto de vista da aquisição do código, mas são letrados, pois 
participam de situações sociais em que a leitura e escrita estão presentes. 
Como podemos identificar o letramento na escola? 
Para conhecer mais sobre este assunto e saber como tem sido o letramento na 
Educação Infantil, no Ensino Fundamental ou na Educação de Jovens e Adultos, 
leia o texto Letramento na escola.Para explicar as aplicações de letramento nas práticas de alfabetização nas 
escolas, veja as situações pedagógicas que estão sendo usadas. 
RODAS DE LEITURA: Momentos de leitura de jornais , poemas e literatura em 
geral, buscando o prazer do narrar e imaginar. 
CONTAÇÃO DE HISTORIAS: Leitura de livros da literatura infanto-juvenil. 
JORNAL ESCOLAR: Criação e produção de jornal com as crianças. 
CORREIO: Troca de cartas entre turmas ou escolas com assuntos e finalidades 
especificas e dentro de um projeto de trabalho com a turma. 
 
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AULA 7 -LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: COMO 
ALFABETIZAR LETRANDO 
 
Após a compreensão sobre a categoria letramento e sua diferenciação do 
processo de alfabetização, é hora de refletirmos sobre como um educador 
pode trabalhar com práticas de letramento, que dotem as crianças de 
competências linguísticas para interagir com a diversidade de gêneros de 
leitura e demandas de escrita e oralidade na atualidade. 
A alfabetização é uma tecnologia que engloba as atividades de codificação 
(escrita) e decodificação da língua. Os sujeitos são alfabetizados se dominarem 
os códigos alfabético e numérico aprendidos na escola. 
Na concepção freireana (Freire, 1980), a alfabetização é o desenvolvimento de 
uma consciência crítica e reflexiva do sujeito para que ele tenha acesso à 
cultura e que se liberte como cidadão. Um processo coletivo de 
democratização do saber através da linguagem. 
Assim, entendemos que essas competências são desenvolvidas na medida em 
que as crianças possam refletir sobre os textos que: 
As competências de letramento requerem não apenas as habilidades de 
alfabetização, mas também a apropriação das práticas sociais da leitura e da 
escrita vigentes na sociedade. Mais que saber ler e escrever, é necessário ter 
competência na utilização da leitura e da escrita em diferentes gêneros para 
ser letrado. 
Para que esse desenvolvimento ocorra, é necessário que sejam utilizadas tanto 
as regras da gramática normativa quanto as características peculiares de cada 
gênero textual. 
Você já assistiu ao filme Os Filhos de Francisco (2005)? Este filme certamente 
irá auxiliá-lo a entender a complementariedade existente entre alfabetização e 
letramento. 
Vamos aprofundar o estudo do nosso tema descobrindo mais sobre como 
promover a prática do letramento através de exercícios que envolvam as 
práticas de leitura, escrita e oralidade. 
 
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Um exemplo para o exercício do desenvolvimento das competências de 
letramento é indicado no texto A professora e a maleta, escrito por Lygia 
Bojunga Nunes em 1978, como parte integrante do livro A Casa da Madrinha. 
Um texto rico em realismo fantástico e metáforas que fizeram duras críticas ao 
poder político da época. 
Como você viu anteriormente, há uma relação entre o desenvolvimento das 
competências de letramento e a interação com o texto. 
Conheça, agora, alguns tipos de leituras que são capazes de contribuir para o 
desenvolvimento das competências de letramento escolar. 
 
1. Pré-leitura - Quanto mais o leitor souber sobre o gênero e o autor do 
texto lido, mais informações ele terá para interpretar a obra. Antes de 
iniciar a leitura propriamente do texto, os professores podem resgatar 
os conhecimentos prévios que as crianças têm sobre o gênero, o autor e 
o texto. Podem também trabalhar os objetivos da leitura, pois há uma 
grande variedade de textos que oferecem informações diferenciadas. 
 
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a) Os textos enumerativos têm a função de localizar informações concretas, 
recortar dados, etiquetar, classificar, comunicar resultados, anunciar 
acontecimentos, ordenar, arquivar informações entre outros. São exemplos: 
listas, catálogos, guias, horários entre outros. 
b) Os textos informativos têm a função de conhecer ou transmitir, explicações 
e informações de caráter geral sem aprofundar sobre o assunto. São exemplos: 
jornais, anúncios, propagandas, convites, entrevistas entre outros. 
c) Os textos literários têm a função de induzir ao leitor sentimentos e emoções 
especiais, causar entretenimento e diversão, comunicar fantasias ou fatos 
extraordinários, lembrar-se de acontecimentos e emoções vividas pelo grupo 
ou pela própria pessoa, transmitir valores culturais, sociais e morais. São 
exemplos: contos, poesias e histórias em quadrinhos. 
d) Os textos expositivos têm a função de compreender ou transmitir novos 
conhecimentos. São exemplos: livros escolares, artigos de pesquisa, biografias 
e resenhas. 
e) Os textos prescritivos têm a função de regular o comportamento humano 
para a realização de um objetivo de forma precisa. São eles: receitas, 
regulamentos, códigos e manuais. 
 
2. Leitura oral - A maior parte dos textos lidos em nossa cultura são 
realizados de forma silenciosa e individual, entretanto, a leitura oral tem 
a sua importância quando tratamos de contação de histórias, 
declamação de poesias, acentuação da expressividade do texto, 
literatura de cordel, textos teatrais entre outras modalidades que 
necessitam diferenciar o ritmo e a sonoridade da leitura. 
 
3. Leitura silenciosa - Na leitura silenciosa a criança pode desenvolver a 
capacidade de interpretação e síntese do texto. É uma leitura que exige 
maior concentração do leitor e abre maior possibilidade para diálogo 
como autor do texto. 
 
4. Interpretação oral - Todo o texto pode apresentar uma multiplicidade 
de sentidos e interpretações que são inerentes a cada leitor, pois são 
elaboradas a partir da subjetividade ou dos pressupostos que o leitor 
apresenta no ato da leitura. A criança deve saber que a leitura é um 
 
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diálogo com o autor do texto e que dessa forma, ao dialogar, o leitor 
constrói significados singulares. Com a interpretação oral, a criança 
pode confrontar pontos de vista e perceber que diferentes leituras 
podem ser feitas sobre um mesmo texto. 
 
5. Interpretação escrita -Se na interpretação oral o objetivo era confrontar 
pontos de vistas diferentes, na interpretação escrita, a ideia é 
 aprofundar a compreensão individual do leitor sobre os aspectos 
apresentados no texto. Esta modalidade de atividade possibilita a 
 emergência dos sentidos criados pelo leitor, inferências e 
posicionamentos em relação aos temas abordados. O mais importante é 
refletir em busca da resposta e não dar uma resposta correta padrão. 
 
6. Interpretação pelo desenho - Qual é o objetivo das ilustrações que 
compõem o texto: enriquecer, complementar ou apenas ilustrar as 
informações? No trabalho da leitura como prática de letramento, 
levamos as crianças a perceberem nas ilustrações uma complementação 
das informações contidas no texto, desta forma, elas podem ser 
interpretadas tanto nos desenhos, como nas fotografias e demais 
ilustrações que se apresentam como signos repletos de significados. 
 
Agora, você aprenderá um pouco mais sobre os aspectos que envolvem uma 
produção textual. 
Escrever traduz uma capacidade de organizar ideias em argumentos e 
apresentá-las no papel como uma forma de interlocução. 
Quem escreve o faz para alguém, com um objetivo e com um tema definido. 
Por isso, escrever não é uma atividade cognitiva tão simples. 
A escrita está presente no cotidiano e as crianças precisam descobrir a sua 
função social e as formas de produção que devem estar relacionadas a cada 
gênero do texto. 
Na escola escrevemos para: 
• lembrar, identificar, localizar, registrar, armazenar, averiguar dados; 
• comunicar o que acontece; 
• sistematizar informações; 
 
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• sermos avaliados; 
• desfrutar, compartilhar sentimentos e emoções, desenvolver a sensibilidade 
artística; 
• estudar,aprender, conhecer, aprofundar conhecimentos. 
Além disso, a criança pode aprender a diferenciar a sintaxe da oralidade com a 
da escrita e dotar seu texto de organização, coerência, coesão, unidade, 
informatividade, clareza e concisão. 
Para que as crianças se apropriem da língua escrita em sua totalidade, é preciso 
que a escola traga esse objeto sociocultural para a sala de aula de forma 
sistemática, mas principalmente significativa. Mais que cópias e ditados, a 
produção de texto é uma forma de comunicação entre interlocutores e precisa 
ter inteligibilidade e correção da língua para que seu objetivo seja realizado. 
As atividades de oralidade fazem parte do cotidiano das crianças, mas devem 
ser planejadas e realizadas na escola de forma sistemática para promover as 
habilidades indicadas a seguir. 
Habilidade 1- 
 
Habilidade 2 - 
 
A consciência fonológica pode ser compreendida como percepção da estrutura 
sonora da linguagem, como os fonemas que constituem a língua e os sons que 
constituem as palavras. 
A prosódia constitui os aspectos acústicos da fala como o ritmo, a entonação, a 
intensidade, altura, o timbre de voz e os efeitos de sentidos que produzem. 
Alguns exemplos de atividades em que estas habilidades são usadas são: os 
debates, a argumentação, seminário, relato de experiências, notícias, 
informações, apresentação de regras e instruções, entrevistas e depoimentos. 
Para compreender o impacto das atividades de alfabetização que objetivam 
também o letramento da criança, leia os seguintes textos: A audácia, de Luiz 
 
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Fernando Veríssimo (perceba a apropriação equivocada que muitos leitores 
tiveram do texto irônico do autor); O colunista só queria ironizar (veja as 
competências que faltaram nos leitores de Veríssimo na ocasião em que 
escreveu sobre o presidente Lula). 
E agora que já compreendemos os objetivos de trabalhar a leitura, a escrita e a 
oralidade como práticas de letramento, vamos realizar uma atividade 
interativa? É uma proposta de trabalho com o livro A casa da Madrinha (1978) 
de Lygia Bojunga Nunes. O capítulo selecionado foi: A professora e a maleta. 
Leia o texto e depois faça a atividade a seguir. 
Baseado no texto do capítulo “A professora e a maleta” selecionado do livro de 
Lygia Bojunga, cite exemplos de atividades para as séries iniciais do ensino 
fundamental, que contemplem os objetivos de letramento com a leitura, a 
escrita e a oralidade. Escreva sua resposta no espaço correspondente e depois 
clique em OK para ver possíveis respostas. 
- Leitura silenciosa do texto 
- Pesquisa sobre a autora e sua obra na internet 
- Leitura e produção de um cartaz com os elementos que desejam ser 
estudados pelos colegas na escola 
- Leitura em voz alta 
- Compreensão dos recursos textuais utilizados pela autora: metáforas, 
realismo fantástico, drama 
- Escrever o que gostariam de estudar na escola 
- Redigir um anúncio para encontrar a maleta e produzir um cartaz 
- Representar através de um desenho (cartaz) a história lida 
- Escrever uma carta para a professora dizendo que encontrou a maleta 
- Dar um novo final (escrito) para a história 
- Escrever o que estava dentro do pacote cor-de-burro-quando-foge 
- Escolher duas palavras que as crianças não conheçam e estudar seu 
significado 
- Escrever por que a maleta desapareceu 
- Trazer a receita de um picolé para ser entregue aos colegas 
 
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- Narrar a história dando ênfase a alguns elementos do texto 
- Debate oral (com os colegas) sobre o que aconteceu com a maleta (definindo 
as regras do debate) 
- Imaginar o que estava escrito no envelope cor de burro-quando-foge e 
discutir com os colegas 
- Noticiar num telejornal imaginário o encontro da maleta utilizando a 
linguagem jornalística 
- Eleger qual o personagem que mais gostou da história e o personagem que 
menos gostou. Por quê? 
- Fazer uma entrevista com a professora da história (encenação) 
- Mostrar a diferença do texto oral e escrito (pedindo para uma criança 
escrever e a outra falar sobre a aula que Alexandre deu) 
- Fazer um comercial sobre a venda de maletas 
- Explicar por que os pais não gostaram da aula de Alexandre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AULA 8 – PLANEJAMENTO DE UM AMBIENTE 
ALFABETIZADOR 
Para alfabetizar com o texto, é de fundamental importância que ocorra o 
planejamento de um ambiente alfabetizador. 
Por isso, é preciso que haja uma reflexão sobre a forma de organizar o espaço 
de alfabetização, e que este seja capaz de propiciar a forma adequada de 
apropriação da leitura e da escrita, e por diferentes alunos. 
Baseado nos princípios desta reflexão, você irá conhecer dois aspectos, que 
funcionam como elementos fundamentais para o professor alfabetizador. Veja 
quais são eles. 
Além destes elementos fundamentais, o professor deve ainda considerar 
quatro eixos fundamentais para seu trabalho com o texto: 
• a leitura 
• a oralidade 
• a escrita 
• a análise linguística 
A organização do ambiente alfabetizador exige que o professor considere os 
alguns aspectos. Veja a seguir. 
 
 
Analisando textos, podemos descobrir como trabalhar de forma significativa na 
alfabetização. 
Organizar o espaço da sala é garantir a presença de materiais adequados para o 
trabalho com a leitura e a escrita, como também organizar uma proposta de 
 
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trabalho que atenda a todos na sua singularidade e na sua diversidade. Veja 
algumas dicas para esta organização. 
CANTINHOS- Organizar diferentes espaços na sala para as crianças circularem e 
terem uma boa oferta de materiais para a sua aprendizagem da leitura e da 
escrita. 
(leitura/escrita/jogos/dramatização/desafios/artes/etc.) 
ALFABETARIO- O alfabeto deve estar na sala de forma visível, agradável e de 
acesso para os alunos fazerem uso quando necessário. 
ORGANIZAÇÃO DA SALA- Distribuir as mesas em grupo/duplas para favorecer a 
troca e a cooperação. 
MATERIAIS ADEQUADOS - Preparar diferentes materiais para ler ou escrever e 
colocar à disposição dos alunos. 
MATERIAIS DIVERSIFICADOS - Produzir com as crianças ou trazer materiais que 
possibilitem o uso pelas crianças sem o auxílio do professor. 
MURAIS - Organizar com regularidade murais que sistematizem os 
conhecimentos aprendidos. 
O objetivo do ambiente alfabetizador trata de garantir que a sala de aula esteja 
preparada para funcionar colaborando com as aprendizagens de leitura e 
escrita que os alunos irão realizar. Busca-se favorecer a autonomia e a 
colaboração entre os alunos e pensar que todos são capazes de aprender. 
Trabalho com o texto 
Para saber como alfabetizar com o texto, vamos descobrir como elaborar uma 
proposta de trabalho cercando-se da leitura e da escrita, e considerando 
aspectos como “o que se escreve” ,“o que se lê” e “os interlocutores do 
discurso.” 
É através da análise destes aspectos que podemos descobrir como aplicar esse 
conhecimento de forma significativa para a alfabetização com o texto. Veja 
exemplos de perguntas que você poderá fazer para ajudá-lo nesta proposta. 
 
 
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Como uma contribuição para a ação pedagógica, veja um exemplo de trabalho 
com o texto contendo alguns elementos que fazem parte do processo de 
estudo com a turma. 
 
 
 
 
Agora você conhecerá um exemplo de texto que poderá trabalhar na sala de 
aula com grupos de alunos. Lembre-se que este trabalho deve contemplar os 
elementos de ação pedagógica: oralidade, leitura, escrita e análise da língua. 
 
 
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Ao alfabetizar utilizando um texto, o aluno usa o próprio mundo da linguagem, 
que é o mundo dos textos orais e escritos. 
E

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