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Manual de Microbiologia - 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ 
SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA BÁSICA DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA BÁSICA DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA BÁSICA DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA BÁSICA 
CURSO DE MEDICINACURSO DE MEDICINACURSO DE MEDICINACURSO DE MEDICINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(BP335) 
 
 
MANUAL MANUAL MANUAL MANUAL TEÓRICOTEÓRICOTEÓRICOTEÓRICO----PRÁTICO DE PROCEDIMENTOS PRÁTICO DE PROCEDIMENTOS PRÁTICO DE PROCEDIMENTOS PRÁTICO DE PROCEDIMENTOS 
BÁSICOS EM MICROBIOLOGIA MÉDICABÁSICOS EM MICROBIOLOGIA MÉDICABÁSICOS EM MICROBIOLOGIA MÉDICABÁSICOS EM MICROBIOLOGIA MÉDICA 
 
3ª EDIÇÃO 
 
 
 
 
REALIZAÇÃREALIZAÇÃREALIZAÇÃREALIZAÇÃOOOO 
 
ProfessorProfessorProfessorProfessoraaaa:::: Drª Cristina Leise Bastos Monteiro (Coordenadora) 
ProfessoraProfessoraProfessoraProfessora:::: Drª Laura Lúcia Cogo 
ProfessoraProfessoraProfessoraProfessora:::: Drª Izabel Galarda 
AcadêmicoAcadêmicoAcadêmicoAcadêmico:::: Fernando Carlos Bortolozzi Filho 
 
CURITIBA 
2010
 2 
SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO 
 
 
A SEGURANÇA DOS ALUNOS NAS AULAS PRÁTICAS DE 
BACTERIOLOGIA E MICOLOGIA............................................................................... 3 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 
CAPÍTULO 1: CONTROLE DE MICRORGANISMOS .............................................. 13 
CAPÍTULO 2: TIPOS MORFOLÓGICOS DE BACTÉRIAS E 
GRUPAMENTOS BACTERIANOS............................................................................ 29 
CAPÍTULO 3: MORFOLOGIA COLONIAL................................................................ 35 
CAPÍTULO 4: VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE BACTÉRIAS 
NO AR E SUA CONTAGEM ATRAVÉS DE CULTIVO.............................................. 37 
CAPÍTULO 5: PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS ................................................ 39 
CAPÍTULO 6: MEIOS DE CULTURA........................................................................ 52 
CAPÍTULO 7: ISOLAMENTO DE MICRORGANISMOS........................................... 55 
CAPÍTULO 8: PROVAS BIOQUÍMICAS DIFERENCIAIS ......................................... 58 
CAPÍTULO 9: MICROBIOTA NORMAL DO ORGANISMO HUMANO...................... 69 
CAPÍTULO 10: DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ATRAVÉS DO 
ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE AGENTES ETIOLÓGICOS .................... 79 
- PORÇÕES SUPERFICIAIS E PROFUNDAS.......................................................... 79 
- OROFARINGE ........................................................................................................ 88 
- TRATO GÊNITO URINÁRIO................................................................................. 106 
- INTESTINAIS ........................................................................................................ 113 
- FEBRE TIFÓIDE E PARATIFÓIDE ....................................................................... 126 
- TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIBIÓTICOS .............................................. 131 
CAPÍTULO 11: DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS........................... 136 
CAPÍTULO 12: MICOBACTERIOSES .................................................................... 152 
CAPÍTULO 13: LEPTOSPIROSE ........................................................................... 170 
CAPÍTULO 14: OS FUNGOS E AS MICOSES....................................................... 178 
CAPÍTULO 15: HERPES-VÍRUS ............................................................................ 199 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 204 
 3 
A SEGURANÇA DOS ALUNOS NAS AULAS PRÁTICAS DE A SEGURANÇA DOS ALUNOS NAS AULAS PRÁTICAS DE A SEGURANÇA DOS ALUNOS NAS AULAS PRÁTICAS DE A SEGURANÇA DOS ALUNOS NAS AULAS PRÁTICAS DE 
BACTERIOLOGIABACTERIOLOGIABACTERIOLOGIABACTERIOLOGIA E MICOLOGIA E MICOLOGIA E MICOLOGIA E MICOLOGIA 
 
 
 “A segurança de todos depende dos cuidados individuais dos alunos e dos 
professores.” 
 
 Seguem-se as orientações para os alunos executarem as tarefas dentro dos 
parâmetros de biosegurança médica: 
 
1. É obrigatório o uso de avental (ou jaleco, guarda-pó, etc.) fechado na frente e de 
mangas compridas, para proteger a roupa e a pele dos braços. 
2. É expressamente proibido comer, beber ou fumar dentro do laboratório. 
3. Não usar anéis e pulseiras. 
4. Prender o cabelo comprido. 
5. Lavar as mãos antes e depois dos procedimentos. Após a lavagem das mãos 
utilizar álcool 70% para otimizar a desinfecção. 
6. Evitar o contato da pele e mucosas com materiais clínicos tais como sangue, pus, 
escarro, fezes, urina, outras secreções e exsudatos. Tratar sempre todas as amostras 
como potencialmente infectantes, sendo que os maiores perigos estão relacionados 
com o vírus da hepatite B, HIV, bacilos da tuberculose e salmonelas. 
Observação: cada mL de sangue pode conter 100 milhões de vírus de hepatite B e 
uma só partícula provoca a hepatite. Caso ocorram respingos pelo material 
contaminado sobre a pele, fazer imediatamente a antissepsia do local. O avental 
respingado deve ser colocado em cartucho plástico para não contaminar outros 
objetos. 
7. Não trabalhar nas proximidades de cadernos, mochilas e livros. As mochilas devem 
ser colocadas no fundo dos laboratórios no início das aulas práticas. 
8. Só utilizar pipeta quando esta tiver mecha de algodão no bocal. A mecha tem dois 
objetivos: proteger o operador do risco de contaminação com material patológico ou 
culturas de microrganismos e preservar o material manipulado da contaminação pela 
saliva do operador (aerossóis). 
9. Jamais colocar o tampão de algodão dos tubos ou frascos sobre a mesa. Durante os 
procedimentos o tampão deve ser segurado com o dedo mínimo. 
 4 
10. Jamais colocar a pipeta usada sobre a bancada ou mesa de trabalho. Ela deve ser 
colocada em recipientes que contêm desinfetantes (Lisoform, hipoclorito de sódio a 
2%, etc.), bem como algodão para vidro (para não quebrar a ponta da pipeta) 
disponível em cada mesa. 
11. Evitar a formação de aerossóis, que são micropartículas que contém uma quantidade 
extremamente pequena de líquido (água, saliva, etc.) e algumas partículas infectantes 
(vírus, esporos bacterianos, etc.). Estes aerossóis podem cair sobre a mesa 
contaminando-a, ou ainda ficarem suspensos no ar e serem inalados, promovendo um 
possível ciclo de infecção. Tais partículas podem se formar em procedimentos como 
flambagem da alça metálica, flambagem de pinças, abertura brusca de tubos ou 
frascos com tampa de pressão, agitação de tubos com as mãos, centrifugação de 
tubos abertos, manipulação incorreta de seringas, homogeneizadores, etc. 
12. Ao término do trabalho: 
a) Desinfetar a bancada com um desinfetante disponível (hipoclorito, álcool 70%, 
clorexedine, álcool iodado, etc.). 
b) Lavar as mãos e antebraços com água e sabonete líquido. Em seguida utilizar, de 
preferência, solução degermante à base de polivinilpirrolidona-iodo (PVPI) a 10%. 
Enxugar com toalha descartável. Em seguida aplicar álcool 70% nas mãos para dar 
continuidade à desinfecção. 
Observação: em caso de acidente, como de pipetas contaminadas, placas e frascos com 
material patológico ou cultura de microrganismos é obrigatório: 
a) Derramar sobre o material quebrado um desinfetante (por exemplo álcool 70% ou 
clorexedine). 
b) Cobrir comtoalha de papel. 
c) Deixar em contato, no mínimo, por uma hora antes de remover o vidro com uma pinça 
e com a mão enluvada absorver o líquido com papel toalha, acondicionar em sacos 
apropriados e a seguir autoclavar. 
 
 
ESTE MANUAL NÃO TEM FINS LUCRATIVOS 
 
USO PARA FINS ACADÊMICOS DENTRO DA UNIVERSIDADE 
(Concentrado de obras que não estão disponíveis nas bibliotecas da Universidade, por isso 
esse texto é disponibilizado aos alunos). 
 5 
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO 
 
 
Micróbio: termo usado em 1878 por Charles Emmanocl Sedillot (cirurgião francês). 
 
Microbiologia: é a ciência que estuda os microrganismos (seres pequenos, geralmente 
microscópicos) e suas atividades. São os protozoários, fungos, algas, vírus e bactérias. Os 
microrganismos constituem um grande grupo heterogêneo, apresentando características 
variadas, tendo, no entanto, em comum o fato de conservarem ao longo do curso de 
evolução biológica, uma estrutura simples e indiferenciada, ou seja, possuem estrutura 
primitiva não apresentando tecidos ou órgãos especializados. 
O estudo dos microrganismos compreende o conhecimento de suas formas, 
estruturas, reprodução, metabolismo e identificação. Trata ainda da sua distribuição na 
natureza e as relações entre si e com os demais seres vivos. Estudam-se também as 
transformações físicas e químicas exercidas nos seus habitats, das quais resultam efeitos 
prejudiciais ou proveitosos para outros seres vivos. 
Em última análise os fenômenos chamados doenças infecciosas, do ponto de vista 
biológico, são simplesmente interações destrutivas entre vegetais e animais. 
A microbiologia pode ser estudada como ciência autônoma, mas também como 
instrumento de outras áreas biológicas. Foram os microrganismos que serviram, e servem 
cada vez mais, de modelos para as ciências modernas como: bioquímica, genética, biologia 
molecular, engenharia genética, etc. Para o estudo destas ciências é preciso estar 
familiarizado com os microrganismos. Os microrganismos possuem muitas características 
que os tornam seres ideais para a investigação dos fenômenos biológicos. Pode-se cultivá-
los facilmente em tubos (recipientes pequenos) o que requer menor espaço para 
manutenção do que plantas e animais. Crescem rapidamente e se reproduzem a um ritmo 
extraordinariamente elevado. Algumas espécies bacterianas produzem cerca de 100 
gerações num período de 24 horas. A cada 15 minutos surge uma nova geração e de cada 
célula resultam 2 células filhas em uma progressão geométrica sendo que no final de 24 
horas teremos milhões de descendentes, o que não acontece com animais e plantas. 
 
 
 
 
 6 
Áreas de aplicação da microbiologia 
 
O microbiólogo, de uma maneira geral, pode se especializar no estudo de certos 
microrganismos. Estritamente falando, bacteriologia é o estudo das bactérias (muitas vezes 
o termo é usado como sinônimo de microbiologia), micologia estuda os fungos, virologia 
estuda os vírus e ficologia estuda as algas. 
É freqüente a especialização em algum aspecto da microbiologia: citologia 
bacteriana, genética bacteriana, fisiologia dos fungos, etc. Existem numerosas áreas onde a 
Microbiologia aplicada tem grande significado. Microbiologia médica: os microrganismos 
muito estudados são os que causam doenças em humanos e são chamados de 
patogênicos. Este ramo da microbiologia também estuda a prevenção e controle de 
doenças, imunização, imunologia e os métodos diagnósticos. O microbiólogo também busca 
estudar os microrganismos em ambientes particulares: solo, ar, água, esgotos, etc. 
A educação de um microbiólogo abrange um conhecimento geral da maioria das 
subdivisões. Entretanto devido ao tremendo acúmulo de informações em cada 
especialização, o microbiólogo deve se limitar a um ou poucos ramos selecionados da 
microbiologia. 
 
 
Distribuição na natureza (habitat) 
 
Os microrganismos são encontrados praticamente em todos os ambientes, desde o 
solo e as massas de água (mares, rios), ar, até as superfícies internas e externas de 
humanos e outros animais, bem como de plantas. Aparecem em maior abundância onde 
encontram condições favoráveis, como substâncias nutritivas, umidade e temperatura 
adequada ao seu desenvolvimento. 
Os microrganismos, que são favorecidos pelas mesmas condições que a população 
humana, podem produzir modificações devido ao seu metabolismo, o que os torna 
patogênicos para o homem. Felizmente a maioria é inócua e habita a superfície do nosso 
corpo, trato digestório, boca, nariz, e outras cavidades naturais. Dispomos de meios para 
resistir à invasão daqueles que são potencialmente patogênicos. 
 
 
 
 
 7 
Posição entre os seres vivos 
 
Após a descoberta dos microrganismos, ficou claro que eles mostravam todas as 
combinações possíveis das propriedades dos vegetais e animais, os dois reinos de seres 
vivos admitidos na época, aparecendo vários absurdos como por exemplo, os fungos foram 
classificados como vegetais porque eram imóveis, quase não apresentando outras 
propriedades dos mesmos sendo também que nenhum fungo possui clorofila. 
Para evitar a distribuição arbitrária dos grupos intermediários (entre plantas e 
animais), o cientista alemão Ernest Haeckel, discípulo de Charles Darwin em 1866, propôs o 
estabelecimento de um terceiro reino, para eliminar a confusão existente em relação à 
posição dos microrganismos e para lhes proporcionar uma posição no mundo vivente. Este 
terceiro reino foi chamado Protista (da palavra grega que significa primitivo ou primeiro). 
O Reino Protista compreendeu as algas, protozoários, fungos e bactérias. .Algumas 
vezes os seres classificados em protistas eram denominados Protistas superiores e 
Protistas inferiores fundamentando-se em sua estrutura celular. Os superiores possuem 
célula eucariótica, como os protozoários, fungos e algas, com exceção das algas azul-
esverdeadas. Os protistas inferiores são procarióticos: 'bactérias e algas azul-esverdeadas. 
Desde o conceito original deste terceiro reino de seres vivos têm sido desenvolvidos 
numerosos critérios para determinar mais adequadamente onde classificar estas microvidas. 
Uma abordagem a respeito da classificação microbiana foi oferecida por Stanier e 
Van Niel em 1941. Eles propuseram outra designação para outro reino chamado Monera, 
que deveria conter algas azul-esverdeadas e as bactérias. As outras algas e protozoários 
deveriam permanecer como pertencentes ao reino Protista. Os vírus, no entanto, ainda 
permaneciam como um enigma. 
Em 1969 foi proposto por Whittaker um outro sistema classificatório de seres vivos, 
compatível com os recentes estudos ultraestruturais, bioquímicos, genéticos e os principais 
modos de nutrição: fotossíntese, absorção e ingestão. Os cinco reinos de Whittaker são: 
Plantae, Fungi, Animmalia, Protista e Monera. Os microrganismos são encontrados em três 
dos reinos: 
• Monera (bactérias e algas azuis esverdeadas); 
• Protistas (outras algas e protozoários); 
• Fungi (fungos: leveduras e bolores). 
 
 
 
 8 
Classificação dos microrganismos 
 
A classificação dos seres vivos serve a vários propósitos, entre eles a de estabelecer 
critérios necessários para a identificação e acima de tudo, eliminar confusões. A 
classificação dos microrganismos apresenta problemas peculiares podendo se basear em 
muitas características. De uma maneira geral as classificações podem ser: Naturais ou 
Filogenéticas e Artificiais ou Chaves. 
Nas Chaves as características descritivas são organizadas de tal forma que um 
organismo em estudo será prontamente identificado. Os organismos agrupados numa chave 
não precisam necessariamenteapresentar relação filogenética; eles são listados juntos 
porque apresentam algumas características em comum, facilmente identificáveis. Será 
perfeitamente razoável, por exemplo, colocar numa chave um grupo de bactérias 
formadoras de pigmento vermelho, tais como Serraria marcescens e as Sulfobactérias 
púrpuras. Todavia, este agrupamento será de muita utilidade, pois um pesquisador com a 
responsabilidade de identificar uma cultura com pigmento vermelho, imediatamente terá seu 
trabalho reduzido a poucos tipos bacterianos. 
Na classificação filogenética, agrupa-se tipos aparentados, isto é, aqueles que tem 
um ancestral em comum. 
Durante os 100 anos da microbiologia como ciência, têm surgido muitas 
classificações. Infelizmente não existe um sistema classificatório inteiramente aceitável para 
todos os microrganismos, principalmente para as bactérias. Dependendo da autoridade 
consultada, são observadas várias inconsistências. De tempos em tempos são propostos 
novos sistemas não aceitos em sua totalidade internacionalmente. 
 
 
Classificação atual dos microrganismos 
 
Uma classificação proposta atualmente poderia ser a seguinte: 
1. Monera: células procarióticas. 
a) Bactérias 
b) Cianobactérias 
c) Arqueobactérias 
 
2. Protistas: Deve-se utilizar a terminologia moderna e mais amplamente aceita. O 
termo “protista” atualmente é empregado apenas para microrganismos eucarióticos. 
 9 
a) Algas 
b) Protozoários 
c) Fungos 
 
Elementos diferenciais entre as células 
 
1. NÚCLEO Procarióticos Eucarióticos 
Membrana Nuclear Ausente Presente 
Cromossomos Um, circular Um ou mais, lineares 
Aparelho mitótico Ausente Presentes 
Histonas Ausente Presentes 
Genes Agrupados Não agrupados 
 
2. NATUREZA E 
ESTRUTURA 
CITOPLASMÁTICA 
Procarióticos Eucarióticos 
Correntes 
citoplasmáticas 
Ausentes Presentes 
Pinocitose Ausente Presentes 
Mesossomos Presentes Ausentes 
Ribossomos Dispersos no citoplasma 
Dispostos em membranas, 
retículos endoplasmáticos 
e cloroplastos 
Mitocôndrias Ausentes Presentes 
Cloroplastos Ausentes Podem estar presentes 
Complexo de Golgi Ausentes Presentes 
Vacúolos limitados por 
membranas 
Ausentes Presentes 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
3. ESTRUTURAS 
CELULARES EXTERNAS 
Procarióticos Eucarióticos 
Membrana plasmática 
Possui parte da 
maquinaria respiratória e 
fotossíntese 
Não desenvolve atividade 
respiratória ou 
fotossíntese. 
Parede celular de 
Peptídeoglicano 
Presente * Ausente 
Organelas locomotoras Fibrilas simples 
Multifibrilas com 
microtúbulos 
Pseudópodos Ausentes Presente em alguns 
* ausente em Mycoplasma sp. 
 
 
4. RELAÇÃO GUANINA + 
CITOSINA 
Procarióticos Eucarióticos 
Mols de Guanina e 
Citosina 
28 a 73 Cerca de 40 
 
 
Bactérias 
 
O termo bactéria, derivado do grego "gotinhas" foi introduzido em 1828 pelo alemão C. G. 
Ehrenberg como nome genérico de alguns tipos bacterianos característicos. 
Bactérias são organismos microscópicos, unicelulares e procarióticos. 
 
 
Taxonomia bacteriana geral 
 
Desde a primeira tentativa conhecida de classificação das bactérias, realizada por 
Müller, em 1773, um grande esforço foi empregado na taxonomia bacteriana, mas até agora 
nenhum dos numerosos esquemas propostos recebeu aprovação universal. Há falta de 
concordância nas classificações, mas havendo um interesse em evitar confusão 
generalizada é preciso aceitar e permitir a evolução de algum plano razoavelmente 
exeqüível acompanhando naturalmente o progresso dos novos conhecimentos. Uma das 
classificações foi proposta pela Sociedade Americana de Microbiologia através de seu 
 11 
Bergey' s Manual of Detenninative Bacteriology ao longo de muitas edições. A 9ª edição do 
manual de Bergey tem como título: "Bergey' s Manual of Systematic Bacteriology". 
O manual de Bergey representa mais de 70 anos de evolução, sendo mais aceito 
que qualquer outro sistema. Devido às incertas relações filogenéticas das bactérias, o 
manual admite que sua principal aplicação seja determinativa, isto é, permitir aos 
pesquisadores determinar se ce11o microrganismo corresponde a uma espécie descrita. A 
1ª edição data de 1923, já tendo alcançado a 9ª edição. Em cada edição subseqüente, têm 
sido feito vários avanços significativos, inclusive o acréscimo de novas espécies e excluindo 
outras. 
Atualmente um dos esquemas da classificação semi-oficial disponível é o que foi 
publicado na 9ª edição do Bergey's manual de 1984. É amplamente utilizada como padrão 
de referência na taxonomia bacteriana. Ele reconhece o reino Monera de Whittaker, 
chamando-o, no entanto, de Procaryotae, em virtude da natureza procariótica de suas 
células. 
Novos conhecimentos causarão uma grande diferença nas futuras publicações a 
respeito da classificação microbiana. Nos últimos anos o sistema genético das bactérias foi 
estudado ao nível molecular a fim de determinar a homologia entre o DNA das células. O 
parâmetro empregado com mais freqüência é a porcentagem de moléculas de guanina mais 
citosina no conteúdo total de DNA. A composição das bases do DNA é uma característica 
constante de uma determinada espécie e é expressa em porcentagem de guanina mais 
citosina sobre o total de mols das bases. Se dois organismos têm proporções muito 
diferentes de bases, obviamente não são muito relacionados. Centenas de espécies têm 
sido caracterizadas desta maneira modernamente. 
Em 1980 o Comitê Internacional sobre Sistemática Bacteriológica, publicou uma lista 
de aproximadamente 2500 espécies, substituindo uma lista anterior de 30000. Desde 1º de 
janeiro de 1980 apenas a nova lista de nomes é considerada válida. A substituição das 
denominações abandonadas, o acréscimo de novas ou quaisquer outras alterações, exigem 
publicações no International Journal of Systematic Bacteriology. 
 
Bactérias: 
Uma chave classificatória para bactérias estabelece 4 grupos bacterianos, em função do 
metabolismo de movimentação e das características da parede celular. 
 
 12 
 
 
 
 
Vírus: Complexo molecular vivo, possuindo DNA ou RNA. 
 
*Os dados citados foram compilados de textos dados em aula. 
 
 
 
 
 
 13 
CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1:::: CONTROLE DOS MICRORGANISMOS 
 
 
 É indispensável o conhecimento do controle das populações microbianas para todos 
os profissionais da saúde. A medicina progredia à medida que surgiam novos 
conhecimentos sobre o domínio dos microrganismos, reduzindo infecções e a transmissão 
de doenças contagiosas, executando cirurgias assépticas, etc. 
 Os microbiologistas conseguiram estudar as espécies bacterianas, após as 
aplicações artificiais de condições desfavoráveis à sua multiplicação. Através dos processos 
de esterilização dos objetos utilizados, meios de cultura estéreis e técnicas de assepsia, 
obtiveram populações bacterianas puras e, estas sim, puderam ser estudadas em todos os 
detalhes: morfológicos, estruturais, fisiológicos, obter dados sobre seus fatores de virulência 
e outros. 
 O uso de materiais esterilizados é condição indispensável para o desempenho dos 
trabalhos microbiológicos. 
 Antes de iniciar o estudo dos métodos de controle dos germes, é importante 
conceituar vários deles, tais como: esterilização, desinfecção (desinfetantes), anti-sepsia 
(anti-sépticos), assepsia, saneamento e sanitização. 
 Esterilização: deve resultar na destruição total de todas as formas de vida presentes 
no material submetido ao processo em questão. 
 Desinfecção: é o processo que remove a maioria dos microrganismos viáveis, 
reduzindoa “bioburden” (carga de organismos viáveis). A desinfecção, na maior parte das 
vezes, é conseguida pelo uso de substâncias químicas chamadas desinfetantes, destinadas 
a destruir os germes potencialmente patogênicos, mas que são ineficientes contra a maioria 
dos esporulados. O calor em temperaturas de 60 a 100oC também tem ação desinfetante, 
pois não destrói todos os esporos. 
 Anti-sepsia: é o conjunto de meios usados para evitar a proliferação de germes, 
inativando ou destruído-os. O termo anti-sepsia é geralmente usado referindo-se aos tecidos 
vivos, como anti-sepsia da pele, anti-sepsia de feridas, etc., reservando-se o termo 
desinfecção para objetos inanimados. A anti-sepsia é obtida pela ação de substâncias 
químicas chamadas anti-sépticos. 
 Assepsia: conjunto de procedimentos que impede a penetração de microrganismos 
em local que não os contenha. 
 Saneamento: mantém a microbiota dentro dos valores populacionais previamente 
estabelecidos por instituições de saúde. 
 14 
 Sanitização: usada em restaurantes e indústrias de alimentos, refere-se à 
eliminação dos microrganismos em utensílios e equipamentos para impedir a deterioração 
ou transmissão de infecções pelos produtos alimentares. 
 
 
ESTERILIZAÇÃO 
 
 É importante o conhecimento das diferentes técnicas de esterilização, para saber 
qual delas aplica-se melhor, para casos específicos, e que cause dano mínimo ao material 
envolvido. 
 Para pessoas da área de saúde, é indispensável também conhecer os efeitos que 
alguns agentes esterilizantes (agentes químicos, radiações) exercem sobre o corpo 
humano. 
 Os meios mais utilizados para esterilização são os meios físicos, tais como 
temperaturas elevadas e as radiações. Além destes, é possível eliminar a microbiota 
presente em um líquido ou gás, por processos mecânicos, como a filtração. 
 Como agentes químicos podem ser usados muitos compostos. 
 A escolha dos agentes e dos diferentes métodos, depende do resultado que se 
deseja e do material ou local em que o processo vai ser aplicado. 
 Segue-se o esquema e a descrição de alguns processos. 
 
Esterilização e Desinfecção por Meios Físicos 
 
� Calor 
- Calor Seco 
• Flambagem 
• Forno de Pasteur (estufa) 
• Incineração 
 
- Calor Úmido 
• Pasteurização 
• Tyndallização ou Tindalização 
• Água Fervente 
• Autoclavação 
 
 15 
� Filtração 
- Velas 
• Chamberland – porcelana porosa 
• Berkefeld – infusórios 
 
- Discos 
• Vidro 
• Amianto – Seitz 
 
- Membranas 
• Acetato de celulose: Millipore e HEPA 
• Nitrato de celulose 
 
- Algodão – para gases (ar) 
 
 
� Radiações 
- Ultravioleta (UV) – NÃO IONIZANTES 
- Gama (γ) - IONIZANTES 
 
 
Esterilização e Desinfecção por Agentes Químicos 
 
� Agentes Químicos: 
- Líquidos – álcoois, detergentes, álcalis, glutaraldeído. 
- Gasosos – brometo de metila, óxido de etileno, formaldeído. 
- Sólidos – pastilhas de formalina. 
 
 
 
Esterilização e Desinfecção por Meios Físicos 
 
 A ação letal do calor é uma relação tempo-temperatura afetada por numerosos 
fatores que devem ser levados em consideração, na seleção da intensidade térmica e na 
duração da exposição, para reduzir a população bacteriana ao nível desejado. 
 16 
CALOR SECO 
 
a) Flambagem 
É a exposição do objeto à chama de bico de Bunsen ou lamparina. Na técnica 
bacteriológica utiliza-se a flambagem para esterilizar a alça de platina pelo 
aquecimento até o rubro. As pinças, as pipetas, as bocas dos tubos e balões em que 
se faz a semeadura são aquecidos na chama (chamuscadas) sem, no entanto, levá-
las ao rubro. 
 
b) Ar Quente – Forno de Pasteur 
O Forno de Pasteur moderno é uma estufa de forma retangular de paredes duplas, 
isolada termicamente e aquecida por eletricidade. A temperatura desejada é 
regulada e mantida por um termostato. Em seu interior existem prateleiras móveis. 
Na porção superior possui orifícios para ventilação e colocação de termômetro 
graduado em 200oC. 
Observação: o aparelho e seu funcionamento serão mostrados em aula. 
A exposição ao ar quente constitui método usado correntemente em bacteriologia, 
para a esterilização de materiais secos, tais como: tubos, ampolas, placa, provetas, 
objetos metálicos, óleo mineral, vaselina sólida, parafina, talco, areia, etc. A vidraria 
seca será esterilizada no forno a 170 – 180oC por uma hora. O papel que protege o 
material e os tampões de algodão adquire cor parda, porém não devem escurecer 
demais ou tornarem-se quebradiços. Deixar o forno esfriar espontaneamente. 
A destruição dos microrganismos ocorre por desidratação e oxidação dos 
constituintes celulares. 
Limitações: não se pode esterilizar a seco a vidraria fina como balões volumétricos e 
pipetas graduadas de precisão, líquidos diversos, meios de cultura, borracha, etc. 
 
c) Incineração 
O método de incineração, do ponto de vista microbiológico, consiste em destruir os 
microrganismos junto com os materiais orgânicos onde eles se localizam. São 
materiais removidos dos curativos, peças anatômicas, animais de experiência 
infectados e mortos, etc., (há os incineradores usados na queima de lixo não 
hospitalar). Os incineradores que possuem uma só câmara de combustão são 
ineficazes e inadequados. Isto porque os materiais não são destruídos por completo, 
contaminando a atmosfera por microrganismos e substâncias tóxicas. O incinerador 
 17 
deve ter, além da câmara de combustão principal, uma câmara de combustão 
secundária. Ideal é quando a 1a câmara está a 800oC e a segunda aquecida no 
mínimo a 1000oC. 
A incineração tem-se tornado um problema social e político em muitas comunidades, 
principalmente européias. Isto porque, a queima em altas temperaturas de matéria 
orgânica e plástico, gera substâncias altamente tóxicas, tais como as dioxinas. 
“Incineradores, na verdade, são indústrias de “ultragifte” – ultravenenos – expressão 
cunhada pela comunidade científica para designar dioxinas e furanos.” 
Observação: o criminoso Agente Laranja usado na Guerra do Vietnã era rico em 
dioxinas (Fonte: Proteção no 11 – vol. 03). 
 
CALOR ÚMIDO 
 
 
a) Pasteurização 
Ato de pasteurizar. Processo pelo qual um determinado material (o leite, por 
exemplo), é aquecido a uma temperatura não elevada (62,8oC por 30 minutos ou 
71,7oC por 15 minutos) e a seguir submetido a resfriamento brusco (em torno de 
4oC), obtendo-se assim a morte dos germes patogênicos, no caso do leite: 
Salmonella, brucelas, estreptococos, bacilos da tuberculose, mas não a eliminação 
total dos germes contaminantes (bactérias esporuladas). É um processo de 
desinfecção. 
 
b) Tyndallização ou Tindalização 
É uma esterilização fracionada. 
Tyndall, o idealizador do processo, verificou que o aquecimento descontínuo, ou 
seja, aquecimento a 100oC, durante 1 hora, em 3 dias consecutivos, intercalados por 
períodos de incubação em temperatura ambiente, conseguia esterilizar a solução em 
estudo. 
Os esporos resistentes germinam durante o tempo de incubação e são destruídos 
nas subseqüentes exposições ao calor. 
A temperatura de tindalização varia de acordo com o material a esterilizar. Alguns 
meios de cultura bacteriológicos, soluções de carboidratos, soluções de vitaminas ou 
enzimas, etc., serão aquecidas à temperatura que não altere as suas propriedades. 
 
 18 
c) Água em Ebulição 
Os materiais ou objetos contaminados não podem ser esterilizados com segurança 
pela simples exposição à água em ebulição. Embora as células vegetativas das 
bactérias possam ser destruídas em poucos minutos, alguns esporos resistirão 
durante muitas horas. A imersãoem água fervente quando usada para esterilização 
de instrumentos cirúrgicos, seringas de injeção, etc., oferece o risco de 
contaminação por esporulados. Só deve ser usada em circunstâncias emergenciais. 
Pela fervura do material mergulhado em água ou exposto ao vapor em autoclave 
com válvula aberta (vapor fluente) só se consegue uma desinfecção e não 
esterilização. 
 
 
 
d) Autoclave (temperatura superior a 100oC) 
É um método em que se utiliza vapor d’água sob alta pressão, de tal modo que é o 
meio mais prático, rápido e barato de esterilização. O aparelho que utiliza-se nesse 
procedimento chama-se autoclave. Há vários modelos: horizontais, verticais, 
aquecidas a gás ou eletricidade, ou ainda, alimentadas por vapor gerado em 
caldeiras separadas. 
Autoclave de Chamberland: caldeira de paredes resistentes, tampa com borracha 
apertada por parafusos. Orifícios para o manômetro, válvula de segurança e torneira. 
Autoclave usa vapor d’água sob pressão regulada. É uma câmara de vapor saturado 
equipada com dispositivos que permitem a manutenção do vapor em determinada 
temperatura e pressão por quaisquer períodos de tempo, dependendo da natureza 
do material a esterilizar, do tipo do continente e de seus volumes. Por exemplo: tubos 
de ensaio com meios líquidos podem ser esterilizados em 10 a 15 minutos a 121oC. 
Os mesmos líquidos em balões de 10 litros requerem 1 hora ou mais sob a mesma 
temperatura e pressão. Materiais utilizados em Biologia Molecular necessitam de 40 
minutos de autoclavação (para agir no DNA). 
Modo de proceder: o material a esterilizar é embrulhado em papel ou sacos plásticos 
(como os de microondas) formando pacotes. Os pacotes são colocados dentro de 
uma cesta metálica, esta repousa sobre um suporte, evitando o contato com água do 
fundo da autoclave. Iniciar o aquecimento com torneira aberta. Quando a água 
começar a ferver, há emissão de um jato intermitente de vapor e ar. Quando todo o 
ar for expulso, começa a sair um jato contínuo de vapor, neste momento fecha-se a 
 19 
torneira. Com a continuação do aquecimento, haverá aumento de pressão acusado 
pelo manômetro. Ao ser atingida a temperatura desejada, 120oC por exemplo, 
marca-se o tempo. Após esse período desliga-se a corrente elétrica. Para abrir a 
autoclave, espera-se até que o manômetro abaixe para zero. Só então se abre a 
torneira. O material sai da autoclave impregnado de umidade. Deve-se colocá-lo na 
estufa ± 60oC para a secagem. Há autoclaves mais modernas em que o material já 
sai seco, como a que existe no departamento de Bioquímica da UFPR. 
Observação: a autoclave e seu funcionamento serão mostrados em seminários, 
acompanhando os processos de preparação de material para a esterilização. 
 
Desvantagens e Limitações: alguns materiais não miscíveis na água, como gorduras, 
óleos, vaselina líquida e sólida e parafina, que consequentemente não podem ser 
autoclavados. Tais materiais não são atingidos pelo vapor, e os microrganismos 
poderão sobreviver. Algumas substâncias são alteradas (metais que oxidam) ou 
destruídas. O talco e a areia umedecidos são difíceis de secar. 
 
Vantagens: 
1. Aquecimento rápido. 
2. Grande poder de penetração em material denso. 
3. Maior condutibilidade. 
4. Não deixa resíduos tóxicos. 
5. Mais econômico. 
6. Termocoagulação das proteínas, catalisada pela água. O calor úmido desnatura 
proteínas, quebrando ligações químicas envolvidas na manutenção da 
conformação espacial das proteínas, causando sua coagulação. 
 
 
Grau de Umidade (%) Temperatura de Coagulação da Ovoalbumina 
50 
25 
18 
06 
00 
56 
80 
90 
145 
170 
 
 
 20 
Eficiência Comparativa do Calor Seco e do Calor Úmido como Esterilizantes 
 
 � O calor úmido tem um poder de penetração superior. 
 � A penetração do calor seco é menor, sendo necessário, portanto, esterilizar o 
equipamento e utensílios a temperaturas mais elevadas e por períodos mais longos. 
 � Esta diferença de poder de penetração do calor em estado seco ou úmido é 
exemplificada pela verificação de que, em um fardo de flanela exposto ao calor seco a 
150oC durante 4 horas, a temperatura atingida no centro sobre apenas a 83oC, ao passo 
que, à temperatura de 120oC em autoclave durante 1 hora e meia, a temperatura central 
chega a 117oC. 
 
Fardo de Flanela Temperatura Central 
Calor Seco – 150oC – 4 horas 83oC 
Calor Úmido – 120oC – 1 hora e meia 117oC 
 
Microrganismo Calor Úmido 120oC Calor Seco 120oC 
Clostridium botulinum 20 minutos 120 minutos 
Bacillus anthracis 15 minutos 120 minutos (150oC) 
 
Calor Úmido (tempo em minutos para várias temperaturas) 
Microrganismos 100oC 105oC 115oC 120oC 
Bacillus subtilis 
Clostridium botulinum 
Bactérias do solo 
Anaeróbios – putrefação 
Bactérias termófilas 
300 
530 
 
780 
 
 
 
420 
 
400 
40 
 
 
20 
30 
06 
11 
 
 
Testes para Controle de Eficiência da Autoclave 
 
 Em geral, é necessário fazer o controle de esterilidade enquanto a autoclave está em 
operação, em vez de tentar reconhecer falhas, através do isolamento de microrganismos no 
material processado. 
 21 
 Embora a temperatura e a pressão sejam indicadas pelo termo-manômetro, todos os 
laboratórios microbiológicos fazem testes confirmatórios de esterilidade do material 
processado. 
 Para tanto se pode recorrer a métodos físicos e biológicos. 
 Nos métodos físicos usa-se: 
1. Indicadores que têm por base a reação de um composto químico quando 
expostos a um parâmetro necessário à esterilização. Geralmente vêm em forma 
de fitas ou selos que mudam de cor na temperatura estabelecida. 
2. Substâncias químicas em pó (acondicionadas em ampolas de vidro) cujo ponto 
de fusão é conhecido. Após a autoclavação, observar a substância que deve 
aparecer fundida. 
Observação: para cada método de esterilização existem indicadores químicos 
específicos. 
 No método biológico usam-se esporos bacterianos altamente resistentes como os do 
Bacillus stearothermophillus. Os esporos podem vir acondicionados em frascos com meio de 
cultura ou impregnados em tiras de papel de filtro seco, numa concentração de 106 esporos 
em ambos os casos. Os esporos do Bacillus stearothermophillus morrem quando 
submetidos a 121oC por 15 minutos. 
 Colocar os esporos na autoclave em pontos críticos, centro e fundo da cesta, pontos 
em que a temperatura desejada é obtida com maior dificuldade. 
 Após a autoclavação, incubar a 55 a 57oC os esporos em caldo (ou no caso de usar 
as tiras, transferi-las para um caldo) durante 24 a 48 horas. Caso haja turvação, indica que o 
bacilo proliferou e que a autoclavação foi insatisfatória. 
 Os bioindicadores existem no comércio sob o nome de Esporofars®, Steritest® e 
outros. 
 
 
FILTRAÇÃO 
 
 A filtração é o método de escolha para esterilizar soluções contendo substâncias 
termossensíveis como o soro sanguíneo, plasma, solução de vitaminas, solução de 
enzimas, solução de alguns carboidratos, fluidos para inoculação, colírios, etc. 
 Líquidos injetáveis são primeiramente filtrados e depois autoclavados para evitar 
pirogênios. Estes são componentes termoestáveis da degradação das bactérias. 
 22 
 As técnicas de filtração são também usadas para recuperar pequenas quantidades 
de bactérias presentes em grandes volumes de líquido, como, por exemplo, água. Nestes 
casos, após a filtração, a membrana é colocada em meio de cultura adequado, as bactérias 
vão proliferar dando colônias que podem ser quantificadas, estudadas e identificadas. 
 A filtração pode ser aplicada na descontaminação de gases como o ar. O exemplo 
disto é dadopelo uso de tampões de algodão que obturam a boca de tubos, balões vazios 
ou contendo meio de cultura. O algodão é suficientemente poroso para permitir a entrada de 
ar e impedir a entrada de germes. Outro exemplo é a filtração do ar nas câmaras assépticas, 
salas de cirurgia, etc. 
 Numerosos são os dispositivos e materiais usados na técnica da filtração, como por 
exemplo: 
 
a) VELAS - Chamberland: porcelana. 
- Berkefeld: terra infusórios. 
b) DISCOS - Vidro. 
- Amianto. 
c) MEMBRANAS - Acetato de celulose, também chamados de filtros 
moleculares. Exemplo: Millipore. Atualmente são as mais usadas nas técnicas de 
filtração. Elas apresentam a vantagem de poder ser autoclavadas. Há as 
descartáveis. Podem filtrar diversos líquidos: água, álcool, éter, toluol, xilol, metano, 
etano, acetileno, parafina, naftalina, terpeno, etc., sem sofrer degradação. 
Tamanho dos poros: 0,05 a 10 µm (micrômetros). 
Cada cm2 contém milhões de poros, 80% da membrana é espaço aberto e 20% de 
material sólido, com isto o fluxo é em torno de 40 vezes mais rápido que pelos 
demais filtros. 
 
 
Ultrafiltração 
 
 Elford – colódio – membrana Gradocol (de nitrato de celulose). 
 Poros: 10 a 10.000 ηm (para determinar o tamanho do vírus). 
 
 
 
 
 23 
Filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air) de Acetato de Celulose 
 
 Utilizados para produção de fluxo de ar estéril em câmaras bacteriológicas 
assépticas, salas de cirurgia, etc. Há produção de fluxo de ar não turbulento ou laminar. 
 Eficiência = 99,97% 
 
 
RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES (U.V.) 
 
As radiações na forma de luz ultravioleta têm sua atividade melhor na faixa de 250-
260 ηm, comprimento de onda de absorção máxima pelas bases púricas e pirimídicas do 
DNA, formando dímeros, inibindo a replicação do DNA. 
 É comum seu emprego para esterilização do ar em hospitais e também em 
laboratórios de microbiologia, nas câmaras assépticas, onde as condições de assepsia 
devem se manter rigorosamente controladas. Emprega-se esse tipo de radiação para 
reduzir a população microbiana da superfície dos equipamentos ou do ar. 
 O seu poder de penetração é mínimo. Uma camada fina de vidro ou água pode 
impedir a ação da luz U.V. O uso de raios U.V., em medicina, é limitado por danificar a 
córnea e a pele. 
 
Raios Gama e Raios X 
 
 Os raios gama são atualmente muito usados para esterilizar grandes quantidades de 
itens de pequeno porte tais como agulhas, seringas, equipamentos endovenosos, cateteres 
e luvas. 
 O material é esterilizado já acondicionado na sua embalagem final. O processo é 
100% eficiente e ininterrupto. Não é uma técnica aplicável para uso descontínuo, pois não é 
possível ligar ou desligar. 
 Os raios gama e os raios X criam radicais livres ativos (OH- e H+) pela hidrólise da 
água. Estes radicais altamente reativos quebram as ligações covalentes do DNA, alterando 
as estruturas do DNA e das proteínas. 
 Vantagens - esterilização fria (indústria alimentícia e farmacêutica); 
 - alto poder de penetração. 
 Desvantagens - alto custo; 
 - operadores altamente especializados; 
 24 
 - acarreta sérios danos à saúde, tais como: 
a) alterações celulares (neoplasias malignas, como a 
leucemia); 
b) lesões de gônadas (alterações cromossômicas). 
 
 
ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO POR AGENTES QUÍMICOS 
 
 
 A esterilização por produtos químicos é indicada apenas para os materiais que não 
podem ser submetidos ao calor. 
 A escolha de um agente químico dependerá da finalidade do uso. Não existe uma 
substância ideal capaz de agir em todos os casos. Alguns são muito ativos, mas tóxicos 
para os tecidos vivos, portanto usados apenas em objetos inanimados. Outros apresentam 
instabilidade quando em solução. Alguns são rapidamente inativados em contato com 
matéria orgânica. 
 A maioria dos agentes químicos age como desinfetante ou anti-séptico, somente 
alguns são capazes de esterilizar, embora se saiba que os produtos químicos podem agir 
como bacteriostáticos ou esterilizantes dependendo da concentração e do tempo de ação. 
Ácido fênico em solução de 0,2% age como bacteriostático e a 5% é esterilizante. 
 Alguns produtos químicos são mais utilizados que outros devido a vários fatores: 
facilidade de obtenção, menor custo, maior estabilidade quando em solução e seu poder 
germicida. 
 Assim temos: 
 Produto Químico 
• Deve ter 
- Atividade antimicrobiana de largo espectro. 
- Estabilidade e homogeneidade quando em solução. 
- Inocuidade para o homem. 
- Boa solubilidade. 
• Deve não ser 
- Corrosivo. 
- Irritante. 
• Deve 
- Não deixar resíduos. 
 25 
- Não alterar materiais como borracha, plástico, etc. 
 
Na aplicação de qualquer agente químico é necessário observar-se as seguintes 
variáveis: 
a) Concentração; 
b) Tempo; 
c) Temperatura; 
d) pH; 
e) Limpeza. 
 
 
AGENTES QUÍMICOS 
 
 Agentes químicos são comumente empregados para a esterilização ou desinfecção 
de equipamentos: 
• Líquidos: ácidos e álcalis fortes, glutaraldeído, compostos fenólicos, álcoois e 
compostos quaternários de amônio. 
• Gasosos: ozônio, brometo de metila, β-propionalactona, óxido de etileno, óxido 
de propileno e formaldeído. 
• Sólidos: pastilhas de formalina. 
 
 
Óxido de Etileno 
 
 É um gás incolor, não corrosivo e que se liquefaz a 10,9oC, sendo o líquido bastante 
solúvel em gás e solventes orgânicos. 
 Concentrações acima de 100 mg/L são tóxicas ao ser humano, causando irritações 
dos olhos e pulmões; náuseas, edema pulmonar e danos à pele. 
 O gás é altamente inflamável e explosivo, não se podendo trabalhar em 
temperaturas elevadas, no máximo 60oC. 
 Aplicações industriais são baseadas no uso de misturas contendo 10% de óxido de 
etileno e 90% de CO2 ou 50% de óxido de etileno e 50% de formato de metila. 
 O gás tem elevado poder de penetração em material orgânico, incluindo plásticos, 
borrachas, madeira, papel, tecidos (lã), couro, produtos desidratados, equipamentos de 
 26 
anestesia e seringas sem danificá-los, o que recomenda muito o seu emprego. Pode ainda 
ser utilizado em metais, vidros e materiais elétricos. 
 O uso de óxido de etileno requer equipamentos adequados de alto custo. O aparelho 
esterilizador a ETO é formado de um conjunto de três unidades: 
- Uma autoclave (câmara grande) tendo o gás ETO e vapor d’água. 
- Um painel de controle onde está conectado o cilindro de mistura de gases. 
- Uma câmara secadora onde o material, após a esterilização, é obrigatoriamente 
submetido à aeração, que consiste na circulação de ar filtrado. O ar passando 
pelos materiais faz a remoção dos resíduos de gás retido nos mesmo. 
Tendo condições adequadas de temperatura, pressão de vapor d’água, tempo e 
concentração do gás, o ETO é muito eficiente. 
 
Condições: 
• Temperatura entre 49 e 60oC; 
• Tempo de exposição de 2 a 12 horas; 
• Concentração do gás 450 mg/L; 
• Umidade de 20 a 40%. 
 
Óxido de Etileno 
Vantagens Desvantagens 
a) Bactericida, viricida, esporicida; 
b) Temperatura baixa 47-60oC; 
c) Grande variedade de materiais; 
d) Equipamento anestesia, seringa. 
a) Alto custo; 
b) Tóxico; 
c) Inflamável. 
 
 
 O óxido de etileno atua como alquilante, inativando as enzimas e outras proteínas 
que têm átomos de H lábeis, como em grupos sulfidrila. O anel da molécula do óxido de 
etileno se rompe para formar –CH2 –CH2O que se insere entre átomos de enxofre e 
hidrogênio do grupo sulfidrila: 
 
 
 H2C H2C + R.SH R.SCH2.CH2.OHO (enzima ativa) (enzima inativa) 
 
 27 
Formaldeído 
 
 O formaldeído, de estrutura simples (HCOH), é estável em altas concentrações e 
temperaturas elevadas, mas é extremamente tóxico, seus vapores são irritantes às 
mucosas. Em temperatura ambiente o formaldeído polimeriza-se, formando uma substância 
sólida, incolor – paraformaldeído – que libera formaldeído pelo aquecimento. 
 Formalina é a solução aquosa de formaldeído (37 a 40%), forma em que é 
comercializado. 
 O formaldeído é utilizado na forma gasosa para esterilizar áreas fechadas, como 
quartos de doentes contagiosos, após a desocupação. A umidade e temperatura têm grande 
influência sobre sua ação antimicrobiana, temperatura ideal de 22oC e umidade de 60 a 
80%. 
 Tem a desvantagem do baixo poder de penetração. 
 A sua ação é com os grupos amino, hidroxila, carboxila e sulfidrila, introduzindo um 
radical (CH2), alterando a estrutura das proteínas e ácidos nucléicos. 
 
 
Glutaraldeído 
 
 Age de modo semelhante ao formaldeído, mas é menos tóxico e dez vezes mais 
eficiente. Age lentamente porém efetivamente. Usado na desinfecção de endoscópios e 
equipamentos de terapia respiratória. 
 
 
Outras substâncias de interesse na prática médica 
 
���� Álcoois: os mais usados são o álcool etílico e o isopropílico. O álcool etílico é muito 
usado na degermação da pele e desinfecção de superfícies, algumas vezes em combinação 
com iodo. Requer presença de água (álcool a 70%) para sua atividade máxima. O álcool 
desestrutura os lipídios da membrana celular e desnatura as proteínas bacterianas. 
 
���� Ácidos e Álcalis: a variação acentuada de pH pode resultar em cessação do 
metabolismo e morte do microrganismo. A ação dos ácidos depende do seu grau de 
ionização: da concentração hidrogeniônica no caso dos ácidos minerais ou da natureza de 
suas moléculas no caso dos ácidos orgânicos. A ação dos álcalis depende do seu grau de 
 28 
dissociação, da concentração de íons hidroxila e do íon metálico do álcali. O hidróxido de 
cálcio é um deles. É de alto poder desinfetante, usado em quartos de doentes, excretas, 
vagões, etc. 
 
���� Oxidantes: inativam as células oxidando os grupos sulfidrila livres. São: peróxido de 
hidrogênio, iodo, cloro e compostos que liberam lentamente o cloro (cal clorada). 
O iodo é anti-séptico muito utilizado nas práticas médicas. É de efeito imediato. É 
encontrado em duas formas: Tintura de Iodo e iodóforos. Os iodóforos são complexos de 
iodo com detergentes ou outras moléculas carreadoras. Os iodóforos liberam iodo 
lentamente, não irritam a pele, não tem odor irritante e não tingem os tecidos. O iodo reage 
especificamente com resíduos de tirosina das proteínas e inativa as enzimas que contém 
pontes de dissulfeto. 
 
���� Detergentes: são agentes surfactantes ativos e podem ser aniônicos ou catiônicos. 
a) Detergentes aniônicos têm hidrocarboneto de cadeia longa de carga elétrica 
negativa, por exemplo: os sabões e produtos sintéticos semelhantes aos sabões. Os 
produtos sintéticos são mais solúveis e mais baratos que os sabões convencionais. 
b) Detergentes catiônicos de carga elétrica positiva. Os mais usados são os 
detergentes de compostos quaternários de amônio. Estes compostos têm amplo 
espectro bactericida e bacteriostático mesmo em altas diluições contra bactérias 
Gram positivas e Gram negativas. 
Os detergentes agem sobre os lipídeos da membrana celular alterando sua função ou 
desintegrando-a. também desnaturam as proteínas. Os compostos quaternários de amônio 
são muito solúveis em água, são pouco tóxicos e não corrosivos, como o cloreto de 
benzalcônio, muito utilizado na anti-sepsia da pele. 
 
���� Metais Pesados: os mais usados são mercúrio e prata. Ambos possuem boa atividade 
antimicrobiana. O mercúrio quando combinado a outras substâncias, apresenta-se menos 
tóxico ao organismo humano que o próprio metal. Por exemplo: mercúrio cromo, Mertiolato. 
A prata combinada com proteínas é antisséptico de mucosas do nariz e garganta: Argirol, 
Protargol. Estes metais agem inativando as enzimas bacterianas através do grupo sulfidrila. 
 29 
CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2: : : : TIPOS MORFOLÓGICOS DE BACTÉRIAS E 
GRUPAMENTOS BACTERIANOS 
 
 
Objetivos 
 
a. Observar e comparar a morfologia das diversas bactérias em lâminas focalizadas. 
b. Identificar nas preparações microscópicas focalizadas a forma da célula e o grupamento. 
c. Verificar se nos grupamentos há ou não arranjos sempre com o mesmo número de 
células. 
d. Observar estruturas bacterianas no interior das células (esporos, granulações). 
 
 
Tipos Morfológicos 
 
 Embora existam milhares de espécies bacterianas, as suas células podem agrupar-
se em três tipos morfológicos fundamentais: 
a) Arredondada; 
b) Alongada; 
c) Ondulada. 
 
COCOS 
 
Forma arredondada (perfeitamente esféricas, elípticas, em chama de vela e 
riniformes. * VER PRANCHAS DE MORFOLOGIA NAS AULAS PRÁTICAS 
 
 
 
 
Esférico: Completamente arredondado. 
Exemplo: Staphylococcus aureus. 
 
Coco-oval (alongado) 
Exemplo: Streptococcus pyogenes. 
 
 30 
 
 
Pneumococo (em forma de gota, chama de 
vela) 
Exemplo: Streptococcus pneumoniae. 
 Fonte: 
Fernando Bortolozzi 
 
Gonococo e Meningococo: Forma 
riniforme (em forma de feijão ou rim) 
Exemplos: Neisseria gonorrhoeae (G) 
Neisseria meningitidis (M). 
 
 
BACILOS 
 
Forma alongada ou cilíndrica. Bastonetes. (variações: quanto ao comprimento, 
espessura e forma das extremidades). 
Obs: Os bacilos eram também denominados bastonetes até alguns anos atrás. No entanto, 
a denominação “bastonete” é de uso mais aconselhável para os neutrófilos imaturos que 
saem da medula óssea mielóide e vão para a corrente sanguínea suprir necessidades 
fisiológicas durante uma infecção (desvio à esquerda, como será visto nas aulas de 
Patologia Médica Molecular – BP337). Portanto para bactérias alongadas, prefere-se o 
termo BACILO. 
 
VARIAÇÕES BACILARES: 
 
� Finos e curtos: têm extremidades arredondadas. 
Exemplo: Salmonella, Shigella, Proteus, Pseudomonas, Mycobacterium. 
 
 
� Finos e longos (forma filamentosa). Parece um fio de cabelo. 
Exemplo: Leptotrix buccalis, Lactobacillus sp. 
 
 
� Curtos, espessos e extremidades rombadas. 
Exemplo: Bacillus. 
 
� Finas longas e extremidades agudas. 
 31 
Exemplo: Fusobacterium nucleatum. 
� Curta e arredondada (cocobacilo). 
Exemplo: Brucella, Haemophilus sp. 
 
* VER PRANCHAS DE MORFOLOGIA NAS AULAS PRÁTICAS 
 
Nos bacilos, sempre o comprimento predomina sobre a espessura no mínimo uma 
vez e meia, ao contrário dos cocos, nos quais essas dimensões permanecem quase iguais. 
 
 
FORMAS ONDULADAS 
 
Forma ondulada, espiralada ou helicoidal. 
Compreende: 
a) Espirilos 
b) Espiroquetas 
c) Vibriões 
 
 
a) Espirilo: possui corpo rígido, movendo-se à custa de flagelos. 
Exemplo: Spirillum 
 
 
 
 
b) Espiroqueta: corpo flexível e móvel com o auxílio de filamentos axiais presentes sob a 
camada externa. 
Exemplo: Treponema pallidum 
 
 
 32 
c) Vibrião: em forma de vírgula, apenas um seguimento de espiral. 
Exemplo: Vibrio cholerae Imagens: Tortora, 2005 
 
 
 
 
Outros: Entre espirilos e espiroquetas aparecem diferenças notáveis de comprimento, 
espessura, número e amplitude de espiras. 
 
 
 
� Algumas possuem pequeno número de espiras,abertas e irregulares. 
Exemplo: Borrelia. 
 
 
 
 
� Outras têm espiras numerosas, regulares e apertadas à semelhança de dentes de serra. 
 
 Treponema pallidum 
 
 Leptospira interrogans 
 
 
 33 
GRUPAMENTOS BACTERIANOS 
 
 
 Ao lado da forma da célula, é importante o conhecimento das diferentes disposições 
que as bactérias apresentam, chamadas de grupamentos, pelos quais podem-se 
diferenciar gêneros bacterianos. 
 Estas associações são explicadas por peculiaridades dos processos de 
multiplicação. 
 Podem ocorrer os seguintes arranjos: 
Imagens: Fernando Bortolozzi e Tortora, 2005 h 
NOMENCLATURA DO 
GRUPAMENTO 
FORMATO EXEMPLOS 
Diplococos (dois a dois) 
 
 
 
1 
 
2 
1. Neisseria gonorrhoeae 
Neisseria meningitis 
 (GONOCOCO e MENINGOCOCO) 
 
2. Streptococcus pneumoniae 
(PNEUMOCOCO) 
Estreptococos (cadeias) 
 
 
Streptococcus pyogenes 
Estafilococos (irregular ou 
cacho de uva) 
 
 
 
Staphylococcus aureus 
Tétrades (cocos de 4 em 4 
elementos, simetricamente) 
 
 
Micrococcus 
Sarcina (8 elementos, 
formando cubos 
simetricamente) 
 
 
Sarcina (não visível no plano do MO) 
 
Quanto às células alongadas, os grupamentos não apresentam tanta importância: 
1. Diplobacilos (dois a dois): 
2. Estreptobacilos (em cadeia): Imagens: Tortora, 2005 
(Geralmente esporulam) 
 34 
3. Alguns bacilos podem agrupar-se em paliçada, quando o movimento pós-
divisional é de deslizamento: 
Mycobacterium tuberculosis (PALIÇADA) 
 
4. Globias: bacililos agrupados em formas concêntricas que se assemelham a um 
globo. 
Mycobacterium leprae (GLOBIA) 
 Imagens: Fernando Bortolozzi 
5. Um outro movimento pós-divisional é em dobra, onde as células formam ângulo à 
semelhança de letras e o conjunto lembra letras chinesas: 
 
Corynebacterium diphteriae 
 
6. As formas onduladas apresentam-se individuais, não formando grupamentos. 
Observação: em uma preparação microscópica, observar a morfologia celular e o 
grupamento predominante. 
 
Formas de Involução e Pleomórficas 
 
Pleomórficas: são bactérias sem parede e justamente por isso não têm forma definida 
ORIGINALMENTE (não se enquadram em cocos, bacilos, espirilos etc., uma vez que nunca 
tiveram forma definida). Independe das condições do meio. Exemplos: Haemophilus, 
Mycoplasma, Proteus, Chlamydia e o bacilo diftérico. 
 
Involutivas: Bactérias em degeneração, aberrantes ou intumescidas. Quando em meio 
inadequado (pH, O2, toxinas, composição do meio, produtos tóxicos vindos do próprio 
metabolismo bacteriano, etc.), esses microrganismos perdem sua forma original. Um dia 
foram cocos, bacilos, etc. As células deste tipo mostram aspectos de intumescimento, 
aberrantes e em degeneração, como por exemplo, a Yersinia pestis. 
 35 
CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3: : : : MORFOLOGIA COLONIAL 
 
Objetivos 
 
1. Identificar as principais características culturais de bactérias; 
2. Avaliar a importância destes dados na sistemática bacteriana, facilitando a 
caracterização e a identificação das bactérias. 
 
Introdução 
 
Fornecendo as mesmas condições de cultivo relacionadas à composição do meio de 
cultura, atmosfera, temperatura, pH, etc, as bactérias apresentam uma notável constância 
de caracteres. 
Podem-se considerar as seguintes características coloniais pela variação de: 
tamanho, cor, forma, tipos de bordas, elevação, superfície, consistência, transparência, 
brilho, cromogênese (pigmento solúvel ou não). 
 
Definição 
 
Colônia é o crescimento dos microrganismos em meio sólido. Em condições ideais, a 
colônia representa a descendência de uma única célula. 
 
Características das Colônias 
 
• Tamanho: puntiformes (menores que 0.5mm) até alguns centímetros de 
diâmetro. 
• Cor: amarelo ouro, amarela citrina, amarela clara, vermelha, rosada, branca, 
castanha, alaranjada, etc., com pigmento difusível ou não. 
• Forma: 
Circular Irregular Rizóide ou arborescente 
 
 
 
 
 36 
• Bordas: 
 
Lisa Denteadas 
 
 
Lobadas Onduladas 
 
• Elevação: 
 
Convexa alta Convexa baixa 
 
 
Acuminada Espraiada 
 
 
Centro-saliente Umbilicada 
 
 
Centro-deprimida Papiliforme 
 
• Superfície: 
 
Lisa, rugosa, pregueada, raiada 
 
 
Com círculos concêntricos 
• Consistência: 
Cremosa, viscosa, granulosa, seca 
• Transparência: 
Opaca, translúcida, transparente 
• Brilho: 
Fosca, brilhante 
 37 
CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4: : : : VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE 
BACTÉRIAS NO AR E SUA CONTAGEM ATRAVÉS DE 
CULTIVO 
 
Observação 
 
A partir deste capítulo as aulas práticas serão participativas ou demonstrativas 
dependendo da disponibilidade de material para sua execução (meios de cultura, material 
patológico, soros aglutinantes, placas, pipetas, etc.) 
 
Objetivos 
 
1) Avaliar o ambiente quanto à presença e número de bactérias viáveis não 
exigentes, aeróbias e mesófilas, para justificar a necessidade de assepsia nos 
trabalhos bacteriológicos. 
2) Prevenção de contaminação em salas de curativos, cirurgias, etc.. 
3) Estudar as diferentes características coloniais. 
 
Contagem 
 
 Meio de cultivo: ágar simples (ASI) distribuído em placas de Petri de 10 cm de 
diâmetro. 
 
Técnica 
 
1. Expor à contaminação, pelo ar, as placas abertas em diversos locais da sala de 
aula por 30 minutos (por exemplo); 
2. Fechar e incubar a 36oC durante 48h; 
3. Contar as colônias desenvolvidas; 
4. Calcular a quantidade de bactérias por m2 de acordo com os seguintes dados: 
 
 
 
 38 
a. Área da placa de 10 cm de diâmetro = 0,007854 m2. 
b. Tempo de exposição: 30 minutos. 
Exemplo: 10 UFC →→→→ 0,007854 m2 
 x →→→→ 1 m2 
x = 1.273 UFC/m2 
em uma hora: 1.273 →→→→ 0,5 hora 
 x →→→→ 1 hora 
 x = 2.546 UFC/m2/h 
 
 UFC = Unidades Formadoras de Colônia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 39 
CAPÍTULO 5CAPÍTULO 5CAPÍTULO 5CAPÍTULO 5: : : : PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS 
 
Objetivos 
 
Familiarizar o aluno com as técnicas de preparações microscópicas, visando à 
observação dos microrganismos. Pelas características vistas, iniciar a identificação das 
bactérias. 
 
Introdução 
 
Existem muitos tipos de preparações microscópicas, variando com a necessidade de 
obter dados como: mobilidade, estruturas celulares, propriedades tintoriais, etc,... 
A bacterioscopia pode ser feita com o objetivo de observar bactérias: 
1. Vivas: pelos exames a fresco. 
2. Mortas: em preparações coradas. 
 
Preparações a Fresco 
 
• Campo Claro 
- Entre lâmina e lamínula. 
- Gota pendente. 
• Campo Escuro 
- Entre lâmina e lamínula. 
Servem para observar a mobilidade e/ou presença de bactérias. 
 
Preparações Coradas 
 
• Coloração Negativa – usando contraste. 
• Coloração Simples – um corante. 
• Coloração Composta ou Diferencial – dois ou mais corantes diferentes. 
A coloração negativa e a coloração simples são usadas para observar a presença de 
bactérias e sua morfologia. 
A coloração composta é usada para evidenciar estruturas celulares e as 
propriedades tintoriais. 
 40 
Preparações a Fresco 
 
Nas preparações a fresco os materiais líquidos como urina, exsudatos, LCR, meios 
de cultivo líquidos, podem ser examinados tais como se apresentam ou centrifugados e 
examinando-se o sedimento. 
Quando setem material espesso (patológico ou de cultivo), deve-se diluí-lo em soro 
fisiológico estéril. 
Podem-se examinar as bactérias ao natural, com pouca luminosidade, mas como as 
suas células têm um índice de refração próximo ao da água, algumas vezes torna-se difícil 
observá-las. Nesses casos recorre-se aos corantes vitais, atóxicos (para não prejudicar a 
mobilidade). Os mais usados são: azul de metileno, vermelho neutro, azul de Nilo, entre 
outros, em solução aquosa a 1%. 
 
 
 
 
 
 
Técnica de preparação 
entre lâmina e lamínula 
1) Sobre uma lâmina colocar uma ou duas gotas do 
líquido a examinar; 
2) Cobrir com lamínula. 
Observar ao microscópio com quantidade reduzida de 
luz e objetiva de pequeno aumento (10x) para uma visão 
panorâmica. Em seguida passar para 40x aumentando 
convenientemente a intensidade da luz. 
Observação: para evitar a dessecação do material, pode-se 
cercar as gotas com Vaspar (mistura de vaselina e parafina). 
A lamínula colocada ficará aderida ao Vaspar, fechando a 
preparação. Na falta de Vaspar pode-se utilizar vaselina 
sólida ou lanolina. 
 
 
 
 
 
Técnica de preparação em 
gota pendente 
Usa-se para esta técnica a lâmina escavada de Koch (lâmina 
com ± 3 mm de espessura com concavidade central). 
1. Untar as bordas da concavidade com Vaspar. 
2. Sobre uma lamínula colocar uma pequena quantidade do 
líquido a ser examinado. 
3. Inverter a lâmina escavada sobre a lamínula e pressioná-la 
levemente para aderir ao Vaspar. 
4. Voltar rapidamente a lâmina à sua posição normal. 
 
 41 
VISTA DE CIMA CORTE TRANSVERSAL 
 (APÓS A MONTAGEM) 
 
 Lâmina Vaspar Lâmina Lamínula Vaspar 
 
 
 
 
 
 
 
 Gota Pendente 
 Escavação (concavidade) 
 
 
Preparação a fresco em campo escuro 
 
Serve para a mesma finalidade que as técnicas precedentes, mas especialmente 
usada para observar bactérias muito delgadas, que são invisíveis em campo claro. Utilizada 
para observar a presença de espiroquetas em materiais como serosidade de cancro sifilítico 
(Treponema pallidum) ou urina suspeita de conter Leptospira (urina recém emitida e 
centrifugada, utilizar o sedimento). 
O campo escuro ao microscópio é obtido usando-se um condensador especial (como 
o cardióide) que impede a penetração de raios diretos de luz sobre o material examinado. 
As bactérias são iluminadas lateralmente, contrastando com o fundo escuro. 
A técnica de montagem da preparação é a mesma que entre lâmina e lamínula. 
 
 
Preparações Microscópicas Coradas 
 
 São as mais usadas em bacteriologia, onde as bactérias estão mortas e 
artificialmente coradas. Este tipo de preparação, que compreende a coloração de Gram, é 
muito importante na identificação presuntiva de microrganismos. A morfologia da célula, sua 
disposição e propriedades tintoriais são freqüentemente suficientes para definir o gênero. 
 Etapas das preparações coradas: 
1) Esfregaço 
2) Fixação (a quente ou a frio) 
3) Coloração 
 42 
1. Esfregaço: consiste em depositar o material a examinar no centro de uma lâmina 
e espalhá-lo numa espessura apropriada. Deixar secar espontaneamente ou 
numa estufa a 37oC. Se o material a examinar pela bacterioscopia for muito 
espesso (patológico ou cultivo), deve ser diluído em salina ou água estéril. Se for 
material líquido e pobre em microrganismos, deve ser centrifugado (urina, por 
exemplo); derrama-se o sobrenadante e examina-se o sedimento. 
 
2. Fixação: tem por objetivo fixar o material à lâmina para que não se desprenda 
durante os procedimentos ulteriores. A fixação pode ser feita a quente ou a frio. 
Em ambos os casos há coagulação de célula bacteriana que a faz aderir à 
lâmina. 
A Quente 
• Pode ser feita “serrando” com a lâmina a chama da lâmpada 
ou bico de Bunsen, duas a três vezes, com a face que contém 
o material voltada para cima, para não ter contato direto com a 
chama. 
• Derrama-se álcool sobre a preparação e inflama-se. 
Observação: a exposição excessiva ao calor deforma a morfologia da bactéria e 
com aquecimento insuficiente haverá desprendimento do material. 
 
A Frio 
• Para não alterar muito a morfologia bacteriana ou quando há 
interesse de observar o aspecto citológico do material, como 
exsudatos, sangue, líquor, etc., usa-se fixação a frio, cobrindo 
o esfregaço com substâncias químicas: 
- Mistura de álcool e acetona. 
- Formol. 
- Solução de cloreto de mercúrio, etc. 
 
 
3. Coloração propriamente dita: seguir as instruções do método de coloração a 
ser usado. Nos casos em que se queira observar apenas a presença de bactérias 
ou conhecer a sua morfologia ou grupamento, recorre-se à COLORAÇÃO 
SIMPLES, onde se usa um corante qualquer: azul de metileno, fucsina, violeta de 
genciana, etc. 
 43 
Coloração Simples 
 
Técnica 
 
1. Cobrir o esfregaço com o corante e deixar agir um minuto; 
2. Lavar com água; 
3. Secar. 
Examinar no MO com a objetiva de 100x em imersão. 
 
 
Coloração Composta ou Diferencial 
 
 Nestas colorações participam fundamentalmente quatro componentes, cuja natureza 
química varia com o método escolhido. 
 
1. Corante principal: é o primeiro a ser empregado determinando a característica 
tintorial (como por exemplo, violeta de genciana na coloração Gram). 
2. Mordente: é a substância que reforça a ação do corante principal (iodo no 
Gram). 
3. Diferenciador: é o elemento que descora seletivamente as bactérias (álcool no 
Gram). 
4. Corante secundário ou de fundo: é o que cora os elementos descorados pelo 
diferenciador (fucsina no Gram). O corante de fundo tem que ter cor contrastante 
com o corante principal. 
A coloração diferencial universalmente aceita, e usada em todos os laboratórios 
de bacteriologia, é a coloração de Gram, que separa as bactérias em dois 
grandes grupos: 
1) Gram positivas. 
2) Gram negativa. 
 
A propriedade tintorial revelada pelo Gram está relacionada à composição 
química da parede celular bacteriana. 
 
 
 
 44 
COLORAÇÃO DE GRAM 
 
Técnica 
1. Cobrir o esfregaço com Violeta de Genciana e deixar agir. (1 minuto) 
2. Derramar o corante e cobrir com lugol. (1 minuto) 
3. Lavar com água. 
4. Descorar pelo álcool (tempo crítico) - (15 segundos) 
5. Lavar com água. 
6. Cobrir com fucsina de Ziehl diluída 1:10. (30 segundos) 
7. Lavar com água. 
8. Secar. 
 
Observação: existem diversas modificações do método de Gram. Alguns laboratórios 
substituem a Violeta de Genciana (penta e hexametil pararosanilina) por Cristal Violeta 
(hexametilpararosanilina) que tem poder corante superior. 
As bactérias submetidas ao método de Gram comportam-se da seguinte maneira: 
 
(Fonte: Tortora, 2005) 
Etapa Gram POSITIVA Gram NEGATIVA 
Até a 3a etapa 
Após a 5a etapa 
Após a 7a etapa 
Violeta 
Violeta 
Violeta 
Violeta 
Incolor 
Vermelha 
 
 45 
GRAM – GRAM + 
Microscopia: Rosa Microscopia: Roxo 
Possui uma parede celular mais diversificada, 
sem lipoteicoato 
Possui filamentos de teicoato, ligados à 
muranato 
± 1-2 camadas de peptidoglicano (5-10%) 
(+ FINAS) 
15 a 20 camadas de peptidoglicano (90%) 
(+ ESPESSAS) 
Mais lipídeo (20%) e muitos aa Tem pouco lipídeo (2%) e poucos aa 
Possui uma 2ª membrana ancorada às 
camadas de peptidoglicano (chamada 
membrana externa) externa à parede celular 
Tem adjacente à membrana plasmática uma 
parede celular 
Formam ESFEROPLASTOS: quando a 
bactéria perde a parece celular. Quando restam 
partes da PC, em local e condições adequadas, 
essa PC pode ser refazer. 
Formam PROTOPLASTOS:é a membrana de 
uma bactéria gram +. Se perdê-la, não 
consegue refazê-la. Porém sobrevive só com o 
protoplasto. 
Mais polissacarídeos e presença de lipídeo A 
formando os lipopolissacarídeos (LPS***) 
Menos polissacarídeos 
 
 
 
CORRELAÇÕES CLÍNICAS: Fonte: Robbins, 2005 
 
*** LPS: são pirogênios exógenos (geram calor) – No organismo humano, podem ser 
produtores de febre. Quando os macrófagos fagocitam os produtos bacterianos, produzem 
altas concentrações de fator de necrose tumoral. O TNF estimula a produção de Interleucina 
1 (IL-1) por outros macrófagos e alguns leucócitos. Esses mediadores estimulam a 
expressão de receptores no endotélio para que os neutrófilos migrem, via rolamento, para o 
tecido conjuntivo em combate às bactérias patogênicas. Além disso, a IL-1 e o TNF 
estimulam a produção de PGE-2 (prostaglandina E2) no hipotálamo, que controla a 
temperatura corporal via AMPc. Com o aumento da temperatura corporal, proteínas do 
choque térmico são expressar e ativam a resposta e a atividade linfocitária. Ou seja, a 
elevação da temperatura corporal melhora a resposta imune do indivíduo frente a bactérias 
patogênicas. Outros efeitos do TNF e da IL-1 (quando elevados) são a sonolência e a 
inapetência, o que explica porque o paciente geralmente fica acamado durante uma 
infecção. Detalhes serão vistos na disciplina de Patologia Médica Molecular (BP337). 
 
* Espaço periplásmico: é o espaço entre as camadas de peptidoglicano. É um importante 
local de produção de enzimas, entre elas a β-LACTAMASE. Uma enzima muito importante, 
pois ela influencia na terapêutica antibiótica. β-lactâmicos são uma classe de antibióticos, 
diga-se de passagem, os antibióticos mais utilizados no tratamento de infecções (leia-se 
penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos, etc). Esses antibióticos são assim chamados 
porque em sua composição têm um anel beta-lactâmico. Essas bactérias que produzem β-
 46 
lactamases, são capazes de destruir esse anel dos antibióticos por hidrólise, deixando o 
mecanismo de ação antimicrobiano inativo. Ou seja, É UM IMPORTANTE MECANISMO DE 
RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS! As principais bactérias que a produzem são os 
estafilococos (Staphylococcus aureus principalmente), Haemophilus influenzae, Moraxella e 
a maioria dos BGNs intestinais como a Escherichia coli. Estreptococos geralmente não são 
capazes de produzir β-lactamases. No entanto, em uma infecção tipo tonsilite por 
Streptococcus pyogenes (Estreptococo beta hemolítico do grupo A de Lancefield produtor 
de estreptolisina), por exemplo: esta bactéria não produz β-lactamases, mas algumas 
bactérias da microbiota residente as produzem. Essas enzimas degradam o fármaco que iria 
matar a bactéria causadora da infecção e o medicamento acaba falhando. Por isso, muitas 
vezes, mesmo para infecções estreptocóccicas, deve ser prescrever um antibiótico JUNTO 
COM UM INIBIDOR DAS BETA LACTAMASES. Até porque clinicamente não se sabe se 
trata-se de uma infecção por estafilococos, estreptococos, Haemophilus, Moraxella, etc. 
Prescreve-se um antibiótico β-lactâmico com um inibidor de β-lactamases que faz inibição 
enzimática e deixa essas penicilinases sem atividade catalítica. Ex: Clavulanato, Sulbactam, 
etc. Eles inibem as β-lactamases e deixam o antibiótico agir (penicilina). Além disso, muitas 
vezes, a própria bactéria causadora da infecção pode ser produtora dessas enzimas. 
 
Medicamentos com inibidores de β-lactamases: 
� Amoxicilina + Clavulanato de Potássio (Clavulin®). Antibiótico de primeira escolha para 
infecções de vias aéreas superiores. O clavulanato inibe as β-lactamases e a amoxicilina, 
uma vez que não será destruída pela ação dessas enzimas, dará cabo das bactérias. Há 
vários esquemas de posologia que serão vistos nas disciplinas clínicas. 
� Amoxicilina + Sulbactam (Trifamox IBL®) 
 
Mecanismo de ação dos β-lactâmicos: Inibição da síntese de peptideoglicano. Existem 
enzimas responsáveis pela síntese de peptideoglicano, as PBP (Penicillium Binding 
Proteins), são transpeptidases e carboxipeptidases, proteínas fixadoras de penicilina. O 
mecanismo é simples, esses antibióticos inibem essas enzimas (que geralmente se 
localizam na superfície externa da MP), deixando a parede celular frouxa. Mas, além disso, 
esses antimicrobianos fazem a inativação dos inibidores das enzimas autolíticas na PC. 
 
 
Exemplos de bactérias Gram positivas e Gram negativas mais comuns: 
Cocos Gram positivos Staphylococcus, Micrococcus, Streptococcus, Enterococcus, 
Sarcina 
Cocos Gram negativos Neisseria (gonorrhoeae e meningitidis), Moraxella, Veillonella 
Bacilos Gram positivos Bacillus, Lactobacillus, Clostridium, Corynebacterium, Listeria 
Bacilos Gram negativos Enterobacteriaceae (Salmonella, Shigella, Escherichia coli, 
Proteus, etc), Bordetella, Brucella, Pseudomonas, Alcaligenes 
 
 O comportamento tintorial frente ao Gram está relacionado intimamente a outras 
propriedades das bactérias. De tal modo que, ao verificarmos a Gram positividade ou Gram 
negatividade, teremos informações referentes à natureza química da parede celular e do 
seu comportamento frente aos agentes antimicrobianos (antibióticos, corantes, etc.). 
 47 
COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN: A Evidenciação de Bacilos Álcool-Ácido 
Resistentes (BAARs) 
 
 
 Certas bactérias, como o bacilo da tuberculose e da hanseníase, dificilmente tomam 
as cores da anilina, mas uma vez coradas por técnicas apropriadas fixam fortemente o 
corante, a ponto de resistir à ação de descorantes como o álcool e ácidos minerais fortes e 
diluídos. Daí o uso corrente do método de Ziehl-Neelsen ou de suas numerosas 
modificações para identificação das bactérias, que assim se comportam e por isso são 
chamadas Bacilos Álcool-Ácido Resistentes (BAAR). 
 Para vencer a resistência à coloração, aumenta-se a concentração do ácido fênico 
(mordente) da solução corante, prolonga-se a exposição ao corante (5 a 10 minutos) e 
aplica-se o calor (aquecimento) durante o tempo de coloração. 
 No descoramento são usados o álcool e soluções de ácidos minerais, tais como o 
ácido nítrico, sulfúrico ou clorídrico. 
 O fenômeno de ácido-álcool resistência é atribuído à presença de um alto teor de 
lipídeos, sobretudo na parede celular, que se opõe à penetração do corante. 
 
Composição dos Reativos Usados no Ziehl-Neelsen 
 
• Fucsina fenicada 
� Fucsina básica 0,3 g 
� Álcool 95o 10 mL 
� Fenol fundido 5 mL 
� Água destilada 95 mL 
Observação: em outras colorações usa-se o fenol aproximadamente em 
quantidade 5 vezes maior. 
 
• Diferenciador 
� Álcool etílico 95o 99 mL 
� Ácido clorídrico 1 mL 
 
• Corante de fundo 
� Solução de azul de metileno. 
 
 48 
Técnica 
 
1. Fixar o esfregaço pelo calor. 
2. Cobrir com fucsina de Ziehl e aquecer até o desprendimento de vapores, a partir 
deste momento, contar 5 minutos. Não ferver nem deixar secar. Quando cessar a 
emissão de vapores, aquecer a lâmina novamente. 
3. Lavar com água. 
4. Descorar com álcool ácido, até não sair mais o corante. 
5. Lavar com água. 
6. Corar com azul de metileno, 1 minuto. 
7. Lavar, secar. 
Os bacilos álcool-ácido resistentes aparecem em cor vermelha, cor da fucsina, e 
os outros elementos coram-se em azul, cor do azul de metileno (no caso do 
escarro: cocos, outros bacilos, leucócitos, células epiteliais, filamentos de muco, 
etc.). 
 
 
COLORAÇÕES DE ESPIROQUETAS 
 
 
 Os espiroquetas são microrganismos muito delgados (a maioria tem cerca de 0,2 µm 
de espessura), helicoidais, de corpo flexuoso e deformável durante o movimento. A maior 
parte cora-se com dificuldade, devido à natureza lipídica das estruturas mais superficiais:

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