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POSSE CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA

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I. Conceito e Natureza Jurídica da Posse:
A palavra possessio provém de potis, radical de potestas, poder; e sessio, da mesma origem de sedere, significa estar firme, assentado. Indica, portanto, um poder que se prende a uma coisa.
Os romanos já distinguiam claramente a posse do Direito de Propriedade. A jurisprudência romana elaborou o conceito de posse com base na proteção pretoriana, que, por sua vez, data do início do século II a.C..
A posse consiste numa relação de pessoa e coisa, fundada na vontade do possuidor, criando mera relação de fato, é a exteriorização do direito de propriedade. A propriedade é a relação entre a pessoa e a coisa, que assenta na vontade objetiva da lei, implicando um poder jurídico e criando uma relação de direito.
Entre os modernos há duas teorias importantes:
Teoria de Savigny (subjetiva):
A posse é o poder de dispor fisicamente da coisa, com ânimo de considerá-la sua e defendê-la contra a intervenção de outrem. Encontram-se, assim, na posse dois elementos: um elemento material, o corpus, que é representado pelo poder físico sobre a coisa; e, um elemento intelectual, o animus, ou seja, o propósito de ter a coisa como sua, isto é, o animus rem sibi habendi.
Os dois elementos são indispensáveis para que se caracterize a posse, pois se faltar o corpus, inexiste relação de fato entre a pessoa e a coisa; e, se faltar o animus, não existe posse, mas mera detenção.
Teoria de Ihering (objetiva):
Considera que a posse é a condição do exercício da propriedade. Critica veementemente Savigny, para ele a distinção entre corpus e animus é irrelevante, pois a noção de animus já se encontra na de corpus, sendo a maneira como o proprietário age em face da coisa de que é possuidor.
A lei protege todo aquele que age sobre a coisa como se fosse o proprietário, explorando-a, dando-lhe o destino para que economicamente foi feita. Em geral, quem assim atua é o proprietário, de modo que, protegendo o possuidor, quase sempre o legislador está protegendo o proprietário.
Concluindo, protege-se a posse porque ela é a exteriorização do domínio, pois o possuidor é o proprietário presuntivo. Tal proteção é conferida através de ações possessórias. Enquanto a ação reivindicatória é a propriedade na ofensiva, a ação possessória é a propriedade na defensiva. Desse modo, a proteção possessória é um complemento à defesa da propriedade, pois através dela, na maioria das vezes, vai o proprietário ficar dispensado da prova de seu domínio.
É verdade que, para se facilitar ao proprietário a defesa de seu interesse, em alguns casos vai o possuidor obter imerecida proteção. Isso ocorre quando o possuidor não é o proprietário, mas um intruso. Como a lei protege a posse, independentemente de se fundamentar ou não em direito, esse possuidor vai ser protegido, em detrimento do verdadeiro proprietário.
Ihering reconhece tal inconveniente. Mas explica que esse é o preço que se paga, em alguns casos, para facilitar o proprietário, protegendo-lhe a posse.
O Código Civil adotou a teoria de Ihering no artigo 485 que, caracterizando a pessoa do possuidor, fornece os elementos para extrair-se o conceito legal de posse: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno, ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade.”
Quanto a natureza jurídica da posse, sustenta Savigny que a posse é ao mesmo tempo um direito e um fato. Considerada em si mesma é um fato; considerada nos efeitos que gera, isto é, usucapião e interditos, ela se apresenta como um direito.
Para Ihering, a posse é um direito. Partindo de sua célebre definição de direito subjetivo, segundo a qual aquele é o interesse juridicamente protegido, é evidente a natureza jurídica da posse.
Entretanto não são poucos os juristas que negam à posse a natureza de um direito. Aliás, não se pode considerar a posse Direito Real, porque ela não figura na enumeração do artigo 674 do Código Civil e segundo Silvio Rodrigues aquela regra é taxativa e não exemplificativa.
No presente trabalho examinaremos duas teorias sobre um instituto que não é um direito, mas um fato – posse, em latim possessio, um elemento de grande importância dos Direitos reais. Estes, por sua vez, estão inseridos no Direito das Coisas, como também juntamente com os Direitos Pessoais estão inseridos na categoria dos Direitos Patrimoniais.
Tais teorias surgiram para explicar o conceito de posse, que se resumem a dois grupos: teoria subjetiva e teoria objetiva. Uma vez, que a posse já era assunto controvertido desde os Romanos.
Quanto à teoria subjetiva, teve por seu defensor o estudioso Savigny. Já em relação à teoria objetiva, quem cuidou foi Ihering. Ambos pensadores foram realizadores de toda a doutrina possessória.
Para o nosso ordenamento, veremos que ora se adota a teoria de Savigny e ora é adotada a teoria de Ihering.
1. Breve conceito da palavra “POSSE”
Há significante dificuldade em definir a “posse”, pois este termo se mostra ambíguo. Ora, poderá ser utilizado em sentido impróprio, e ora em sentido próprio ou técnico.
Em seu sentido impróprio poderá significar: propriedade (a posse está no sentido de que é proprietário), condição de aquisição do domínio (com relação à era romana que só se obtinha o domínio com a tradição), domínio político (quanto ao direito internacional público, pois se fala em possessão de um país), exercício de um direito (concernente ao direito de família, quanto à posse do estado de casado), compromisso do funcionário público (referente ao exercício de sua função com honra) e poder sobre uma pessoa (também com relação ao direito de família quanto à “posse dos filhos”).
Já quanto ao seu sentido próprio ou técnico, é que se encontram debates, tanto que surgiram teorias que procuraram conceituar a posse, ou melhor, caracterizar sua natureza jurídica.
Para qualquer dessas teorias, entende-se que para a caracterização de posse é necessário estar presentes dois elementos essenciais: uma coisa (corpus – elemento material – contato material com a coisa, ou atos simbólicos que o representassem) e uma vontade (animus – intenção de ter a coisa para si ou com intenção de proprietário).
A partir dessa diretriz, quanto à caracterização, é que surgiram divergências entre as teorias.
As três teorias principais sobre a natureza jurídica posse  primeiramente seria a de que entende que a posse é apenas um fato. Há quem se filie à essa teoria. Mas não se pode consentir com esta teoria, pois já se sabe que dela decorrem vários direitos, como por exemplo, o direito às ações possessórias.
Atualmente, são as outras duas teorias mais predominantes: a Teoria Subjetivista (ou Subjetiva – posse seria: coisa + vontade de proceder em relação à coisa como o proprietário procede + vontade de ser dono) e a Teoria Objetivista (ou Objetiva – nesse entendimento, posse seria: coisa + vontade de proceder em relação à coisa como o proprietário procede, independentemente de querer a coisa para si).
3. Teoria Subjetiva (ou Escola Subjetiva)
3.1 Origem dessa Teoria
A Teoria Subjetiva é representada pela teoria de Niebuhr, que foi adotada pelo jurista Savigny.
Segundo a Teoria de Niebuhr, a posse teve origem com a repartição de terras conquistadas pelos romanos. Terras que eram loteadas, sendo uma parte dos lotes cedida a título precário aos cidadãos e a outra parte destinada à construção de novas cidades. Como tais cidadãos, beneficiários, não eram proprietários de tais terras, não tinham legitimidade de propor ação reivindicatória para defendê-las das invasões. Com isto, acabou-se criando um processo especial para proteger juridicamente aquele estado de fato, o interdito possessório.
Daí se extrai o caráter subjetivo da posse, pois vê-se nitidamente a vontade interior de uma pessoa, ou seja, que o fundamento dessa teoria é a “intenção” de ter o bem (o lote de terra) para si e o “querer” defendê-lo contra as invasões que destitua esses cidadãos de sua posse. Ambos fundamentos são subtraídos de tal vontade.
Além disso, sabe-se que no DireitoRomano (fonte da teoria de Savigny) as formalidades eram essenciais; antes de mais nada constatavam um conflito e depois arranjavam uma solução. Também os tipos de posse se dividiam conforme a sua natureza: Domínio (reivindicatio); Posse com sentimento de domínio (Possessio rei) – animo domini; Posse sem sentimento de domínio (Quasi possessio) – animo sibe hebendi; Não há posse mas sim autorização do dono (Possessio naturalis ou nuda detentio) – animo detinendi.
3.2 Elementos da posse
Para Savigny, a posse se caracteriza por um elemento material e um elemento psíquico.
O elemento material trata-se do corpus (coisa, bem) que é a faculdade real e imediata de dispor fisicamente da coisa, e de defendê-la das agressões de quem quer que seja. O corpus não é a coisa em si, mas o “poder físico da pessoa sobre a coisa”, além disso, é o fato exterior, em oposição ao fato exterior[ii]. Ou seja, corpus está no ato material que submete a coisa à vontade do homem, cria para ele a possibilidade de dispor fisicamente dela com exclusão de quem quer que seja.
Quanto ao elemento interior, ou psíquico, é o animus (vontade), é a intenção de ter a coisa como sua. Não se trata de convicção de ser dono (opinio seu cogitatio domini), mas a vontade tê-la como sua (animus domini ou animus rem sibi habendi). Ou seja, é a intenção de dono sendo desnecessária a convicção no possuidor de ser, na realidade, proprietário da coisa.
Com isso posto, de acordo com essa teoria, a exigência para que o estado de fato da pessoa em relação à coisa se constitua em posse é, pois, que ao elemento material ou físico (corpus) venha a somar-se com a vontade de proceder em relação à coisa como procede o proprietário (affectio tenendi), e mais a intenção de tê-la como dono (animus)[iii].
Caso falte essa intenção de proprietário – animus domini – caracterizará apenas mera detenção, ou seja, “posse natural” e não jurídica, despida de efeitos jurídicos e não protegida pelas ações possessórias ou interditos, pois tem-se somente o corpus.
Já, se houver apenas tal intenção, a posse será considerada um fenômeno da natureza psíquica que não interessará ao direito.
Portanto, ter, a teoria de Savigny, a natureza subjetiva está justamente no fato de haver o animus, a intenção de ter a coisa para si, considerar a coisa como própria.
3.4 Importância dessa teoria
A teoria subjetivista foi bastante recepcionada nas legislações do século XIX. Todavia, atualmente, não mais se encaixa com a mentalidade jurídica moderna e por isso não merece ser incorporada pelo mundo de direito.
Mesmo assim, ainda restaram alguns resquícios dessa concepção em determinadas legislações. Até o atual Código Civil brasileiro não conseguiu se desenlaçar-se totalmente dessa doutrina, como por exemplo, se verifica o art. 1204 em confronto com o art. 1233, referentes à aquisição e perda da posse.
3.5 Conceito de posse
Segundo Savigny, a posse é o poder físico direito ou imediato que uma pessoa dispõe da coisa, com ânimo de considerá-la sua e defendê-la contra a intervenção de outrem, sendo necessária esta fusão entre poder físico da coisa e o ânimo de ter como dono esta coisa.
Deixamos o conceito, para o final, por entender que assim se fecharia melhor o raciocínio, uma vez que os vocábulos descritos no parágrafo acima, já são mais bem entendidos e especificados, pois já foram denotados juridicamente nos tópicos anteriores.
Bem como, pois essa teoria subjetiva acentua o elemento intencional como caracterizador da posse, embora haja definição que a posse civil resulta da concatenação dos elementos corpus e animus.
Decorrência disso, para essa escola, são tidos como meros detentores o locatário, o comodatário, o depositário, o mandatário, enfim, todos os que por título análogo (exemplo: por contrato), vierem a ter o poder físico sobre determinados bens. Tais pessoas mencionadas não gozam de proteção direta, assim se forem turbados no uso e gozo da coisa que está em seu poder deverão dirigir-se à pessoa que lhes conferiu a detenção, para que esta sim, como verdadeira possuidora que é, invoque a proteção possessória sobre seu bem.
Em linhas gerais, para Maria Helena Diniz:
“a) a posse só se configura pela união de corpus e animus;
b) a posse é o poder imediato de dispor fisicamente do bem, com oanimus rem sibi habendi, defendendo-a contra agressões de terceiros;
c) a mera detenção não possibilita invocar os interditos possessórios, devido à ausência do animus domini.”
4.1 Teoria Objetivista (ou Escola Objetiva)
4.2 Origem dessa Teoria
A Teoria Objetiva foi embasada no Direito Germânico, ou seja, Ihering buscou conceitos extraídos a partir desse ramo jurídico.
No Direito Germânico, havia o instituto da Gewere que tratava da posse. A respeito desse assunto prepondera Nelson Nery Júnior:
“Instituto do direito germânico distinto da posse (possessio) e desconhecido dos romanos, a Gewere era a investidura justa que fazia de alguém na posse da coisa (de início somente móvel, mas depois imóvel também), independentemente da apreensão física (corpus) ou intenção de possuir (animus), fazendo com que se criasse uma aparência (presunção) de que o investido fosse realmente o possuidor (princípio da publicidade). Exemplo: posse do herdeiro. Não se limitava a afirmar que o investido era o titular do direito, porquanto a Gewere também tinha função legitimadora dos negócios jurídicos que o investido celebrava com terceiros de boa-fé, que com ele contratavam sob essa aparência, constituindo-se em situação jurídica que independia da existência do verdadeiro direito material.”,
também ensina Pontes de Miranda quanto à Gewere:
“A abstração do animus é de origem germânica, pois a Gewere, a investidura, do direito medieval alemão, é puro poder fático sobra a coisa, de modo que, sem o animus dominationis, se podia ser possuidor(...). Não é de se espantar que a palavra ‘Gewere’ também tivesse o sentido de posse-direito (conjunto dos direitos e deveres derivados do poder fático sobre a coisa): a diferença entre a concepção romana e a germânica já se caracteriza na composição do suporte fático; o que uma considerava indispensável a outra dispensava (o animus). Depois de entrar no mundo jurídico o suporte fático, que podia ou não ser suficiente para o direito romano, a irradiação de efeitos do fato jurídico era normal; e daí falar-se em ‘Gewere’ como conjunto de direitos, deveres, pretensões, obrigações, ações e exceções derivados do poder fático sobre a coisa.” 
Diante disso, entende-se o porquê de Ihering se opor tão contrariamente a Savigny. Cada qual, buscou seus fundamentos em fontes distintas, apesar de, após o Renascimento, no Brasil, haver a fusão dos Direito Romano, Germânico e ainda Canônico.
4.3 Elementos da posse
Para Ihering, a posse tem apenas um elemento: o corpus, pois este já é a relação exterior existente entre o proprietário e a coisa, ou mera aparência da propriedade.
Em razão disso, diz-se que o elemento material da posse é a simples conduta externa da pessoa, que age com semelhança ao proprietário normal da coisa, não necessitando do animus.
Tal elemento psíquico, animus, não significa, portanto, a intenção de dono, mas sim a vontade de proceder como procede habitualmente o proprietário ( independe do “querer ser dono”), ou seja, de utilizar-se economicamente da propriedade.
Por causa dessa dispensabilidade desse elemento (animus), essa escola é denominada como sendo objetiva.
Todavia, essa dispensabilidade não caracteriza inexistência do animus, somente tal vontade é interpretada e vista de forma diferente, ou seja, já está incluída no corpus, se há indicação de que a pessoa que está sobre a posse da coisa, age como o proprietário agiria com relação ao bem de que é possuidor, estaria configurado o animus.
Enfim, o elemento psíquico, para a teoria objetiva, tem apenas uma denotação distinta da teoria subjetiva.
Portanto, para Ihering, a constituição de posse basta o corpus, apenas o elemento material, ou seja, basta somente a pessoa dispor fisicamente da coisaou simplesmente existir a mera possibilidade de exercer esse contato. Dispensando-se a intenção de ser dono (animus), uma vez que este já está implícito no poder de fato exercido sobre a coisa.
Entende o jurista, que por ser o corpus o único elemento visível e suscetível de prova, sendo a manifestação externa do animus, a posse nada mais é que a exteriorização da propriedade, tendo como importância a finalidade socioeconômica do bem, uma vez que qualquer pessoa pode reconhecer a posse através da forma econômica de sua relação exterior com a pessoa.
4.4 Posse e detenção
Enquanto que na teoria subjetiva há detenção se faltar um dos elementos psíquicos da posse, na teoria objetiva tal detenção não é caracterizada caso falte esse elemento.
 Na teoria objetiva, havendo o corpus mais a affectio tenendi já é suficiente para que se tenha posse. Não é necessária a presença do animus (para a posse). Por essa razão, não se pode considerar que seja detenção como sustenta Savigny. Para Ihering ter-se-á detenção apenas se houver oposição legal.
Expõe Caio Mário Pereira que na relação possessória não se identifica oanimus domini, nem se é fácil de prová-lo. Mesmo na sua falta, não deixa de ser defensável a relação criada. Por exemplo, uma pessoa que encontra um chão ermo e o cultiva, não tem ipso facto e não pode provar animus domini. Porém, se um terceiro invade a sua cultura, e pretende colher os frutos da terra que cultivou, defende-a como possuidor, porque tem a affectio tenendi suficiente para a posse, distinguindo-a da mera detenção.
Esta é uma diferença substancial entre as duas teorias, pois para a teoria subjetiva o corpus mais a affectio tenendi gera apenas detenção, e somente há conversão em posse quando adicionar-se o animus domini. Já para a teoria objetiva, o corpus com a affectio tenendi geram posse, que se torna mera detenção caso haja incidência legal [viii].
4.5 Conceito de posse
Em suma, para Ihering posse nada mais é que a exteriorização da propriedade, com a relação de fato estabelecida entre a pessoa e a coisa pelo fim de sua utilização econômica, bastando apenas o corpus,dispensando-se o animus, pois este já estaria implícito no exercício de fato sobre a coisa ou bem.
Decorrência disso, já para essa escola, contrariamente à escola acima exposta, são tidos como possuidores de fato o locatário, o comodatário, o depositário, o mandatário, enfim, todos os que por título análogo (exemplo: por contrato), vierem a ter o poder físico sobre determinados bens. A relevância, portanto, do conceito de posse é a destinação econômica do bem.
Nota-se que muito se difere do subjetivismo de Savigny. Ihering já não se preocupa com a vontade (elemento essencial da Teoria Subjetiva), ou seja, com a subjetividade de uma pessoa, mas sim, apenas trabalha com fatos concretos, e a partir destes é que procurou caracterizar a posse. Daí a sua objetividade.
Portanto, a atenção dada ao procedimento externo, independe da análise da intenção. Ou seja, se o proprietário normalmente é o possuidor, possuidor nada mais é quem procede com aparência de dono, assim definindo que posse é a visibilidade do domínio.
Resume Maria Helena Diniz, a doutrina de Ihering:
“a) a posse é a condição de fato de utilização econômica da propriedade;
b) o direito de possuir faz parte do conteúdo do direito de propriedade;
c) a posse é o meio de proteção do domínio; e
d) a posse é uma rota que conduz à propriedade, reconhecendo, assim, a posse como um direito”.[ix]
5. Código Civil
O Código Civil de 2002 adotou a doutrina objetiva, pois para a posse, em nosso direito positivo, não há exigência da intenção de dono, como também não reclama o poder físico sobre a coisa.
O diploma legal não conceitua categoricamente a posse, mas pela definição de possuidor dada pelo art. 1196, do CC, entende-se que sua essência tem caráter da teoria objetiva: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
Na realidade, o sistema do nosso direito civil, a posse não requer nem a intenção de dono e nem o poder físico sobre o bem, materializando-se como uma relação entre a pessoa e a coisa, com base na função socioeconômica desta. Por essa razão, da pretensão do Projeto de Lei nº 6960/002 de alterar o referido art. 1196, para: “Considera-se possuidor todo aquele que tem poder fático de ingerência socioeconômica, absoluto ou relativo, direto ou indireto, sobre determinado bem da vida, que se manifesta através do exercício ou possibilidade de exercício inerente à propriedade ou outro direito real suscetível de posse.”
Como última observação, o Código Civil de 1916 também já havia acolhido a teoria objetiva, portanto, o ordenamento atual apenas se manteve fiel à essa adoção. Todavia, mesmo no atual Código Civil, ainda se encontra resquícios da conceituação subjetiva da posse (como acima já dito – nos arts. 1204 e 1233).
 
CLASSIFICAÇÃO (ESPÉCIES)
Na doutrina e no Código Civil há vários critérios de classificação (espécies) de posse. A seguir, as principais:
1) POSSE DIRETA (recebe) x POSSE INDIRETA (transfere)
Está preceituado no artigo 1197, CC, o que é posse direta e posse indireta. A diferença é basicamente que a posse direta está com quem recebe e a indireta com quem transfere.
O possuidor direto, portanto, é aquele que recebe o poder de fato sobre uma coisa corpórea, através de um vínculo jurídico obrigacional ou real.
A contrário sensu, possuidor indireto é todo aquele que transfere o poder de fato sobre uma coisa corpórea, através de um vínculo jurídico obrigacional ou real.
O examinador, ao perguntar sobre a posse direta e indireta, pode se utilizar do expressão “desdobramento da posse”. Pode ser utilizada também a expressão posse paralela, mas não é tão usual.
Exemplos: no contrato de locação, há o locador (aquele que transfere – possuidor indireto) e o locatário (que recebe – possuidor direto). Já no contrato de comodato, há o comodante (transfere – possuidor indireto) e o comodatário (recebe – possuidor direto).
Importância
AÇÃO POSSESSÓRIA: é importante ressaltar, de acordo com o referido artigo, que a posse direta não exclui a posse indireta. Neste sentido, imagine um contrato de locação (locador – posse indireta, locatário – posse direta). Se um terceiro expulsa locatário, tanto este, que é possuidor direto, tanto locador, que tem posse indireta, podem ingressão com ação possessória de reintegração de posse com litisconsórcio facultativo. Isto quer dizer que ambos são possuidores e ambos tem legitimidade para ingressar com ação possessória. De outro lado, para saber quem tem maior interesse jurídico, é preciso entender o contrato de locação. O principal dever do locatário é a contraprestação (pagamento) e do locador é o uso pacífico do bem. Assim, diz-se que tem maior interesse jurídico (diferente de maior interesse econômico) é o locador.
USUCAPIÃO: o possuidor direto teria legitimidade, ou, seria viável ingressar com ação de usucapião? Não. Pois enquanto existir o desdobramento da posse (o vínculo), jamais existirá a usucapião, porque falta ao possuidor direto a intenção (animus) de ser proprietário, de acordo com a Teoria Subjetiva: P = C + A.
2) POSSE JUSTA x POSSE INJUSTA
Critério de exclusão (artigo 1200, CC)
Considera-se posse justa toda posse em que não existe nenhum dos 3 vícios: violência, clandestinidade e precariedade. Se a posse tiver qualquer um desses 3 vícios, será posse injusta.
Posse violenta é aquela obtida através do emprego da força física.
Posse clandestina é aquela tida por meio da astúcia, ardil, não há imposição física, não há uso da força, mas esperteza, malandragem. É também chamada de “posse as ocultas”, “as escondidas”,  posse obtida na “calada da noite”, porque se pressupõe que a noite o grau de vigilância sobre a posse é menor, mas esta expressão é uma metáfora e não quer dizer que só ocorre a noite!
Posse precária é aquela obtido por meio do abuso de confiança.
Só vai existirusucapião quando a posse for justa, isto quer dizer que é incompatível para usucapião, a posse injusta.
CONVALIDAÇÃO DA POSSE: 
Requisitos:
       Posse violenta ou clandestina
  Cessação da violenta ou clandestina (término da resistência ou clandestinidade)  +
      Prazo de 1 ano e 1 dia
A posse precária não admite convalidação. Neste sentido, nunca se tornará posse justa e nunca poderá haver usucapião.
Obs.: Usucapião é um modo de apropriação da propriedade pelo decurso do tempo e devido à inércia do proprietário.
3) POSSE DE BOA FÉ x POSSE DE MÁ-FÉ
Considera-se possuidor de boa fé toda pessoa que ignora o vício ou obstáculo para aquisição do direito. O possuidor de boa fé é aquele que não tem consciência de que está exercendo posse sobre objeto alheio. Ex.: marcos divisórios. A contrário senso, possuidor de má fé é aquele que não ignora o vício ou obstáculo para aquisição do direito. O possuidor de má fé tem consciência de que está ofendendo patrimônio alheio. Ex.: invasões.
Importância em 3 institutos: USUCAPIÃO, BENFEITORIAS E FRUTOS
USUCAPIÃO DE BEM IMÓVEL (artigos 1238 e 1242, caput e § único, CC):
Extraordinária: prazo de 15 anos ou 10, quando existir função social da posse, independentemente de título ou boa-fé.
Ordinária: prazo de 10 anos ou 5, quando existir função social da posse. Na usucapião ordinária, o legislador exige 2 requisitos: justo título e boa fé. A posse de boa-fé gera a redução da usucapião. Desse modo, o prazo é menor, ou seja, a boa-fé beneficia o possuidor e reduz o prazo para se tornar proprietário via usucapião.
USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL (artigos 1260 e 1261, CC):
Extraordinária: prazo de 5 anos, independentemente de título ou boa-fé.
Ordinária: prazo de 3 anos, devendo ser comprovado justo título e boa fé.
BENFEITORIAS (artigo 1219 a 1222, CC):
Necessárias: visam a conservação do bem; 
Úteis: visam a utilização do bem;
Voluptuárias: visam o embelezamento do bem.
O possuidor de boa-fé faz jus a receber indenização das benfeitorias necessárias e úteis realizadas. As benfeitorias voluptuárias podem ser retiradas. O possuidor de boa-fé também faz jus ao direito de retenção, ficar com o objeto sobre o qual está exercendo posse até o ressarcimento das benfeitorias necessárias e úteis.
Obs.: Quanto ao locatário de boa-fé que realizou benfeitorias úteis, este faz jus a ser indenizado? O contrato de locação tem lei específica – Lei nº 8245/91 (Lei do inquilinato) e tal lei diz que o locatário faz jus apenas a benfeitorias necessárias. Desse modo, o locatório de boa-fé só faz jus às benfeitorias úteis se houver autorização expressa do locador. Isto quer dizer que, neste caso, não é seguida a regra geral, mas lei específica.
Em relação ao possuidor de má-fé, o único direito que este tem é receber indenização das benfeitorias necessárias. Isto quer dizer que mesmo estando de má-fé, faz jus ao direito de receber a indenização das benfeitorias necessárias para evitar o enriquecimento sem causa, pois evitou o perecimento do bem.
FRUTOS (artigos 1214 a 1216, CC):
O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por sua culpa, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
4) COMPOSSE (artigo 1199,CC)
“Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros co-possuidores”.
Trata-se de uma espécie diferenciada de posse, em que duas ou mais pessoas exercem poder de fato sobre a mesma coisa corpórea. Como exemplos de composse, cita-se: o condomínio, quanto a área comum de que todos são coproprietários; os bens do casal, no casamento sob o regime da comunhão universal de bens, pois, como regra, os bens adquiridos na constância do casamento pertencem aos dois, isto é, ambos são coproprietários dos imóveis adquiridos; os bens deixados pelo “de cujus” a mais de um herdeiro, enquanto não ocorrer a partilha (artigo 1784, CC).
5) POSSE x DETENÇÃO
Posse: apreensão física (poder de fato) sobre uma coisa corpórea – Teoria Objetiva (Ihering):
                     
Detenção: apreensão física (poder de fato) sobre uma coisa corpórea, em nome de outrem, numa relação de subordinação e hierarquia, que não gera posse por expressa determinação legal:
 “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções próprias. Paragrafo único: aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e a outra pessoa, presume-se detentor, ate que prove o contrario.” (artigo 1198)
Exemplos: o caseiro, que exerce poder de fato em nome de outrem, portanto é detentor; o policial militar, com relação às armas e à viatura, é detentor; a funcionária da biblioteca que exerce poder de fato sobre uma coisa corpórea em nome de outrem, logo também é detentora.
Por outro lado, em relação ao comodatário (contrato de comodato) e ao locatário (contrato de locação), estes exercem corpus – poder de fato sobre coisa corpórea – em nome próprio. Assim, comodatário e locatário são possuidores direitos.
Importância:
AÇÃO POSSESSÓRIA: Imagine que A invadiu uma chácara, e lá estava B, que é caseiro. B tem legitimidade para ingressar com ação possessória? Não, pois ele é detentor, não exerce a posse, exerce corpus em nome de outrem. Assim, só é parte legítima para ingressar com ação possessória aquele que é possuidor. Se um vizinho C ingressa com uma ação possessória contra o caseiro B, em virtude do marco possessório, os meios de defesa são: ilegitimidade de partes; nomeação a autoria. Nomear a autoria – forma de intervenção de terceiro, em que deve ser indicado o legítimo proprietário.
USUCAPIÃO: enquanto existir detenção jamais vai existir usucapião, porque para existir a usucapião é necessário posse (corpus + animus). Para o detentor, assim, falta a intenção de ser dono. É incompatível com a usucapião o instituto detenção!
CONCLUSAO
De acordo com o exposto neste trabalho, percebemos que a posse deriva de idéias primitivas extraídas do Direito Romano e que este direito influenciou decisivamente nossos legisladores na elaboração do Código Civil Brasileiro, base da relação do direito entre particulares.
Como vimos, a questão da posse, apesar de ser um tema antigo, ainda hoje é de grande importância, principalmente no Brasil, um dos poucos países que não realizou a reforma agrária. 
Torna-se necessário salientar que toda legislação a respeito da posse atende a uma preocupação de interesse social , e não apenas ao intuito de proteger a pessoa do possuidor. 
Bibliografia
ALVES, José Carlos Moreira - Direito Romano - Vol. 1, Ed. Forense, 5ª edição, R.J., 1983.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. Direito das coisas.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Vol. IV. 18ª ed. Editora Forense: Rio de Janeiro, 2004.
Conceito de Propriedade
Conceito clássico: propriedade é um poder que a pessoa exerce sobre a coisa. Para doutrina majoritária, porém, não existe relação entre pessoa e coisa, razão pela qual o conceito clássico perdeu força nos últimos anos.
 
Para Maria Helena Diniz, a propriedade é o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar, gozar, dispor e reaver (DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. 15. Ed. São Paulo: editora Saraiva, 2010. P. 848). 
 
Segundo Clóvis Beviláqua, a propriedade é o poder assegurado pelo grupo social à utilização dos bens da vida física e moral (BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Coisas. Coleção história do Direito Brasileiro. Brasília: Senado Federal, 2003. V. 1, p. 127).
 
Orlando Gomes, destaca 3 vetores que sustentam o conceito de propriedade, vale citar:
1º vetor – sintético: Sujeição da coisa ao poder de uma pessoa.
2º vetor – analítico:direito de usar, gozar, dispor e reaver.
3º vetor – descritivo: é um direito perpétuo, exclusivo, complexo e absoluto.
 
Classificação:
Adquire-se a propriedade de forma originária e derivada:
Originária – Quando desvinculada de qualquer relação com titular anterior, não existindo relação jurídica de transmissão. A maioria da doutrina, entende também como originária a aquisição por usucapião e acessão natural, 
Derivada – Ocorre quando há relação jurídica com o antecessor. Existe transmissão da propriedade de um sujeito a outro. A regra fundamental dessa modalidade é que ninguém pode transferir mais direitos do que tem “ nemo plus iuris ad alium transferre potest, quam ipse haberet” . Existe transmissão derivada tanto por inter vivos como mortis causa, Nesta última, o fato da morte faz com que o patrimônio do falecido transfira-se a herdeiros. ( Princípio da Saisine )
Da Aquisição por registro do título:
Elencada nos arts. 1245, 1246 e 1247 a aquisição da propriedade imóvel pelo registro do título é a transferência entre vivos da propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis competente.
Enquanto não se registrar o título, que deve ser público, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
O registro torna-se eficaz no momento da apresentação do título qo oficial do registro e assim que este prenotar no protocolo que é a chave do registro geral.
O Artigo 1247, traz a possibilidade de cancelamento de registro caso este não exprima a verdade. Cancelado o registro cabe ação de reivindicação de imóvel independente de boa fé ou justo título. Devem ser igualmente registradas as sentenças proferidas em ações divisórias, inventários, partilhas, as sentenças que adjucarem bens de raiz em pagamentos de dividas de herança, as sentenças de separação, nulidade e anulação de casamento quando houver imóveis na partilha e sentença proferia em ação de usucapião bem como qualquer sentença, transitada em julgado, que transmita, total ou parcialmente a propriedade de um bem imóvel.
Da Aquisição por Acessão:
Acessão é o aumento do volume ou do valor da coisa principal, em virtude de um elemento externo. A Acessão é modalidade de aquisição de propriedade dividida em cinco espécies:
Acessão por formação de ilhas: O artigo 1249 do Código Civil dispõe: “As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.”
Vale lembrar , que de acordo com o código das águas, se as correntes forem navegáveis, trata-se de águas públicas, e portanto a regras do código civil que dizem respeito a aquisição de propriedade por acessão aplicam-se aos rios não navegáveis.
Acessão por aluvião: Art. 1.250:.”Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem”
O que caracteriza o aluvião é o fato do é o fato de o acréscimo feito pelo rio à margem ser de tal modo lento que se torna impossível precisar a quantidade acrescida no momento anterior.
Por analogia, se resolve o problema do aluvião com a regra de que o acessório acompanha o principal.
Conceito Jurídico – código das águas - “Art. 16. Constituem "aluvião" os acréscimos que sucessiva e imperceptivelmente se formarem para a parte do mar e das correntes, aquém do ponto a que chega o preamar médio, ou do ponto médio das enchentes ordinárias, bem como a parte do álveo que se descobrir pelo afastamento das águas.”
Acessão por avulsão: “Verifica-se avulsão quando a força súbita da corrente arranca uma parte considerável e reconhecida de um prédio, arrojando-a sobre outro prédio” – código das águas – art.19
Art. 1251 do código civil “Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida”
O Diferencial da acessão por avulsão, está na indenização ao primeiro proprietário para aquisição do acréscimo no período de um ano, ou sem indenização se após o prazo ninguém houver reclamado. Entretanto o primeiro proprietário não é obrigado a aceitar a indenização, podendo optar pela remoção da parte acrescida a terreno de outrem.
Acessão por álveo abandonado. Definição de álveo – leito do rio – “Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto”.Art.9 Código das águas.
Art. 1.252 do C.C. “O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo”
Porém se a mudança do curso das águas se der de forma artificial, cabe indenização ao proprietário ofendido.
Construções e plantações: Elencadas nos artigos 1253 a 1259 do código civil, as construções e plantações são acessões decorrentes da conduta humana.
As construções e plantações são consideradas acessórios do solo. Não se leva em conta o conceito de valor. A presunção é que pertencem ao proprietário do solo, embora não seja essa presunção absoluta. Como é possível semear, plantar e construir com sementes e materiais não pertencentes ao proprietário do solo, distinguem-se as hipóteses nas quais isso pode ocorrer:
1-Semeadura, plantação ou construção em terreno próprio com material alheio – com solução no art. 1254 – “Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.”
2- Semeadura, plantação ou construção em terreno alheio com material próprio - com solução no art.1255 – “Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
Presume-se a má fé do proprietário quando este sabia do trabalho de construção ou lavoura e não o impugnou. Locupletando-se a custa de outrem, este adquirirá a propriedade da acessão mas ficará com encargo de indeniza-la ao construtor ou plantador.
3 - Semeadura, plantação ou construção em terreno alheio com material alheio com solução no art. 1257 – “O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor”
Construção em imóvel alheio:
Fundamento Legal:
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheioem proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro
Tal problema, conhecido também como construção em zona lindeira ocorre se a construção invadir parcialmente terreno alheio em proporção não superior a vigésima parte deste. O construtor de boa fé passará a ter a propriedade da área invadida, mediante indenização pelo valor correspondente ao solo invadido. Se a área ultrapassar 1/20 do terreno pagará também indenização pela desvalorização da área remanescente.
Se o construtor estava de má fé, poderá adquirir o domínio da parcela do solo invadido, se pagar em décuplo as perdas e danos, proporcional a 1/20 daquele, desde que o valor da construção exceda ao dessa parte e não se possa demolir a porção invasora sem grave dano para a obra construída.
O construtor de boa fé que invada propriedade alheia em porção superior a sua vigésima parte, adquire o domínio da parcela invadida, respondendo por perdas e danos nos quais estão computados o valor econômico do que foi construído, a desvalorização da área remanescente e o valor de mercado da área perdida. Se agiu de má fé. O construtor é obrigado a demolir a construção , pagando em dobro a indenização das perdas e danos apurados.
Da aquisição por Usucapião:
Conceito: Usucapião é modo originário de aquisição de propriedade , através da posse mansa e pacífica, por determinado espaço de tempo, e mediante requisitos previstos em lei.
O usucapião , como dito antes, é considerado forma originária de aquisição de propriedade ,porque o usucapiente constitui direito à parte, independente de qualquer relação jurídica com o proprietário anterior.
Requisitos para o usucapião:
Res habilis – Coisa hábil, não pode ser coisa fora do comércio e nem pode ser bem público.
Bona Fides – Boa Fé – age de boa fé aquele que ignora o vício ou obstáculo que lhe impede a oposição da coisa – O Usucapião extraordinário, não dispensa a boa fé, somente dispensa a prova desta, pois neste dispositivo legal ocorre a presunção juris et de jure de boa fé e justo título.
Titulus – Justo título – A lei condiciona o usucapião ao fato do possuidor possuir justo título capaz de transferir-lhe a propriedade se proviesse do verdadeiro dono. A mesma observação usada a respeito da presunção da boa fé no usucapião extraordinário, vale para o justo título
Possessio – Posse – É pressuposto do usucapião a posse mansa e pacífica, sem oposição, não clandestina e não precária, pois de acordo com sua própria definição, trata-se de aquisição de domínio pela posse.Tempus – Tempo – É pressuposto do usucapião a posse contínua e ininterrupta por determinado tempo fixado em lei.
Sentença Judicial – Defende acertadamente Silvio Rodrigues, ser a sentença judicial requisito para o usucapião, pois só com ela efetivamente se adquire a propriedade.
Espécies de Usucapião:
Usucapião Extraordinária – Art.1238 Código Civil
Aquele que ininterruptamente, sem oposição possuir como seu imóvel por quinze anos, adquire a propriedade , independentemente de justo título e boa fé (presunção juris et de jure), podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença que servirá de título para o registro no cartório de imóveis.
O Prazo de quinze anos, cai para 10 se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual ou Ter realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Requisitos: Posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus dominipelo prazo de quinze ou dez anos conforme o caso, presunção juris et de jure de boa fé e justo título que não só dispensa a exibição deste documento como também proíbe que se demonstre sua inexistência e sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião.
Usucapião Ordinária – Art. 1242 Código Civil
Aquele que ininterruptamente, sem oposição possuir como seu imóvel por dez anos, com justo título e boa fé, adquire a propriedade. O Prazo será de cinco anos se o possuidor adquiriu o imóvel onerosamente, com base no registro constante no cartório de imóveis, cancelado posteriormente, desde que nele tiverem estabelecido a usa moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
Requisitos: Posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus dominipelo prazo de dez ou cinco anos conforme o caso, justo título ainda que viciado ou irregular, boa fé e sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião. 
Usucapião Constitucional Rural – Arts. 190 e 191 C.F. e 1239 do Código Civil
Modalidade de usucapião previsto na Carta Magna e recepcionado pelo Código Civil de 2002 em seu art. 1239. Também conhecido como usucapião pro labore e usucapiãoespecialrural.
Aquele que não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possuir como sua, ininterruptamente e sem oposição, por cinco anos, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares e torna-la produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe a propriedade.
Requisitos: Não ser proprietário de imóvel rural ou urbano, posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus domini pelo prazo de cinco anos, tornar a terra produtiva com o seu trabalho ou o de sua família seja ele agrícola, pecuário ou agroindustrial, ter sua moradia habitual estabelecida no imóvel ( função social), área não superior a cinqüenta hectares , presunção juris et de jure de boa fé, não se exigindo prova de justo título, terra objeto do usucapião não pode ser pública e sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião.
Usucapião constitucional Urbano – Art. 183 C.F. Art. 9 Lei 10257/2001 e art. 1240 Código Civil.
Modalidade de usucapião previsto na Carta Magna e recepcionado pelo Código Civil de 2002 em seu art. 1240. Também conhecido como usucapião pro morada e usucapião especial urbana.
“Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez”
Requisitos: Não ser proprietário de imóvel rural ou urbano, posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus domini pelo prazo de cinco anos, utilização do imóvel para sua moradia ou o de sua família( função social), área não superior a duzentos e cinqüenta metros quadrados seja ela originariamente edificada ou não, porém deve Ter algum tipo de edificação feita pelo invasor para estabelecer sua morada, presunção juris et de jure de boa fé, não se exigindo prova de justo título, terra objeto do usucapião não pode ser pública e sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião.( RT 727:169, 690:73)
Usucapião Especial Urbano Coletivo – Arts. 10 a 14 Lei 10257/2001
As áreasurbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
Requisitos: Os possuidores não ser proprietários de imóvel rural ou urbano e devem ser comprovadamente de baixa renda, posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus domini pelo prazo de cinco anos, utilização do imóvel para moradia ( função social), área superior a duzentos e cinqüenta metros quadrados seja ela originariamente edificada ou não, porém deve ter algum tipo de edificação feita pelos invasores para estabelecer sua morada, impossibilidade da divisão dos terrenos ocupados por cada possuidor, presunção juris et de jure de boa fé e justo título, imóvelobjeto do usucapião não pode ser pública e sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião que atribuirá igual fração ideal do imóvel a cada possuidor.
CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE
1 – Complexidade: pelo conceito legal de propriedade se percebe porque se trata de um direito complexo, como dito na primeira frase de hoje. A complexidade é justamente porque a propriedade é a soma de três faculdades e mais esse direito de reaver de terceiros. Expliquemos estas três faculdades e este direito de reaver:
Uso – é o jus utendi, ou seja, o proprietário pode usar a coisa, pode ocupá-la para o fim a que se destina. Ex: morar numa casa; usar um carro para trabalho/lazer
Fruição (ou gozo) – jus fruendi; o proprietário pode também explorar a coisa economicamente, auferindo seus benefícios e vantagens. Ex: vender os frutos das árvores do quintal; ficar com as crias dos animais da fazenda.
Disposição – jus abutendi; é o poder de abusar da coisa, de modificá-la, reformá-la, vendê-la, consumi-la, e até destruí-la. A disposição é o poder mais abrangente.
Exemplo: se eu sou dono de um quadro eu posso pendurá-lo na minha parede (jus utendi), posso alugá-lo para uma exposição (jus fruendi) e posso também vendê-lo (jus abutendi).
O dono pode também ceder a terceiros só o uso da coisa (ex: direito real de habitação do 1414); pode ceder o uso e a fruição (ex: usufruto do 1394 e superfície do 1369); pode ceder só a disposição (ex: contrato estimatório do 537). O proprietário tem as três faculdades, já o possuidor tem pelo menos uma dessas três (1196, 1204).
Além de ser a soma destas três faculdades, a propriedade produz um efeito, que é justamente o direito de reaver a coisa (parte final do 1228). Como se faz isso, como se recuperam nossos bens que injustamente estejam com terceiros?
Através da ação reivindicatória. Esta é a ação do proprietário sem posse contra o possuidor sem título. Esta ação serve ao dono contra o possuidor injusto, contra o possuidor de má-fé ou contra o detentor.
A possessória é a ação do possuidor contra o invasor, que inclusive pode ser o proprietário (ex: locador quer entrar a qualquer hora na casa do inquilino, alegando ser o dono; não pode. Mas o proprietário que aluga uma fazenda também pode usar a possessória se o MST ameaça invadir e o arrendatário não toma providências, afinal o proprietário tem posse indireta). A vantagem da possessória é a possibilidade de concessão de liminar pelo Juiz. Na reivindicatória não cabe liminar.
Este direito de reaver é conseqüência da seqüela, aquela característica dos direitos reais que nós vimos na primeira aula, e que permite que o titular do direito real o exerça contra qualquer pessoa.
2 – É direito absoluto: se o proprietário pode dispor, pode abusar da coisa (jus abutendi), pode vendê-la, reformá-la e até destruí-la. Esse absolutismo não é mais pleno pois o direito moderno exige que a coisa cumpra uma função social, exige um desenvolvimento sustentável do produzir evitando poluir (ver § 1º do 1228).
Respeitar a função social é um limite ao direito de propriedade; outro limite são os direitos de vizinhança.
Quando uma propriedade não cumpre sua função social, o Estado a desapropria não para si (o que seria comunismo ou socialismo), mas para outros particulares que possam melhor utilizá-la. Isso só comprova que nosso direito valoriza a propriedade privada.
É absoluto também porque se exerce contra todos, é direito erga omnes, todos vocês têm que respeitar minha propriedade sobre meus bens e vice-versa. 
3 – Perpetuidade: os direitos de crédito prescrevem, mas a propriedade dura para sempre, passa inclusive para nossos filhos através do direito das sucessões (Civil 7). Quanto mais o dono usa a coisa, mais o direito de propriedade se fortalece. A propriedade não se extingue pelo não-uso do dono, mas sim pelo uso de terceiros. Então eu posso guardar meu relógio na gaveta que ele continuará meu para sempre. Eu posso passar décadas sem ir ao meu terreno na praia. Mas se alguém começar a usá-lo, poderá adquiri-lo pela usucapião.
4 – Exclusividade: ver 1231; o proprietário pode proibir que terceiros se sirvam do seu bem; a presunção é a de que cada bem só tem um dono exclusivo, mas nosso ordenamento admite o condomínio (veremos condomínio em breve, e veremos também como a lei facilita a extinção do condomínio justamente porque a propriedade é um direito tão amplo e complexo que não é fácil ser exercido por duas pessoas sobre uma única coisa).
5 – Elasticidade: a propriedade se contrai e se dilata, é elástica como uma sanfona; por exemplo, tenho uma fazenda e cedo em usufruto para José; eu perco as faculdades de uso e de fruição, minha propriedade antes plena (completa) vai diminuir para apenas disposição e posse indireta; mas ao término do usufruto, minha propriedade se dilata e torna-se plena novamente.
2 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
2.1 NOÇÃO DE FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
A concepção de função social nasceu da noção de que, enquanto vivente em sociedade, o homem deve empregar esforços no sentido de dar sua contribuição ao bem estar da coletividade em detrimento dos interesses unicamente individuais. Neste contexto, erige-se a teoria da função social, segundo a qual “todo indivíduo tem o dever social de desempenhar determinada atividade, de desenvolver da melhor forma possível sua individualidade física, moral e intelectual, para com isso cumprir sua função social da melhor maneira”.
O transporte da teoria da função social para o âmbito do direito de propriedade evoca o dever atribuído ao proprietário de fazer uso de seus bens de forma a cumprir uma função social, ou seja, de forma que o exercício do direito de propriedade obedeça aos parâmetros legais e morais estabelecidos, no intuito de contribuir para o interesse coletivo.
A primeira noção de função social da propriedade foi concebida no início do século XX, por León Duguit. Em oposição às doutrinas individualistas sustentadas até então, o autor defendeu que a propriedade é uma instituição jurídica que, como qualquer outra, formou-se para responder a uma necessidade econômica e, neste ensejo, evoluiu de acordo com tais necessidades.
Nesta esteira, o autor francês fez dura crítica à concepção individualista da propriedade, sobretudo sobre a premissa de que somente concedendo ao possuidor um direito subjetivo absoluto sobre o bem é que poder-se-ia garantir a plenitude de sua autonomia individual.
Ao contrário, Duguit rejeitava a propriedade como direito subjetivo, atribuindo-lhe natureza de função, isto é, a ser utilizada a serviço da coletividade. Por este viés, a propriedade-função não detinha o caráter absoluto e intangível, e o proprietário era apenas o detentor de um bem, por sua vez pertencente à coletividade.
Vigorou, portanto, o entendimento de que a propriedade é direito subjetivo, que deve cumprir uma função social. De todo modo, a propriedade passa a ser vista como instrumento de apoio à consecução dos fins sociais, cuja essência é o seu serviço à coletividade. É dizer, mesmo constituindo-se em institutovoltado originariamente para a realização dos interesses individuais, a propriedade desempenha papel fundamental enquanto promotora dos interesses coletivos. 
A propriedade, portanto, apresenta como componente indissociável a sua função social, enquanto dever imposto a cada sujeito de direito, público ou particular. Não por acaso, a Constituição Federal erigiu como direito fundamental a garantia do direito de propriedade (artigo 5º, XXII), seguida imediatamente pela determinação de que a propriedade deve cumprir sua função social (artigo 5º, XXIII), transformando, assim, o elemento função social em elemento inerente ao exercício propriedade.
CONCLUSÃO
Por este breve trabalho, de acordo com as pesquisas perpretadas, concluímos que a propriedade é um poder que uma pessoa exerce sobre a coisa. Tal exercício deve , sobremodo, seguir as diretrizes pré-estabelecidas pela legislação. A nossa Constituição Federal determina este seguimento na sua esteira de legalidade desde sua conceituação à exigência de sua função social indissociável ao bem da coletividade.

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