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Intoxicação exógena

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1 
 
Intoxicações exógenas 
⤷ São comuns na emergência pediátrica 
⤷ São importantes causa de morbidade e são um 
relevante problema de saúde pública 
⤷ Nos menos de 6 anos vão predominar as 
intoxicações não intencionais por conta da 
curiosidade da criança em explorar o ambiente 
e aí vai ter acesso aos tóxicos 
⤷ Crianças maiores e adolescentes vão 
predominar as intoxicações intencionais e por 
drogas de abuso 
⤷ 2020: aumento da incidência de transtornos 
por uso de substâncias e tentativas de 
automutilação 
o Isso se deve ao aumento de doenças 
mentais durante a pandemia 
⤷ No BR em 2012, 100.000 casos de IE foram 
registrados 
o Esse número deve ser bem maior, porque 
existe negligência quanto a notificação dos 
casos 
o 35% eram em <4anos e as principais 
substâncias envolvidas eram 
medicamentos, domissanitários e produtos 
químicos industriais 
o Adolescentes: medicamentos, seguidos 
pelas drogas de abuso e venenos de 
animais peçonhentos (PP escorpiões) 
⤷ IE: são consequências clínicas e/ou 
bioquímicas decorrentes da exposição aguda 
a substâncias encontradas no ambiente (água, 
ar, alimento, planta, animais peçonhentos...) 
ou isoladas (pesticidas, medicamentos, 
produtos de uso industrial ou domiciliar...) 
⤷ Importante a orientação dos familiares para 
dificultar o acesso a esses 
produtos/medicamentos 
⤷ A anamnese é importante para direcionar os 
acontecimentos e reconhecer os sinais e 
sintomas das toxíndromes 
⤷ A história de intoxicação nem sempre é clara 
o Na grande maioria das vezes os pais vão 
negar a possibilidade da ingestão acidental 
de alguma substância 
o Sendo importante questionar 
exaustivamente todos os medicamentos ou 
substâncias potencialmente tóxicas 
disponíveis em casa (locais de 
armazenamento, hábitos diários...) 
⤷ A mortalidade por intoxicação aguda ela é 
baixa, menos de 1% dos casos, portanto, na 
maioria dos casos apenas as medidas de 
estabilização do paciente são suficientes para 
ele ficar bem 
Quadro clínico 
⤷ Geralmente a criança é previamente hígida e 
abruptamente começa de forma súbita e 
inexplicada (porque a criança não estava 
doente) com sinais e sintomas progressivos 
que podem acometer os vários sistemas 
(neurológicos, respiratório, CV, 
gastrointestinal e metabólico) 
Diante de um paciente com suspeita de 
intoxicação aguda qual seria a nossa conduta 
⤷ Avaliação clínica inicial e estabilização 
o É feita através do ABC 
▪ A: permeabilidade das VA 
▪ B: respiração 
▪ C: circulação 
o O manejo das VA e o suporte 
respiratório visam corrigir toxemia e 
acidemia e prevenir a aspiração 
o Distúrbios respiratórios que exijam 
atenção imediata eles incluem: 
obstrução das VA, apneia, bradipneia, 
taquipneia intensa, edema pulmonar e 
insuficiência respiratória aguda 
o Então diante de um paciente com 
sinais de hipoxemia iremos ofertar O2, 
monitorizar com oxímetro de pulso, 
monitorização cardíaca, PA, avaliar as 
condições circulatórias que exijam 
atenção imediata (alterações extremas 
de PA, FC, sinais de arritmia, de 
insuficiência cardíaca, estado de 
choque e até mesmo parada cardíaca) 
o Aqui nós iremos estabilizar nosso 
paciente através do ABC para que 
possa prosseguir com o atendimento 
o Depois da estabilização iremos 
prosseguir com o exame neurológico 
sumário, avaliando responsividade 
▪ Escala AVDI: Alerta, Responde 
a estímulo verbal, a Dor ou 
Inconsciente 
▪ Escala de coma de Glasgow 
▪ Pupilas: se estão isocóricas, 
fotorreagentes, se tem simetria, 
se estão em miose, midríase... 
▪ Fasciculações, rigidez, 
tremores ou distonia 
▪ Pele deve ser exposta 
removendo roupas e avaliando 
 
 
2 
 
a cor, temperatura e presença 
de pele seca 
o Essas avaliações são importantes para 
estabilizar o paciente, mas também 
para direcionar para qual síndrome 
clínica esse paciente se encaixaria 
melhor 
o Estabilização: medidas para correção 
de distúrbios que representam risco 
iminente com o objetivo de manter o 
paciente em condições adequadas até 
o estabelecimento do Dx definitivo e o 
TTO específico. 
⤷ Reconhecimento da toxíndrome e 
identificação do agente causal 
o Toxíndrome é o complexo de sinais e 
sintomas produzidos por doses tóxicas 
de substâncias químicas que, apesar 
de diferentes, têm efeito semelhante e 
que vão causar síndromes clínicas 
o Então o reconhecimento dessa 
síndrome vai permitir identificar o 
agente causal e consequentemente 
realizar o TTO mais adequado 
o Nem sempre todos os componentes 
dessa toxídrome podem se manifestar, 
além disso, podemos ter intoxicações 
mistas que podem gerar quadro 
clínicos que não se encaixam em 
nenhuma síndrome por sobreposição 
de sintomas 
o Síndromes colinérgica, anticolinérgica, 
simpaticomimética, extrapiramidal, 
narcótica, hipnótica-sedativa ou 
apenas sedativa 
Toxíndrome anticolinérgica 
⤷ Predominam os efeitos parassimpáticos, 
manifestados pelo QC: midríase, rubor facial, 
mucosas secas, hipertermia, taquicardia, 
retenção urinária, agitação psicomotora, 
alucinações e delírios 
⤷ Agentes: 
o Anti-histamínicos 
▪ Muitas vezes em qualquer quadro 
de tosse a mãe já utiliza e por ser 
uma medicação docinha e as 
crianças geralmente gostam, 
quando vê de bobeira tomam 
o Atropina 
o Escopolamina 
o Antidepressivos tricíclicos 
o Antiparkinsonianos 
o Planta da família solanácea (saia 
branca) 
Síndrome anticolinesterásica 
⤷ Ocorre inibição da enzima anticolinesterase, 
levando a um acúmulo da acetilcolina nos 
receptores colinérgicos muscarínicos (sistema 
autônomo periférico e central) e nicotínicos 
(músculo esquelético) 
⤷ Sintomas parassimpaticomiméticos, 
manifestados pelo quadro clínico: 
o Miose, sudorese, salivação, 
lacrimejamento, diarreia, bradicardia, 
fibrilações, broncoespasmos e 
fasciculações musculares 
⤷ Agentes: 
o Fisostigmina 
o Inseticidas organofosforados e 
carbamatos 
o Algumas espécies de cogumelos 
o Veneno de cobra 
Toxíndrome simpatomimética 
⤷ Resulta da estimulação de nervos simpáticos 
mediada pelas catecolaminas noradrenalina e 
adrenalina 
⤷ QC: 
o Midríase, rubor cutâneo, sudorese, 
hiper-reflexia, distúrbios psíquicos, 
hipertensão, taquicardia, hipertermia, 
convulsão, piloereção 
⤷ Agentes: 
o Descongestionantes nasais 
(efedrina/pseudoefedrina) 
o Cocaína 
o Anfetamínicos 
o Cafeína 
o Teofilina 
Toxídrome narcótica 
⤷ Resulta da ação dos opioides em receptores 
do SNC, dos sistemas CV, GI, GU e pele 
⤷ QC: 
o Miose, depressão respiratória, 
depressão neurológica, bradicardia, 
hipotermia, hipotensão, hiporreflexia 
⤷ Agentes: 
o Opioides (codeína, fentanil, heroína, 
morfina, oxicodona, metadona) 
o Loperamida 
o Elixir paregórico 
Toxídrome depressiva 
 
 
3 
 
⤷ Resulta da interferência na função adrenérgica 
do SNC, principalmente nos neurônios 
noradrenérgicos centrais 
⤷ QC: 
o Miose, depressão respiratória, 
depressão neurológica, bradicardia, 
hipotermia, hipotensão, hiporreflexia e 
cianose 
⤷ Agentes: 
o Benzodiazepínicos 
o Barbitúricos 
o Etanol 
Toxíndrome extrapiramidal 
⤷ Resulta do aumento da ação da acetilcolina 
nas sinapses muscarínicas e do antagonismo 
da dopamina no SNC 
⤷ QC: 
o Hipertonia, espasmos musculares, 
sinal da roda denteada, parkinsonismo, 
mímica facial pobre, choro monótono, 
opistotono 
⤷ Agentes 
o Metoclopramida 
o Domperidona 
o Butiferonas (haloperidol) 
o Fenotiazídicos 
o Lítio 
o Feniciclidina 
Diagnóstico laboratorial 
⤷ Normalmente não necessita, mas depende da 
história do paciente e os achados do exame 
físico 
⤷ Inicialmente: dosagem da glicemia, avaliação 
de eletrólitos e dos distúrbios acidobásico e a 
realização do ECG 
⤷ O exame qualitativo da urina a procura da 
substância tóxica, é inespecífico e não fornece 
informações confiáveis em relação ao tempo 
de exposiçãoa droga 
o Não temos disponível nos hospitais do 
SUS 
⤷ A dosagem sérica das drogas toxicas não 
influencia no TTO e não deve ser realizado 
rotineiramente 
⤷ O diagnóstico é clínico! Os exames são mais 
para monitorar os efeitos que a medicação 
possa fazer 
Quando o tóxico for conhecido 
⤷ Estimar a quantidade ingerida 
⤷ O tempo decorrido do contato com a 
substância 
⤷ A sintomatologia inicial 
⤷ Medidas tomadas até a chegada ao serviço de 
emergência e se foram feitas manobras de 
reanimação 
Descontaminação 
⤷ Conjunto de medidas cujo objetivo é diminuir a 
exposição do organismo ao tóxico 
o A grande maioria das intoxicações 
agudas elas são por via gástrica, mas 
a descontaminação pode ser realizada 
por: 
⤷ Pode ser realizada por via gástrica, respiratória 
ou cutânea 
⤷ Descontaminação gástrica 
o Carvão ativado 
▪ Previne recirculação êntero-
hepática e enteroentérica da 
substância tóxica 
▪ Benefício é maior quando 
iniciado dentro de 1 hora da 
ingestão 
▪ Não tem indicação em 
pacientes assintomáticos e nos 
quais o atendimento de 
emergência foi feito horas após 
a ingestão 
▪ Dose 0,5 a 1g/kg pode ser 
usado após ingestão de 
medicamentos absorvidos 
▪ CI: ingestão de corrosivos, 
hidrocarbonetos, álcool, 
obstrução ou perfuração 
intestinal 
o Lavagem gástrica 
▪ Não deve ser feita de rotina = 
sem evidências de benefícios 
▪ Deve ser considerada nos 
pacientes que procuram o 
serviço de emergência na 1° 
hora após a ingestão de ferro e 
lítio e de substâncias em 
quantidades potencialmente 
letais 
▪ Complicações: aspiração do 
conteúdo gástrico, estímulo 
vagal, hipoxia, arritmias 
cardíacas e perfuração gástrica 
▪ CI: pacientes em coma e na 
ingesta de substâncias 
corrosivas 
⤷ Descontaminação respiratória 
o Quando o tóxico é inalado ou aspirado 
 
 
4 
 
o Medidas: ventilar o ambiente 
contaminado, remover a vítima do 
local, retirar a sua roupa e fazer a 
lavagem corporal com água corrente, 
quando necessário 
⤷ Descontaminação cutânea 
o Lavagem corporal com água corrente 
abundante, com especial atenção a 
cabelos, orelhas, axilas, região 
umbilical, genital e subungueal 
⤷ Eliminação 
o Medidas que visam promover a 
excreção mais rápida de um tóxico já 
absorvido pelo organismo 
I. Diurese forçada, com hiper-hidratação 
(20-30% a mais do que a necessidade 
basal) e utilizando diurético, como a 
furosemida 
▪ Útil na intoxicação por 
metabólito com baixos volumes 
e distribuição e excreção renal 
II. Diurese alcalina, com o objetivo de 
eliminar tóxicos ácidos 
▪ Salicilato, fenobarbital, 
antidepressivo tricíclico 
▪ Bicarbonato de sódio 
▪ Sempre monitorando os 
eletrólitos! 
III. Medidas dialisadores 
▪ Diálise peritoneal 
▪ Hemodiálise 
▪ Hemofiltração 
▪ 
⤷ Antídotos 
o São indicados para reduzir ou reverter 
os efeitos tóxicos de uma substância 
por meio de vários mecanismos 
o Devem ser dados após a estabilização 
do paciente, idealmente dentro das 
primeiras horas de TTO 
o Idealmente consultar o centro de 
controle de intoxicações 
Antídoto Indicação Dose 
Octreotida Sulfonilureia 4-5 mcg/kg/dia a 
cada 6h SC (máx 
50mcg a cada 
6h) 
Naloxona Intoxicação aguda 
por opioide 
Pra RN e criança 
até 20kg: 
0,1mg/kg EV 
>20kg: mínimo 
2mg EV 
Pode ser adm IM 
N-acetilcisteina Acetaminofeno 
(paracetamol) 
VO ataque 140 
mg/kg; 
Manutenção: 
70mg/kg por 3 
dias 
EV: 150 mg/kg 
em 15 min, 
seguido de 
50mg/kg em 4h e 
100mg/kg em 
16h 
Flumazenil Benzodiazepínicos 0,01 a 
0,02mg/kg, máx 
0,2 a 0,3 mg EV, 
em 15 seg 
A seguir: 0,01 
mg/kg, máx 0,1 a 
cada 1 min, até 
melhora do 
paciente 
Gluconato de 
cálcio e cloreto 
de cálcio 10% 
BCC Gluconato: 100-
200 mg/kg EV 
Cloreto: 20-30 
mg/kg EV, 
repetir se 
necessário 
Etanol 10% Metanol, 
etilenoglicol 
Dose de ataque: 
10mg/kg EV ou 
VO, seguido de 
manutenção 1-2 
ml/kg/h EV ou 
VO 
Glucagon BB e BCC 0,15 mg/kg EV 
em bolus 
seguido por 0,1 
mg/kg/h 
titulando 
Bicarbonato de 
sódio 
Antidepressivos 
tricíclicos, cocaína, 
salicilatos 
1-2 mEq,kg EV 
em bolus, titular 
e repetir até 
melhora do QRS 
e pH 7,55 
 
⤷ A maioria das IE é acidental e de baixa 
gravidade 
⤷ Para o manejo dessas situações são 
essenciais a rápida avaliação e o suporte 
eficaz 
⤷ Em casos seletos serão necessárias medidas 
de descontaminação e antídotos

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