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SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL OU RETILÍNEA

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DIREITO DO TRABALHO II
VIVIAN CESPEDES DE PAIVA - 17103000
Subordinação estrutural ou retilínea
Os arts. 2º e 3º da CLT relacionam todos os requisitos necessários para a configuração da
relação de emprego, a saber: pessoalidade, subordinação, onerosidade, não eventualidade e trabalho
por pessoa física, ou seja, o empregado não corre o risco do empreendimento. Contudo, neste
trabalho, será analisada a subordinação e seus desdobramentos ou sua divisão em dimensões, com
enfoque na denominada subordinação estrutural ou retilínea.
Não obstante a relação de emprego resultar do preenchimento de todos os requisitos, é a
subordinação, entre todos esses elementos, o que ganha maior destaque na conformação do tipo
legal da relação empregatícia. A doutrina apontava diferentes enfoques da subordinação do
empregado em relação ao seu empregador: subordinação econômica, subordinação técnica e
dependência social. Entretanto, tais teorias foram superadas pela concepção jurídica da dependência
do empregado em relação ao empregador, que de acordo com Amauri Mascaro Nascimento,
traduz-se na “situação em que se encontra o trabalhador, decorrente da limitação contratual da
autonomia de sua vontade, para o fim de transferir ao empregador o poder de direção sobre a
atividade que desempenhará”. Ressalta-se que o critério adotado pelo legislador trabalhista
brasileiro foi o da subordinação jurídica ou hierárquica.
Com o avanço tecnológico e a complexidade da sociedade atual restou necessário uma
revisão do conceito clássico de subordinação, surgindo a teoria da subordinação estrutural, cunhado
por Maurício Goudinho Delgado, a qual analisa a subordinação objetivamente, tendo enfoque na
atividade prestada pelo obreiro, e na natureza dessa atividade, se essencial ou não ao funcionamento
da empresa empregadora. Deste modo, haveria uma relação de dependência recíproca entre
empregador e empregado, vez que sem a estrutura organizacional da empresa não há trabalho a ser
feito, por conseguinte, sem trabalho, a estrutura empresarial não funciona. Nessa senda, o trabalho
não se separa da pessoa que o presta e a subordinação não se dá entre o empregador e seu
subordinado, mas sim entre a complexidade organizacional de uma instituição e o serviço prestado
individualmente pelo colaborador.
Verifica-se, porém, grande resistência, na doutrina e na jurisprudência, à aplicação da
subordinação estrutural, embora esta apresente uma alternativa para o Direito do Trabalho, no
sentido de este não perder sua carga protetiva em face das novas formas de trabalho. Estando
revestida de ideologia protetiva ao trabalho digno e aos direitos fundamentais de todo e qualquer
trabalhador. O Direito do trabalho deve acompanhar a evolução da sociedade e as novas formas de
relação de trabalho que se impõem na modernidade. Tratando-se de uma adaptação do Direito
Laboral a uma realidade completamente diversa daquela de quando ele foi concebido e a teoria da
subordinação estrutural viria para complementar a ideia clássica de subordinação, não se
abandonando os critérios tradicionais e sim, ampliando a incidência da proteção estatal quando da
aplicação do conceito de subordinação estrutural.
Ela vem sendo defendida de forma minoritária por alguns juristas e magistrados, pois seu
conceito toma como princípio a flexibilização das formas de trabalho, além da constante evolução
tecnológica de transmissão de dados instantânea, possibilitando a existência de subordinação sem a
necessária ordem direta do empregador, o qual somente fica responsável pela organização da
produção. Está sendo utilizada de maneira abrangente, de modo que a compreensão do conceito de
subordinação começou a amparar vínculos antes impensáveis ou facilmente afastáveis nas vias
judiciais. Vejamos a Jurisprudência:
VENDEDOR DE SEGUROS E PLANOS DE PREVIDÊNCIA.
EXECUÇÃO DO LABOR EM AGÊNCIAS BANCÁRIAS. CONTRATAÇÃO
COMO AUTÔNOMO ATRAVÉS DE EMPRESA DO MESMO GRUPO
ECONÔMICO. CARACTERIZADA HIPÓTESE DE SUBORDINAÇÃO
ESTRUTURAL. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. Para
que se configure a relação de emprego, é necessário o preenchimento dos requisitos
estabelecidos no artigo 3º da CLT, quais sejam: pessoalidade, não-eventualidade,
onerosidade e subordinação jurídica. No entanto, em meio à venda de seguros de
plano de previdência, ainda através de um contrato comercial formalmente
celebrado com a segunda ré, Bradesco Vida e Previdência, empresa do mesmo
grupo econômico, o reclamante exercia atividade necessária para atingir o seu
objeto social. Configura-se, no caso, a chamada subordinação estrutural,
defendida por Maurício Godinho Delgado, ou seja, não há necessidade do
empregado receber ordens diretas do tomador para a caracterização do
vínculo, basta que o trabalhador esteja integrado ao processo produtivo e à
dinâmica estrutural da tomadora de serviços, como ficou bem evidenciado no
caso em apreço. Recurso provido. (TRT-1 - RO: 01005080520195010011 RJ,
Relator: LEONARDO DIAS BORGES, Data de Julgamento: 27/01/2021, Décima
Turma, Data de Publicação: 24/02/2021)
RECURSO DA RECLAMADA. EXECUTIVO DE VENDAS. AVON.
VÍNCULO EMPREGATÍCIO. SUBORDINAÇÃO JURÍDICA.
DIMENSAÇÃO ESTRUTURAL. CONSTATAÇÃO. RECONHECIMENTO
DO LIAME. Restando evidente que o reclamante agia como uma longa manus da
empresa, uma vez que lhe cabia treinar, coordenar, estimular e repassar as vendas
de um determinado grupo de revendedoras, laborando como instrumento da
reclamada no desenvolvimento de sua atividade-fim, auxiliando no processo de
fazer o produto chegar às mãos do cliente, conclui-se que, na relação havida entre
as partes estavam presentes os requisitos dos artigos 2º e 3º da CLT, não havendo
falar em mera relação comercial, mas em liame de emprego. Neste caso, a
subordinação deve ser verificada na dimensão estrutural, visto que decorre da
integração do empregado à organização e à dinâmica operacional do
empreendimento. Constatada a presença deste elemento, conclui-se que a relação
havida entre as partes efetivamente revestiu-se das características de um liame
empregatício, impondo-se a condenação da reclamada nas obrigações decorrentes
de tal reconhecimento. Recurso ordinário patronal desprovido. RECURSO DO
RECLAMANTE. NATUREZA DAS ATIVIDADES. EXCEÇÃO DO ART. 62, I,
DA CLT. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Diante da natureza das atividades do
reclamante e as peculiaridades que envolvem seu labor, resta evidente que estava
enquadrado na exceção do art. 62, I, da CLT, bem como que o seu labor diário,
embora externo, não excedia o horário normal, de tal forma que é indevido o
pagamento de horas extras e demais pleitos vinculados à jornada de trabalho.
Recurso desprovido. (TRT-13 - RO: 00000142820215130012
0000014-28.2021.5.13.0012, 2ª Turma, Data de Publicação: 27/09/2021)
VÍNCULO DE EMPREGO. SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL.
INTERMEDIAÇÃO POR PESSOA JURÍDICA INTERPOSTA.
"PEJOTIZAÇÃO". Evidencia-se o vínculo de emprego quando mascarado por
suposto contrato de prestação de serviços entre o empregador e pessoa jurídica
constituída exclusivamente para intermediar a relação de trabalho, configurando o
fenômeno chamado de "pejotização", principalmente quando presente a
subordinação estrutural, que se caracteriza pela inserção do trabalhador na
dinâmica da atividade econômica da empresa, ainda que não receba ordens diretas
dela ou de seus prepostos. (TRT-17 - RO: 00012288320175170141, Relator:
GERSON FERNANDO DA SYLVEIRA NOVAIS, Data de Julgamento:
19/03/2019, Data de Publicação: 02/04/2019)
Por outro lado, em meados de 2021, a 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho afastou o
reconhecimento do vínculo de emprego entre um corretor de imóveis e as empresas Brasil Brokers
Participações S.A., sediada no Rio de Janeiro (RJ), e Sardenberg Consultoria Imobiliária Ltda. de
Vitória (ES). De acordo com o colegiado da Quarta Turma, a Corte Regional ao reconhecer a
relação de emprego com base na subordinação estrutural, não levando em conta, ainda, a
pessoalidade, já que comprovado que o autor poderia ser substituídopor outro trabalhador na
prestação de serviços, violou o artigo 3° da CLT, culminando na reforma do julgado para afastar o
vínculo de emprego e, por conseguinte, julgar totalmente improcedente a ação.
Diante dessas considerações, conclui-se que há, ainda, uma grande discussão sobre qual a
natureza da subordinação, podendo-se dividir o pensamento acerca do tema em dois grandes grupos
teóricos: os que consideram a subordinação do ponto de vista subjetivo e os que a consideram sob o
prisma objetivo. A subordinação estrutural deve ser vista como uma alternativa, e não como uma
solução, visto se tratar ainda de uma recente teoria, sem amparo na legislação e com aplicação ainda
discreta na jurisprudência nacional. Releva ponderar, ainda, que o RR 181500-25.2013.5.17.0008
pode gerar novos desdobramentos acerca do tema. Pois a concepção estruturalista da subordinação,
apesar de defendida por alguns doutrinadores e já tendo sido aplicada anteriormente pelo TST,
ainda é vista como uma via alternativa e perigosamente ampliativa, desprovida de profundidade
teórica.
________________________________________________________________________________
REFERÊNCIAS:
BOMFIM, Vólia. Direito do trabalho. 14. ed. rev. atual. e aum. São Paulo: MÉTODO, 2017. 1353 p.
ROMAR, Carla Teresa Martins. Direito do trabalho. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 18. ed. rev. e atual. São Paulo: LTr, 2019.
ISBN 978-85-361-9973-3.
BRITO, Angélica Santos Evangelista. Subordinação estrutural não relação de emprego de acordo com
recente decisão do TST. [S. l.], 16 ago. 2021. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/350081/subordinacao-estrutural-nao-caracteriza-relacao-de-emprego.
Acesso em: 6 jun. 2022.
Subordinação estrutural não caracteriza relação de emprego entre corretor e imobiliária. [S. l.]:
SECOM - Secretaria de Comunicação, 24 maio 2021. Disponível em:
https://www.tst.jus.br/-/subordina%C3%A7%C3%A3o-estrutural-n%C3%A3o-caracteriza-rela%C3%A7%C
3%A3o-de-emprego-entre-corretor-e-imobili%C3%A1ria%C2%A0. Acesso em: 6 jun. 2022.
FRAGA, Cristiano. SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL: UM NOVO PARADIGMA PARA AS
RELAÇÕES DE EMPREGO. Revista Periódica, ed. 126, 2. quinz. de setembro 2011. Disponível em:
https://siabi.trt4.jus.br/biblioteca/direito/doutrina/artigos/Revista_Eletronica/2011/Revista%20Eletr%C3%B4
nica%20%20n.%20126_2011.pdf. Acesso em: 6 jun. 2022.

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