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Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução Capítulo 1 Introdução O conteúdo deste livro aborda, como tema principal, os processos de fabricação por usinagem. Antes, porém, de chegar à etapa de fabricação, o produto passa pelas fases de estudo e elaboração. Neste capítulo são apresentadas as etapas da produção de peças usinadas tendo como ponto de partida os principais tópicos referentes à METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DO PROJETO e em seguida é feita uma explanação a respeito dos processos de fabricação, com ênfase para o foco deste trabalho, que é o estudo da USINAGEM. 1.1 - Metodologia de Elaboração de Projeto No final da década de 1990, um novo termo surge para descrever uma nova era de incertezas especulativas e produtivas que atingiram o mundo: “a Globalização”. Nesse cenário especulativo, grandes indústrias e até mesmo países tornam-se vítimas de ataques à sua imagem e integridade financeira. Observando esses aspectos, as indústrias produtoras de bens de consumo passam a necessitar cada vez mais de metodologias capazes de administrar de forma efetiva a criação e fabricação de novos produtos, visando sempre atender ou superar as expectativas do consumidor. Só assim conseguirão disponibilizar seus novos produtos com rapidez, em um mercado altamente competitivo. O projeto de um componente ou sistema apresenta particularidades mas, à medida que um projeto é iniciado e desenvolvido, observa-se uma seqüência de eventos, em ordem cronológica que formam um modelo, que na maioria dos casos é comum a vários projetos (Back, 1983). A metodologia de caráter geral pode ser dividida em quatro fases principais: Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 1 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução • 1a Fase - Estudo de viabilidade: Durante esta fase são estudadas as necessidades do mercado. Procura-se determinar as características necessárias ao produto que garantam a sua aceitação pelos consumidores. Além disso, são determinadas as necessidades econômico financeiras para a sua produção e a alocação de recursos que serão utilizados no decorrer de todo o processo. Nessa fase são levantadas as primeiras soluções do problema proposto. • 2a Fase - Avaliação do produto: As concepções apresentadas na fase anterior serão avaliadas segundo critérios estabelecidos. Nessa fase surgirão novas concepções e melhorias para as já estabelecidas. Com a sua conclusão a solução principal para o problema estará definida, podendo ainda apresentar conjuntamente um pequeno número de soluções alternativas. • 3a Fase - Detalhamento do produto: O produto delimitado na segunda fase será detalhado, as soluções propostas são avaliadas e se o projeto apresentar chances reais de sucesso será encaminhado para a execução. • 4a Fase - Execução do produto: As etapas necessárias a produção do projeto especificado são realizadas. Produções de pilotos, pré-série e produção em série ocorrem de acordo com a realidade do mercado e características do produto. Na Figura 1.1 é apresentado o modelo para a primeira fase do desenvolvimento de projetos. O fluxograma pode ser dividido em três grupos principais: levantamento das necessidades, conceituação e análise de viabilidade. O termo conceituação é entendido como a determinação de soluções viáveis para as necessidades encontradas na análise do mercado (Ertas e Jones, 1994). Existem várias técnicas desenvolvidas para se atingir um número de soluções viáveis e com chances de tornarem-se produtos de sucesso. Ullman (1992) sugere duas técnicas de grande importância para conceber soluções para o problema em questão: Decomposição Funcional e Determinação de Soluções a partir das Funções. Existe uma diversidade de métodos propostos para conceber soluções como: ”brainstorming” (Ullman, 1992; Back, 1983; Ertas e Jones, 1994), método morfológico, inversão, analogia, fantasia, empatia, sinergia, técnica da caixa preta (Asimow, 1968), soluções dos usuários, Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 2 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução serviços, competidores e outras firmas (Urban, 1993), patentes, livros de referência e revistas especializadas, consultas a especialistas (Ullman, 1992), entre outros. não sim Informações gerais Informações de mercado Análise de necessidades Possíveis compradores Válidos ? não sim Informações tecnológicas não sim Explorar sistemas envolvidos Proposições técnicas Relevantes Completas ? não sim Criatividade Soluçõesalternativas Soluções propostas Plausíveis ? Experiência tecnológica Viabilidade física Fisicamente realizável ? Soluções construtivas não sim Viabilidade econômica Fatores econômicos Modelos de custo Lucro ? não sim Viabilidade financeira investimento Fontes de Existe capital ? Conjunto de soluções possíveis 2a Fase : Projeto preliminar Teste de princípios Figura 1.1 – Primeira Fase - Estudo de Viabilidade. De posse de um conjunto de soluções para as necessidades determinadas, deve-se filtrar e avaliar essas soluções por meio de um estudo de viabilidade física, econômica e financeira (Back, 1983). O objetivo do estudo de viabilidade é basicamente assegurar que o projeto, ao entrar na fase de detalhamento, será aceitável tanto do ponto de vista técnico quanto econômico. Esse estudo irá sugerir alterações para as soluções encontradas, adequando-as aos aspectos já referidos. Viabilidade Física: Uma solução será a primeira vista: fisicamente viável, funcional sob condições ou aparentemente inviável (Ullman, 1992). Sendo necessário um estudo detalhado para garantir a sua determinação. Essa avaliação é feita segundo critérios técnicos estudados pelo engenheiro em sua formação. Uma solução pode Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 3 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução ser aparentemente inviável quando ao primeiro contato do observador, baseado na sua experiência, é verificada a impossibilidade de funcionamento ou execução. Porém, isso não é suficiente para determinar a falência de uma idéia. É necessário determinar o porquê da sua inexeqüibilidade física. Acima de tudo, deve-se evitar rejeitar uma idéia pelo fato de ela implicar em inovação técnica, pois “existe uma tendência natural em preferir o tradicional à inovação” (Ullman, 1992). Uma solução pode ser funcional sob condições quando para sua realização é necessário o cumprimento de uma condição específica, por exemplo, a solução funcionará se for implementado um avanço tecnológico específico. E finalmente, a solução fisicamente viável é aquela que após estudos detalhados, sugestões de modificações e melhorias não apresenta problemas construtivos ou conceituais. Viabilidade econômica: Um objeto para ser tópico adequado de um projeto de engenharia deve passar em um teste de compensação econômica, isto é, deve ser de suficiente valor para compensar o esforço (Asimow, 1968). Valor tem uma conotação que é singularmente pessoal. A única medida objetiva encontra-se no mercado. Quando se pode aplicar este instrumento de medida, os resultados podem ser quantitativamente estimados e expressos em termos de dinheiro. Caso contrário, os valores permanecem subjetivos. Segundo Buarque (1989), o projetista deve estar preparado e capacitado a avaliar os estados econômicos do produtor, distribuidor e consumidor, pois cada um deles possui interesses específicos e a adaptação do projeto a suas necessidades irá fornecer uma solução com provável viabilidade econômica. Viabilidade financeira: Um projeto pode apresentar méritos sob todos os pontos de vista e ser de um grande valor econômico, mas sua realização necessita de recursos econômicos não disponíveis (Asimow, 1968). O projeto deve ser examinado com relação a sua viabilidade financeira, antes que sejam feitas despesas substanciais com o seu trabalho. Pode ser quealgumas das soluções propostas acarretem mais demanda financeira que outras; algumas podem exigir maiores recursos financeiros do que os disponíveis e devem ser, por conseguinte, abandonadas. Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 4 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução 1.1.1 - Projeto Preliminar Na Figura 1.2 é apresentada a morfologia do projeto preliminar. Essa fase inicia-se com um conjunto de soluções úteis que foram desenvolvidas no estudo de viabilidade. não sim Estudo da viabilidade Experiência do grupo Seleção da melhor solução Primeira solução Melhor ? não sim Recursos matemáticos não sim Formulação do modelo matemático Dados da simulação Válidos Suficientes ? não sim Análise de sensibilidade e compatibilidade das variáveis Otimização dos parâmetros Adequados ? Valores dos não sim Testar processo e prever desempenho Testes de laboratório testes Aceitáveis ? não sim Simplificação Experiência Melhor mais barato ? Projeto melhorado Recursos matemáticos Sensibilidade identificada Grau de sensibilidade das variáveis Recursos matemáticos parâmetros Dados dos 3a Fase: Projeto detalhado Figura 1.2 – Segunda Fase - Projeto Preliminar. O objetivo de um projeto preliminar é estabelecer qual das alternativas propostas apresenta a melhor concepção para o projeto. Cada uma das soluções alternativas fica sujeita à análise em ordem de grandeza, até que a evidência indique que uma delas é inferior a algumas ou superior a todas as outras. A solução escolhida é submetida a exames mais detalhados. Os estudos de síntese são iniciados para estabelecer, numa primeira aproximação, a extensão da faixa dentro da qual os principais parâmetros do projeto devem ser controlados (Back, 1983; Asimow, 1968). Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 5 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução Em seguida, empreendem-se estudos do tipo projetivo, dirigido para as questões de como a solução se comporta com o tempo. As condições sócio-econômicas, tais como o gosto do consumidor, a oferta do competidor e a disponibilidade de matérias- primas podem ser modificadas; o estudo da arte técnica pode progredir (Back, 1983). O tempo, muito provavelmente, reduzirá a qualidade do produto. O problema é saber com que rapidez a razão de obsolescência ou desgaste deve ser aceita como uma das considerações importantes de um projeto. Finalmente, os aspectos críticos do projeto devem ser verificados, a fim de se validar a concepção para o mesmo e de se fornecer as informações essenciais para suas fases posteriores. 1.1.2 - Projeto Detalhado A fase do projeto detalhado começa com a concepção desenvolvida no projeto preliminar. Seu objetivo é fornecer as descrições de engenharia de um projeto frutífero e verificado. Sua morfologia é apresentada na Figura 1.3. Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 6 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução não sim Tecnologia Especificaçãode subsistemas Subsistemas Adequados ? não sim não sim componentes Lista de Satisfatória ? não sim Descrição das partes Desenho de conjunto de montagem Completos ? Desenhos de não sim Normas e padronização desenho, normas desenhos Aceitáveis ? não sim Liberar para Administração Adequado ? Desenho para Possíveis ? Conjunto de desenhos de partes ou peças montagem Conjunto de Próximas Fases Projeto preliminar Tecnologia Especificar componentes Tecnologia Tecnologia Experiência em e padronização fabricação fabricação Figura 1.3 - Terceira Fase - Projeto Detalhado. Com a concepção para o projeto em mente e as informações preliminares em mão, consegue-se, provisoriamente, uma síntese geral. Nessa fase estabelece-se um programa do projeto a ser elaborado (Back, 1983). Com esse programa como base, o projeto detalhado ou especificações dos componentes são efetuados. Capacidades são determinadas exatamente, dimensões são calculadas, o desgaste é considerado, partes são detalhadas, etc. Assim todos os componentes são sintetizados, testados e modificados de acordo com o requerido e a máquina ou sistema torna-se inteiramente desenvolvido, completamente detalhado e claramente descrito, ou seja, chega-se a um produto fabricável. Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 7 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução 1.2 - Planejamento da Produção (Execução do Produto) Enquanto as fases anteriores situavam-se praticamente na esfera de um engenheiro projetista, grande parte da fase presente tem sua responsabilidade compartilhada com outros setores da administração. Uma nova série de experiências técnicas, concernente a projetos de ferramentas e engenharia de produção, entram em jogo; o grupo projetista original, contudo, deve continuar representando seu papel de liderança. A decisão sobre a produção envolve, freqüentemente, um compromisso econômico de grandes proporções. O grau de confiança no sucesso do produto deve ser elevado, a fim de apoiar uma decisão definida. A fase do planejamento de produção envolve muitas pessoas que modificarão, em forma e detalhe, de acordo com a indústria. Back (1983) sugere a seguinte lista típica de indústrias de produção em massa para as atividades de planejamento de produção: 1. Planejamento detalhado dos processos de fabricação de acordo com as exigências de todas as partes, submontagens e montagem final; 2. Projeto de ferramentas e gabaritos; 3. Planejamento, especificação e projeto de nova produção e mesmo de novas instalações da fábrica; 4. Planejamento do sistema de controle da qualidade; 5. Planejamento para o pessoal da produção; 6. Planejamento do controle de produção; 7. Planejamento do sistema de fluxo de informações; 8. Planejamento financeiro. Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 8 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução 1.3 - Fabricação do Produto Depois de realizadas as diversas etapas do projeto, descritas de maneira sucinta anteriormente, surge a necessidade de “FABRICAR” o produto. Mas, o que se entende por processos de fabricação? “Fabricar é conferir a uma peça a forma desejada e estabelecida no projeto”. Mas, como fabricar? A fabricação consiste em transformar a matéria prima em produto acabado. O conjunto de procedimentos empregados nessa transformação é denominado processo de fabricação. Na representação esquemática da Figura 1.4 é mostrado um exemplo de processo de fabricação. PROCESSO DE FABRICAÇÃO PRODUTO ACABADO OU SEMI-ACABADO MATÉRIA PRIMA Figura 1.4 - Representação esquemática de um processo de fabricação. Cada processo de fabricação apresenta características peculiares que o distingue dos demais. Assim, a fundição é caracterizada pela fusão de um metal que é vazado em um molde; a soldagem, pela junção de peças por meio da adição de metal fundido nas junções; a conformação, pela deformação plástica como meio de obter a geometria do produto; a metalurgia do pó, pela prensagem e aquecimento de partículas misturadas a um aglomerante; a injeção, pela fusão de plásticos ou metais Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 9 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução de baixo ponto de fusão que são conduzidos a alta pressão ao interior de um molde e assim por diante. O que caracteriza o processo de usinagem é que a transformação da matéria prima em produto se dá pela remoção de material na forma de cavacos. A usinagem dividida em duas categorias de acordo com a energia empregada para remover o material. Na usinagem tradicional (ou convencional) o material é removido por cisalhamento devido à ação da ferramenta de corte. Como exemplos de processos tradicionais de usinagem tem-se o torneamento, fresamento, furação, alargamento, rosqueamento, retificação, brochamento, etc, Os processos não tradicionais(ou não convencionais) empregam outras modalidades de energia para remover o material como ultra-som, laser, plasma, fluxo abrasivo, reações químicas ou eletroquímicas, feixe de elétrons, etc. A usinagem convencional representa uma parcela significativa entre os processos de fabricação. Pode-se tomar como exemplo a fabricação de um automóvel. Se considerarmos os seus principais componentes, poderemos fazer uma longa lista de itens que são usinados em alguma etapa da fabricação. Produzir a forma desejada, partindo de outra forma inicial como matéria prima, pode ser realizado por diversas maneiras. Na Figura 1.5 são mostrados os diversos processos de fabricação atualmente desenvolvidos. Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 10 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução Torneamento Fresamento Furação Convencional Alargamento Mandrilamento Brochamento Roscamento Serramento Outros Com Remoção de Cavaco Eletroerosão Eletroquímica Jato Abrasivo Jato de Água Usinagem Jato de Água Abrasivo Não Convencional Ultra-som Fluxo Abrasivo Laser Plasma Feixe de Elétrons Outros Retificação Brunimento Abrasivos Lapidação Processos Lixamento de Fabricação Outros Molde de Areia Cera Perdida Fundição Fundução Sob Pressão Outros Eletrodo Revestido Resistência Soldagem Arco Submerso Laser MIG/MAG Sem Remoção de TIG Cavaco Laminação Extrusão Conformação Conformação Forjamento Trefilação Outros Estereolitografia Sinterização a Laser seletivo Prototipagem Rápida Modelagem por Deposição de Fundido Laminação de Objetos Impressão Tridimensional Figura 1.5 – Principais processos de fabricação. Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 11 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução O foco principal deste livro é o estudo dos processos de fabricação por usinagem, com ênfase nos fenômenos relacionados à remoção dos materiais por cisalhamento e nos processos de usinagem propriamente ditos. 1.4 - Corte dos Metais ou Processos de Usinagem Não existe uma definição clara para a usinagem usinagem, mas a mais aceita é a que considera Usinagem como os processos de fabricação em que há retirada de material da peça na forma de cavaco. Entende-se por cavaco a porção de material que é removida da peça. Outros processos de fabricação também retiram material da peça como a estampagem, a retificação, entre outros, mas o modo com que o material é retirado da peça apresenta algumas diferenças em relação à usinagem. Como exemplo, na usinagem tem-se ferramentas com formas e quantidades definidas atuando sobre a peça, enquanto na retificação o número de ferramentas (grãos abrasivos) atuantes é muito grande. Além disso, eles estão aleatoriamente distribuídos sobre a superfície do rebolo e nesse caso, a retificação é enquadrada como um processo abrasivo, assim como o brunimento e a lapidação. Portanto, classifica-se a usinagem como: PROCESSOS DE FABRICAÇÃO EM QUE UMA PORÇÃO DE MATERIAL É REMOVIDA DA PEÇA, POR CISALHAMENTO, NA FORMA DE CAVACO. 1.4.1 - Evolução da Usinagem (www.cimm.com.br) No Período Paleolítico, as facas, pontas de lanças e machados eram fabricados com lascas de grandes pedras. No Período Neolítico, os artefatos eram obtidos com o desgaste e polimento da pedra (Princípio da Retificação). Com o passar do tempo, o homem passa a usar metais na fabricação de ferramentas e armas no fim da pré-história. Os primeiros metais a serem conhecidos Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 12 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução foram o cobre e o ouro e em escala menor, o estanho. O ferro foi o último metal que o homem passou a utilizar na fabricação de seus instrumentos. Com a pancada de uma cunha manual surgiu o cinzel, movimentando esta ferramenta para frente e para trás, aplicando-se pressão surgiu a serra. Um grande avanço nesse período foi a transformação do movimento de translação em movimento de rotação (com sentido de rotação invertido a cada ciclo). Este princípio foi aplicado em um dispositivo denominado furação de corda puxada, conforme mostrado na Figura 1.6. Figura 1.6 – Mecanismo de corda puxada. No século 19 o trabalho do ferreiro era muito lento. Surgem então as máquinas movidas a vapor (energia esta transmitida através da oficina por meio de eixos, correias e roldanas). Mais tarde o vapor seria substituído pela energia elétrica. A introdução de suporte mecânico no torno é um outro exemplo de um grande avanço no processo de fabricação. O suporte eliminou a necessidade de segurar as ferramentas com as mãos, diminuindo portanto o risco de acidentes. Porém, foram durante os períodos de guerra que ocorreram consideráveis progressos das máquinas destinadas à fabricação. O marco deste progresso foi o surgimento de partes intercambiáveis, principalmente no final do século XVIII. Com o advento do motor de combustão interna, na fabricação dos blocos de cilindros e de outros componentes, necessitou-se de uma acuracidade dimensional, Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 13 Fundamentos da Usinagem dos Materiais – Introdução Sandro Cardoso Santos e Wisley Falco Sales 14 até então sem precedentes na indústria mecânica, o que levou a enormes desafios no desenvolvimento da usinagem dos metais. Esses motores eram fabricados com materiais relativamente fáceis de serem usinados, como o ferro fundido cinzento, o latão e o bronze, com ferramentas de aço carbono endurecido (Trent e Wright, 1999). Antes disso, até meados do século XVIII, o principal material utilizado em engenharia era a madeira, cujos os problemas na usinagem são bem diferentes daqueles impostos pelos metais. Com a industrialização, os processos artesanais foram substituídos gradativamente por processos onde o homem pouco interferia, surgindo então máquinas mais complexas. A engenharia avançou significativamente nos últimos 100 anos, principalmente as tecnologias de novos materiais. Nos últimos tempos, a usinagem também evoluiu, como resultado do desenvolvimento das máquinas-ferramentas, ferramentas de corte e fluidos de corte. Hoje, entre todos os processos de fabricação, a usinagem é o mais difundido, mesmo sendo bastante imprevisível e apresentando enormes dificuldades no seu modelamento, devido à enorme quantidade de variáveis envolvidas. Atualmente novas tecnologias foram incorporadas às linhas de produção, onde máquinas operatrizes fazem parte direta ou indiretamente, de sistemas como o CAD/CAM (Computer Aided Design / Computer Aided Manufacturing), HSM (High Speed Machining), FMS (Flexible Manufacturing Systems), CBS (Computer Business Systems) e CIM (Computer Integrated Manufacturing). Todas têm em comum a automatização, visando minimizar falhas operacionais e aperfeiçoar as várias etapas do processo produtivo (De Sousa, 1998). 1.1.1 - Projeto Preliminar - Projeto Detalhado - Planejamento da Produção \(Execução do Prod� Mas, como fabricar? 1.4.1 - Evolução da Usinagem \(www.cimm.com.br�
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