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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL
PARTE GERAL
Teorias do Crime
Livro Eletrônico
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Dermeval Farias
Teorias do Crime
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
Teorias do Crime ............................................................................................................4
Introdução ......................................................................................................................4
1. Teoria Causal Clássica ou Sistema Naturalista de Ação ...............................................6
1.1. Conceito de Ação, Tipo, Tipicidade, Ilicitude e Culpabilidade na Teoria Causal 
Clássica .......................................................................................................................... 7
1.2. Resumo da Teoria Causal Clássica ou Sistema Naturalista ..................................... 12
2. Teoria Causal Neoclássica ou Sistema Neokantista ................................................. 20
2.1. Conceito de Ação, Tipicidade, Ilicitude e Culpabilidade na Teoria Causal 
Neoclássica ................................................................................................................. 20
2.2. Relação entre os Elementos do Injusto (Teoria da Ratio Cognoscendi, Teoria da 
Ratio Essendi e Teoria dos Elementos Negativos do Tipo) ............................................24
2.3. Resumo da Teoria Causal Neoclássica ou Sistema Neokantista .............................26
3. Teoria Finalista ou Sistema do Injusto Pessoal ........................................................ 30
3.1. Conceito de Ação, Tipo, Tipicidade, Ilicitude e Culpabilidade na Teoria Finalista ...... 31
3.2. Comparações e Críticas à Dogmática Finalista ......................................................35
3.3. Finalismo no Direito Penal Brasileiro .....................................................................38
3.4. Resumo da Teoria Finalista ou Sistema do Injusto Pessoal .................................... 41
4. Teoria Social da Ação ...............................................................................................47
4.1. Conceito de Ação e Características da Tipicidade, Ilicitude e Culpabilidade na 
Teoria Social da Ação .................................................................................................. 48
4.2. Resumo da Teoria Social da Ação ..........................................................................53
5. Teorias Funcionalistas Teleológica ............................................................................54
5.1. Teoria Funcionalista Teleológica .............................................................................55
5.2. Teoria Funcionalista Sistêmica ...............................................................................59
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Teorias do Crime
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
6. Teoria Significativa da Ação ......................................................................................72
6.1. Características da Teoria Significativa da Ação ......................................................73
6.2. Resumo da Teoria Significativa da Ação .................................................................78
Resumo ........................................................................................................................ 81
Referências ................................................................................................................. 82
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Teorias do Crime
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
TEORIAS DO CRIME
Introdução
Querido(a) aluno(a), é com satisfação que entregamos aos concurseiros o presente ma-
terial em PDF, com a finalidade de tornar mais claros os complexos temas do Direito Penal 
cobrados em concursos das mais diversas funções públicas, ou seja, da Magistratura, Minis-
tério Público, Defensoria, AGU, Delegado de Polícia, analista de tribunais e muitos outros.
O material que ora se apresenta objetiva apontar com profundidade e clareza temas co-
brados principalmente nas provas do Ministério Público e da Magistratura. É certo que o can-
didato que estudar por este material poderá, estudando o mais complexo, preparar-se melhor 
para as provas de outras carreiras jurídicas.
Não deve haver ilusão: o estudo para concursos está cada mais desafiador, por isso é 
preciso melhor organização e preparação do candidato, com adequada divisão do tempo de 
estudo, com o uso do material devidamente selecionado e indicado por professores que co-
nhecem a matéria e os desafios dos concursos públicos.
Depois de mais de 15 anos de experiência na atividade com candidatos a concursos pú-
blicos, na qual muitos venceram e se tornaram juízes, promotores de justiça, advogados da 
União, defensores públicos, delegados de polícia, tabeliães, procuradores de estado, verifica-
mos que a correta divisão do tempo de estudos, as aulas de excelência, a leitura adequada da 
doutrina, jurisprudência e leis secas, bem como a resolução constante de questões — tudo isso 
em ciclo de repetições do estudo — aliadas à persistência e obstinação do candidato, fizeram 
a diferença para a aprovação.
Nesse clima, o material em PDF de penal, PARTE GERAL, do Gran Cursos, da área jurídica, 
surge para suprir lacuna do mercado, para oferecer aos estudantes o que há de melhor no 
conteúdo doutrinário, jurisprudencial e de questões, com profundidade e clareza, sobre os 
temas que mais são cobrados nos concursos e que fazem a diferença entre a aprovação e a 
não aprovação dos candidatos.
Iniciaremos com o estudo das principais teorias do crime, do causalismo à teoria social 
da ação, passando, portanto, pelo causalismo clássico, causalismo neoclássico, finalismo, 
teoria social da ação, funcionalismo teleológico, funcionalismo sistêmico e teoria significati-
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Teorias do Crime
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
va da ação. Nesse cenário, trabalharemos a estrutura analítica do crime (tipicidade, ilicitude 
e culpabilidade), as categorias jurídicas em cada fase das respetivas teorias e suas posições 
topográficas, as quais são muito cobradas em concursos públicos.
Depois do primeiro capítulo sobre teorias do crime, outros serão apresentados: princípios 
penais e jurisprudência do STF e do STJ; temas de política criminal; teoria da norma; estudo 
do fato típico (conduta, sujeitos, dolo e culpa); estudo do fato típico (nexo causal; resultado); 
estudo do fato típico (iter criminis, desistência, arrependimento eficaz, arrependimento pos-
terior, crime impossível); erros acidentais e erros essenciais; concurso de pessoas; ilicitude; 
culpabilidade; teorias e aplicação da pena; concurso de crimes; punibilidade e efeitos da con-
denação.
A redação da doutrina será acompanhada de questões (de concursos e também elabora-
das pelo professor) e de jurisprudência, pertinentes ao tema desenvolvido em cada capítulo.Ao mesmo tempo, serão apresentados resumos, quadros sinópticos, quando necessários, di-
cas e destaques sobre pontos específicos de cada instituto jurídico de Direito Penal, de modo 
a facilitar a compreensão e, por consequência, o acerto em provas de concursos.
Quanto ao conteúdo do primeiro capítulo, o estudo das teorias do crime é essencial para 
o candidato a concursos públicos de alta complexidade no que diz respeito ao Direito Penal. 
Nessa parte da matéria, é preciso compreender um pouco dos aspectos históricos e filosófi-
cos do final do século XVIII e do século XIX, como as correntes que inspiraram mudanças es-
senciais no estudo e na construção do Direito Penal liberal e, ainda, na elaboração das teorias 
do crime, respectivamente.
Para efeito de provas de concursos, é essencial compreender os conceitos de ação, tipi-
cidade, ilicitude e culpabilidade em cada teoria do crime, tal qual a compreensão do dolo e da 
culpa, sua posição topográfica e sua configuração em cada etapa das teorias do delito. Não 
se pode deixar de lado também a análise das teorias que explicam a relação entre a tipicidade 
e a ilicitude: ratio cognoscendi; ratio essendi; e teoria dos elementos negativos do tipo (estu-
dadas dentro do tópico teoria causal neoclássica ou neokantista.
Por fim, o estudo das teorias da culpabilidade, nas fases psicológica, psicológica norma-
tiva, complexo-psicológica normativa e normativa pura também são fundamentais, uma vez 
que são muito cobrados nos concursos públicos, como se verá nas diversas questões que 
foram selecionadas e inseridas no presente material de estudos.
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A divisão do material que se segue obedecerá a seguinte ordem, de modo a facilitar a 
leitura e a compreensão do conteúdo: doutrina das teorias do crime; questões temáticas ao 
fim de cada abordagem; jurisprudência, quando houver, de cada tema; resumos; e quadros 
sinópticos.
Acrescenta-se, ainda, o uso de exemplos para ajudar na compreensão de temas áridos, 
o uso do termo explicação melhor, para esclarecer com palavras mais simples os complexos 
temas da dogmática da teoria do crime, bem como o uso da jurisprudência do STF e do STJ, 
quando existentes sobre o conteúdo abordado em cada tópico da divisão proposta.
Uma observação inicial ao primeiro capítulo do material (teorias do crime) se faz neces-
sária: não se trata de um tema simples. Muitos manuais não apontam a ordem cronológica 
exata do causalismo (clássico), causalismo (neoclássico), finalismo, teoria social da ação, 
funcionalismo teleológico, funcionalismo sistêmico e teoria significativa da ação.
Ademais, os institutos dogmáticos de cada teoria somente são assimilados, pelo estudan-
te de concursos, com muita leitura e releitura. Portanto, é preciso ter paciência e obstinação 
nos estudos para conseguir, no momento do concurso, marcar as assertivas mais corretas, 
eliminar os enunciados errados. Isso é possível como muito estudo e disciplina.
Como importância para o estudo, o presente capítulo parte da perspectiva de que a ade-
quada interpretação das categorias do Direito Penal depende do alicerce teórico das teorias 
da ação penal, como ponto de partida para a compreensão da estrutura analítica do delito, 
bem como para elucidar os alicerces filosóficos históricos de cada teoria, que influenciam nas 
escolhas de suas metodologias de solução de casos, com resultados diversos, dependendo 
da linha adotada (GOMES FILHO, 2019, p. 49).
1. teorIa Causal ClássICa ou sIstema naturalIsta de ação
No final do século XIX e início do século XX, as ideias da teoria causal clássica floresceram 
na Alemanha. Os maiores expoentes do sistema causal-naturalista foram Franz von Liszt e 
Ernst von Belling. É o primeiro sistema penal com a estrutura analítica do crime, ou seja, com 
a sistematização da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, que trouxe uma proposta formalista 
de interpretação dessas categorias jurídico-penais (CABRAL, 2017).
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Teorias do Crime
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1.1. ConCeIto de ação, tIpo, tIpICIdade, IlICItude e CulpabIlIdade na 
teorIa Causal ClássICa
Releva anotar, para melhor identificação do modelo de interpretação da teoria causal clás-
sica, a sua base filosófica estruturada no positivismo reinante do século XIX. Naquele período, 
a influência da Escola Positiva foi marcante na produção do conhecimento, de modo que, nas 
ciências naturais, os fenômenos científicos eram explicados por meio de regras de observa-
ção empírica da realidade. Esse método, físico e mecânico, foi utilizado na sistematização 
do Direito Penal do período causal, como também nas demais ciências humanas do período 
histórico (TOLEDO, 1994). 
O Direito do período teve dificuldade para se afirmar como ciência. Isso porque a priorida-
de voltava-se para o estudo das ciências naturais que contribuíam para o desenvolvimento 
da produção industrial. Ademais, o Direito deveria ser alicerçado no modelo de Direito natural 
racionalista, no método analítico de decomposição do todo em partes (GOMES FILHO, 2019).
Para o positivismo naturalista, a ciência somente poderia ser construída com o conheci-
mento oriundo do método empírico, indutivo, experimental e causal-explicativo. Por isso, “o 
direito precisava livrar-se das referências metafísicas e de adotar conceitos e padrões pró-
prios das ciências da natureza” (BUSATO, 2010, p.217).
O método positivista das ciências naturais, de decomposição dos elementos para o co-
nhecimento do todo, influenciou o desenvolvimento da estrutura classificatória e analítica 
do crime em tipicidade, ilicitude e culpabilidade no final do século XIX e início do século XX. 
Desse modo, o conceito de crime foi dividido em partes com o objetivo de conhecimento do 
todo, enquanto a análise dos elementos oriundos do todo – e agora conjugados – permitiu a 
conclusão de que existe um fato criminoso que deverá ser imputado e gerar consequências 
penais (TOLEDO, 1994).
Nesse período, as categorias jurídicas que explicam o fato criminoso foram construídas 
e interpretadas mediante a observação da realidade naturalística, sem relação com o conhe-
cimento dos valores. Conforme leciona Luís Greco (2000, p.122): “o sistema naturalista, tam-
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bém chamado sistema clássico do delito, foi construído sob a influência do positivismo, para 
o qual a ciência é somente aquilo que se pode apreender através dos sentidos”.
Os institutos da estrutura analítica do crime foram interpretados de maneira formal, sem 
a possibilidade de o intérprete fazer juízo de valor. O crime foi dividido em duas partes: parte 
objetiva, formada por tipicidade e ilicitude, denominada injusto; e parte subjetiva, formada 
pela culpabilidade, dentro da qual estavam o dolo e a culpa,funcionando a imputabilidade 
como mero pressuposto.
O conceito de ação consistia no movimento corporal voluntário causador de mudança no 
mundo físico — no mundo exterior (LISZT, 2006). Portanto, o crime deveria produzir um resul-
tado com alteração do mundo exterior, pois “o conceito causal de ação não pode reconhecer 
crime sem resultado” (TAVARES, 2003, p.132). Essa conclusão explicava o crime material, 
mas trazia dificuldade de análise para o crime formal e, ainda, para o crime de mera conduta.
O tipo, cujo estudo foi desenvolvido com maior precisão na obra de Ernst von Belling, foi 
compreendido de forma autônoma dentro da teoria do delito, composto de elementos com 
função unicamente descritiva, sem prejuízo de seu exame como tipo causal clássico formado 
de elementos objetivos e descritivos (BELING, 1944).
O tipo causal clássico era objetivo, neutro, avalorado, acrítico, mera descrição do aspec-
to externo da conduta. Ernst von Belling demonstrava preocupação com as funções do tipo 
penal, ou seja, função garantia e função limitadora, ao afirmar que não bastava uma ação 
antijurídica para se chegar à etapa da sanção penal, mas era preciso, para tanto, uma ação 
tipicamente antijurídica e culpável (BELING, 1944).
A tipicidade, por sua vez, consistia na adequação do fato à letra da lei, em um juízo de ade-
quação do fato concreto ao tipo legal. Por isso, a tipicidade causal clássica era formal, uma 
vez que significava a subsunção do fato à forma da lei, sem conteúdo valorativo. “Por essa 
razão, não era possível, nessa época, aceitar o método axiológico, no exame da tipicidade, 
com análise do grau de ofensa ao bem jurídico tutelado” (GOMES FILHO, 2019, p.55).
Exemplo: desse modo, não era possível nessa época desenvolver o princípio da insignificân-
cia, uma vez que a tipicidade causal clássica era formal, não possibilitando a análise de grau 
de ofensa ao bem jurídico, somente possível em modelos de tipicidade material.
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O conceito de ilicitude (antijuridicidade) não se desenvolveu de forma concomitante com o 
de tipicidade. Até o final do século XVIII, a ilicitude se confundia com a culpabilidade e, apenas, 
eram feitas ressalvas sobre as excludentes de ilicitude (causas de justificação). Foi Ihering 
quem desenvolveu a ideia de antijuridicidade objetiva para o Direito Civil em 1867 (TAVARES, 
2003).
Após isso, contribuíram, para o desenvolvimento do conceito da antijuridicidade formal e 
criação de seus contornos, os estudos de Franz von Liszt, a ideia de Binding de que o delito era 
um ato contrário à norma, mas não à lei, bem como a contribuição de Merkel com sua teoria 
dos elementos negativos do tipo (TAVARES, 2003).
A ilicitude causal clássica era formal, portanto consistia na relação de contradição entre 
o fato típico e uma norma do ordenamento jurídico. Dito com outras palavras: “a antijuridici-
dade é definida formalmente, como contrariedade da ação típica a uma norma do direito, que 
se fundamenta simplesmente na ausência de causas de justificação” (GRECO, 2000, p.122). 
Ressalta-se que “mais tarde, Von Liszt enuncia o conceito de antijuridicidade material: antiju-
rídico é o fato que ofende ou põe em perigo um bem jurídico” (TAVARES, 2003, p.147).
Por sua vez, o injusto – que constitui a valoração da tipicidade e da ilicitude, a junção va-
lorativa dos dois primeiros elementos da estrutura analítica do delito – era objetivo-formal. 
Isso porque era composto de elementos objetivos, descritivos e formais, constantes somente 
na lei, analisados de forma ontológica e não axiológica. Não se analisava no injusto os ele-
mentos subjetivos (dolo e culpa). A lesão ao bem jurídico seria antijurídica independente do 
ânimo do agente. O injusto era a parte externa da estrutura do crime (parte objetiva), enquan-
to a culpabilidade era a parte interna (parte subjetiva).
A culpabilidade na teoria causal clássica se ancorava numa teoria psicológica pura, for-
mada unicamente pelo dolo no crime doloso e pela culpa no crime culposo. Por isso, fora 
compreendida como a parte subjetiva do crime, registrada como culpabilidade psicológica, 
pois significava o vínculo psíquico que ligava o agente ao fato por ele praticado.
A presença da consciência da ilicitude no dolo foi combatida por Franz von Liszt (2006), 
por entender que tal classificação paralisaria a administração da justiça, pois haveria ne-
cessidade de provar que o agente em cada caso concreto conhecia o preceito violado. Por 
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sua vez, Ernst von Belling (1944) afirmava que, para a existência do dolo, o autor deveria ter 
conhecido as circunstâncias do fato que pertence ao tipo, bem como a consciência da antiju-
ridicidade, destacando que se tratava de uma concepção dominante na ciência de seu tempo.
Prevalece o entendimento de que o dolo causal clássico era normativo, formado por co-
nhecimento das circunstâncias do fato, vontade de realizar o resultado representado e cons-
ciência da ilicitude. O dolo do sistema clássico também era psicológico, com espaços de va-
loração, incorporados em estados mentais do agente, e exigia a consciência da ilicitude, que 
constitui um elemento axiológico, que se conectava à concepção de dolus malus do direito 
romano (CABRAL, 2017).
Além das críticas dogmáticas relacionadas à estrutura analítica do crime, o modelo for-
mal, fechado e avalorado, impedia a construção de soluções supralegais e dava uma aparente 
sensação de segurança jurídica, que era desmascarada na concretização do Direito Penal 
diante das peculiaridades dos casos concretos.
É certo, ainda, que o conceito de ação humana na teoria causal clássica, marcado pela 
influência do momento histórico, com o pensamento de causa e efeito da física newtoniana, 
vinculava-se à realização de um resultado naturalístico e, por isso, não possibilitava uma 
adequada explicação quanto aos crimes que se consumam sem a necessidade de modifica-
ção do mundo externo.
Com isso, o modelo causal desconhecia ações humanas que não fossem meros proces-
sos causais, pois não se examinava a finalidade (conteúdo da vontade) no conceito de ação. 
A finalidade não era ignorada pelo modelo causal, porém só aparecia como objeto de valor no 
âmbito da culpabilidade (MUÑOZ VONDE, 1988), uma vez que o dolo estava na culpabilidade. 
O “dolo e a culpa eram considerados as duas espécies possíveis de culpabilidade” (PUPPE, 
2004, p.03).
Do mesmo modo, o conceito mecânico de omissão como retração dos músculos não con-
seguia solucionar, com argumentação jurídica convincente, os  crimes omissivos, uma vez 
que tais crimes só podem ser explicados na perspectiva de uma omissão jurídica, com um 
nexo normativo e de evitação, e não de forma mecânica.
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Teorias doCrime
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
Pode-se dizer, dessa forma, que o intérprete estava moldado em um modelo formalista 
que dificultava a valoração das categorias jurídico-penais. Acreditava-se que todos os pro-
blemas poderiam ser solucionados na ótica do ser. Não se deu crédito ao dever ser. Soma-se 
a isso o caráter classificatório e formalista do sistema causal clássico, que foi etiquetado 
como uma falácia naturalista.
Dessa forma, o critério ontológico de interpretação das categorias penais, alinhado à tipi-
cidade formal e neutra, na solução de casos práticos, faziam com que, a título de ilustração, 
o furto de uma dúzia de ovos caipira ou o furto de um quilo de ouro fossem interpretados com 
tipicidade, sem necessitar de exame do grau de ofensa maior ou menor ao bem jurídico tu-
telado. Portanto, o princípio da insignificância, que exige uma análise material da tipicidade, 
não poderia ser desenvolvido nesse sistema penal.
Ressalte-se que o terceiro Código Penal brasileiro, ou seja, o de 1940, seguiu uma linha 
positivista, influenciado tanto por ideias do causalismo clássico quanto pelo conteúdo do 
Código italiano de 1930 (Código Rocco) e pelo Código suíço de 1937 (PIERANGELI, 2004) com 
os seguintes aspectos: sistema do duplo binário, com a possibilidade de aplicar pena e medi-
da de segurança ao imputável; responsabilidade penal objetiva em diversas passagens; bem 
como se alicerçou nas formulações iniciais de Liszt e Beling, malgrado tal período do Direito 
Penal brasileiro, com raríssimas exceções, tenha sido marcado por uma pobreza doutrinária 
(TAVARES, 1980).
Para Magalhães Noronha (2000), embora tivesse sido produzido dentro de um cenário 
político totalitário, o Código de 1940 teve uma orientação liberal, merecendo elogios e críticas, 
uma vez que, no segundo caso, não fugiu totalmente da responsabilidade penal objetiva. Sob 
o aspecto filosófico, o referido autor dizia que o Código era eclético, que acendia uma vela a 
Carrara e outra a Ferri.
Antes desse período, o  Direito Penal brasileiro do século XIX foi marcado pelo Código 
Criminal de 1830 e pelo Código Penal de 1890. O primeiro repetiu a previsão do princípio da 
legalidade e seu corolário reserva legal, previstos na Constituição de 1824. O Código de 1830 
apresentava uma mistura contraditória entre ideias liberais e retrógadas, revogou o livro V 
das Ordenações Filipinas e trouxe novidades na pena de multa, ou seja, a dosimetria em dias-
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Teorias do Crime
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
-multa, mas não conseguiu se desvencilhar de uma ideologia ruralista e escravagista, uma 
vez que manteve a pena de morte sob o argumento de que seria a única medida para conter 
os escravos. Por sua vez, o Código Penal de 1890 constituiu um documento apressado, sem 
correspondência com as ideias penais no cenário mundial, e foi alvo de constantes alterações 
legislativas, até ser substituído pelo Código Penal de 1940.
1.2. resumo da teorIa Causal ClássICa ou sIstema naturalIsta
A teoria causal clássica foi marcada por uma orientação positivista. Destaca-se: o con-
ceito de ação causal consiste no movimento corporal voluntário que provoca mudança no 
mundo exterior. O referido conceito não conseguia explicar adequadamente os crimes sem 
resultado naturalístico ou que consumam antes de eventual resultado naturalístico (crime de 
mera conduta e crime formal).
O injusto (tipicidade + ilicitude) no causalismo clássico era formal e objetivo, com isso 
impedia uma interpretação penal material das categorias penais da tipicidade e da ilicitude.
Exemplo: não era possível, nessa época, criar o princípio da insignificância, o qual depende 
de tipicidade material.
A culpabilidade era psicológica, formada pelos elementos subjetivos dolo e culpa, e cons-
tituía o vínculo psíquico que ligava o agente ao fato por ele cometido. A imputabilidade era 
mero pressuposto dessa culpabilidade.
O modelo causal clássico foi etiquetado como uma falácia naturalista porque acreditava 
em soluções prontas e fechadas para os problemas penais, ou seja, com respostas em padrão 
classificatório e formalista. Enfatiza-se que constituiu a primeira teoria com uma sistematiza-
ção tripartite do crime, com rigor científico em seus conceitos (GOMES FILHO, 2019).
Por fim, verifica-se que o modelo de interpretação do Direito Penal, oriundo da teoria cau-
sal clássica, em razão da influência do método positivista, que consistiu na sua plataforma de 
desenvolvimento, estava alicerçado em estruturas prontas e fechadas, sem alicerce jurídico 
para a construção de decisões penais valorativas e supralegais. Esse modelo foi combatido 
pelas ideias neokantistas que surgiram na sequência (GOMES FILHO, 2019).
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Teorias do Crime
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DIRETO DO CONCURSO
Questão 1 (MP-SP/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) Após a leitura dos enunciados abaixo, 
assinale a alternativa correta:
I – A teoria finalista, no conceito analítico de crime, o define como um fato típico e antijurí-
dico, sendo a culpabilidade pressuposto da pena.
II – A teoria clássica, no conceito analítico de crime, o define como um fato típico, antijurí-
dico e culpável.
III – A teoria clássica entende que a culpabilidade consiste em um vínculo subjetivo que liga 
a ação ao resultado, ou seja, no dolo ou na culpa em sentido estrito.
IV – A teoria finalista entende que, por ser o delito uma conduta humana e voluntária que 
tem sempre uma finalidade, o dolo e a culpa são abrangidos pela conduta.
V – A teoria finalista entende que pode existir crime sem que haja culpabilidade, isto é, 
censurabilidade ou reprovabilidade da conduta, inexistindo, portanto, a condição indis-
pensável à imposição e pena.
a) Somente o II e o III são verdadeiros.
b) Somente o I e o IV são verdadeiros.
c) Somente o I, IV e V são verdadeiros.
d) Somente o I e II são verdadeiros.
e) Todos são verdadeiros.
COMENTÁRIO
Letra e.
Os itens II e III, sobre a teoria causal clássica não merecem reparos, pois estão corretos, con-
forme explicamos no tópico sobre a teoria causal clássica. Os itens I e V não deveriam ser 
objeto de cobrança em uma prova objetiva, uma vez que o tema divide a doutrina brasileira 
(conceito bipartido x conceito tripartido), conforme veremos no tópico sobre o finalismo. E, 
além disso, a corrente dominante é a de que o crime é um fato típico, ilícito e culpável. O item 
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IV aborda tema que será visto no tópico mais adiante sobre o finalismo. De antemão, não 
merece reparo.
Questão 2 (MP-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Quanto às teorias a respeito do con-
ceito de culpabilidade é correto afirmar:
a) A teoria psicológica da culpabilidade nasceu na segunda metade do século XIX, início do 
XX, estando vinculada a ideia de livre-arbítrio, qualidade esta distintivado ser humano na 
concepção do domínio da vontade, ou seja, a possibilidade de agir conforme os ditames da 
própria consciência e tendo como pressupostos da culpabilidade a potencial consciência de 
ilicitude e a imputabilidade;
b) Para a teoria psicológica - conceito influenciado pelo pensamento positivista -, a culpa-
bilidade não possuía qualquer elemento normativo, sendo uma relação psicológica entre o 
agente e o fato, sendo a imputabilidade considerada como pressuposto;
c) Para a teoria psicológico-normativa, apesar de ainda estarem integrados ao conceito de 
culpabilidade elementos puramente psicológicos (dolo e a culpa), diferentemente da teoria 
psicológica, a culpabilidade passou a ser também constituída por elementos normativos, ou 
seja a imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilicitude;
d) A teoria psicológico-normativa surgiu em contraponto ao conceito de culpabilidade da te-
oria psicológica, deslocando o dolo e a culpa para o tipo penal, mantendo apenas no conceito 
de culpabilidade os elementos normativos da imputabilidade e da exigibilidade de conduta 
diversa, e o elemento psicológico da potencial consciência da ilicitude;
e) A teoria normativa pura manteve no conceito de culpabilidade os elementos normativos 
da imputabilidade e da a exigibilidade de conduta diversa, sendo que o elemento psicológico 
da potencial consciência da ilicitude foi incluído na análise do dolo, que foi deslocado para o 
conceito de tipicidade penal.
COMENTÁRIO
Letra b.
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Conforme explicado no tópico sobre a teoria causal clássica, a sua culpabilidade se ancora 
em teoria psicológica pura ou psicológica, de modo que a culpabilidade consiste no vinculo 
psicológico que liga o agente ao fato, composta por dolo (crime doloso) e culpa (crime culpo-
so). A imputabilidade é mero pressuposto. Nessa fase ainda não havia surgido a exigibilidade 
de conduta diversa.
Questão 3 (TJ-PR/ASSESSOR JURÍDICO/2013) Acerca das teorias da ação, assinale a al-
ternativa correta.
a) Para a teoria finalista da ação, crime é um fato típico, antijurídico e culpável, consistindo a 
culpabilidade no elo subjetivo que liga a ação ao resultado.
b) Para a teoria finalista da ação, a conduta é um comportamento humano dirigido a um fim 
predeterminado pelas causas anteriores.
c) Para a teoria causalista ou naturalista da ação, a conduta é um comportamento humano 
voluntário no mundo exterior, consistindo em fazer ou não fazer.
d) Para a teoria finalista da ação, a conduta é um comportamento humano simplesmente causal.
COMENTÁRIO
Letra c.
Conforme explicado, o conceito de ação da teoria causal clássica é o seguinte: conduta hu-
mana voluntária que modifica o mundo exterior. A referida teoria explica, inclusive, a omissão 
de forma naturalista. Beling dizia que a omissão correspondia à retração dos músculos. Hoje, 
no finalismo ou em teorias normativas, a omissão é explicada de forma normativa e não de 
forma naturalista.
Questão 4 (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO RN/2009) Acerca das teorias que regem 
o direito penal e os seus institutos, assinale a opção correta.
a) A teoria final da ação foi elaborada por Von Liszt no final do século XIX, tendo sido de-
senvolvida também por Beling e Radbruch, resultando na estrutura mundialmente conhecida 
como sistema Liszt-Beling- Radbruch.
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b) A teoria causal da ação teve por mérito superar a taxativa separação dos aspectos obje-
tivos e subjetivos da ação e do próprio injusto, transformando, assim, o injusto naturalístico 
em injusto pessoal.
c) Para a teoria constitucional do direito penal, a verificação da ocorrência do fato típico do-
loso não se resume ao aspecto formal-objetivo, dependendo, ainda, da ocorrência de outros 
elementos de índole material-normativa e subjetiva.
d) Para a teoria social da ação, um fato considerado normal, correto, justo e adequado pela co-
letividade, ainda que formalmente enquadrável em um tipo incriminador, pode ser considerado 
típico pelo ordenamento jurídico, devendo, no entanto, ser excluída a culpabilidade do agente.
e) A teoria funcional da conduta está estruturada em duas vertentes: para a primeira, que tem 
Claus Roxin como principal defensor, a função da norma é a reafirmação da autoridade do direi-
to; a segunda, cujo principal representante é Günther Jakobs, sustenta que um moderno direito 
penal deve estar estruturado teleologicamente, isto é, atendendo a finalidades valorativas.
COMENTÁRIO
Letra c.
Sobre a teoria constitucionalista do delito, essa classificação não possui uma estrutura ana-
lítica do delito que compete com o causalismo ou com o finalismo, mas trata-se de um termo 
utilizado, por pequena parcela da doutrina nacional, para se referir ao Direito Penal consti-
tucional, ancorado em princípios penais, em categorias materiais e valorativas, na proteção 
de bens jurídicos principais, com a ideia de intervenção mínima. O termo ainda é usado para 
tratar, no exame da tipicidade penal, das teorias da imputação objetiva e da tipicidade con-
globante. Ressalta-se que, ao tratar da teoria constitucional do delito, o candidato a concur-
sos deve sempre pensar em um sistema penal valorativo, de institutos materiais (tipicidade, 
ilicitude), de intervenção mínima, de tutela de bens jurídicos penais dentro de um modelo de 
ultima ratio. A letra A está errada porque Lizst, Beling e Radbruch são expoentes do causalis-
mo clássico e não do finalismo. A letra B está errada porque as características apresentadas 
do item dizem respeito ao finalismo, não se trata de causalismo. A teoria social da ação não 
corresponde ao item D. A letra E está errada porque trocou os nomes de lugar, Jakobs é autor 
do funcionalismo sistêmico, que defende a reafirmação de validade da norma com a aplica-
ção da sanção penal, enquanto Roxin é o autor do funcionalismo teleológico.
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Questão 5 (CESPE/TRF-5ª/JUIZ FEDERAL/2006) A tipicidade formal, que faz parte do con-
ceito de tipicidade, consiste em averiguar se uma conduta formalmente típica causou ofensa 
intolerável ao objeto jurídico penalmente protegido.
COMENTÁRIO
Errado.
O item está incorreto, uma vez que o conceito dado na questão corresponde ao conteúdo da tipi-
cidade material. Isso porque somente na tipicidade material é possível analisar o grau de ofensa 
ao bem jurídico e, inclusive, analisar a possibilidade de incidência, conforme os requisitos jurispru-
denciais do princípio da insignificância. Já a tipicidade formal constitui a mera adequação do fato 
à letra da lei. Não permite fazer juízo de valor do grau de ofensa ao bem jurídico.
Questão 6 (CESPE/TRF-5ª/JUIZ FEDERAL/2006) A teoria psicológica daculpabilidade reti-
ra o dolo da culpabilidade e o coloca no tipo penal.
COMENTÁRIO
Errado.
O item está incorreto porque a teoria que retira o dolo e a culpa da culpabilidade e os trans-
porta para o tipo é a teoria normativa pura do finalismo, que será vista mais adiante. A teoria 
psicológica é a do causalismo clássico, que conceituava a culpabilidade como o vínculo psi-
cológico que ligava o agente ao fato por ele praticado, e era formada por dolo e culpa.
Questão 7 (CESPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL) De acordo a doutrina naturalista da 
ação, o dolo tem caráter normativo, sendo necessário que o agente, além de ter consciência e 
vontade, saiba que a conduta praticada é ilícita.
COMENTÁRIO
Certo.
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O item está correto porque, tanto no causalismo clássico quanto no causalismo neoclássico, o dolo 
é normativo, formado por vontade, representação do resultado (ou consciência do resultado) e 
consciência da ilicitude. E o causalismo clássico também é chamado de sistema naturalista.
Questão 8 (CESPE/DELEGADO FEDERAL/2013) Segundo a teoria causal, o dolo causalista 
é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os ele-
mentos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa 
(real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato)
COMENTÁRIO
Certo.
O item está correto porque, conforme ressaltado na questão anterior, tanto no causalismo 
clássico quanto no causalismo neoclássico, o dolo é normativo, formado por vontade, repre-
sentação do resultado (ou consciência do resultado) e consciência da ilicitude. E o causa-
lismo clássico também é chamado de sistema naturalista. O elemento volitivo é a vontade. 
O elemento cognitivo é a representação do resultado. E o elemento normativo é a consciência 
da ilicitude, que somente passou a ser compreendida como potencial a partir da teoria da 
cegueira jurídica do Mezger (tema estudado no material sobre erros essenciais, quando se 
estuda as teorias do dolo, dentre elas a teoria limitada do dolo).
Questão 9 (TRF-1ª/JUIZ FEDERAL/2006) A respeito das teorias do delito, pode-se afirmar:
a) o dolo e a culpa, sem dúvida alguma, fazem parte do tipo, segundo a teoria causalista;
b) de acordo com a teoria constitucionalista do delito, só há crime quando a ofensa for grave, 
intolerável;
c) para muitos estudiosos, o erro da teoria finalista criada por Hans Welzel, foi não ter deslo-
cado o dolo e a culpa para o injusto, mantendo-os na culpabilidade;
d) segundo a doutrina de Claus Roxin, o agente do delito deve ser considerado como inimigo 
e assim tratado, existindo, deste modo, o direito penal do cidadão, com garantias, e o direito 
penal do inimigo, sem garantias.
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COMENTÁRIO
Letra b.
Sobre a teoria constitucionalista do delito, conforme já salientado, a referida teoria analisa os 
institutos penais de forma valorativa, de modo que a tipicidade é material, de forma a não se 
contentar com a mera adequação formal do fato à letra da lei. É necessário analisar o grau 
de ofensa da conduta ao bem jurídico. A letra A está incorreta porque, no causalismo, dolo e 
culpa fazem parte da culpabilidade, não integram o fato típico. A letra C está errada porque 
não foi erro, mas sim acerto de a teoria finalista deslocar o dolo e a culpa da culpabilidade 
para o injusto, mais precisamente para a conduta que integra o fato típico. A letra D está er-
rada porque o direito penal do inimigo constitui uma teoria desenvolvida pelo Jakobs, não foi 
desenvolvida pelo Roxin.
Questão 10 (MP-GO/2005) Penalmente, durante o séc. 20 foram elaborados vários concei-
tos de crime: causalista, neokantista, finalista, funcionalista. No Brasil, até a década de 1970 
predominou a teoria causalista; depois, a teoria finalista que ainda é predominante, embora 
cambaleante. Neste início do séc. 21, no Brasil, está sendo elaborado um novo conceito de 
crime com a teoria constitucionalista do delito. Segundo essa teoria, a imputação objetiva da 
conduta e do resultado são elementos da:
a) tipicidade.
b) antijuridicidade.
c) culpabilidade.
d) punibilidade.
COMENTÁRIO
Letra a.
Para os defensores da ideia de uma teoria constitucionalista do delito, a tipicidade compre-
ende: adequação do fato à letra da lei, que gera lesão intolerável ao bem jurídico; a análise de 
condutas não fomentadas e não autorizadas por outros ramos do ordenamento jurídico (ti-
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picidade conglobante) e análise do risco proibido que se materializa em um resultado lesivo, 
abrangido pela finalidade protetiva da norma (imputação objetiva).
2. teorIa Causal neoClássICa ou sIstema neokantIsta
O sistema penal neokantista, denominado ainda de teoria teleológica do delito, surgiu no 
início do século XX, dominou a discussão penal por três décadas (SCHÜNEMANN, 2010) e 
teve um objetivo claro, qual seja o de transformar as categorias jurídico-penais com a inser-
ção de critérios axiológicos.
2.1. ConCeIto de ação, tIpICIdade, IlICItude e CulpabIlIdade na teorIa 
Causal neoClássICa
A filosofia dos valores de origem neokantiana foi a base metodológica para a interpreta-
ção do sistema causal neoclássico, que pretendeu retirar o direito do mundo naturalista do 
ser e “o situar numa zona intermediária entre aquele mundo e o do puro dever-ser” (DIAS, 
2007, p.242).
No alicerce do modelo neokantista, duas escolas se destacaram: Escola de Marbugo, pro-
fundamente racionalista, orientada no sentido de uma filosofia do conhecimento, influenciada 
pelo pensamento naturalista do século XIX; e a Escola sudocidental de Baden, orientada no 
sentido de uma filosofia da cultura, em que os valores deveriam reger o pensamento e lhe 
permitir alcançar a objetividade (RADBRUCH, 1997).
Na plataforma neokantista, as  ciências culturais estavam orientadas a valores. Desse 
modo, o Direito deveria ser interpretado de forma axiológica. Nessa fase da teoria do delito, 
são lançadas as bases para a construção teleológica de conceitos; surge a classificação ma-
terial (valorativa) dos elementos integrantes da estrutura analítica do delito em substituição 
ao modelo formal e neutro da teoria clássica; e a interpretação dessas categorias passa a ser 
conduzida pela inserção de carga valorativa na análise dos institutos (GOMES FILHO, 2019).
Houve mudança pequena no conceito de ação. Foram propostos “inúmeros arranjos, defi-
nindo-se a ação simplesmente como conduta volitiva, realização de vontade, conduta volun-
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tária ou conduta humana” (TAVARES, 1980, p.42), permanecendo a necessidade de modifica-
ção do mundo exterior (DIAS, 2007).
A introdução de conduta humana no conceito de ação, defendida por Edmund Mezger, foi a 
que obteve maior aceitação (GALVÃO; GRECO, 1999). Todavia, o conceito de ação do neokan-
tismo, assim como o do naturalismo, reduz-se a um processo causal, não possui finalidade. 
A análise da finalidade fica deslocada para a culpabilidade (MUÑOZ CONDE, 1988).
A tipicidade formal do período causalista clássico passou a ser material no neokantismo. 
Com isso, a tipicidade podia ser compreendida como a adequação do fato à letra lei que pro-
vocava lesão intolerável ao bem jurídico tutelado (GOMES FILHO, 2019). Dito de outro modo, 
a tipicidade passou a ser considerada:
Não apenas como uma descrição formal-externa de comportamentos, mas materialmente como 
uma unidade de sentido socialmente danoso, como comportamento lesivo de bens judicialmente 
protegidos. (DIAS, 2007, p.242-243).
Dessa forma, os elementos formais descritivos foram transformados em elementos natu-
rais normativos, passíveis de “juízo de valor, tendo em vista o objetivo visado pelo legislador, 
que tanto podia ser a proteção de bens jurídicos, quanto de qualquer outra situação estatal de 
conveniência” (TAVARES, 2003, p.135).
Portanto, a título de esclarecimento, o princípio da insignificância não foi criado em tal 
época, mas havia espaço para a sua construção, já que o método do sistema era valorativo e 
a tipicidade era compreendida como categoria material, de modo que o julgador possuía liber-
dade para construir uma solução diversa da mera subsunção formal do fato à norma (GOMES 
FILHO, 2019).
No causalismo clássico, a ilicitude constituía a mera relação de contradição entre o fato 
e a lei, enquanto no causalismo neoclássico a ilicitude passou a ser material e consistia na 
relação de antagonismo entre o fato e a lei geradora de danosidade social, possibilitando o 
surgimento de excludentes supralegais, ou seja, não previstas na lei (BITENCOURT, 2000).
Quanto à culpabilidade, dentro da visão neokantista, Reinhard Frank rechaçava a concep-
ção psicológica de culpabilidade que se reduzia a uma relação psíquica entre o autor e o fato 
(AMORIM, 2014). O referido autor, com a introdução na culpabilidade da reprovabilidade do 
ato praticado, criou a teoria normativa da culpabilidade em 1907 (GOLDSCHMIDT, 2002).
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Para que uma pessoa tivesse a reprovação de seu comportamento, segundo Frank, have-
ria a necessidade de: uma aptidão normal do autor, conhecida por imputabilidade; uma certa 
e concreta relação psíquica do autor com o fato (dolo, culpa) e uma normalidade das circuns-
tâncias em que o autor atua. Desse modo, o autor não poderia ser reprovado quando realizas-
se ações sob circunstâncias que revelasse um quadro de anormalidade (FRANK, 2011).
A teoria normativa nasceu na Alemanha diante da necessidade prática de resolver com 
justiça determinadas situações concretas, quando a não exigibilidade significava autorizar o 
agente a agir contra a determinação da norma objetiva do Direito, uma vez que no âmbito da 
referida norma não se encontrava a solução justa (C. NUÑEZ, 2002).
Dessa forma, a culpabilidade passou a ser um juízo de reprovação, de censura, que incide 
sobre o agente por ter atuado de forma contrária ao Direito. Contudo, não era uma valoração 
pura, pois não se abandonou os dados psicológicos, já que o juízo de valor incidiria sobre uma 
“situação fática de ordinário psicológica” (TOLEDO, 1994, p.223).
Da ideia valorativa de reprovação, surgiu um novo requisito para a culpabilidade, denomi-
nado exigibilidade de conduta diversa. Portanto, a reprovação, na culpabilidade, só poderia 
existir se fosse possível ao agente atuar de forma diversa; caso contrário, estaria afastado o 
juízo de culpabilidade.
No modelo neokantista, a culpabilidade foi alterada na composição de seus elementos. 
Nessa fase, a imputabilidade deixou de ser pressuposto e foi transformada em um elemento. 
O dolo e a culpa deixaram de ser espécies de culpabilidade e se transformaram em elementos 
da culpabilidade. Por fim, o terceiro e novo elemento, como já dito, passou a ser a exigibilida-
de de conduta diversa (GOMES FILHO, 2019). Esse contorno definitivo foi dado por Edmund 
Mezger (TOLEDO, 1994).
A culpabilidade se alicerçava na teoria psicológico-normativa que acolheu o dolo norma-
tivo (dolus malus) e, desse modo, a consciência da ilicitude fazia parte do dolo. No contexto 
dessa teoria, o dolo normativo estava dentro da culpabilidade e era composto de: representa-
ção da realidade fática (elemento intelectual), vontade dos efeitos e não do processo causal 
(elemento intencional, volitivo) mais a consciência atual da ilicitude (elemento normativo).
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Críticas positivas e negativas podem ser feitas ao sistema neokantista. A permanência 
com o conceito causal de ação é uma delas. Nesse período, tentou-se alocar a omissão den-
tro do conceito de ação. Isso era praticamente impossível já que a omissão não pode ser tra-
tada como mera causalidade física. Hoje, a omissão é compreendida normativamente.
Sob o olhar da posição dos elementos da estrutura analítica do crime, bem como no que 
diz respeito ao conceito de ação, pode-se afirmar que o sistema neokantista, também cha-
mado de causalismo neoclássico, ou normativista ou teleológico, “não implicou, finalmente, 
alteração radical da concepção Liszt-Beling” (TAVARES, 2003, p.46).
Conforme ensina Muñoz Conde, referindo-se ao conceito de ação no causalismo clássico 
de Ernst von Liszt e, no neoclássico, de Edmund Mezger:
Com isso, desconhece a realidade das ações humanas, que não são simples processos causais 
(pois, neste caso, não poderiam ser delas diferenciados os simples fenômenos da natureza), mas 
processos causais dirigidos a um fim. (MUÑOZ CONDE, 1988, p.13)
O outro aspecto de fraqueza dos sistemas causais diz respeito à manutenção do dolo na 
culpabilidade. Ora, o dolo não pode ocupar posição setorial diversa dos demais elementos 
subjetivos do tipo. Essa posição equivocada do dolo tornava complicada a explicação do 
crime tentado, havendo necessidade de examinar a culpabilidade e regredir à tipicidade para 
a subsunção em casos, por exemplo, de dúvida entre lesão corporal e tentativa de homicídio 
(GOMES FILHO, 2019).
Da mesma forma, a posição da culpa na culpabilidade, e não na conduta, tornava dificul-
tosa a tarefa de separação do crime culposo e do crime doloso: primeiro se investigava se 
era dolo ou culpa na culpabilidade, depois se retornava ao injusto (tipicidade e ilicitude) para 
análise dos demais elementos.
Do mesmo modo, no estudo do erro sobre a consciência da ilicitude, a adoção do dolus 
malus (dolo normativo) “levava a consequências insuportáveis, benéficas especialmente para 
o agente insensível às exigências do direito, que, por desconhecera ilicitude de seu agir, ja-
mais possuiria dolo” (GRECO, 2000, p.126), uma vez que até então a consciência da ilicitude 
era elemento do dolo.
Noutra ótica, Luís Greco aduz que o sistema neokantista merece aplausos ao fugir do 
formalismo do sistema causal-naturalista. A construção teleológica de conceitos, o método 
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referido a valores, a materialização das categorias “compõem justamente o legado perma-
nente do neokantismo, que hoje não cessa de ser valorizado pelo funcionalismo” (GRECO, 
2000, p.126).
De forma quase consensual, é criticado o neokantismo quanto ao seu normativismo ex-
tremo, ou seja, isolou a realidade do mundo dos valores, esqueceu-se de fazer a adequada 
interpenetração entre direito e realidade. Não havia relação entre o mundo da realidade e o 
mundo dos valores, entre o mundo do ser e o mundo do dever ser, aquilo que se chamou du-
alismo metodológico (RADBRUCH, 1997).
Houve desordem dos pontos de vista axiológicos, consequência do relativismo valorati-
vo, quando o dever ser prevaleceu e não se comunicou com o mundo do ser (GRECO, 2000, 
p.126). Desse modo, o  intérprete, no neokantismo, na análise de um caso concreto, podia 
fazer valorações subjetivas sem correlação com o fato sob exame. Isso permitiu surgir um 
normativismo acentuado que não se importava com a realidade fática. Tal fenômeno foi ob-
jeto de severa crítica por parte dos finalistas (GOMES FILHO, 2019).
O neokantismo, exerceu influência no alicerce do funcionalismo teleológico com os ajustes 
apregoados que serão examinados mais adiante. Conquanto superado pelo modelo finalista, 
que reconstruiu a estrutura ontológico-dogmática do Direito Penal, o método neokantista pa-
rece que fora ressuscitado na jurisprudência penal atual no âmbito do Supremo Tribunal Fede-
ral, com críticas às decisões marcadas por um dualismo metodológico (GOMES FILHO, 2009).
2.2. relação entre os elementos do Injusto (teorIa da Ratio 
CognosCendi, teorIa da Ratio essendi e teorIa dos elementos negatIvos 
do tIpo)
A relação entre os elementos do injusto, segundo Juarez Tavares, constitui o dado mais 
significativo da reformulação neokantiana (TAVARES, 2003). Na visão de Max Ernst Mayer, 
a tipicidade e a antijuricidade deveriam ser compreendidas de maneira separada, porquanto 
se comportam como a fumaça e o fogo e, desse modo, a tipicidade constitui um indício de 
ilicitude (MAYER, 2011). Por conseguinte, o vínculo entre a tipicidade e a ilicitude denomina-
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-se ratio cognoscendi, o tipo passa a ser o elemento identificador da ilicitude. O delito, assim 
como no período causal clássico, foi definido como uma ação típica, ilícita e culpável.
Exemplo: segundo Ernst Mayer, para ilustrar a separação entre tipicidade e ilicitude, o con-
denado que foge da penitenciária pratica um ato ilícito, pois está obrigado a cumprir a pena. 
No entanto, ele não realiza, por ausência de previsão legal, uma conduta típica. E, de forma 
inversa, os soldados de um corpo de engenheiros militares que, numa situação de guerra, 
destroem a ponte de uma cidade, para preparar a sua defesa, realizam uma conduta típica 
que, todavia, não é antijurídica (MAYER, 2011).
De outra forma, para Edmund Mezger, o delito (parte objetiva) deveria ser compreendido 
como uma ação tipicamente antijurídica (MEZGER, 1955). O tipo (leia-se tipicidade) perderia 
qualquer autonomia e se tornava fundamento da antijuridicidade, passando a constituir a 
antijuridicidade tipificada, deixando a categoria isolada de tipo e se transformando em um 
tipo de injusto. Passa a existir uma visão conjunta de tipicidade e ilicitude, que corresponde a 
ratio essendi. Por conseguinte, a antijuridicidade se tornou o principal elemento do delito que 
passou a ser visto como uma antijuridicidade típica (TAVARES, 2003).
Destaca-se, ainda, a teoria dos elementos negativos do tipo, a qual foi criada por Adolf Merkel 
a partir de 1889. Depois foi desenvolvida, entre outros, por Reinhard Frank. Nesse contexto:
A distinção entre tipo e antijuridicidade perde sua importância, florescendo em alguns autores a te-
oria dos elementos negativos do tipo, que vê na ausência de causa de justificação um pressuposto 
da própria tipicidade. (GRECO, 2000, p.125).
Desse modo, no primeiro caso (ratio cognoscendi), o tipo constitui um indício de ilicitude; 
no segundo caso (ratio essendi), a antijuridicidade conteria o tipo; no terceiro caso (teoria 
dos elementos negativos do tipo), o tipo conteria a antijuridicidade. Nos dois últimos casos, 
antijuridicidade e tipo não são vistos como elementos autônomos, “mas sim, como um todo 
normativo unitário” (TAVARES, 1980, p.45).
Exemplo: legítima defesa afasta a própria tipicidade, no caso da teoria dos elementos nega-
tivos do tipo.
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Dentro da teoria dos elementos negativos do tipo, desenvolveu-se um conceito de tipo to-
tal de injusto, dividido em duas partes: parte positiva (tipo positivo) composta dos elementos 
objetivos, subjetivos e normativos; parte negativa (tipo negativo) que significa a ausência de 
causas excludentes da ilicitude.
Portanto, as excludentes de ilicitude, dentro da teoria dos elementos negativos do tipo, 
são os requisitos negativos do tipo de injusto. “Tomando em conta, por EXEMPLO, o art.121 
do Código Penal, na visão da teoria em destaque, o tipo total deste injusto seria: matar al-
guém, salvo em legítima defesa, estado de necessidade etc.” (GOMES, 2001, p.82). Da mesma 
forma, ao tratar da referida teoria, Hassemer (2005, p.285) expõe: “A injúria será punida com 
[...] a não ser que ela ocorra em defesa de interesse legítimo”.
Winfried Hassemer faz severa crítica à teoria dos elementos negativos do tipo, pois não 
se pode, ao mesmo tempo, censurar positivamente (tipo positivo) e justificar negativamente 
(tipo negativo). Diz que a referida teoria trata a excludente de ilicitude como capaz de afastar 
a relevância da conduta jurídico-penal.
Exemplo: matar alguém em legítima defesa seria o mesmo que tomar um café, pois, quanto 
ao resultado, nenhum dos dois fatos é um injusto penal. Ora, matar uma pessoa em legítima 
defesa é uma lesão a um ser humano. O fato de ser justificada não afasta a natureza de lesão, 
“é uma transgressão à barreira do tabu (Tabuschranke) que co-determina a nossa cultura 
jurídica” (HASSEMER, 2005, p.285).
A teoria dos elementos negativos é aceita na Itália. No Brasil, é minoritária a doutrina que 
lhe rende aceitação. Além de Paulo Queiroz (2006), destaca-se Miguel Reale Junior (2009), 
que compreende, num momento único, os juízos de tipicidade e de antijuridicidade, e não vis-
lumbra separação e nem autonomia entre esses institutos.
2.3. resumo da teorIa CausalneoClássICa ou sIstema neokantIsta
Na teoria causal neoclássica, a ação corresponde à conduta humana que altera a realida-
de exterior. O injusto (tipicidade + ilicitude) é material, ou seja, a tipicidade é material, a ilicitude é 
material. A culpabilidade se ancora em uma teoria normativo-psicológica, formada pelos ele-
mentos: imputabilidade, dolo e culpa (elementos subjetivos e psicológicos), exigibilidade de 
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conduta diversa. O dolo da culpabilidade é normativo, formado por três elementos: vontade; 
representação do resultado; consciência da ilicitude. A teoria causal neoclássica (neokantis-
ta) é marcada por um dualismo metodológico, com total preponderância do dever ser sobre 
o ser.
O alicerce filosófico do neokantismo constituiu a ferramenta para a interpretação das 
categorias penais da estrutura analítica do delito no ambiente causal neoclássico, com a pre-
missa de uma filosofia da cultura, segundo a qual os valores deveriam reger o pensamento, 
no sentido de que as ciências culturais estão orientadas a valores. Rompeu-se, portanto, com 
o formalismo causal clássico positivista e abriu-se espaço para a construção de soluções 
penais materiais no âmbito do injusto penal.
A ausência de limite ao intérprete no uso do método axiológico, com um acentuado subjeti-
vismo na interpretação dos casos penais, constitui a principal crítica à teoria causal neoclássica.
DIRETO DO CONCURSO
Questão 11 (CESPE/TJ-RR/JUIZ/2013) No que se refere às teorias do crime, assinale a 
opção correta.
a) Com base na teoria constitucionalista do delito, seriam inconstitucionais os dispositivos do 
Código Penal que protegem outros bens jurídicos além dos direitos fundamentais constitu-
cionalmente previstos, únicos bens que merecem proteção na seara criminal, de acordo com 
essa teoria.
b) Conforme a teoria causal-naturalista, ou concepção clássica positivista naturalista, o deli-
to constitui-se apenas de elementos objetivos, que são o fato típico e a ilicitude.
c) De acordo com a teoria causal-valorativa ou neokantista, a tipicidade não deve ser conce-
bida apenas como descrição formal de comportamentos, devendo ser considerada também 
materialmente, como uma unidade de sentido socialmente danoso, o que implica, em muitos 
casos, a análise de elementos subjetivos, como a intenção de apropriação no tipo de furto.
d) De acordo com a teoria finalista, a ação típica deve ser concebida como ato de vontade com 
conteúdo, figurando como elementos da culpabilidade o dolo, a culpa, a potencial consciência 
da ilicitude, a imputabilidade e a exigibilidade de conduta.
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e) Conforme o funcionalismo moderado de Roxin, sendo o direito um instrumento de estabi-
lização social, o indivíduo deve ser um centro de imputação e responsabilidade, de modo que 
a violação da norma é considerada socialmente disfuncional porque questiona a violação do 
sistema, e não porque viola bem jurídico.
COMENTÁRIO
Letra c.
Conforme explicado no tópico anterior, a teoria causal neoclássica (neokantista), com a fi-
losofia da cultura, transformou as categorias formais do causalismo clássico em institutos 
materiais. Isso ocorreu com a tipicidade e a ilicitude, por exemplo. Ademais, no neokantismo, 
havia uma divisão entre crimes normais, aqueles que não possuem elementar normativa e/
ou subjetiva (exemplo: homicídio-matar alguém) e crimes anormais, aqueles que possuem 
elementar normativa e/ou subjetiva especial (exemplo: furto-subtrair para si ou para outrem 
coisa alheia móvel). A letra B está errada (vimos isso durante a exposição da teoria causal 
clássica) porque na teoria causal clássica (ou sistema naturalista) o crime é um fato típico, 
ilícito e culpável. As demais letras trazem conteúdo do finalismo e do funcionalismo, que se-
rão desenvolvidos mais adiante. Sobre a teoria constitucionalista do delito, vale destacar que 
não possui uma estrutura analítica do delito concorrente com o finalismo ou causalismo, mas 
trata-se de um termo utilizado para se referir tanto a direito penal constitucional, ancorado 
em princípios penais, em categorias materiais e valorativas, na proteção de bens jurídicos 
principais, com a ideia de intervenção mínima. O termo ainda é usado para se referir ao uso, 
no exame da tipicidade penal, das teorias da imputação objetiva e da tipicidade conglobante.
Questão 12 (MP-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2018) A forma pela qual ocorreu a estrutura-
ção da teoria do delito nem sempre foi uniforme, sendo variável segundo um perfil de evolução 
de conceitos do que é o direito. Assim, na medida em que ocorreram mudanças nas teorias 
basilares que influenciaram a estruturação do Direito Penal, a forma de apresentação e de es-
tudo do delito igualmente foram mudando. Tendo isto em mente, a afirmação de que “o direito 
positivo não possui uma valoração intrínseca e objetiva, sendo que as normas jurídicas aparecem 
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determinadas por valores prévios e que contaminam, além de sua edição, também os próprios 
autores de sua elaboração, sendo que uma pretensa ‘verdade jurídica’ vem influenciada pela 
cultura”, se mostra ajustada à definição de:
a) causalismo.
b) neokantismo.
c) finalismo.
d) pós-finalismo.
e) funcionalismo.
COMENTÁRIO
Letra b.
Conforme explicado no tópico anterior, a teoria causal neoclássica (neokantista), com a fi-
losofia da cultura, transformou as categorias formais do causalismo clássico em institutos 
materiais. Isso ocorreu com a tipicidade e a ilicitude, por exemplo. A Escola sudocidental de 
Baden, orientada no sentido de uma filosofia da cultura, influenciou a concepção neokantista 
— indicava que os valores deveriam reger o pensamento e lhe permitir alcançar a objetividade 
(RADBRUCH, 1997).
Questão 13 (MP-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019). No tocante à teoria do delito, marque 
a alternativa incorreta:
a) Para a teoria causal, o resultado, como parte integrante da ação causal, deve estar contido 
necessariamente em todos os delitos, pois o conceito causal não pode reconhecer crimes 
sem resultado;
b) A reformaluação neokantista na teoria do delito tem profunda repercussão na relação tipo-
-antijuridicidade, e com Mezger a perda da autonomia do tipo atinge seu clímax, ao ser conce-
bido como um momento de antijuridicidade. O delito é assim definido como ação tipicamente 
antijurídica e culpável.
c) Característica básica da postura finalista é tratar o delito culposo segundo a condução da ati-
vidade humana estabelecida no tipo de injusto, quer tendo por base o objeto de um juízo de va-
lor negativo sobre essa atividade, quer o desvio do processo causal ou defeito de congruência.
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d) A tipicidade no conceito neoclássico de delito (neokantismo) foi profundamente afetada 
pelo descobrimento de elementos normativos do tipo. Os elementos subjetivos do injusto, por 
sua vez, somente vieram a integrar a tipicidade com o advento do finalismo.
COMENTÁRIO
Letra d.
Os elementos normativos foram realmente descobertos no Neokantismo. Destaca-se, ainda 
dessa época, que o dolo e a culpa estavam na culpabilidade. Os neokantistas, todavia, reco-
nheciam a presença de elementos subjetivos especiais no tipo, nominando os crimes com 
essas características de anormais, exemplo, o furto, no qual consta o “para si ou para ou-
trem”. Os elementos subjetivos especiais, presentes em alguns tipos, faziam parte do termo 
dolo específico. Ressalta-se que o dolo genérico estava na culpabilidade. Os crimes normais 
não possuíam elementar normativa e/ou subjetiva especial (dolo específico), enquanto os cri-
mes anormais possuíam elementares normativas e/ou subjetivas especiais (dolo específico). 
Desse modo, embora o dolo e a culpa só tenham sido transportados para o injusto quando 
do finalismo, é certo que o neokantismo já reconhecia elemento subjetivo especial no tipo. De 
todo modo, a questão ficou bem confusa e deveria ter sido anulada, mas não o foi. Merece 
ainda destacar a letra “b” da questão, comentada no tópico sobre ratio essendi, dentro do de-
senvolvimento da teoria causal neoclássica. A letra A está correta, conforme tópico desenvol-
vido sobre a teoria causal clássica que conceitua ação como movimento corporal voluntário 
que provoca mudança no mundo externo. Desse modo, a teoria causal clássica não consegue 
explicar crime sem resultado naturalístico. Sobre a teoria finalista, letra “c”, é certo que Welzel 
acreditava em finalidade na conduta culposa, não somente na conduta dolosa, conforme de-
senvolvido no tópico abaixo.
3. teorIa FInalIsta ou sIstema do Injusto pessoal
O finalismo de Hans Welzel não corresponde apenas a uma particular sistematização da 
teoria do crime que trouxe um novo conceito de ação e que deslocou o dolo e a culpa da cul-
pabilidade para o fato típico, mas corresponde também a uma atitude epistemológica objetiva 
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que se opôs ao subjetivismo neokantiano, contra seu relativismo axiológico. Portanto, o fina-
lismo, com a valoração limitada à realidade, apresenta o método ontológico-dogmático em 
substituição ao modelo axiológico do causalismo neoclássico.
3.1. ConCeIto de ação, tIpo, tIpICIdade, IlICItude e CulpabIlIdade na 
teorIa FInalIsta
Parte-se, inicialmente, da teoria da natureza da coisa, ou seja, de estruturas lógico-reais 
pré-concebidas.
Exemplo: o dolo pertence ao tipo.
Dessa forma, antes de tomar contato com um problema penal, o  intérprete examina a 
estrutura ontológica da ação, reconhece estruturas objetivas do ser que se apresentam ao 
legislador e que não podem ser modificadas. O ser – que corresponde à matéria, às coisas – 
não pode receber valoração de fora. Por isso, diz-se que o dever ser é valorado no ser, o valor 
que se manifesta na realidade (ORDEIG, 2002).
Nessa dinâmica, o finalismo introduz um novo conceito de ação, o conceito de ação hu-
mana passa a ser “o exercício de atividade final” (WELZEL, 2006, p.41). A ação humana se 
torna um acontecer final e deixa de ser puramente causal. A finalidade se baseia na ideia de 
que o ser humano, graças ao seu conhecimento de causalidade, pode prever as consequên-
cias futuras de sua atividade.
A finalidade pressupõe um atuar consciente desde o início, enquanto a causalidade não 
tem direção com esse objetivo. Por isso, Hans Welzel afirmava: “a finalidade é vidente; a cau-
salidade é cega” (WELZEL, 1976, p.54). Desse modo, o Direito Penal só se ocupa de ações que 
possuem o sentido desta atividade finalista.
Exemplo: por isso, ficam excluídos do Direito Penal as ações que decorrem de mera ativi-
dade mecânica, como um desmaio repentino, que são oriundas de movimentos reflexos, ou 
seja, ataques de choque ou reações indomináveis de susto. Com outras palavras, ensina José 
Cerezo Mir que “os movimentos corporais daquele que sofre um ataque epilético, os reflexos 
em sentido estrito e os movimentos durante o sono (pense-se no sonâmbulo) não correspon-
dem ao conceito finalista de ação” (CEREZO MIR, 2010, p.954).
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Com o novo conceito de ação, o dolo, que nas teorias causais, clássica e neoclássica es-
tava na culpabilidade, passa para o fato típico (dentro da conduta – ação e omissão). O tipo 
constitui a descrição concreta da conduta proibida (WELZEL, 1976). No tipo doloso, segundo 
a doutrina finalista, existe vontade finalisticamente dirigida a um resultado proibido pelo or-
denamento, uma vez que a finalidade está na ação.
No injusto doloso, a vontade integra o dolo. O dolo, com o finalismo, é formado por vontade 
e representação do resultado, chamado de dolo natural. Abandona-se, desse modo, a cons-
ciência da ilicitude, a qual estava presente no dolo normativo causal clássico e neoclássico.
No causalismo clássico, para a tipicidade era suficiente a causação objetiva do resultado, 
enquanto, no finalismo, para a existência de um injusto típico não basta que alguém tenha 
causado um resultado, há de existir uma atuação da vontade do autor. A ação passa a cons-
tituir uma intervenção, guiada pela vontade, em um acontecimento causal.
Desse modo a ação de matar corresponde à ação, conduzida pela vontade, de matar uma pessoa; 
ação de danificar constitui uma ação, conduzida pela vontade, de danificar uma coisa alheia (HIRS-
CH, 2010).
Da mesma forma, no injusto culposo, a vontade exerce um papel relevante. “Aqui o conte-
údo da proibição refere-se não a uma ação dirigida a um homicídio guiado pela vontade, mas 
a uma ação descuidada em relação ao resultado típico” (HIRSCH, 2010, p.247). A culpa foi 
transportada para a ação, já que a finalidade está na ação e, segundo a linha welzeliana, existe 
finalidade na ação do crime culposo, mas não existe finalidade no resultado do crime culposo. 
Esse é um resultado meramente causal. Isto é, “o tipo de injusto dos delitos culposos abrange 
a produção de um resultado de modo puramente causal, cego, como consequência de uma 
ação finalista que inobserva o cuidado objetivamente devido” (CEREZO MIR, 2010, p.251).
EXPLICANDO MELHOR: para o finalismo de Welzel, existe finalidade (vontade) na con-
duta culposa.
Exemplo: Caio dirige seu veículo com a finalidade de chegar a um hospital para visitar um 
amigo que se encontra doente. Essa finalidade é lícita, amparada pelo ordenamento jurídico. 
Todavia, se Caio, acelerar acima da velocidade permitida e, por imprudência, atropelar um 
transeunte. A finalidade lícita de chegar ao hospital não desaparece. O resultado não decorre 
dessa

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