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Comportamento em Foco 4

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1991 . 2011
20anos
COMPORTAMENTO
em foco
4
Catalogação na publicação
Biblioteca Dante Moreira Leite
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Comportamento em foco 4
Nicodemos Batista Borges ... [et al.]. – São Paulo: Associação Brasileira de 
Psicologia e Medicina Comportamental - ABPMC, 2014.
250 p.
ISBN: 978-85-65768-03-0
1. Comportamento 2. Cognição 3. Análise do Comportamento 
4. Behaviorismo 
I. Título.
BF199
Organização | Nicodemos Batista Borges
Lívia Ferreira Godinho Aureliano
Jan Luiz Leonardi
Instituição organizadora | Associação Brasileira de Psicologia e 
Medicina Comportamental - ABPMC
Projeto gráfico e diagramação | Mila Santoro
Revisão ortográfica | Rodrigo R. C. Boavista
Revisão normas APA | Mariana Rezende
Setembro 2014
1991 . 2011
20anos
anos
1991 . 2011
20anos
1991 . 2011
20anos
4 COMPORTAMENTO em foco
3
Apresentação
Em continuidade ao compromisso de difusão de conhecimento com a qual Associação 
Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC) está comprometida ao 
longo desses mais de 20 anos de existência, apresentamos o quarto volume da coleção 
Comportamento em Foco.
Comportamento em Foco foi a publicação criada pela ABPMC para substituir 
e dar continuidade à coleção Sobre Comportamento e Cognição, a qual foi de grande 
importância para o desenvolvimento de nossa comunidade no Brasil. Visando elevar a 
importância científica dessa publicação, o Volume 4 contou com uma avaliação por parte 
de profissionais doutores em suas áreas, prática esta que os atuais editores defendem que 
deve ser mantida nos próximos volumes.
Esta publicação caracteriza-se pela compilação de capítulos de alguns dos trabalhos 
apresentados no XXII encontro anual promovido pela ABPMC em 2013. Como dito 
anteriormente, todo o material enviado pelos autores foi submetido a revisões por 
profissionais doutores reconhecidos em suas áreas de atuação, além de passar por revisão 
gramatical e de normas da APA, com o objetivo de torná-lo mais claro e preciso. Por 
fim, antes de enviar para editoração, os capítulos contaram, ainda, com a leitura dos 
organizadores. Todo esse trâmite não teve o caráter de recusa à publicação, ficando 
os autores livres para atender ou não as sugestões enviadas. Assim, os conteúdos dos 
capítulos não expressam, necessariamente, a opinião dos organizadores, nem tampouco 
da nossa associação, sendo de total responsabilidade dos autores.
Na organização do volume, tentamos elaborar uma sequência entre os capítulos de 
modo a contribuir com seus leitores. Deste modo, dividimos o material em conjuntos, 
iniciando por um que discute a prática clínica e as “psicopatologias”, na sequência 
apresentamos capítulos que versam a respeito de comportamento verbal (tanto 
conceituais quanto relatos de pesquisa) e encerramos com capítulos que tratam de temas 
como educação, comportamento de escolha e autocontrole.
Um outro esforço feito por esses organizadores foi de lançar esse volume juntamente 
com o nosso XXIII encontro, visando instigar mais autores a submeterem seus capítulos 
para os próximos números.
Por acreditarmos que o desenvolvimento da área passa pelo debate de ideias, sendo 
esse o caminho para o aperfeiçoamento de nossas práticas, agradecemos imensamente 
a contribuição dos doutores que aceitaram nos ajudar nessa empreitada, os quais estão 
listados a seguir. Agradecemos aos nossos revisores queridos que, assim como nós, 
aceitaram essa tarefa por amor à nossa associação. Queremos parabenizar a Mila Santoro 
pelo excelente trabalho de editoração. Por último, porém não menos importante, 
queremos agradecer à atual diretoria por terem confiado a nós essa missão, a qual 
esperamos ter cumprido a contento.
Um abraço a todos,
Nicodemos Borges
Lívia Aureliano
Jan Luiz Leonardi
Organizadores
Adriana Cunha Cruvinel Centro Universitário UNA
Alexandre Dittrich Universidade Federal do Paraná 
Ana Karina Leme Arantes Universidade Federal de São Carlos 
Ana Carmen de Freitas Oliveira Universidade Presbiteriana Mackenzie
Bruno Strapasson Universidade Federal do Paraná
Cássia Roberta da Cunha Thomaz Universidade Presbiteriana Mackenzie
Cristina Belotto da Silva Instituto de Terapia e Ensino do Comportamento Humano
Denise de Lima Oliveira Vilas Boas Universidade de Fortaleza
Diego Zilio Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Bauru)
Fernando Albregard Cassas Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento 
Giovana Del Prette Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento
Hélder Lima Gusso Universidade Positivo 
João Henrique de Almeida Universidade Norte do Paraná 
Juliana Cristina Donadone Universidade Federal de Mato Grosso 
Paulo Roberto Abreu Instituto de Análise do Comportamento de Curitiba 
Ricardo Corrêa Martone Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento
Robson Nascimento da Cruz Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Rodrigo Araújo Caldas Faculdade Santíssimo Sacramento 
Saulo Missiaggia Velasco Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento
William Ferreira Perez Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento
Lista de Colaboradores [Pareceristas Doutores]
1991 . 2011
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anos
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Sumário
COMPORTAMENTO em foco 4
7 Procedimentos de observação e registro: da clínica à pesquisa aplicada
Priscila Benitez . Carolina Coury Silveira . Chayene Hackbarth . Luziane de Fátima Kirchner . 
Paulo Sérgio Teixeira do Prado
19 Demandas Sociais versus Repertórios Básicos de Comportamentos: 
suas implicações à instalação das psicopatologias
Gina Nolêto Bueno . Guliver Rebouças Nogueira . Lohanna Nolêto Bueno
27 Psicopatologias de acordo com as abordagens tradicional e funcional
Gina Nolêto Bueno . Letícia Guedes Nobrega . Maíra Ribeiro Magri . Lohanna Nolêto Bueno
39 Depressão sob o enfoque comportamental
Lohanna Nolêto Bueno . Ilma A. Goulart de Souza Britto
47 Sobre o comportamento do esquizofrênico
Ilma A. Goulart de Souza Britto . Gina Nolêto Bueno . Roberta Maia Marcon
55 Transtorno de personalidade borderline: 
contribuições da clínica comportamental
Rodrigo R. C. Boavista
65 Variáveis de controle dos comportamentos culturalmente denominados 
de idealização e possibilidades clínicas
Rhuam Gabriel Cavalcante Brandão
73 Terapia de exposição ao estímulo fóbico com uso de realidade virtual: 
uma revisão bibliográfica
João Ilo Coelho Barbosa . Lindomário Sousa Lima
83 Fobia social e terapia analítico - comportamental: contribuições do 
acompanhamento terapêutico
Luciana Leão Moreira . Ana Luiza Santos Braga
91 Atendimento psicoterápico comportamental de uma mulher adulta com 
comportamentos característicos de dependência afetiva
Paula Alcântara Bastos . Milena Mendonça Dos Santos . Silvia Canaan Stein
107 Relatos sobre comportamentos associados à manutenção da perda de peso 
em famílias após intervenção comportamental
Doralice Oliveira Pires Dias . Larissa Andrade Bento . Sônia Maria Mello Neves . 
Ricardo Rodrigues Borges
1991 . 2011
20anos
anos
1991 . 2011
20anos
1991 . 2011
20anos
Sumário
COMPORTAMENTO em foco 4
125 Comportamento verbal: diferentes perspectivas de ensino 
individualizado com variadas populações
Anderson Jonas das Neves . Leylanne Martins Ribeiro de Souza . Máyra Laís de Carvalho 
Gomes . Priscila Benitez . Ricardo M. Bondioli . Ana Claudia Moreira Almeida Verdu . 
Camila Domeniconi . Maria Stella Coutinho de Alcântara Gil
143 Manipulação de trechos de instruções: teoria, pesquisa e aplicação
Ronaldo Rodrigues Teixeira Júnior
155 Efeito do ensino da resposta por construção de sentenças sobre a leitura 
generalizada recombinativa
Grauben José Alves de Assis . Ana Carolina Galvão da Fonseca . Taynan Marques Bandeira
173Efeitos da magnitude da punição na correspondência verbal em 
situação lúdica
Rayana Lima Brito . Carlos Augusto de Medeiros . Fabio Hernandez de Medeiros . 
Rogéria Adriana de Bastos Antunes . Luis Guilherme de Souza
189 Correspondência verbal em um jogo de cartas: perguntas abertas e fechadas
Roberliane da Silva Souza . Suzana Soares Guimarães . Rogéria Adriana de Bastos Antunes . 
Carlos Augusto de Medeiros
205 Ansiedade à matemática e desempenho em tarefas de aritmética em 
estudantes do ensino fundamental ii
Alessandra Campanini Mendes . Alana Faggian . Aline Cristina de Souza . 
Camila Straforin de Oliveira . Dorival José Bottesini Junior . Marcelo Henrique Oliveira 
Henklain . Rogério Crevelenti Fioraneli . Talita Toledo Costa . João dos Santos Carmo
215 Efeitos do atraso do reforço sobre a escolha em condições com esquemas 
concorrentes simples variáveis
Daniel Carvalho de Matos . Thiago Peppe Del Poço . Nilza Micheletto . 
Paola Esposito de Moraes Almeida . Vanessa Diana Di Rienzo . Paulo André Barbosa Panetta
231 O ser humano capaz de dar direção à sua vida
Enzo Banti Bissoli . Nilza Micheletto
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1 Bolsista FAPESP (Processo nº 2010/16701-0). Contato: pribenitez@yahoo.com.br
Resumo 
A observação sistemática é um recurso importante para os psicólogos, modificadores do 
comportamento e pesquisadores. É considerada um dos instrumentos mais satisfatórios para a 
obtenção de dados que, entre outras coisas, aumenta a compreensão a respeito do comportamento a 
ser investigado, facilita o levantamento de hipóteses diagnósticas e permite acompanhar o desenrolar 
de uma intervenção e testar a sua eficácia. Apesar disso, é um recurso que pode vir a ser mal utilizado 
tanto em pesquisas aplicadas quanto na prática clínica. O presente capítulo aborda a observação 
e o registro de comportamentos no âmbito clínico e na pesquisa aplicada. Primeiramente, são 
apresentados os pressupostos básicos sobre observação e registro. Na sequência, a possibilidade de 
aplicabilidade da observação e registro em situação clínica e, por último, são apresentados dados de 
observação direta e registro de comportamentos numa pesquisa aplicada. Pôde-se concluir que o uso 
dos estudos observacionais é bastante restrito e assim, a preferência por medidas de autorrelato como 
fonte de investigação deve ser a preocupação central para pesquisadores e terapeutas comprometidos 
com a efetividade das intervenções que propõem. Deste modo, torna-se imprescindível que a prática 
da observação e do registro sistemático de comportamentos, especialmente no âmbito da pesquisa 
aplicada e da prática clínica, seja aperfeiçoada e conduzida de modo sistemático e minucioso. 
Palavras-chave: clínica, observação, registro, pesquisa aplicada
Priscila Benitez1
Carolina Coury Silveira
Chayene Hackbarth
Luziane de Fátima Kirchner
Universidade Federal de São Carlos
Paulo Sérgio Teixeira do Prado
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 
Procedimentos de observação e registro: da clínica à pesquisa aplicada
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Para explicar um fenômeno comportamental de maneira científica, é necessário que ocorra uma 
observação prévia, um registro minucioso e uma descrição detalhada de tal fenômeno. A partir da 
observação e registro criterioso dos fenômenos comportamentais, é possível classificar relações 
complexas, encontrar possíveis variáveis interferentes em cada um deles e realizar uma análise das 
unidades básicas destes comportamentos (Britto, Oliveira & Souza, 2003). 
A observação e o registro se tornam necessários em outros âmbitos, além dos experimentos 
controlados típicos da pesquisa básica. Cano e Sampaio (2007) ensinam que estas são ferramentas 
fundamentais, desde que aplicadas de maneira estruturada e sistemática, nas práticas clínicas e 
pesquisas aplicadas. 
Garantir um registro confiável na atividade clínica e na pesquisa aplicada é condição necessária 
para que o pesquisador e/ou terapeuta possa identificar os efeitos da intervenção implementada, bem 
como investigar a interferência de potenciais variáveis intervenientes. Contudo, diferentemente da 
pesquisa experimental, nestes contextos, muitas vezes não é possível realizar um controle rígido de 
todas as variáveis que poderiam influenciar no procedimento proposto. 
Este capítulo pretende apresentar de maneira didática o que é a observação e o registro de 
comportamentos no âmbito da Análise do Comportamento, para que servem e como podem ser 
realizados em situações costumeiramente desafiadoras. Para isso, foram propostos três tópicos de 
discussão: (1) apresentação dos pressupostos básicos de observação e registro de comportamentos, 
(2) a possibilidade da realização de observação direta e registro de comportamentos no processo 
de atendimento de um caso clínico, e (3) apresentação de dados de observação e registro de 
comportamentos numa pesquisa aplicada.
1 Pressupostos básicos sobre observação e registro de comportamentos
O termo “observar” traz conotações que divergem, de acordo com o fenômeno observado e o 
propósito da investigação. A observação é algo inerente ao indivíduo, é a maneira pela qual ele avalia 
e aprende sobre o mundo ao seu redor (Danna, & Mattos, 2006). Observar, para o senso comum, 
pode ser o ato de “olhar cuidadosamente para algo ou alguém”, bem como sinônimo de examinar, 
analisar ou verificar (Ferreira, 1988). 
Enquanto método científico, a observação envolve mais do que o ato de “olhar cuidadosamente”, 
deve envolver recursos - apresentados adiante - para tornar os registros de observação mais confiáveis 
e fidedignos ao fenômeno estudado. 
De acordo com Hutt (1974), os estudos observacionais foram muito frequentes na década de 1920 
e as técnicas de observação sistemática do comportamento são reconhecidas desde os estudos de 
Charles Darwin sobre o comportamento do homem e outros animais. Exemplos importantes de 
abordagens teóricas que influenciaram enormemente a realização de estudos observacionais foram 
a Etologia, com estudos sobre o comportamento animal (e.g. Carvalho, 1972; Cunha, 1967; Ades, 
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1972) e a Análise do Comportamento, como no caso dos estudos sobre a interação mãe-criança 
(Marturano, 1972; Sollitto, 1972), autocontrole do comportamento alimentar (Kerbauy, 1972) e 
modificação do comportamento pré-escolar (Mejias, 1973). 
Atualmente, estudos observacionais contam com tecnologia audiovisual avançada para captar 
som e imagem com qualidade e técnicas de registro capazes de coletar dados mais fidedignos acerca 
dos fenômenos investigados (Steiner et al., 2013). Autores contemporâneos defendem a observação 
direta como principal método de investigação (Benitez & Domeniconi, 2012; Löhr; 2003; Steiner 
et al., 2013), porém, na prática clínica, este recurso ainda é pouco explorado (Britto et al., 2003; 
Sturmey, 1996). 
De acordo com Sturmey (1996), pesquisadores e clínicos ainda optam por medidas de autorrelato, 
como fonte de investigação do comportamento, pela praticidade e baixo custo que estas medidas 
oferecem. Entretanto, como apontam Danna e Matos (1996; 2006), a observação do comportamento 
é o recurso mais eficaz para identificar diferentes dimensões do comportamento (e.g. frequência, 
duração, desempenho) e avaliar, em situação natural ou ambiente de laboratório, as relações existentes 
entre o comportamento e certas circunstâncias ambientais,de modo a prevê-las e modificá-las. 
Dentre as vantagens da observação direta, enquanto método de investigação, Fagundes (2006) 
mostra contribuições como: (a) aumentar a compreensão a respeito do comportamento a ser 
investigado, (b) facilitar o levantamento de hipóteses acerca do problema, e (c) acompanhar uma 
intervenção, avaliando seus efeitos e eficácia. Além disso, pode ser utilizado por psicólogos em 
diferentes situações de aplicação (clínica, escola, empresa) e em pesquisas.
Embora existam muitas vantagens, alguns procedimentos devem ser adotados com o intuito de 
minimizar vieses dos dados coletados. Um dos principais cuidados é a neutralidade do observador, 
isto é, ele deve se ater aos fatos efetivamente observados, sem fazer interpretações pessoais (Danna 
& Matos, 1996). Além disso, o observador deve estabelecer o local e os sujeitos a serem observados, 
as situações e os comportamentos que serão observados e, por fim, definir a técnica de registro a ser 
utilizada (Batista, 1985; Hutt, 1974). 
No tópico subsequente, segue uma discussão acerca da aplicação da observação e registro no 
âmbito clínico.
2 Observação e registro na perspectiva da Análise do Comportamento 
no contexto clínico
A observação direta dos comportamentos do cliente em sessão e a maneira como eles são 
registrados têm fundamental importância para a análise de contingências que vigoram na rotina 
daquele indivíduo. A observação direta é uma técnica utilizada na investigação científica que permite 
ao clínico registrar detalhes da interação terapêutica e classificar relações complexas, por exemplo, 
criando categorias de classes de respostas ocorridas durante a sessão (Britto et al., 2003).
De Rose (1997) ressalta a relevância do relato verbal como fonte de dados. O autor chama a 
atenção para a importância do estudo da presença de controle de estímulos sobre respostas verbais 
dos indivíduos. Segundo Britto, Oliveira e Sousa (2003) são poucos os estudos que correlacionam e/
ou analisam métodos de observação direta e descrição de medidas de comportamento em contextos 
clínicos. Esta seção visa descrever, de modo sucinto, um caso clínico de terapia comportamental 
infantil e apresentar como a observação direta e o método de registro empregado permitiram 
análises efetivas para a modificação de variáveis ambientais que exerciam controle direto nos 
comportamentos-problema do cliente.
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Apresentação do caso
a. Cliente
Sexo masculino, sete anos de idade, possui uma irmã de três anos. Caracterizava-se por ser uma 
criança sorridente que não falava muito, mas seguia todas as orientações que a terapeuta fornecia sem 
questionar, entretanto, de maneira lenta e distraindo-se com muita facilidade. O cliente demorava 
muito para realizar qualquer atividade solicitada e costumava justificar tudo que realizava, por 
exemplo, “acertei o que escrevi porque eu sou muito bom”, ou “porque a borracha estava aqui” (sic). 
Os pais relataram dificuldades para disciplinar o filho. Disseram que ele sempre os “corrigia”, dava 
broncas nos dois, estava frequentemente irritado e chorava com muita facilidade. Contaram que o 
filho era muito distraído, se esquecia de tudo muito rapidamente e ainda que o filho sempre estivesse 
sozinho nas saídas da escola, não contava muito sobre amigos e que acreditavam que ele não os tinha. 
A mãe ressaltou que o cliente fantasiava muito, não com brinquedos convencionais, mas com 
alguns materiais específicos como barbantes, fios, papel, terra e trens. Por fim, relataram que o filho 
criava muitas regras para brincar e acabava não brincando, apenas ficava ditando as regras do jogo 
inventado aos pais.
b. Procedimento
Foi solicitada aos pais a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que autorizava 
a divulgação dos dados e assegurava o sigilo da identidade do cliente. Foram realizadas 55 sessões de 
terapia com duração média de 60 minutos cada, em consultório particular. Durante o atendimento, a 
terapeuta registrava os comportamentos verbais do cliente em uma tabela e possíveis antecedentes e 
consequências produzidas pelo cliente no ambiente. A Tabela 1 apresenta alguns exemplos de como 
a tríade comportamental foi registrada nas primeira e segunda metade do processo terapêutico. 
Tabela 1
Exemplos de registro de contingências de três termos dos comportamentos problemas 
do cliente na primeira e segunda metade do processo terapêutico
Primeira metade do processo terapêutico
SD R SC
Ar condicionado Interrompe o que está falando, e 
fala sobre o ar condicionado
T. conversa sobre o ar 
condicionado
Lápis, mesa e restos de borracha Interrompe a atividade, e limpa a 
mesa sete vezes
Mesa limpa
Atividade: “Adivinhe qual é a 
emoção?” – Apresentação de 
face alegre.
“Cara de sono” (sic) T. diz “a emoção é felicidade” (sic). 
T. dá exemplos de situações que 
lhe provocam felicidade
Segunda metade do processo terapêutico
SD R SC
Presença da T. Conta histórias sobre fios e 
barbantes
T. inicia nova atividade
Presença da T. e de “RG” de 
brinquedo
Diz “RG, retirado de Gustavo” 
(sic)
T. solicita que fale a mesma coisa 
de três maneiras diferentes
Timer toca sinalizando fim da 
brincadeira
Guarda os brinquedos T. sinaliza que ele pode escolher 
qual será a próxima atividade
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c. Resultados e discussões sobre os dados
O registro frequente de comportamentos e dos seus possíveis determinantes (estímulos 
antecedentes e consequentes) possibilitou que a terapeuta identificasse um padrão de respostas do 
cliente que, de acordo com a literatura, é característico da síndrome de Asperger (DSM IV, 1994). 
A síndrome caracteriza-se, principalmente, pela apresentação de distúrbios sociais, de maneira 
diferente do transtorno do espectro autista, pois mantém preservadas a linguagem e capacidade 
intelectual do indivíduo. Como estas habilidades encontram-se preservadas, muitas vezes os déficits 
de socialização e de flexibilização cognitiva podem ficar mascarados, o que favorece o diagnóstico 
tardio, ou até mesmo ausência de diagnóstico.
A Síndrome de Asperger é descrita por uma série de critérios diagnósticos no DSM IV (Diagnostic 
and Statistical Manual for Mental Disorders, 1994), alguns deles são: (a) interesses restritos por um 
assunto, (b) interpretação literal, isto é, incapacidade para interpretar ironias, mentiras e metáforas, 
(c) pensamento concreto, (d) dificuldade para entender e expressar emoções, (e) dificuldade com 
comunicação não verbal, (f) falta de autocensura (falar tudo que venha à cabeça), (g) atraso no 
desenvolvimento motor e coordenação motora (inclusive escrita), (h) dificuldades para generalizar 
aprendizado, (i) dificuldades com organização e execução de tarefas e (j) apego a rotinas e rituais.
Alguns destes comportamentos foram observados em sessão pela terapeuta e registrados pelos 
pais. Exemplos dessa situação: arrumar os lápis repetidamente durante as atividades, pedir para 
limpar a mesa repetidamente, apresentar costumeiramente verbalizações de autorregras, como 
“precisa fazer o que é preciso” (sic), ou apresentar uma explicação elaborada de algo irrelevante 
(exemplo, explicar por que o pingo na letra “i” deve ser feito apenas com um ponto e não com um 
círculo preenchido e pintado), procurar erros irrelevantes na escrita e querer arrumá-los (exemplo, 
deixar todas as letras “l” com igual tamanho e com outra cor), caligrafia precária, falta de pontuação 
e espaço entrepalavras, falta de noção espacial na escrita de um texto, dificuldades com escolhas 
(exemplo, levantava prós e contras para decidir com qual cor iria pintar um desenho), gritava e 
dava chutes no ar quando os pais solicitavam interrupção de algum comportamento, ou sem motivo 
aparente, compreensão literal de falas e situações, apresentando dificuldades para compreender 
abstrações e metáforas, com explicações sempre pautadas em raciocínios ilógicos para as outras 
pessoas (exemplo, explicava longamente e de maneira confusa porque naquele dia decidiu colocar 
chinelo e não sandália), dentre outros. 
Na Tabela 1, nota-se que alguns destes critérios foram observados no padrão de responder do 
cliente, aparecendo desde a primeira sessão até os últimos atendimentos. A partir da identificação 
deste padrão comportamental, a terapeuta pôde desenvolver e implementar intervenções específicas 
que facilitaram a relação do cliente com os pais, com ela mesma e ainda com outros indivíduos que 
conviviam com ele, como colegas de escola, tios e avós. Alguns dos objetivos terapêuticos estabelecidos 
foram: (a) desenvolver habilidades sociais, (b) ensinar o cliente a organizar seu tempo para a realização 
de atividades cotidianas, (c) ensinar expressões faciais e emoções, (d) ajudá-lo a identificar variáveis 
responsáveis por acontecimentos pelos quais dava explicações ilógicas, (e) modelar e dar modelo de 
como se comportar para estabelecer interações sociais efetivas, dentre outros. 
A partir da análise das tríades comportamentais registradas ao longo do processo terapêutico, foi 
possível identificar que o cliente não entendia os pedidos e explicações dos pais em cada situação. 
De modo semelhante, não entendia algumas explicações e solicitações da terapeuta em sessão. 
Esta dificuldade estava diretamente relacionada com pedidos que exigissem abstrações verbais e 
que concorriam com autorregras do cliente, impossibilitando-o de seguir as regras dos pais ou da 
terapeuta. Esta conclusão facilitou a compreensão do caso de maneira geral, pois os pais e a terapeuta 
passaram a compreender a topografia desses comportamentos, sem identificá-los em uma categoria 
de opositor-desafiante, mas sim em um aspecto mais geral, no que concerne à falta de repertório 
comportamental mais flexível e variável, a depender do contexto em vigor. 
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Após esta análise, foram propostas as estratégias abaixo para a intervenção clínica:
a. Construção com o cliente e os pais de um quadro de atividades rotineiras e horários que 
o cliente deveria seguir (escovar os dentes, se trocar para ir à escola e outros), tendo como 
objetivo ensiná-lo a organizar o tempo que ele tinha disponível para realizar cada atividade 
cotidiana. Os pais foram instruídos a registrar os dias em que o cliente não completou 
as atividades e qual foi a instrução dada. Estes registros eram discutidos em sessões de 
orientação aos pais, possibilitando identificar melhores maneiras dos pais instruírem o filho, 
certificando-se para a utilização de regras mais curtas e claras que evitassem distrações para 
o que era irrelevante.
b. Elaboração de histórias em quadrinhos junto ao cliente. A cada sessão deveriam ser 
desenhadas, pintadas e escritas duas falas de dois quadrinhos. Essa estratégia foi utilizada 
como recurso para desenvolvimento de repertório de prontidão, atenção, concentração, 
comportamento criativo, comportamentos de fantasiar e brincar sem concorrer com 
autorregras do cliente.
c. Construção de um quadro em que o cliente deveria responder perguntas sobre ele mesmo 
com desenhos, colagens ou escrita. 
d. Brincadeiras com carrinhos, bonecas e animais para observar dificuldades em fantasiar. A 
terapeuta dava modelos e modelava comportamentos relacionados ao brincar, tanto com o 
cliente, quanto com os pais nas sessões de orientação. Por exemplo, pegar na mão do filho, 
olhar para ele e dizer “o que será que seu bonequinho vai responder agora?”. A intervenção 
tinha como objetivo facilitar a interação do cliente com outros colegas de sua idade.
e. Atividade em que o cliente deveria tentar identificar em figuras de expressões faciais 
quais sentimentos expressavam e em quais situações o cliente sentia-se daquela forma. 
A terapeuta também dava modelos de como expressar sentimentos e pensamentos, bem 
como auxiliava o cliente a relacionar eventos de sua vida com possíveis comportamentos 
privados emitidos por ele.
f. A terapeuta explicava peculiaridades de interações sociais que o cliente demonstrava não 
entender. A partir da explicação, modelava novas respostas que poderiam aumentar a chance 
de reforçamento em cada contexto. Foram utilizadas situações relatadas pelos pais e pelo 
cliente para perguntar a ele se sabia o que tinha acontecido na situação e juntos pensavam 
em comportamentos alternativos que poderiam ser mais efetivos na mesma situação. Por 
exemplo, o pai relatou que o cliente não se trocou para ir à escola porque precisou ir ao 
banheiro e quando perguntou “por que você ainda não está pronto?” (sic), o filho respondeu 
“porque eu não me troquei” (sic). Uma resposta alternativa dada pela terapeuta como modelo 
para o cliente foi “porque me deu vontade de ir ao banheiro e isso me atrasou”, em seguida a 
terapeuta solicitava que o cliente desse outras respostas alternativas. 
 
d. Considerações finais do caso
Os pais relataram melhoras significativas do cliente em relação à obediência e aceitação de regras 
definidas por eles. Também relataram melhora nas interações do cliente com outras crianças, além 
de que percebiam que o filho estava se posicionando mais nas brincadeiras, conseguindo brincar 
(não apenas formando regras das brincadeiras) e estava mais habilidoso (aceitando brincar com o 
que a outra criança queria e colocando condições de como gostaria que fosse a brincadeira). Os pais 
comentaram também que os ataques de “irritação e birra” (sic) não aconteciam mais. 
Em contexto clínico, a terapeuta também conseguiu observar evoluções importantes. O cliente 
conseguia completar suas atividades dentro do tempo esperado (o que também foi observado pela 
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professora de sala de aula), passou a identificar de maneira efetiva expressões e verbalizações e 
apresentou melhora expressiva na qualidade de suas interações interpessoais (com seus pais, colegas 
de sala de aula e terapeuta).
A observação direta e o registro sistemático das sessões terapêuticas foram estratégias primordiais 
para a identificação do padrão de respostas do cliente. Esta identificação possibilitou a implementação 
de intervenções específicas, individuais e, portanto, mais efetivas para os comportamentos-problema 
deste. A falta de registro da observação da terapeuta, neste caso clínico, poderia acarretar na 
identificação incorreta da função dos comportamentos-alvo do cliente e assim, em intervenções mal 
sucedidas. Fica evidente a relevância do registro das respostas do cliente em sessão e em ambiente 
natural e dos possíveis determinantes para estas respostas, como essencial no sucesso das intervenções 
implementadas e na expressiva melhora na qualidade das interações interpessoais deste. 
O tópico a seguir trata da observação e registro no contexto de pesquisa aplicada.
3 Observação e registro de comportamentos na pesquisa aplicada
A observação pode ser realizada de modo informal, ou seja, sem considerar uma sistematização 
específica, ou pode respeitar um conjunto de normas e/ou protocolos. Quando utilizada para 
finsde pesquisa científica é nomeada de observação científica e tem o propósito de viabilizar 
a consecução do objetivo da investigação a ser realizada (Cano & Sampaio, 2007; Ferreira & 
Mousquer, 2004). É importante destacar que a observação assistemática também pode servir à 
coleta de dados em pesquisas científicas, todavia, tal condição dependerá do objetivo traçado para 
o estudo (Murta, 2005). 
Na pesquisa aplicada, a observação e o registro não devem ser suscetíveis a qualquer 
inferência, visto que o fenômeno (unidade de análise, por exemplo, o comportamento) deverá ser 
observado e registrado tal como ocorre na situação de investigação. Com base nos pressupostos 
comportamentais, recomenda-se que o registro seja elaborado a partir da observação e transcrição 
de cada comportamento, ou melhor, a partir da observação e registro de diferentes respostas em suas 
relações funcionais (Danna & Mattos, 2006).
Nessa perspectiva, Todorov (1982) sugere que o trabalho de pesquisa desenvolvido com 
base nos achados comportamentais deveria, fundamentalmente, contemplar a observação e o 
registro contínuo do comportamento. Ademais, o autor destaca a importância de observações 
casuais, observações controladas de campo, observações clínicas e observações controladas do 
comportamento em instituições.
No que concerne à metodologia observacional, Cano e Sampaio (2007) realizaram um mapeamento 
de estudos científicos publicados em âmbito nacional, identificando 116 estudos, publicados entre 
1970 e 2006, com diferentes temáticas de investigação, como a observação de crianças nos mais 
diferentes ambientes, a relação mãe-bebê, além de estudos que contemplaram a observação na 
formação de psicólogo. Os autores apresentaram, por fim, uma proposta de construção de protocolos 
de pesquisa, cujo objetivo seria auxiliar a observação sistematizada, por exemplo, a partir do uso de 
recursos audiovisuais no momento da coleta de dados. 
Em outro estudo de revisão sobre o uso de entrevista e observação, Belei, Gimeniz-Paschoal, 
Nascimento e Matsumoto (2008) investigaram adicionalmente o emprego de videogravação, no 
período de 1977 até 2005. Inicialmente, o estudo recomenda o desenvolvimento de entrevistas que 
permitam a coleta de informações gerais sobre o fenômeno em investigação. O intuito de tal manobra 
seria obter um conjunto de dados qualitativos acerca do mesmo. Posteriormente, é proposto o uso 
da observação em conjunto com a videogravação como método para garantir a correspondência dos 
dados coletados a partir da entrevista com a realidade. Outro benefício da gravação em vídeo seria 
a possibilidade de revisão dos comportamentos registrados, o que favoreceria registros imparciais, 
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compostos apenas pela descrição do comportamento, sem inferências do observador. Por fim, os 
autores sugerem a utilização complementar dos três recursos, a saber, entrevista, observação e 
gravação em vídeo.
No que tange à relevância social das metodologias de observação e registro sistemático, defende-se 
que seu uso possa gerar descrições detalhadas do comportamento, o que permitiria que diferentes 
profissionais dialogassem em paridade de condições sobre o fenômeno observado. Exemplos desses 
argumentos são: o Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – DSM-IV (1994) e 
a Classificação Internacional de Doenças – CID10 (Cano & Sampaio, 2007).
Uma limitação apresentada em relação ao método observacional refere-se à presença do observador 
e/ou do local de observação. Alves et al. (1999) consideram que tais variáveis seriam capazes de alterar 
o comportamento observado. Outro desafio imposto à observação científica é a possibilidade de 
que muitos fatos ocorram simultaneamente, o que dificultaria a observação completa e imediata do 
fenômeno sob investigação. Para minimizar este problema, Ferreira e Mousquer (2004) sugerem o uso 
de filmagens, ainda que tal procedimento possivelmente possa tornar a investigação mais onerosa.
A adoção do uso de filmagens em situações aplicadas de observação foi documentada no estudo 
de Benitez e Domeniconi (2012). As autoras categorizaram e quantificaram os tipos de dicas orais 
fornecidas por familiares, enquanto aplicavam um programa de ensino de leitura e escrita (de Rose, 
de Souza & Hanna, 1996; de Souza, de Rose & Domeniconi, 2009) com aprendizes com deficiência 
intelectual. O procedimento consistiu em supervisões nas residências para orientar os familiares 
quanto à aplicação das sessões de ensino, com o uso de filmagem das sessões e observação pela 
pesquisadora. A análise de dados ocorreu a partir da revisão de todas as filmagens realizadas ao 
longo das supervisões, em busca de verbalizações fornecidas pelos monitores (familiares) para os 
aprendizes, durante a aplicação das sessões do programa de ensino de leitura e escrita. A partir da 
observação e registro sistemático, os autores quantificaram e categorizaram as verbalizações dos 
familiares (adequadas, como: fornecer a instrução da tarefa e elogiar; inadequadas: apontar erros na 
resposta do aprendiz e responder por ele), durante a aplicação das sessões. Tais achados contribuíram 
para o desenvolvimento de treinamentos futuros de familiares que possam atuar como monitores de 
seus filhos, durante a aplicação do programa de ensino de leitura e escrita.
Embora o trabalho de Murta (2005) tenha se dedicado a realizar um mapeamento teórico do campo 
do treinamento de habilidades sociais (THS), é importante que seja discutido no presente estudo, 
devido à identificação do uso da observação enquanto metodologia para avaliar o resultado dos 
treinamentos propostos pelos autores na área em destaque. Conforme descrição da autora, a observação 
direta do comportamento, em consonância com o registro de cada evento, são estratégias utilizadas 
para auxiliar na avaliação dos comportamentos ensinados em THS, em situações naturalísticas. 
Para ilustrar esse debate, o estudo de Lohr (2003) foi conduzido com crianças em situações escolares. 
A autora propôs uma entrevista semiestruturada para avaliar o relato dos pais em relação aos progressos 
das habilidades sociais de seus filhos. Lohr (2003) comenta ainda que a prática era combinada com a 
observação durante as atividades escolares. Esses dados foram ao encontro dos de Murta (2005) e de 
Todorov (1982), no sentido de defender a observação contínua do comportamento-alvo.
A revisão da literatura - e a consideração dos debates expostos - viabilizou a construção de um 
checklist para o melhor emprego da observação e registro de comportamentos no contexto da 
pesquisa aplicada. Foram identificadas 12 condições fundamentais, são elas:
a. Identificação das atividades propostas, de acordo com cada objetivo de pesquisa;
b. Identificação dos sujeitos envolvidos;
c. Aplicação de entrevistas (Belei, Gimeniz-Paschoal, Nascimento & Matsumoto, 2008; 
Lohr, 2003);
d. Observações (Danna & Mattos, 2006);
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e. Uso de filmagens ao longo das observações (Belei et al., 2008; Benitez & Domeniconi, 2012; 
Cano & Sampaio, 2007; Dessen & Murta, 1997);
f. Transcrição da observação (ou da filmagem), a partir dos elementos: descrição do 
ambiente físico, ambiente social, do sujeito observado, dos eventos físicos e sociais 
(Danna & Mattos, 2006); 
g. Construção de protocolos de registro para avaliação dos dados observados (Cano & 
Sampaio, 2007);
h. Criação de um sistema de categorias, após conhecer o ambiente no qual está desenvolvendo 
o estudo, especialmente,no caso de estudos naturalísticos (Alves et al., 1999; Cano & 
Sampaio, 2007);
i. Classificação dos tipos de evento (evento físico e social), antecedente, comportamentos e 
consequentes do vídeo observado e transcrito e; 
j. Análise da classificação, a qual permite identificar de modo sistemático as condições 
antecedentes que evocavam determinadas respostas dos sujeitos envolvidos que, por sua vez, 
geravam distintas consequências;
k. Análise de fidedignidade ou concordância entre observadores, a partir do teste 
intraobservador (Batista, 1985; Dessen, 1995);
l. No que concerne à fidedignidade do observador, ela tem sido extensivamente tratada 
pelos autores que atuam em análise do comportamento aplicada (Batista, 1985), visto que 
uma observação controlada e sistemática é um instrumento fidedigno de investigação 
científica. Ela necessita de planejamento e preparação prévia dos observadores quanto ao(s) 
fenômeno(s) observado(s). 
4. Conclusões
Considerando que o uso dos estudos observacionais é bastante restrito, o presente trabalho adverte 
para a importância da observação e do registro sistemático do comportamento na esfera da prática 
clínica e da pesquisa aplicada. O uso recorrente de medidas de autorrelato como fonte de investigação 
deve ser a preocupação central para pesquisadores e terapeutas comprometidos com a efetividade de 
suas intervenções. Defende-se que avaliar de maneira eficaz a frequência, duração e outras dimensões 
do comportamento é possível, apenas, com o uso sistemático de observações e registros. 
A partir do exame da literatura, foi possível identificar os aspectos mais relevantes da investigação 
científica no contexto clínico e na pesquisa aplicada. Dada a possibilidade de registro, classificação e 
da criação de categorias, as observações realizadas nesses contextos devem ser registradas e analisadas 
de maneira a primar pela neutralidade do observador a respeito dos comportamentos observados.
Adicionalmente, é possível verificar que a categorização e a quantificação dos comportamentos 
apresentados pelos participantes contribuem para o monitoramento e orientação de pais e crianças. 
Tais estratégias favoreceram ainda o diagnóstico preciso e precoce, fato este que viabilizou a 
modificação das variáveis ambientais que exerciam controle direto sobre os comportamentos 
problema do cliente.
O registro de descrições detalhadas do comportamento do cliente realizado ao longo dos 
atendimentos clínicos foi fator determinante no sentido de garantir a efetividade e confiabilidade 
da técnica. Avalia-se que as constatações derivadas da observação e registro sistemático não seriam 
possíveis, caso se adotassem medidas de autorrelato ou relato de terceiros.
Defende-se que é imprescindível que a prática da observação e registro sistemático do 
comportamento, especialmente no âmbito da prática clínica e da pesquisa aplicada, seja aperfeiçoada 
em relação aos seus métodos e técnicas. Ademais, acrescenta-se que tal desenvolvimento deve 
respeitar uma série de fatores, por exemplo, o intuito particular da observação, o contexto de 
aplicação, o público alvo, entre outros.
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Espera-se que o presente trabalho contribua para o desenvolvimento de estudos futuros, no 
sentido de ampliar as oportunidades de análise de dados de estudos que empreguem a metodologia 
observacional. Certamente, a técnica utilizada para o registro sistemático de comportamentos 
pode contribuir para o desenvolvimento de análises funcionais ainda mais precisas em relação aos 
comportamentos observados. Entretanto, é importante salientar que a subjetividade do observador 
estará necessariamente implicada na análise e registro da situação observada, o que influenciará na 
validade interna e externa do estudo. Por mais que a técnica apresentada se proponha a ser objetiva, 
é importante destacar o papel da subjetividade na interpretação dos resultados, no sentido de obter 
controles experimentais que favoreçam a replicação dos dados, especialmente, no que se refere ao 
aprimoramento de métodos e técnicas a serem elaborados, conforme a finalidade da observação a ser 
conduzida em cada experimento.
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1 Contato: ginabuenopsi@gmail.com
Resumo
Este estudo defende que a relação entre a qualidade dos repertórios de comportamentos dos 
indivíduos e as exigências sociais podem constituir-se em um contexto favorecedor à instalação das 
chamadas psicopatologias. Ademais, objetiva discutir que a instalação de padrões mais amplos e 
eficientes de comportamentos pode favorecer o controle de psicopatologias. Os seres humanos estão 
organizados em sociedade, logo, precisam apresentar comportamentos eficientes que correspondam 
ao cumprimento das demandas sociais, a fim de que sejam reforçados. Do contrário, isto é, 
comportamentos incompatíveis com o que estabelece o meio ambiente, consequências punitivas 
podem ocorrer. Portanto, se competência comportamental moderada, a consequência reforçadora a 
ser liberada também poderá ser moderada. Pouca competência comportamental eficiente produzirá 
poucas consequências reforçadoras. Se ineficiente a competência comportamental, poderá haver 
a liberação de consequências punitivas, quando é esperada a eliciação de respostas fisiológicas 
exacerbadas (e.g., raiva, ansiedade etc.). Porém, o não cumprimento de regras, bem como o não 
alcance de demandas pode ser consequência da falta de competências comportamentais eficientes 
para tal. Desse ponto de vista, suspeita-se que o repertório comportamental deficitário possa ser uma 
das variáveis relevantes à explicação da instalação e à manutenção dos – transtornos psicológicos, 
isto é, as psicopatologias. 
Palavras-chave: demandas sociais e repertório comportamental deficitário; psicopatologias; análise do 
comportamento aplicada.
Demandas Sociais versus Repertórios Básicos de Comportamentos: suas 
implicações à instalação das psicopatologias
Gina Nolêto Bueno 1
Guliver Rebouças Nogueira 
Lohanna Nolêto Bueno
Pontifícia Universidade Católica de Goiás 
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Diferentemente de outros animais, os humanos possuem características filo e ontogenéticas que 
viabilizam a construção de um ambiente especial. Tal construção, artificial e sob a égide de normas 
especiais, denomina-se sociedade.
A natureza constantemente ameaça a todos esses seres com a ocorrência de fenômenos próprios a 
ela, (e.g., frio, seca, tempestades etc.). Ao considerar as ameaças naturais, Sidman (1989/1995, p. 35) 
adverte: “(...) ‘se você não quer congelar, construa um abrigo’, ‘construa represas ou enchentes levarão 
de roldão suas casas’, ‘escassez está chegando, armazene alimentos’.” (p. 35, grifos do autor). Assim, 
a sobrevivência requer a aquisição de repertórios de comportamentos no sentido de controlar, e/ou 
minimizar, os efeitos danosos das forças naturais, especialmente os aversivos. E, desse modo, serem 
estabelecidas condições para o aumento da ocorrência de consequências reforçadoras.
A consequência produzida pela emissão de comportamentos apropriados (geradores de 
consequências socialmente reforçadoras) ou inapropriados (produtores de consequências 
socialmente aversivas) pode levar o indivíduo, que desse modo se comporta, como salienta Skinner 
(1953/2000), a tornar-se “cônscio” desses efeitos. O autor comenta ainda que caso tal efeito se dê, há 
possibilidade de que o indivíduo passe a discriminar a necessidade de alterar padrões de respostas 
com o propósito de controlar os produtos aversivos do seu comportamento.
Porém, como adverte Catania (1998/1999), “qualquer que seja o comportamento que um organismo 
adquira ao longo de sua vida, ele é eventualmente perdido, se não for passado para outros organismos.” 
(p. 235). Logo, é pela aprendizagem social que o comportamento que foi aprendido sobrevive à 
morte do organismo, pois, como pontua o autor, “(...) o comportamento sobrevive no que os outros 
fazem, talvez não apenas no comportamento dos descendentes, mas mesmo no comportamento de 
outros não geneticamente relacionados.” (p. 235). É possível concluir das asserções supracitadas que 
a aprendizagem oriunda do contato com outros organismos é de muita relevância para a construção 
do comportamento humano, seja ele apropriado ou não. 
Posto isso, o presente trabalho objetiva discutir quais os repertórios inapropriados às contingências 
arbitrariamente estabelecidas que possam favorecer a instalação das chamadas psicopatologias - 
fenômenos estes que levam a ocorrência de numerosas e complexas consequências aversivas. 
Como advertem Staats e Staats (1963/1973), a punição, advinda inclusive da supressão de 
reforçadores, produzida pela emissão de comportamentos incompatíveis às contingências ambientais 
é um procedimento observado nas relações. Tal procedimento “(...) pode também desempenhar 
um importante papel na explicação dos déficits de comportamento.” (p. 519). Por essa perspectiva, 
em função de o repertório do indivíduo compor-se de modo inapropriado, em vistas do contexto 
social, a pessoa que assim se comporta pode ainda ser afetada por outras fontes de estimulação 
aversiva. Considera-se plausível que a vigência de eventos aversivos pode atuar de modo a limitar 
e/ou inviabilizar o desenvolvimento de comportamentos apropriados às exigências da comunidade 
verbal. E, desse modo, pode-se supor que é passível de ocorrência a deterioração ainda mais marcante 
do padrão de respostas apropriadas do indivíduo - como sinalizam Martin e Pear (2007/2009), pode 
ocorrer o favorecimento de respostas cada vez menos eficazes na produção de estímulos reforçadores. 
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É por meio do comportamento verbal que os seres humanos comunicam o seu fazer, o seu 
sentir, o seu emocionar (Skinner, 1957/1978). Ademais, é através do comportamento verbal que 
se dá o estabelecimento de grande parte do seu repertório comportamental (Castanheira, 2001). 
Skinner (1957/1978) destaca duas importantes origens para o comportamento: o contato direto 
com as contingências, ou seja, o comportamento governado por contingências (aprendizagem por 
experiência direta) e a aprendizagem por meio das descrições verbais das contingências (regras). 
As regras, ou descrições de contingências verbais (Hübner, 1999; Skinner, 1957/1978), têm como 
uma das suas vantagens induzir o ouvinte a se comportar de modo efetivo sem que haja necessidade 
de exposição direta às contingências (Nico, 1999). Entende-se, desse modo, serem as regras “guias 
codificados verbalmente” que instruem o padrão de comportamento desejado a determinadas 
situações, portanto, influenciam o repertório comportamental do indivíduo (Castanheira, 2001; 
Jonas 1999). De acordo com Baldwin e Baldwin (1986, citados por Castanheira, 2001), descrições 
verbais, ou regras, são operantes emitidos pelos organismos especialmente por três motivos: (a) 
facilitam a emissão da resposta apropriada, (b) pelo efeito imediato que produzem e (c) por serem 
uma condição para a aquisição de novos comportamentos. 
O indivíduo em sociedade precisa apresentar comportamentos que correspondam ao cumprimento 
da ordem estabelecida pelo grupo em que esteja inserido. Até as sociedades mais primitivas possuíam 
o seu código de regras pré-estabelecido (ou normas organizativas de seus membros) cujo objetivo era 
produzir a harmonia entre eles (Castanheira, 2001; Nico, 1999; Skinner, 1953/2000). 
Porém, para que um indivíduo possa cumprir eficazmente as descrições verbais (regras), momento 
em que há a possibilidade da liberação de consequências reforçadoras, é necessário que possua 
repertórios de comportamentos específicos e eficientes a estas (Del Prette & Del Prette, 2001; 
Sidman, 1989/1995). Somente assim, são capazes de produzir consequências sociais reforçadoras, do 
contrário, provavelmente, haverá a liberação de consequências punitivas (e.g., liberação de multas, de 
castigos, isto é, de supressão de reforçadores) que, por sua vez, podem desencadear diversas reações 
fisiológicas desagradáveis (e.g., medo intenso). 
Autores como Coelho e Murta (2007) e Del Prette e Del Prette (2001) identificam que um dos 
fatores para o não seguimento de regras pode ser a falta de competências comportamentais para tal, 
isto é, padrão de respostas insuficientes ao cumprimento de descrições verbais instruídas. 
Dentre as inúmeras classes de comportamentos específicos (e.g., desenhar, cantar, dançar, gritar, 
escrever etc.) que os indivíduos precisam apresentar para alcançarem eficiência no cumprimento 
das instruções ambientais, uma das que merecem destaque é a de comunicar-se de modo claro e 
objetivo a fim de serem compreendidos por seu ouvinte. Conte e Brandão (2003, p.11) corroboram 
ao afirmarem que os seres humanos “(...) têm o direito de expressar seus sentimentos, pensamentos, 
ideias, defender seus direitos e lutar para que não fiquem sob controle de pessoas que se comportam 
de um jeito agressivo ou coercitivo.”. É por meio da comunicação clara que o indivíduo pode conseguir 
apresentar respostas desejáveis, isto é, comportamentos apropriados que aumentam a probabilidade 
da liberação de reforçadores. Observa-se ainda que a ocorrência de comportamentos inapropriados 
aumenta a probabilidade de consequências aversivas. Staats e Staats (1963/1973) confirmam a relação 
entre disponibilização de reforço e de punição aos comportamentos, apropriados ou inapropriados:
Muitas das dificuldades no ajustamento podem ser atribuídas à ausência de comportamentos quando as 
circunstâncias os exigem. Certamente é fácil ver, em situações de resolução de problemas e de raciocínio, 
que um animal que não tem os comportamentos exigidos não obterá reforçamento, podendo até receber 
punição por seu insucesso (p. 517).
Como destacam Martin e Pear (2007/2009), em humanos, diante de uma contingência social, a 
ausência de comportamentos desejáveis a esta pode produzir não só consequências aversivas, mas 
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também, por efeito de condicionamento, a eliciação de respostas emocionais negativas no organismo 
(e.g., medo, raiva, ansiedade exacerbada etc.). 
É sabido que qualquer resposta emocional pode variar em intensidade entre os polos “normal” e 
“exacerbado” (APA, 2013). Essa intensidade é modulada por fatores como: (a) exigências ambientais 
específicas e ausência total ou parcial de respostas para tal cumprimento e (b) descrição da estimulação 
enquanto aversiva ou reforçadora (Bueno, Ribeiro, Oliveira, Alves & Marcon, 2008; Bueno, Mello, 
Bueno & Marcon, 2010; Del Prette & Del Prette, 2001).
Quando indivíduos não apresentam repertórios comportamentais em cumprimento às exigências 
ambientais – manifestas por meio de regras e/ou por demandas, como as supracitadas – podem ser 
observadas condições relevantes e favorecedoras à instalação de psicopatologias [e.g., transtornos 
de personalidade, de humor, de ansiedade etc.] (APA, 2013; Barlow & Durand, 2005/2008; Wright, 
Turkington, Kingdon & Basco, 2009/2010). 
Em um estudo realizado por Bueno (2005) com uma participante do sexo feminino, diagnóstico 
psiquiátrico de transtorno de pânico e depressão, e endocrinológico de hipotireoidismo, é possível 
observar as variáveis favorecedoras à instalação de psicopatologias relevantes. Durante a linha de 
base, constituída tanto de observações diretas (e.g., a pesquisadora ter podido observar a ocorrência 
de um ataque de pânico apresentado pela participante), quanto indiretas (e.g., registros de eventos 
ocorridos com a participante fora do setting de pesquisa) coletou-se relatos verbais importantes 
à descrição das contingências causadoras e mantenedoras do padrão comportamental fóbico 
generalizado e depressivo, por ela apresentados. 
Ao ser recebida pela pesquisadora, a participante, que vinha de um período de hospitalização 
internacional de quatro meses ininterruptos verbalizou: “Tenho muito medo de que você me peça 
para suspender a medicação. Só estou aqui, graças a ela. Não posso parar, por favor, não!” (Bueno, 
2005, p. 199). Tal padrão comportamental repetiu-se em outras sessões iniciais, como pode ser 
observado no seguinte relato: 
Começo a me sentir estranha, como se eu estivesse com medo de sentir medo; medo de comer 
desesperadamente para me livrar da angústia ou ter de ir dormir. Daí, começo a pensar em voltar para 
a Suíça: e se eu não conseguir ficar lá sozinha, novamente? Vai começar tudo novamente! Tenho que 
tomar banho, mas tenho medo de ir para o banheiro, pois lá fico só com meus pensamentos e o pânico 
acontece. Gasto no mínimo, 2h30min. no banho, quer dizer, na luta com meus pensamentos e meus 
medos (Bueno, 2005, p. 205).
Por meio da entrevista clínica, a pesquisadora pôde conhecer dados relevantes acerca da história de 
vida da cliente: “Meu marido não é mais o mesmo: só pensa em trabalho e eu fico lá, isolada de tudo, 
inclusive, dele mesmo.” (Bueno, 2005, p. 203). Em seu histórico de vida verificou-se a ocorrência 
de comportamentos emitidos por ela que produziram consequências punitivas (e.g., deixar sua 
profissão de modelo para viver em função do marido e ter pouco acesso a seus familiares uma vez 
que estes residiam em outro país). 
O programa de intervenção foi definido após a identificação das possíveis variáveis causadoras e 
mantenedoras dos comportamentos-alvo (e.g., pânico e depressão). Uma das manobras terapêuticas 
adotadas tinha comointuito estabelecer repertórios que favorecessem a descrição apropriada de 
eventos ambientais, padrões de resposta e suas consequências. Ademais compuseram o programa de 
tratamento intervenções como análises da função de comportamentos emitidos, informações sobre 
o tratamento psicológico e sobre o tratamento farmacológico, manejo e mensuração do nível de 
ansiedade, e treino de comportamentos específicos incompatíveis aos comportamentos depressivos. 
Ao término de 26 sessões que duravam cerca de 50 minutos cada e que ocorriam duas vezes 
por semana, a participante retornou ao seu país de residência com o controle do quadro de 
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hipotireoidismo, sem o registro de ataques de pânico, com 10 quilos a menos em seu peso e com 
dose mínima da medicação de ação antidepressiva.
Observa-se que o tratamento, aparentemente exitoso, vai ao encontro das palavras de Skinner 
(1974/2000, p. 145) quando afirma que, “Contingências complexas de reforço criam repertórios 
complexos e, como vimos, diferentes contingências criam diferentes pessoas dentro da mesma 
pele (...).”.
No estudo conduzido por Ayllon e Azrin (1974/1978) participou uma interna de instituição 
psiquiátrica com diagnóstico de esquizofrenia e em tratamento médico há nove anos. Essa 
participante apresentava também o comportamento de “roubar” alimentos. Esse padrão alimentar a 
levou ao quadro de obesidade (112 quilos). O procedimento aplicado foi assim compreendido: uma 
vez ocorrido o “roubo de alimentos” a participante era imediatamente removida do ambiente, sem 
o alimento e também perdia uma refeição. A aplicação dessa contingência favoreceu a observação 
na mudança do padrão comportamental da participante. Houve redução da resposta de “roubar” 
alimentos, redução do peso e adequação às normas institucionais quanto ao horário das refeições 
(a participante passou a dirigir-se ao refeitório apenas nos horários estabelecidos para as refeições).
Como salienta Britto (2012, p. 62), 
(...) na visão analítico-comportamental o comportamento não é algo autônomo e independente. Também 
não é considerado sintoma de evento mental ou algo que uma pessoa possua, mas qualquer atividade que 
um organismo faça. Desse modo, a visão analítico-comportamental difere significativamente da visão 
tradicional, de forma tão intensa quanto difere a seleção e o criacionismo na explicação da diversidade 
de vida na terra (Skinner, 1989).
Bueno (2009) ao pesquisar a função do comportamento obsessivo-compulsivo apresentado por 
uma jovem universitária de 20 anos optou por utilizar um delineamento experimental do tipo AB 
seguido por follow-up. Vale a menção de que essa pessoa também possuía diagnóstico de depressão 
e ansiedade generalizada. A análise do caso permitiu concluir que o medo intenso a levava a rituais 
intermináveis em qualquer que fosse a atividade por ela realizada. 
Ao término de 116 sessões de 100 minutos cada, os resultados permitiram a autora confirmar 
dados amplamente discutidos na literatura. Observou-se que a função do comportamento obsessivo-
compulsivo, identificada através de análise funcional, apontou para as contingências complexas 
de reforçamento positivo e negativo a que foi submetida ao longo de sua vida (Zamignani, 2001; 
Sturmey, 1996), além de marcantes, déficits e excessos comportamentais (Martin & Pear, 2007/2009). 
Já com o controle dos comportamentos-alvo do estudo, a participante assim concluiu: “(...) todos 
me diziam que se não fizesse algo... então aconteceria uma tragédia. (...) se não guardasse minhas 
sandálias de certo jeito, ocorreria um mal para minha vida. (...) por medo de ocorrer algo ruim, 
tornei-me metódica ao realizar qualquer coisa.” (Bueno, 2009, p. 346). 
Os estudos ora discutidos salientam que o déficit de repertório comportamental, tanto para aqueles 
que recebem o diagnóstico de algum tipo de psicopatologia quanto para aqueles que convivem com 
estes, pode ser uma das variáveis mais relevantes à instalação e manutenção de classes complexas de 
comportamentos tais quais as psicopatologias (APA, 2013; Barlow & Durand, 2005/2008; Dollard & 
Miller, 1950; Sidman, 1989/1995; Staats & Staats, 1963/1973; Wright et al., 2009/2010). 
Como destacam Martin e Pear (2007/2009), “(...) o uso de rótulos sintéticos (...) tem desvantagens. 
Uma delas é que podem levar à pseudoexplicações sobre o comportamento [pseudo significa falso] 
(...) é raciocínio circular.” (p. 8, grifos dos autores). Os autores advertem inclusive ao risco da prática 
de utilização de rótulos como os diagnósticos psiquiátricos, uma vez estes poderem interferir na 
definição correta do tratamento à pessoa que padece de qualquer tipo de comportamento humano 
mais complexo, isto é, de algum tipo de psicopatologia. 
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Como observa Britto (2012, p. 62) “(...) identificar os eventos funcionalmente relacionados ao 
comportamento é imprescindível. (...) os comportamentos, sejam eles problema ou não, são 
aprendidos por meio de uma história de reforço única nas relações com o ambiente físico e social.”. 
Se assim, a instalação de comportamentos adequados ao contexto social pode ser considerada uma 
condição protetiva para o indivíduo na medida em que consequências reforçadoras são liberadas e 
previnem assim a instalação de comportamentos-problema, isto é, psicopatologias.
Como adverte Skinner (1953/2000, p. 6), “Se pudermos observar cuidadosamente o comportamento 
humano, de um ponto de vista objetivo, e chegar a compreendê-lo pelo que é, poderemos ser capazes 
de adotar um curso mais sensato de ação.”. Nesse sentido, o analista do comportamento pode se 
apresentar como um profissional gabaritado a realizar tais treinamentos e assim favorecer a utilização 
da tecnologia comportamental como instrumento para a manutenção da saúde dos indivíduos, e 
não à mera conformação às normas. Logo, a modificação do comportamento, garantida por meio 
da manipulação das condições de aprendizagem, tem sido o caminho para a intervenção nas 
desordens do comportamento, ou psicopatologias. Caminho mais eficiente será observado quando 
a modificação do comportamento atuar no sentido de instalar repertórios apropriados que tenham 
como efeito a prevenção das chamadas psicopatologias.
Referências
American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5a 
ed.) – DSM-5. Arlington: American Psychiatric Association. 
Ayllon, T. & Azrin, N. (1978). O emprego de fichas-vale em hospitais psiquiátricos. São Paulo: EPU/
EDUSP. (Trabalho original publicado em 1974)
Barlow, D. H. & Durand, V. M. (2008). Psicopatologia: uma abordagem integrada. (R. Galman, Trad.). 
São Paulo: Cengage Learning. (Trabalho original publicado em 2005)
Britto, I. A. G. S. (2012). Psicopatologia e análise do Comportamento: algumas reflexões. Boletim 
Contexto, 37, 55-76.
Bueno, G. N. (2005). A complexidade do comportamento humano: relato de uma experiência. Em H. 
J. Guilhardi & N. C. de Aguirre (Orgs.), Sobre comportamento e cognição: expondo a variabilidade 
(Vol. 15; pp. 199-209). Santo André: ESETec. 
Bueno, G. N. (2009). Quando as obsessões-compulsões interditam a vida: a intervenção pelas 
estratégias comportamentais. Em R. C. Wielenska (Org.), Sobre comportamento e cognição: desafios, 
soluções e questionamentos (Vol. 23; pp. 346-360). Santo André: ESETec.
Bueno, G. N., Ribeiro, A. R. B., Oliveira, I. J. S., Alves, J. C. & Marcon, R. M. (2008). Tempos 
modernos versus ansiedade: aprenda a controlar sua ansiedade. Em W. C. M. P. Silva (Org.), Sobre 
comportamento e cognição: análise comportamentalaplicada (Vol. 21; pp. 341-352). Santo André: 
ESETec.
Bueno, G. N., Mello, J. S., Bueno, L. N. & Marcon, R. M. (2010). Remoção de reforçadores pode eliciar 
raiva: entenda e aprenda a controlar essa emoção. Em M. R. Garcia, P. R. Abreu, E. N. P. Cillo, P. B. 
Faleiros & P. Piazzon (Orgs.), Sobre comportamento e cognição: terapia comportamental e cognitivas 
(Vol. 27; pp. 234-241). Santo André: ESETec.
Castanheira, S. S. (2001). Regras e aprendizagem por contingência: sempre e em todo lugar. Em H. 
J. Guilhardi, M. B. B. P. Madi, P. P. Queiroz & M. C. Scoz (Orgs.), Sobre comportamento e cognição: 
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Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição (D. G. Souza, Trad.). 
Porto Alegre: Artmed. (Trabalho original publicado em 1998)
Coelho, M. V. & Murta, S. G. (2007). Treinamento de pais em grupo: um relato de experiência. 
Estudos de Psicologia, 24(3), 333-341.
Dollard e Miller 1950 que 
não consegui identificar. 
Talvez seja essa: Dollard, 
J. & Miller, N. E. 
(1950). Personality and 
psychotherapy. New York: 
McGraw-Hill.
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Conte, F. C. S. & Brandão, M. Z. (2003). Quero ser assertivo! Buscando um posicionamento sincero 
entre a passividade e a agressividade nos relacionamentos interpessoais. Em F. C. Conte & M. Z. 
S. Brandão (Orgs.), Falo? Ou não falo? Expressando sentimentos e comunicando idéias (pp. 1-14). 
Arapongas: Mecenas.
Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (2001). Psicologia das relações interpessoais: vivências para o 
trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes.
Dollard, J. & Miller, N. E. (1950). Personality and psychotherapy. New York: McGraw-Hill.
Hübner, M. M. C. (1999). O que é comportamento verbal? Em R. A. Banaco (Org.), Sobre 
comportamento e cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do 
comportamento e terapia cognitivista (Vol. 1; pp. 135-137). Santo André: ARBytes.
Jonas, A. L. (1999). O que é auto-regra? Em R. A. Banaco (Org.), Sobre comportamento e cognição: 
aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do comportamento e terapia cognitivista 
(Vol. 1; pp. 144-147). Santo André: ARBytes.
Martin, G. & Pear, J. (2009). Modificação de comportamento: o que é e como fazer. (N. C. Aguirre & H. 
J. Guilhardi, Trads.). São Paulo: Roca. (Trabalho original publicado em 2007)
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Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações (M. A. Andery & T. M. Sério, Trads.). Campinas: 
Editorial Psy. (Trabalho original publicado em 1989)
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original publicado em 1957)
Skinner, B. F. (2000). Ciência e comportamento humano. (J. C. Todorov & R. Azzi, Trads.). São Paulo: 
Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1953)
Skinner, B. F. (2000). Sobre o behaviorismo. (M. P. Villalobos, Trad.). São Paulo: Cultrix. (Trabalho 
original publicado em 1974)
Staats, A. W. & Staats, C. K. (1973). Comportamento humano complexo. (C. M. Bori, Trad.). São 
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. (Trabalho original publicado em 1963)
Sturmey, P. (1996). Functional analysis in clinical psychology. Chichester: John Wiley & Sons.
Zamignani, D. R. (2001). Uma tentativa de entendimento do comportamento obsessivo-compulsivo: 
algumas variáveis negligenciadas. Em R. C. Wielenska (Org.), Sobre comportamento e cognição: 
questionando e ampliando a teoria e as intervenções clínicas em outros contextos (Vol. 6; pp. 247-
256). Santo André: ESETec. 
Wright, J., Turkington, D., Kingdon, D. G. & Basco, M. R. (2010). Terapia cognitivo-comportamental 
para doenças mentais graves. (M. G. Armando, Trad.). Porto Alegre: Artmed. (Trabalho original 
publicado em 2009)
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Resumo
Este trabalho tem como objetivo investigar a forma de atuação e práticas clínicas desenvolvidas 
pelas abordagens tradicional (biológica) e funcional (comportamental) no estudo das chamadas 
psicopatologias. Uma ampla pesquisa em ambas as áreas foi realizada utilizando publicações 
em veículos científicos. A psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar os 
estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental. O tratamento feito por médicos psiquiatras 
é estabelecido por meio dos diagnósticos por eles realizados e da utilização da farmacoterapia. Já 
Skinner, influenciado por Darwin e seu modelo de seleção natural, coloca que os comportamentos, 
inclusive os ditos patológicos, podem ser explicados pelo modelo de seleção por consequências, 
ou seja, pelos efeitos que produzem no ambiente. Para a Análise do Comportamento é incorreto 
rotular o comportamento como “doença” ou “psicopatológico”, dado que ele é uma ação emitida pelo 
organismo na interação com o ambiente. Assim, este estudo descreve que enquanto a abordagem 
tradicional trata as psicopatologias como doenças, a Análise do Comportamento busca a função 
daquilo que nomeia como comportamento-problema e aplica um programa de intervenção que 
busca o seu controle, por exemplo, através da instalação de classes de respostas alternativas.
Palavras-chave: psicopatologias, comportamento-problema, abordagem tradicional, abordagem funcional, 
análise do comportamento aplicada.
Gina Nolêto Bueno 1
Letícia Guedes Nobrega
Maíra Ribeiro Magri
Lohanna Nolêto Bueno
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Psicopatologias de acordo com as abordagens tradicional e funcional
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Psicopatologia é uma palavra composta por três radicais gregos: psychê, pathos e lógus. Psychê 
tem o sentido de mente, alma, psiquismo; pathos de doença; e lógus de estudo, saber. Sendo assim, 
o significado literal de psicopatologia é o estudo das doenças da alma ou patologia do psiquismo 
(Cecarelli, 2005).
A classificação de doenças mentais é uma prática presente desde o século 5 a.C. na Grécia antiga. 
Naquela época, Hipócrates utilizava palavras como histeria, mania e melancolia para caracterizar 
algumas doenças mentais. A partir desse momento histórico, esses e outros termos passaram a fazer 
parte do jargão médico (e. g., loucura circular, catatonia, hebefrenia, paranoia, dentre outros). E a 
loucura, segundo Hipócrates, era uma consequência de uma desorganização orgânica no homem. 
Logo, foi retirada qualquer influência divina da explicação da loucura. Contudo, foi com os estudos 
de Emil Kraepelin que surgiu o primeiro sistema de classificação abrangente e de caráter científico 
(Cecarelli, 2005; Matos, Matos & Matos, 2005). 
Há décadas o diagnóstico de doenças mentais tem sido feito por meio de entrevistas clínicas que 
buscam informações sobre (a) a identificação do paciente (e. g., nome, idade, gênero, ocupação, 
dentre outros), (b) suas queixas (e.g., qual a queixa e sua duração), (c) a história da moléstia atual 
(e. g., descrição cronológica dos sintomas apresentados), (d) os antecedentes psiquiátricos (e. g., 
diagnósticos, tratamentos, hospitalizações, medicamentação psiquiátrica), (e) antecedentes pessoais 
(e. g., doenças médicas, cirurgias), (f) história social (e. g., história ocupacional, relacionamentos,

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