Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 TREINAMENTO DE FORMAÇÃO PARA DOULA COMUNITÁRIA VOLUNTÁRIA NO SUS-CISAM RECIFE- 2022 2 SUMÁRIO I. Atenção Humanizada à Mulher no Trabalho de Parto, Parto e Puerpério II. Doula Comunitária Voluntária no SUS III. Aspectos Psicológicos da Gravidez IV. Mulheres Cuidando de Outras Mulheres no Parto e Nascimento V. Voluntariado: Ações que fazem a diferença VI. O que é o Sistema Único de saúde – SUS? VII. Amamentação: mães e filhos saudáveis VIII. Biossegurança IX. Parto Humanizado X. Parto e Nascimento Humanizado – filosofia e práticas XI. Métodos não Farmacológicos de Alívio da Dor do Parto XII. Ética e o Trabalho da Doula Comunitária Voluntária no SUS ANEXOS: Lei do Voluntariado Nº 16.683/2001 Decreto Nº 20.652 de 22 de Setembro de 2004 3 TREINAMENTO DE FORMAÇÃO PARA DOULA COMUNITÁRIA VOLUNTÁRIA NO SUS-CISAM I - ATENÇÃO HUMANIZADA À MULHER NO TRABALHO DE PARTO, PARTO E PUERPÉRIO O treinamento para Doula no SUS destina-se apenas às mulheres que têm o desejo de desempenhar o papel de doula, de forma voluntária, ajudando outras mulheres no ato mais sublime da criação, o nascimento de seus filhos. Tem como objetivo, capacitar as voluntárias para o trabalho no Projeto Doulas e abordará temas como gravidez, fisiologia do parto, SUS, ética, aleitamento materno, doenças infectocontagiosas, fluxo do serviço e o trabalho da Doula no SUS. O Projeto tem o compromisso de realizar de 2 ou 3 oficinas de formação para Doula Comunitária Voluntária durante o ano. Após o treinamento teórico-prático, as voluntárias habilitadas receberão certificado e assinarão o termo de adesão para atuarem na instituição, onde serão orientadas pela coordenação local para atuarem na maternidade. Para o aperfeiçoamento teórico-prático das voluntárias ao longo de sua atuação, o Projeto prevê a realização de educação permanente (capacitação) em serviço, conforme a necessidade das doulas, o que será coordenado em parceria com os profissionais de enfermagem, médicos, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais, integrantes da equipe, envolvidos na capacitação. II - DOULA COMUNITÁRIA VOLUNTÁRIA NO SUS 1-INTRODUÇÃO: Para acolher e assistir integralmente a gestante e seu bebê antes, durante e depois do parto, através da humanização do Pré-Natal, Parto e Nascimento, com estímulo ao parto normal e incentivo ao aleitamento materno, o Ministério da Saúde vem estimulando, através da Rede Cegonha, a implantação da DOULA no SUS, nas Maternidades Brasileiras. Em Pernambuco a implantação deste projeto ocorreu a partir de 2002 nas maternidades municipais. Na Maternidade Professor Monteiro de Moraes – CISAM-UPE, a implantação do Projeto Doula Comunitária Voluntária no SUS se deu mais recentemente, em outubro de 2014. Historicamente, doula, monitora, assistente ou acompanhante de parto, essa nobre função na assistência ao parto, começou a aparecer no Brasil nos últimos anos, embora já exista há muito tempo em países do mundo todo. A palavra "Doula" vem do grego, significando "mulher que serve" e indica aquela pessoa que dá suporte físico e emocional à parturiente. O parto, com o avanço da medicina, foi sendo tratado como assunto médico, os eventos foram ocorrendo basicamente em hospitais e maternidades, com a assistência de uma equipe especializada: médico obstetra, enfermeira obstétrica ou obstetriz, auxiliar de enfermagem e pediatra, cada um com sua função bastante definida. Com isso, ficou uma grande lacuna: quem cuida do bem-estar físico e emocional daquela mulher que está dando à luz? 4 O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher, tende a aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarregará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não faz parte da especificidade de nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar. Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula e/ou acompanhante do parto. O Projeto Doula Comunitária Voluntária no SUS tem como objetivo facilitar o processo de humanização da assistência ao trabalho de parto, parto e puerpério imediato, inserindo a doula comunitária como pessoa habilitada a trazer informações e apoio, funcionando como um elo entre a equipe de atendimento, a mulher e a família, no ambiente hospitalar. Acredita-se que o processo de humanização no atendimento em todos os níveis de atenção à saúde, desde a melhoria das condições da estrutura física até a mudança de cultura do atendimento, é um processo irreversível que tem uma força natural porque resgata o compromisso interno do servidor da saúde e reflete, essencialmente, a retomada da cidadania. Entende-se que toda mulher, independente do seu meio social, econômico ou cultural, tem o direito de ter na gravidez e no parto uma vivência positiva e gratificante. Observa-se, também, que o ambiente que circunda a cena do parto tem profundas influências no seu desenrolar, dificultando ou facilitando um parto seguro e tranquilo. O Projeto Doula Comunitária Voluntária, dentre muitos propósitos, reforça o poder da mulher em seu papel de atuar no processo de como SE TORNAR e como SER mãe. 2-ATUAÇÃO DA DOULA COMUNITÁRIA VOLUNTÁRIA NO SUS: O Programa Doula Comunitária Voluntária no SUS, conta com uma coordenadora devidamente treinada, desenvolvendo suas atividades junto às doulas da maternidade do CISAM-UPE. As candidatas a doula comunitária voluntária no SUS, inicialmente, passam por um processo de seleção e capacitação para sua atuação. O início do processo de seleção das doulas é através de entrevista e segue através da capacitação teórica, por equipe multiprofissional, concluindo-se pelo treinamento prático. A partir daí começam a atuar e para isto recebem recargas no cartão VEM Trabalhador, alimentação durante as 12 horas de plantão semanal, além de bata e o crachá. No processo de seleção, é necessário identificar na voluntária algumas habilidades como: · ter desejo de servir e ajudar a comunidade; · ser calma, tranqüila, carinhosa e solidária; · ser paciente, discreta e saber ouvir, escutar, mais do que falar; · ser saudável física e mentalmente; · ter sido selecionada e participado da capacitação específica. O que a Doula voluntária estará habilitada a fazer? Antes do parto - orientar o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explicar os procedimentos comuns e ajudar a mulher a se preparar, física e emocionalmente, para o parto, das mais variadas formas. Durante o parto - explicar os termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenuará a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajudará a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, facilitará formas 5 eficientes de respiração e proporá medidas naturais que possam aliviar as dores, como banhos, movimentos, massagens, relaxamento, etc. O uso da voz baixa, visualização e toques suaves contribuem para um adequado relaxamento da mulher, o que faz o parto ficar mais curto e menos doloroso. Após o parto - fará visitas à nova família, no alojamento conjunto, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê. O que a Doula não faz? A doula não executa qualquer procedimento médico ou de enfermagem, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Elanão substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões. É importante ressaltar que a doula não substitui o pai ou o acompanhante escolhido pela mulher durante o trabalho de parto. Muito pelo contrário, ela tem papel fundamental no relaxamento da gestante, intermediando as relações entre todos esses atores. 3-ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS: 3.1. Da Coordenação: Planejar, elaborar e executar treinamentos periódicos; Contribuir para a garantia do pleno funcionamento do Projeto na maternidade do CISAM-UPE; Providenciar a aquisição dos materiais e equipamentos necessários à execução do projeto na maternidade; Providenciar para cada uma das doulas: crachá personalizado, bata, apostila; Providenciar junto ao RH o fornecimento do cartão VEM Trabalhador para as doulas que não o possuem; Assinar conjuntamente os termos de adesão das Doulas ao projeto, mantendo-os atualizados; Acompanhar a ação das doulas comunitárias voluntárias no SUS e discutir suas necessidades nas reuniões mensais; Proceder o desligamento da doula, quando houver solicitação da mesma ou necessidade do serviço; Disponibilizar repouso para as doulas contendo: armário para guardar os seus pertences pessoais e cama; Disponibilizar livros de registro diário e livros para atas; Providenciar uma refeição para as doulas de plantão durante o dia e duas refeições por doula de plantão durante a noite, orientando-as ao cadastro da sua biometria no Refeitório; Participar das discussões sobre a formação permanente; Manter o livro de registro diário das atividades, em cada plantão; Efetuar a leitura do livro de ocorrência e/ou das mensagens do grupo whats app, diariamente; Acompanhar a atuação das doulas em seus plantões; Inteirar-se junto à equipe de saúde, quanto à atuação das doulas; Informar à equipe de saúde acerca das atribuições das doulas; Procurar prover, junto às instâncias competentes, as necessidades apresentadas pelas doulas; Orientar quanto à limpeza das bolas, banquinhos e cavalinhos; Providenciar lençóis (papel lençol) descartáveis para uso nas bolas, banquinhos e cavalinhos; Providenciar pasta com folhas de frequência individuais; Informar ao RH do CISAM-UPE sobre o desligamento das Doulas, para efetuar a suspensão da recarga do VEM e da folha de frequência; Remanejar a doula para cobrir os plantões em aberto; 6 Desenvolver ações que visem o estímulo e a motivação ao trabalho das doulas; Criar mecanismos de escuta; Promover a comemoração das Aniversariantes do Mês, bem como Confraternizações diversas; Elaborar escala mensal de plantões das doulas, enviando-as à Nutrição e ao RH; Manter atualizado, banco de dados com informações pessoais das doulas; 3.2. Da Doula Comunitária Voluntária no SUS-CISAM: Cumprir carga horária de doze horas semanais em dia fixo, conforme a necessidade do serviço; Comunicar as ausências PREVIAMENTE; Comparecer obrigatoriamente às reuniões mensais; Exercer estritamente a função para a qual foi capacitada; Manter sempre bom relacionamento com a colega do plantão e com os demais profissionais da equipe de saúde; Ser assídua e pontual nos plantões, chegando e saindo na hora prevista; Assinar regularmente na pasta de frequência; Registrar no livro próprio a quantidade de partos, tipos e faixa etária da mulher, bem como abortamentos, quando houver; Visitar sempre que possível a puérpera no alojamento conjunto; Zelar pela aparência, mantendo os cabelos sempre presos, unhas curtas e limpas; Ser sempre gentil e educada, principalmente com as parturientes; Zelar pela Ética, não divulgando a condição das parturientes, sejam quais forem elas; Não discriminar as parturientes: por raça, cor, credo religioso, condição social, orientação sexual, deficiência física, mental ou sensorial ou, ainda, por doenças; neste caso, quando transmissíveis, não deixando de observar as normas de biossegurança; Assinar conjuntamente os termos de adesão; Repousar nos plantões no período máximo de duas horas. 4. REQUISITOS PARA SER COORDENADORA DO PROJETO DOULA COMUNITÁRIA VOLUNTÁRIA NO SUS: Ter sido capacitada; Ser servidora da maternidade; Ter curso superior; Ser diarista, se possível; Desejar coordenar o grupo em harmonia. 5. DO DESLIGAMENTO DA DOULA COMUNITÁRIA VOLUNTÁRIA NO SUS: Pode ser: A pedido da Doula; Por avaliação da coordenação local; - Três faltas consecutivas sem justificativas, para a Doula que atua em plantão semanal; - Uma falta sem justificativa, para a Doula que atua em plantão quinzenal; - Dificuldades de relacionamento com a equipe multiprofissional e/ou acompanhantes e clientela, Ausência em 50% das reuniões mensais do semestre; Não respeitar as normas e regimento da unidade; 7 III – ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA GRAVIDEZ, PARTO E PUERPÉRIO: As mulheres que se propõem a ser Doula devem ter alguns conhecimentos básicos para poder desempenhar melhor sua função. Entre esses conhecimentos, estão as transformações pelas quais a mulher passa durante a gravidez. Na realidade, o ato de ser mãe já se inicia desde a fecundação, quando começa a ocorrer uma série de transformações na mulher, tanto física quanto emocional. Além dessas transformações, existem também modificações na estrutura familiar. Dependendo do contexto em que ocorreu esta gravidez, ou seja, se era uma gravidez desejada ou não pela família, parceiro ou pela própria gestante, irá ocorrer apoio ou não. Este apoio da família e do parceiro vai repercutir de uma maneira muito marcante na intensidade dos sintomas que a gestante vai apresentar durante a gestação, assim como no comportamento que ela vai apresentar durante o trabalho de parto. A mulher que se propõe a ser uma doula deve ter em mente que uma das características do perfil da doula é ser observadora e saber captar as reais necessidades da mulher; daí a importância do estudo deste tema: a gravidez e as modificações fisiológicas, físicas e emocionais na mulher. Para uma melhor compreensão, o estudo da gravidez pode ser dividido em trimestres. No primeiro trimestre é comum que as mulheres apresentem sintomas desagradáveis, como náuseas e vômitos, às vezes intensos, requerendo uso de medicamentos e, outras vezes, até internação. As mamas ficam mais pesadas e dolorosas. A gestante neste período pode sentir-se mais cansada do que o normal, mas essa fadiga é resultante do aumento do metabolismo, que já ocorre desde o início da gravidez. No segundo trimestre, as náuseas e vômitos devem desaparecer ou diminuir sensivelmente. Outros sintomas do início da gravidez, como a irritabilidade e mudança de humor, tendem a diminuir; sentimentos de ansiedade também tendem a diminuir, pois o risco de aborto diminui. Por outro lado, surgem outros sintomas: azia, constipação intestinal, gases, hemorróidas, dor nas costas, câimbras, hiperpigmentação da pele, estrias e edemas (inchaços). No terceiro trimestre, devido à sobrecarga dos sistemas cardiovasculares, respiratórios e locomotor, o desconforto materno se acentua. São inevitáveis as dores nas costas, pois a gestante para manter o seu equilíbrio na posição de pé assume uma postura conhecida como lordose fisiológica; os músculos e ligamentos de sustentação das costas relaxam e se afrouxam preparando o organismo materno para o trabalho de parto. As dores nas costelas são freqüentes, pois no final da gravidez, estando o bebê em apresentação cefálica, seus pezinhos alcançam as costelas e podem exercer pressão sobre elas. As varizes e edema de membros inferiores tendem a aumentar no terceiro trimestre. O feto apresenta crescimento acentuado nesta fase, terminando o processo de amadurecimento dos seus órgãos, já se preparando para a vidafora do útero. É comum também a diminuição dos seus movimentos, embora deva manter um padrão que reflita o seu bem-estar. A ausência de movimentos fetais por um período de 24 horas requer avaliação. Quando a gravidez atinge 37 semanas, pode-se dizer que a criança está pronta para nascer e aquelas que nascem antes dessa época são consideradas prematuras. É comum uma grande ansiedade da mulher no final da gravidez, principalmente em relação ao parto e ao bem-estar da criança. 8 É importante lembrar que muitas mulheres passam por todas as fases da gravidez sem maiores problemas e contornando com facilidade os sintomas já relatados. Do ponto de vista emocional, é importante que a Doula tenha em mente os temores mais frequentes da mulher grávida, a medida que se aproxima a data do parto: Ter um filho malformado; Não saber identificar o início do trabalho de parto; Não ter passagem (não ter condições de ter um parto transvaginal); Ficar com a vagina “alargada” e não sentir mais prazer sexual; Não ter leite suficiente para amamentar seu filho ou “ter leite fraco”; Não dar conta de cuidar do bebê; Morrer no parto. A maneira como a mulher é atendida no pré-natal e nascimento contribui, enormemente, para a forma como ela chegará depois do parto, e como iniciará a nova etapa de vida. Segundo Maldonado: “Os filhos nascem e os pais renascem”. Também não podemos esquecer ou desconsiderar, quando falamos de uma mulher grávida, que ela está incluída num contexto familiar, que o nascimento de um filho é também uma experiência familiar e que a atitude do companheiro e dos familiares influencia na aceitação ou rejeição da gravidez. Portanto, para se atingir um objetivo mais global na assistência pré-natal é preciso pensar em termos de uma “família grávida”. Outro aspecto de grande relevância na definição de como a mulher vivenciará a gravidez e o parto é a imagem de mãe que ela tem internalizada, ou seja, como foi e como é a sua relação com a sua mãe, como foi seu próprio parto e aleitamento materno. Diante do exposto, devemos ter a consciência de que a gravidez representa um período de transição na vida da mulher e, como se sabe, em período de transição o indivíduo fica mais inseguro e vulnerável ao aparecimento de diversos sintomas. A forma como uma mulher vivência a gravidez está muito relacionada com sua história psicossocial, econômica e familiar, portanto, no atendimento a uma gestante é preciso não esquecer que por trás daquela barriga, existe uma mulher com história e necessidades próprias. IV - MULHERES CUIDANDO DE MULHERES NO PARTO E NASCIMENTO – o papel das doulas Vários estudos sobre os costumes e a cultura que cercam o nascimento em diferentes sociedades mostraram algo em comum na grande maioria destas: uma mulher ajudando uma outra mulher, dando suporte físico e emocional durante todo o trabalho de parto e parto. Isso nos leva a crer que, mesmo sendo capaz de dar à luz ao seu filho sozinha, a mulher deseja ter alguém ao seu lado, uma pessoa na qual ela possa se apoiar sem restrições e preocupações. Alguém que lhe transmita segurança, para que ela possa se soltar, se livrar dos medos e ansiedades, permitir que seu corpo se abra e dê passagem ao bebê e, assim, ela poder vivenciar a plenitude de dar à luz a um novo ser, uma nova vida. Doula é uma palavra de origem grega que significa uma mulher que serve à outra, uma serva. Essa palavra foi resgatada, primeiramente, por Dana Raphael, antropóloga americana, estudiosa da 9 prática do aleitamento materno, para referir-se à mulher que ajuda outra mulher durante a gravidez, no parto, no pós-parto e/ou na amamentação. Atualmente, esta palavra é usada internacionalmente para referir-se a uma mulher experiente em parto, que proporciona suporte físico e emocional, além de oferecer informações, de forma contínua, à mãe antes, durante e logo após o nascimento. Para entendermos o verdadeiro papel da doula, necessitamos, primeiramente, distinguir esse dos outros papéis da equipe de saúde. A doula não é uma médica, uma enfermeira obstetra, uma auxiliar de enfermagem. Ela não deve ser treinada para fazer nenhuma intervenção médica, técnica. A doula deve ser uma mulher, pois provavelmente a parturiente se sentirá mais à vontade, menos inibida, na presença de uma outra mulher. Também devemos considerar que, na nossa cultura, o papel mais acolhedor, gentil, cuidadoso e sensível é tradicionalmente exercido por mulheres. Geralmente é mais fácil para mulheres demonstrar afeto, abraçar confortavelmente, falar de forma calma, carinhosa e ao mesmo tempo encorajar e acreditar na força, na habilidade e na capacidade da mulher de dar à luz da forma mais natural possível. A doula deve ser capaz de perceber as reais necessidades de cada mulher. Portanto, a sua atuação deve ser de acordo com as necessidades pessoais de cada gestante atendida, visando o maior bem-estar e relaxamento da mesma. A doula proporciona um nível de suporte que é diferente de outra pessoa, que tem uma relação íntima com a parturiente. Quando as pessoas compartilham de um vínculo afetivo, pode se tornar difícil manter a tranqüilidade necessária para apoiar o parceiro, a filha, a irmã, a neta, etc. durante o trabalho de parto e parto. Não é tão simples assistir uma mulher em trabalho de parto, principalmente quando essa mulher é “a sua”, num ambiente estranho, cercado de pessoas estranhas, com a mulher comportando-se de forma estranha e muitas vezes chorando. Esta pode ser uma experiência extremamente estressante e traumática para pessoas que não conhecem o processo do trabalho de parto e parto. Nessa situação, a presença da doula é necessária, pois ela é cheia de habilidades para ajudar a mulher a relaxar e cooperar com o processo do parto. O apoio da doula é bastante eficiente, passando as informações necessárias, esclarecendo dúvidas e situando a parturiente e os familiares dentro do contexto ou sugerindo medidas de conforto físico. O sucesso do trabalho da doula depende, em grande parte, da sua habilidade de manter um bom relacionamento e ser confiável para toda a equipe que está prestando assistência à mulher, pois sendo assim, ela é tida como parte da equipe – uma parceira – importante aliada no sentido de proporcionar uma assistência de qualidade. Perfil de uma Doula: Ter SAÚDE física e mental; De preferência ter passado pela EXPERIÊNCIA do parto; Ter uma vivência POSITIVA da maternidade; Acreditar no potencial, na FORÇA da mulher; Valorizar e defender o PARTO NORMAL; A doula, na verdade, precisa ser bem discreta no parto. Deve falar baixinho, no ouvido da gestante, sem incomodar nenhum dos outros profissionais que estejam à volta dela. O trabalho dessa preciosa acompanhante de parto necessita ser o mais silencioso possível, ser percebido apenas pela mulher. Esta é a melhor forma da Doula atuar, respeitando a paz e a tranqüilidade desse momento lindo que é o nascimento. Fadynha, 2003. 10 Ter SENSIBILIDADE para perceber as reais necessidades da mãe; Saber RESPEITAR o outro; Ser SEGURA e confiante; Ser SUAVE, AFETIVA e capaz de tocar a mãe carinhosamente; Ser capaz de estabelecer CONTATO OLHO NO OLHO; Ser paciente, DISCRETA e falar baixo; Ter habilidade para manter o ambiente do pré-parto TRANQUILO e ACOLHEDOR; Ser ORGANIZADA; Ser disponível e SOLIDÁRIA; Ter habilidade para defender o BEM-ESTAR e INTERESSES DA MÃE. O treinamento básico da Doula deve incluir conhecimentos sobre: Habilidades de relacionamentos interpessoais; Os mecanismos do parto normal; Aspectos psicológicos da mulher na gestação, parto e puerpério; Intervenções médicas rotineiras; Ética e o trabalho em saúde; Métodos não farmacológicos de alívio da dor; Cuidados puerperais; Aleitamento materno; Cuidados com o recém-nascido. O treinamento das doulas deve ser contínuo e, sempre que necessário, devem ser introduzidos novos temas sugeridos pelas doulas ou pelos demais profissionais da equipe de assistência à mulher. Benefícios do suporte da Doula Além do resgate ao parto normal, há muito mais vantagens em se ter uma doula durante o nascimento. O suporte emocional durante o trabalho de parto é bastante antigo, mas as suas vantagens somente agora vêm sendo avaliadas através de várias pesquisas e estudos científicos, que apontam os resultados da presença das doulas nos partos. Veja o que acontece: Diminuição do tempo de trabalho de parto; Redução nos índices de cesáreas; Redução no uso de ocitocinas; Menor incidência de depressão pós-parto; Maior índice de sucesso na amamentação; Fortalecimento do vínculo mãe/bebê. Modelos de atuação das Doulas No Brasil, hoje, existem dois tipos de acompanhantes de parto: as doulas profissionais e as doulas comunitárias voluntárias no SUS. Com a mudança do modelo de assistência ao parto, instituído com o conceito de parto humanizado – visando modificar o ambiente do parto, para torná-lo mais acolhedor, e permitindo a participação dos familiares ao lado da parturiente – a figura da Doula torna-se central e fundamental para o desenvolvimento desse processo. 11 As Doulas profissionais atuam como acompanhantes de parto, são escolhidas pelas gestantes e recebem uma remuneração para exercerem esse papel. A Doula profissional tem por obrigação dominar conhecimentos técnicos para desempenhar o seu trabalho. Seu contato com a gestante começa bem antes do parto e ela precisa estar preparada para entrar em ação a qualquer momento, não importando dia e hora em que a grávida entre em trabalho de parto. Com a Lei 15.880 de 17/08/2016, hoje as maternidades e casas de partos públicas e privadas ficam obrigadas a permitir o acesso da Doula durante o trabalho de parto, parto e puerpério imediato. Doulas Comunitárias Voluntárias no SUS é outro tipo de trabalho de doula já implantado no Brasil. Esse trabalho voluntário foi iniciado no Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte - MG, em 1997. As doulas voluntárias são mulheres da comunidade, recrutadas e treinadas por equipe multiprofissional para exercerem esse trabalho. Ao inserir mulheres voluntárias e da comunidade no ambiente institucional, incentiva-se a participação da comunidade para exercer o controle social sobre o equipamento de saúde. Mas, afinal, quem é e o que faz a doula comunitária voluntária no SUS? Ela poderá ter qualquer outra profissão e só disponibilizar um dia da semana para se doar a este trabalho. Ela cumprirá um plantão semanal de 12 horas, que pode ser diurno ou noturno e apenas atuará como Doula naquele momento, diferente da doula profissional que se mantém sintonizada com o seu trabalho 24 horas por dia, todos os dias. Para ser doula comunitária voluntária no SUS a mulher só precisa ter a vontade de ajudar, ser otimista e encorajadora. Seu papel fundamental é apenas estar presente com a parturiente, dando-lhe total apoio. Por ser voluntária, não recebe remuneração. A doula comunitária voluntária no SUS não é escolhida pela parturiente. Ela acompanha as mulheres que chegam em trabalho de parto numa maternidade da rede pública, durante seu plantão de trabalho. Enfim, tudo o que a doula comunitária voluntária no SUS necessita é ter disponibilidade e disposição para fazer plantões semanais, desejando do fundo do seu coração doar seu tempo – com muito amor – para servir outras mulheres em trabalho de parto. V - VOLUNTARIADO: ações que fazem a diferença Voluntariado - A escolha pelas Nações Unidas de 2001 como o Ano Internacional do Voluntariado representa o reconhecimento do voluntariado como fenômeno contemporâneo e global. Esta celebração é uma oportunidade a ser aproveitada para consolidar o voluntariado no Brasil, como componente essencial de uma sociedade cada vez mais democrática e participativa. Ser voluntário é... “O voluntariado é o espaço de experimentação dos valores sociais, tendo como resultado relações interpessoais mais humanas. Para que os valores passem a orientar as nossas atividades diárias, eles não devem apenas ser explorados e compreendidos, mas sim vividos e experimentados”. (Recife-voluntário). Ser voluntário é... “O voluntário, como ator social e agente de transformação, presta serviço não remunerado em benefício da comunidade; doando seu tempo e seus conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto a uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político ou emocional”. (Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança) 12 Histórico do voluntariado no Brasil Voluntariado Moderno (a partir dos anos 90) . Reposicionamento do voluntariado como um cidadão, que, movido por valores de participação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho, talento e competência, de maneira espontânea e não remunerada, em prol de causas de interesse social e comunitário. . A sociedade assume iniciativas imediatas para resolver seus problemas e, ao mesmo tempo, pressiona o Estado para que ele cumpra seu papel de formular políticas públicas . Criação da Ação da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida em 1993 . Criação da Comunidade Solidária em 1995 . Criação dos primeiros Centros de Voluntários em 1997 . Promulgada a Lei 9.608 sobre Trabalho Voluntário, em 1998 . 2001 é promulgado pela ONU como o Ano Internacional do Voluntariado Nossos valores Acreditamos que é preciso estimular a sociedade a buscar, por sua própria vontade e potencial, alternativas para solucionar os problemas sociais, despertando a consciência da população para o exercício da responsabilidade social com comprometimento e profissionalismo. Características do Voluntário o Comprometimento - Tolerância o Responsabilidade - Pontualidade o Disciplina - Iniciativa o Cooperação - Entusiasmo o Criatividade - Sentido de trabalho em equipe o Solidariedade - Senso crítico o Persistência - Conhecimento Direitos do Voluntário o Desempenhar uma tarefa que o valorize e seja um desafio para ampliar e desenvolver habilidades, de acordo com os seus conhecimentos, experiências e interesses; o Receber apoio no trabalho que desempenha; o Ter a possibilidade de integração como voluntário na instituição na qual presta serviço; o Ter descrições claras de tarefas e responsabilidades; o Participar de decisões; o Contar com os recursos indispensáveis para o trabalho voluntário; o Respeito aos termos acordados quanto à sua dedicação, tempo doado, etc, e não ser desrespeitado na disponibilidade assumida; o Receber reconhecimento e estímulo; o Ambiente de trabalho favorável por parte do pessoal remunerado da instituição. Responsabilidade do voluntário o Conhecer a instituição e/ou a comunidade onde presta serviços e as tarefas que lhe foram atribuídas; o Escolher cuidadosamente a área onde deseja atuar conforme os seus interesses, objetivos e habilidades pessoais, garantindo o trabalho eficiente; o Ser responsável no cumprimento dos compromissos contraídos livremente como voluntário. Só se comprometer com o que de fato puder fazer; o Respeitar valores e crenças das pessoas para as quais trabalha; o Trabalhar de maneira integrada e coordenada com a entidade onde prestaserviço; o Manter os assuntos confidenciais em absoluto sigilo; 13 o Acolher de forma receptiva a coordenação e a supervisão de seu trabalho; o Usar de bom senso para resolver imprevistos, além de informar os responsáveis. Benefício do Trabalho Voluntário o Melhoria da qualidade de vida; o Incremento e contribuição para a resolução dos problemas sociais; o Desenvolvimento pessoal e profissional; o Descobertas de novas potencialidades; o Aumento do círculo de amizades pessoais; o Participação na construção de uma sociedade mais justa; o E muito, muito mais... Solidariedade e Cidadania o “A Solidariedade brota do coração, enquanto a Cidadania é fruto da mente racional e esclarecida”. o A solidariedade ao se deparar com a pobreza diz: quero acolhê-lo, alimentá-lo e educá-lo, porque é um ser humano como eu e não posso vê-lo sofrer. A cidadania ante a exclusão social se manifesta contra a corrupção, a favor de uma sociedade mais justa, porque a pobreza de muitos prejudica a todos. o A solidariedade floresce nas crises emergências, enquanto que a cidadania se exerce no dia a dia. o A solidariedade engrandece o homem e a cidadania constrói a sociedade. VI - O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS: Antes do SUS o brasileiro não tinha um sistema de saúde acessível a todos os cidadãos e maneira igualitária. Havia o MINISTÉRIO DA SAÚDE, que atuava apenas na promoção da saúde e prevenção de doenças de massa (ex.: vacinação). Era uma assistência para indigentes, excluídos do mercado de trabalho formal (por deficiências, falta de escolaridade, etc.). A assistência médico-hospitalar era para poucas doenças, sendo de baixa qualidade e de cobertura limitada. Os atendimentos eram nas Santas Casas de Misericórdia e outras instituições filantrópicas e religiosas. Em paralelo havia o INAMPS-Instituto Nacional de Assistência e Previdência Social, autarquia federal, criado pelo regime militar em 1974, vinculado ao Ministério da Previdência Social. Prestava assistência aos previdenciários, contribuintes da Previdência, isto é, trabalhadores com carteira assinada e seus dependentes. A atenção era hospitalocêntrica, curativa dentro da lógica de cuidar da doença e não da saúde. Tinha poucos hospitais públicos, pois priorizava convênios com clínicas privadas, e o governo remunerava a maior parte dos atendimentos. Movimento Pela Reforma Sanitária: Este Movimento nasce na década de 70, no meio acadêmico (professores, profissionais de saúde, universitários), com questionamentos sobre a qualidade dos serviços de saúde prestados pelo Estado, à época sob regime militar; e a sociedade civil também mobilizou-se para debater o tema. 14 Em 1979 foi formada a 1ª Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, que promove o 1º Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, sob o Governo do então presidente João Baptista Figueiredo, último presidente do período da ditadura, que prometera “abertura” política. Em 1986 aconteceu a VIII Conferência Nacional de Saúde, com a apresentação dos resultados das reuniões preparatórias estaduais. Principais temas discutidos: Saúde como Direito (conceito ampliado de saúde); a Reformulação do Sistema Nacional de Saúde; o Financiamento do Setor. A VIII Conferência Nacional de Saúde Foi um marco para o SUS, porque: 1 - Foi aberta pelo primeiro presidente civil pós ditadura, José Sarney; 2 - Foi a primeira Conferência de Saúde aberta à sociedade; 3 - Propagou o Movimento da Reforma Sanitária; e 4 - Seu RELATÓRIO, com demandas populares, foi debatido na Assembleia Constituinte e fundamentou a seção “Da Saúde”, da Constituição de 1988. Da VIII Conferência Nacional de Saúde resultou a implantação do primeiro embrião do SUS, o SUDS Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde, um convênio entre o INAMPS e os Governos Estaduais, com vistas à universalização do atendimento. O INAMPS foi incorporado ao Ministério da Saúde e só foi extinto mais tarde, em 1993. A Constituição Federal de 1988 institui que “A SAÚDE É UM DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO”. Isto foi um marco para a história da Saúde Pública brasileira. O SUS foi criado com a finalidade de permitir que todos os cidadãos tenham direito e acesso a um atendimento de saúde gratuito e de qualidade. Foi regulamentado pela Lei 8.080 de 1990, que operacionaliza o atendimento público da saúde. É financiado com arrecadações de impostos e contribuições sociais pagos pela população. O SUS é um sistema porque é formado por várias instituições dos três níveis de governo (União, Estados e Municípios) e pelo setor privado, com o qual são feitos contratos e convênios para a realização de serviços e ações. O SUS é único, porque tem a mesma filosofia de atuação em todo território nacional. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS: Princípios Doutrinários: É universal porque é um direito fundamental do cidadão e dever do Estado. Deve atender a todos sem distinções, de acordo com suas necessidades e sem cobrar nada, sem levar em conta o poder aquisitivo ou se a pessoa contribui ou não com a Previdência Social. É integral, pois a saúde da pessoa não pode ser dividida e, sim, deve ser tratada como um todo. As ações devem estar voltadas, ao mesmo tempo, para a promoção, prevenção e recuperação da saúde do indivíduo e da comunidade, durante todo o seu ciclo vital e em todas as suas complexidades e de cada região do país. Garante equidade, pois deve oferecer os recursos de saúde de acordo com as necessidades e peculiaridades de cada um e de cada região do país; dar mais para quem mais precisa. O SUS deve 15 reconhecer que existem grupos e pessoas diferentes na sociedade e que para os mesmos os serviços de saúde devem ser diferenciados. É reconhecer as diferenças e respeitá-las, não traçando um plano de saúde único para todo o país, mas permitir que cada região faça o seu planejamento de acordo com suas necessidades. Princípios Organizativos: É descentralizado: tem comando único e está presente em todos os níveis federativos (união, estados e municípios), porém cada estado e cada município sendo responsável pela gestão da saúde local, com autonomia. É regionalizado: os serviços de saúde devem se organizar regionalmente, isto é, as ações de saúde de uma determinada região devem funcionar de acordo com uma articulação entre os diferentes serviços; municípios de uma mesma região têm convênio com um polo ou cidade com melhores condições de oferecer o serviço necessitado. É hierarquizado: os serviços de saúde devem obedecer a uma hierarquia entre eles, garantindo o acesso aos serviços desde a atenção básica até os serviços mais especializados (baixa, média e alta complexidade). As questões menos complexas devem ser atendidas nas unidades básicas de saúde, passando pelas unidades especializadas, pelo hospital geral até chegar ao hospital especializado. Promove a participação popular: o SUS é democrático porque tem mecanismos de assegurar o direito de participação de todos os segmentos envolvidos com o sistema – governos, prestadores de serviços, trabalhadores de saúde e, principalmente, os usuários dos serviços, as comunidades e a população. Os principais instrumentos para exercer esse controle social são os conselhos e conferências de saúde, que devem respeitar o critério de composição paritária (participação igual entre usuários e os demais); além de ter caráter deliberativo, isto é, ter poder de decisão. É a garantia constitucional para que a população participe do processo de formulação das políticas de saúde e do controle de seu financiamento e execução em todos os níveis de governo: municipal, estadual e federal. As conferências de saúde são as instâncias máximas de decisão das políticas de saúde e devem ocorrer periodicamente (de 2 em 2 anos), a fim de estabelecer as prioridades e ações de saúde. Os conselhos e conferências desaúde são os espaços que a população tem para se manifestar e modificar as políticas de saúde de acordo com suas demandas. Nesses espaços a população exerce o controle social e a cidadania. Além de todos esses princípios o SUS prevê a participação do setor privado: as ações serão feitas pelos serviços públicos e, de forma complementar, pelo setor privado, preferencialmente pelo setor filantrópico e sem fins lucrativos, por meio de contrato administrativo ou convênio. Deve ter racionalidade: o SUS deve se organizar para oferecer ações e serviços de acordo com as reais necessidades da população e com os problemas de saúde mais frequentes em cada região. Deve ser eficaz e eficiente, ou seja, prestar serviços de qualidade e apresentar soluções quando as pessoas o procuram ou quando há um problema de saúde coletiva. Deve usar de racionalidade, utilizar as técnicas mais adequadas, de acordo com a realidade local e a disponibilidade de recursos, eliminando o desperdício e fazendo com que os recursos públicos sejam aplicados da melhor maneira possível. VII - AMAMENTAÇÃO: mães e filhos saudáveis. O aleitamento materno deve ser iniciado, sempre que possível, ainda na sala de parto. Isso é bom para o bebê e para a mãe, pois melhora a descida do leite, ajuda a prevenir hemorragia pós-parto, acalma a mãe e o bebê, o contato com a pele da mãe regula a temperatura do bebê, protege o bebê contra infecção, entre outras coisas. 16 São muitas as vantagens da amamentação, entre elas: Faz a criança sentir-se segura e amada; Contém todos os nutrientes que a criança precisa até os 6 meses de vida; Favorece um melhor crescimento e desenvolvimento; Funciona como uma vacina protegendo a criança de diversas doenças e alergias; É higiênico, está sempre pronto, na temperatura e gosto próprios para o bebê e não custa nada; Protege a mãe contra alguns tipos de cânceres; Ajuda a mulher a perder o peso que ganhou na gestação; COMO E QUANDO AMAMENTAR: Na hora da mamada, é importante seguir algumas orientações: Ao amamentar, as mãos devem ser lavadas com água e sabão; Mãe e bebê devem ficar em uma posição confortável. É importante que o bebê esteja calmo e que a mãe procure ficar relaxada; Massageie o seio e tire um pouco de leite, antes de cada mamada. Será mais fácil para a criança pegar a aréola (parte escura do seio); Acomode bem o bebê, encostando a barriga dele na da mãe; O nariz do bebê deve estar na mesma altura do mamilo, o corpinho alinhado; Tocar os lábios do bebê com o mamilo faz com que ele abra bem a boca. Observe se o bebê abocanhou a maior parte da aréola e não apenas o bico do seio. Isto facilitará a amamentação e não provocará ferimento no peito; Nos primeiros meses de vida o bebê deve ser amamentado sempre que desejar, isso é muito importante para uma boa produção de leite. Cada criança faz seu horário e a duração da mamada é diferente em cada bebê. É importante mamar à noite para aumentar a produção de leite; Antes de oferecer o segundo peito, o primeiro deverá ter sido esvaziado pelo bebê; Ao retirar o bebê do peito, a mãe deverá colocar suavemente o dedo mínimo no canto da boca, para que ele solte o bico do seio sem machucá-lo; É importante o bebê arrotar. Para isso, deverá ser colocado de pé, bem seguro e junto ao corpo da mãe. Logo em seguida, deite-o de lado; Um bebê não deve mamar em outra mulher pelo risco de adquirir doenças. NÃO EXISTE LEITE FRACO A natureza é perfeita: todo leite materno é completo! Tem tudo na dosagem certa: açúcar, sais minerais, proteínas, calorias, ferro, água, vitaminas e gorduras que o bebê precisa. Não é preciso dar água, chá, sucos ou outro leite nos primeiros 06 meses de vida. Bebê que mama no peito faz cocô mole e amarelado, em pouca quantidade, várias vezes ao dia. Isso não é diarreia. Informações incorretas podem atrapalhar a amamentação do bebê. Por isto, em caso de dúvidas, procurem as unidades de saúde, maternidades e bancos de leite. Lá vocês receberão ajuda! ORIENTANDO AS DIFICULDADES NA AMAMENTAÇÃO: Pouco Leite: . Em primeiro lugar, a mãe deve ficar tranquila, pois esta é uma situação passageira, quanto mais o bebê mama, mais leite vai ter; . Beba bastante líquido ao longo do dia, isso é importante para manter a hidratação; 17 . O ato de sugar estimula a produção de leite, nesse caso é preciso que o bebê esteja abocanhando a maior parte da aréola. Assim sendo, coloque o bebê para mamar com mais frequência; . Descanse sempre que possível. Rachaduras no Bico do Seio: . Geralmente isso acontece quando o bebê está pegando só o bico do peito. Saiba que isto não é motivo para suspender a amamentação. Realizar uma massagem na aréola e retirar um pouco do leite pode ajudar o bebê a sugar no local correto; . Sabonetes, pomadas ou cremes na aréola não devem ser usados, pois ressecam a pele e facilita o aparecimento das rachaduras; . O próprio leite materno limpa o bico do seio; . Procure expor as mamas ao sol antes das 09h e após as l6h, por uns 10 a 15 minutos. . É importante deixar uma gota do leite do fim do mamilo após a mamada - isto facilita a cicatrização. Seios Empedrados: . Procure esvaziar as mamas para que elas não fiquem muito cheias, sempre que sobra muito leite no peito ele pode endurecer. Colocar o bebê para mamar com mais frequência pode ajudar a evitar que o peito fique muito cheio. . Realize massagens com movimentos circulares com a ponta dos dedos alcançando toda a mama, inicie essa massagem sempre pela região da aréola. A seguir, faça a retirada manual do leite. Se a dificuldade persistir, não se angustie. Procure as maternidades, bancos de leite ou as unidades de saúde. . Oriente para a escolha de um sutiã com alças largas. Isto ajudará na melhor sustentação dos seios e propiciará maior conforto. COMO FAZER A RETIRADA MANUAL DO LEITE (ORDENHA): - Lave bem as mãos com água e sabão; - Realize massagens com movimentos circulares com a ponta dos dedos alcançando toda a mama, inicie essa massagem sempre pela região da aréola. Isso ajudará na retirada do leite. - Fique em uma posição confortável e segure uma xícara ou um recipiente de vidro próximo à mama; - Não converse durante a retirada do leite para não o contaminar; - Coloque o dedo polegar e o dedo indicador na aréola (parte escura do peito) e pressione contra a parede do tórax; - Pressione a aréola por trás do mamilo entre o indicador e o polegar; - Pressione e solte, pressione e solte. Isto não deve doer; - No começo, é possível que o leite não “desça”, mas, depois de pressionar algumas vezes, o leite começa a pingar; - Pressione a aréola nas laterais para retirar leite de todas as áreas da mama; - Não passe seus dedos sobre a pele. Não esprema apenas o mamilo. Pressionar ou puxar o mamilo não retira leite. Acontece a mesma coisa quando a criança suga somente o mamilo; - Retire o leite de uma mama, pelo menos, de 3 a 5 minutos até que a “descida” diminua; a seguir, retire do outro lado. Repita nos dois lados novamente; - Coloque o leite num recipiente limpo, com tampa e guarde na geladeira. - A retirada do leite demora, aproximadamente, de 20 a 30 minutos, especialmente nos primeiros dias quando a produção é pequena. - É importante não retirar leite em intervalos muito curtos. BANCO DE LEITE: Se a mãe tiver muito leite poderá fazer uma doação. Procure o Banco de Leite ou Posto de Coleta mais próximo. Você receberá todas as orientações necessárias de como proceder. 18 O Banco de Leite fará o processamento do leite e será oferecido para outro bebê que esteja precisando. Assim, você estará ajudando a salvar outras crianças. Veja os locais da cidade que dispõem de bancos de leite ou postos de coleta de leite humano: UNIDADE DE SAÚDE ENDEREÇO TELEFONE Maternidade Professor Barros Lima Avenida Norte, 6465, Casa Amarela 3355-2170Maternidade Professor Bandeira Filho R. Londrina, s/n, Afogados 3355-2233 Maternidade Professor Arnaldo Marques Av. Dois Rios, s/n - Ibura 3355-1809 Hospital das Clínicas Av. Prof. Moraes Rego, s/n, Cidade Universitária 3453-3678 IMIP Rua dos Coelhos, 300, Boa Vista 2122-4719 Hospital Agamenon Magalhães Estrada do Arraial, 2723, Casa Amarela 3184-1690 CISAM-UPE (Maternidade da Encruzilhada) Av. Visconde de Mamanguape, s/n, Encruzilhada 3182-7720 Hospital Barão de Lucena Av. Caxangá, 3860, Iputinga 3184-6552 O BEBÊ DEPOIS DOS SEIS MESES CONTINUA RECEBENDO O LEITE MATERNO E COMEÇA A CONSUMIR OUTROS ALIMENTOS SAUDÁVEIS. Ao completar seis meses, outros alimentos podem ser oferecidos ao seu bebê, como sucos naturais, cereais, frutas e sopinhas. Quando necessário, façam uso do copinho e da colher. Crianças que usam mamadeiras e chupetas tendem a desmamar muito cedo, além de outros problemas que os bicos de borracha podem causar. VIII - BIOSSEGURANÇA Conceito de Biossegurança Biossegurança - BIO que significa VIDA + SEGURANÇA em sentido amplo é conceituada como vida livre de perigos. Medidas de biossegurança são ações que contribuem para a segurança no dia a dia das pessoas, como por exemplo: cinto de segurança, faixa de pedestre, etc. Norma de biossegurança engloba todas as medidas que visem evitar riscos físicos, como por exemplo: (radiação, temperatura); químicos (substancia tóxicas), psicológicos (estresse), biológico (agentes infecciosos). A partir do aparecimento de bactérias resistentes aos antibióticos, do ressurgimento da tuberculose, da epidemia de HIV/Aids na população mundial e do risco aumentado de aquisição de microorganismo de transmissão sangüínea (como exemplo: hepatite B, C) entre os profissionais de saúde, as normas de biossegurança ganharam atenção especial. 19 Para se entender o mecanismo de disseminação no hospital é necessário que se conheça pelo menos três elementos: a) fonte b) mecanismo de transmissão. c) hospedeiro susceptível. Fonte - ou reservatório de microorganismo - geralmente os profissionais de saúde, usuários ocasionalmente visitantes e fômites e equipamentos infectados. Principais mecanismos de transmissão de microorganismos em hospitais: Aérea por gotícula - (gotículas maiores que 5micra podem ser gerados pela tosse, espirros, conversação e por serem pesadas não permanecem suspensas no ar. As precauções devem ser tomadas quando a distância for menor que 1 metro). Aérea por aerossol: ocorre quando as partículas são menores que 5um (micra) e permanecem suspensas no ar por períodos longos e deslocam-se a grandes distâncias Ex: sarampo, tuberculose e varicela. Hospedeiro - pacientes que, expostos a um agente infeccioso, podem desenvolver doença clinica ou estabelecer uma relação comensal com o microorganismo, tornando-se pacientes colonizados. Transmissão por contato: Direto (pessoa/ pessoa) Indireto (objetos contaminados) Transmissão por veículo comum: Água, comida, medicamentos, equipamentos, roupas contaminadas, etc. Transmissão por vetores: Ratos, baratas, mosquitos e outros insetos. Principais causas que podem tornar os pacientes susceptíveis às infecções: -Idade -Doenças de base -Uso de imunodepressores, uso de antibióticos, corticóides, procedimentos cirúrgicos, procedimentos invasivos. O conhecimento das vias de transmissão de microorganismo permite a racionalização das medidas de isolamento, necessária para interromper a cadeia de propagação dos agentes infecciosos em serviços de saúde, tais medidas compreende o uso de equipamentos individuais (EPI), tais como luvas, protetores oculares, aventais, máscaras. PRECAUÇÕES PADRÃO São conjuntos de medidas utilizadas para diminuir os riscos de transmissão de microorganismos nos hospitais. São elas: a) Lavagem das mãos; b) Luvas; c) Protetor ocular, máscara, protetores de face; d) Avental; 20 e) Botas. Lavagem das mãos Após todo procedimento que envolva sangue ou fluidos corpóreos, secreções e excreções ou equipamentos contaminados; Depois de retirada de luvas; Antes e após contato com paciente; Entre procedimento no mesmo paciente quando houver risco de infecção cruzada de diferentes regiões; Ver técnica de lavagem das mãos. Luvas Usar luvas limpas não estéreis quando existir risco de contato com sangue e fluidos corpóreos secreções e excreções ou itens contaminados; Mudar de luvas entre duas tarefas; Retirar e descartar as luvas após o uso entre pacientes; Lavagem das mãos após retirada das luvas. Máscaras, protetores oculares, protetores de face: Usados quando da possibilidade de haver respingo de sangue ou secreções nos funcionários. Avental Usar avental limpo impermeável para proteger as roupas da possibilidade de haver contaminação com fluidos corpóreos e sangue. Após o uso retirar e fazer lavagem das mãos. Lembrar sempre que os equipamentos de cuidados com o paciente devem ser manuseados com proteção. Se sujos com material orgânico, deve ser feito limpeza e desinfecção para que possam ser usados em outro paciente. OBS: Limpeza é o processo de remoção da sujidade, pode ser feita por fricção mecânica com água e sabão, por máquinas de limpeza com jatos de água quente ou detergente, máquinas de ultra-som com detergentes e desencrostantes. Desinfecção é o processo de destruição de microorganismo em forma vegetativa com aplicação de agentes químicos e físicos (hipoclorito de sódio a 0,5%, álcool etílico a70%, glutaraldeido, etc.). Controle do ambiente: rotinas adequadas de limpeza e desinfecção das superfícies do ambiente, camas, equipamentos de cabeceiras e outros. Roupas: manipular, transportar e processar roupas usadas, sujas de matéria orgânica, de forma a prevenir a exposição da pele e mucosas, evitando a transferência de microorganismos para outros pacientes e para o ambiente. Com o intuito de reduzir a aquisição de doenças após algum contato acidental, é fundamental o procedimento de vacinação em profissionais de saúde para doenças preveníveis conforme recomendação; VACINA: Hepatite B - 3 doses com 0, 1, 3 meses; Rubéola - 1 dose subcutânea (profissionais da saúde sem documentação de ter recebido a vacina); Sarampo - dose única subcutânea 0,5ml (situações especiais de surto); BCG - dose única 0,1ml intradérmica (profissionais de saúde c/ PPD fraco ou não reagente); Tétano e difteria - três doses com intervalo de 60 dias. 21 IX - PARTO HUMANIZADO Poderíamos definir como “Parto Humanizado” o atendimento de mulheres em situação de “Trabalho de Parto”, “Parto” e “Puerpério”, onde houvesse uma relação entre o serviço de saúde, caracterizado pela sua estrutura física e seus profissionais, e a paciente, alicerçada em atitudes de respeito, acolhimento, liberdade, conhecimento técnico e amor. Respeito pela pessoa que está sob nossos cuidados, chamando-a pelo nome; evitando julgamentos e censuras; evitando atitudes agressivas verbais ou físicas; procurando não invadir a privacidade da mulher; sabendo ouvir e calar; e garantindo-lhe a autonomia. Estabelecer uma relação de confiança através de acolhimento é de fundamental importância para que a mulher se sinta segura, favorecendo que a mesma se permita entrar numa situação de total entrega e sintonia com o seu corpo e seu bebê, ajudando na fisiologia do parto. Para que a paciente possa se sentir ainda mais segura, é fundamental a presença de uma pessoa amiga ou da família, tornando ambiente mais doméstico. Palavras de valorização do poder feminino são bem-vinda neste momento, onde todo este poder e força culminarão na colocação de um novo ser no mundo. Isto é vida! O conhecimento técnico também é de fundamental importância, uma vez que poderíamos orientar a mulher quanto à atitude e posição que poderão minimizar a dor e acelerar o trabalho de parto, bem como atuar, quandonecessário, tornando o parto seguro para a mãe e o seu bebê. Estimular a paciente ao uso dos objetos disponíveis no pré-parto, como a cama ppp, a barra, o cavalinho, a banqueta e a bola. Deve estar em dieta livre e ser estimulado o aumento da ingesta de líquidos. A deambulação favorece o avanço da dilatação com a descida do bebê e desta forma deve-se encorajar a mulher sempre a deambular. Considerando que “só o amor constrói”, nada mais razoável do que nos dedicarmos a ajudar a construir mais esta relação de amor, que se inicia no momento da concepção e se concretiza no momento do parto. Importante saber também que nossa atitude humanizada de atendimento à mulher em situação de parto, não só propicia um alicerce emocional favorável a esta relação, mas também proporciona resultados favoráveis físicos e orgânicos à mãe e ao seu bebê, quando: - Reduz os traumas de parto: - Diminui as indicações de cesárea; - Reduz a taxa de mortalidade materna e neonatal X - PARTO E NASCIMANTO HUMANIZADO – filosofia e práticas A forma como se assiste ao parto e nascimento na maioria dos hospitais e maternidades caracteriza-se por encarar a saúde como um problema, ou seja, a vida é cheia de riscos e está quase sempre em constante perigo. O nascimento é visto como um problema médico e a gravidez e o parto são considerados potencialmente perigosos. O corpo da mulher é encarado como uma máquina complexa, e a mulher também é tida como incapaz de entender as complicadas questões médicas envolvidas nas decisões. Em relação à tecnologia, acredita que para aumentar a eficiência de uma máquina imperfeita, ou seja, o corpo da mulher, são necessárias várias outras máquinas. Em 22 consequência, várias tecnologias sofisticadas são utilizadas sem a devida avaliação de sua real necessidade e, principalmente, sobre a segurança. Uma outra maneira de assistência, a que deve ser fortalecida e que podemos chamar de humanista, encara a saúde como uma solução, não um problema, e que devemos prestar mais atenção na parte da pessoa que está com saúde e, depois, na pequena parte que está doente, não apenas para eliminá-la ou evitá-la, mas também para se aproveitar dela. O nascimento é visto com um evento que envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais e está relacionado a componentes mentais e espirituais, ou seja, é por natureza feminino, intuitivo, sexual e espiritual. Como evento social, tem profundas implicações para a sociedade como um todo, devido à sua visão da reprodução, da posição da mulher, das relações familiares, da socialização e da construção da personalidade. Crenças religiosas exercem fundamental influência de como as pessoas veem esse processo. Quanto à tecnologia, focaliza a atenção no seu controle, ou seja, no uso adequado, dando mais importância àquelas que são simples, baratas e que possam ser utilizadas fora do hospital. Que sejam preferencialmente não invasivas e sempre socialmente e psicologicamente juntas para a mulher e sua família. Princípios para a uma prática humanizada de assistência ao parto e nascimento Uma filosofia de assistência que enfatiza os aspectos humanistas deve ter como base os seguintes princípios: O fortalecimento da experiência humana A gravidez e o nascimento são eventos únicos e marcantes na vida da mulher e as sensações experimentadas por ela nesse período, principalmente no parto, irão permanecer para sempre em suas memórias, sejam elas negativas ou positivas. Deste modo, todos aqueles envolvidos na assistência devem proporcionar-lhe uma atmosfera de carinho e humanismo que a apoie neste momento tão importante. Deve ser permitido à mesma expressar livremente seus sentimentos e necessidades. O tratamento a ela oferecido deve ser individualizado e flexível para que se sinta segura e protegida. A presença de uma pessoa ao seu lado (marido, familiar, amiga, doula, etc.) deve ser encorajada e deve-se evitar a separação mãe-filho por qualquer momento, desde o nascimento até a alta, favorecendo o início de um relacionamento saudável e prazeroso. Tanto os fatores técnicos a humanos devem ser considerados para se assegurar uma experiência bem sucedida e gratificante. Além do mais, para a mulher, a sensação de estar sendo compreendida e em controle de si mesma pode resultar em uma experiência de alegria e crescimento interior, favorecendo um resultado positivo e permitindo que o nascimento seja a celebração da vida e do amor. A mulher e a família como centros de atenção A adoção de rotinas rígidas e inflexíveis e a organização da assistência não devem ser voltadas para satisfazer os interesses do serviço e da equipe, mas sim em direção aos interesses da mulher e sua família. Ambas devem receber apoio constante da equipe assistencial e suas angústias e questionamentos devem ser esclarecidos com uma linguagem clara e acessível. Todos os procedimentos a serem realizados devem vir acompanhados de uma explicação sobre o motivo da sua adoção e a mulher deve sentir que os mesmos são realmente necessários e que poderão contribuir para um bom resultado tanto para ela quanto para o seu filho. Fortalecimento da mulher como cidadã A mulher deve receber um tratamento personalizado, sendo chamada sempre pelo seu primeiro nome. A redução da mesma a apenas um número de leito ou patologia (a pré-eclâmpsia, a primigesta, etc.), chamamento tais como “mãezinha”, “minha filha”, “dona Maria”, etc. são práticas que 23 devem ser evitadas. Atitudes agressivas, verbais ou físicas, são inadmissíveis, evitando-se também manifestações de julgamento e censura; e adotando-se posturas que a dignifiquem como ser humano, inclusive garantindo-lhe a participação direta nas tomadas de decisão sobre o seu corpo, seu filho e sobre aquele momento. Respeito às características fisiológicas e naturais do nascimento A tendência de se tratar a gravidez e o nascimento como doenças, ao invés de expressões de saúde, deve ser evitada. Devem-se fortalecer as características fisiológicas e naturais do nascimento, evitando-se a adoção de práticas desnecessárias, já que existem muitas razões cientificas demonstrando que a permissão para que o nascimento ocorra de acordo com suas peculiaridades normais pode trazer melhores resultados para a mãe e para a criança. Apenas em raras ocasiões podem surgir desvios da normalidade ou complicações que justifiquem a adoção de determinadas intervenções. Evitar manobras e intervenções desnecessárias Nas últimas décadas, os avanços da medicina, juntamente com a melhoria nas condições de vida da população, têm conseguido melhorar os indicadores de saúde da mãe e da criança. Entretanto, muitas práticas e tecnologias sofisticadas não são justificadas por pesquisas bem feitas. Na realidade, novos estudos científicos têm demonstrado que tais técnicas têm sua limitação. O uso extensivo e rotineiro de tais tecnologias pode levar a um aumento nas taxas de intervenção sem as necessárias vantagens nos resultados. O profissional responsável pela assistência deve adotar aquelas práticas que sejam baseadas na melhor pesquisa disponível, aliando a arte da atenção obstétrica com a ciência, visando um nascimento seguro para a mãe e a criança. Práticas assistenciais Local do nascimento Por se tratar de um processo natural e fisiológico, existe um número de razões para que a mulher seja apoiada no parto em um ambiente quieto, seguro e que lhe seja familiar. Em muitos lugares surge a opção do parto domiciliar como mais uma alternativa para muitas mulheres que assim o desejarem e não possuam algum problema que as obriguem a ter os seus filhos ou filhas em um hospital. Não se pode esquecer que o fato da mulher se sentir em um ambiente familiar, emocionalmente seguro e agradável, cercada por parentes e amigos, pode trazer influências psicologicamente positivas e, deste modo, contribuir para que oparto transcorra de maneira mais satisfatória, com menos complicações e intervenções. Obviamente, devido às condições brasileiras, tal opção talvez esteja restrita para algumas mulheres e profissionais com características peculiares, que assim o desejarem. Aqueles que optarem por um parto domiciliar devem se cercar de todos os cuidados de segurança necessários: critérios estritos da seleção, ambiental higienicamente adequado, material e equipamento mínimos necessários para alguma intervenção, hospital de referência facilmente acessível e transporte rápido em caso de urgência. Outra opção existente em vários países quanto ao local do nascimento é o chamado centro de nascimento ou casa de parto, geralmente ligado a um hospital ou independente desse, mas com um de referência. Esses locais oferecem a oportunidade para que as mulheres de risco habitual possam vivenciar o processo de nascimento em uma atmosfera semelhante ao domicílio, geralmente assistidas por parteiras profissionais ou enfermeiras obstetras. Ali, as mulheres têm a opção da presença de familiares, assim como a liberdade para adotar a posição que desejarem durante o trabalho de parto e dar à luz na mesma cama em que estiverem, numa modalidade ppp. 24 O parto no ambiente hospitalar, que deverá continuar sendo a opção para a maioria das mulheres e seus assistentes, também pode oferecer alternativas que favoreçam uma assistência centrada na família com um mínimo de intervenções. Tal opção pode oferecer uma solução para o conflito, às vezes existente entre uma concepção mais humanista de assistência e as questões de segurança. O ambiente deve ser agradável e oferecer à mulher uma sensação de apoio e aconchego que a permita vivenciar o momento do nascimento como uma experiência prazerosa. As unidades pré-parto, parto e puerpério (unidade PPP) devem ser adotadas, pois oferece à mulher uma assistência integral desde o momento da admissão, sem a necessária mudança para ambientes diferentes nos diversos momentos do parto. Existem diversas camas alternativas que oferecem a opção de várias posições nos diferentes estágios do trabalho de parto e parto e promovem a oportunidade de baixo nível de intervenção, além de cuidados individualizados. Uma assistência baseada nessa filosofia pode aumentar o grau de satisfação dos usuários quanto à assistência oferecida no ambiente hospitalar sem prejuízo das questões de segurança. Tendo em vista as diversas alternativas existentes quanto ao local do nascimento, é necessário que as mulheres e suas famílias sejam informadas adequadamente sobre tais possibilidades, assim como os riscos e benefícios de cada uma delas. Cabe aos profissionais responsáveis pela assistência oferecerem essas informações sem preconceitos, para que as usuárias possam fazer uma opção livre e consciente. Obviamente, as preferências e visões do assistente também devem ser levadas em consideração, para que a escolha do local de nascimento ocorra em uma situação de confiança mútua e com o máximo de satisfação para todos os envolvidos. Trabalho de parto e parto Compreendendo as fases uterinas e o mecanismo de parto Durante a maior parte da gravidez, o útero tem suas fibras musculares relaxadas e em repouso. O colo uterino está firme e sem dilatação, com o objetivo de manter e sustentar a gestação. Ao final da gravidez, a gestante sente a barriga endurecer com mais frequência. Esse endurecimento é causado por contratações uterinas, que têm como objetivo preparar o colo do útero para a fase de dilatação, que ocorrerá com o início do trabalho de parto, ou seja, quando a mulher está prestes a dar à luz. Este é um momento de grande expectativa e apreensão, gerando dúvidas e medo. Os sinais mais importantes de início do trabalho de parto ativo são: Aparecimento de contratações uterinas rítmicas e regulares, geralmente 2 de 35 a 45 segundos em 10 minutos. Dilatação progressiva do colo do útero, de no mínimo 6 cm. Eliminação de secreções vaginais com discreto sangramento, muco e, às vezes, líquido amniótico quando ocorre ruptura da bolsa. Faz-se importante o conhecimento desses sinais para evitar internamentos em pródromos e início de TP, e consequentes distócias. Durante o trabalho de parto, a criança tem que percorrer um trajeto que é chamado de canal de parto, que vai desde o útero até a abertura da vulva. Este canal é formado pelos ossos da bacia, parte interior do útero, colo uterino, vagina e períneo. A passagem da criança por esse caminho é auxiliada pelas contrações uterinas, que têm a função de favorecer sua descida através do mesmo, assim como favorecer a dilatação do colo. O trabalho de parto é constituído de três fases distintas: 25 A dilatação do colo uterino (ou primeiro período); A expulsão do feto ou nascimento do bebê (ou segundo período); A dequitação ou saída da placenta (ou terceiro período). Primeiro período O primeiro período do parto, também chamado de fase de dilação, é a fase em que a dilatação do colo uterino ocorre de maneira progressiva até o início do período expulsivo. As contrações uterinas promovem a dilatação e o apagamento do colo do útero. A duração dessa fase é muito variável entre as mulheres, podendo durar até 24 horas ou mais em mulheres que irão ter o seu primeiro filho. O primeiro período também é dividido em duas fases, ou seja, a fase de latência e a fase ativa. A fase de latência se caracteriza por uma velocidade mais lenta da dilatação, podendo durar até duas vezes mais que a fase ativa. As contrações são um pouco irregulares e a mulher não refere muito desconforto. Nessa fase, a mulher pode até aguardar em casa antes de ser internada. A fase ativa se caracteriza por uma velocidade mais rápida da dilatação, iniciando quando o colo uterino se encontra dilatando cerca de 4-6cm. As contratações regulares e mais fortes, e a mulher pode se queixar de maior desconforto. Essas contrações irão favorecer a descida do feto através do canal de parto. Para descer e transpor os ossos da pelve, o feto realiza movimentos giratórios, tendo como eixo, sua própria coluna vertebral. E para diminuir o diâmetro da cabeça, o feto encosta o queixo no peito, fletindo sua cabeça. Os movimentos espirais ou de rotação interna que o feto realiza e a flexão de sua cabeça, permitem que ele desça milímetro a milímetro pelo canal de parto, alinhando sua coluna vertebral com a barriga ou a coluna da mãe. A partir desta fase é importante o acompanhamento da gestante pela equipe de profissionais para avaliação da evolução do parto, do bem-estar materno-fetal e do recém-nascido. Também é de fundamental importância o apoio emocional e o tratamento qualificado, digno e respeitoso dado à mulher e seus familiares. É o momento ideal para a mulher ser admitida e ser submetida aos cuidados rotineiros da assistência. Educação da parturiente Após a internação, a mulher deve receber informações que a ajudarão a enfrentar o trabalho de parto e parto com maior compreensão sobre o seu mecanismo, diminuindo a ansiedade e o medo. A mulher deve receber uma atenção tranquilizadora, sem estridência. Inclui a promoção da participação do cônjuge ou outro membro do grupo familiar no parto. Deve incluir os seguintes conteúdos: Informação sobre o trabalho de parto; Recomendações sobre sua participação ativa e a do familiar; Importância da posição vertical e deambulação para o período de dilatação, assim como outras posições; Importância da alimentação durante o trabalho de parto; Importância do aleitamento materno e cuidados com as mamas. 26 A informação que se dá à mãe deve ser verídica e contribuir para que se espere um trabalho de parto que se desenvolva com tranquilidade. A linguagem utilizada deve ser apropriada ao seu nível cultural. Deve recomendar-se à mãe a sua participação ativa, fazendo-a conscientedas modificações que vão ocorrendo e encorajando o seu familiar a fornecer-lhe o apoio necessário. Cuidados de Rotina De uma maneira geral, a mulher é submetida a uma série de procedimentos de rotina após a internação. A seguir uma discussão sobre cada um deles e a sua aplicabilidade. Sinais vitais maternos (medição de pressão arterial, pulso, temperatura, etc.) Para evitar a aparição de situações de desequilíbrio, são controlados periodicamente de acordo com a rotina do serviço. Dieta É muito comum nas maternidades brasileiras a proibição da ingestão de alimentos líquidos ou sólidos no trabalho de parto devido ao medo de aspiração de conteúdo do estômago durante uma anestesia. O risco, entretanto, está associado à anestesia geral, que é raramente praticada, principalmente em ambientes de baixo risco. Baseado na necessidade de manter uma hidratação e aporte calórico adequados à mulher durante o parto, assim como oferecer conforto e bem-estar, é comum em vários locais a permissão para que a mulher possa ingerir alimentos leves ou fluidos durante o trabalho de parto sem aumentar a incidência de complicações. A proibição da ingestão de alimentos leves ou líquidos durante o trabalho de parto não se justifica à luz dos conhecimentos atuais. Raspagem dos pelos genitais A raspagem dos pelos é outro procedimento comum, realizado com o intuito de diminuir os índices de infecção e facilitar a sutura do períneo em caso de laceração ou de corte. Muitas mulheres não gostam do procedimento e relatam um desconforto durante o período de crescimento dos pelos. Estudos concluíram não haver necessidade do seu uso rotineiro e, tendo em vista o potencial de complicações, não deveria fazer parte das rotinas. Acesso Venoso Em muitos lugares também é rotina a canalização de uma veia para a administração de soro às mulheres em trabalho de parto. Tal procedimento não é necessário, visto que a grande maioria delas A atenção humanizada ao parto procura: Vigiar o transcurso do mesmo; Não interferir com aspectos fisiológicos e psicológicos, evitando manobras e intervenções desnecessárias; Promover a participação ativa da parturiente e membro do grupo familiar que a acompanha; Fornecer apoio psíquico-físico à mulher; Promover contato precoce mãe-filho; Incentivar o aleitamento materno. 27 não apresenta nenhuma doença que o justifique. É necessário que a mulher tenha liberdade para se movimentar e se estiver presa a um soro isso poderá ser dificultado. Embora raras, tal procedimento pode trazer complicações que devem ser evitadas. Alívio da dor O alívio da dor durante o trabalho de parto pode ser obtido apenas com um suporte emocional e físico adequado. Deve-se transmitir segurança à parturiente, assim como orientá-la adequadamente sobre a evolução do parto. A presença de um familiar pode contribuir sobremaneira para a redução da intensidade dolorosa. As massagens corporais, banhos de chuveiro ou imersão, deambulação ativa, técnicas de respiração e relaxamento, toques confortantes, utilização das bolas de nascimento, etc., devem ser utilizados para alívio da dor. Ver adiante técnicas de apoio e métodos não farmacológicos de alívio da dor. Os métodos farmacológicos também são utilizados dependendo do desejo da mulher. Posição e movimentação da mulher Na maioria das maternidades brasileiras, a mulher é obrigada a permanecer em uma mesma posição durante o trabalho de parto, ou seja, virada para o lado esquerdo. Embora esta posição possa permitir uma melhor oxigenação para o feto, em comparação com a posição virada para o lado direito ou de barriga para cima, a permissão para que a mesma escolha a posição que melhor lhe convier, seja andando, sentada ou em pé, não oferece maior risco, além de promover uma maior satisfação. Imersão em água A imersão em água no primeiro estágio do trabalho de parto pode ser uma excelente medida de conforto para muitas mulheres, favorecendo um maior relaxamento e maior capacidade para suportar o estresse e as contrações, além de uma experiência mais holística no parto. As pesquisas indicam que a imersão em água não oferece maior risco à mulher e/ou seu filho ou filha e, portanto, o uso de banheiras ou pequenas piscinas pode ser uma opção que as maternidades ou centros de nascimento podem oferecer às mulheres. Alguns cuidados devem ser tomados para poder aumentar a segurança e a satisfação da mulher ao utilizar a água de parto: controle cuidadoso da temperatura (entre 34 e 37º C), limpeza e desinfecção adequada da banheira ou piscina, evitar imersão prolongada (entrar na água com 5 cm ou mais de dilatação cervical). Caso seja opção da mulher que o nascimento ocorra dentro d’água, outros cuidados adicionais devem ser adotados. Ver adiante. Período expulsivo O período expulsivo se inicia no momento que o colo atinge a dilatação completa, ou seja, 10 cm. Caracteriza-se por contrações intensas e a mulher sente um forte desejo de fazer força e de evacuar, pois o feto comprime a porção final do intestino. O períneo, constituído de músculos que separam a vagina do ânus, é a última barreira que o feto irá transpor. Para isso, ele deflete sua cabeça lentamente, fazendo com que os tecidos também se distendam lentamente. E assim vão saindo a testa, os olhos, o nariz, a boca e, por fim, o queixo. Após a saída da cabeça, um novo movimento de rotação possibilitará a saída dos ombros. O feto gira todo o corpo e sua coluna vertebral estará à direita ou à esquerda da mãe. Primeiramente, ocorre a saída do ombro que está acima, e após, a saída do ombro que está abaixo. Após a saída dos ombros, o restante do corpo sai com mais facilidade. Nesse momento ela é encaminhada para a sala de parto ou então o mesmo será assistido na mesma cama em que estiver, se for no estilo PPP. Os procedimentos para o período expulsivo são: 28 Posição para o parto O uso de posições verticais no parto, como cócoras, em pé, 4 apoios, entre outras, sempre foi utilizada pelas mulheres durante séculos, ocorrendo uma drástica mudança a partir do momento que o parto passou a ser assistido por médicos e, principalmente, no ambiente hospitalar. A posição de cócoras geralmente é a preferida pelas mulheres quando se oferece a liberdade para assumirem a posição que desejarem no momento do parto. Pesquisas científicas indicam que as parturientes devem ser encorajadas a adotarem a posição que acharem mais confortável durante a expulsão, procurando-se posições em que seja possível alguma forma de proteção do períneo durante o nascimento da criança. Parto na água O parto dentro d’água pode ser uma opção para muitas mulheres e tem se tornado bastante comum em várias partes do mundo. Pesquisas asseguram ser o mesmo seguro e confortável. Mesmo sendo considerado seguro, o parto na água requer alguns cuidados. Até o momento, não existe nenhuma razão convincente para desencorajar as mulheres de utilizarem a imersão em água no trabalho de parto ou parto. Episiotomia (corte no períneo) A episiotomia ou corte no períneo é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados no mundo inteiro, com a alegação de redução da probabilidade de lacerações perineais, preservação da musculatura perineal e da função sexual, além da redução de problemas com a perda de urina. Várias pesquisas cientificas, entretanto, demonstram que a episiotomia, quando realizada de rotina, pode provocar mais danos que benefícios. Baseado numa filosofia de cuidados que deve enfatizar o uso de intervenções apenas quando necessárias, a episiotomia de rotina deve ser abandonada da prática obstétrica atual. O seu uso deve se restringir às situações onde os benefícios possam ser maiores que os riscos. Cuidados com o recém-nascido O nascimento se completou... um momento de intensa emoção para todos os presentes e de fundamental
Compartilhar