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Profa. Ma. Selma Doná UNIDADE III Perícia, Avaliação e Arbitragem A avaliação compreende uma gama de situações, desde o valor dos bens patrimoniais até o valor do patrimônio empresarial. Fazer uma análise de tudo que possui e colocar o resultado em números em um papel é uma preocupação que muitas empresas deveriam ter antes mesmo de abrir suas portas para o mercado consumidor, a fim de possuir uma melhor noção do valor do bem ou dos bens que possui e, consequentemente, conseguir administrar melhor o espaço e a disposição deles, sem se deixar enganar. Conhecer o valor do patrimônio requer destreza e conhecimento técnico. Avaliação O valor patrimonial de uma empresa pode ser determinado, em um primeiro momento, por meio do balanço patrimonial, pois no grupo do patrimônio líquido é fixado o valor da empresa contabilmente, porém, sabe-se que esse valor é histórico, não refletindo o valor de mercado ou dos proprietários. Nesse momento, temos a seguinte situação: valor e preço, pois os montantes são fixados por quem tem interesse na avaliação, ou seja, vendedor, comprador, acionistas, público em geral, consumidores e outros. Avaliação A diferenciação entre valor e preço é de vital importância para a compreensão do processo de avaliação de empresas. No campo econômico, “valor” pode ser entendido como a apreciação feita por um indivíduo (em um dado tempo e espaço) da importância de um bem, com base em sua utilidade (objetiva e subjetiva). Portanto, é o grau de utilidade de um bem dentro de uma escala de preferência do consumidor que determina o seu valor. Assim, como preferência dos seres humanos e grau de utilidade de um bem não são fatores claramente definidos e mensuráveis, não se consegue fugir de certa subjetividade na determinação de valores de ativos. Avaliação De acordo com os objetivos da avaliação e as informações disponíveis, é possível calcular vários “valores” diferentes, numérica e conceitualmente, para as empresas, conforme os métodos de avaliação. São exemplos: valor contábil; valor de mercado da empresa em Bolsa de Valores; valor econômico da empresa, entre outros. Avaliação Enquanto o valor é relativo e depende de vários fatores, muitos deles subjetivos, o preço é único, exato e preciso e reflete fielmente a mensuração financeira de uma transação de compra e venda de determinada empresa. Todavia, o preço apenas será definido como conclusão do processo de negociação entre o desejo dos compradores e as expectativas dos vendedores, que utilizarão suas mensurações de valor como referencial para a tomada de decisão, em um processo em que, sem uma ideia mais coerente desse valor da empresa, passam a preponderar fatores de ordem emocional e interesses especulativos. Avaliação Em ações de alimentos – tem a finalidade de avaliar a capacidade econômica do cônjuge que responderá pela prestação pecuniária, para que o juízo fixe os valores dos alimentos. Em ações de inventário – a finalidade é mensurar o patrimônio do inventariado, para que a cada herdeiro possa ser atribuída a parte que lhe cabe na herança. Em dissoluções de sociedades – a finalidade é apurar os haveres dos sócios ou do sócio que se retira, para que a cada um se dê o que a si pertence. Em fundo de comércio – a finalidade é apurar o chamado “fundo de comércio” da entidade, para fins de avaliação em diversas situações, como a venda da empresa, fusões, cisões, penhora de cotas, leilões, dentre outros. Principais usos da avaliação de empresas em perícias contábeis Vários são os modelos de avaliação de empresas existentes na literatura de finanças, os quais podem ser utilizados em conjunto ou separadamente. Sua escolha deve considerar o propósito da avaliação e as características próprias do negócio a ser avaliado. A avaliação de uma empresa pode partir de dois pressupostos: a sua continuidade ou a sua descontinuidade. Modelos de avalição de empresas Os modelos patrimoniais de avaliação são utilizados em situações específicas, quando se tem interesse nos ativos da empresa e não no potencial de geração de resultados futuros que esses ativos representam, por exemplo, para determinar o valor de liquidação de uma organização em falência ou em recuperação judicial. Para apurar o valor da empresa, os modelos patrimoniais de avaliação partem das demonstrações financeiras, as quais, geralmente, são incapazes de refletir o valor econômico de um empreendimento. Os modelos que utilizam a abordagem patrimonial pressupõem que o valor de uma empresa pode ser estimado pelo valor de seu patrimônio líquido ou pelo valor de mercado de seus itens específicos. Modelos patrimoniais de avaliação O modelo de avaliação patrimonial contábil é baseado na diferença entre os ativos e os passivos exigíveis, mensurados conforme os princípios contábeis tradicionais. Sua equação pode ser representada da seguinte forma: Valor da empresa = ativos contábeis – passivos exigíveis contábeis = patrimônio líquido. A principal vantagem dessa abordagem é a de ser simples e fácil de ser aplicada, visto que o valor do patrimônio líquido de uma empresa é conhecido, necessitando apenas ser identificado nos registros contábeis. Diversos fatores dificultam a utilização desse método como indicador efetivo do valor econômico da empresa, a exemplo disso, os ativos normalmente estão avaliados aos custos históricos e não aos seus valores correntes (registro a valores de entrada e não de saída). Modelo de avaliação patrimonial contábil Nessa abordagem, os ativos e os passivos exigíveis são mensurados com base no valor de mercado de seus itens. Sua equação pode ser escrita da seguinte forma: Valor da empresa = ativos ajustados – passivos exigíveis ajustados. Embora esse modelo seja válido para um número maior de situações que o modelo de avaliação patrimonial contábil – pois, por considerar valores de saída, aproxima-se mais do valor econômico de mercado – também desconsidera o valor do goodwill da empresa, bem como os benefícios futuros que o conjunto dos ativos e dos passivos seria capaz de gerar. Modelo de avaliação patrimonial pelo mercado Esse método pressupõe que o valor de uma empresa pode ser estimado em função dos múltiplos de outras empresas que apresentem características semelhantes. É possível avaliar uma empresa encontrando outra empresa semelhante que tenha sido negociada recentemente, ou mediante a comparação com os valores de mercado das empresas de capital aberto É útil quando o avaliador possui apenas alguns dados básicos da empresa, como lucro ou faturamento – dados que, geralmente, são fáceis de ser obtidos por meios públicos, como jornais ou internet. Para realizar a avaliação por esse método, somente serão necessários mais dois dados: um indicando o valor da empresa semelhante e outro indicando um valor de referência, por exemplo: lucro, patrimônio líquido ou vendas. Avaliação relativa ou modelo baseado em múltiplos índices financeiros Devido às suas limitações, diversos autores consideram esse método útil quando utilizado como complementar a outras abordagens. O modelo se baseia na relação entre o preço e o lucro por ação da entidade semelhante que, multiplicado pelo lucro da avaliada, resulta no suposto valor do empreendimento. Avaliação relativa ou modelo baseado em múltiplos índices financeiros O método da avaliação por fluxo de caixa descontado tem sua fundamentação no conceito de finanças de valor presente: o valor atual de um fluxo ou de uma série futura de fluxos de caixa. O valor de qualquer ativo pode ser obtido pelo valor presente dos fluxos de caixa futuros dele esperados. A taxa de desconto será uma função do grau de risco inerente aos fluxos de caixa estimados e irá variar de ativo para ativo, com taxas maiores para os ativos de maior risco e menores para os demenor risco. Assim, de acordo com essa abordagem, o valor da empresa pode ser determinado pelo fluxo de caixa projetado, descontado por uma taxa que reflita o risco associado ao investimento. Avaliação por fluxo de caixa descontado As cinco principais variáveis para a avaliação de empresas por esse modelo são: Fluxo relevante de caixa: uma empresa vale aquilo que consegue gerar de caixa no futuro; Período de projeção: o fluxo de caixa deve ser projetado para um espaço de tempo que permita sua previsão com razoável confiança; Valor da perpetuidade ou residual: os fluxos de caixa não cobertos pelo período de projeção devem ser quantificados; Condições de endividamento financeiro; Taxa de desconto: a taxa de juros usada para descontar fluxos de caixa ao seu valor presente deve ser aquela que melhor reflita o custo de oportunidade e os riscos. Avaliação por fluxo de caixa descontado O valor e o preço têm interesse na avaliação. A partir dessa afirmação, responda: a) O valor é absoluto e não depende de fatores para a sua mensuração. Já o preço pode utilizar critérios subjetivos para a sua mensuração. b) O valor é relativo e o preço é subjetivo. c) O valor e o preço são relativos e dependem de vários fatores subjetivos para a sua mensuração. d) O valor e o preço são precisos e dependem de fatores objetivos para a mensuração. e) O valor é relativo e depende de vários fatores, muitos deles subjetivos, o preço é único, exato e preciso e reflete fielmente a mensuração financeira de uma transação. Interatividade O valor e o preço têm interesse na avaliação. A partir dessa afirmação, responda: a) O valor é absoluto e não depende de fatores para a sua mensuração. Já o preço pode utilizar critérios subjetivos para a sua mensuração. b) O valor é relativo e o preço é subjetivo. c) O valor e o preço são relativos e dependem de vários fatores subjetivos para a sua mensuração. d) O valor e o preço são precisos e dependem de fatores objetivos para a mensuração. e) O valor é relativo e depende de vários fatores, muitos deles subjetivos, o preço é único, exato e preciso e reflete fielmente a mensuração financeira de uma transação. Resposta A arbitragem é uma forma alternativa de composição de litígio entre as partes. Nessa técnica, o litígio pode ser solucionado por meio da intervenção de terceiro ou terceiros, indicado pelas partes, gozando da confiança de ambas. Com a assinatura da cláusula compromissória ou do compromisso arbitral, a arbitragem assume o caráter obrigatório e a sentença tem força judicial. O que são mediação e arbitragem: A Lei n. 9.307/1996 autorizou a utilização da arbitragem para o julgamento de litígios envolvendo bens patrimoniais disponíveis. Eles são aqueles direitos nos quais as partes podem transacionar – contratos em geral, como civis, comerciais e trabalhistas. Arbitragem Como funciona: Existe uma distinção entre os tratamentos dados a cada processo; logo que uma pessoa procura o tribunal, é oferecida a conciliação entre as partes envolvidas. A mediação consiste em um diálogo entre duas ou mais partes em conflito. Elas são acompanhadas por um mediador, para que possam chegar a um acordo satisfatório para ambas. Na mediação prevalece sempre a vontade das partes. O mediador não impõe soluções, apenas aproxima as partes para que negociem diretamente e reconheçam o conflito para buscar algum tipo de solução que contemple e satisfaça razoavelmente os interesses de todas. Mediação Na arbitragem, o juiz arbitral decide a pendência pela confiança que foi nele depositada pela eleição prévia em cláusula compromissória. As sentenças proferidas pelos tribunais arbitrais têm a mesma eficácia da sentença judicial. A principal diferença é o prazo máximo de seis meses para a solução dos conflitos. Somente é iniciado um processo no tribunal quando há um consenso entre as partes. Arbitragem Aceitação: Pode-se dizer que a maioria dos casos é resolvida por mediação. Apenas uma pequena faixa tem de ser realizada pelo método de arbitragem. Somente em poucos casos não se consegue iniciar o processo. Desde que esse tipo de justiça foi implantado, vem dando ótimos resultados em diversos municípios. Acredita-se que a procura ainda não é tão grande por falta de conhecimento de grande parte da população. Arbitragem Essa maneira de resolver os problemas, antes atribuídos à Justiça Comum, é mais vantajosa. Como funciona, relativamente, há pouco tempo no Brasil, as entidades existentes ainda não estão operando com um grande número de processos. Umas das vantagens apontadas por alguns árbitros é o fato de que atuam nos tribunais diversos profissionais especializados em várias áreas. Trabalham nos tribunais: contadores, médicos, engenheiros, economistas, corretores de imóveis, advogados, dentre outros. Arbitragem Casos: Uma grande variedade de casos pode ser tratada pelos tribunais. Qualquer tipo de controvérsia de origem civil, comercial e trabalhista que envolva bens patrimoniais disponíveis, ocorrida entre pessoas jurídicas ou físicas capazes de contratar, ganha resolução rápida nas entidades. Os mais comuns são os relacionados ao comércio. Em alguns tribunais, cerca 25% dos processos envolvem cheques devolvidos por falta de fundos. Noutros, estão as escolas e os cursos, com 23%. Nesses casos estão pessoas e instituições que tiveram qualquer tipo de problema de descontentamento com o serviço ou até mesmo quebra de contrato, no caso dos alunos. Arbitragem Ainda há os casos do setor imobiliário. Casos de compra e venda de imóveis, aluguéis atrasados, inadimplência de taxas, entre outros. Chama a atenção a possibilidade de solução, pelos árbitros e pelos mediadores, para os danos morais e materiais e ocorrências envolvendo o consumidor, como compra de produtos com defeitos em municípios em que não há órgãos de defesa do consumidor. Arbitragem Benefícios: Os benefícios da mediação e da arbitragem começam pelo tempo de cada processo. Ele não pode ultrapassar o período de seis meses. Na maioria dos casos, leva cerca de 20 dias. Alguns conflitos, quando submetidos à Justiça Comum, são decididos ao final de prolongadas práticas de prova pericial técnica; no tribunal, tudo é bem mais rápido. O custo-benefício entra justamente nessa questão. Em alguns tribunais, para se dar início a um processo é necessária a quantia de R$ 30,00 (trinta reais), não incluindo os honorários dos árbitros. Esses são cobrados no decorrer do processo. Arbitragem A arbitragem, há décadas utilizada nos países desenvolvidos, é regulamentada no Brasil pela Lei n. 9.307/96 (BRASIL, 1996), a chamada Lei da Arbitragem, e pela Lei n. 13.129/2015 (BRASIL, 2015); vem sendo reconhecida como o método mais eficiente de resolução de conflitos, contribuindo para o descongestionamento do Poder Judiciário. “Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. § 1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. (Incluído pela Lei n. 13.129, de 2015).” Arbitragem “§ 2º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações. (Incluído pela Lei n. 13.129, de 2015). Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. § 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. § 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.” Arbitragem “Art. 2º § 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. § 3º A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade. (Incluído pela Lei n. 13.129, de 2015).” Arbitragem Na arbitragem, impera a autonomia da vontade das partes envolvidas, manifestada na medida em que são elas que definem os procedimentos que disciplinarão esse processo, que estipulam o prazo final para sua condução, que indicam os árbitros que avaliarão e decidirão a controvérsia instaurada. Resumidamente, é como se fossem criadas regras particulares e de comum acordo entre os interessados. Isso garante além de uma boa solução para o caso, sigilo, economia, a certeza de que o julgamento do problema será realizado por pessoas com profundo conhecimento do assunto em questão e, além de tudo, rapidez, já que a arbitragem deve ser concluída no prazo máximo legal de 180 dias, se outro prazo não for acertado pelas próprias partes. Arbitragem Vantagens de recorrer ao Tribunal Arbitral: 1. celeridade: dada a própria natureza do procedimento arbitral, bem como a flexibilidade dos prazos que o caracterizam, os processos submetidos a decisões de um Tribunal Arbitral são concluídos de forma muito mais célere do que os processos que correm nos termos dos Tribunais Judiciais. Medeiam, em regra, cerca de três meses entre a submissão do processo e a decisão final. Porém, os árbitros respondem pelos danos causados por decisões não contempladas; Arbitragem 2. economia: a maior celeridade na resolução do litígio é obviamente um fator de grande economia para as partes. Além disso, as partes não necessitam suportar as custas com defensores e estão sujeitas a uma tabela de custas arbitrais predefinida, em que os montantes por ação são claramente inferiores aos despendidos em processo judicial; 3. confidencialidade: no procedimento arbitral, as decisões e todos os passos do processo não são públicos e apenas as partes interessadas têm acesso ao seu conteúdo; Arbitragem 4. liberdade na seleção de árbitros: no centro de arbitragem, ao contrário do que se sucede nos tribunais judiciais, as partes em litígio poderão escolher os árbitros a designá-los com todas as vantagens daí decorrentes, nomeadamente a da especialização; 5. decisão definitiva: às decisões proferidas em sede de arbitragem não cabe recurso, evitando-se a espera, que por vezes dura vários anos, pela decisão que dê o caso como julgado. Arbitragem Aponte quais as vantagens em se recorrer ao Tribunal Arbitral. a) Morosidade, liberdade na seleção de árbitros e decisão indefinida. b) Decisão definitiva, celeridade e liberdade na seleção de árbitros. c) Economia, confidencialidade, celeridade, liberdade na seleção de árbitros e decisão definitiva. d) Economia, confidencialidade, morosidade e liberdade na seleção de árbitros. e) Praticidade, confidencialidade, liberdade na seleção de árbitros e decisão definitiva. Interatividade Aponte quais as vantagens em se recorrer ao Tribunal Arbitral. a) Morosidade, liberdade na seleção de árbitros e decisão indefinida. b) Decisão definitiva, celeridade e liberdade na seleção de árbitros. c) Economia, confidencialidade, celeridade, liberdade na seleção de árbitros e decisão definitiva. d) Economia, confidencialidade, morosidade e liberdade na seleção de árbitros. e) Praticidade, confidencialidade, liberdade na seleção de árbitros e decisão definitiva. Resposta O árbitro é um profissional formado em Ciências Contábeis ou outras especializações que deverá ter conhecimento, discernimento e capacidade de julgamento imparcial para solucionar questões conflitantes de caráter contábil. Conforme o site do CRC-SP, “[...] árbitro é qualquer pessoa capaz que pode ser escolhida pelas partes para dirimir controvérsias entre elas e investida da autoridade que lhe confere a lei para prolatar sentença de mérito idêntico à da Justiça Comum”. Árbitros A figura do árbitro ou árbitros é definida no artigo 13, da Lei de Arbitragem: “Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.” O árbitro é um profissional competente e designado por órgão regulador, não podendo ser “conhecido” ou ter ligações de amizade ou laços familiares com os envolvidos. Árbitros Por serem as funções semelhantes entre si, ou mesmo iguais, existe o que é denominado de convergência psíquica entre peritos e árbitros, ou seja, eles “afluem do mesmo modo o conjunto de processos mentais conscientes ou inconscientes do indivíduo”. Árbitros A aceitação para desempenhar a função de árbitro não é obrigatória e a recusa não necessita de resposta e tampouco ser fundamentada, como é exigido na perícia judicial. A aceitação ficará expressa em documento ou compromisso e a investidura do árbitro ocorrerá no momento em que ele declarar formalmente que está apto e sem impedimentos para processar e julgar determinada causa. Árbitros Nada impede que um mesmo árbitro atue em vários processos, mas o compromisso arbitral deve ser individualizado em cada processo. O número de árbitros indicados pelas partes deverá ser ímpar sempre que possível. Quando forem nomeados números pares de árbitros, eles deverão nomear mais um árbitro e, em caso de controvérsia, este será escolhido na Justiça Comum. A lei ainda permite que instituições arbitrais ou entidades especializadas atuem em arbitragem de tal forma que as partes possam, em comum acordo, estabelecer a escolha dos árbitros ou deixar que estas assim o façam. Árbitros O árbitro é um profissional com amplos conhecimentos da área contábil em todo seu espectro, capacidade de justiça, imparcialidade e bom discernimento. Deve ser um profissional de nível superior, pois, mesmo que isso não seja uma exigência legal, é conveniente para que não haja dúvida de seus conhecimentos. Em sua atividade, o árbitro deverá fazer o papel de juiz de direito e de fato e a sentença que proferir será com força de título executório. Requisitos para ser árbitro Muito embora a lei não faça exigências quanto aos conhecimentos técnicos e científicos do árbitro, ela disciplina procedimentos comportamentais no desempenho dessa função: Art. 13. “§ 6º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.” Supõe-se que a não exigência de escolaridade de nível superior pretenda tornar o processo de arbitragem simplificado, mas, quando a lei ressalta a competência, subentende-se que é aconselhável a atuação de experts no julgamento da matéria, até mesmo porque determinadas matérias só podem ser julgadas por profissional tecnicamente habilitado. Requisitos para ser árbitro Se, por um lado, a lei não exige que o árbitro tenha títulos, os órgãos institucionais de arbitragem têm defendido a ideia e exigido de seus participantes esses quesitos como forma de salvaguardar o bom nome da instituição. A independência do árbitro se refere a que ele não tenha com as partes ligações que possam torná-lo inseguro ou dependente em relação à sua forma de examinar a questão arbitrada. Requisitos para ser árbitro O bom árbitro deve ser zeloso e diligente, não se esquecendo dos pormenores de cada questão examinada e possíveis implicações de seu julgamento. Ele deve estar atento às consequências de sua sentença. Se, no caso da justiça estatal, salvo segredos de justiça, os atos são públicos, a arbitragem tem como um de seus méritos a não publicidade, salvaguardando informações confidenciais sobre pessoas físicas ou jurídicas. Encontramos na discrição similaridade com as exigências comportamentais da atividade de perito, que, assim como o árbitro, deverá deixar todos os comentários paraos autos do processo. Requisitos para ser árbitro A imparcialidade também é requisito disciplinado em lei e, embora possa ser nomeado por uma parte, o árbitro deve estar consciente de que seu compromisso é com a verdade e não com amizades. As exigências feitas pela lei, em seu artigo 13, encontram-se disciplinadas na Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PP 01, de 27 de fevereiro de 2015, referente às normas profissionais do perito contábil. O árbitro-contador deve, além de seguir todos os ditames que a função exigir, ser um conhecedor da ciência e da técnica contábil, das normas brasileiras e internacionais de Contabilidade, bem como dos preceitos éticos pertinentes à sua profissão. Requisitos para ser árbitro Segundo a legislação, no desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com: a) Parcialidade, dependência, competência, diligência e discrição. b) Imparcialidade, independência, competência, diligência e indiscrição. c) Imparcialidade, dependência, competência, diligência e discrição. d) Imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição. e) Imparcialidade, independência, incompetência, diligência e indiscrição. Interatividade Segundo a legislação, no desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com: a) Parcialidade, dependência, competência, diligência e discrição. b) Imparcialidade, independência, competência, diligência e indiscrição. c) Imparcialidade, dependência, competência, diligência e discrição. d) Imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição. e) Imparcialidade, independência, incompetência, diligência e indiscrição. Resposta O árbitro deve ter o bom senso de verificar antecipadamente as situações em que pode ocorrer o seu impedimento, de tal sorte que não suscite suspeição na fase da arbitragem. A possibilidade de impedimento e suspeição do árbitro é decorrente, principalmente, das ligações sociais, como amizade e familiares com as partes envolvidas. Também deve ocorrer o impedimento caso a matéria não seja de conhecimento do árbitro, ou se for verificado que o julgamento requer conhecimentos mais profundos que os que ele detém. Impedimento e suspeição As situações que caracterizam impedimento e suspeição do árbitro são de extrema importância, pois poderão ser razões posteriores para anulação da arbitragem. Pela Lei de Arbitragem, árbitros são igualados a juízes em atividade e as responsabilidades e os deveres deles estão previstos no Código de Processo Civil. Impedimento e suspeição As normas legais – Código do Processo Civil – e as normas de procedimento – NBC – disciplinam os aspectos do impedimento. Todas as possibilidades que impedem a atuação do profissional como árbitro são previstas nessas normas, cada qual envolvendo uma situação específica. O impedimento é a restrição mais séria ao trabalho do árbitro e se encontra disciplinado no trabalho pericial contábil, nas normas NBC PP 01. Impedimento Segundo o artigo 144, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), são causas do impedimento do árbitro, portanto, circunstâncias impeditivas de sua participação no processo de arbitragem: I. “em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II. de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III. quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; Impedimento IV. quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V. quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI. quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII. em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII.em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; Impedimento IX. quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.” Impedimento A suspeição ocorre quando há indícios ou tendências no julgamento, além dos casos de impedimentos – nos quais os árbitros são impedidos de participar da arbitragem. A suspeição ocorre quando uma das partes se sente prejudicada por atos executados pelo árbitro que favoreçam a outra parte. Esses sinais são visíveis para a parte prejudicada, que deverá questionar a suspeição do árbitro. Os conceitos de suspeição se parecem com os de impedimento. Suspeição Segundo Teixeira e Andreatta (1997, p. 202): “[...] a diferença fundamental é que nestes, de suspeição, existem casos que estão voltados para situações de cunho subjetivo e perante os quais a consciência do árbitro terá função preponderante para sua presença ou não no processo.” A suspeição de parcialidade do juiz está regulada nos artigos 145 e 147, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015). Suspeição É importante observar que a lei determina a equiparação dos árbitros aos funcionários públicos, para efeitos da legislação penal. A responsabilidade do árbitro tem início no momento em que a função de arbitrar é aceita e findará quando o último ato processual for praticado. Segundo o Código de Processo Civil, os árbitros podem incorrer no exercício de suas funções, em crimes, com penas determinadas para a condição de funcionário público. Dentre os crimes previstos nesse código, três poderão, se cometidos, vir a motivar anulação da arbitragem. São eles: concussão, prevaricação e corrupção passiva. Esses crimes são definidos no Código Penal. Suspeição Caberá à parte que requerer a arbitragem escolher o tipo de procedimento arbitral a ser adotado. A parte requerida poderá solicitar a conversão do procedimento. A Câmara de Arbitragem do Mercado oferece três tipos de procedimento arbitral: Ordinário – é o procedimento arbitral mais completo. Requer três árbitros. Sumário – é um procedimento simplificado. Somente um árbitro é necessário. Ad hoc – nesse tipo de arbitragem, se as partes desejarem e estiverem de acordo, poderão também escolher árbitros externos à Câmara de Arbitragem do Mercado ou, ainda, escolher outra Câmara ou Centro de Arbitragem para proceder à análise e à solução do conflito. Procedimentos arbitrais A arbitragem se assemelha a um processo judicial, só que a grande diferença é que, ao invés de ela ser administrada pelo Estado, a questão conflitual é administrada por uma Câmara de Arbitragem, que atua como um Poder Judiciário, como um fórum privado. O árbitro faz o papel do juiz e é escolhido de comum acordo pelas partes. Pela lei, pode ser qualquer pessoa detentora de confiança das partes. A sentença arbitral é também irrecorrível e essa é uma de suas grandes vantagens, porque, uma vez obtido o julgamento pelo árbitro, não há como recorrer da decisão. O sigilo é exigido e, portanto, as partes não têm seu litígioexposto para toda sociedade, de forma comercialmente negativa. Procedimentos arbitrais A decisão arbitral é expressa pela sentença arbitral, também denominada por outros autores de laudo arbitral. A lei da arbitragem utiliza esses termos como sinônimos, mas alguns autores preferem empregar sentença arbitral, por entenderem que o laudo arbitral se constitui na sentença da jurisdição estatal. A sentença é o resultado do procedimento arbitral e produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos de uma sentença judicial. As regras referentes ao momento em que se considera prolatada a sentença arbitral normalmente estão expressas nos ordenamentos jurídicos estatais, mas as partes também poderão convencioná-las. Sentença arbitral A sentença só pode ser proferida após deliberação e votação, o que não ocorre, evidentemente, se for apenas um árbitro. O julgamento só será feito em conjunto e não ocorrerá transferência de poderes a terceiros. No caso de ser nomeado um árbitro com assistência de perito, ele não terá poderes para julgar. Sentença arbitral de acordo com a Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996 (BRASIL, 1996): “Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes.” Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro. Sentença arbitral “Art. 31 A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui titulo executivo. Art. 32 É nula a sentença arbitral se: I. For nula a convenção de arbitragem; II. Emanou de quem não podia ser árbitro; III. Não contiver os requisitos do artigo 26 desta lei; IV. For proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; V. Revogado pela Lei n. 13.129, de 2015; Sentença arbitral VI. comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; VII. proferida fora do prazo, respeitado o disposto no artigo 12, inciso III, desta lei; VIII.forem desrespeitados os princípios de que trata o artigo 21, § 2°, desta lei. Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.” Sentença arbitral Sobre os impedimentos do árbitro, assinale a alternativa incorreta. a) Está impedido de atuar em causa que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento. b) Está impedido de atuar em causa de que conheceu em outro grau de jurisdição. c) Está impedido de atuar em causa quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro. d) Está impedido de atuar em causa quando não for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo. e) Está impedido de atuar em causa quando ele for parte no processo. Interatividade Sobre os impedimentos do árbitro, assinale a alternativa incorreta. a) Está impedido de atuar em causa que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento. b) Está impedido de atuar em causa de que conheceu em outro grau de jurisdição. c) Está impedido de atuar em causa quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro. d) Está impedido de atuar em causa quando não for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo. e) Está impedido de atuar em causa quando ele for parte no processo. Resposta HOOG, Wilson A Z. Perícia Contábil: normas brasileiras interpretadas. 5. ed. Curitiba: Juruá, 2012. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01.pdf ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SÁ, Antonio Lopes de. Perícia Contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011. TAKATORI, Ricardo Sussumo. Perícia, avaliação e arbitragem. São Paulo: Editora Sol, 2013. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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