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Transtorno de Ansiedade Social (TAS) Fobia Social DEFINIÇÃO A fobia social é a incapacidade de lidar com situações de interações sociais com desconhecidos ou em lugares que coloquem a pessoa em evidência, gerando um extremo desconforto e nervosismo, fazendo com que ela se sinta vulnerável e evite essas situações a qualquer custo. Quem possui fobia social age dessa forma, porque acredita que está sendo analisada o tempo inteiro e julgada pelas suas palavras, comportamento e atitudes. Como o desconforto é muito grande ao passar ou simplesmente por pensar que pode passar por alguma situação que possa ser constrangedora a ela, a pessoa com fobia social vai agir sempre na fuga das situações, evitando-as o máximo possível a fim de não experimentar aquelas sensações desagradáveis. Portanto, uma pessoa com fobia social vai desviar-se ao máximo de interagir com pessoas que não conhece ou ficar calado mesmo em situações com seus amigos quando uma nova pessoa está por perto. Ela não tomará a iniciativa em uma conversa e evitará ao máximo o contato visual. Festas e reuniões são seu verdadeiro pavor e sempre arranjará uma desculpa para não estar presente. Se houver alguma atividade importante em que ela se sinta exposta na escola, faculdade ou trabalho, sua tendência será de faltar. CLASSIFICAÇÃO Os indivíduos com transtorno de ansiedade social do tipo somente desempenho → têm preocupações com desempenho que são geralmente mais prejudiciais em sua vida profissional (p. ex., músicos, dançarinos, artistas, atletas) ou em papéis que requerem falar em público. Os medos de desempenho também podem se manifestar em contextos de trabalho, escola ou acadêmicos nos quais são necessárias apresentações públicas regulares. E não temem ou evitam situações sociais que não envolvam o desempenho. É importante fazer a distinção entre os subtipos de TAS, pois esta discriminação pode fornecer informações quanto à gravidade, incapacidade e prejuízos inerentes ao TAS, os quais são maiores no subtipo generalizado. Igualmente, sugere-se que esta diferenciação possa determinar diferentes abordagens medicamentosas e/ou psicoterápicas. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), apresenta: Incapacidade → um termo genérico para caracterizar deficiências, limitações de atividades e restrições de participação em diferentes domínios, englobando a interação entre o indivíduo e seus fatores contextuais. EPIDEMIOLOGIA As fobias específicas acometem cerca de 10% da população geral. Costumam se iniciar na infância e, se não forem graves nem ocorrerem em comorbidade, podem desaparecer sem tratamento, mas comumente persistem por toda a vida. – Geralmente, a fobia é evitada com facilidade e não gera prejuízo social, mas indivíduos com fobias específicas têm cinco vezes mais chances de apresentarem outro transtorno psiquiátrico ao longo da vida. O tratamento é por meio de técnicas de exposição gradual aos estímulos fóbicos, e costuma ser eficaz em 70% a 85% dos casos. O TAS é um dos transtornos mentais mais prevalentes, com taxas de 13% ao longo da vida e de 8% em 12 meses entre adultos. O TAS tem um risco aumentado para TDM, transtorno por uso de substância e doenças cardiovasculares. Os traços de temperamento subjacentes que predispõem os indivíduos ao TAS incluem inibição comportamental e medo de avaliação negativa. Esses traços são fortemente influenciados geneticamente. Crianças com alta inibição comportamental são mais suscetíveis às influências ambientais, como modelos parentais socialmente ansiosos. Parentes de 1º grau têm uma chance 2 a 6 vezes maior de ter o transtorno. Maus-tratos e adversidades na infância são fatores de risco para o transtorno. Em geral, são encontradas taxas mais altas no sexo feminino do que no masculino, com proporções variando de 1,5:1 a 2,2:1. Estudos indicam que as mulheres (9%) são mais propensas a ter fobia social e demonstram uma apresentação clínica mais grave em comparação com os homens (7%). Sugerem que homens e mulheres com fobia social têm idades de início de manifestações da doença semelhantes e taxas de procura por tratamento também semelhantes. A prevalência ao longo da vida pode ser de 13%. Apesar de se apresentar geralmente na adolescência, no período inicial de 15 anos, acentuando-se no desenvolvimento e na fase adulta, a fobia social pode desenvolver-se precocemente na infância, apresentando comportamentos de esquiva social excessiva, timidez extrema, recusa em participar de brincadeiras comuns à idade, e se manter sempre perto dos adultos conhecidos que lhe passam segurança (núcleo familiar). Além dos males da própria patologia, há associação de comorbidades, sendo mais incidente a depressão, que pode ocorrer como consequência do isolamento social e sentimentos de inferioridade, além do uso abusivo do álcool e drogas, meio encontrado como redutor, mesmo que momentâneo, da ansiedade, ocorrendo principalmente quando o início dos sintomas é na infância ou na adolescência. A idade média de início do transtorno de ansiedade social nos Estados Unidos é 13 anos, e 75% dos indivíduos têm idade de início entre 8 e 15 anos. O transtorno ocasionalmente emerge de história infantil de inibição social ou timidez. O início também pode ocorrer no princípio da infância. Pode se seguir a uma experiência estressante ou humilhante (p. ex., ser alvo de bullying, vomitar durante uma palestra pública) ou pode ser insidioso, desenvolvendo-se lentamente. O início na idade adulta é relativamente raro e é mais provável de ocorrer após um evento estressante ou humilhante ou após mudanças na vida que exigem novos papéis sociais (p. ex., casar- se com alguém de uma classe social diferente, receber uma promoção no trabalho). O transtorno de ansiedade social pode diminuir depois que um indivíduo com medo de encontros se casa e pode ressurgir após o divórcio. Entre as pessoas que buscam atendimento clínico, o transtorno tende a ser particularmente persistente. Os adolescentes apresentam um padrão mais amplo de medo e esquiva, incluindo os encontros, comparados com crianças menores. Os adultos mais velhos expressam ansiedade social em níveis mais baixos, mas dentro de uma variedade mais ampla de situações, enquanto os adultos mais jovens expressam níveis mais altos de ansiedade social para situações específicas. Em adultos mais velhos, a ansiedade social pode referir-se a incapacidade devido ao declínio do funcionamento sensorial (audição, visão), vergonha em relação à própria aparência (p. ex., tremor como um sintoma da doença de Parkinson) ou funcionamento devido a condições médicas, incontinência ou prejuízo cognitivo (p. ex., esquecer os nomes das pessoas). A detecção do transtorno de ansiedade social em adultos mais velhos pode ser desafiadora devido a diversos fatores, incluindo foco nos sintomas somáticos, doença médica comórbida, insight limitado, mudanças no ambiente ou nos papéis sociais, os quais podem obscurecer o prejuízo no funcionamento social ou psíquico. COMORBIDADE O transtorno de ansiedade social é com frequência comórbido com outros transtornos de ansiedade, transtorno depressivo maior e transtornos por uso de substâncias, e seu início geralmente precede o de outros transtornos, exceto a fobia específica e o transtorno de ansiedade de separação. O isolamento social crônico no curso de um transtorno de ansiedade social pode resultar em transtorno depressivo maior. A comorbidade com depressão é alta também em adultos mais velhos. Substâncias podem ser usadas como automedicação para medos sociais; porém,os sintomas de intoxicação ou abstinência, como tremor, também podem ser uma fonte de (mais) medo social. O TAS é frequentemente comórbido com transtorno bipolar ou transtorno dismórfico corporal; por exemplo, um indivíduo tem transtorno dismórfico corporal referente à preocupação com uma leve irregularidade em seu nariz e também transtorno de ansiedade social devido a um medo grave de parecer pouco inteligente. A forma mais generalizada de transtorno de ansiedade social, mas não o transtorno de ansiedade social do tipo somente desempenho, é com frequência comórbida com transtorno da personalidade evitativa. Em crianças, as comorbidades com autismo de alto funcionamento e mutismo seletivo são comuns. FATORES DE RISCO Existem muitos caminhos para o desenvolvimento da fobia social, com uma ampla gama de fatores de risco e proteção tendo influência. Deriva de importante interação entre fatores ambientais e intrínsecos ainda pouco esclarecidos. Observa-se que fatores causais e de manutenção da fobia social podem não ser os mesmos e que diferentes fatores de risco podem ser mais ou menos influentes em diferentes idades. Fobia social geralmente inicia-se a meio da adolescência, embora por vezes possa acontecer na infância ou na idade adulta. Vários fatores aumentam o risco: • Histórico familiar de doença de cunho psicológico. • Experiências negativas com outras crianças (rejeição, humilhação, implicação, ‘bullying’); • Temperamento: tímido, introvertido, retraído aumentam o risco; • Novas exigências sociais ou de trabalho: discursar em público, por exemplo; • Ter uma condição de saúde que atraia a atenção das pessoas (desêguramento facial, tremores involuntários), podem aumentar a ansiedade em algumas pessoas. Assim como várias condições de saúde mental, a fobia social é muito provavelmente o resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. As disfunções de ansiedade geralmente ocorrem em famílias, no entanto as relações entre a genética e comportamentos apreendidos não está bem estabelecida. Pessoas com fobia social, frequentemente descrevem os pais como: • Superprotetores; • Não muito afetivos; • Constantemente críticos com eles e preocupados se estes fazem algo de errado; • Muito exigentes com as maneiras e aparência, reforçando a importância destas; • Exagerados com o perigo da aproximação com estranhos. ETIOLOGIA As causas para a fobia social podem ser inúmeras, mas quase sempre estão relacionadas com o ambiente no qual aquela pessoa está inserida, suas relações, personalidade e até mesmo fatores genéticos. Indo dos fatores biológicos às questões comportamentais e ambientais, podemos citar a hereditariedade, pois apesar de não haver comprovação científica nesse caso, a fobia social é mais comum em pessoas que tenham histórico na família. A estrutura cerebral também pode influenciar, pois uma hiperatividade em determinadas regiões podem tornar a pessoa suscetível a situações ansiosas. Já em relação aos fatores ambientais, que são mais determinantes nesses casos, a criação que a criança recebeu dos pais é algo bastante importante, bem como sua vivência na escola. Crianças tendem a desenvolver fobia social quando criadas em um meio muito repressivo ou sem afeto. No caso da escola, crianças que sofrem bullying ou possuem dificuldade de aprendizagem também têm mais chances de desenvolver o transtorno. Algumas situações também podem desencadear a fobia social, como no caso de pessoas que tiveram algum trauma por estarem expostas a outras pessoas em alguma situação constrangedora, por exemplo. Nesses traumas também se incluem assédio moral e sexual. É importante ressaltar que pessoas com personalidade com traços de timidez têm mais probabilidade em desenvolver fobia social. Por isso, ficar atento aos sinais nas crianças, que podem ser observados em situações em que a criança evita de encontrar os coleguinhas, está recluso demais ou não se envolve em nenhum círculo social. Nesses casos, a criança precisa ser estimulada para conseguir lidar melhor com situações que envolvam contato social. A ajuda de um psicólogo ou psiquiatra é muito bem-vinda. O mesmo vale para adultos. FISIOPATOLOGIA Os sistemas cerebrais de defesa, constituído por estruturas nervosas, longitudinalmente organizadas, formado pela amígdala, hipotálamo medial e matéria cinzenta periaquedutal e o sistema de inibição comportamental estão inter- relacionados à ansiedade. A amígdala possui conexões nervosas com o neocórtex, com estruturas límbicas, funcionando como interface sensório-emocional entre elas, avaliando e classificando o tipo e grau do estímulo. O resultado desse estímulo é, então, transmitido ao hipotálamo medial e à matéria periaquedutal. A matéria cinzenta periaquedutal seleciona e organiza reações comportamentais e fisiológicas da defesa, visto que esta deve ser apropriada ao resultado do estímulo. O hipotálamo medial regula o funcionamento da hipófise que, por meio da secreção do hormônio adrenocorticotrópico estimula as glândulas suprarrenais a secretar glicocorticoides, como o cortisol, norepinefrina e epinefrina. A ativação do sistema de inibição comportamental a estímulos condicionados a frustração, punição, ameaças, provoca a inibição dos movimentos de qualquer animal. Quando o estímulo atual é compatível com o esperado, então o sistema permanece no modo de “checagem”, não havendo o controle comportamental pelo sistema de inibição comportamental, se o estímulo atual não é compatível com o esperado, o sistema de inibição comportamental opera no modo de “controle”, gerando a inibição comportamental, acompanhada do aumento de atenção ao meio e da vigilância em direção aos estímulos potencialmente perigosos. Os neurotransmissores que participam da modulação e regulação do sistema defensivo são a noradrenalina, epinefrina, dopamina, serotonina, ácido gama-aminobutírico (GABA) e peptídeos que atuam como fator de liberação de corticotropina. A noradrenalina é implicada na defesa da ansiedade e quando em baixas doses há uma regulação noradrenérgica deficitária. A serotonina possui um papel tanto inibitório quanto estimulatório, quando os sistemas cerebrais de defesa são estimulados por sinais de perigo através da amígdala, há a ativação de neurônios serotoninérgicos. O GABA exerce função inibitória sobre os neurônios serotoninérgicos cuja função é controlar o sistema nervoso central garantindo seu funcionamento moderado, e os benzodiazepínicos atuam de maneira a potencializar a ação dos neurotransmissores. O sistema endócrino é grande influenciador em todos os processos supracitados. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas da fobia social são formados por um conjunto de sensações emocionais e físicas que a pessoa pode sentir, além da externalização do comportamento em virtude desse transtorno. Às vezes, os sintomas da fobia social podem ser confundidos com as características da personalidade de uma pessoa tímida, mas suas consequências são muito mais graves. Enquanto uma pessoa tímida experimenta um pouco de nervosismo em situações novas ou de exposição, quem tem fobia social sofre uma reação muito mais intensa, de verdadeiro pavor e com muita ansiedade. Com isso, toda sua estrutura de vida e rotina são afetadas, prejudicando seu trabalho, estudos, relacionamentos e amizades. Veja quais são os sintomas experienciados por quem possui fobia social, divididos em sintomas comportamentais e físicos: Sintomas COMPORTAMENTAIS • Medo de interagir com pessoas desconhecidas, autoridades ou de destaque • Medo de demonstrar nervosismo e ansiedade • Medo de demonstrar sintomas físicos (comorubor e voz trêmula) • Receio em passar por constrangimentos • Ansiedade extrema que antecede um evento, compromisso ou encontro • Receio em ser colocado em evidência em alguma situação • Receio de chegar em uma sala já com as pessoas sentadas • Ficar apreensivo em posicionar-se em discordância com alguma pessoa • Receio de expressar sua opinião • Pavor de situações em que pode ser avaliado • Ficar nervoso ao reunir-se com amigos em uma festa ou colegas do trabalho fora do expediente • Receio de atender ao telefone ou outras chamadas • Desconforto em manter contato visual com alguém durante uma conversa. Sintomas FÍSICOS • Respiração ofegante • Batimento cardíaco acelerado • Enrubescimento da face • Náuseas ou enjoo • Confusão mental • Dor de barriga • Tensão muscular • Tontura ou desorientação Além de todos esses possíveis sintomas, pessoas com fobia social sentem-se avaliadas e julgadas por todos o tempo todo. Por isso, sempre depois de passarem por uma situação que tenha causado desconforto, elas ficarão analisando por muito tempo depois o seu desempenho, em um looping ansioso, em busca de erros que possa ter cometido em relação ao seu comportamento ou o que falou ou deixou de falar, por exemplo. Crianças e adolescentes Os primeiros sintomas do transtorno de ansiedade social em adolescentes pode ser preocupação excessiva antes de participar de um evento social ou preparação excessiva para uma apresentação em sala de aula. Os primeiros sintomas em crianças podem ser acessos de raiva, choro, congelamento, apego ou afastamento de situações sociais. Comportamentos de esquiva (p. ex., recusar a ir à escola, não ir a festas, não comer na frente dos outros) podem ocorrer em seguida. As queixas são geralmente somatizadas (p. ex., “Meu estômago dói”, “Eu tenho cefaleia”). Esta somatização leva estas crianças a muitas consultas e avaliações médicas. A criança afetada tem pavor de sentir-se humilhada perante seus pares, ao dar uma resposta errada, dizer algo inapropriado, ficar envergonhada ou mesmo vomitar. Em alguns casos, o transtorno de ansiedade social surge após um incidente embaraçoso, desagradável. Nos casos graves, as crianças se recusam a falar ao telefone ou até a sair de casa. Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico → Podem ser inadequadamente assertivos ou muito submissos ou, com menos frequência, muito controladores da conversa. → Podem mostrar uma postura corporal excessivamente rígida ou contato visual inadequado ou falar com voz extremamente suave. → Podem ser tímidos ou retraídos e ser menos abertos em conversas e revelar pouco a seu respeito. → Podem procurar emprego em atividades que não exigem contato social, embora esse não seja o caso para indivíduos com transtorno de ansiedade social somente desempenho. → Podem sair da casa dos pais mais tarde. → Os homens podem retardar o casamento e a paternidade, enquanto as mulheres que gostariam de trabalhar fora de casa podem viver uma vida inteira como donas de casa. → A automedicação com substâncias é comum (p. ex., beber antes de ir a uma festa). INVESTIGAÇÃO CLÍNICA Frases baseadas em crenças ANAMNESE Estrutura para iniciar a entrevista psquiatrica: ✓ Identificação/dados gerais; ✓ Confiabilidade e acompanhante; ✓ Queixa principal e duração; ✓ História da doença atual; ✓ História psiquiátrica prévia; ✓ História social e de desenvolvimento; ✓ História familiar prévia; ✓ Uso de psicotrópicos prévios e atuais; ✓ Hábitos, uso e abuso de substâncias e comportamentos aditivos; ✓ Antecedentes pessoais clínicos e medicamentos; ✓ Revisão de sintomas psiquiátricos ✓ Exame do estado mental; ✓ Avaliação física sumária; ✓ Formulação de hipóteses; ✓ Diagnóstico baseado no DSM-5; ✓ Plano terapêutico. 1) IDENTIFICAÇÃO: A identificação é idêntica a semiológica, nela perguntamos o nome, sexo, idade, estado civil, grupo étnico, procedência, religião, profissão. 2) QUEIXA PRINCIPAL: Utilizando-se a terminologia do paciente, deve-se fazer uma breve descrição sobre o problema atual para o qual ele está buscando ajuda profissional, ou para o qual foi trazido por outros para o tratamento. É importante observar quem encaminhou, de quem foi a iniciativa de buscar ajuda e com que objetivo. 3) HISTÓRIA MÓRBIDA ATUAL: Deve-se avaliar como a doença começou, se existiram fatores precipitantes, como evoluiu, qual a gravidade e o impacto da doença sobre a vida da pessoa. É importante considerar a descrição detalhada dos sintomas, a frequência, duração e flutuações dos mesmos. Ainda, deve-se observar a sequência cronológica dos sintomas e eventos relacionados desde as primeiras manifestações até a situação atual. 4) ANTECEDENTES – História médica e psiquiátrica: Descrever, em ordem cronológica, as doenças, cirurgias e internações hospitalares. Observar o estado atual de saúde, as mudanças recentes de peso, de sono, hábitos intestinais e problemas menstruais. Colher informações sobre medicamentos em uso e, habitualmente, consumidos verificando dosagem e quem prescreveu. Verificar abuso de medicamentos, de drogas e álcool. Quanto aos antecedentes psiquiátricos levantar informações sobre os tratamentos prévios, especificando há quanto tempo ocorreram, o tipo e a duração dos mesmos. Verificar a utilização prévia de psicofármacos, especificando tipo e dosagem. É importante estar atento ao significado e aos sentimentos do paciente frente a sua história de doença, o impacto sobre a sua vida, os sistemas de apoio com que conta e as expectativas de recuperação. 5) ANTECEDENTES – História pessoal: a) História pré-natal/nascimento: Informações sobre a gestação, o parto e as condições do nascimento, incluindo: peso, anoxia, icterícia, distúrbio metabólico. b) Infância e desenvolvimento: Descrever as condições de saúde; os comportamentos e hábitos com relação ao sono, alimentação; as aquisições de habilidades, incluindo o desenvolvimento motor, da linguagem e o controle esfincteriano; a vida escolar, abrangendo idade de início da aprendizagem, o ajustamento, o temperamento, medos, o relacionamento e interação social. c) Adolescência: Descrever os interesses, as aquisições quanto à vida escolar, a profissionalização ou trabalho, as interações e o relacionamento com familiares e colegas, a sexualidade incluindo a menarca, namoro, a 1ª relação sexual, o uso de drogas ou álcool. É importante observar a atitude frente ao crescimento, os sentimentos de isolamento ou depressão e as manifestações de delinquência. d) Idade adulta: Descrever as situações e as atitudes frente ao trabalho, a vida familiar e conjugal, a sexualidade, os relacionamentos e a situação sócio-econômica. Quanto ao trabalho é importante observar: o tipo de atividade, a evolução, as interrupções, as mudanças, o nível de satisfação e as dificuldades relativas à competência e aos relacionamentos. A vida familiar e conjugal englobam informações sobre os relacionamentos anteriores, as condições do casamento, as características do cônjuge, separações, a sexualidade, a idade, sexo e as condições físicas e psicológicas dos filhos. Com relação à sexualidade, colher informações sobre as experiências sexuais, as dificuldades de relacionamento, contracepção, gestações e abortos. Os relacionamentos englobam a convivência social nas rotinas de vida, no lazer, na situação familiar, de vizinhança e de trabalho. A situação sócio-econômica deve incluir as condições de moradia, as fontes de provisão de recursos, as dificuldades financeiras e os planos e projetos futuros. 6) ANTECEDENTES - História familiar: Colher informações sobreos pais e irmãos quanto à idade, sexo, nível educacional, atividade profissional, características de personalidade, problemas de saúde, com destaque aos relacionados com à saúde mental. Observar história de adoção, de suicídio e de violação da lei ou dos padrões sociais. Com relação aos irmãos, observar a ordem cronológica de nascimento. Caso os pais ou irmãos sejam falecidos, especificar a causa da morte e a idade na ocasião. O ambiente familiar: o nível de interação, os padrões de relacionamento dos pais entre si, com os filhos e destes entre si, constitui-se numa informação importante. 7) PERSONALIDADE PRÉ-MÓRBIDA: Compreende o conjunto de atitudes e padrões habituais de comportamento do indivíduo, a descrição deve abarcar o modo de ser habitual do paciente, independente da sua situação de doença. Trata-se de uma tarefa complexa e difícil. Deve englobar os seguintes aspectos: as preocupações excessivas com ordem, limpeza, pontualidade, o estado de humor habitual, a capacidade de expressar os sentimentos, a maneira como se expressa habitualmente, o nível de desconfiança e competitividade, a capacidade para executar planos e projetos e a maneira como reage quando se sente pressionado. É importante observar as mudanças de personalidade com a doença. EXAME FÍSICO Em geral, o exame físico revela pouco ou não contribui no diagnóstico. → A ansiedade social entre adultos mais velhos também pode incluir a exacerbação de sintomas de doenças médicas, como tremor aumentado ou taquicardia. O rubor é a resposta física característica do transtorno de ansiedade social. EXAMES COMPLEMENTARES Realizar exame conforme necessidade, na dúvida ou suspeita de haver outra patologia envolvida. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS O diagnóstico é clínico e baseia-se nos critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5). Para isso os pacientes devem ter: Critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno de ansiedade social (TAS) A. Medo ou ansiedade acentuada acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante dos outros (p. ex., proferir palestras) B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente (p. ex., será humilhante ou constrangedor, provocará a rejeição ou ofenderá os outros) C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade E. O medo ou a ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e contexto sociocultural F. O medo, a ansiedade ou a esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo G. O medo, a ansiedade ou a esquiva não é consequência dos efeitos fisiológicos de uma substância ou outra condição médica H. O medo, a ansiedade ou a esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outros transtornos mentais, como TP, transtorno dismórfico corporal ou transtorno do espectro autista. Critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno de ansiedade social (TAS) I. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson, obesidade etc.) está presente, o medo, a ansiedade ou a esquiva é claramente não relacionado ou excessivo Especificar se: ▪ Somente desempenho: se o medo está restrito à fala ou ao desempenho em público Além disso, o medo e a ansiedade não podem ser caracterizados mais corretamente como um transtorno mental diferente (p. ex., agorafobia, transtorno do pânico, transtorno dismórfico corporal) ou consequência de efeitos fisiológicos de alguma substância ou de outra condição médica. A duração dos sintomas já citados deve ser de no mínimo três meses em crianças e adolescentes até 17 anos, e de seis meses a partir dos 18 anos de idade. Nos adultos, ainda, para não ser confundido com outra patologia, é necessário que o paciente reconheça que seus medos são irracionais e excessivos, o que pode garantir a legitimidade do diagnóstico. No CID-10, a fobia social é também denominada antropofobia e aparece classificada em F40.1, tendo como sintomas presentes: o rubor, tremores das mãos, náuseas ou desejo urgente de urinar, sudorese, podendo evoluir para um ataque de pânico. Critérios para o diagnóstico de transtorno de ansiedade social ou fobia social segundo a CID-10: • Medo de escrutínio pelas outras pessoas que leva à evitação de situação social. As fobias mais pervasivas são frequentemente associadas com baixa autoestima e medo de ser criticado. • Os pacientes podem apresentar uma queixa de rubor facial, tremor nas mãos, náuseas, ou urgência urinária, algumas vezes se convencendo de que uma destas manifestações secundárias de sua ansiedade é o problema primário. • Os sintomas podem progredir para ataques de pânico Crianças e adolescentes Para diagnosticar o transtorno de ansiedade social, a ansiedade deve persistir por ≥ 6 meses e estar consistentemente presente em ambientes similares (p. ex., as crianças ficam ansiosas em todas as apresentações em sala de aula, em vez de apenas naquelas especiais ou para uma aula específica). A ansiedade deve ocorrer em ambientes com colegas, e não apenas durante as interações com os adultos. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Outras condições psiquiátricas podem manifestar sintomas semelhantes aos do TAS, que merecem ser melhor investigados, como as citadas a seguir. Timidez normal → é um traço de personalidade comum e não é por si só patológica. Em algumas sociedades, a timidez é até avaliada positivamente. Entretanto, quando existe um impacto adverso significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo, um diagnóstico de transtorno de ansiedade social deve ser considerado, e, quando são satisfeitos todos os critérios para transtorno de ansiedade social, o transtorno deve ser diagnosticado. Somente uma minoria (12%) dos indivíduos tímidos autoidentificados nos Estados Unidos tem sintomas que satisfazem os critérios diagnósticos para transtorno de ansiedade social. Agorafobia → podem ter medo ou evitar situações sociais (p. ex., ir ao cinema) porque escapar pode ser difícil ou o auxílio pode não estar disponível no caso de incapacitação ou sintomas do tipo pânico, enquanto os indivíduos com transtorno de ansiedade social têm mais medo da avaliação dos outros. Além disso, aqueles com transtorno de ansiedade social ficam normalmente calmos quando deixados inteiramente sozinhos, o que com frequência não é o caso na agorafobia. Transtorno de pânico → Os indivíduos com transtorno de ansiedade social podem ter ataques de pânico, mas a preocupação está relacionada ao medo de avaliação negativa, enquanto no transtorno de pânico a preocupação se relaciona aos próprios ataques de pânico. Fobias específicas → consistem em medos persistentes, irracionais e intensos de situações, circunstâncias ou objetos específicos, causando ansiedade e esquiva, sendo possível ser identificado uma situação ou objeto em particular, como, por exemplo, medo de determinados animais, de altura ou de tempestades e não em situações sociais ou relacionadas a desempenho. Transtorno de ansiedade generalizada → Preocupações sociais são comuns no transtorno de ansiedade generalizada, mas o foco é mais na natureza das relações existentes do que no medo de avaliação negativa. Os indivíduos com transtornode ansiedade generalizada, particularmente crianças, podem ter preocupações excessivas acerca da qualidade do seu desempenho social, mas essas preocupações também são pertinentes ao desempenho não social e a quando o indivíduo não está sendo avaliado pelos outros. No transtorno de ansiedade social, as preocupações focam no desempenho social e na avaliação dos demais. Transtorno de ansiedade de separação → Os indivíduos com transtorno de ansiedade de separação podem evitar contextos sociais (incluindo recusa à escola) devido às preocupações de serem separados das figuras de apego ou, em crianças, por demandarem a presença de um dos pais quando essa exigência não é apropriada ao seu estágio de desenvolvimento. Geralmente ficam confortáveis em contextos sociais quando sua figura de apego está presente ou quando estão em casa, enquanto aqueles com transtorno de ansiedade social podem ficar desconfortáveis quando ocorrem situações sociais em casa ou na presença das figuras de apego. Fobias específicas → Os indivíduos com fobias específicas podem ter medo de constrangimento ou humilhação (p. ex., vergonha de desmaiar quando lhes é tirado sangue), mas geralmente não têm medo de avaliação negativa em outras situações sociais. Mutismo seletivo → Os indivíduos com mutismo seletivo podem fracassar em falar devido ao medo de avaliação negativa, mas não têm medo de avaliação negativa em outras situações sociais em que não seja exigido falar (p. ex., um jogo não verbal). Transtorno depressivo maior → Os indivíduos com transtorno depressivo maior podem se preocupar em serem avaliados negativamente pelos outros porque acham que são maus ou não merecedores de que gostem deles. Em contraste, aqueles com transtorno de ansiedade social preocupam-se em serem avaliados negativamente devido a certos comportamentos sociais ou sintomas físicos. Transtorno dismórfico corporal → Os indivíduos com transtorno dismórfico corporal preocupam-se com a percepção de um ou mais defeitos ou falhas em sua aparência física que não são observáveis ou parecem leves para os outros; essa preocupação frequentemente causa ansiedade social e esquiva. Se seus medos e a esquiva social são causados apenas por suas crenças sobre sua aparência, um diagnóstico separado de transtorno de ansiedade social não se justifica. Transtorno delirante → Os indivíduos com transtorno delirante podem ter delírios e/ou alucinações não bizarros relacionados ao tema delirante que foca em ser rejeitado por ou em ofender os outros. Embora a extensão do insight das crenças acerca das situações sociais possa variar, muitos indivíduos com transtorno de ansiedade social têm bom insight de que suas crenças são desproporcionais à ameaça real apresentada pela situação social. Transtorno do espectro autista → Ansiedade social e déficits na comunicação social são características do transtorno do espectro autista. Os indivíduos com transtorno de ansiedade social geralmente têm relações sociais adequadas à idade e capacidade de comunicação, embora possam parecer ter prejuízo nessas áreas quando inicialmente interagem com pessoas ou adultos estranhos. Transtornos da personalidade → Dado seu frequente início na infância e sua persistência durante a idade adulta, o transtorno de ansiedade social pode se parecer com um transtorno da personalidade. A sobreposição mais evidente é com o transtorno da personalidade evitativa. Os indivíduos com esse transtorno têm um padrão mais amplo de esquiva do que aqueles com transtorno de ansiedade social. No entanto, o transtorno de ansiedade social é geralmente mais comórbido com o transtorno da personalidade evitativa do que com outros transtornos da personalidade, e o transtorno da personalidade evitativa é mais comórbido com o transtorno de ansiedade social do que com outros transtornos de ansiedade. Outros transtornos mentais → Medos sociais e desconforto podem ocorrer como parte da esquizofrenia, mas outras evidências de transtornos psicóticos costumam estar presentes. Em indivíduos com um transtorno alimentar, é importante determinar se o medo de avaliação negativa acerca dos sintomas ou comportamentos do transtorno alimentar (p. ex., purgação e vômitos) não é a única fonte de ansiedade social antes de estabelecer um diagnóstico de transtorno de ansiedade social. Igualmente, o transtorno obsessivo-compulsivo pode estar associado a ansiedade social, mas o diagnóstico adicional de transtorno de ansiedade social é usado apenas quando os medos sociais e a esquiva são independentes dos focos das obsessões e compulsões. Outras condições médicas → Condições médicas podem produzir sintomas constrangedores (p.ex., tremor na doença de Parkinson). Quando o medo de avaliação negativa devido a outras condições médicas é excessivo, um diagnóstico de transtorno de ansiedade social deve ser considerado. Transtorno de oposição desafiante → A recusa em falar devido à oposição a figuras de autoridade deve ser diferenciada do fracasso em falar devido ao medo de avaliação negativa. CONDUTA TERAPÊUTICA Assim como a maioria dos outros transtornos mentais, a fobia social pode ser tratada através da psicoterapia, da prescrição de medicamentos ou também pela união dos dois métodos, com o acompanhamento do psiquiatra. O tratamento do TAS pode ser medicamentoso, não medicamentoso ou ambos. A escolha do tratamento depende das preferências do indivíduo ou do julgamento clínico. Em pacientes nos quais a ideia da psicoterapia é assustadora (em função da exposição a situações temidas), a farmacoterapia pode ser preferida inicialmente. O tratamento farmacológico e a TCC aparentam ter efeitos semelhantes no curto prazo, sendo que a farmacoterapia traz melhoras mais imediatas, enquanto os efeitos da psicoterapia são mais duradouros. No caso do tratamento com medicamentos, os antidepressivos e inibidores de ansiedade são comumente utilizados, a fim de promover uma melhora um pouco mais rápida ao paciente, permitindo que ele consiga depois, sozinho, lidar com os sintomas e enfrentar as situações. A psicoterapia, por sua vez, pode ter várias abordagens, mas a mais empregada é a TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental, que age diretamente no problema em questão, através da sugestão de exercícios e tarefas para fazer com que o paciente reconheça, encare e mude sua realidade, com o devido acompanhamento do profissional de saúde mental. Assim, aos poucos, ele vai aprendendo a lidar com as situações que antes causavam um estresse muito grande, evoluindo ao longo do tempo. A combinação de ambos os tratamentos costuma ser muito eficaz em casos mais graves, em que o sofrimento do paciente está muito grande e prejudicando severamente sua qualidade de vida em todas as esferas. CONDUTA MEDICAMENTOSA O tratamento isolado mais efetivo para Fobia Social é o farmacológico, apesar de a psicoterapia também ser útil e eficaz, principalmente em associação com medicação. Os objetivos do tratamento são: (1) eliminar sintomas físicos (2) eliminar esquiva fóbica. (3) eliminar disfunções cognitivas negativas (baixa auto-estima, dar importância exagerada ao outros, perfeccionismo, pensamentos catastróficos). No que diz respeito ao tratamento farmacológico, ISRS e IRSN são considerados o tratamento de primeira linha. Esses medicamentos têm baixo risco de efeitos colaterais e oferecem benefícios adicionais no tratamento de condições coexistentes, como o transtorno depressivo ou outros transtornos de ansiedade. A dose é semelhante à usada para o TDM. O uso continuado após o tratamento em curto prazo (14 semanas ou menos) é recomendado, por trazer melhora e ter baixas taxas derecaídas. Ensaios clínicos sugerem a manutenção do tratamento por pelo menos 3 a 6 meses após a melhora do quadro. O uso dos anticonvulsivantes gabapentina e pregabalina demonstrou-se superior ao placebo em ensaios clínicos. Já os antidepressivos tricíclicos não são considerados úteis nesse transtorno. O uso de benzodiazepínicos é eficaz, sobretudo clonazepam e bromazepam. Entretanto, o risco de dependência, sintomas de abstinência e o fato de não ser recomendado na presença comórbida da depressão limitam o seu uso. Essas substâncias podem ser úteis como tratamento inicial ou terapia adjunta em pacientes nos quais os sintomas são tão incapacitantes que necessitam de alívio imediato. O uso de betabloqueadores → como propranolol é frequente na ansiedade de desempenho. Quando tomados aproximadamente 1 hora antes da apresentação, reduzem os sintomas autonômicos como tremor, sudorese e taquicardia. Os benzodiazepínicos muitas vezes são usados nessas situações. Subtipo circunscrito → betabloqueadores podem ser utilizados como tratamento inicial, pelo efeito na frequência cardíaca e nos sintomas autonômicos: • atenolol 25-100mg 1 vez ao dia • propanolol 10-40mg 2 vezes ao dia). Em situações muito específicas, podem ser utilizados apenas eventualmente, uma hora antes da exposição. Se eficazes, devem ser mantidos por 6 meses. Subtipo generalizado ou em caso de falha terapêutica com betabloqueadores no tipo circunscrito → utilizar os ISRS (fluoxetina 20- 80mg), seguindo as mesmas orientações gerais do uso nos outros transtornos de ansiedade. A melhora pode ser muito lenta e progressiva ao longo de alguns meses, e o antidepressivo deve ser mantido por um ano após a melhora. Pelo potencial de dependência e interferência no treinamento de exposição, não se recomenda o uso rotineiro de benzodiazepínicos no manejo da fobia social. CONDUTA NÃO MEDICAMENTOSA A TCC é considerada tratamento de primeira linha. Alguns estudos apontam taxa de resposta entre 50 e 65%. Outros tipos de psicoterapia também são utilizados para tratar TAS, entretanto, poucos estudos investigam sua eficácia. Outra forma de terapia que vem sendo estudada é o mindfulness, com resultados promissores. As formas mais eficazes de tratamento para a fobia social consistem em terapia cognitivo- comportamental (TCC) individual ou em grupo, acompanhada, quando necessário, de utilização de fármacos adequados. Nos casos mais graves da doença, a terapia de grupo não é aconselhável, sendo necessário o acompanhamento individual. A TCC ensina os pacientes a reconhecerem e controlarem seus pensamentos distorcidos e suas convicções falsas, assim como os instrui sobre a terapia de exposição, que consiste em exposição controlada à situação que provoca medo e ansiedade, sempre com o objetivo de que o paciente aprenda a controlar os sintomas físicos da ansiedade, com a modificação dos pensamentos desadaptativos, e o enfrentamento do medo, de modo gradual, das situações sociais para que retome a tê-las sem o temor existente. O tratamento infantil requer, ainda, um acompanhamento com os pais, para orientações e colaboração no tratamento. Os pais são as figuras fundamentais no desenvolvimento infantil de habilidades, principalmente sociais, e, por isso, é necessária a verificação da influência desses no comportamento da criança. CONDUTA EDUCACIONAL Recomendações ao paciente e familiares ❖ Encorajar o paciente a praticar métodos de respiração controlada para reduzir sintomas físicos de medo. ❖ Pedir ao paciente que faça uma lista de todas as situações que ele/ela evita e que outras pessoas não. ❖ Discutir formas de desafiar esses medos exagerados. ❖ Planejar uma série de passos que permitam que o paciente enfrente e se acostume às situações temidas: - Identificar um pequeno primeiro passo em direção à situação temida (p. ex., dar um pequeno passeio para longe de casa com um membro da família). - este passo deve ser praticado todos os dias até que não seja mais assustador. - Se a situação temida ainda causa ansiedade, o paciente deve praticar uma respiração lenta e relaxada, dizendo para si mesmo que o medo irá passar em 30 minutos. Não abandonar a situação temida ate o medo passar. - Passar para um passo um pouco mais difícil e repetir o procedimento (p. ex., ficar mais tempo longe de casa). ❖ Identificar um amigo ou membro da família que possa ajudar na superação do medo. Grupos de auto-ajuda ou de apoio podem ajudar no enfrentamento da situação temida. ❖ O paciente deve evitar usar álcool ou benzodiazepínicos para enfrentar as situações temidas. PROGNÓSTICO O prognóstico para fobia social é bom quando o tratamento é feito corretamente. Na comunidade, aproximadamente 30% dos indivíduos com transtorno de ansiedade social experimentam remissão dos sintomas no espaço de um ano, e em torno de 50% experimentam remissão em poucos anos. Para cerca de 60% dos indivíduos sem um tratamento específico para transtorno de ansiedade social, o curso é de vários anos ou mais. Deve ser mantido o acompanhamento médico e psicológico mesmo após a cura do transtorno, sendo de extrema importância para que não haja recidiva. Além disso, é recomendado que o paciente tente se aproximar de pessoas com as quais se sinta confortável, faça atividades físicas, durma quantidades suficientes, se alimente de maneira saudável e deixei de lado tabagismo e a ingestão de álcool e cafeína. COMPLICAÇÕES A fobia social pode prejudicar severamente a vida de quem a desenvolve, trazendo prejuízos ao trabalho, relacionamentos interpessoais e até mesmo propiciando o desenvolvimento de outros transtornos mentais. No caso do trabalho, a pessoa pode perder oportunidades de promoção, desenvolvimento profissional e crescimento na carreira, devido às limitações que possui por causa do transtorno. Em alguns casos, pode até ser demitida se o seu comportamento não for compatível com o que a empresa espera. Nos relacionamentos interpessoais, a pessoa tende a ficar isolada, já que não gosta de participar de novos grupos ou age de forma muito solitária na companhia de outras pessoas. O afastamento do círculo social juntamente com a impossibilidade de fazer novos contatos ou amizades pode trazer sofrimento. Em relação à vida pessoal, a dificuldade de se posicionar, dizer o que está pensando e sentindo e até mesmo de discordar dos outros, pode levar o fóbico social a fazer coisas que ele não gostaria ou então fazer promessas que ele não é capaz de cumprir, sentindo-se angustiado e cobrado. Outras consequências como o abuso de substâncias como álcool e drogas podem acontecer, não sendo difícil de gerar uma relação de dependência. A baixa autoestima junto com o sentimento de isolamento podem ser o cenário ideal para o desenvolvimento de uma depressão. Tentativas de suicídio também podem acontecer. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014. BARROS, Yahana Silva et al. A Fobia Social no Cotidiano de Adolescentes. Revista Brasileira Adolescência e Conflitualidade, n. 15, p. 56-61, 2016. CREMONESE; Evelyn, SARAIVA; Sonia Augusta Leitão, FURLANETTO; Letícia Maria. Secretaria Municipal de Saúde. Protocolo de atenção em saúde mental Município de Florianópolis. Secretaria Municipal de Saúde. Tubarão: Copiart, 2010. PERES, Karoline Rochelle Lacerda. Transtorno de ansiedade social: psiquiatria e psicanálise. 2020. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
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