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PMSUS: Oficina 6 – Linha de cuidado da infecções sexualmente transmissíveis, hiv/aids e hepatites virais na rede de atenção à saúde 1. Conhecer a epidemiologia das principais ISTs. No campo científico, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. A principal via de transmissão é o contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de preservativo masculino ou feminino, com uma pessoa que esteja infectada. Sendo possível, também, a transmissão da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. Essa terminologia surgiu em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). Segundo os boletins epidemiológicos apresentados pelo Ministério da Saúde, o número de casos de HIV em 2016 foi de 37.884 casos; a contaminação por sífilis é mais expressiva entre adultos, com 87.593 mil casos registrados no ano de 2016. Já em relação às hepatites, de 1999 à 2016, foram notificados 561.058 casos confirmados de hepatites virais no Brasil; deste total de casos, 212.031 foram confirmados como hepatite B e 182.389 como hepatite C, aos quais, possuem cobertura universal e gratuita em testes rápidos pelo Sistema Único de Saúde (BOLETIM EPID. DAS HEPATITES VIRAIS, 2017). Aspectos epidemiológicos: Com base nos dados de prevalência de 2009 a 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou um total de 376,4 milhões de casos incidentes de IST, considerados curáveis. Desse total, 127,2 milhões eram casos estimados de clamídia, 86,9 milhões de gonorreia, 156,0 milhões de tricomoníase e 6,3 milhões de sífilis. A prevalência global estimada de sífilis em homens e mulheres foi de 0,5% com valores regionais variando de 0,1 a 1,6%. No Brasil, a prevalência da sífilis pode ser estimada por meio de estudos transversais, realizados em populações específicas. O grupo de parturientes vinha sendo um dos alvos desses estudos, monitorado por apresentar prevalência semelhante à da população geral feminina. As estimativas nacionais variaram de 1,7% no ano 2000, a 1,02% em 2011-2012. Entre jovens conscritos brasileiros, a prevalência de sífilis ativa foi estimada pela última vez em 2016, alcançando o valor de 1,1%. A estimativa de sífilis ativa em mulheres profissionais do sexo variou de 2,4% em 2009 a 8,5% em 2016. 2. Descrever o rastreamento das ISTs e os principais grupos de risco. O rastreamento é a realização de testes diagnósticos em pessoas assintomáticas a fim de estabelecer o diagnóstico precoce (prevenção secundária), com o objetivo de reduzir a morbimortalidade do agravo rastreado (GATES, 2001; WILSON; JUNGNER, 1968). Diferentemente de outros rastreamentos, como a mamografia para câncer de mama, o rastreamento das IST não identifica apenas uma pessoa; ao contrário, estará sempre ligado a uma rede de transmissão. Quando não identificado e tratado o agravo na(s) parceria(s), este se perpetua na comunidade e expõe o indivíduo à reinfecção, caso não se estabeleça a adesão ao uso de preservativos. O Quadro 5 descreve o rastreamento de IST recomendado por subgrupo populacional, respeitando o limite estabelecido pela prevenção quaternária (GÉRVAS; PÉREZ FERNÁNDEZ, 2006). Os dois principais fatores de risco para IST são práticas sexuais sem uso de preservativos e idade mais baixa (CANTOR et al., 2016; JALKH et al., 2014). Em relação à sífilis, por exemplo, as notificações no Brasil vêm apresentando tendência de aumento na população mais jovem, de 13 a 29 anos (BRASIL, 2017c). Por esse motivo, foram incluídas no rastreamento anual as pessoas de até 30 anos de idade com vida sexualmente ativa. Caso a pessoa de 30 anos ou mais pertença a algum outro subgrupo populacional, deve-se optar pelo que for mais representativo. Para o restante da população, a testagem para sífilis e demais IST não inclusa no Quadro 5 dependerá da avaliação de risco, devendo fazer parte da abordagem de gerenciamento de risco. O sítio de rastreamento para clamídia e gonococo irá depender da prática sexual realizada pela pessoa. Por exemplo: sexo oral sem preservativo – coleta de material de orofaringe; sexo anal receptivo sem preservativo – coleta de swab anal; sexo vaginal receptivo sem preservativo – coleta de material genital; sexo insertivo sem preservativo – coleta de material uretral. 3. Elucidar o impacto das ISTs na saúde pública e as políticas de prevenção. Estratégias de atenção integral às pessoas com IST e suas parcerias sexuais: Muitas pessoas com IST não buscam tratamento porque são assintomáticas (maioria) ou têm sinais e sintomas leves e não percebem as alterações. As pessoas sintomáticas podem preferir tratar-se por conta própria ou procurar tratamento em farmácias ou junto a curandeiros tradicionais. Mesmo aqueles que buscam atendimento na unidade de saúde podem não ter uma IST diagnosticada ou tratada corretamente. No final, apenas uma pequena proporção de pessoas com IST pode chegar à cura e evitar a transmissão. O modelo conceitual representado na Figura 2 tem sido útil para identificar e quantificar as “perdas” a cada passo da atenção em IST, determinando a proporção de pessoas infectadas que perdem a oportunidade de tratamento nas etapas sucessivas da infecção até a possível cura. É fundamental o conhecimento das perdas e das respectivas causas para um diagnóstico situacional que favoreça um planejamento adaptado às necessidades identificadas. Por outro lado, a maioria da população não está infectada por uma IST. Isso chama atenção para as intervenções de prevenção, o que pode contribuir para a diminuição da incidência desses agravos. As infecções assintomáticas afetam particularmente jovens, HSH e profissionais do sexo, populações estas sem acesso aos serviços de saúde. Destaca-se a importância da atenção às gestantes, visando à prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais. A duração e a transmissibilidade das infecções são maiores quando o acesso ao tratamento é menor. A vigilância epidemiológica e o manejo dos contatos sexuais também são estratégias para alcançar e tratar todas as pessoas infectadas. Todas essas intervenções devem ser acompanhadas da promoção da busca adequada aos serviços de saúde. Os demais passos estão ligados ao acesso a serviços de qualidade, envolvendo infraestrutura, equipamentos, insumos, recursos financeiros e humanos e educação permanente. Esses serviços devem ter condições mínimas de atendimento, além de estar inseridos em uma rede de atenção que possibilite o encaminhamento para níveis mais complexos, quando necessário. A prevenção combinada das IST contempla diversas ações de prevenção e assistência, distribuídas em três áreas estratégicas com componentes específicos, conforme sintetiza o Quadro 5. A oferta de diagnóstico e tratamento para IST assintomáticas é a estratégia para triagem e tratamento das seguintes IST assintomáticas: sífilis latente recente e tardia, infecções por N. gonorrhoeae e C. trachomatis em mulheres, HIV e hepatites virais B e C. O manejo de IST com uso de fluxograma abrange a detecção e o tratamento das IST que se apresentam sob a forma de úlceras genitais, corrimento uretral, corrimento vaginal, DIP e verrugas anogenitais. O diagnóstico deve ser precoce e o tratamento imediato, com o menor tempo de espera possível, podendo este ser aproveitado para a realização de ações de informação/educação em saúde individual e coletiva. Estudos de análise de fluxo de pacientes apontaram que a maior parte do tempo em que pessoas permanecem nos serviços de saúde não representa uma interação produtiva. O atendimento imediato de umaIST não é apenas uma ação curativa, mas também visa à interrupção da cadeia de transmissão e à prevenção de outras IST e complicações decorrentes das infecções. Oferta de preservativos: Os preservativos masculinos ou femininos devem ser oferecidos às pessoas sexualmente ativas como um método eficaz para a redução do risco de transmissão do HIV e de outros agentes sexualmente transmissíveis, além de evitar gravidez. As orientações adequadas para a conservação e o uso correto e regular dos preservativos masculino e feminino devem fazer parte da abordagem. A disponibilização do preservativo feminino objetiva ampliar as possibilidades de prevenção para as mulheres, considerando as dificuldades experimentadas principalmente pelas profissionais do sexo na negociação do uso da camisinha com a parceria sexual. 4. Entender como é feito o diagnóstico das hepatites virais (B e C) e HIV. Métodos diagnósticos: O diagnóstico das hepatites virais baseia-se na detecção dos marcadores presentes no sangue, soro, plasma ou fluido oral da pessoa infectada, por meio de imunoensaios, e/ou na detecção do ácido nucleico viral, empregando técnicas de biologia molecular. Desde 2011, o Ministério da Saúde inseriu os testes rápidos de hepatite B e C na rede SUS, o que tem ajudado a ampliar o diagnóstico de ambas as infecções. Os testes rápidos são testes de triagem e, uma vez que apresentem resultados reagentes, deverão ser confirmados com a realização da carga viral para hepatite C (HCV-PCR), carga viral para hepatite B (HBV-DNA) ou outros marcadores, conforme a disponibilidade de cada serviço e de acordo com os fluxogramas de diagnóstico propostos pelo DCCI/SVS/ MS. Todos os fluxogramas de diagnóstico referentes às hepatites virais, contemplando vários tipos de metodologias, estão publicados detalhadamente no “Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais” (BRASIL, 2018b). Para mais informações sobre o manejo clínico e tratamento do paciente com hepatites B e C e coinfecções, ou para a prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais, consulte os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas correspondentes. Hepatite B: O HBV é transmitido por meio de contato com fluidos corpóreos infectados. O sangue é o veículo de transmissão mais importante, mas outros fluidos também podem transmitir o HBV, como sêmen e saliva. Os meios de transmissão conhecidos são perinatal, sexual e parenteral/percutâneo. As rotas de transmissão predominantes variam de acordo com a endemicidade da infecção pelo HBV. Em áreas com alta endemicidade, a via perinatal é a principal forma de transmissão do vírus. Entretanto, em áreas com baixa endemicidade, o contato sexual entre adultos com alta exposição de risco é a via predominante (MCMAHON, 2005; DIENSTAG, 2008; LOK; MCMAHON; 2007). A capacidade do vírus de sobreviver fora do organismo humano por período prolongado facilita a transmissão por meio do contato direto ou por meio de fômites (DIENSTAG, 2008). Quando adquirida no período perinatal, a infecção pelo HBV resulta em aproximadamente 90% de cronicidade; se a aquisição acontece na primeira infância, ocorre entre 20% a 40% de cronicidade; mas, se a hepatite B é contraída na adolescência e idade adulta, essa taxa cai para 0 a 10%. A infecção é na maioria das vezes assintomática, sendo que menos de 5% das infecções adquiridas na fase adulta se tornam crônicas (ALTER, 2007). No Brasil, a hepatite B grande importância epidemiológica, com altas prevalências na Região Norte, principalmente em comunidades ribeirinhas e indígenas. Além disso, o vírus da hepatite Delta (HDV) também está presente nessa região, com grande impacto clínico e epidemiológico. O HDV é um vírus que acomete apenas pessoas infectadas pelo vírus da hepatite B, podendo sua transmissão ocorrer concomitantemente à infecção pelo HBV (coinfecção) ou posteriormente à infecção pelo HBV (superinfecção). Recomenda-se a vacinação contra hepatite B para todas as pessoas, independentemente de faixa etária. A vacina é composta por no mínimo três doses e deve ser oferecida em esquema completo. Hepatite C: A forma mais eficaz de transmissão do vírus da hepatite C (HCV) ocorre por meio da exposição percutânea repetida, ou mediante grandes volumes de sangue infectado. No Brasil, a transfusão de sangue e hemoderivados de doadores não testados para HCV foi considerada uma forma importante de transmissão durante muitos anos. Porém, a partir de 1993, após a padronização dos processos de triagem pr -doação, houve uma significativa redução na transmissão do HCV por meio transfusional (BUSCH et al., 2003). Além desses fatores de risco, outras importantes fontes de transmissão do HCV são hemodiálise, procedimentos de manicure e pedicure, confecção de piercings e tatuagens, tratamentos odontológicos e procedimentos endoscópicos (caso não sigam as normas de boas práticas de esterilização e desinfecção de materiais reutilizáveis e/ou produtos descartáveis), além da transmissão vertical e transmissão sexual, principalmente em PVHIV e HSH (MARTINS et al., 2011). A transmissão sexual do HCV é menos frequente que a transmissão da infecção pelo HBV, ocorrendo em pessoas com múltiplas parcerias sexuais e que têm relações sem uso de preservativo. Como em outras infecções de transmissão sexual, a presença de uma IST, como lesões ulceradas em região anogenital, e práticas sexuais de risco para aquisição de IST/HIV constituem um importante facilitador de transmissão, particularmente na população HSH. A história natural do HCV é marcada pela evolução silenciosa. Muitas vezes, a doença é diagnosticada décadas após a infecção, e os sinais e sintomas são comuns às demais doenças parenquimatosas crônicas do fígado, manifestando-se apenas em fases mais avançadas da doença. A testagem para HCV deve ser solicitada para todos os indivíduos em situações de risco, como: › Todas as pessoas com idade igual ou superior a 40 anos; E/OU › PVHIV; › Pessoas prestes a iniciar PrEP ou que façam uso frequente da PEP; › Pessoas com múltiplas parcerias sexuais ou com múltiplas IST; › Pessoas transexuais; › Trabalhadores(as) do sexo; › Pacientes com diagnóstico de diabetes, antecedentes psiquiátricos, histórico de patologia hepática sem diagnóstico, elevações de ALT e/ou AST e antecedente de doença renal ou de imunodepressão, a qualquer tempo; › Pacientes em regime de diálise; › Antecedente de transfusão de sangue, hemoderivados ou órgãos antes de 1993; › Antecedente de uso de drogas ilícitas injetáveis, intranasais ou fumadas; › Pessoas dependentes de álcool; › Antecedente de tatuagem ou piercing em ambiente não regulamentado; › Antecedente de exposição a material biológico contaminado; › População privada de liberdade; › Contatante íntimo ou parceiro sexual de pessoas com anti- HCV reagente; › Crianças nascidas de mães que vivem com o HCV. HIV: A infecção pelo HIV envolve diversas fases, com durações variáveis, que dependem da resposta imunológica do indivíduo e da carga viral. A primeira fase da infecção (infecção aguda) é o período do surgimento de sinais e sintomas inespecíficos da doença, que ocorrem entre a primeira e terceira semana após a infecção. A fase seguinte (infecção assintomática) pode durar anos, até o aparecimento de infecções oportunistas (tuberculose, neurotoxoplasmose, neurocriptococose) e algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma de Kaposi). A presença desses eventos define a aids. O Brasil busca, como parte das ações pactuadas de enfrentamento à epidemia de HIV, atingir a meta 90-90-90, a qual estabelece que, até 2020, 90% das pessoas com HIV sejam diagnosticadas (ampliando o acesso ao diagnóstico do HIV); destas, que 90% estejam em tratamento antirretroviral (ampliando o acesso à TARV); e, destas, que 90% tenham carga viral indetectável (indicando boa adesão ao tratamentoe qualidade da assistência à PVHIV). O compromisso assumido exige não somente que novas metodologias de cuidado e de gestão sejam implantadas, mas que também haja um comprometimento de toda a sociedade para o sucesso e alcance desses propósitos. Toda pessoa com exposição sexual de risco ou diagnosticada com IST deve ser testada para HIV. As estratégias para testagem do HIV têm o objetivo de melhorar a qualidade do diagnóstico da infecção pelo vírus e, ao mesmo tempo, fornecer uma base racional para assegurar que esse diagnóstico seja realizado o mais precocemente possível, de forma segura e com rápida conclusão. 5. Estudar as principais úlceras genitais e uretrites infecciosas, seu quadro clínico, diagnóstico e tratamento. ULCERAS GENITAIS: As úlceras genitais representam uma síndrome clínica, sendo muitas vezes causadas por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), e se manifestam como lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas, acompanhadas ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia (íngua) regional. Várias IST se manifestam com úlceras genitais em alguma fase da doença, cujos agentes etiológicos infecciosos mais comuns são: Treponema pallidum (sífilis); CRIAR LINK DE ACESSOPARA O ITEM SÍFILIS HSV-1 e HSV-2 (herpes perioral e genital, respectivamente); Haemophilus ducreyi (cancroide); Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (LGV); Klebsiella granulomatis (donovanose). Herpes Genital: Existem dois tipos de vírus causadores do herpes genital. Os HSV tipos 1 e 2 pertencem à família Herpesviridae. Embora os HSV-1 e HSV-2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais. As manifestações da infecção pelo HSV podem ser divididas em primeira infecção (primoinfecção) herpética e surtos recorrentes. Sabe-se que muitas pessoas que adquirem a infecção por HSV nunca desenvolverão manifestações, e que a proporção de infecções sintomáticas é estimada entre 13% e 37%. Sinais e sintomas: Os primeiros sintomas normalmente surgem após seis dias de contato com o vírus e são: o Lesões avermelhadas com pequenas bolhas muito dolorosas e de localização variável na região genital, as quais evoluem para pequenas úlceras arredondadas. o Febre, mal-estar, dores no corpo e ardência ao urinar, com ou sem retenção urinária. o Ínguas dolorosas na região da virilha. o Se a infecção atingir o colo do útero, é comum o corrimento vaginal, que pode ser abundante. Entre os homens, o acometimento da uretra pode provocar corrimento e raramente é acompanhado de lesões extragenitais. O quadro pode durar de duas a três semanas. A repetição da infecção deve-se à reativação viral. Essa reativação decorre de quadros infecciosos, exposição à radiação ultravioleta, traumatismos locais, menstruação, estresse físico ou emocional, uso prolongado de antibióticos e/ou imunodeficiência. O quadro clínico das recorrências é menos intenso que o observado na primeira infecção e pode ser precedido de sintomas característicos, como prurido leve ou sensação de “queimação”, mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital. As lesões têm regressão espontânea em sete a dez dias, com ou sem cicatriz. A tendência natural dos surtos é se tornarem menos intensos e menos frequentes com o passar do tempo. Complicações: As gestantes portadoras de herpes simples apresentam risco acrescido de complicações fetais e neonatais, sobretudo quando a infecção ocorre no final da gestação. O maior risco de transmissão do vírus acontece no momento da passagem do feto pelo canal de parto. A infecção pode ser ativa (em aproximadamente 50% dos casos) ou assintomática. Recomenda-se a realização de cesariana sempre que houver lesões herpéticas ativas. Diagnóstico: O diagnóstico da doença herpética mucosa ou cutânea é feito clinicamente, através da história clínica e apresentação das lesões. Apesar disso, o diagnóstico da herpes genital baseado apenas na história e exame físico pode ser impreciso, até porque a apresentação das lesões podem ser variadas. Por isso, se disponível, pode-se confirmar a suspeita com exames laboratoriais, como a cultura viral, PCR, anticorpo direto ou testes sorológicos específicos. A exclusão de sífilis no diagnóstico diferencial é primordial, particularmente mediante exame por campo escuro do material da borda da úlcera associado à sorologia. Tratamento: Existem três aspectos principais a serem abordados neste tópico: terapia farmacológica, controle sintomático e suporte psicológico. Os agentes antivirais disponíveis para a infecção pelo herpes vírus são o aciclovir, o valaciclovir e o famciclovir, que interferem na síntese do DNA viral. Cancro mole (cancroide): Infecção causada pela bactéria Haemophilus ducreyi, sendo mais frequente em países tropicais. Formas de contágio: Transmite-se pela relação sexual com uma pessoa infectada sem o uso da camisinha masculina ou feminina. Sinais e sintomas: Feridas múltiplas e dolorosas de tamanho pequeno com presença de pus, que aparecem com frequência nos órgãos genitais (ex.: pênis, ânus e vulva). Podem aparecer nódulos (caroços ou ínguas) na virilha. Diagnóstico: Avaliação de um médico e Cultura de uma amostra de pus ou líquido Os médicos suspeitam de cancro mole em pessoas com uma ou mais feridas genitais dolorosas (úlceras) sem causa óbvia, especialmente se estiveram em regiões do mundo onde a infecção é comum. Geralmente, os médicos retiram uma amostra de pus ou líquido de uma ulceração e a enviam a um laboratório para ser cultivada. No entanto, cultivar e identificar essa bactéria é difícil; assim, o diagnóstico baseia-se mais em sintomas e na probabilidade de ser exposto à infecção. Não há testes específicos para cancro mole prontamente disponíveis, mas podem ser feitos exames de sangue para excluir outras causas, como sífilis e infecção por HIV. Tratamento: o Ceftriaxona em uma única injeção no músculo o Azitromicina tomada por via oral em uma única dose o Ciprofloxacino tomado por via oral durante três dias o Eritromicina tomada por via oral durante sete dias Se os bubões estiverem causando desconforto, os médicos podem fazer uma incisão para drená-los. Este tratamento é feito somente se as pessoas estiverem tomando antibióticos para controlar a infecção. Se os resultados dos testes iniciais para sífilis e infecção por HIV forem negativos, médicos recomendam que pessoas com cancro mole retornem em três meses para serem testadas novamente para sífilis e infecção por HIV, que também podem estar presentes. Se parceiros sexuais tiverem contato sexual com a pessoa infectada nos dez dias antes do início dos seus sintomas, eles serão examinados e tratados independentemente de terem ou não sintomas de cancro mole. Linfogranuloma venéreo (LGV): O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma infecção crônica causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que atinge os órgãos genitais e os gânglios da virilha. É popularmente conhecida como “mula”. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/s%C3%ADfilis https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%A3o-pelo-v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv/infec%C3%A7%C3%A3o-pelo-v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv Formas de Contágio: A transmissão ocorre pelo sexo desprotegido com uma pessoa infectada. Por isso, recomenda-se sempre o uso da camisinha masculina ou feminina e o cuidado com a higiene íntima após a relação sexual. Sinais e sintomas: o Feridas nos órgãos genitais e outros (pênis, vagina, colo do útero, ânus e boca), as quais, muitas vezes, não são percebidas e desaparecem sem tratamento. o Entre uma a seis semanas após a ferida inicial, surge um inchaço doloroso (caroço ou íngua) na virilha, que, se nãofor tratado, rompe-se, com a saída de pus. o Pode haver sintomas por todo o corpo, como dores nas articulações, febre e mal-estar. o Quando não tratada adequadamente, a infecção pode agravar-se, causando elefantíase (acúmulo de linfa no pênis, escroto e vulva). Diagnóstico: Testes em uma amostra de sangue. Testes em uma amostra da ferida. Linfogranuloma venéreo é suspeitado em pessoas com sintomas característicos e que vivem ou visitaram regiões onde a infecção seja comum ou que tenham contato sexual com pessoas dessas regiões. O diagnóstico de linfogranuloma venéreo pode ser confirmado por um dos testes abaixo: O exame de sangue que identifica anticorpos contra Chlamydia trachomatis. Testes que aumentam a quantidade do material genético específico da bactéria para que ele seja mais facilmente identificado (chamados testes de amplificação de ácido nucleico ou NAATs), realizados em amostras das feridas infectadas na virilha ou reto. Tratamento: Antibiótico. Se administradas logo no início da infecção do linfogranuloma venéreo, a doxiciclina, eritromicina ou tetraciclina (que são antibióticos), tomadas por via oral durante três semanas, curam a infecção, mas o inchaço pode persistir se os vasos linfáticos estiverem irreversivelmente danificados. Os médicos podem usar uma agulha ou fazer uma incisão para drenar bubões (linfonodos inchados) se eles estiverem causando desconforto. Se a pessoa tiver contato sexual com uma pessoa infectada nos 60 dias antes do início dos sintomas, ela deve ser examinada e tratada com dose única de azitromicina ou com doxiciclina por via oral durante sete dias independentemente de evidências sugerirem que ela tem ou não linfogranuloma venéreo. Depois que o tratamento parecer ser bem-sucedido, as pessoas devem ser examinadas periodicamente por seis meses. Donovanose: É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) crônica progressiva, causada pela bactéria Klebsiella granulomatis. Acomete preferencialmente a pele e mucosas das regiões da genitália, da virilha e do ânus. Causa úlceras e destrói a pele infectada. É pouco frequente, ocorrendo na maioria das vezes em climas tropicais e subtropicais. Formas de contágio: A transmissão ocorre pelo sexo desprotegido com uma pessoa infectada. Por isso, recomenda-se sempre o uso da camisinha masculina ou feminina. Sinais e sintomas: o Após o contágio, aparece uma lesão que se transforma em ferida ou caroço vermelho. o Não dói e não tem íngua. o A ferida vermelha sangra fácil, podendo atingir grandes áreas e comprometer a pele ao redor, facilitando a infecção por outras bactérias. Diagnóstico: Exame de líquido da ulceração. O diagnóstico de granuloma inguinal é suspeitado em pessoas que vivem em áreas onde a infecção é comum e que têm ulcerações típicas da infecção. Para https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-imunol%C3%B3gicas/biologia-do-sistema-imunol%C3%B3gico/imunidade-adquirida#v778784_pt confirmar o diagnóstico de granuloma inguinal, os médicos podem obter uma amostra do líquido raspado da ulceração e examiná-la ao microscópio. Se o diagnóstico for incerto, os médicos colhem uma amostra de tecido e a examinam ao microscópio (biópsia). Tratamento: Um antibiótico, como trimetoprima-sulfametoxazol ou doxiciclina. Exames e tratamento de parceiros sexuais. Trimetoprima-sulfametoxazol, doxiciclina, eritromicina, ciprofloxacino ou azitromicina via oral por pelo menos três semanas é eficaz. Às vezes, antibióticos são administrados por injeção no músculo ou na veia. Quando tratadas, as pessoas geralmente começam a melhorar dentro de sete dias. A recuperação pode ser lenta e as feridas podem reaparecer. Nesse caso, é necessário tratamento por um período mais longo. Depois que o tratamento parecer ser bem- sucedido, as pessoas devem ser examinadas periodicamente por seis meses. Parceiros sexuais atuais devem ser examinados e, se infectados, tratados. URETRITES: É uma infecção da uretra, o canal que transporta a urina da bexiga até o exterior do corpo. As bactérias, incluindo aquelas que são sexualmente transmitidas, são as causas mais comuns de uretrite. Os sintomas incluem dor ao urinar, uma necessidade frequente ou urgente de urinar e, algumas vezes, uma secreção. Antibióticos são normalmente usados para tratar a infecção. Causas: A uretrite pode ser causada por bactérias, fungos ou vírus (por exemplo, vírus do herpes simples). Doenças sexualmente transmissíveis são causas comuns de uretrite. Organismos – como Neisseria gonorrhoeae, que causa gonorreia – podem espalhar-se pela uretra durante a relação sexual com um(a) parceiro(a) infectado(a). Clamídia e o vírus do herpes simples também são comumente transmitidos sexualmente e podem causar uretrite (consulte Infecção por clamídia e outras infecções). Quando os homens desenvolvem uretrite, o micro-organismo da gonorreia é a causa mais comum. Apesar de esse micro-organismo poder infectar a uretra das mulheres, a vagina, o cérvix, o útero, os ovários e as trompas de Falópio têm maior probabilidade de serem infectados. Tricomonas são parasitas microscópicos que provocam igualmente uretrite nos homens. A uretrite também pode ser causada por bactérias que comumente causam outras infecções do trato urinário, como Escherichia coli. Sintomas: Tanto nos homens como nas mulheres, normalmente há dor ao urinar e uma necessidade frequente e urgente de urinar. Algumas pessoas não apresentam sintomas. Nos homens, quando a causa for gonorreia ou clamídia, normalmente se vê uma secreção da uretra. A secreção é frequentemente verde-amarelada e espessa quando o micro-organismo, denominado gonococo, está envolvido, e pode ser clara e mais líquida quando outros organismos estão envolvidos. Nas mulheres, a secreção é menos comum. Infecções da uretra que não são tratadas ou são tratadas inadequadamente podem causar um estreitamento (estenose) da uretra. A estenose aumenta o risco de infecções na bexiga ou nos rins. A gonorreia não tratada leva, raramente, a um acúmulo de pus (abscesso) em volta da uretra. Um abscesso pode provocar divertículos na parede uretral (divertículos uretrais), a qual pode ficar igualmente infectada. Se o abscesso perfurar a pele, a vagina ou o reto, a urina pode fluir por uma conexão anormal recentemente criada (fístula uretral) . Diagnóstico: Urinálise. Às vezes, um swab uretral. Às vezes, urocultura. O médico pode normalmente estabelecer o diagnóstico da uretrite a partir dos sintomas e dos exames. Uma amostra da secreção, se presente, é coletada pela inserção de uma haste com ponta macia na extremidade da uretra. O esfregaço uretral é enviado para o laboratório para análise, a fim de identificar o micro-organismo infeccioso. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-por-herpesv%C3%ADrus/infec%C3%A7%C3%B5es-por-v%C3%ADrus-do-herpes-simples-herpes-simplex-virus-hsv https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-por-herpesv%C3%ADrus/infec%C3%A7%C3%B5es-por-v%C3%ADrus-do-herpes-simples-herpes-simplex-virus-hsv https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/gonorreia https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/infec%C3%A7%C3%B5es-por-clam%C3%ADdia-e-outras-infec%C3%A7%C3%B5es-n%C3%A3o-gonoc%C3%B3cicas https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/infec%C3%A7%C3%B5es-por-clam%C3%ADdia-e-outras-infec%C3%A7%C3%B5es-n%C3%A3o-gonoc%C3%B3cicas https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/gonorreia https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/infec%C3%A7%C3%B5es-por-clam%C3%ADdia-e-outras-infec%C3%A7%C3%B5es-n%C3%A3o-gonoc%C3%B3cicashttps://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-masculina/dist%C3%BArbios-testiculares-e-penianos/estenose-uretral https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/gonorreia Tratamento: Antibióticos para causas comuns; antivirais para herpes simples. No caso de infecções sexualmente transmissíveis, tratamento de parceiros As doenças sexualmente transmitidas (DSTs) que causam uretrite podem ser evitadas com a utilização de um preservativo. O tratamento depende da causa da infecção. Entretanto, a identificação do micro-organismo que causa uretrite pode levar dias. Dessa forma, os médicos normalmente começam o tratamento com antibióticos que curam as causas mais comuns. Para homens sexualmente ativos, o tratamento é normalmente realizado com uma injeção de ceftriaxona para a gonorreia mais azitromicina oral ou doxiciclina oral para a clamídia. Se os exames excluírem a possibilidade de gonorreia e clamídia, trimetoprima/sulfametoxazol ou um antibiótico à base de fluoroquinolona (como ciprofloxacino) pode ser usado. As mulheres podem ser tratadas como se tivessem cistite. Para o tratamento de uma infecção por herpes simples, pode ser necessário um medicamento antiviral, como o aciclovir. Se a suspeita for de uma DST, os(as) parceiros(as) sexuais devem ser avaliados(as) para determinar a necessidade de tratamento. Homens diagnosticados com uretrite devem ser testados para HIV e sífilis. 6. Compreender como deve ser o acompanhamento do paciente portador de ISTs. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5es-do-trato-urin%C3%A1rio-itus/infec%C3%A7%C3%A3o-da-bexiga https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%A3o-pelo-v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv/infec%C3%A7%C3%A3o-pelo-v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/s%C3%ADfilis
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