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XXXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO– PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL – DIREITO PENAL Página 2 *ATENÇÃO: ANTES DE INICIAR A PROVA, VERIFIQUE SE TODOS OS SEUS APARELHOS ELETRÔNICOS FORAM ACONDICIONADOS E LACRADOS DENTRO DA EMBALAGEM PRÓPRIA. CASO, A QUALQUER MOMENTO DURANTE A REALIZAÇÃO DO EXAME, VOCÊ SEJA FLAGRADO PORTANDO QUAISQUER EQUIPAMENTOS PROIBIDOS PELO EDITAL, SUAS PROVAS PODERÃO SER ANULADAS, ACARRETANDO SUA ELIMINAÇÃO DO CERTAME. ------------------------------------------------------------------------- PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Rodrigo foi denunciado pelo crime de homicídio simples consumado, com a causa de aumento prevista na primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP, perante o Tribunal do Júri da Comarca de São Paulo. De acordo com o que consta na denúncia, no dia 26 de dezembro de 2019, em uma boate localizada na cidade de São Paulo, Rodrigo teria desferido um soco na barriga de João, além de ter lhe dado um empurrão, que fez com que a vítima caísse em cima da garrafa de vidro que segurava. O corte gerado foi a causa eficiente da morte de João, conforme consta do laudo acostado ao procedimento. Rodrigo teria sido encaminhado por seus amigos ao hospital após os fatos, pois se mostrava descontrolado, não tendo prestado socorro à vítima, por isso, sendo imputada a causa de aumento da primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP. Diante da inicial acusatória, Rodrigo procurou seu (sua) advogado(a), narrando que, no dia dos fatos, câmeras de segurança registraram o momento em que uma pessoa desconhecida, de maneira furtiva, teria colocado substâncias entorpecentes em sua bebida, o que teria causado uma embriaguez completa. Rodrigo teria ficado descontrolado e, em razão disso, sem motivação, teria desferido um soco na barriga de João, empurrando-o em seguida apenas para que, dele, se afastasse, nem mesmo percebendo que a vítima estaria com uma garrafa de cerveja nas mãos. Destacou sequer saber por que quis lesionar João, mas assegurou que o resultado morte não foi pretendido e nem aceito pelo mesmo, que precisou, inclusive, ser submetido a tratamento psicológico em razão dos fatos. Apresentou laudo do hospital, elaborado logo após o ocorrido, constatando que estaria completamente embriagado em razão da ingestão daquela substância entorpecente que teria sido colocada em sua bebida, bem como que, naquele momento, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito dos fatos. Após recebimento da denúncia, citação e apresentação de defesa, foi designada audiência de instrução e julgamento, na primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, para oitiva das testemunhas de acusação e defesa, além do interrogatório do réu. Os policiais responsáveis pelas investigações e pela oitiva dos envolvidos, arrolados como testemunhas pelo Ministério Público, informaram ao magistrado que se atrasariam para o ato judicial, pois estavam em importante diligência. Não querendo fracionar a colheita da prova, o magistrado determinou a oitiva das testemunhas de defesa antes das de acusação, apesar do registro do inconformismo da defesa. Ao final, o réu foi interrogado. As provas colhidas indicaram que a versão apresentada por Rodrigo ao seu advogado era totalmente verdadeira. Considerando que foi constatado o desferimento do soco e do empurrão por parte de Rodrigo em João, após manifestação das partes, o juiz pronunciou o acusado nos termos da denúncia. Intimado, o Ministério Público se manteve inerte. Rodrigo e sua defesa técnica foram intimados da decisão em 05 de abril de 2021, segunda-feira. Considerando apenas as informações expostas, apresente, na condição de advogado(a) de Rodrigo, a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas as teses jurídicas de direito material e processual aplicáveis. A peça deverá ser datada do último dia do prazo para interposição, devendo ser considerado que segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP Processo... RODRIGO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls..., interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 581, inciso IV do Código de Processo Penal. Nesses termos, requer que seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer que seja encaminhado o presente recurso, já com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do estado de São Paulo. Nestes termos, pede deferimento Local..., 12 de abril de 2021 Advogado... OAB... EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Processo... Recorrente: RODRIGO Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Colenda câmara criminal I- DOS FATOS Rodrigo foi denunciado pelo Ministério público com incurso na sanção do artigo 121 do Código Penal, com causa de aumento de pena prevista na primeira parte do parágrafo §4º do artigo 121 do Código Penal. Após regular processamento, o juiz pronunciou o réu nos termos da denúncia. Logo após, o Ministério Público e a defesa técnica foram intimados da decisão. II- DO DIREITO a) Da nulidade da instrução pelo cerceamento de defesa Durante a audiência de instrução e julgamento, o magistrado, diante do atraso justificado das testemunhas arroladas pelo órgão ministerial, optou por ouvir as testemunhas de defesa antes das testemunhas de acusação. No entanto, de acordo com o artigo 411 do Código de Processo Penal, as testemunhas de defesa devem ser ouvidas após a oitiva das testemunhas de acusação. Deste modo, ao fazer a inversão inadequada da ordem de inquirição, o juiz cerceou o direito de defesa do réu, ferindo o contraditório e ampla defesa, conforme expresso no artigo 5°, inciso LV, da Constituição Federal. Sendo assim, requer que seja declarada a nulidade da instrução, por clara violação aos artigos 411 do Código de Processo Penal artigo 5°, inciso LV, da Constituição Federal, conforme exigência do artigo 564, inciso IV do Código de Processo Penal. Ademais, ressalta-se que ficou demonstrado claro prejuízo para a defesa, inclusive, o inconformismo com a situação foi suscitado no momento oportuno em audiência. b) Da absolvição sumária O magistrado pronunciou o réu, nos termos da denúncia, pelo homicídio simples consumado com a causa de aumento de pena descrita no § 4° do artigo 121 do Código Penal. No entanto, na datas dos fatos, o réu era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de suas ações ou determinar-se de acordo com esse entendimento, pois, conforme demonstrado pelas provas anexas aos autos, câmeras de segurança do local dos fatos constataram que uma pessoa desconhecida colocou substância entorpecentes na bebida do réu, causando-lhe embriaguez completa. Além disso, laudo do hospital, também anexado aos autos, comprovam que o réu estaria complemente embriagado em razão da ingestão dessa substância entorpecente colocada em sua bebida sem o seu conhecimento, tornando-o inimputável. Diante disso, requer a absolvição sumária do réu, com base no artigo 415, inciso IV, do Código de processo penal, diante da manifesta causa de exclusão da culpabilidade decorrente da embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, conforme expresso no artigo 28, parágrafo 1° do código penal. c) Da desclassificação do crime O magistrado pronunciou o réu, nos termos da denúncia, pelo homicídio simplesconsumado com a causa de aumento de pena descrita no § 4° do artigo 121 do Código Penal. No entanto, o réu nunca teve o dolo de causar a morte da vítima, apenas lesão. Assim, ressalta-se que o soco desferido e o empurrão não foram causas por si sós suficientes para resultar a morte de João, mas o corte na cabeça, provocado pela garrafa que a vítima segurava, que sequer era fato conhecido pelo agente no momento dos fatos foi a causa da morte. Deste modo, embora tenha socado e empurrado a vítima, o resultado morte foi proveniente, no máximo, de conduta culposa do agente. Além disso, restou demonstrado que o réu não aceitou de nenhum modo o resultado ocasionado pela sua conduta, sendo tal comportamento demonstrado através do tratamento psicológico a que teve de ser submetido em razão dos fatos. Assim, não pode ser imputado ao réu sequer o dolo eventual. Deste modo, não sendo reconhecida a inimputabilidade do agente, requer que seja desclassificada a conduta do réu para crime não doloso contra a vida, com remessa dos autos para juízo competente, de acordo com o artigo 419 do Código de Processo Penal, uma vez que, de acordo com os fatos, pode ser atribuída, no máximo, a conduta de lesão corporal seguida de morte, descrita no artigo 129, parágrafo §3º do Código Penal. d) Do afastamento da causa de aumento de pena O magistrado pronunciou o réu, nos termos da denúncia, pelo homicídio simples consumado com a causa de aumento de pena descrita no § 4° do artigo 121 do Código Penal. Todavia, a mencionada causa de aumento de pena só pode ser aplicada ao homicídio culposo, o que não é o imputado pela denúncia oferecida pelo Ministério Público. Deste modo, requer o afastamento da causa de aumento pena descrita no artigo 121, §4º, em razão da inaplicabilidade ao homicídio doloso, imputado ao agente na denúncia ofertada pelo órgão ministerial. III- DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer que seja CONHECIDO e PROVIDO o recurso, a fim de que se opere a reforma da decisão de 1° grau para que ocorra: a) Reconhecimento da nulidade da instrução, nos termos dos artigos 411 e 564, inciso IV, ambos do Código de Processo Penal; b) A absolvição sumária, com fundamento nos artigos 415, inciso IV, do Código de processo penal e 28, parágrafo 1° do código penal; c) A desclassificação do crime, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal; d) O afastamento da causa de aumento de pena, por não se tratar de homicídio culposo. Nestes termos, pede deferimento Local..., 12 de abril de 2021 Advogado... OAB... Essa peça foi elaborada com base no caderno de provas disponibilizado pela FGV/OAB e também com base no gabarito oficial elaborado pela banca. Ademais, o modelo de estruturação da peça foi aprendido a partir das aulas para segunda fase da OAB (penal) do curso CEISC. A partir disso, me propus a resolver e compartilhar na plataforma a resolução de todas as provas da segunda fase da OAB em direito penal. Quando estava me preparando para a prova, no ano de 2021, senti falta de modelos reais para ter como base, por isso a iniciativa. Espero que te ajude! Tente mais uma vez!
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