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Sabrina Feitosa de Sousa Psicodiagnóstico|UDF O psicodiagnóstico é o processo no qual o sujeito é submetido à uma avaliação psicológica num contexto clínico com o uso de testes psicológicos, fazendo parte da avaliação psicológica como componente clínico da avaliação psicológica, tendo foco especialmente na entrevista psicológica (JEFFERSON SILVA KRUG; CLARISSA MARCELI TRENTINI; DENISE RUSCHEL BANDEIRA, 2016). "[...] o psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo [ou seja, com um número de sessões definido], que emprega técnicas e/ou testes com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicação terapêuticas e encaminhamentos" (JEFFERSON SILVA KRUG; CLARISSA MARCELI TRENTINI; DENISE RUSCHEL BANDEIRA, 2016). Como componente clínico, se caracteriza por intervenção clínica, uma vez que o avaliando está num setting clínico. Entretanto, o psicodiagnóstico tem como objetivo um diagnóstico psicológico que pode conter recomendações de tratamento e deve responder a seguinte pergunta: “há ou não psicopatologia?”. O psicodiagnóstico abarca qualquer avaliação psicológica clínica que esteja baseada em alguma teoria psicológica e que adote técnicas validadas pela ciência psicológica. A simples aplicação de teste psicológico não configura um psicodiagnóstico (JEFFERSON SILVA KRUG; CLARISSA MARCELI TRENTINI; DENISE RUSCHEL BANDEIRA, 2016). Avaliação psicológica é o processo de investigação psicológica que pode ou não ser feito com o uso de testes psicológicos que tem por objetivo responder a uma pergunta, por exemplo: solicitações jurídicas de realização de avaliação psicológica. Pode ser realizada apenas individualmente (JEFFERSON SILVA KRUG; CLARISSA MARCELI TRENTINI; DENISE RUSCHEL BANDEIRA, 2016). Etapas da Avaliação Psicológica 1. Receber a demanda de terceiros. 2. Selecionar os instrumentos. 3. Coletar os dados. 4. Elaborar um relatório que pode conter hipótese diagnóstica e recomendações de tratamento. 5. Entrevista devolutiva para o paciente. Psicometria • Estuda a mensuração psicológica. • Mensuração de construtos psicológicos. • Surgiu com a mensuração da inteligência. • Designar escores ao que é medido. • Permite a comparação entre construtos e indivíduos. • Desenvolvimento de testes psicológicos. • Análise estatística de dados. Fundamentos do Psicodiagnóstico O psicodiagnóstico é caracterizado como um processo científico, pois deve partir de hipóteses que serão confirmadas ou refutadas (JUREMA ALCIDES CUNHA, Conceitos e Fundamentos do (psicodiagnostico) Sabrina Feitosa de Sousa Psicodiagnóstico|UDF 2007). Além disso, deve ter embasamento teórico. A escolha da teoria, afeta todo o processo. O planejamento da avaliação é realizado com base nas hipóteses iniciais - define-se os instrumentos e quando serão utilizados (JUREMA ALCIDES CUNHA, 2007). A partir dos dados obtidos com o uso dos instrumentos de avaliação, a história clínica e pessoal do sujeito é relacionada com os dados coletados (JUREMA ALCIDES CUNHA, 2007). Os instrumentos utilizados não precisam ser obrigatoriamente testes psicológicos. Objetivos Diversos do Psicodiagnóstico Segundo Cunha (2007), os principais objetivos do psicodiagnóstico são: 1. Classificação simples: o exame compara a amostra do comportamento do examinando com os resultados de outros sujeitos da população geral ou de grupos específicos, com condições demográficas equivalentes; esses resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente, como em uma avaliação de nível intelectual na qual o sujeito é submetido a testes para sua faixa etária e comparado com os demais. 2. Descrição: ultrapassa a classificação simples, interpretando diferenças de escores, identificando forças e fraquezas e descrevendo o desempenho do paciente, como em uma avaliação de déficits neuropsicológicos. Por exemplo, quando se utiliza o teste WIS, ou quando se realiza o exame do estado mental ou exame das funções do ego. 3. Classificação nosológica: hipóteses iniciais são testadas, tomando como referência critérios diagnósticos. Nesse caso, o psicólogo ou psiquiatra deve realizar um julgamento clínico sobre um conjunto de sintomas. Entretanto, se o objetivo dessa avaliação se restringir a apenas chegar ao código do CID ou DSM, não se configura um psicodiagnóstico propriamente dito. 4. Diagnóstico diferencial: são investigadas irregularidades ou inconsistências do quadro sintomático, para diferenciar alternativas diagnósticas, níveis de funcionamento ou a natureza da patologia. 5. Avaliação compreensiva: é determinado o nível de funcionamento da personalidade, são examinadas as funções do ego, em especial a de insight, condições do sistema de defesas, para facilitar a indicação de recursos terapêuticos e prever a possível resposta aos mesmos. 6. Entendimento dinâmico: ultrapassa a avaliação compreensiva, por pressupor um nível mais elevado de inferência clínica, havendo uma integração de dados com base teórica. Permite chegar a explicações de aspectos comportamentais nem sempre acessíveis na entrevista, à antecipação de fontes de dificuldades na terapia e à definição de focos terapêuticos, etc. Nessa avaliação, investiga-se também o psicodesenvolvimento do sujeito. 7. Prevenção: procura identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, de sua capacidade para enfrentar situações novas, difíceis, estressantes. Sabrina Feitosa de Sousa Psicodiagnóstico|UDF 8. Prognóstico: determina o curso provável do caso. 9. Perícia forense: fornece subsídios para questões relacionadas com “insanidade”, competência para o exercício das funções de cidadão, avaliação de incapacidades ou patologias que podem se associar com infrações da lei, etc. Quem faz o diagnóstico psicológico? O diagnóstico psicológico pode ser realizado pelo psicólogo, pelo psiquiatra, pelo neurologista ou pelo psicanalista com vários objetivos, desde que seja utilizado o modelo médico. Se for utilizado o modelo psicológico ou psicodiagnóstico, apenas o psicólogo pode realizar. Caso seja realizado por uma equipe multiprofissional, cada profissional deve realizar o diagnóstico seguindo o modelo de sua profissão (JUREMA ALCIDES CUNHA, 2007). → Atenção! Sempre que for fazer um laudo, pense em quem irá lê-lo. A fim de utilizar uma linguagem acessível sem exagero de termos técnicos. Passos do Psicodiagnóstico Segundo Cunha (2007), os passos do psicodiagnóstico podem ser resumidos em: 1. Levantamento de hipóteses e objetivos; 2. Planejamento; 3. Coleta de dados; 4. Integração dos dados coletados com as hipóteses, objetivos e história do sujeito; e 5. Realizar a devolutiva, dar orientações sobre o tratamento e finalizar o processo com o avaliando. Testagem Psicológica • É um processo de medição de variáveis psicológicas, utilizando teses psicológicas. • Coleta dados. • A testagem pode ser individual ou em grupo. • Acontece em diversos contextos. Psicodiagnóstico Interventivo • O avaliando pode demandar uma intervenção breve, pois o processo de avaliação psicológica trabalha com questões delicadas e íntimas da vida do sujeito que se submete a avaliação. • Não realizar o acolhimento, quando necessário, prejudica o vínculo terapêutico. Etapas: 1. Estabelecer vínculos. 2. Acolhimento. 3. Esclarecimento. 4. Psicoeducação. 5. Motivar o paciente. Referências JEFFERSON SILVA KRUG; CLARISSA MARCELI TRENTINI; DENISE RUSCHEL BANDEIRA. CONCEITUAÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO NA ATUALIDADE. In: Psicodiagnóstico. Porto Alegre- RS: Artmed, 2016. p. 23 - 31. JUREMA ALCIDES CUNHA. Fundamentos do Psicodiagnóstico. In: Psicodiagnóstico - V. 5a ed. Porto Alegre - Rio Grande do Sul: Artmed, 2007. p. 23–31.
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