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Lei Maria da Penha

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LEIS PENAIS ESPECIAIS 
Prof. Cristina S. A. Lourenço 
 
LEI MARIA DA PENHA 
Lei 1.1346/06 
 
 
1) Pergunta: A quem a Lei se aplica? Resposta: A Lei é destinada a proteger a mulher 
contra a violência doméstica e familiar. Logo, a Lei não se aplica às vítimas do sexo 
masculino. A opção do legislador é clara em proteger a mulher que se encontra em 
situação de risco, porque entende que esta merece uma proteção especial, já que, na 
maioria dos casos, existe uma situação de desigualdade em relação ao homem, seja do 
ponto de vista físico, seja do ponto de vista das relações domésticas, familiares e até 
sociais. A Lei se aplica à grande massa de mulheres que sofrem agressões e que não 
contavam, até o presente momento, com mecanismos jurídicos adequados para garantir 
os seus direitos, no que toca a proteção quanto a toda forma de violência de gênero que 
possa causar a morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico, dano moral ou 
patrimonial. 
2) Pergunta: O que é violência doméstica ou familiar? Resposta: É a violência 
praticada contra mulher que pode lhe causar a morte, lesão, sofrimento físico, sexual, 
psicológico, dano moral ou patrimonial. Para os efeitos da Lei, será considerada 
violência doméstica ou familiar, aquela que ocorra no âmbito da unidade doméstica, ou 
seja, no local de convívio permanente da vítima e do agressor, sejam eles casados, 
apenas companheiros ou, ainda, naquele tipo de união que ocorra de forma não muito 
freqüente. A Lei também considera como violência familiar, aquela ocorrida entre 
pessoas de uma mesma família, lembrando-se que a vítima deve ser sempre mulher. 
Neste caso, entende-se por família aquele conjunto de pessoas que são aparentadas ou se 
consideram aparentadas, unidas por laços de sangue (exs: pai e filha; irmão e irmã; tio e 
sobrinha, etc.), de afinidade (exs: cunhado e cunhada; padrasto e enteada, sogro e nora, 
sogra e nora, etc.) ou por vontade expressa (exs: pai e filha por adoção). Considera-se, 
ainda, violência doméstica aquela decorrente de uma relação íntima de afeto, na qual o 
agressor conviva ou tenha convivido com a vítima, ainda que não morem sob o mesmo 
teto (exs: namorado e namorada). Por fim, cabe lembrar que as relações entre vítima e 
agressor independem de orientação sexual, logo, para a Lei, é possível considerar 
violência doméstica a agressão praticada por uma mulher contra sua companheira do 
mesmo sexo ou namorada (vide art. 5º, incisos I, II, III e parágrafo único, da Lei). 
3) Pergunta: Quem a mulher em situação de violência doméstica ou familiar deve 
procurar? Resposta: Caso a mulher esteja sendo agredida ou esteja prestes a ser 
agredida, a melhor alternativa será ligar imediatamente para o 190, pois neste caso a 
providência mais importante é fazer cessar a agressão ou impedir que esta agressão 
ocorra. Caso a agressão já tenha ocorrido, a mulher vítima deverá, de preferência, se 
dirigir à Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, onde será orientada como 
proceder. 
4) Pergunta: Se alguém conhece alguma mulher em situação de violência 
doméstica ou familiar deve noticiar esse fato às autoridades? Resposta: O 
enfretamento da violência contra a mulher é um dever de todo cidadão e cidadã e para 
que se possa progredir neste campo, diminuindo as agressões e aumentando o respeito 
aos direitos da mulher, a sociedade deve colaborar. Portanto, o correto é noticiar os 
fatos à Polícia ou ao Ministério Público. Há crimes, como o delito de ameaça que a 
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apuração e o eventual processo movido pelo Ministério Público dependerão de 
autorização da vítima, porém na maioria dos casos de violência doméstica ou familiar, 
sobretudo naqueles que envolvem agressão física, a Polícia e o Ministério Público irão 
intervir mesmo sem que a vítima manifeste interesse, pois se trata de violação de 
direitos humanos. Para noticiar os fatos, pode ser utilizado o disque denúncia do 
Ministério Público: 0800 970 20 78, ou Central de Atendimento da Secretaria Especial 
de Políticas para as Mulheres: 180. 
5) Pergunta: Quais são as infrações penais mais comuns em caso de violência 
doméstica ou familiar? Resposta: É muito comum a ocorrência de contravenção penal 
de vias de fato (ex: empurrões, tapas sem deixar marcas) ou crimes contra a honra (ex: 
xingamentos, agressões verbais), ameaça (ex: o agressor diz que vai matar ou bater na 
vítima), lesão corporal leve (ex: lesões que deixam marcas, mas os ferimentos não são 
graves), lesão corporal grave ou gravíssima (ex: ferimentos mais graves em que a vítima 
fica incapacitada para as suas ocupações habituais por mais de trinta dias e outras 
situações previstas na Lei, cabendo lembrar que a classificação da lesão em leve, grave 
ou gravíssima, depende de uma avaliação técnica, feita pelos médicos legistas (IML), 
em um primeiro momento, e depois pelo Ministério Público e pelo Juiz). Há crimes 
muito graves que podem também ser praticados contra a mulher no contexto de 
violência doméstica ou familiar, podendo-se citar como exemplos a tortura, a tentativa 
de homicídio e o homicídio consumado (quando ocorre a morte). 
6) Pergunta: Qual era o tratamento dispensado ao agressor antes da Lei Maria da 
Penha a esses casos mais freqüentes? Resposta: Para as infrações penais mais simples, 
como os crimes de ameaça e lesão corporal leve, o agressor era encaminhado ao Juizado 
Especial Criminal, juntamente com a vítima, onde em uma audiência preliminar, que 
ocorria com um juiz leigo ou com o próprio Juiz de Direito, presente o Ministério 
Público, era indagado se a vítima queria representar contra o autor dos fatos. Esta 
expressão representar significa, em outras palavras, se a vítima pretendia autorizar o 
Ministério Público a propor a aplicação de uma pena ao agressor, pena esta que não 
seria de privação de liberdade. Geralmente a vítima, até porque ficava constrangida em 
razão da presença do agressor e porque não tinha em seu favor tantas medidas de 
proteção como foram previstas agora na Lei Maria da Penha, dizia que não pretendia 
ver o agressor processado e se contentava com a advertência que era dada pelo juiz ao 
agressor. Esse sistema, obviamente, não funcionou e as agressões cessavam por um 
curto espaço de tempo, vindo depois a vítima a ser novamente agredida, pois o agressor 
não tendo sido sancionado e reeducado não era capaz de mudar o seu comportamento. 
Não havia o temor da pena e não havia a tentativa de ressocializar o agressor, de forma 
a se poder restaurar a harmonia familiar e os danos sofridos pela vítima. 
7) Pergunta: Com o advento da Lei Maria da Penha, qual o tratamento que passou 
a ser dispensado ao agressor? Resposta: A Lei impõe um tratamento mais rigoroso, 
mais restaurador e ao mesmo tempo mais garantidor dos direitos da mulher. Mais 
rigoroso porque a apuração, pelo menos nos casos de agressões físicas não depende 
mais da vontade da vítima, devendo a Polícia e o Ministério Público agir. Assim, se a 
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mulher é agredida fisicamente, por exemplo, a Polícia instaura o inquérito policial, que 
é encaminhado à Justiça e o Ministério Público, entendendo que os elementos de prova 
são suficientes, oferece a denúncia contra o agressor, ou seja, haverá um processo e não 
mais aquela conciliação que ocorria nos Juizados. Existe a possibilidade do agressor ser 
punido com uma pena privativa de liberdade (prisão), ainda naqueles casos que seriam 
mais simples como a lesão corporal leve. É importante que se tenha consciência que o 
objetivo não é exclusivamente prender o agressor, porém esta possibilidade agora não 
fica mais afastada e pode ocorrer. Vale lembrar, porém, que no caso de prisão em 
flagrante se admite a liberdade provisória mediante fiança para aqueles crimes em que a 
pena mínima prevista não exceda 2 (dois) anose desde que preenchido os demais 
requisitos. A liberdade provisória sem fiança é cabível nos demais casos, desde que não 
estejam presentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva, sendo possível o 
magistrado permitir que o agressor permaneça em liberdade durante a ação penal, 
ouvido previamente o Ministério Público. Além disso, em casos de lesão corporal leve, 
por exemplo, é possível, em havendo condenação, o juiz conceder o que se chama de 
sursis (suspensão condicional da pena), em que o condenado não vai para a cadeia e fica 
com a sua pena suspensa mediante condições, por um prazo geralmente de dois anos, 
durante o qual deve comparecer mensalmente ao Fórum, não pode sair da cidade sem 
autorização do juiz, fica proibido de freqüentar determinados locais e, agora, com a Lei 
Maria da Penha, pode ser obrigado a comparecer a programas de recuperação e 
reeducação. Além disso, não sendo cabível o benefício do sursis, nada impede que o 
condenado, que começar a cumprir a pena no regime aberto ou ingressar neste regime 
mais brando, tenha dentre as condições para a execução da pena uma condição especial 
que é o comparecimento obrigatório a programas de recuperação e reeducação. Como se 
pode notar, o objetivo não é prender, mas reeducar. A Lei, ainda, criou medidas de 
proteção à mulher, de forma a evitar que as agressões continuem ou que voltem a 
ocorrer. O tratamento foi mais rigoroso porque o legislador entende que a agressão à 
mulher é violação de direitos humanos e, portanto, é muito grave. Só para fazer uma 
comparação, uma briga entre duas pessoas que pouco se conhecem é totalmente 
diferente das agressões que uma mulher sofre no âmbito doméstico ou familiar. A 
mulher sofre muitas vezes por anos antes de conseguir noticiar os fatos às autoridades e 
a violência sofrida não é apenas física, mas também psicológica. Além disso, essas 
agressões ocorrem, costumeiramente, na frente dos filhos. Por tudo isso, o assunto é 
muito grave e merecia já há algum tempo um tratamento mais rigoroso e adequado. 
8) Pergunta: Quais as medidas judiciais que o legislador criou para proteger a 
mulher em situação de violência doméstica ou familiar? Resposta: O legislador 
estabeleceu dois tipos de medidas de proteção. Há medidas de proteção que obrigam o 
agressor e medidas de proteção em relação à vítima. As medidas protetivas de urgência 
que obrigam o agressor estão previstas no art. 22 da Lei, sendo elas: a) suspensão da 
posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente; b) 
afastamento do lar, domicílio ou local de conveniência com a vítima; c) proibição de 
determinadas condutas, como aproximação da vítima, de seus familiares e das 
testemunhas, devendo o juiz fixar o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
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d) proibição de contato com a vítima, seus familiares e testemunhas por qualquer meio 
de comunicação; e) proibição de que o agressor freqüente determinados lugares, a fim 
de preservar a integridade física e psicológica da vítima; f) restrição ou suspensão de 
visitas aos dependentes menores (filhos); e g) prestação de alimentos provisionais ou 
provisórios à mulher e aos filhos. As medidas protetivas de urgência destinadas à vítima 
estão relacionadas nos arts. 23 e 24, da Lei, sendo elas: a) encaminhamento da vítima e 
seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; b) 
recondução da vítima e de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento 
do agressor; c) afastamento da vítima do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, 
guarda dos filhos e alimentos; d) separação de corpos; e) restituição de bens 
indevidamente subtraídos pelo agressor à vítima; f) proibição temporária para a 
celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, 
salvo expressa autorização do juiz; g) suspensão das procurações conferidas pela vítima 
ao agressor; e h) prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas 
e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a 
vítima. 
9) Pergunta: O que é preciso para que as medidas de proteção sejam deferidas em 
favor da vítima? Resposta: Em princípio basta que a vítima vá à Delegacia. A 
autoridade policial mandará lavrar o boletim de ocorrência policial e colherá as 
declarações da vítima. A Lei só exige o boletim de ocorrência policial e as declarações 
da vítima para se conceder as medidas. Diante da pouca exigência quanto à prova, pois 
a Lei se baseia praticamente na palavra da mulher, seria possível dizer que podem 
ocorrer abusos, como, por exemplo, no caso da mulher mentir para a autoridade policial 
apenas para obter medidas de proteção contra seu companheiro, marido, namorado ou 
parente, sem que este tenha, de fato, cometido algum crime. É realmente possível que 
isto ocorra, mas o legislador partiu de uma ótica, segundo a qual, a mulher se encontra, 
na maioria esmagadora das situações de violência, na condição de vítima. Para tanto, em 
benefício da urgência com que as medidas de proteção devem ser decretadas (em um 
prazo de 48 horas) e tendo em consideração a posição da mulher, geralmente a vítima de 
agressões e que por isso merece especial proteção, bem como a necessidade de impedir 
que uma violência maior possa ocorrer, o legislador dispensou uma prova mais 
aprofundada nesta fase, para deferir as medidas de proteção. É bom deixar claro que a 
prova que se exige para a condenação é totalmente diversa e deve ser convincente, não 
deixando a menor margem de dúvida quanto à existência do crime, autoria do fato 
atribuída ao agressor e da culpa do agressor. Para que a Lei possa ser corretamente 
aplicada, portanto, é preciso cautela e sensibilidade da parte dos seus aplicadores, seja a 
autoridade policial que deve estar atenta para, se for o caso, checar a veracidade das 
informações que lhe são trazidas, seja o juiz que deve agir com sensibilidade e 
prudência. Uma vez concedidas as medidas de proteção, isto também não significa que 
o magistrado não poderá modificar mais a sua decisão. Percebendo que as medidas não 
estão adequadas poderá alterar essas medidas ou, ser for o caso, até revogá-las. É 
importante que fique muito claro que a Lei é um instrumento de proteção da mulher e 
não um instrumento de vingança, logo caso uma falsa vítima venha a fazer o registro de 
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uma ocorrência que não aconteceu, atribuindo ao seu marido, companheiro, namorado 
ou parente uma infração penal que ele não praticou, é muito provável que ela venha a 
ser punida por crime de denunciação caluniosa, cuja pena pode chegar até 8 (oito) anos 
de reclusão (art. 339, do Código Penal). Trata-se de crime bastante grave, devendo a 
mulher estar atenta, pois a Justiça não tolera a mentira, principalmente quando essa 
mentira pode levar a conseqüências tão graves para uma pessoa, como um processo 
penal injusto ou até mesmo a prisão. 
10) Pergunta: Caso sejam concedidas medidas de proteção e o agressor, mesmo 
assim, continue a molestar a vítima, desrespeitando a decisão do Juiz, quais as 
providências que devem ser tomadas? Resposta: A vítima deve procurar a Delegacia 
Especializada de Atendimento à Mulher ou o Ministério Público, pois o 
descumprimento da ordem judicial é crime e poderá ser determinada a prisão do 
agressor. 
11) Pergunta: Uma vez que a vítima tenha prestado declarações à autoridade 
policial, relatando as agressões que sofreu, é possível voltar atrás e impedir que o 
agressor seja processado? Resposta: Depende. Nos casos de ameaça, seguramente será 
possível voltar atrás, desde que o Promotor de Justiça não tenha oferecido à denúncia e 
o juiz recebido esta denúncia. Em outras palavras, é possível voltar atrás até o momento 
em que o processo não tenhasido instaurado (começado). Para tanto, a vítima deve 
procurar a Delegada de Polícia, o Ministério Público ou ir até a Vara de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, informando que quer se retratar (voltar atrás). Se 
o processo não tiver começado, será marcada uma audiência com o juiz, presente 
também o Ministério Público, onde a vítima, depois de esclarecida das conseqüências 
do seu ato, se mantiver a sua vontade de não ver processar o agressor, o inquérito 
policial será arquivado. Note que a retratação (desistir) só pode ocorrer na presença do 
juiz. Outros casos, como o de lesão corporal, ainda que leve, não admitem retratação 
(voltar atrás). Este ponto de vista quanto a lesão corporal leve ainda não é aceito por 
todos, mas há uma tendência de que nesse tipo de crime (lesão corporal leve) não se 
aceite a retratação (desistência da vítima), pois a intenção do legislador foi proteger ao 
máximo os direitos humanos da mulher. Os direitos humanos são inalienáveis, ou seja, 
nem a mulher pode dispor desse direito. Quando um direito é classificado como 
Direitos Humanos significa que se está tratando de um direito fundamental, 
indispensável à vida digna de um ser humano. 
12) Pergunta: Qual o papel do Centro de Referência na quebra do ciclo de 
violência? Resposta: O Centro de Referência tem papel primordial no apoio às 
mulheres em situação de violência, pois oferece atendimento integral e multidisciplinar, 
nas áreas: jurídica, social, psicológica e apoio à profissionalização destas mulheres, 
além de fazer o encaminhamento para toda a Rede de Atendimento, de acordo, com as 
necessidades de cada caso. Ou seja, o Centro de Referência, pode ser considerado o 
núcleo de toda a Rede. No Estado do Acre temos 04 Centros de Referência atendendo 
nas regionais, que são os seguintes: Casa Rosa Mulher (Rio Branco), Vitória Régia 
(Regional do Juruá/Cruzeiro do Sul), Alto Acre (Brasiléia) e Tarauacá Envira (Feijó). 
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13) Pergunta: Em que caso uma mulher em situação de violência pode ser 
encaminhada para o serviço de abrigamento temporário – Casa Abrigo? Resposta: 
Poderá ser encaminhada quando surgirem as seguintes situações: ter sido ameaçada de 
morte ou estar sofrendo violência que coloque em risco sua vida; não dispor de um local 
seguro, como a família ou amigos (as), que lhe garantam proteção. Ela pode ser 
abrigada junto com seus filhos (as), de até 13 anos de idade do sexo masculino e sem 
limite de idade para o sexo feminino. Assim como o Centro de Referência, a Casa 
Abrigo oferece atendimento integral às mulheres em situação de violência; faz todo o 
acompanhamento da saúde das mulheres e seus filhos (as), além de organizar atividades 
sócio-educativas para as crianças. No estado do Acre, temos 02 (duas) Casas Abrigo: 
Casa Abrigo Mãe da Mata (Rio Branco) e Casa Abrigo do Juruá (Cruzeiro do Sul). 
Lembrando que este é um serviço regionalizado, que tem endereço sigiloso para 
assegurar a integridade física das mulheres e das funcionárias e atende a todo o Estado. 
14) Pergunta: Qual o tempo de permanência em uma Casa Abrigo? Resposta: Até 
que sejam aplicadas as Medidas Protetivas expedidas pelo juiz do Juizado de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, tempo necessário para a atuação da Segurança 
Pública, Ministério Público, Judiciário, com a análise do caso efetuada pela equipe 
multidisciplinar da casa. As autoridades ligadas à Segurança Pública, Ministério Público 
e Judiciário devem estar preocupados com a excepcionalidade dos casos das mulheres 
que vão encaminhadas, para que haja a garantia da volta dessa mulher o mais rápido 
possível ao convívio social e das crianças e adolescentes, seus filhos/as a volta para 
escola. 
15) Pergunta: A funcionária pública que é vítima de violência doméstica e familiar, 
se precisar se afastar do local de trabalho tem alguma garantia? Resposta: É 
garantida prioridade de remoção a funcionária pública e manutenção do vínculo 
trabalhista por até 06 meses sempre que tais providências se fizerem necessárias para 
preservar sua integridade física e psicológica. Ressaltamos que não há previsão na lei 
quanto a manutenção do vínculo empregatício na iniciativa privada. (art. 9º, § 2°, I e II, 
da Lei) 
 
Foram muitos os avanços legais trazidos pela Lei Maria da Penha, entre eles: 
- a definição do que é violência doméstica, incluindo não apenas as agressões físicas e 
sexuais, como também as psicológicas, morais e patrimoniais; 
- reforça que todas as mulheres, independentemente de sua orientação sexual são 
protegidas pela lei, o que significa que mulheres também podem ser enquadradas – e 
punidas – como agressoras; 
- não há mais a opção de os agressores pagarem a pena somente com cestas básicas ou 
multas. A pena é de três meses a três anos de prisão e pode ser aumentada em 1/3 se a 
violência for cometida contra mulheres com deficiência; 
LEIS PENAIS ESPECIAIS 
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- ao contrário do que acontecia antigamente, não é mais a mulher quem entrega a 
intimação judicial ao agressor; 
- a vítima é informada sobre todo o processo que envolve o agressor, especialmente 
sobre sua prisão e soltura; 
- a mulher deve estar acompanhada por advogado e tem direito a defensor público; 
- podem ser concedidas medidas de proteção como a suspensão do porte de armas do 
agressor, o afastamento do lar e uma distância mínima em relação à vítima e aos filhos; 
- permite prisão em flagrante; 
- no inquérito policial constam os depoimentos da vítima, do agressor, de testemunhas, 
além das provas da agressão; 
- a prisão preventiva pode ser decretada se houver riscos de a mulher ser novamente 
agredida e 
- o agressor é obrigado a comparecer a programas de recuperação e reeducação. 
Além disso, a lei prevê Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher para julgarem os crimes e definirem questões relativas a divórcio, pensão e 
guarda dos filhos, por exemplo. A medida é importante, pois retira a competência dos 
juizados especiais criminais (como previa a lei 9.099, de 1995), que entendiam a 
violência doméstica como um crime de menor potencial ofensivo. No entanto, “as 
violências em família são sérias, mulheres têm perdido a vida por causa disso”, lembra 
Eunice Prudente. 
 
Outro ponto positivo da Lei Maria da Penha é que ela cria dificuldades para que as 
mulheres voltem atrás em suas denúncias, afinal é grande o número de vítimas que 
retiram a queixa de agressão após sofrerem ameaças do companheiro ou ouvirem mais 
um pedido de desculpas. Desde 2006, a mulher só pode desistir da denúncia na frente do 
juiz, em audiência marcada exclusivamente para esta finalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIS PENAIS ESPECIAIS 
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ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHA 
Não existia lei específica sobre a violência 
doméstica 
Tipifica e define a violência doméstica e 
familiar contra a mulher e estabelece as suas 
formas: física, psicológica, sexual, 
patrimonial e moral. 
Não tratava das relações entre pessoas do 
mesmo sexo. 
Determina que a violência doméstica contra 
a mulher independe de orientação sexual. 
Nos casos de violência, aplica-se a lei 
9.099/95, que criou os Juizados Especiais 
Criminais, onde só se julgam crimes de 
"menor potencial ofensivo" (pena máxima 
de 2 anos). 
Retira desses Juizados a competência para 
julgar os crimes de violência doméstica e 
familiar contra a mulher. 
Esses juizados só tratavam do crime. Para 
a mulher resolver o resto do caso, as 
questões cíveis (separação, pensão, gaurda 
de filhos) tinha que abrir outro processo na 
vara de família. 
Serão criados Juizados Especializados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher, com competência cívele criminal, 
abrangendo todas as questões. 
Permite a aplicação de penas pecuniárias, 
como cestas básicas e multas. 
Proíbe a aplicação dessas penas. 
A autoridade policial fazia um resumo dos 
fatos e registrava num termo padrão (igual 
para todos os casos de atendidos). 
Tem um capítulo específico prevendo 
procedimentos da autoridade policial, no que 
se refere às mulheres vítimas de violência 
doméstica e familiar. 
A mulher podia desistir da denúncia na 
delegacia. 
A mulher só pode renunciar perante o Juiz. 
Era a mulher quem, muitas vezes, 
entregava a intimação para o agressor 
comparecer às audiências. 
Proíbe que a mulher entregue a intimação ao 
agressor. 
Não era prevista decretação, pelo Juiz, de 
prisão preventiva, nem flagrante, do 
agressor (Legislação Penal). 
Possibilita a prisão em flagrante e a prisão 
preventiva do agressor, a depender dos 
riscos que a mulher corre. 
A mulher vítima de violência doméstica e 
familiar nem sempre era informada quanto 
ao andamento do seu processo e, muitas 
vezes, ia às audiências sem advogado ou 
defensor público. 
A mulher será notificada dos atos 
processuais, especialmente quanto ao 
ingresso e saída da prisão do agressor, e terá 
que ser acompanhada por advogado, ou 
defensor, em todos os atos processuais. 
A violência doméstica e familiar contra a 
mulher não era considerada agravante de 
pena. (art. 61 do Código Penal). 
Esse tipo de violência passa a ser prevista, 
no Código Penal, como agravante de pena. 
A pena para esse tipo de violência 
doméstica e familiar era de 6 meses a 1 
ano. 
A pena mínima é reduzida para 3 meses e a 
máxima aumentada para 3 anos, 
acrescentando-se mais 1/3 no caso de 
portadoras de deficiência. 
Não era previsto o comparecimento do 
agressor a programas de recuperação e 
Permite ao Juiz determinar o 
comparecimento obrigatório do agressor a 
LEIS PENAIS ESPECIAIS 
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reeducação (Lei de Execuções Penais). programas de recuperação e reeducação. 
O agressor podia continuar frequentando 
os mesmos lugares que a vítima 
frequentava. Tampouco era proibido de 
manter qualquer forma de contato com a 
agredida. 
O Juiz pode fixar o limite mínimo de 
distância entre o agressor e a vítima, seus 
familiares e testemunhas. Pode também 
proibir qualquer tipo de contato com a 
 
 
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. 
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos 
termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação 
de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe 
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera 
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras 
providências. 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar 
contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção 
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros 
tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a 
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece 
medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e 
familiar. 
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, 
cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à 
pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem 
violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e 
social. 
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos 
à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso 
à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao 
respeito e à convivência familiar e comunitária. § 1o O poder público desenvolverá 
políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações 
domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 2o Cabe à família, à 
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sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos 
direitos enunciados no caput. 
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se 
destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência 
doméstica e familiar. 
TÍTULO II DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da 
unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, 
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da 
família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade 
expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As 
relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de 
violação dos direitos humanos. 
CAPÍTULO II DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
CONTRA A MULHER 
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a 
violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde 
corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, 
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que 
lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III - a violência sexual, 
entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar 
de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; 
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a 
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à 
gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou 
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, 
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, 
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os 
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destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como 
qualquer conduta que configure calúnia, difamaçãoou injúria. 
TÍTULO III DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CAPÍTULO I DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE 
PREVENÇÃO 
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: I 
- a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria 
Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho 
e habitação; II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações 
relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às 
conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a 
sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos 
resultados das medidas adotadas; III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos 
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis 
estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo 
com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 
221 da Constituição Federal; IV - a implementação de atendimento policial 
especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência 
doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em 
geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das 
mulheres; VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros 
instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e 
entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de 
erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; VII - a capacitação 
permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e 
dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às 
questões de gênero e de raça ou etnia; VIII - a promoção de programas educacionais que 
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a 
perspectiva de gênero e de raça ou etnia; IX - o destaque, nos currículos escolares de 
todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade 
de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
CAPÍTULO II DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR 
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será 
prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei 
Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de 
Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e 
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emergencialmente quando for o caso. § 1o O juiz determinará, por prazo certo, a 
inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de 
programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. § 2o O juiz assegurará 
à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade 
física e psicológica: I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, 
integrante da administração direta ou indireta; II - manutenção do vínculo trabalhista, 
quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. § 3o A 
assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o 
acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, 
incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças 
Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
(AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência 
sexual. 
CAPÍTULO III DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL 
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra 
a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de 
imediato, as providências legais cabíveis. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no 
caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a 
autoridade policial deverá, entre outras providências: I - garantir proteção policial, 
quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder 
Judiciário; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto 
Médico Legal; III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo 
ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - se necessário, acompanhar a ofendida 
para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio 
familiar; V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis. 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o 
registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes 
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: I - ouvir 
a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se 
apresentada; II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de 
suas circunstâncias; III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente 
apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de 
urgência; IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e 
requisitar outros exames periciais necessários; V - ouvir o agressor e as testemunhas; VI 
- ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes 
criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências 
policiais contra ele; VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e 
ao Ministério Público. § 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade 
policial e deverá conter: I - qualificação da ofendida e do agressor; II - nome e idade dos 
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dependentes; III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela 
ofendida. § 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o 
boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da 
ofendida. § 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos 
fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
TÍTULO IV DOS PROCEDIMENTOS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as 
normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica 
relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido 
nesta Lei. 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da 
Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no 
Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a 
execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a 
mulher. Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, 
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta 
Lei, o Juizado: I - do seu domicílioou de sua residência; II - do lugar do fato em que se 
baseou a demanda; III - do domicílio do agressor. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que 
trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido 
o Ministério Público. 
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a 
substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. 
CAPÍTULO II DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
Seção I Disposições Gerais 
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 
48 (quarenta e oito) horas: I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as 
medidas protetivas de urgência; II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão 
de assistência judiciária, quando for o caso; III - comunicar ao Ministério Público para 
que adote as providências cabíveis. 
 Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. § 1o As medidas 
protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de 
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audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser 
prontamente comunicado. § 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas 
isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de 
maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou 
violados. § 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da 
ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já 
concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu 
patrimônio, ouvido o Ministério Público. 
 Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão 
preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério 
Público ou mediante representação da autoridade policial. Parágrafo único. O juiz 
poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo 
para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a 
justifiquem. 
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, 
especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação 
do advogado constituído ou do defensor público. Parágrafo único. A ofendida não 
poderá entregar intimação ou notificação ao agressor. Seção II Das Medidas Protetivas 
de Urgência que Obrigam o Agressor 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos 
termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou 
separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I - suspensão 
da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos 
termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; II - afastamento do lar, domicílio 
ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre 
as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o 
limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus 
familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) freqüentação de 
determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de 
atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais 
ou provisórios. § 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de 
outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as 
circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público. 
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições 
mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 
2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas 
protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o 
superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, 
sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. 
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz 
requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. § 4o Aplica-se às hipóteses 
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previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da 
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). Seção III Das 
Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: I - 
encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de 
proteção ou de atendimento; II - determinar a recondução da ofendida e a de seus 
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; III - determinar o 
afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos 
filhos e alimentos; IV - determinar a separação de corpos. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de 
propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes 
medidas, entre outras: I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à 
ofendida; II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, 
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; III - 
suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; IV - prestação de 
caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes 
da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. Parágrafo único. Deverá 
o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste 
artigo. 
CAPÍTULO III DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e 
criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário: I - requisitar força 
policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, 
entre outros; II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à 
mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas 
administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; 
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
CAPÍTULO IV DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA 
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de 
violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o 
previsto no art. 19 desta Lei. 
 Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o 
acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos 
termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e 
humanizado. 
 
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TÍTULO V DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR 
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a 
ser criados poderãocontar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser 
integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. 
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que 
lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao 
Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em 
audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras 
medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às 
crianças e aos adolescentes. 
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz 
poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação 
da equipe de atendimento multidisciplinar. 
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever 
recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos 
termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias. 
TÍTULO VI DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS 
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para 
conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela 
legislação processual pertinente. Parágrafo único. Será garantido o direito de 
preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no 
caput. 
TÍTULO VII DISPOSIÇÕES FINAIS 
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher 
poderá ser acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e do serviço de 
assistência judiciária. 
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e 
promover, no limite das respectivas competências: I - centros de atendimento integral e 
multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência 
doméstica e familiar; II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes 
menores em situação de violência doméstica e familiar; III - delegacias, núcleos de 
defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal especializados 
no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar; IV - programas 
e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar; V - centros de 
educação e de reabilitação para os agressores. 
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Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a 
adaptação de seus órgãos e de seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei. 
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poderá ser 
exercida, concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de atuação na 
área, regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil. 
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando 
entender que não há outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento 
da demanda coletiva. 
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher serão 
incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim 
de subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres. Parágrafo 
único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão 
remeter suas informações criminais para a base de dados do Ministério da Justiça. 
 Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no limite de suas 
competências e nos termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão 
estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a 
implementação das medidas estabelecidas nesta Lei. 
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos 
princípios por ela adotados. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 
1995. 
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de 
Processo Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV: “Art. 313. 
................................................. IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar 
contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas 
protetivas de urgência.” (NR) 
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 61. 
.................................................. II -............................................................ f) com abuso 
de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; 
........................................................... ” (NR) 
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), 
passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 129. .................................................. § 
9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o 
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 
3 (três) meses a 3 (três) anos. § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será 
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aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.” 
(NR) 
Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), 
passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 152. ................................................... 
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá 
determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e 
reeducação.” (NR) Art. 46.

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