Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TBL 9 – HAB. MÉDICAS VII – DISFUNÇÕES SEXUAIS CAMILA MATARAZZO INTRODUÇÃO · Proporção de idosos com vida sexual ativa está ↑, o que reforça a necessidade da abordagem do assunto. · Mito: idosos são assexuais dificulta a abordagem sobre as capacidades sexuais e os esclarecimentos para a promoção de melhores condições de vida. EPIDEMIOLOGIA Tipo de disfunções: · Mulheres: 50% apresentam transtorno do desejo ou da excitação sexual; 40% apresentam dor genitopélvica. · Homens: 40% apresentam disfunção erétil (principal); <10% apresentam hipogonadismo sintomático e distúrbios de ejaculação. · Prevalência de 59% de disfunções causadas por psicotrópicos (todas as classes de antidepressivos, sendo principal o ISRS) ALTERAÇÕES NA FUNÇÃO SEXUAL ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO O ciclo sexual é composto, normalmente, por 5 estágios: 1. Desejo (libido): fantasias de atividade sexual. Ativado pelo hipotálamo, mediado pela testosterona, e por estruturas límbicas no encéfalo. 2. Excitação: ativada por desejo e contato com o parceiro, mediada por hormônios. Homem: ereção peniana; Mulheres: ↑ fluxo sanguíneo na vagina, no clitóris e no tecido mamário + lubrificação vaginal; ↑ FC e FR: resultado de estímulo nervoso + fluxo sanguíneo 3. Platô: sensação de euforia sexual que precede o orgasmo, com produção de secreções pré-ejaculatórias (homem) e ↑ canal vaginal (mulher). 4. Orgasmo: ejaculação (homem) e contrações da musculatura genital (mulher). 5. Resolução: fase de relaxamento após o orgasmo, na qual ocorre período refratário à ocorrência de nova excitação. Mudanças fisiológicas do envelhecimento podem modificar a resposta sexual dos idosos de ambos os sexos, pp na faixa etária > 75 anos TABELA 1 - alterações da sexualidade relacionadas com a senescência, conforme fases do ciclo sexual Fase Homem Mulher Excitação ↓ congestão vascular escrotal ↓ elevação testicular Ereção peniana retardada ↓ congestões vasculares genital e mamária ↓ secreções vaginais Excitação retardada Platô ↓ secreções pré-ejaculatórias ↓ elevação do útero e dos grandes lábios Orgasmo Curta duração ↓ conttração prostática e uretral Curta duração Contrações uterinas e vaginais mais curtas e em menor quantidade Resolução Retração peniana e abaixamento testicular rápidos Período refratário prolongado Rápida reversão ao estágio pré-excitatório ETIOLOGIA DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS · Existe clara relação entre saúde física e função sexual. · Possíveis causas: doenças que cursam com danos no sistema vascular e neurológico do aparelho geniturinário. · Ex: DCV, hipertrigliceridemia, HAS, doença neurológica, doença geniturinária, distúrbios psiquiátricos, síndrome demenciais, AVC, Parkinson, esclerose múltipla e traumatismo raquimedular. · ↑ prevalência de disfunção sexual: portadores de DM, podendo afetar todas as fases do ciclo sexual. · Medicações. - ISRS pode reduzir libido em ambos os sexos, afetar excitação (lubrificação e função erétil), causar anorgasmia no sexo feminino e ↑ latência para ejaculação no sexo masculino. - HPB: inibidores da alfaredutasse-5 (finasterida, dutasterida) – podem ↓ libido, causar disfunção erétil ou distúrbio da ejaculação. Bloqueadores alfa-adrenérgicos (doxazosina, tansulosina) – podem ↑ libido, porém, estão associados a ejaculação retrógrada. · Álcool: doses pequenas promovem ↑ ereção e do desejo sexual devido efeito vasodilatador. Doses maiores podem causar sedação, ↓ libido e causar disfunção sexual ttransitória. · Alcoolismo crônico: pode provocar disfunção hepática, ↓ níveis testosterona, ↑ estrógeno, podem gerar uma polineuropatia alcoólica que afeta diretamente a inervação peniana. ABORDAGEM DA SEXUALIDADE · Avaliar sexualidade: questionar sobre saúde física, psicológica e satisfação durante intimidade sexual. · Anamnese: comorbidades, medicações em uso, fatores de risco orgânicos e psicológicos para disfunção sexual, verificar presença de relacionamentos (conjugais ou extraconjugais), frequência e qualidade dos atos sexuais (prévio e atuais), antecedentes de IST, uso de preservativos e prática de masturbação. · Exame físico: avaliação uroginecológica. · Casos específicos: exames para investigação de disfunções hormonais, painel sorológico de IST, etc. DIAGNÓSTICO · DSM-5: disfunção sexual é quando há alterações da resposta sexual (em qualquer fase do ciclo) não atribuíveis ao envelhecimento normal, por um período mínimo de 6 meses consecutivos levando ao prejuízo do bem-estar do paciente. · Diagnóstico: a partir da exclusão de problemas mais bem explicados por transtorno mental não sexual ou por perturbação grave no relacionamento. TRATAMENTO GERAL DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS · Psicoterapia individual + casal: auxilia no ↑ da qualidade das relações e na melhora da autoestima. · Importância das preliminares, uma vez que o estímulo necessário para a excitação na 3ª idade é maior e mais demorado. · Outras formas de prazer: enfatizar que o prazer não é alcançado apenas pelo ato sexual propriamente dito, mas sim, também por outras estratégias (massagem e masturbação), além de posições adaptadas para as limitações físicas minimizando dor e fadiga. · Prática de exercícios físicos: ajuda na função sexual, melhora no desejo e na função global, ainda mais se portador de doenças crônicas (DM, HAS, Obesidade). · Avaliar medicações: verificar possibilidade de substituir medicações causadoras de disfunções sexuais. Ex: uso de ISRS inicialmente, aguardar até 8 semanas para verificar se há melhora na satisfação sexual relacionada ao psicológico. Caso não melhore, há possibilidade de: - atingir a mínima dose terapêutica; -reduzir a dose e associar com outro antidepressivo com menor efeito sobre a função sexual; - trocar o antidepressivo. DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS DISFUNÇÃO ERÉTIL (DE) Dificuldade de obter ou manter uma ereção com rigidez adequada até o final da relação sexual em mais de 75% das vezes. Tem ↑ prevalência nos IDOSOS (67% dos idosos >70 anos), mas apenas 5% recebem tratamento. É a principal causa de disfunção sexual. ETIOLOGIA Ereção peniana + manutenção: fenômeno vascular, desencadeado por sinais neurológicos e facilitado por ação hormonal e fatores psicológicos. Causas de DE: · Vasculares (DM, HAS, dislipidemia, doença coronariana e cerebrovascular, pós-raditerapia, tabagismo); · Neurogênica (Parkinson, esclerose múltipla, demências em geral, etilismo, pós-prostectomia); · Anatômicas (fratura peniana e doença de Peyronie); · Endócrinas (hiper e hipotireoidismo, hiperprolactinemia e deficiência de testosterona [controversa como causa isolada]); · Psicogênicas (transtornos ansiosos e depressivos); · Medicamentosa (tabela 3); · Mistas (+comum em idosos devido a ↑ presença de fatores orgânicos. Em jovens, tem ↑ fatores psicogênicos). DIAGNÓSTICO Índice Internacional de Função Erétil (IIEF): escore composto de 15 questões em 5 domínios – função erétil, orgasmo, desejo sexual, satisfação sexual e satisfação geral. Validado para diagnosticar, graduar e verificar eficácia do tto. Cada questão tem valor de 1-5 e a soma das respostas gera um escore final para cada domínio (valores ↓ indicam qualidade de vida sexual ruim). Casos excepcionais: Doppler peniano, arteriografia pélvica e estudos neuroendocrinológicos. TRATAMENTO · Mudança estilo de vida: atividade aeróbica por cerca de 3h/semanais, ↓ de massa gorda, cessação do tabagismo ou etilismo, controle de fatores de risco cardiovasculares · Terapêutica de 1ª linha: inibidores de fosfodiesterase-5 (iFDE5) Eficaz, fácil de usar e poucos efeitos colaterais. Oxido nítrico promove a vasodilatação peniana, mediada por guanosina monofosfato cíclico (GMPc), responsável por iniciar e manter a ereção. Ao ocorrer o catabolismo do GMPc pela enzima fosfodiesterase-5, acontece a perda de ereção peniana. Os iFDE5 garantem a atuação do GMPc, permitindo ereções mais efetivas e duradouras. · Terapêutica de 2ª linha: Dispositivos de ereção a vácuo; Dispositivo intrauretral com alprostadil; injeção peniana (intracavernosa). · Dispositivos de ereção a vácuo:são não invasivos, têm baixas taxas de complicações e não tem restrições na freqüência de utilização. Exigem boa destreza manual, levam à perda do ângulo agudo da ereção e induzem a descoloração peniana. Podem causar contusão pela constrição e interferem na ejaculação, sendo comuns queixas de dor ou falta de ejaculação anterógrada (40% dos casos). Cautela de uso: pacientes em anticoagulação ou com discrasias sanguineas. · Dispositivo intrauretral com alprostadil: supositório de prostadil (prostaglandina E1) produz relaxamento e dilatação arteriolar com conseqüente ereção que ocorre em 15 min após sua administração e massagem local, durando por 30-60 min. 60% dos casos apresentam resposta terapêutica efetiva. Necessária habilidade na técnica de aplicação. Efeito adverso: dor peniana durante a aplicação, taquicardia, tontura e síncope - devido escape de alprostadil para a corrente sanguinea. Nas mulheres, podem ocorrer prurido e desconforto vaginal. Contraidicado: gravidez, pois induz trabalho de parto. · Injeção peniana (intracavernosa): combinação de prostaglandina E1 (alprostadil), papaverina e fentolamina têm eficácia superior ao uso isolado de qualquer uma dessas substâncias, com ↓ efeito colateral. Após aplicação, deve-se massagear o corpo do pênis por 30 seg tendo uma ereção em 5 a 10 min. Deve-se utilizar a técnica no máximo 3x/semana para ↓ riscos de eventos adversos (dor, hematoma ou fibrose peniana). Paciente que geralmente não respondem ao tto: DE arterial grave ou anormalidades venosas. · Terapêutica medicamentosa oral para disfunção erétil psicogênica: trazodona, mirtazapina, bupropiona e vortioxetina DE psicogênica associada a transtorno de humor. Risco de priapismo (ereção prolongada >4h de duração). · Tratamento psicológico: quase todos os idosos afetados por DE apresentam fatores orgânico e psíquicos. Histórica clínica que sugere etiologia psíquica: início súbito, relacionado com algum evento da vida (separação conjugal, viuvez, aposentadoria, etc.); manutenção de ereções noturnas ou matinais; DE intermitente; história de conflitos de relacionamento familiar e conjugal. Técnicas de terapia psicossexual: terapia comportamental; cognitiva; psicoanalítica e psicoeducacional. TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL MASCULINO HIPOATIVO Desordem da libido tem prevalência de 10% em homens, sendo que ↑ com a idade e frequentemente acompanha outra desordem sexual. ETIOLOGIA Principais causas: medicamentosa (ISRS, inibidores da alfarredutase-5, analgésicos opióides), alcoolismo, depressão, fadiga, problemas conjugais, doenças sistêmicas e deficiência de testosterona. HIPOGONADISMO MASCULINO É reflexo da ↓ da espermatogênese e da produção de testosterona.a partir dos 50 anos, ocorre um ↓ dos níveis séricos de testosterona total e livre e ↑ do nível de globulina ligante de hormônios sexuais (SHBG – sex hormone binding globulin). Enquanto nos jovens tende a ocorrer um pico matinal, nos idosos há um platô, ou seja, menor variação dos níveis séricos ao longo do dia. Mesmo que exista um platô fisiológico, a presença de sintomas de hipogonadismo não é considerado normal. A queda patológica dos níveis de testosterona, além de impactar nas fases do ciclo sexual dos idosos, também pode levar a repercussões em outros sistemas (obesidade central, fadiga, perda óssea/de massa/de força muscular, ↓ velocidade de marcha, anemia e distúrbios de humor e de cognição). A obesidade central está associada ao ↑ nos níveis de peptídeo C, glicose e insulina. Nessa população, há ↑ da atividade da enzima aromatase, que transforma testosterona em estradiol na corrente sanguínea, suprimindo a testosterona por feedback negativo, levando a ↓ da lipólise e ↑ da deposição de gordura abdominal, formando um ciclo vicioso. ETIOLOGIA Deficiência androgênica do envelhecimento masculino (DAEM), com componentes de hipogonadismo primário e secundário, não ocorre em todos os idosos. QUADRO CLÍNICO Sintomas comuns: ↓ libido, DE, ↑ gordura visceral, perda de massa muscular, perda óssea, ↓ pelos, depressão, desânimo, dificuldade de concentração, perda de memória, irritabilidade, declínio do sono e anemia. DIAGNÓSTICO Critério para diagnóstico da DAEM baseia-se na coexistência de níveis séricos baixos de testosterona total ou livre com sinais e sintomas compatíveis com hipogonadismo. Níveis séricos normais de testosterona total: 300-800 ng/dL. Valores < 231 ng/dL, considera-se hipogonadismo. Repercussões clínicas tendem a aparecer quando há níveis < 150 ng/dL. Distinção entre hipogonadismo 1º e 2º: dosagem de FSH e LH estarão ↑ no hipog. 1º Não se deve fazer o rastreamento de DAEM em homens assintomáticos, exceto em diabéticos e obesos. TRATAMENTO Reposição de testosterona com o objetivo de atingir níveis séricos normais (300-400 ng/dL em idosos/ 500-600 ng/dL em jovens). Benefícios comprovados somente em idosos sintomáticos. EJACULAÇÃO RETARDADA Consiste na ejaculação com retardo acentuado, com ↓ freqüência marcante ou ausente em menos de 75% das relações por no mínimo 6 meses de evolução, e que trazem dano ao paciente. Homem relata dificuldade ou incapacidade para ejacular apesar de estimulação adequada e desejo de ejacular. Não há consenso quanto ao tempo para se considerar retardo. Fatores a serem avaliados para ponderação etiológica e/ou retrógrada: relativos à parceira (ex: problemas sexuais, estado de saúde), ao relacionamento, individuais (ex: questões de imagem corporal, psiquiátricas, morbidades e medicações), culturais e religiosas. EJACULAÇÃO PRECOCE Definida como ejaculação que quase sempre ocorre antes ou dentro de aproximad. 1min da penetração / inabilidade para retardar a ejaculação em pelo menos quase todas as penetrações e relato de experiências negativas com dano psíquico e frustração. É a principal causa de disfunção sexual em JOVENS. Etiologia muitas vezes incerta, mas sabe-se que fatores psicológicos podem estar relacionados. Tratamento: suporte psicológico individual e do casal + medicamentoso. · Medicações: antidepressivos ISRS, analgésico opioides (tramadol é o único estudado para esta finalidade) e uso de anestésico na glande (lidocaína gel). · Medidas comportamentais: técnicas como start-stop (início e cessação seqüenciados) ou compressão da base do pênis durante o intercurso sexual. EJACULAÇÃO RETRÓGRADA Definida como uma ejaculação que ocorre em direção à bexiga e, por isso, o paciente não elimina sêmen pela uretra durante o orgasmo. Está associada a cirurgias de próstata ou bexiga e a uso de alfabloqueadores. Tratamento: orientação e analgesia (em casos de dor). Em casos selecionados pelo risco de infertilidade, podem ser usados pseudoefedrina e imipramina. DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS No caso das mulheres, as mudanças fisiológicas e psicológicas trazidas pela menopausa tendem a moldar a sexualidade. Estima-se que 40% das mulheres tenham algum problema sexual, sendo 50% delas perimenopausadas ou pós-menopausadas. Sintomas: atrofia urogenital, ↓ lubrificação e vasocongestão, ↓ sensibilidade nas zonas erógenas, ↓ da libido e da resposta sexual Possíveis causas: doenças que afetam a mobilidade e atividade física reduzem desejo sexual; Dor ou problemas físicos como artrite e incontinência urinária podem ↑ desconforto e causar dificuldades durante o sexo; Neoplasias ginecológicas e de mama. TRANSTORNO DA EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININA Prevalência ↑ com o avançar da idade. Atinge cerca de 47% entre as mulheres de 66-74 anos. Verificar possibilidade de haver transtorno do humor, pois a depressão está presente em 17-26% das mulheres com baixo desejo sexual. Diagnóstico é feito pela presença de, pelo menos, 3 dos seguintes critérios: 1. Interesse reduzido ou ausente na atividade sexual; 2. Redução ou ausência de pensamentos eróticos ou fantasias; 3. Redução da iniciativa e refratariedade à intenção do parceiro de iniciar relação; 4. Redução do prazer em pelo menos 75% das relações sexuais; 5. Redução da excitação em resposta a qualquer tipo de estímulo (verbal, visual ou outros) Tratamento: flibanserina (Addyi) – “Viagra feminino”– usada para baixo desejo sexual em mulheres na pré-menopausa. Trata-se de uma terapia de uso diário e que tem interação com vários fármacos e álcool. TRANSTORNO DA DOR GENITOPÉLVICA OU PENETRAÇÃO Prevalência ↑ com a idade, baixo nível educacional, baixa condição econômica, estresse ou problemas emocionais e prevalência de sintomas do trato urinário. Transtorno associado a deterioração da qualidade de vida das pacientes. Pode ser subdividido em 2 categorias: · Dispareunia (dor genital ou persistente associada à relação sexual causando desconforto pessoal); · Vaginismo (espasmo involuntário recorrente ou persistente da musculatura do terço externo da vagina, que interfere na penetração vaginal e causa lesões e aflição). Diagnóstico: quando há dificuldades permanentes ou recorrentes em 1 dos aspectos penetração vaginal durante ato sexual; dor pélvica ou vulvar durante tentativas de penetração; medo marcado em sentir dor em antecipação a ato sexual ou durante a penetração vaginal; tensão dos músculos do assoalho pélvico durante a penetração. TRANSTORNO DO ORGASMO FEMININO Caracteriza-se pela ausência, demora ou pouca freqüência de orgasmo ou intensidade muito reduzida das sensações orgásticas em pelo menos 75% das relações sexuais. Distúrbio afeta 25% das mulheres. Prevalência ↑ com a idade. DIAGNÓSTICO DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS Obter história clínica completa, incluindo antecedentes ginecológicos e sexuais. Realizar os seguintes questionamentos para as idosas: status menopausal; histórico gestacional; antecedente de cirurgias ou neoplasias pélvicas; dor pélvica ou vulvovaginal; sensação de vagina seca; sangramentos; incontinência urinária e fecal. Exames complementares: apenas em casos selecionados US transvaginal, cultura para gonorréia e clamídia e níveis séricos de TSH e prolactina. Não é recomendada rotina de dosagem de hormônios andrógenos para mulheres. TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS · Medidas não farmacológicas Medidas gerais (educação, terapia de casal, psicoterapia). Medidas específicas: fisioterapia com reabilitação pélvica (casos de dor pélvica ou hipertonia do assoalho pélvico); tratamento das incontinências; uso de lubrificante vaginal à base de água; vibradores ou livros com temas eróticos. · Medidas farmacológicas · Reposição de testosterona: pode-se tentar por 3-6 meses em mulheres pós-menopausa com transtorno do desejo hipoativo. Deve ser suspensa se não houver melhora. Uso não deve ultrapassar 24 meses. · Estrogênios sistêmicos (combinados ou não com progesterona): só beneficiam pacientes com disfunção sexual associada ao climatério sintomático, devendo ser usados por poucos anos. · Estrogênio tópico: pode ser usado em casos de incontinência urinária e para atrofia vaginal, com melhora da dispareunia. · Ospemifeno: medicação oral como alternativa ao uso de lubrificantes vaginais no tto da dispareunia associada à atrofia genital. Exige uso diário e não tem segurança comprovada para pacientes com fatores de risco para CA de mama ou embolia pulmonar · Tibolona: esteróide sintético com propriedades estrogênicas, progestagênicas e androgênicas. Aprovada para uso em mulheres menopausadas, porem, está associada ao risco de CA de mama e AVC. INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS 2010-2014: ↑ prevalência em idosos > 65 anos 52% clamídia; 75% gonorréia; 64% sífilis; 21% HIV; 27% Aids. Referência: Geriatria Prática Clínica, Duarte PO, Amaral JRG.2020 Editora Manole
Compartilhar