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7 - Anemia no idoso

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TBL 8 – HAB. MÉDICAS VII – ANEMIA 
CAMILA MATARAZZO
ANEMIA NÃO É DOENÇA, MAS SIM A MANIFESTAÇÃO DE UMA DOENÇA.
DEFINIÇÃO
Valores normais de Hb para população idosa:
	GRUPO
	Limite inferior normal de hemoglobina (g/dL)
	Homens > 60 anos
· Caucasianos
· Afrodescendentes
	
13,2
12,7
	Mulheres > 50 anos
· Caucasianos
· Afrodescendentes 
	
12,2
11,5
OBS: para a população jovem, a definição de anemia se baseia na Presença de hemoglobina <13g/dL (homens) e <12g/dL (mulheres) – segundo OMS.
Pontos de ressalva para a definição da OMS:
· Idade: não se baseia em pacientes com >65 anos;
· Etnia: afro-americanos tendem a ter níveis mais baixos do que os caucasianos.
EPIDEMIOLOGIA
· Prevalência ↑ com a idade;
· Presença associada a maiores taxas de mortalidade por todas as causas, pp se secundária a IR ou inflamação crônica;
· Maior morbidade: redução da capacidade cognitiva (↑ depressão e demência) e física (↑ quedas e fraturas);
ETIOLOGIA
· Por mais que a prevalência de anemia ↑ com a idade, não se deve achar normal a existência e nem negligenciar sua presença.
· Toda anemia deve ser investigada -> é um alerta para alguma patologia de base que pode estar presente.
Causas + comuns: 
- etiologia carencial (vit.B12, ác.fólico, ferro) e 
- etiologia secundária (DRC e patologias inflamatórias – AR, por exemplo). 
· Anemia ferropriva (+ comum): 
- frequente associação a perdas digestivas devido uso de anticoagulantes/antiplaquetários e maior incidência de neoplasias gastrointestinais;
- MANDATÓRIO fazer endoscopia em casos confirmados de anemia ferropriva;
- reposição de ferro;
· Distúrbios nutricionais relacionados ao abuso de álcool, anticonvulsivantes e metotrexato: ↓ níveis de folato.
· Infecção por H.pylori, IBP e gastrite atrófica: disabsorção e deficiência de B12.
Os idosos podem ter múltiplas causas de anemia, o que dificulta a avaliação inicial e o diagnóstico final.
DIAGNÓSTICO
Algoritmo de investigação em adulto (também usado para idoso):
Fluxograma para investigação de anemia com base na avaliação morfológica do tamanho médio das hemácias (VCM).
1. Anamnese (aspectos alimentares, comorbidades, AP, medicamentos);
2. Exame físico;
3. Exames laboratoriais: hmg completo, contagem reticulócitos (valor ↑: anemia hiperproliferativa / valor normal ou ↓: anemia hipoproliferativa), análise morfológica do esfregaço do sangue;
4. Análise do VCM: a depender do resultado, pede os exames segundo o fluxograma abaixo
Em casos de anemia microcítica, fazer avaliação ferrocinética conforme fluxo abaixo:
Em casos de anemia macrocítica, fazer avaliação conforme fluxo abaixo:
- avaliar glóbulos brancos e plaquetas
- presença de outras citopenias, além da anemia, indica possibilidade de síndrome mielodisplásica (SMD)
EXAMES LABORATORIAIS COMPLEMENTARES
· Ferro sérico (60-180 mcg/dL): a dosagem isolada do ferro sérico não deve ser usada como sinônimo para diagnóstico de anemia ferropriva, devido a flutuações fisiológicas durante o dia e período pós-prandial. Ferro sérico baixo também é observado na anemia de doença crônica e na inflamação.
· Ferritina (40-200 ng/mL): melhor parâmetro para avaliação dos estoques de ferro.
- Valores <12 ng/mL determinam ferropenia;
- Idosos: tendem a ter níveis + elevados (50 ng/mL sugere cut off). Valores normais não descartam deficiência de ferro.
· TIBIC (228-428 mcg/dL): deve ser utilizada para cálculo do IS (índice saturação transferrina).
- Fórmula: IS(%)= Fe sérico/TIBIC x 100 
(referência 25-45%)
- IS < 16% sugere ferropenia.
· Contagem de reticulócitos (0,5-1,4% / 25-100 mil/mcL): o valor absoluto reflete melhor, em relação ao valor em %, a presença de reticulócitos no sangue periférico.
· Ácido fólico (>3 ng/mL): comum em pessoas com restrição dietética ou etilismo.
· Vitamina B12 (>300 pg/mL): valores <200 pg/mL indica deficiência de B12.
· Proteína C-reativa (≤5 mg/L): níveis > 5mg/L sugerem presença de inflamação associada.
· Clearance de creatinina (≥ 90 mL/min/1,73 m3): clearance <30 pode justiçar a presença de anemia pela reedução de produção de EPO (anemia associada a IR).
· Eletroforese de proteínas: pico monoclonal na região de gamaglobulinas sugere presença de neoplasia hematológica, como mieloma múltiplo ou linfoma.
ANEMIAS INEXPLICADAS NO IDOSO
20-30%: permanecem sem diagnóstico etiológico definitivo Citopenia Idiopática de Significado Indeterminado (ICUS-A).
Níveis aumentados de citocinas pró-inflamatórias + interleucina-6 = resultando em ↑ hepcidina ajuda esclarecer a ICUS-A.
TRATAMENTO
Deve ser sempre pautado na etiologia da anemia – não apenas suplementação.
Transfusão de sangue: apenas em casos de anemia grave ou instabilidade hemodinâmica (não deve usar para tto em casos de deficiência nutricional)
· Reposição oral: 150-200 mg/dia de ferro elementar
- estudos mostram que a dosagem em dias alternados pode resultar em melhor absorção do que a diária;
- idosos >80 anos: doses de 15/50/150 mg/dia de ferro elementar;
- até 70% relatam sintomas gastrointestinais.
Reposição IM e Transdérmica não são recomendadas.
Referência: Geriatria Prática Clínica, Duarte PO, Amaral JRG.2020 Editora Manole

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