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PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PAC) Pneumonia é uma infecção do trato respiratório inferior e é caracterizada pelo estado de inflamação dos tecidos (bronquíolos, alvéolos e interstício) de um ou de ambos os pulmões. O termo “pneumonia adquirida na comunidade” se refere à pneumonia que ocorre em crianças não hospitalizadas no último mês. Epidemiologia: é uma doença que ocorre a cada ano em 3 a 4% das crianças abaixo de 5 anos e até 2% dos escolares. Metade dos casos são provocados por infecções virais, 30% por pneumococo e 15% por Haemophilus. Pneumonia é a causa de 25% das mortes infantis em países em desenvolvimento. ETIOLOGIA Os agentes etiológicos da pneumonia variam com a idade, doenças subjacentes, maturidade, condição do sistema imune e sazonalidade. Os agentes mais comuns são vírus e bactérias. Vírus: vírus sincicial respiratório é o mais comum, especialmente em menores de 5 anos. Também pode ser causada pela influenza A ou B, adenovírus, parainfluenza, metapneumovírus. Bactérias: pneumococo é a principal responsável, seguida pela Haemophilus influenzae e Staphylococcus aureus. *Mycoplasma pneumoniae pode provocar pneumonia atípica. Até 20% dos pacientes apresentam otalgia intensa devido a miringite bolhosa hemorrágica. *Chlamydophila pneumoniae é uma bactéria GRAM negativa que produz uma doença respiratória atípica e, normalmente bifásica - os pacientes com faringite recuperam-se e, 1 a 3 semanas após, desenvolvem pneumonia. FISIOPATOLOGIA Pneumonia bacteriana: ao chegar ao pulmão, os microrganismos envolvidos colonizam e invadem a região. Em indivíduos imunocomprometidos, até mesmo bactérias de média e baixa virulência podem estar relacionadas. Assim, levam a um quadro de infecção do parênquima pulmonar, região importante para as trocas gasosas de competência do sistema respiratório. Logo, os bronquíolos e alvéolos são preenchidos por exsudato inflamatório, dificultado a hematose e levando ao quadro clássico de insuficiência respiratória. Pneumonias virais: podem ser consequentes de infecções que se originam no próprio trato respiratório, progredindo, por contiguidade ou por contaminação através de aerossóis, até atingirem o bronquíolo terminal. O vírus influenza acomete pneumócitos como alvo primário, com dano alveolar difuso. A submucosa apresenta-se hiperemiada, com hemorragias focais, edema e infiltrado celular associado ao processo intralveolar, contendo neutrófilos, células mononucleares com fibrina e fluído edematoso. Em uma fase mais avançada da infecção, ocorre organização fibrocelular intralveolar (bronquiolite obliterante com pneumonia em organização) com presença de histiócitos e pneumócitos multinucleados. Quanto à resposta imune celular, linfócitos T CD4 atraem células imunes em resposta do tipo MHC classe II, e também linfócitos T CD8 citotóxicos induzem resposta tipo MHC classe I, com produção de IFN-γ e TNF, induzindo a lise de células infectadas e apoptose. QUADRO CLÍNICO Quadro clássico: febre de início abrupto, taquipneia e tosse. Inespecíficos: inapetência, agitação. Crianças pequenas: pródromos de rinorreia e febre baixa (devido a uma IVA prévia). Crianças maiores: rigidez na nuca ou dor torácica tipo pleural podem indicar envolvimento do lobo superior. Sinais de gravidade: SO2 < 92%, abolição do MVF, derrame pleural e empiema, desnutrição grave, sonolência, rebaixamento do nível de consciência e recusa alimentar. MENORES DE 2 MESES Casos graves (necessidade de internação): (tosse e dispneia) + FR > 60 irpm, com ou sem tiragem subcostal. MAIORES DE 2 MESES Pneumonia ambulatorial: apenas FR aumentada para a idade. Requer apenas cuidado ambulatorial com antibioticoterapia. Pneumonia grave: FR aumentada com presença de tiragem subcostal. Devem ser encaminhados para internação hospitalar. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de pneumonia é essencialmente clínico. Exames complementares normalmente são indicados apenas para casos que não apresentaram melhora clínica após o início do tratamento ou casos graves. Quando disponíveis, testes de swab de nasofaringe para vírus respiratório podem ser benéficos e reduzir o uso desnecessário de métodos de imagem e de antimicrobianos. Radiografia de tórax: não há orientação clara; conquanto ajude a confirmar o diagnóstico de PAC, é um procedimento que expõe a criança à radiação, tem custo para o sistema de saúde e pode levar a resultados falso-negativos. Deve ser restrito a casos mais graves, doenças de evolução prolongada ou recorrente apesar do tratamento, suspeita de aspiração de corpo estranho ou malformações congênitas. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Asma, bronquiolite, sibilância induzida por vírus. TRATAMENTO Em primeiro lugar, deve-se atentar para a possibilidade de o quadro ser asma, bronquiolite, sibilância induzida por vírus – iniciar broncodilatador (BLD) antes da classificação do paciente em relação à PAC. BLD de ação rápida – 3 vezes de 15/15 min; AMBULATÓRIO Primeira escolha: amoxicilina VO, para crianças de 2 meses a 5 anos. 50 mg/kg/dia de 8 em 8 horas ou de 12 em 12 horas. Dose máxima de 4g/dia. Por 7 dias – deve ser reduzido caso seja observada melhoria clínica significativa. Segunda escolha (para crianças com hipersensibilidade não do tipo 1): cefalosporinas de segunda ou terceira geração. Controle da febre: paracetamol 10 a 15 mg/kg/dose a cada 6hrs; Solução de 200mg/mL → 1 gota/kg/dose. HOSPITALAR Necessário em casos de: Hipoxemia (SO2 < 92%); Desidratação ou incapacidade de manter a hidratação ou alimentação VO; FR>70 até 12 meses; FR>50 depois dos 12 meses; Dificuldade para respirar; complicações; Primeira escolha: amoxicilina VO 50mg/kg/dia de 8 em 8 horas ou de 12 em 12; durante 7 dias. Quando resistência à amoxicilina: ampicilina intravenosa 50mg/kg/dose de 6 em 6 horas. Para crianças com hipoxemia recomenda- se oxigenoterapia sob cânulas nasais, dispositivo de entrega de alto fluxo ou máscara facial.
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