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DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL - DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE - RESUMO - CONCURSOS

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Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE (ARTS. 130 A 136) 
Tratam-se de crimes de perigo, os quais pressupõem a criação de um risco, em regra. Ou seja, não é necessária a 
comprovação do risco concreto, mas tão somente do perigo em abstrato, da situação criada que poderia 
possivelmente gerar em dano à saúde. 
São crimes atualmente muito criticados, em razão do avanço da medicina e das condições cientificas em que se 
encontra a sociedade. 
Além disso, a sua maioria se trata de crimes de menor potencial ofensivo, mas tem como elemento subjetivo nuclear 
o dolo. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO: Incolumidade física e a saúde da pessoa. 
 
AÇÃO PENAL: Púbica condicionada. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ação nuclear consiste em expor a contágio de moléstia venérea. Nesse caso, a possibilidade incerta e remota é o 
suficiente para a configuração do crime24. 
O meio utilizado para essa exposição é o sexual25 ou libidinoso. 
 
24 O contágio efetivo constitui, em tese, simples exaurimento do crime. 
 
Art. 130 CP: Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado. 
Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
§1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
§2º Somente se procede mediante representação. 
AÇÃO NUCLEAR DO TIPO MEIO 
FORMA SIMPLES 
FORMA QUALIFICADA 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
Moléstia venérea -> São aquelas definidas pelo Ministério da Saúde como tais. 
De que sabe -> Dolo direto, pra parte da doutrina. 
De que deve saber -> Dolo indireto, pra parte da doutrina. Culpa para outra parte da doutrina. 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: Os sujeitos dos crimes de periclitação da vida e da saúde podem ser praticados por qualquer 
pessoa portadora de moléstia venérea26, contra qualquer pessoa27. 
Na hipótese de a vítima já estar contaminada, há certa discussão doutrinaria. Parte da doutrina acredita que, nessa 
hipótese, se trataria de crime impossível, já que a vitima já estava contaminada. Contudo, por se tratar de crime de 
perigo, a exposição ao risco já seria o suficiente, razão pela qual a vitima estar ou não contaminada é irrelevante, por 
outra parte da doutrina. 
Além disso, o consentimento do ofendido é irrelevante, haja vista que esse contágio pode prejudicar toda a 
coletividade e a saúde pública. 
A análise subjetiva deve ser analisada com relação aos termos de que saber ou de que deve saber. Em linhas gerais, a 
maior parte da doutrina admite que o crime admite apenas a forma dolosa. 
 
COSUMAÇÃO E TENTATIVA: Admite-se a tentativa. 
A consumação, por sua vez, ocorre com a pratica de atos de libidinagem capazes de transmitir a moléstia venérea, 
independentemente do contágio. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Crime comum ou próprio, a depender da doutrina; 
❖ Instantâneo; 
❖ Comissivo; 
❖ Formal; 
❖ Crime de perigo. 
 
AÇÃO PENAL: Pública condicionada. 
 
25 Bitencourt destaca que não poderá falar em crime de perigo de contágio venéreo se o perigo provier de qualquer outra ação física, 
como ingestão de alimentos, aperto de mão, amamentação, etc. 
 
26 Há uma discussão se isso classificaria o crime como próprio ou comum. Enquanto Bitencourt defende que se trataria de crime comum, 
Nucci aponta que se trata de crime próprio, em razão da qualidade especifica de ser portador de doença venérea. 
 
27 Nem o matrimônio nem o exercício da prostituição constituem excludentes ou dirimentes da responsabilidade penal pela exposição a 
contagio e moléstia venérea. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE 
 
 
 
 
 
AÇÃO NUCLEAR -> Praticar ato capaz de produzir o contágio, com o objetivo de transmitir a outrem moléstia grave. 
MOLÉSTIA GRAVE -> Trata-se de um elemento normativo, sobre o qual deve ser exercido juízo de valor. Algumas 
delas são a AIDS, varíola, tuberculose, cólera, etc., independentemente de constarem de Regulamento do Ministério da 
Saúde. 
O perigo de contágio deve ser concreto e efetivamente comprovado. 
 
A transmissão, nesse caso, pode ocorrer por qualquer meio28, mesmo o sexual. Contudo, caso a moléstia seja 
venérea, se configura o crime previsto pelo art. 130. 
Além disso, o ato praticado deve ser idôneo para a transmissão e, além de a moléstia transmitida ser grave, deve 
também ser contagiosa. 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: O sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa contaminada por moléstia grave29. Já o 
sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde que esta não esteja contaminada com a mesma doença. 
No caso de a vitima já estar contaminada, configura-se crime impossível, segundo Bitencourt (2022). Da mesma 
forma, haverá crime impossível caso o agente acredite estar contaminado mas, na verdade, não está. Isso porque o 
perigo de dano não existirá em nenhuma das duas hipóteses. 
Além disso, trata-se de crime de perigo com dolo de dano, que se caracteriza quando o agente pratica a ação e quer 
transmitir a moléstia. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: A consumação ocorre quando há a pratica do ato idôneo para transmitir a moléstia, 
sendo indiferente a ocorrência efetiva da transmissão. 
 
28 Tais meios podem ser diretos, mediante o contato direto entre o agente e a vítima; ou indireto, mediante o compartilhamento de 
utensílios, por exemplo. 
 
29 A condição de contaminado se trata de uma condição particular exigida pelo tipo penal, sendo a fata dessa condição um elemento que 
torna atípica a conduta, ainda que presente o dolo. 
Art. 131, CP: Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está 
contaminado, ato capaz de produzir o contágio. 
Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
Segundo Bitencourt (2022), esse crime admite a tentativa, a qual se configura no inter criminis. 
 
ERRO DE PROIBIÇÃO: O erro de proibição ocorrerá quando o agente supor que, em relação a seu parceiro, não há 
proibição de transmitir o contagio da moléstia grave. 
 
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Crime de perigo; 
❖ Doloso; 
❖ Formal; 
❖ Comum ou próprio; 
❖ Unissubjetivo; 
❖ Plurissubsistente; 
❖ Comissivo; 
❖ Instantâneo. 
 
CRIME DE PERIGO PARA A VIDA DE OUTREM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 132, CP: Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. 
Pena: Detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
CRIME SUBSIDIÁRIO 
Trata-se de um crime de caráter eminentemente subsidiário. Não o 
informa o animus necandi ou o animus laedendi, mas apenas a 
consciência e vontade de expor a vítima a grave perigo. O perigo 
concreto, que constitui o seu elemento objetivo, é limitado a determinada 
pessoa, não se confundindo, portanto, o crime em questão com os de 
perigo comum ou contra a incolumidade pública. 
AÇÃO NUCLEAR FORMA SIMPLES 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
A ação nuclear é expor a vida ou a saúde de alguém. Isso implica em dizer que a consumação do dano é irrelevante, 
sendo apenas a exposição do perigo o suficiente para a configuração do crime. 
O perigo deve ser uma anormalidade, como uma ação desaprovada pela moral jurídica e pela moral social, 
representando, em outros termos, o perigo não tolerável. Em razão disso, o consentimento da vítima também é 
irrelevante. 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: Os sujeitos desse crime podem ser qualquer pessoa, desde que sejam determinados30, mas não 
se exigindo qualquer condição ou atributo especial dos sujeitos, e não se faz necessária, igualmente, nenhuma relação 
de subordinação, dependência ou assistência. 
O elemento subjetivo, por sua vez, se trata da consciência e vontade do perigo criado com a ação ou omissão, sendo 
definido como dolo de perigo, que poderá ser diretoou eventual. 
Não há previsão de modalidade culposa. 
 
FORMAS: O crime admite as formas simples e majorada, sendo a simples descrita pelo caput e a majorada descrita 
pelo §1º do art. 132. 
 
 
 
 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: O crime se consuma com o surgimento efetivo do perigo. Trata-se de crime de perigo 
concreto, cuja ocorrência deve ser comprovada, sendo inadmissível mera presunção. 
 
❖ Se sobrevier a morte da vítima, o agente responderá por homicídio culposo. 
❖ Se sobrevier lesão corporal, o agente não responderá pela modalidade culposa, cuja sanção penal é inferior, 
desde que tenha sido demonstrada a existência do dolo de perigo. 
 
30 A vítima deve ser determinada. O perigo deve ser direcionado a essa pessoa. 
Art. 132, Parágrafo Único, CP: A pena é aumentada de um sexto a um terço se a 
exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorrente do transporte de 
pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer 
natureza, em desacordo com as normas legais. 
Contudo, há exclusão do crime quando o indivíduo tem o dever de 
enfrentar o perigo como é o caso dos bombeiros e dos policiais. 
Essa exclusão, por sua vez, não é absoluta. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
❖ Se o perigo ocorrer na condução de veículo automotor, sobrevindo a lesão corporal, o agende responderá por 
lesão corporal culposa ou majorada. 
❖ Disparo de arma de fogo efetuado em local privativo, se visa perigo a determinada pessoa, configura crime do 
art. 132 do CP. 
 
Eventualmente pode ocorrer tentativa, embora de difícil configuração. 
 
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Comum; 
❖ Unissubjetivo; 
❖ Plurissubsistente; 
❖ Ação livre; 
❖ Material; 
❖ Doloso; 
❖ Comissivo e omissivo; 
 
ABANDONO DE INCAPAZ 
 
 
 
 
 
 
ABANDONAR -> Desamparar, deixar de prestar assistência. 
 
São elementares constitutivas do crime de abandono: 
 
❖ Violação especial do dever de assistência; 
❖ A superveniência efetiva de um perigo concreto à vida ou à saúde do abandonado; 
❖ A incapacidade de defender-se da situação de perigo; 
Art. 133, CP: Abandonar pessoa que estão sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono. 
Pena: detenção, de seis meses a três anos. 
AÇÃO NUCLEAR 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
❖ A vontade e a consciência de abandonar incapaz expondo-o a perigo. 
 
O crime consiste em colocar em perigo, através de abandono, alguém incapaz, nas circunstâncias, de se proteger dos 
riscos decorrentes do abandono. 
O perigo, nesse caso, deve ser concreto, real e efetivo, ainda que momentâneo, devendo ele ser comprovado. 
 
Cuidado significa a assistência a pessoas que, de regra, são capazes de valer a si 
mesmas, mas que, acidentalmente, venham a perder essa capacidade. Guarda é a 
assistência a pessoas que não prescindem dela, e compreende necessariamente a 
vigilância. Esta importa zelo pela segurança pessoal, mas sem o rigor que caracteriza 
guarda, que pode ser alheia. F inalmente, a assistência decorrente da relação de 
autoridade é a inerente ao vínculo de poder de uma pessoa sobre a outra, que a 
potestas seja de Direito Público, quer de Direito Privado. 
- Hungria 
INCAPACIDADE-> Pode ser circunstancial e transitória, absoluta ou relativa. Além disso, o consentimento da vítima é 
irrelevante. 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que tenha especial relação de assistência e proteção 
com a vítima, ou seja, desde que a vitima esteja sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. 
Já o sujeito passivo pode se qualquer pessoa que se encontre numa das relações antes referidas, e não somente o 
menor. Exige-se que o sujeito passivo i) seja incapaz e ii) tenha relação de assistência com o sujeito ativo. 
Ou seja, é necessária a relação de cuidado, o que torna o crime próprio tanto no sentido do sujeito passivo, quanto no 
sujeito ativo. 
Além disso, o elemento subjetivo é o dolo de perigo, podendo ele ser direto ou eventual. É necessário, ainda que o 
agente tenha plena consciência de seu dever de assistência. 
Caso haja dolo de dano, a natureza do crime é alterada, passando o crime a ser de dano. 
Não se admite a modalidade culposa. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se o crime a partir do efetivo abandono. 
 
❖ Se o próprio incapaz foge, não há configuração do crime de abandono; 
❖ Não haverá crime caso não haja nenhum perigo concreto. 
 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
FORMAS: Esse crime admite a forma simples, as formas qualificadas e as formas majoradas, sendo a forma simples 
tipificada no caput e as formas qualificadas tipificadas pelos §§1º e 2º do art. 133 do CP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
As formas majoradas são previstas pelo §3º do art. 133: 
 
 
 
 
 
 
 
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Crime próprio; 
❖ Doloso; 
❖ Omissivo e comissivo; 
❖ Material; 
❖ Crime de perigo concreto; 
❖ Instantâneo com efeitos permanentes; 
❖ Unissubjetivo; 
❖ Plurissubsistente. 
 
31 Parte da doutrina defende que o lugar ermo de que se trata esse dispositivo se trata de local parcialmente ermo. Isso porque, ao 
abandonar um incapaz em lugar totalmente ermo, acredita-se que já se supõe que não existirá formas de ele salvar sua própria vida. 
Assim, o crime seria de homicídio e/ou tentativa de homicídio. 
§1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena: Reclusão, de um a cinco anos. 
 
§2º Se resulta a morte: 
Pena: Reclusão, de quatro a doze anos. 
§3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de 1/3: 
I – Se o abandono ocorre em um lugar ermo31; 
II – Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curados da 
vítima; 
III – Se a vítima é maior de 60 anos. 
CRIMES 
PRETERDOLOSOS 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECEM NASCIDO PARA OCULTAR DESONRA PRÓPRIA 
 
 
 
O elemento objetivo do tipo (ação nuclear) é expor ou abandonar recém-nascido. 
EXPOR -> Tirar a criança de um local seguro para um local inseguro. Conduta ativa. 
ABANDONAR -> Deixar de prestar a assistência necessária. Conduta passiva. Modalidade física32. 
 
DESONRA PRÓPRIA -> Muitas vezes é associada à questões sexuais. Contudo, boa parte da doutrina não faz mais 
essa restrição, referindo-se à desonra como algo mais amplo, que afete qualquer aspecto da vida da mulher. 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: O sujeito ativo do crime de abandono de recém-nascido somente pode ser a mãe, visto que 
objetiva ocultar desonra própria. Já o sujeito passivo é o recém-nascido, com vida, abandonado logo após o parto. 
Além disso, o elemento subjetivo do tipo é o dolo de ocultar desonra própria. 
Não se admite a forma culposa. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se esse crime com o abandono efetivo do recém-nascido, desde que ocorra 
perigo efetivo. 
A modalidade tentada apenas é admitida na ação de exposição. 
 
FORMAS: O crime admite a forma simples, tipificada no caput e as formas qualificadas, tipificadas pelos parágrafos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 O abandono moral ou afetivo é tratado em outros âmbitos. 
Art. 134, CP: Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria. 
Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos. 
§1º Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena: Detenção, de um a três anos. 
 
§2º Se resulta a morte: 
Pena: Detenção, de dois a seis anos. 
CRIMES 
PRETERDOLOSOS 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada. 
 
CRIME DE OMISSÃO DE SOCORRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEIXAR DE PRESTAR ASSISTENCIA -> Prestar socorro imediato à vítima no momento da percepção da necessidade 
de ajuda. Isso decorre do dever incumbido a qualquer pessoa a prestar socorro, desde que haja a possibilidade de 
fazê-lo sem risco pessoal. 
 
NÃO PEDIR SOCORRO À AUTORIDADE PÚBLICA-> O pedido deve ser imediato e necessário e deve ser realizado de 
forma idônea ao fim que se destina. Caso não seja possível prestar socorro, o sujeito DEVE pedir auxílio às 
autoridades. 
 
QUANDO POSSÍVEL FAZÊ-LO SEM RISCO PESSOAL -> Trata-se de um elemento normativo. Ele indica que, para ser 
obrigado a prestar socorro, o individuo deve poder fazê-lo, no sentido físico. Além disso, a ação não pode oferecer 
qualquer risco pessoal físico a ele próprio. 
 
Trata-se de um crime classicamente omissivo. Há a omissão na prestação de socorro. Sua criminalização se da 
devido ao desrespeito ao dever de solidariedade humana, um principio moral que norteia esse dispositivo. 
Importante destacar que se a situação de perigo é causada em razão de acidente de trânsito, deve-se fazer a análise 
do caso a partir das perspectivas trazidas pelo Código de Transito Brasileiro. 
 
Art. 135, CP: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, 
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou 
em grave e eminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 
pública. 
Pena: Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. 
 
Parágrafo Único: A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal 
de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
FORMAS 
MAJORADAS 
FO
RM
A 
SI
M
PL
ES
 
AÇÃO NUCLEAR 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
ANÁLISE SUBJETIVA: O sujeito ativo desse crime é qualquer pessoa que, apesar de ter plenas condições para tanto, 
não presta a assistência necessária. Já o sujeito passivo apenas pode ser criança abandonada ou extraviada, pessoa 
inválida, desamparada ou ferida ou qualquer pessoa em grave e eminente perigo. 
O elemento subjetivo desse crime é o dolo de perigo, representado pela vontade de omitir com a consciência do 
perigo. 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se a omissão de socorro no lugar e momento em que a atividade devida tinha 
de ser realizada, isto é, onde e quando o sujeito ativo deveria agir e não o fez. 
Por ser crime omissivo próprio, não se admite a tentativa. 
 
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Crime omissivo; 
❖ Instantâneo; 
❖ Unissubjetivo; 
❖ Unissubsistente; 
❖ Crime de perigo; 
❖ Crime comum; 
❖ Doloso. 
 
CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO HOSPITALAR EMERGENCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: O sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa, desde que operante médico-hospitalar. 
Já o sujeito ativo é uma pessoa que precisa de atendimento emergencial, cuja demora poderá leva-la à morte. 
Além disso, o elemento subjetivo desta infração penal é o dolo. 
Art. 135-A, CP: Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem 
como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o 
atendimento médico-hospitalar emergencial. 
Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. 
 
Parágrafo Único: A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento 
resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. 
FORMAS 
MAJORADAS 
FORMA SIMPLES 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se o crime no momento em que é formulada a exigência de cheque-caução, 
nota promissória ou qualquer garantia ou preenchimento de formulário como condição para atendimento. 
Não se admite a forma tentada. 
 
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Crime comum; 
❖ Crime de perigo concreto; 
❖ Doloso; 
❖ Crime cometido de forma vinculada; 
❖ Comissivo; 
❖ Crime de mera conduta ou material, a depender da doutrina; 
❖ Instantâneo; 
❖ Unissubjetivo; 
❖ Unissubsistente. 
 
MAUS TRATOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 136, CP: Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou 
vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de 
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou 
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. 
Pena: Detenção, de 2 meses a 1 ano, ou multa. 
 
§1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos. 
 
§2º Se resulta a morte: 
Pena: Reclusão, de 4 a 12 anos. 
 
§3º Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime é praticado contra pessoa menos de 14 anos. 
FORMA SIMPLES 
FORMAS 
QUALIFICADAS 
FORMA 
MAJORADA 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
Extrai-se do artigo que são condutas nucleares do tipo: 
❖ Expor a perigo a vida ou a saúde da pessoa; 
❖ Privar de alimentação; 
❖ Privar de cuidados indispensáveis; 
❖ Sujeitar a trabalho excessivo ou inadequado; 
❖ Abusar de meios corretivos ou disciplinares. 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: O sujeito ativo é somente quem se encontra na condição especial de exercer a autoridade, 
guarda ou vigilância, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia. Assim, o sujeito passivo deve ser pessoa 
subordinada à essas condições. 
A relação subordinativa entre sujeitos ativo e passivo se trata de uma elementar especial do tipo, sendo ela 
indispensável. 
É necessário, ainda, que haja uma consciência acerca dos maus-tratos que estão sendo praticados, ou seja, o dolo. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se o crime de perigo para a vida ou a saúde de outrem com a exposição da 
vítima a perigo efetivo. Ou seja, é suficiente a probabilidade de dano. 
 
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Crime próprio; 
❖ Comissivo, em regra; 
❖ Crime de perigo concreto; 
❖ Doloso; 
❖ Ação múltipla; 
❖ Plurissubsistente, para quem entender ser um crime material; 
❖ Permanente; 
❖ Instantâneo.

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