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Infecções do trato urinário em crianças

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A infecção urinaria na infância predomina em 
meninos no 1º ano de vida e em meninas até o 6º ano. 
Classificação: 
- ITU alta: renal – pielonefrite. 
- ITU baixa: bexiga – cistite. 
Crianças com anomalias anatômicas ou funcionais 
do trato urinário tem maior predisposição à ITU. 
ITUs recorrentes ou complicadas podem evoluir 
com cicatriz renal, que predispõe a hipertensão arterial 
e perda da função renal. 
Em maioria, essas infecções são bacterianas 
advindas da flora intestinal (enterobactérias) por via 
ascendente ou hematogênica. 
 80 a 90% são por Escheria Coli 
 Em RNs predomina a infecção por Klebsiella 
 EM crianças com anomalias do trato urinário, 
uroliatíase ou bexiga neurogênica predominam 
Proteus, Pseudomonas e enterococus. 
 
Quadro Clínico 
Recém-nascido: manifesta-se como quadro séptico. 
 Recusa alimentar 
 Irritabilidade 
 Hipoatividade (mãe refere 
que a criança está amuada, 
mais quietinha) 
 Vômito 
 Anorexia 
 Convulsão 
 
Lactentes: 
 Febre > 38,5°C sem sinais localizados – pode ser o 
único sintoma. 
 Ganho de peso insatisfatório 
 Vômito 
Pré escolares: 
 Febre – normalmente 
acompanhada dos demais 
sintomas 
 Dor abdominal 
 Urgência urinaria 
 Disúria 
 Urina de odor fétido 
Adolescentes – atentar-se para o início da vida sexual. 
 Disúria 
 Polaciúria 
 Urgência miccional 
 Febre 
 Desconforto suprapúbico 
Exame físico: 
 Palpar flancos em busca de aumento do volume 
renal. 
 Sinal de Giordano: positivo indica nefrolitíase e, 
menos frequentemente, pielonefrite. 
 Avaliação da genitália: busca identificar anomalias 
anatômicas como hipospádia e epispádia. 
 
Diagnóstico 
História clínica + EAS com cultura 
EAS: piócitos aumentados acima de 5/campo indica 
ITU. 
 
 
 Nitritos: ITU bacteriana. 
 Cilindros piocitários: pielonefrite. 
 Cultura e antibiograma guiam a decisão terapêutica. 
o +: >10.000 col/UFC. 
o -: <100.000 col/UFC 
o Se 10 a 10.000 ou detecção de 2 tipos de bactérias: 
refazer. 
 Hematúria: >5 hemácias/campo, podendo ser macro 
ou microscópica. 
o + dimorfismo eritrocitário > 70% ou + cilindros 
proteicos ou proteinúria: hematúria glomerular  
encaminhar ao nefrologista. 
o + dimorfismo < 70%: sangramento do parênquima 
renal (tumor) ou das vias urinarias (calculo) – 
hematúria não glomerular 
o + dimorfismo 25 a 30% ou cilindros eventuais: 
hematúria de causa indeterminada. 
o Questionar uso de medicamentos, discrasia sanguínea 
e antecedentes familiares de surdez. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hemograma: leucocitose + desvio 
PCR ↑ 
 
Bacteriúria assintomática: é a presença de 3 culturas 
positivas em 3 exames consecutivos sem sintomas. 
 É mais frequente em crianças com 
meningomielocele ou bexiga neurogênica com 
cateterismo vesical de repetição. 
Não é recomendada a triagem rotineira. 
 
Tratamento 
< 3 meses: internação + medicação EV 
> 3 meses: + BEG + boa sucção + s/vômitos: 
ambulatorial + medicação VO + sinais de alerta. 
+ BEG + não aceitação oral: ambulatorial + 
medicação IM + sinais de alerta. 
+ Estado toxêmico: internação + 
medicação IV 
 Analgésico se dor e febre. 
 Antiespasmódico, se disúria intensa. 
 Hidratação 
 Acompanhamento de manifestações sistêmicas. 
 Antibiótico: em geral, é iniciado após a coleta da 
urina de forma empírica devido ao elevado risco de 
evoluir para sepse. Opções: 
Juntos sugerem 
pielonefrite. 
Como colher a urina da criança? 
Recomendações gerais: urina recente, colhida após 
higiene local, descarte do primeiro jato e após 2h da 
última micção. Colocar em refrigeração até ser 
examinada. 
Criança sem controle miccional: pode 
ser usado saco coletor (trocado a cada 30 min), 
cateterismo vesical, punção supra púbica ou 
estimular eliminação espontânea reflexa. 
 
Júlia Malta Braga MED 01 FCM-TR 
Antibiótico Mg/kg/dia Via Tempo 
Sulfametoxazol 
+ Trimetropim 
40 + 8 mg VO 12/12h 
Cefadroxil 30 a 50 mg VO 12/12h 
Cefalexina 50 a 100 
mg 
VO 6/6h 
Ac. Nalidixico 60 mg VO 6/6h 
Ceftriaxone 50 a 100 
mg 
IM ou EV 1x/d ou 
12/12h 
Gentamicina 7,5 mg IM ou EV 8/8h 
Amicacina 15 mg IM ou EV 1x/d ou 
12/12h 
 
Investigação após controle da infecção 
Deve ser realizada a avaliação morfofuncional 
do trato urinário após o primeiro episódio de ITU afim 
de avaliar se tem condições predisponentes ou lesões 
renais e prevenir a aquisição de novas lesões. 
Ultrassonografia: evidencia sinais de obstrução, 
disfunção vesical, hidronefrose e anomalias 
congênitas. Não é eficaz na avaliação de refluxo 
vesicouretral. 
Uretrocistografia miccional: define a morfologia 
funcional do trato urinário baixo e o grau de refluxo 
vesicouretral. 
RVU I e II: leve – baixo risco para lesões cicatriciais 
RVU III uni ou bilateral ou IV unilateral: moderado – 
médio risco para lesões 
RVU IV bilateral e V uni ou bilateral: grave – alto risco 
Sobre RVU: a maioria tem resolução espontânea. Não há estudos 
que demonstrem superioridade do tratamento cirúrgico em 
relação ao conservador com quimioprofilaxia. Acompanhamento 
estende até a vida adulta. 
Urografia excretora: é realizada para o preparo 
cirúrgico das vias urinarias. 
Cintilografia renal estática (DMSA): permite avaliar o 
parênquima renal funcionante, a função tubular, a 
anatomia cortical e as cicatrizes corticais. 
Cintilografia renal dinâmica (DTPA): permite avaliar a 
função glomerular dos rins e a perviedade das vias 
excretoras urinarias. 
 
Quimioprofilaxia da ITU 
Deve ser iniciada após o termino do tratamento e 
simultaneamente à investigação pós-infecção, afim de 
evitar recidiva da infecção, se a criança apresentar: 
♥ Alteração obstrutiva do trato urinário (até correção 
cirúrgica) 
♥ RVU I ou II se repetição ou cintilografia estática 
alterada. 
♥ RVU III IV 
♥ Recidivas de ITU sem alterações morfofuncionais 
(fazer por 6 a 12 meses) 
Medicamento Como 
Nitrofurantoina 1 a 2 mg/kg dose única 
Sulfa-trimetropim 1 a 2 mg/kg dose única 
Cefalosporina 12,5 a 25 mg/kg dose única

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