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Traumatologia - 2022/1 Manuella Soussa Braga AULA 2 MÉTODOS DE CONTENÇÃO E IMOBILIZAÇÃO 1 HISTÓRIA Existe desde Hipócrates. As bandagens foram a primeira forma que encontraram de contenção e imobilização. 2 CONCEITO Contenção : ação ou efeito de controlar ou de reprimir; estado daquilo que não se movimenta. Aparelho de contenção: tipo de aparelho dentário que se coloca no final do tratamento para consolidar o dente. Imobilização : ação de imobilizar: o resultado dessa ação: a imobilização do corpo. 3 FINALIDADE Deixar o osso imóvel para que haja possibilidade dele se consolidar. No final, o objetivo é permitir uma boa oclusão desse paciente (ter função). Os métodos de contenção e imobilização devem propiciar a recuperação da ferida sem infecção (isso é feito por meio da imobilidade do osso, já que o mínimo movimento induz a formação de fibrose), permitir conforto ao paciente, ser eficiente, prático na execução e acessível aos profissionais. Para fixação das estruturas ósseas, é necessária a redução do segmento ósseo, imobilização estável dos fragmentos, manutenção do suprimento sanguíneo e função precoce. 4 CLASSIFICAÇÃO Métodos ativos: apresentam ação contínua durante a sua aplicação (por ex. barras vestibulares unidas por anéis de borracha; quando é necessário uma força para manter o osso em posição - em oposição à ação muscular). Métodos passivos : apenas estabilizam as estruturas (por ex. cerclagens, osteossínteses). Métodos cruentos : realizados de forma cirúrgica (por ex. placas, osteossínteses). Métodos incruentos : não dependem de cirurgia (por ex. odontossínteses, arcos vestibulares). 5 MÉTODOS Bandagem : não é um tratamento definitivo, utilizado como serviço de urgência no local do acidente; previne o deslocamento das fraturas e tira dor e dá conforto, não é eficaz, mas é fácil de fazer. → Bandagem de Barton: utilizada para estabilizar mandíbula de pacientes com subluxação de ATM. → Bandagem de Gibson: utilizada para auxiliar na contenção de edema facial (por compressão). Tala gessada : utilizada para fraturas nasais; aplicação sobre a pele e em região de pouca ação muscular. Tala termoelástica : talas que parecem resina, amolecem em contato com a água quente e endurecem depois já adaptada ao nariz. Fios de Kirschner : fio de aço que atravessa todos os fragmentos e fica para fora; como permite um certo movimentos dos fragmentos, normalmente é associado a um bloqueio maxilo-mandibular. Ele sozinho contém, mas não imobiliza. Uma das desvantagens é que comunica o meio interno com o externo e é instável. Fixação externa : utilizada principalmente em fraturas cominutivas e naquelas em que eu tenho espaços ósseos grandes. Uma das desvantagens é que comunica o meio interno com o externo (risco de infecção). Outra alternativa é utilizá-la na presença de infecções, porque o próprio método pode levar o antibiótico ao local intraósseo (interesse em osteomielite). Goteiras : utilizado em pacientes desdentados totais (Goteiras de Gunning) ou em crianças na fase de dentição mista (Goteiras de Stout); fixadas com cerclagem e suspensões. Desvantagens: desloca pela ação muscular, dificuldade de higiene e necessita de moldagem. Traumatologia - 2022/1 Manuella Soussa Braga Amarrias : só contém, não imobiliza; utiliza fios de aço número 0, 1 e 2; pode unir elementos dentários (odontossíntese - estabilização dentária) ou unir fragmentos ósseos (osteossíntese - estabilização óssea). Indicação: emergências, redução fechada de fratura de face, bloqueio maxilomandibular). Podem ser divididas em interdentárias ou horizontais (usadas apenas na contenção dos elementos dentários de uma mesma arcada), intermaxilares ou verticais (usadas para associação com bloqueio maxilo-mandibular) e circunferenciais (de estabilização e associadas ao bloqueio maxilo-mandibular; por ex. cerclagens e suspensões). Amarrias interdentárias ou horizontais : união dos fragmentos da fratura por meio de fios metálicos, realizadas entre os dentes de uma mesma arcada; permite abertura bucal e facilita a alimentação, a fonação e a higiene bucal. Indicação: fraturas mandibulares sem desvio, fraturas de processo alveolar e contenção de dentes avulsionados ou luxados (desde que não tenha fio de nylon disponível). → Amarria em escada: confeccionada com fio de aço número 0 e 1. Amarrias intermaxilares ou verticais : realizadas nas duas arcadas, diretamente sobre os dentes ou indiretamente sobre barras vestibulares e dentes; para realização de imobilização por bloqueio maxilo-mandibular. Indicação: fraturas mandibulares sem desvio, fraturas maxilares sem grandes deslocamentos e os dentes devem ter estabilidade. → Le Blank, Cross-Wise, Duclos: amarrias diretas , confeccionadas com fio de aço número 1 e são realizadas em molares e pré-molares. → Amarria em anel: amarria direta , confeccionada com fio de aço número 1, sendo ideal três pontos e pelo anel passa o fio de aço ou elástico para bloqueio maxilo-mandibular (por ex. Ivy, Eby, Oliver, Silverman e Bouatroux). Barras Gilmer-Sauer : amarrias indiretas ; as barras são utilizadas para ocluir os dentes em transoperatórios e guiar a colocação das placas. Pode ser pós-operatória quando não se alcança uma estabilidade completa com as placas. Fio de aço (passivo) e elástico (ativo). Parafusos de fixação intermaxilar : colocados em áreas entre as raízes dos dentes (processo alveolar ou pilar zigomático), amarrando um parafuso no outro. Só pode ser utilizado em uma oclusão estável. Amarrias circunferenciais: Cerclagens: fio de aço em torno da mandíbula para conter fragmentos mandibulares fraturados (redução incruenta) ou estabilizar goteiras ou próteses totais inferiores. Utilizada em oclusões instáveis (dentição mista, desdentados totais etc). Suspensões : ligaduras metálicas presas à parte óssea do esqueleto facial não fraturada. São associadas a arcos ou goteiras. Desvantagens: instabilidade. Osteossínteses : podem ser feitas de forma simples (tração do fio perpendicular ao traço de fratura) ou de forma em 8 (ideal associada com a forma simples levando em consideração as áreas de compressão e tração da mandíbula), forma em X (mais resistente que a simples) e forma circumandibular (ideal para fraturas oblíquas). Lag Screw (parafuso bicortical) : é uma das formas mais estáveis para imobilização. É uma técnica de compressão de fraturas. Feito com uma broca mais grossa e outra mais fina (com a mais fina vai Traumatologia - 2022/1 Manuella Soussa Braga em todo o segmento e com a grossa até a metade), o parafuso é do diâmetro da broca mais grossa, então entra apertado a partir de um ponto e, ao enroscá-lo, ele puxa o fragmento fraturado. Placas e parafusos : miniplacas (1 mm, 1.3 mm, 1.5 mm), placas (2 mm) e placas de reconstrução (2.4 mm, 2.7 mm). Esses valores correspondem ao diâmetro do parafuso, mas a espessura entre elas também muda (o que influencia na estabilidade - lembrandoque todas dão). Fraturas em maxila podem ser imobilizadas com miniplacas, pois não tem forças maxilares atuando nesse osso. Fraturas em mandíbula são imobilizadas com placas, pois há aplicação de força. Em casos de perdas de corpo da mandíbula, deve ser feito o tratamento com placas de reconstrução. Miniplacas e placas: força distribuída na placa e no osso (load sharing - carga compartilhada ). Placas de reconstrução: força distribuída somente na placa (load bearing - carga suportada ). Depende do quanto o osso está saudável. As miniplacas e placas são monocorticais (apenas na cortical vestibular), enquanto a placa de reconstrução atravessa (bicortical). → Placas de travamento (locking): o parafuso é parafusado na placa (tem roscas) e isso faz com que menos força seja passado ao osso. → Placas de compressão: é perigosa (pode causar reabsorção), pois ao parafusar, a placa corre fazendo com que os fragmentos se encontrem; dá muita estabilidade (tem miniplaca, placa e placa de reconstrução). → Telas de titânio: → Placas reabsorvíveis: são polímeros de ácido polilático e/ou poliglicólico, termossensíveis, levam de 12 a 36 meses para sumir do corpo (hidrólise), o que confere uma grande vantagem para tratar crianças. A desvantagem é a menor estabilidade quando comparada às placas de titânio. Tem placas reabsorvíveis que acrescentam a hidroxiapatita para aumentar a estabilidade. → Placas customizadas: com tomografia computadorizada e escaneamento intraoral. 6 TIPO DE FIXAÇÃO Fixação rígida : qualquer tipo de fixação óssea aplicada diretamente que evita o momento interfragmentar entre os segmentos da fratura quando o osso está sob carga ativa (por ex. placa de reconstrução, duas miniplacas ou placas, dois lag screws ou uma placa de compressão associada a uma barra de Erich). Fixação não rígida : permite o movimento entre os fragmentos ósseos através da linha de fratura (por ex. fios de aço interósseos ou fios de aço interdentários; miniplacas).
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