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SUNG, Jung Mo, SILVA, Josué Cândido. Conversando sobre Ética e Sociedade. 16.ª ed. Petrópolis: Editora Vozes. 2009. 1. O porquê da Ética. O autor procura, antes de mais nada, apresentar a ideia de ética e moral e desta maneira define moral, norma e costumes como conceitos sinônimos, ou seja, a Moral é dita como as práticas e costumes de indivíduos que são socialmente aceitas por um grupo. O que não significa que essas práticas moralmente aceitas visem ao bem comum ou representem o senso de justiça. Ética, por sua vez, se revela como uma reflexão dos valores morais em determinado tempo e espaço e como consequência dessa reflexão pode gerar questionamentos quanto aos valores dessa sociedade. Nessa perspectiva, surge o conceito de indignação ética que nada mais é que a indignação diante de uma situação de injustiça. Basta pensarmos na situação dos escravos que eram tidos como seres inferiores e esse cenário era aceito e considerado normal para a sociedade da época. Outro ponto abordado ainda nessa parte é o das Intenções e Efeitos que trata das ações praticadas pelo indivíduo e os efeitos almejados pela execução daquela ação e nesse passo é que podem surgir alguns conflitos ao passo que ações que beneficiam o indivíduo em detrimento de todos, muitas vezes são tomadas. Percebe-se então que os conceitos apresentados até aqui embasam a Consciência ética que que nada mais é do que o senso crítico aplicado aos valores normativos praticadas até então por uma determinada sociedade. 2. Ética e construção da realidade 3. SUNG, Jung Mo, SILVA, Josué Cândido. Conversando sobre Ética e Sociedade. 16.ª ed. Petrópolis: Editora Vozes. 2009. IHERING, Rudolf Von. A luta pelo direito.8ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. Renhidas: travar, combater, questionar numa discussão, ficar mais intenso Capítulo I Neste capítulo apresenta-se a ideia de que não há conquistas de direito por parte de indivíduos ou povos se não pela luta e como reflexo disso podemos observar a ilustração da justiça portando numa mão, a espada, símbolo da luta pela qual persegue direitos e na outra a balança, a qual procura racionalizar essa luta pelo direito, pois, nada bastaria a brutalidade da luta sem a razão e de modo inverso, a razão sem a luta, demonstraria apenas fraqueza. Nesse sentido, tendo em vista a aludida luta por direitos é que se percebe também a ideia de ciclos de paz e de lutas donde umas gerações tiveram que enfrentar conflitos que resultaram em tempos de paz que as novas gerações gozaram. Assim, podemos definir como ideia central deste capítulo que o direito não chega aos povos por meio de sorteio, mas sim, pelo esforço, dedicação e derramamento de sangue, o que pode gerar um laço muito mais forte entre indivíduos de uma determinada sociedade visto as intemperes superadas. Capítulo II Neste momento, o autor argumenta sobre o direito subjetivo. Nesse ínterim, questiona se os meios justificam os fins nos vários litígios entre os indivíduos e entre as sociedades ao passo que faz alusão ao tempo em que o direito era defendido na ponta da espada, por meio de um desafio posto à outra parte. Por conseguinte, constata que o objeto que está em jogo não é de cunho apenas material, mas envolve também aspectos morais, a honra e a dignidade que faz com que o desafiado aceite a lide, mas por vezes também poderá abrir mão pelo ínfimo valor da causa, dando preferência à paz. Nesse sentido, verifica-se que a escolha de renunciar a direitos, seja pela insignificância da causa, seja pelo mantimento da paz, na seara de uma sociedade ou Estado, não se admite essa renúncia uma vez que o Estado poderá sofrer ameaças a sua soberania e implicar consequências mais graves. Diante dessas situações, o autor cita por bem, que sempre haja a luta pelos seus direitos, inclusive no plano individual, pois, somente assim mantêm-se o respeito aos seus direitos e mais importante, que não pereça os direitos já garantidos. Capítulo III Discute-se, aqui, alguns fatores subjetivos que geram maiores ou menores impactos à honra subjetiva de cada indivíduo tentando evidenciar o que determinaria num maior ou menor esforço na busca pela reparação ou não de algum direito ou sentimento de injustiça. Isso é dito, pois, verifica-se que determinada ofensa cometida a um indivíduo nobre pode não ser de grande perturbação para o homem do campo e por consequência os ânimos de cada um na perseguição da justiça se mostram diferentes. Fato é, que a relação entre a ação que desencadeia sentimento de injustiça ou ferimento à honra, está, geralmente, ligada à subsistência de cada indivíduo. Por exemplo, o homem do campo teria sua honra ferida ou sentimento de injustiça aflorado ao ter parte de sua terra subtraída ou não receber o valor acordado pela venda de uma cabeça de gado, isso porque, os objetos em questão promovem sua subsistência e de mesmo modo sua personalidade. Nesse sentido, por mais que o sujeito procure sanar possível injustiça oferecida contra si, essa reparação reverbera por toda sociedade, pois, faz viver o direito que alcança a todos. Por isso discorre sobre a importância de ver seu direito atingido, pois, se todos o fazem, o surgimento de injustiças é atenuado. Para isso faz-se mister que a sociedade seja composta por corajosos, como os soldados que enfrentam o combate, pois, se há soldados acovardados, que fogem à luta, é possível que a injustiça prevaleça e desse modo, direitos são suprimidos. Sobre a reparação de direitos é importante que as autoridades tenham consciência que possuem uma nobre tarefa em suas mãos, visto que a não efetivação da justiça podem promover profundas consequências no indivíduo que têm seus direitos frustrados, sua honra manchada e sua própria personalidade quebrada, colocando-se numa situação que o obriga a lavar sua honra e ver seu direito atingido por meio das próprias mãos, não importando as consequências de tal ato. Nesse ponto é possível observar aquele sentimento de comprometimento total onde consome todos seus recursos na persecução de seus objetivos. Capítulo IV Evidencia-se, neste momento, que para haver um Estado sadio, forte, promotor da justiça e que reage contra as agressões externas do mesmo modo que o homem com o mais alto grau de senso de justiça luta contra o aviltamento de sua honra, sua população, em cada lide particular, reaja de modo a fazer valer o seu direito. Ou seja, fica claro que o Estado, nada mais é do que soma de todos os tipos de indivíduos que o compõe, e se esses indivíduos se mostram acovardados e inertes diante da obstrução de seus direitos isso reflete no Estado constituído. Capítulo V O autor conclui sua obra mostrando que o direito moderno vem destoando de sua finalidade, a promoção da justiça. Isso se evidencia quando um devedor, em juízo, não vê grandes ofensas à sua prática, ou quando ao depositário infiel se aplica uma pena branda, em ambos os casos se resume a uma pena exclusivamente pecuniária e a justiça deixa de se preocupar trazer ao demandante o senso de justiça restaurado. Talvez o cerne da discussão se encerre no fato em que cada caso há de se verificar o grau de injustiça para que providências de mesma medida sejam tomadas para que além de sanar os prejuízos pecuniários, sanar também os prejuízos subjetivos pelo sentimento de injustiça experimentado. Não deixando de incorporar à pena medidas de caráter pedagógico que desestimulem o réu da prática reprovável.
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